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Parasitologia Clínica

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
PARASITOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
1 
Copyright © Portal Educação 
2013 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842p Parasitologia clínica / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 
2013. 
 156p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-148-3 
 1. Doenças parasitárias - Diagnóstico. 2. Entomologia. I. Portal Educação. 
II. Título. 
 CDD 616.96 
 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
 
I GLOSSÁRIO DE PARASITOLOGIA ......................................................................................... 5 
1 INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA CLÍNICA ......................................................................... 7 
2 RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS ................................................................................. 10 
3 CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS ...................................................................................... 11 
4 GUIA DE CONSULTA: MÉTODOS DIAGNÓSTICOS EM PARASITOLOGIA ......................... 14 
5 INTRODUÇÃO À ENTOMOLOGIA .......................................................................................... 23 
6 OS ÁCAROS ............................................................................................................................ 24 
6.1 ESCABIOSE (SARNA) ............................................................................................................. 25 
6.1.1 BIOLOGIA DE SARCOPTES SCABIEI .................................................................................... 25 
6.1.2 FORMAS CLÍNICAS ................................................................................................................. 27 
6.1.3 DIAGNÓSTICO ........................................................................................................................ 27 
6.2 CARRAPATOS ......................................................................................................................... 28 
7 MOSCAS E MOSQUITOS ........................................................................................................ 32 
7.1 MOSCAS .................................................................................................................................. 33 
7.1.1 MOSCAS COMO VEICULADORAS DE PARASITOSES .......................................................... 33 
7.1.2 BERNE ..................................................................................................................................... 34 
7.1.3 MIÍASE ..................................................................................................................................... 37 
7.2 MOSQUITOS ............................................................................................................................ 38 
7.2.1 MOSQUITOS COMO VETORES DE PARASITOSES ............................................................. 38 
8 PULGAS E PIOLHOS .............................................................................................................. 40 
9 INTRODUÇÃO À PROTOZOOLOGIA ...................................................................................... 43 
10 GIARDÍASE ............................................................................................................................... 44 
11 AMEBÍASE ................................................................................................................................ 47 
12 TRICHOMONÍASE .................................................................................................................... 55 
13 LEISHMANIA E O COMPLEXO DAS LEISHMANIOSES ......................................................... 56 
13.1 BIOLOGIA DE LEISHMANIA ..................................................................................................... 56 
13.2 LEISHMANIOSES ..................................................................................................................... 60 
13.2.1 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA ........................................................................ 60 
13.2.2 LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR ............................................................................. 64 
 
 
3 
14 TRYPANOSOMA CRUZI E A DOENÇA DE CHAGAS .............................................................. 67 
14.1 BIOLOGIA DE T. CRUZI ........................................................................................................... 68 
14.2 DOENÇA DE CHAGAS ............................................................................................................. 72 
14.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA DOENÇA DE CHAGAS ................................................. 74 
15 MALÁRIA .................................................................................................................................. 75 
15.1 BIOLOGIA DE PLASMODIUM SP. ............................................................................................ 77 
15.2 FORMAS CLÍNICAS DA MALÁRIA ........................................................................................... 78 
15.3 DIGNÓSTICO LABORATORIAL DE MALÁRIA ......................................................................... 86 
15.3.1 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA MALÁRIA GRAVE ........................................................ 91 
16 TOXOPLASMOSE .................................................................................................................... 92 
16.1 BIOLOGIA DE TOXOPLASMA GONDII .................................................................................... 93 
16.2 FORMAS CLÍNICAS DA TOXOPLASMOSE ............................................................................. 95 
16.2.1 TOXOPLASMOSE CONGÊNITA............................................................................................... 96 
16.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA TOXOPLASMOSE ........................................................ 97 
17 PROTOZOÁRIOS COMO PARASITOS EMERGENTES .......................................................... 98 
17.1 ISOSPORA SP. ......................................................................................................................... 98 
17.2 CRYPTOSPORIDIUM SP. ........................................................................................................ 100 
18 INTRODUÇÃO À HELMINTOLOGIA ...................................................................................... 101 
19 SCHISTOSOMA MANSONI . ................................................................................................... 105 
19.1 BIOLOGIA DO PARASITO ...................................................................................................... 107 
19.2 FORMAS CLÍNICAS DO S. MANSONI ................................................................................... 112 
19.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA ESQUISTOSSOMOSE ................................................ 114 
20 TENÍASE ................................................................................................................................. 116 
20.1 OS PARASITOS: TAENIA SOLIUM E TAENIA SAGINATA .................................................... 117 
20.2 CISTICERCOSE...................................................................................................................... 121 
20.3 FORMAS CLÍNICAS DA TENÍASE E DA CISTICERCOSE...................................................... 125 
20.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS TENÍASES ................................................................ 126 
20.4.1 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE T. SOLIUM E T. SAGINATA ..................................... 127 
21 HIDATIDOSE .......................................................................................................................... 128 
21.1 BIOLOGIA DE ECHINOCOCCUS GRANULOSUS ................................................................. 128 
21.2 FORMAS CLÍNICAS DA HIDATIDOSE .................................................................................... 131 
21.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA HIDATIDOSE .............................................................. 131 
 
 
4 
22 HYMENOLEPIS NANA ........................................................................................................... 133 
22.1 BIOLOGIA DE HYMENOLEPIS NANA .................................................................................... 134 
22.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA HIMENOLEPÍASE ....................................................... 135 
23 ANCILOSTOMÍDEOS ............................................................................................................. 135 
23.1 OS PARASITOS: ANCYLOSTOMA DUODENALE E NECATOR AMERICANUS .................... 136 
23.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ........................................................................................... 140 
24 STRONGYLOIDES SP. ........................................................................................................... 140 
24.1 BIOLOGIA DE STRONGYLOIDES .......................................................................................... 141 
24.2 FORMAS CLÍNICAS DA ESTRONGILOIDÍASE ....................................................................... 142 
24.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA ESTRONGILOIDÍASE ................................................. 144 
25 ASCARIS, ENTEROBIUS E TRICHURIS ............................................................................... 145 
26 FILARIOSE .............................................................................................................................. 152 
26.1 BIOLOGIA DE WUCHERERIA BANCROFTI ........................................................................... 153 
26.2 FORMAS CLÍNICAS DA FILARIOSE ....................................................................................... 158 
26.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA W. BANCROFTI ........................................................... 161 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 162 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
I GLOSSÁRIO DE PARASITOLOGIA 
(Fonte: Neves et al., 2000) 
 
AGENTE ETIOLÓGICO - É o agente causador ou responsável pela origem da doença. 
AGENTE INFECCIOSO - Parasito capaz de produzir infecção ou doença infecciosa. 
CEPA - Grupo ou linhagem de um agente infeccioso, de ascendência conhecida, compreendida 
dentro de uma espécie e que se caracteriza por alguma propriedade biológica e/ou fisiológica. 
ENDEMIA - É a prevalência usual de uma doença com relação à área. Considera-se como 
endêmica a doença cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma idéia de 
equilíbrio entre a doença e a população, ou seja, é o número esperado de casos de um evento 
em determinada época. 
EPIDEMIA - É a ocorrência de casos que ultrapassam nitidamente a incidência normalmente 
esperada de uma doença e derivada de uma fonte comum de infecção ou propagação. 
ESTÁDIO - É a fase intermediária ou intervalo entre duas mudas de larva de um artrópode ou 
helminto. 
ESTÁGIO - É a fase ou forma evolutiva de um organismo durante seu ciclo biológico. 
FASE AGUDA - É o período após a infecção em que os sintomas clínicos são mais marcantes. É 
um período de definição: o indivíduo se cura, entra na fase crônica ou morre. 
FASE CRÔNICA - É aquela que se segue à fase aguda; caracteriza-se pela diminuição da 
sintomatologia clínica e existe um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente infeccioso. 
HOSPEDEIRO - É um organismo que alberga o parasito. 
HOSPEDEIRO DEFINITIVO - É o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase 
de atividade sexual. 
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO - É aquele que apresenta o parasito em fase larvária ou 
assexuada. 
 
 
6 
HOSPEDEIRO PARATÊNICO - É o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre 
desenvolvimento, mas permanece encistado até que o hospedeiro definitivo o ingira. 
INCIDÊNCIA - É a freqüência com que uma doença ou fato ocorre num período de tempo 
definido e com relação à população. 
INFESTAÇÃO - É o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do 
corpo ou vestes. 
MORBIDADE - Expressa o número de pessoas doentes com relação a população. 
MORTALIDADE - Determina o número geral de óbitos em determinado período de tempo e com 
relação à população. 
PARASITEMIA - Reflete a carga parasitária no sangue do hospedeiro. 
PARASITO ACIDENTAL - É o que parasita outro hospedeiro que não o seu normal. 
PARASITO ERRÁTICO - É o que vive fora do seu hábitat normal. 
PARTENOGÊNESE - Desenvolvimento de um ovo sem interferência de um espermatozóide. 
PATOGENIA - É o mecanismo com que um agente infeccioso provoca lesões no seu 
hospedeiro. 
PERÍODO DE INCUBAÇÃO - É o período decorrente entre o tempo de infecção e o 
aparecimento dos primeiros sintomas clínicos. 
PERÍODO PRÉ-PATENTE - É o período que decorre entre a infecção e o aparecimento das 
primeiras formas detectáveis do agente infeccioso. 
RESERVATÓRIO - Onde vive e se multiplica um agente infeccioso. 
VETOR - É um artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre dois 
hospedeiros. 
ZOONOSE - Doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados 
e o homem. 
 
 
7 
1 INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA CLÍNICA 
 
Este curso de Parasitologia clínica tem como objetivo propiciar um embasamento teórico que 
permita ao aluno uma visão completa das doenças parasitárias, a fim de ser capaz de 
compreender, refletir, discutir e principalmente diagnosticar as parasitoses humanas. 
 
Alguns pontos importantes da parasitologia serão considerados a seguir: 
 
Parasitismo 
 
Parasitismo é a interação ecológica entre indivíduos de espécies diferentes, em que os parceiros 
(hospedeiro e parasito) estabelecem entre si relações íntimas e duradouras com certo grau de 
dependência metabólica. Geralmente o hospedeiro proporciona ao parasito todos os nutrientes e 
as condições fisiológicas requeridas por este. 
É importante salientar que um processo de adaptação recíproco, de compatibilidade ou de baixa 
virulência do parasitismo, assegura a sobrevivência de ambas as espécies. O parasito só poderá 
seguir existindo se não destruir toda a população de seus hospedeiros ou não impedir a 
reprodução destes; caso contrário a espécie parasitária desapareceria. 
 
Especificidade de hospedeiros 
 
Segundo as necessidades particulares de cada parasito (sejam elas de ordem metabólica ou de 
outra natureza), ele exigirá apenas determinada espécie de hospedeiro ou um grupo de 
diferentes espécies ou, ainda, grande variedade e gêneros distintos. 
Se o parasito exigir apenas uma espécie de hospedeiro para completar seu ciclo biológico, será 
dito monoxeno e, se a espécie for sempre a mesma, será considerado estenoxeno, como o 
Ascaris lumbricoides que só parasita a espécie humana. 
 
 
8 
Ao contrário, parasitos heteroxenos são aqueles que necessitam passar obrigatoriamente por 
dois ou mais hospedeiros. Um deles é o hospedeiro definitivo e os demaissão considerados 
hospedeiros intermediários, para que os parasitos possam completar seu ciclo biológico. Assim, 
a tênia do porco (Taenia solium), por exemplo, só parasita o homem na fase adulta (Figura 01). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 01 - Relação de parasitos com seus hospedeiros (Fonte: Rey L., 2005) 
 
 
 
 
Tipos de adaptações ao parasitismo 
 
A adaptação é a marca do parasitismo. Elas evoluíram de forma a proporcionar um melhor 
relacionamento do parasito com seu hospedeiro. E esta evolução feita à custa de adaptações 
 
 
9 
tornou o invasor (parasito) mais e mais dependente do outro ser vivo (hospedeiro). As 
adaptações são principalmente morfológicas, fisiológicas e biológicas. 
As principais modificações ou adaptações são as seguintes: 
a) Morfológicas: 
- Degenerações: representadas por perdas ou atrofias de órgãos locomotores, aparelho digestivo 
etc. 
- Hipertrofia: encontradas principalmente nos órgãos de fixação, resistência ou proteção e 
reprodução. 
 
b) Biológicas: 
- Capacidade reprodutiva: para suplantar as dificuldades de atingir novo hospedeiro e escaparem 
de predação externa, os parasitos são capazes de produzir grandes quantidades de ovos, cistos, 
ou outras formas infectantes. 
- Tipos diversos de reprodução: outros tipos de reprodução permitem uma reprodução mais fácil 
ou mais segura como, por exemplo, hermafroditismo, partenogênese, poliembrionia, 
esquizogonia. 
- Capacidade de resistência à agressão do hospedeiro: presença de enzimas que neutralizam a 
ação dos sucos digestivos; capacidade de resistir à ação de anticorpos; capacidade de induzir 
imunossupressão e etc. 
- Tropismos: os diversos tipos de tropismos são capazes de facilitar a propagação, reprodução 
ou sobrevivência de determinada espécie de parasito. 
 
Relações parasito-hospedeiro 
 
Os parasitos que causam distúrbios no organismo podem fazê-lo mecanicamente, ao crescerem 
e comprimirem as estruturas em torno. Ou obstruir ductos, canais ou vasos, causando 
 
 
10 
sintomatologias as mais variadas, que serão analisadas adiante em cada caso. Podem exercer 
ação tóxica, devido aos produtos de seu metabolismo ou de algum simbionte associado ao 
parasito. Mas, com freqüência, provocam uma resposta do sistema imunológico com diferentes 
resultados: 
 
a) destruição do próprio parasito e cura da infecção dentro de certo prazo; 
b) limitação da população parasitária, assegurando equilíbrio nas relações parasito-hospedeiro; 
c) causando respostas alérgicas ou inflamatórias que levam seja à necrose do tecido em torno, 
seja a uma fibrose difusa ou à formação de granulomas. 
Todos estes fenômenos alteram a fisiologia do hospedeiro em grau maior (doença) ou menor ou 
determinam sua morte em curto ou longo prazo. 
 
2 RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS 
 
 Para obter melhores abrigos e alimentos, muitas espécies convivem em um mesmo 
ambiente, gerando associações ou interações que podem não interferir entre si. Essas 
associações podem ser harmônicas (quando há benefício mútuo ou ausência de prejuízo mútuo) 
ou desarmônicas (quando há prejuízo para algum dos participantes). Em seguida 
conceituaremos os tipos de associações mais freqüentes: 
 
a) Associações harmônicas 
- Comensalismo: é uma associação onde uma obtém vantagens sem prejuízo para o outro. 
Essas vantagens podem ser: proteção (habitação), transporte (meios de locomoção) e nutrição. 
Exemplo: Entamoeba coli no intestino grosso do homem. 
- Mutualismo: é quando duas espécies se associam para viver e ambas são beneficiadas. É uma 
associação obrigatória. Exemplo: protozoários Hypermastiginia no intestino de cupins. 
 
 
11 
- Simbiose: associação onde há uma troca de vantagens em nível tal que esses seres são 
incapazes de viver isoladamente. Nessa associação, as espécies realizam funções 
complementares, indispensáveis à vida de cada uma. Exemplo: diversas espécies de 
protozoários que vivem no rúmen de bovinos que proporcionam a digestão da celulose ingerida. 
 
b) Associações desarmônicas 
- Competição: pode ocorrer entre elementos de uma mesma espécie ou de espécies distintas. É 
um importante fator de regulação do nível ou número populacional de certas espécies. 
- Canibalismo: é o ato de um animal se alimentar de outro da mesma espécie ou da mesma 
família. Ocorre quase sempre devido à superpopulação e deficiência alimentar. 
- Predatismo: é quando uma espécie animal se alimenta de outra espécie. Ou seja, a 
sobrevivência de uma depende da morte da outra. 
- Parasitismo 
 
3 CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS 
 
 Entre os animais que parasitam o homem, e estarão sendo estudados neste curso, estão 
incluídos quatro grandes filos: Protozoa (animais unicelulares; protozoários), Platyhelminhes 
(vermes achatados), Aschelminthes (vermes redondos) e Arthropoda (insetos e ácaros): 
a) Protozoa 
- Sub filo Sarcomastigophora 
 - Ordem: Kinetoplastida 
 - Gênero: Trypanosoma 
 Leishmania 
 
 
 
 
12 
 - Ordem: Diplomonadida 
 - Gênero: Giardia 
 -Ordem: Amoebida 
 - Gênero: Entamoeba 
 - Ordem: Trichomonadida 
 - Gênero: Trichomonas 
 
- Sub filo Apicomplexa 
 - Ordem: Eucoccidiida 
 - Gênero: Isospora 
 Cyclospora 
 Toxoplasma 
 Plasmodium 
 
 
b) Platyhelminthes 
- Classe: Cestoda 
 - Gênero: Taenia 
 Hymenolepis 
 
 
- Classe: Trematoda 
 - Gênero: Schistosoma 
 Fasciola 
 
 
c) Aschelminthes 
- Classe: Nematoda 
 - Gênero: Ascaris 
 Toxocara 
 Enterobius 
 
 
 
13 
d) Arthropoda 
- Classe: Insecta 
 - Ordem: Diptera 
 - Sub-ordem: Nematocera 
 - Gênero: Lutzomia 
 Culex 
 Aedes 
 - Sub-ordem: Muscomorpha 
 - Gênero: Musca 
 
 - Ordem: Hemiptera 
 - Sub-ordem: Gymnocerata 
 - Gênero: Triatoma 
 Panstrongylus 
 Rhodnius 
 
 - Ordem: Siphonaptera 
 - Gênero: Tunga 
 Pulex 
 - Ordem: Anoplura 
 - Gênero: Ptirus 
 Pediculus 
- Classe: Arachnida 
 - Ordem: Acari 
 - Sub-ordem: Ixodides 
 - Gênero: Ixodes 
 Argas 
 - Sub-ordem: Sarcoptiformes 
 - Gênero: Sarcoptes 
 
 
14 
 
 
4 GUIA DE CONSULTA: MÉTODOS DIAGNÓSTICOS EM PARASITOLOGIA 
 
 
EXAME PARASITOLÓGICO DE SANGUE 
 
Direto 
A gota de sangue é colocada no centro de uma lâmina, coberta com uma lamínula e examinada 
ao microscópio óptico imediatamente após. Poderão ser vistos parasitos vivos ou mortos. 
 
Em esfregaço 
Pode ser de dois tipos: de gota espessa ou delgado. O primeiro tipo é muito utilizado em 
diagnósticos epidemiológicos. É um método de enriquecimento, mas a identificação específica 
dos parasitos é dificultada. Já o esfregaço delgado é utilizado para identificação da forma e da 
espécie de vários parasitos. Ambas as técnicas serão descritas a seguir: 
 
Esfregaço delgado 
- Colocar uma gota de sangue na extremidade direita de uma lâmina (Figura 02a); 
- Pegar outra lâmina segurar por cima com a mão direita e, com uma inclinação de 45°, encostar 
adiante da gota (Figura 02b); 
- Deixar a gota se espalhar pela superfície de contato das duas lâminas; 
- Puxar a gota espalhada até o final da lâmina (Figura 02c - d) 
- Secar rapidamente 
 
 
15 
- Fixar a lâmina em metanol e corar pelo Giemsa. 
 
 
Figura 02 (a-d): Esfregaço sanguíneo (delgado) 
 
Esfregaço em gota espessa 
- Colocar o sangue no centro da lâmina; 
- Espalhar, com o auxílio de outra lâmina, o sangue sobre uma área de cerca de 1cm2; 
- Deixar secar; 
- Corar pelo Giemsa; 
 
EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES 
 
O exame parasitológico de fezes (EPF) tem como objetivo diagnosticar parasitos intestinais 
através da pesquisa das diferentes formas parasitárias que são eliminadas nas fezes. 
Muitas vezes o número de formas parasitárias eliminadas com as fezes é pequeno, havendo 
necessidadede recorrer a processos de enriquecimento para concentrá-las. Os principais 
métodos de enriquecimento são: sedimentação espontânea, sedimentação por centrifugação, 
 
 
16 
flutuação espontânea, centrifugo-flutuação e concentração de larvas de helmintos por migração 
ativa, devido ao hidrotropismo e termotropismo positivos. 
 
Vamos às características dos dois principais princípios utilizados nos exames de fezes: 
a) Técnicas de flutuação: 
b) Princípio: Baseia-se na diferença de densidade específica entre os ovos de helmintos, 
cistos de protozoários e o material fecal, a fim de que esses organismos flutuem na 
superfície dos reagentes (reagentes de alta densidade) . 
Vantagens: formação na superfície do tubo de uma membrana clara com poucos detritos fecais e 
a remoção seletiva de ovos e cistos, mesmo quando em pequeno número no bolo fecal. 
Desvantagens: Alta densidade dos reagentes – alteração na parede dos ovos e dos cistos – 
dificultando a identificação – exame dentro de 10 a 20 minutos. 
Técnicas de flutuação mais usadas: solução saturada de NaCl (WILLIS); sulfato de zinco ( Faust) 
 
b) Técnicas de sedimentação: 
Princípio: Os organismos são sedimentados pela gravidade ou centrifugação. Apresenta uma 
ação inversa à flutuação: os cistos, ovos e larvas são retidos no fundo do tubo, enquanto os 
detritos são suspensos para a superfície, não interferindo no diagnóstico. 
Objetivos: Aumento do número de ovos operculados, larvas ou cistos, e a separação das 
gorduras da maioria dos detritos. 
Desvantagens: Grande quantidade de detritos fecais no sedimento – a identificação dos 
parasitas se torna mais difícil do que através das técnicas de flutuação. 
Técnicas de sedimentação mais usadas: - Lutz (água corrente); - Hoffman, Pons & Janer (HPJ) 
(água corrente); - Ritchie (formalina – éter); - Blagg (mertiolato - iodo –formaldeído) (MIF)... 
Não existe um método capaz de diagnosticar ao mesmo tempo todas as formas parasitárias, por 
isso, o ideal é que exista uma combinação entre técnicas de flutuação e sedimentação. 
 
 
17 
A seguir serão descritos os métodos mais utilizados na análise clínica. Em todos eles é 
necessário percorrer todo o campo da seguinte forma: 
 
 
 
Exame direto a fresco 
- Identificar a lâmina com um lápis de cera; 
- Colocar uma gota de salina no centro da metade esquerda da lâmina e uma gota de lugol na 
metade direita da lâmina; 
- Com o auxílio de um abaixador de língua ou um palito, peque uma pequena porção da amostra 
e misture com a gota de solução salina; 
 
 
- Da mesma forma, misture uma porção de fezes com a solução de lugol; 
 
 
18 
- Coloque uma lamínula sobre cada uma das gotas, tomando o cuidado para não formar bolhas 
de ar e examine ao microscópio. 
 
 
 
Método de sedimentação espontânea 
 
- Colocar aproximadamente 2 gramas de fezes em um frasco ou copo descartável com cerca de 
5ml de água e homogeneizar bem com bastão de vidro ou palito descartável; 
- Acrescentar mais 20ml de água; 
- Filtrar a suspensão em gaze cirúrgica dobrada quatro vezes em um cálice cônico; 
- Completar o volume do cálice com água; 
- Deixar essa suspensão em repouso por duas horas; 
- Descartar o sobrenadante cuidadosamente, colocar mais água e deixar em repouso por mais 
60 minutos; 
- Repetir os dois procedimentos anteriores até que o material esteja límpido e bom para leitura; 
- Para coletar o sedimento, desprezar o líquido sobrenadante, homogeneizar o sedimento e 
coletar uma gota e colocar em uma lâmina; 
 
 
19 
- Cobrir com lamínula e examinar ao microscópio. 
 
Método de Blagg ou MIFC ou sedimentação por centrifugação 
 
- Coletar as fezes frescas em conservador MIF; 
- Homogeneizar; 
- Filtrar a suspensão em gaze dobrada em copo plástico descartável; 
- Transferir 2ml do filtrado para um tubo cônico de 15ml; 
- Acrescentar 5ml de éter sulfúrico e agitar; 
- Centrifugar por um minuto; 
- Inverter o tubo para desprezar o líquido; 
- Acrescentar ao tubo gotas de salina ou lugol; 
- Inverter o tubo em uma lâmina; 
- Cobrir com uma lamínula e examinar ao microscópio; 
 
Método de Willis 
 
- Colocar 10 gramas de fezes em um frasco ou copo descartável; 
- Diluir as fezes em solução saturada de açúcar ou sal; 
- Completar o frasco com água; 
- Colocar na boca do frasco uma lâmina que deverá estar em contato com o líquido; 
- Deixar em repouso por cinco minutos; 
 
 
20 
- Retirar rapidamente a lâmina voltando para cima a parte molhada; 
- Cobrir com lamínula e levar ao microscópio. 
 
Método de Baermann Moraes 
 
- Tomar 8 a 10 gramas de fezes; 
- Colocar as fezes em gaze dobrada; 
- Colocar o material sobre um funil de vidro contendo um tubo de borracha conectado à 
extremidade inferior de sua haste; 
- Fechar o tubo de borracha com uma pinça de Hoffman; 
- Adicionar ao funil água aquecida a 45°C até cobrir o material fecal; 
- Deixar em repouso por uma hora; 
- Abrir a pinça dentro de um tubo de centrífuga, coletando cerca de 7ml de líquido; 
- Centrifugar; 
- Coletar o sedimento e analisar ao microscópio. 
 
Método de Kato-Katz 
 
- Preparar uma solução de verde-malaquita de acordo com a seguinte fórmula: glicerina (100ml), 
água destilada (100ml) e verde-malaquita 3% (1ml); 
- Cortar papel celofane semipermeável em pedaços de 24 por 30mm e deixá-los mergulhados na 
solução de verde-malaquita por pelo menos 24h; 
 
 
21 
- Colocar, sobre um papel higiênico, uma amostra das fezes a serem examinadas; 
- Comprimir as fezes com um pedaço de tela metálica similar a de náilon; 
- Retirar as fezes que passaram para a parte superior da tela e transferi-las, com auxílio de um 
palito, para o orifício (6mm de diâmetro) de um cartão retangular de plástico colocado sobre uma 
lâmina de microscopia; 
- Após encher completamente o orifício, retirar o cartão deixando as fezes sobre a lâmina de 
vidro; 
- Cobrir as fezes com a lamínula de papel celofane, inverter a lâmina, sobre uma folha de papel 
absorvente, e comprimi-la; 
- Aguardar uma a duas horas e examinar ao microscópio, contando todos os ovos da 
preparação; 
- O número de ovos encontrados no esfregaço fecal, multiplicado por 23, corresponderá ao 
número de ovos por grama de fezes. 
 
Método de Graham ou fita adesiva 
 
- A coleta poderá ser feita no laboratório ou instituir o paciente para que o faça em casa, de 
preferência; 
- Ao despertar pela manhã, antes que o paciente faça higiene ou troque de roupas, fazer a coleta 
do material; 
- Fixar sobre uma lâmina limpa e desengordurada uma tira de fita durex um pouco menor que o 
comprimento da lâmina. Nas extremidades colar 2 tiras de papel, as quais servirão de suporte 
para segurar e também para a identificação; 
 
 
22 
- No momento de usar, retirar cuidadosamente a fita da lâmina. Com a face adesiva voltada para 
fora, colocar um tubo de ensaio (ou abaixador de língua) na face interna (sem cola), como 
suporte, segurando nas tiras de papel; 
- Afastar os glúteos do paciente e encostar rápida e firmemente a fita adesiva sobre o ânus; 
- Após a coleta, colar novamente sobre a lâmina, procurando evitar a formação de bolhas de ar; 
- Examinar ao microscópio com pequeno aumento, percorrendo todos os campos. 
 
Identificação de proglotes de Taenia pelo método de ácido acético 
 
- Colocar a(s) proglote(s) a ser(em) identificada(s) em pequeno recipiente contendo ácido acético 
glacial; 
- Decorridos pelo menos 15 minutos, retirá-la e comprimi-la entre duas lâminas; 
- Examinar sob iluminação intensa (artificial); 
- Os caracteres do útero e suas ramificações permitirão distinguir se a proglote grávida em 
exame é de T. solium ou T. saginata; 
- É aconselhável utilizar lâminas largas para comprimir as proglotes como medida de cautela 
para uma eventual contaminação do examinador, através de ovos do parasita (principalmente 
em se tratando da T. solium); 
- O mecanismo de ação do ácido acéticoestá baseado na dissolução de sais, calcários e 
carbonato de cálcio que impregnam o corpo do parasita. 
 Taenia saginata: proglotes grávidas: útero com ramificações laterais finas, 
dicotômicas e numerosas. 
 Taenia solium: proglotes grávidas: útero com ramificações espessas, dendríticas 
e em pequena quantidade. 
 
 
 
23 
As imagens a seguir mostram as principais formas parasitárias encontradas nos exames 
parasitológicos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 II.1. INTRODUÇÃO A ENTOMOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
5 INTRODUÇÃO À ENTOMOLOGIA 
 
 Entomologia é a ciência que estuda os insetos sob todos seus aspectos e relações com 
o homem, as plantas, os animais e o ambiente. A palavra Entomologia é proveniente da união de 
dois radicais gregos, entomon (inseto) e logos (estudo) e vem sendo empregada desde 
Aristóteles (384-322 a.C.) para designar “Estudo dos insetos”. 
2 3 4 5 
6 7 8 9 1
0 
11 1
2 
1
3 
1
4 
1
5 
1 
 Figura 03: Formas parasitárias comumente encontradas em exames de fezes (Fonte: imagens obtidas no site 
www.google.com.br): (1) ovo de Taenia (2) ovo de Ancylostoma (3) ovo de Schistosoma mansoni (4) ovo de 
Hymenolepis (5) ovo de Trichuris (6) cisto de Giardia (7) trofozoíto de Giardia (8) trofozoíto de Trichomonas (9) 
cisto de Entamoeba (10) cisto de Isospora (11) Cryptosporidium (12) larva de Strongyloides (13) ovo de Ascaris 
(14) ovo de Enterobius; filária encontrada em exame de esfregaço sanguíneo (15) Wuchereria. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Animais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grego
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aristóteles
 
 
24 
 
 Entretanto, neste módulo estudaremos apenas os insetos de importância médica, e, 
neste caso, estudaremos não só os insetos como também os ácaros. A principal característica 
encontrada em insetos e ácaros é a presença de esqueleto externo (exoesqueleto) formado pelo 
tegumento. 
 O ciclo biológico dos insetos é, na maioria das vezes, ovípara. O formato dos ovos e o 
local escolhido são tremendamente variáveis. Desde o ovo até adulto, o inseto sofre várias 
modificações complexas, reguladas por hormônios. Os tipos de evolução são: 
 
a) ametabolia: quando os insetos não apresentam mudanças distintas nas formas entre os 
estádios de ovo até adultos. Isto é: as formas jovens são semelhantes aos adultos. Ex: as traças; 
b) paurometabolia ou metamorfose gradual: quando os insetos passam pelas formas de ovo, 
ninfa e adulto, porém as ninfas têm um desenvolvimento gradual, vivem no mesmo ambiente e 
têm o mesmo hábito alimentar do adulto. Ex: os Hemipteras (barbeiros); 
c) hemimetabolia: quando os insetos passam pelas formas de ovo, ninfa e adulto, mas as ninfas 
diferem dos adultos pelo ambiente e alimentação. Ex: as libélulas; 
d) holometabolia ou metamorfose completa: quando os insetos passam pelas fases de ovo, 
larva, pupa e adulto. Ex: os mosquitos e moscas. 
 
6 OS ÁCAROS 
 
 
 Os ácaros são artrópodes com o corpo fundido em cefalotórax e abdome, com quatro 
pares de patas e sem antenas. Na parte anterior, chamada gnatossoma, localizam-se as peças 
bucais: quelíceras e palpos ou pedipalpos. As quelíceras possuem pinças em suas extremidades 
que são utilizadas para cortar ou perfurar os tecidos. Os palpos ou pedipalpos são órgãos que 
auxiliam na alimentação. Nos carrapatos existe um órgão relacionado aos palpos e quelíceras: o 
 
 
25 
hipóstomo. Este auxilia na fixação do carrapato aos tecidos do hospedeiro. 
 A parte posterior, chamada idiossoma, corresponde ao resto do corpo, e, nele, estão 
inseridas as patas e podem ser vistos os orifícios genitais, anal, estigmas respiratórios, placas, 
sulcos e etc. 
 
6.1 ESCABIOSE (SARNA) 
 
 Na sub-ordem Sarcoptiformes encontramos algumas espécies de Acari que se 
caracterizam por possuírem cutícula delgada, sem estigmas respiratórios e palpos simples. A 
espécie Sarcoptes scabiei é uma das mais importantes. 
 A escabiose ou sarna sarcóptica foi uma das primeiras doenças humanas que teve sua 
causa conhecida. Antigamente essa sarna era muito comum entre a população; posteriormente, 
com o advento de medicamentos eficazes e higiene aprimorada, ela tornou-se rara. Entretanto, a 
partir da década de 70, elevou-se o número de pessoas apresentando esse parasito. As 
principais razões foram o aumento da população, facilitando o maior contato em ambientes 
coletivos (ônibus, por exemplo), promiscuidade sexual e mudança no comportamento humano 
em geral. 
 O Sarcoptes scabiei possui corpo globoso, pernas curtas, sem garras. A cutícula é 
marcada por estrias finas, freqüentemente interrompidas por áreas com cerdas finas e flexíveis, 
espinhos curtos e robustos e escamas de forma triangular que são características do gênero 
(Figura 01). 
 
6.1.1 Biologia de Sarcoptes scabiei 
 
 Os adultos perfuram túneis ou galerias na epiderme, principalmente nas regiões 
interdigitais, mãos, punhos, cotovelos, axilas e virilhas. Podem localizar-se também nas 
nádegas, genitais externos, seios, costas e pernas. As fêmeas que já copularam penetram na 
 
 
26 
epiderme e começam a fazer túneis ou galerias e vão deixando para trás um rastro de ovos. 
Ovipõem três a quatro ovos por dia, num total de 40 a 50 durante toda a sua vida. 
 O período de incubação dura de três a cinco dias, quando eclodem larvas hexápodas. 
Estas permanecem nas galerias ou saem para a superfície da pele, onde ficam nas crostas que 
recobrem as galerias. Em um desses pontos, elas se alimentam, sofrem mudas e transformam-
se em ninfas octópodas; oito a dez dias após transformam-se em machos e fêmeas. Ocorre a 
cópula e as fêmeas iniciam novas galerias ou túneis. O ciclo, do ovo até fêmeas grávidas, 
demora cerca de 20 dias (Figura 02). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.fukuto.com/para1/sarcoptes/sarcoptes www.fukuto.com/para1/sarcoptes/sarcoptes 
 
Figura 01 - Sarcoptes scabiei adultos. (A) Visão dorsal e lateral (B) Visão ventral 
A B 
Figura 02 - Ciclo de vida de S. 
scabiei (Fonte: Rey, 2005) 
 
 
27 
6.1.2 Formas clínicas 
 
 
 A perfuração da epiderme, junto com produtos do metabolismo do parasito e a ação de 
sua saliva, gera um prurido intenso (Figura 03). Este prurido é mais evidente e irritante à noite, 
quando o hospedeiro está aquecido pelas cobertas. Freqüentemente, o hospedeiro se coça 
fortemente, abrindo porta de entrada para infecções microbianas secundárias. Pode ocorrer a 
formação de crostas salientes. 
/ 
 
 
6.1.3 Diagnóstico 
 
 A anamnese do paciente, o prurido, a localização e o aspecto das crostas são muito 
sugestivos para o diagnóstico clínico. 
 O diagnóstico parasitológico pode ser feito de duas maneiras: a) aderindo uma fita 
gomada sobre as crostas, coloca-se depois a fita sobre uma lâmina e observa-se seu conteúdo 
ao microscópio; b) raspar profundamente a epiderme nos limites com a pele sã, colher o raspado 
em lâmina o observar ao microscópio. Pode-se acrescentar algumas gotas de NaOH para 
clarificar o material antes de ser observado no microscópio (Figura 04). 
http://pathmicro.med.sc.edu/parasitology/mite.jpg 
A B 
Figura 03 - (A) Lesões causadas por S. scabiei no antebraço de uma criança (B) 
Escabiose na região interdigital de um adulto. 
 
 
28 
 
 
 
 
6. 2 CARRAPATOS 
 
 
 Os carrapatos, ou ixodídeos, são ácaros de grande porte, ectoparasitos sugadores de 
sangue de vertebrados. Têm grande resistência ao jejum e podem transmitir vários patógenos. 
Alguns desses patógenos podem ser transmitidos à progênie, o que os torna vetores (que 
transmitem o parasito entre dois hospedeiros, podendo, o patógeno, ter alguma fase de 
desenvolvimento dentro do vetor) e reservatórios (onde vive e se multiplica um agente 
infeccioso, sendo possível a transmissão paraoutros hospedeiros). 
 Os carrapatos são, depois dos mosquitos, os mais importantes vetores de doenças 
humanas, transmitindo doenças. Carrapatos transmitem diversas formas de tifo, além de outras 
doenças. Nas zonas temperadas, carrapatos são os agentes transmissores da potencialmente 
debilitante doença de Lyme — a doença mais comum transmitida por vetor nos Estados Unidos 
e na Europa. Um estudo sueco revelou que aves migratórias às vezes transportam carrapatos 
por milhares de quilômetros, podendo introduzir as doenças que carregam a novos lugares. 
 De fato, um único carrapato pode abrigar até três diferentes organismos patogênicos e 
transmitir todos eles em uma única picada! 
http://www.vetcutis.freeserve.co.uk/vetcutis/sarcoptes_
scabiei_cow.jpg www.fukuto.com/para1/sarcoptes/sarcoptes A B 
Figura 04 - (A) Raspado de pele de cão. (B) Raspado de pele mostrando os parasitos adultos, 
formas larvares e ovos. As setas indicam os ectoparasitos. 
 
 
29 
 Além da espoliação sanguínea e da transmissão de doenças, algumas espécies de 
carrapatos injetam, juntamente com a saliva, toxinas debilitantes e paralisantes, às vezes fatais 
ao hospedeiro, incluindo o homem. 
 Os carrapatos possuem dimorfismo sexual acentuado: os machos, menores em 
tamanho, apresentam um escudo recobrindo toda a área dorsal. Nas fêmeas, o escudo é 
limitado ao terço anterior do corpo (chamado noto) (Figura 05 A). Além dos ovos, os ixodidae 
passam por três estágios durante seu ciclo biológico: larvas, ninfas e adultos (Figura 05 B). Cada 
um destes estágios suga sangue durante alguns dias, antes da muda (chamada ecdise) ou do 
início da postura de milhares de ovos; após a oviposição, as fêmeas morrem. Os machos não 
sugam sangue ou sugam muito pouco. 
 
http://www.ent.iastate.edu/images/ticks/all4small.gif 
Macho 
Fêmea 
A 
 
 
30 
 
 
Para fixação, após a penetração das peças bucais no tecido do hospedeiro, as glândulas 
salivares do carrapato secretam uma substância leitosa, chamada cemento, que endurece em 
volta das peças bucais e favorece a fixação do carrapato (Figura 06). 
 
 
www.lymediseaseaction.org.uk/.../frame1072.jpg 
B 
Figura 05 - (A) Macho e fêmea de Amblyomma, o carrapato-estrela. (B) Formas evolutivas do 
carrapato: adulto (macho e fêmea), ninfa e larva. 
Figura 06 - Desenho ilustrativo de um carrapato fixado à pele do hospedeiro. 
 
 
31 
 As glândulas salivares secretam ainda agentes farmacológicos com funções 
anticoagulantes e citolíticas que promovem um aumento da permeabilidade vascular, dilatação 
dos vasos sanguíneos e hemorragias, favorecendo a alimentação do carrapato e causando no 
hospedeiro uma reação de prurido intenso e formação de edema. 
 O controle dos carrapatos no ambiente é feito através de manejo da vegetação (limpeza 
e poda) e aplicação de acaricidas. No entanto, o impacto de resíduos acaricidas no ambiente, faz 
com que o controle individual nas pessoas e animais seja o mais viável. O uso de carrapaticidas 
sobre o corpo dos animais, através de banhos, aspersões, polvilhamento e etc. é a forma mais 
ampla e disponível no combate aos ixodídeos. 
 Para remover um carrapato da pele, limpe bem o local e puxe-o o mais rente da pele 
possível (Figura 07), minimizando a dor e evitando que as peças bucais se quebrem dentro da 
pele, causando um foco inflamatório. 
 
 
 
 
 
 
Figura 07 - Desenho ilustrativo de como remover um carrapato. 
http://hem.bredband.net/tbepatientforeningen/Bilder/Remove_small_tick.jpg 
 
 
 
32 
7 MOSCAS E MOSQUITOS 
 
 Moscas e mosquitos são exemplares da ordem Diptera. A evolução é do tipo 
holometabólica, isto é, obrigatoriamente passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. O 
meio escolhido por cada espécie para fazer a postura e para a larva se desenvolver é 
variadíssimo. Pode ser folhas, paus podres, fezes animais ou humanas, cadáveres, lama, água 
limpa, água parada, água suja...enfim, diversos! 
Mas, afinal, qual é a diferença entre moscas e mosquitos? 
 Esta pergunta é fácil de ser respondida! A figura 08 mostra que as moscas possuem 
antena formada por apenas três segmentos, sendo que sobre o último assenta-se a arista. Os 
mosquitos apresentam antenas formadas por mais de seis segmentos. Um exemplo: o 
pernilongo é um mosquito. Já o que chamamos de “mosquito”, que voa sobre carnes, frutas e é 
encontrado com facilidade em qualquer residência, é uma mosca, a mosca doméstica (Musca 
domestica). 
 
http://www.geocities.com/mmmb1280/images1/18.jpg http://www.radionetherlands.nl/assets/images/fly3.jpg 
Figura 08 - (A) A seta mostra a antena de um mosquito, observe a numerosa segmentação. (B) A seta indica 
as antenas de uma mosca, observe que as antenas são curtas com apenas três segmentos. 
A 
B 
 
 
33 
7.1 MOSCAS 
 
7.1.1 Moscas como veiculadoras de doenças 
 
 As moscas possuem grande importância para o homem sob o ponto de vista 
biológico e médico-veterinário. Do ponto de vista biológico, muitas moscas são extremamente 
úteis como polinizadoras, como decompositoras de matéria orgânica, fonte de alimentos para 
vários animais e como predadoras de larvas de borboletas e besouros e, por isso, são utilizadas 
no controle biológico. Do ponto de vista médico-veterinário, sua importância está relacionada 
com: 
 
a) sinantropia: é a capacidade que algumas moscas têm de freqüentar ambiente rural, silvestre e 
urbano e, após visitarem dejetos e carcaças, veicular patógenos; 
b) importunação de homens e animais pela hematofagia, às vezes, intensa e dolorosa; 
c) agentes de miíases. 
 
As moscas podem atuar como vetores — ou seja, agentes transmissores de doenças — de duas 
formas principais. Uma delas é a transmissão mecânica. 
Assim como as pessoas podem trazer para dentro de casa 
sujeira impregnada no sapato, a mosca doméstica, por 
exemplo, pode carregar nas patas milhões de 
microorganismos que, dependendo da quantidade, causam 
doenças. Moscas que pousaram em fezes, por exemplo, 
contaminam alimentos e bebidas. Essa é uma forma de o 
homem contrair doenças debilitantes e mortíferas como a 
febre tifóide, a disenteria e até mesmo a cólera. 
 
 
 
34 
A outra forma de transmissão ocorre quando insetos hospedeiros de vírus, bactérias ou parasitas 
infectam as vítimas pela picada ou por outros meios. A mosca tsé-tsé transmite o protozoário 
causador da doença do sono, que aflige centenas de milhares de pessoas, obrigando 
comunidades inteiras a abandonar seus campos férteis. A mosca-negra, transmissora do 
parasita que provoca a cegueira do rio, privou da visão cerca de 400 mil africanos. Trata-se de 
um grupo de doenças incapacitantes, que hoje afligem milhões de pessoas de todas as idades 
ao redor do mundo, desfiguram a vítima e muitas vezes causam a morte. 
 
 
7.1.2 Berne 
 
 
 Os adultos da mosca Dermatobia hominis são pouco vistos, pois possuem uma vida 
curta (entre 5-20 dias) e vivem em ambientes florestais. A larva, denominada berne, é bem 
conhecida (Figura 09). 
 
Fonte :http://www.icb.usp.br/~marcelcp/Imagens/zen22.jpg 
A 
 
 
35 
 
 
 
 Os adultos da D. hominis não se alimentam. Logo após o nascimento ocorre a cópula. A 
fêmea fecundada fica em locais protegidos. Em vôos rápidos, a mosca berneira captura um 
inseto hematófago e deposita sobre o abdome deste cerca de 15-20 ovos. Estes ovos ficam 
aderidos ao abdome do inseto (Figura 10) e apresentam um opérculo virado para trás. 
 
Figura 10 - Mosca carregando os ovos de D. hominis (seta) no abdome. 
 
Cerca de seis dias depois, os ovos já estão maduros e, quando o inseto veiculador vai 
alimentar-se, estimulada pelo calor do hospedeiro (homem ou animal), a larva sai rapidamente 
do ovo e alcança a pele. Em dez minutos ela penetra na pele sã ou lesada. Após a penetração, 
começa a formar-se uma lesão nodular, avermelhada, com um orifício central, por onde é 
B 
 Figura 09 - (A) Dermatobia hominisadulta (B) Larva de D. hominis, o berne. 
 
 
36 
eliminada secreção aquosa (exsudato), levemente amarelada ou sanguinolenta. Podem ser uma 
ou mais lesões e atingir qualquer área da pele, inclusive o couro cabeludo. 
A larva (berne) permanece com os espiráculos respiratórios voltados para fora e a 
extremidade anterior (boca) voltada para dentro. Sessenta dias depois a larva já passou pela 
ecdise e está madura. Então ela abandona o hospedeiro e cai no chão. Enterra-se em terra fofa 
e transforma-se em pupa. Esta fase dura 30 dias. Vinte e quatro horas após abandonar o 
pupário, as moscas copulam e iniciam a postura dos ovos. 
 O berne provoca um prurido intenso e depois dor. O orifício aberto possibilita a entrada 
de larvas de outras moscas e várias bactérias que podem complicar o quadro. Por isso, 
recomenda-se tirar o berne logo que seja percebido. A melhor maneira de se retirar o berne é 
matando-o por asfixia. Estando vivo, ele manterá seus espinhos firmemente aderidos ao tecido 
do hospedeiro, dificultando sua retirada (Figura 11) 
 
Figura 11 - Detalhe dos espinhos da larva de D. hominis, o berne. 
http://www.ambergriscaye.com/pages/town/botfly_files/botflyho.jpg 
 
Para retirar o berne: 
a) raspar os pêlos e limpar bem a região; 
b) colar um pedaço de esparadrapo firmemente sobre o berne; 
c) deixar por uma hora; 
d) retirar o esparadrapo; 
 
 
37 
e) se o berne não sair junto com o esparadrapo, com ligeira compressão sairá; 
f) tratar a ferida com um bacteriostático. 
 
 
7.1.3 Miíases 
 
 
 Miíase é o nome dado à infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que se 
alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro ou de suas substâncias corporais (Figura 
12). No meio rural é conhecido como ”bicheira”. 
 
 
 
 Quando a pessoa ou animal sofre um ferimento ou corte mais profundo, devemos tratar 
a ferida com antissépticos e, algumas vezes, antibióticos tópicos. Mas é imprescindível proteger 
o local contra as moscas. Ao pousarem sobre a ferida, as moscas depositam dezenas de ovos 
que irão eclodir, transformando-se em inúmeras larvas que se alimentarão de tecido vivo (miíase 
cutânea). As larvas cavam verdadeiras galerias sob a pele, causando lesões e um incômodo 
http://www.sel.barc.usda.gov/Diptera/oestrid/images/myiasis2.gif 
Figura 12 - Miíase no calcanhar de um paciente 
 
 
38 
muito grande ao animal. As lesões podem ser tão profundas 
que conseguem atravessar a musculatura do animal, indo 
atingir órgãos vizinhos (miíase cavitária). 
As larvas de moscas podem se proliferar também em 
tecidos não lesados. Quando a pele apresenta dermatites 
exsudativas (produzem líquido) que mantenham o local 
sempre úmido, ou naquelas pessoas sem condições de 
higiene, a bicheira também pode aparecer. 
 O local acometido deve ser lavado com soluções antissépticas e o médico deve 
examinar o local à procura de larvas em tecidos mais profundos. Em regiões onde é freqüente a 
ocorrência de moscas devem ser aplicados produtos repelentes em todos os ferimentos abertos. 
 
7. 2 MOSQUITOS 
 
 
 Os mosquitos apresentam grande interesse na parasitologia, em vista de serem os de 
maior número e os mais importantes insetos hematófagos entre todos os Arthropoda, sendo que 
apenas as fêmeas exercem a hematofagia. Popularmente são conhecidos como mosquitos, 
pernilongos, muriçocas e etc.. 
 
 
7.2.1 Mosquitos como vetores de parasitoses 
 
 Os principais gêneros transmissores de parasitoses são: 
a) Anopheles: transmissor da malária no Brasil. Conhecido como mosquito prego. Tem como 
criadouro coleções de água limpa. 
 
 
39 
 
 
b) Culex: transmissor das filarioses. Faz a postura de ovos em coleções de água suja. Faz a 
postura de ovos em “jangada”. 
 
 
c) Aedes: transmissor da dengue e da febre amarela, que, sabidamente não são parasitoses! 
Mas é importante reconhecê-lo para diferenciação dos mosquitos do gênero Culex. O Aedes faz 
a postura de ovos isolados em água limpa. 
 
 
 
 
http://www.health.nsw.gov.au/areas/arbovirus/mosquit/p
hotos/anopheles_farauti_egg.jpg 
http://agnews.tamu.edu/westnile/graphics/Image2.jpg 
http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/westnile/images/culex-laying-
eggs-small.jpg 
http://www.napamosquito.org/Images/Anopheles%2
0Freeborni.jpg 
http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/westnile/images/culex-
laying-eggs-small.jpg 
 http://www.sciencemaster.com/monkeytime/sciencemaster/
galleries/vector_one/images/05.jpg 
http://agnews.tamu.edu/westnile/graphics/Image1.jpg 
 
 
40 
8 PULGAS E PIOLHOS 
 
 
As pulgas 
 
 
 As pulgas ocupam um lugar de destaque em Parasitologia pela sua forma de interação 
com outros organismos, atuando como parasitos, vetores ou hospedeiros intermediários. 
 
 
 
 
 
 Em altas infestações, alguns animais de pequeno porte podem apresentar-se anêmicos 
devido a espoliação sanguínea de machos e fêmeas. Podem causar lesões cutâneas nos locais 
de parasitismo por Tunga penetrans (bicho de pé), com a possível veiculação mecânica do 
tétano, gangrenas gasosas e esporos de fungos. 
 As pulgas são insetos pequenos - 1 a 3 mm - de corpo achatado lateralmente. Não 
possuem asas e o último par de pernas é adaptado para saltar, o que lhes permite dar grandes 
pulos! Apresentam aparelho bucal picador-sugador. 
 Pulgas adultas são hematófagas obrigatórias. As larvas que vivem no solo alimentam-se 
de dejeções ressecadas das pulgas adultas. 
 O bicho-de-pé é, na verdade, uma pulga! Tunga penetrans. Macho e fêmea são 
hematófagos, mas, no entanto, apenas a fêmea penetra no tecido, alimentando-se de líquido 
tissular e sangue (Figura 13). Ela vai enchendo-se de ovos e tomando uma forma hipertrofiada. 
http://elpistachoveloz.blogia.com/upload/Esta%20pulga%20tiene%20hambre.jpg 
 
 
41 
No homem, prefere penetrar principalmente na sola plantar, calcanhar, cantos dos dedos (pés e 
mãos). Machos e fêmeas ficam em locais secos, próximos a matéria orgânica. A fêmea, após a 
cópula, permanece com a cabeça e o corpo mergulhados no tecido, deixando para fora apenas a 
extremidade posterior, que contém a abertura genital e os espiráculos respiratórios. Pela 
abertura genital a fêmea expulsa os ovos maduros como “bolas de canhão” (Figura 14). Cerca 
de quinze dias depois da cópula a fêmea já fez a postura de todos os ovos e morre ou é 
combatida pelo organismo do hospedeiro. 
 
Figura 13 - Penetração da pulga T. penetrans no tecido do hospedeiro (Fonte: Rey,2005) 
 
 
Figura 14 - (A) Paciente com bicho-de-pé. O “olho” preto representa a parte posterior da pulga, por onde ela elimina 
os ovos (B). 
 
 As fêmeas ao penetrarem provocam um prurido intenso. Depois de grávidas, 
continua o prurido e, às vezes, dor. Para retirar a pulga, desinfectar o local e, com uma agulha 
esterilizada, fazer pequenas dilacerações na pele, circundando a tumoração. Após a incisão 
completa da pele, retirar o bicho-de-pé, puxando-o. Tratar o local. 
A B 
 
 
42 
Piolhos 
 
 Chama-se pediculose a infestação por piolhos sugadores. Ela é caracterizada por 
prurido, irritação da pele ou do couro cabeludo e infecções secundárias. Além disso, podem 
veicular doenças, como tifo exantemático, febre das trincheiras e febre recorrente. A picada dos 
piolhos provoca uma dermatite, causada pela reação do hospedeiro à saliva injetada no início da 
hematofagia. 
Os piolhos são insetos pequenos com cerca de 3mm, sem asas e aparelho bucal do tipo picador-
sugador (Figura 15A). As pernas são fortes e formam uma pinça com a qual os insetos ficam 
agarrados ao pêlo. Os ovos são colocados aderidos ao pêlo e são denominadas lêndeas (Figura 
15B). 
 Os piolhos são transmitidos principalmente por contato. Os estímulos para que os 
piolhos mudem de hospedeiro são: temperatura, umidade e odor. Os métodos de controle para 
piolhos são: catação manual, penteação ou escovação freqüentes, ar quente, raspação de 
cabeça ou corte curto dos cabelos,uso de cremes e óleos, uso de solução salina (água + sal) 
nos cabelos ou utilização de inseticidas próprios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 - (A) Piolho adulto, observe a garra na extremidade das patas (B) Ovos dos piolhos 
(lêndeas), fixados a um fio de cabelo. 
 
 
43 
9 INTRODUÇÃO À PROTOZOOLOGIA 
 
 
 Os protozoários englobam todos os protozoários protistas eucariotas, constituídos por 
uma única célula. Esta apresenta as mais diversas formas, processos de alimentação, 
locomoção e reprodução. É uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções 
mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. Para cada 
função existe uma organela própria. Como exemplos, temos: 
a) Cinetoplasto: provavelmente é uma mitocôndria modificada, especializada, sendo muito rica 
em DNA; 
b) Corpúsculo basal: base de inserção de cílios e flagelos; 
c) Microtúbulos: responsáveis pelos movimentos celulares de contração e distensão; 
d) Axonema: eixo do flagelo; 
e) Citóstoma: formação da membrana celular que permite a ingestão de partículas; 
f) Flagelos, cílios e pseudópodes: responsáveis pela locomoção e nutrição celular. 
 
 Quanto à morfologia, os protozoários apresentam grandes variações, conforme a fase 
evolutiva e meio a que estejam adaptados. Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas 
espécies possuem fases bem definidas. Assim, temos: 
a) Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz, por 
diferentes processos. 
b) Cisto e oocisto: são formas de resistência ou inativas. O protozoário secreta uma parede 
resistente (parede cística) que o protegerá quando estiver em um meio impróprio ou em fase de 
latência. 
c) Gameta: é a forma sexuada que aparece em algumas espécies. O gameta masculino é 
chamado de microgameta e o gameta feminino é chamado de macrogameta. 
 
 
44 
10 GIARDÍASE 
 
 
 O gênero Giardia inclui flagelados parasitos do intestino delgado de mamíferos, répteis e 
anfíbios. A giardíase é uma das causas mais comuns de diarréia entre crianças que, em 
conseqüência da infecção, muitas vezes apresentam problemas de má nutrição e retardo no 
desenvolvimento. 
 Giardia lamblia apresenta-se em duas formas: o trofozoíto e o cisto. O trofozoíto (Figura 
01) tem formato de pêra. A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, 
apresentando uma estrutura semelhante a uma ventosa. No interior do trofozoíto são 
encontrados dois núcleos. Ele apresenta ainda quatro pares de flagelos que se originam de 
corpos basais situados nos pólos anteriores dos dois núcleos. 
 
 
 
 O cisto é oval ou elipsóide. Quando corado pode mostrar uma delicada membrana 
destacada do citoplasma. No seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos, um número 
variável de axonemas dos flagelos e os corpos escuros com forma de meia lua. Todas as 
estruturas são observadas de forma desorganizada, como pode ser visto na Figura 02. 
http://microbiology.mtsinai.on.ca/pig/images/protozoa4.jpg 
Figura 01 - Trofozoíto de Giardia lamblia corado pelo Giemsa 
 
 
45 
 
 
 
 Giardia lamblia é um parasito monoxeno. A via normal de infecção é pela ingestão de 
cistos. Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no meio ácido do estômago e 
completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado pelos 
trofozoítos. Estes se reproduzem por divisão binária longitudinal. O ciclo se completa pelo 
encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Este processo inicia-se no baixo 
íleo e no ceco. O encistamento é provocado pela alteração no pH intestinal, estímulo de sais 
biliares e destacamento do trofozoíto da mucosa. Ao redor do trofozoíto é secretada pelo 
parasito uma membrana cística resistente que tem quitina em sua composição. Os cistos são 
resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem sobreviver por pelo 
menos dois meses no ambiente. 
 A infecção por Giardia pode ocorrer de forma assintomática variando a quadros de 
diarréia aguda e auto-limitante ou um quadro de diarréia persistente com evidência de má 
absorção e perda de peso, que muitas vezes não responde ao tratamento específico, mesmo em 
indivíduos imunocompetentes. Adultos e crianças podem eliminar cistos nas fezes por até seis 
meses! 
 
http://www.med-
chem.com/para/Prob%20of%20Month/IMAGES/Giardia%
20lamblia,%20c%20COLOR%201.5.jpg 
Figura 02 - Cistos de Giardia lamblia corados pelo Giemsa. 
 
 
46 
 Os mecanismos pelos quais a Giardia provoca diarréia e má-absorção intestinal não são 
bem conhecidos. Mas acredita-se que haja mudanças na arquitetura das vilosidades da mucosa 
intestinal. Esta pode apresentar-se normal ou com atrofia parcial ou total das vilosidades. A 
explicação mais aceita para este fato relaciona-se com a resposta imunológica do hospedeiro 
(inflamação) frente ao parasito. 
 O diagnóstico clínico não é conclusivo e é necessária a comprovação por exames 
laboratoriais. Quadros de diarréia com esteatorréia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, 
perda de apetite e dor abdominal são sugestivos de giardíase. Para confirmar a suspeita clínica, 
é necessária a realização de exames de fezes no paciente para identificação de cistos ou 
trofozoítos nas fezes. O achado de trofozoítos é menos freqüente e está associado às infecções 
sintomáticas. Em fezes diarréicas prevalece o encontro de trofozoítos e, em fezes formadas, 
prevalece o encontro de cistos. 
 Para fezes formadas, os cistos podem ser detectados em preparações a fresco pelo 
método direto, com salina ou lugol, contudo, os métodos de escolha principais são os de 
concentração: sedimentação, Faust ou MIFC (ver guia de exames parasitológicos - Módulo I). 
 Para fezes diarréicas, recomenda-se colher o material em laboratório e examiná-lo 
imediatamente. Pode-se diluir as fezes em conservador próprio. Utiliza-se o método direto de 
exame de fezes. 
 O diagnóstico por exame de fezes pode levar a resultados falso-negativos, 
principalmente quando apenas uma amostra é coletada. Para diminuir as chances de um 
resultado falso-negativo, sugere-se a coleta de três amostras fecais em dias alternados. 
Recomenda-se o exame de três amostras com intervalo de sete dias entre cada uma. 
 
 
 
 
 
 
 
47 
11 AMEBÍASE 
 
 Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase, um importante problema de 
saúde pública que leva ao óbito anualmente cerca de 100.000 pessoas no mundo! E, apesar da 
alta taxa de mortalidade, muitos casos de infecções assintomáticos são registrados. 
 São organismos eucariotas, unicelulares que se deslocam por meio de pseudópodes. Há 
espécies parasitas e outras de vida livre, das quais algumas apresentam uma fase flagelada. 
Entre as de vida livre há espécies que são parasitos oportunistas, podendo infectar 
eventualmente o homem. Na fase trofozoítica alimentam-se por fagocitose, pinocitose ou 
transporte através da membrana. Reproduzem-se por divisão simples e geralmente formam 
cistos que asseguram a dispersão no meio ou a passagem de um hospedeiro a outros. 
 As amebas parasitas habituais da espécie humana são várias. Merecem destaque as 
que são membros do complexo “Entamoeba histolytica”, com duas formas: a forma dita “minuta” 
(Figura 03 A), da luz intestinal e a forma encontrada nas lesões patológicas e denominada 
“magna” (Figura 03 B). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 03 - Entamoeba histolytica (A) forma não-patogênica, “minuta”; (B) forma patogênica, 
“magna”. Fonte: Rey, 2005. 
 
 
48 
 As espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos 
diferentes, segundo o número de núcleos do cisto maduro ou pelo desconhecimento dessa 
forma. São eles: 
a) Entamoeba com cistos contendo oito núcleos, também chamada do “grupo coli”: E. coli, no 
homem. 
 
b) Entamoeba de cistos de quatro núcleos, também chamada “grupohistolytica”: E. histolytica, 
no homem. 
 
c) Entamoeba de cisto com um núcleo: E. polecki, eventualmente no homem. 
d) Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gengivalis, no homem. 
 
 As Entamoeba caracterizam-se por terem um núcleo com a cromatina disposta em 
pequenos grânulos colados à face interna da membrana e um outro – o cariossomo ou 
endossomo – que é central ou excêntrico. 
 
Fonte: Rey, 2005 
Fonte: Rey, 2005 
 
 
49 
Em E. histolytica ou E. dispar (Figura 4 A) e em E. hartmanni (Figura 4 B), ele é bem central. A 
diferença está no tamanho do núcleo e na disposição da cromatina periférica. E. coli (Figura 4 C) 
tem o cariossomo excêntrico, que é, em geral, fragmentado. Em Endolimax nana (Figura 4 D) a 
cromatina está em geral concentrada em bloco único e irregular; podendo ser central, excêntrico 
ou colado à membrana celular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Nas fezes formadas, E. histolytica não fagocita, perde seus vacúolos digestivos e 
assume a forma pré-cística (Figura 5 A) que elabora um envoltório e se torna um cisto (Figura 5 
B). O cisto contém depósitos de polissacarídeos (os “vacúolos de glicogênio”), e aglomerados de 
RNA, fortemente corados pela hematoxilina: os corpos cromatóides (Figura 5 B, C). No cisto, o 
Figura 04 - O núcleo das amebas (A) Entamoeba histolytica (B) E. hartmanni (C) E. coli (D) 
Endolimax nana. Fonte: Rey, 2005. 
 
 
50 
núcleo divide-se 2 vezes (Figura 5 C, D) tornando-se tetranucleado. Ele é encontrado nas fezes, 
em águas com poluição fecal, nas mãos de pessoas de pouca higiene e nos alimentos 
contaminados por mãos sujas. 
 Quando ingerida, a ameba tetranucleada abandona o cisto (Figura 5 E), divide-se para 
produzir oito amébulas (Figura 5 F) e, no intestino grosso, cresce e se multiplica, completando o 
ciclo não-patogênico (Figura 5 G, H, I). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 05 - Ciclo biológico de Entamoeba histolytica. Fonte: Rey, 2005. 
 
 
51 
 Nas formas invasivas (Figura 6 E, F), são produzidas úlceras subminadas, sobretudo na 
mucosa dos cólons. Invadindo a circulação (Figura 6 G), as amebas podem chegar ao fígado, 
pulmões, cérebro etc., e formar aí abscessos amebianos necróticos. Só o ciclo da luz intestinal 
(Figura 6 C) produz cistos (Figura 6 D) que, sendo eliminados com as fezes, mesmo nos casos 
assintomáticos, podem propagar a infecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 06 - Ciclo patogênico de Entamoeba histolytica. Fonte: Rey, 2005. 
 
 
52 
 A implantação de Entamoeba histolytica no intestino humano depende não só de ser o 
paciente suscetível ao parasito; mas, também, de fatores relacionados com a presença da 
microbiota intestinal ou de seus produtos. Experimentalmente, não se consegue infectar animais 
criados assepticamente. 
 Em cultura de células viu-se que a invasão dos tecidos é precedida pela aderência dos 
parasitos ao epitélio e posterior lise deste último. 
 A invasão é observada em cerca de 10% das pessoas infectadas. Ela é maior com uma 
dieta rica em ferro e é exacerbada em pacientes imunodeprimidos. 
 Um a quatro dias depois da infecção começa a aparecer lesões na mucosa intestinal. 
Elas têm início no epitélio ou entre as glândulas de Lieberkühn, que são as possíveis portas de 
entrada para os parasitos invasores. 
 Em torno das amebas em reprodução desenvolve-se um processo necrótico do tecido 
conjuntivo, com destruição dos vasos e formação de úlceras de base larga e abertura mais 
estreita, pois a camada muscular resiste mais à ação parasitária. As ulcerações aumentam com 
o tempo, mas a reação inflamatória é escassa não obstante a riqueza microbiana dos cólons. Em 
sua fase aguda, a forma de amebíase invasiva é denominada disenteria amebiana. Na colite 
amebiana crônica as lesões são de idades muito diferentes. 
 A colite amebiana aguda (Figura 07) pode instalar-se subitamente, com dor abdominal, 
febre, evacuações freqüentes de fezes líquidas, muco-sanguinolentas ou só com muco e 
sangue. Nas formas graves a mortalidade pode chegar a 7%, como na epidemia de Chicago de 
1933. Mas, após 4 ou 5 dias, a tendência é para uma atenuação dos sintomas e passagem para 
a fase crônica ou para assumir um curso subagudo. Neste último caso, cólicas, tenesmo, 10 a 20 
evacuações por dia e febre baixa acompanham a diarréia ou a disenteria, durante algumas 
semanas, causando astenia, emagrecimento e nervosismo. Nos casos benignos há anorexia, 
desconforto abdominal, lassidão e fezes moles, com muco e um pouco de sangue. 
A amebíase intestinal crônica é a forma clínica predominante entre os pacientes sintomáticos. 
Caracteriza-se por evacuações freqüentes (5-6 vezes ao dia, talvez) de tipo diarréico ou não, 
flatulência, desconforto abdominal ou ligeira dor, durante alguns dias. Segue-se um intervalo 
 
 
53 
sem sintomas, de dias ou semanas, antes que se repitam as crises. Períodos de constipação 
podem alternar-se com os de diarréia. 
 Segundo sua freqüência, elas levam a um estado de fadiga, perda de peso e reduzida 
disposição para o trabalho. O quadro pode confundir-se com o de outros processos patológicos 
gastrintestinais. Por isso, o diagnóstico da amebíase deve basear-se em testes sorológicos com 
a demonstração da presença da Entamoeba histolytica no organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O diagnóstico de amebíase não é simples. Na maioria das vezes, o quadro clínico é o 
de uma colite, com ou sem a presença da E. histolytica. Mas a presença dessa ameba não 
significa que seja ela obrigatoriamente a causa da doença. Por isso, o diagnóstico dessa doença 
deve basear-se em: 
a) Um quadro clínico compatível com essa parasitose; 
Figura 07 - Áreas com maior incidência de ulcerações amebianas: (A) região cecal; e (B) região retos-
sigmoidiana. Fonte: Rey, 2005. 
 
 
 
54 
b) Demonstração da presença da Entamoeba histolytica no organismo ou nas excretas; 
c) Um teste sorológico positivo, indicando que houve efetiva invasão dos tecidos pelas formas 
patogênicas do parasito; 
d) Resposta favorável à terapêutica antiamebiana, quando outros tratamentos não-específicos 
falharam; 
Para realizar o exame de fezes, estas devem ser coletadas em conservadores próprios na 
proporção de 1:3 (fezes:fixador) e devem ser muito bem homogeneizadas. O exame a fresco 
pode ser realizado desde que as fezes sejam recém coletadas. 
 
 Nas fezes formadas ou normais, o diagnóstico laboratorial é feito através do 
encontro dos cistos, utilizando-se técnicas de concentração 
. São muitas as técnicas de concentração e baseiam-se em dois princípios: 
a) Flutuação em solução de alta densidade: método de Faust; 
b) Centrifugação em éter: métodos de MIF e formol-éter. 
 
Maiores detalhes ver guia de exames parasitológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
12 TRICHOMONÍASE 
 
 O Trichomas vaginalis é uma célula polimorfa. Os espécimes vivos são elipsóides ou 
ovais e, algumas vezes esféricos. O protozoário tem a capacidade de formar pseudópodes, que 
são utilizados para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas, mas não para a 
realização de movimentos amebóides. 
 Os trichomonadídeos não possuem a forma cística. Somente a forma trofozoítica (Figura 
08). Trichomonas vaginalis possui quatro flagelos anteriores, desiguais em tamanho, e se 
originam no complexo granular basal anterior, também chamado de complexo citossomal. A 
membrana ondulante e a costa nascem no complexo granular basal. A margem livre da 
membrana consiste em um filamento acessório fixado ao flagelo recorrente. A extremidade 
posterior da cosa é usualmente encoberta pelo segmento terminal da membrana ondulante. O 
axóstilo conecta-se anteriormente a uma pequena estrutura em forma crescente, a pelta. O 
axóstilo é uma estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo, 
prolongando-se até a extremidadeposterior. 
 
Figura 08 Trichomonas vaginalis (trofozoíto) 
http://www.med.mcgill.ca/tropmed/txt/Trichomonas_Giemsa_DPDx.JPG 
 
 O T. vaginalis habita o trato geniturinário do homem e da mulher, onde produz a 
infecção, não sobrevivendo fora do sistema urogenital. A multiplicação se dá por divisão binária 
 
 
56 
longitudinal. Não há a formação de cistos. O parasito é um organismo anaeróbico facultativo. 
Cresce em pH entre 5 e 7,5 e, em temperatura entre 20° e 40°C. 
 A tricomonose é uma doença venérea, sendo transmitida através da relação sexual e 
pode sobreviver por mais de uma semana sobre o prepúcio do homem sadio, após a relação 
sexual com mulher infectada. O homem é o vetor da doença. A transmissão de T. vaginalis é 
feita em meios úmidos! Peças íntimas secas não transmitem o parasito. 
 O diagnóstico clínico diferencial dificilmente poderá ser realizado através de sintomas e 
sinais específicos. Por isso, exame parasitológico, com a demonstração do parasito é de 
extrema importância. O material deve ser colhido no laboratório através de “swab” pela manhã. 
O material é colocado em lâmina e corado pelo Giemsa. Pode ser feito um exame direto a 
fresco. A secreção vaginal ou cervical dos exsudatos uretrais e do líquido prostático é colocado 
em solução salina isotônica e rapidamente visualizado ao microscópio ótico. 
 
13 LEISHMANIA E O COMPLEXO DAS LEISHMANIOSES 
 
13.1 Biologia de Leishmania 
 
 O gênero Leishmania agrupa espécies de protozoários unicelulares, heteroxenos, 
encontrados nas formas flageladas promastigotas, no trato digestivo dos hospedeiros 
invertebrados e, amastigotas, semiflagelo livre, parasito intracelular obrigatório do sistema 
fagocítico mononuclear dos hospedeiros vertebrados. 
 Os hospedeiros invertebrados estão limitados a insetos hematófagos conhecidos como 
flebotomíneos. No novo mundo são insetos do gênero Lutzomyia e no velho mundo do gênero 
Phlebotomus. Os flebotomíneos medem de 2 a 4mm de comprimento, o corpo é densamente 
coberto de pêlos finos (Figura 10). Outras características são: posição da cabeça formando um 
ângulo de 90° com o eixo longitudinal do tórax; quando vivos e em repouso, as asas são 
mantidas divergentes em posição semi-ereta; a extremidade posterior do abdome é bem 
 
 
57 
diferenciada - nos machos é bifurcada e nas fêmeas é pontuda ou ligeiramente arredondada. 
Flebotomíneos imaturos têm sido encontrados em matéria orgânica úmida (não encharcada). 
 Os hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastigotas infectantes 
(metacíclicas) (Figura 11A) são inoculadas, pelas fêmeas dos insetos vetores (flebotomíneos), 
durante o repasto sanguíneo. Durante este repasto a saliva do inseto é também inoculada e 
parece exercer papel importante, não só na lise do tecido adjacente, favorecendo o fluxo de 
sangue e linfa intersticial para o alimento, como pela ação de substâncias nela contidas capazes 
de promover a vasodilatação que facilita o permeio de células para o local de repasto. 
. 
 
 
 
 Após a interiorização do parasito, os macrófagos promovem a fusão dos lisossomos com 
o fagossomo e o parasito, para sua adaptação às condições do novo ambiente, sofre a 
transformação para a forma amastigota (Figura 11B), intracelular obrigatória, capaz de 
desenvolver-se e multiplicar-se no meio ácido encontrado no vacúolo digestivo. 
Figura 09 - Leishmania (A) forma amastigota (B) forma promastigota. Fonte: Rey, 2005 
 
 
58 
 Após sucessivas multiplicações das amastigotas, na ausência de controle parasitário 
pela célula hospedeira, esta se rompe e os amastigotas liberados serão fagocitados por outros 
macrófagos. 
 A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestão, no momento do 
repasto sanguíneo, em indivíduo ou animais infectados, das formas amastigotas que 
acompanham o sangue e/ou linfa intersticial. 
 No aparelho digestivo do inseto, as formas evolutivas de Leishmania se encontram 
aderidas à parede intestinal em pontos diferentes, em processo de multiplicação. As formas 
infectantes, promastigotas metacíclicas, são encontradas principalmente livres ou aderidas na 
porção anterior do aparelho bucal do inseto. 
 
 
 
 
 As formas promastigotas, ainda não infectantes, são alongadas, com um flagelo livre e 
longo, emergindo do corpo do parasito na sua porção anterior. As promastigotas metacíclicas, já 
infectantes, são menores e têm flagelo muito longo. Possuem mobilidade intensa. 
 
 
Figura 10 - (A) Desenho esquemático de uma fêmea de Lutzomyia. Fonte: Rey, 2005. (B) Fêmea de Lutzomyia - 
observe extremidade posterior arredondada (C) Macho de Lutzomyia - observe a extremidade posterior bifurcada. 
http://www.ufrgs.br/para-site/Imagensatlas/Athropoda/Imagens/lutzo3.jpg 
http://www.stanford.edu/class/humbio103/ParaSites2006/Leish_vaccine/Images/Phlebotomus%20Sandfly%20Female.jpg 
 
A B C 
 
 
59 
 
 
 
Figura 12 - Ciclo biológico de Leishmania (Fonte: 
http://www.tulane.edu/~wiser/protozoology/notes/images/lg_lslc.gif) 
 
 
 
http://www.med-
chem.com/Para/Prob%20of%20Month/IMAGES/Leishmania%2
0cut%20%20(3).pg.jpg 
Figura 11 - Formas evolutivas de Leishmania (A) forma promastigota (B) forma amastigota no 
interior de um macrófago 
A 
http://www.pirx.com/droplet/gallery/leishmania/leishmania1.
jpg 
http://www.tulane.edu/~wiser/protozoology/notes/images/lg_lslc.gif
 
 
60 
13.2 Leishmanioses 
 
 
13.2.1 Leishmaniose tegumentar americana 
 
 
 A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de caráter zoonótico que 
acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se 
manifestar através de diversas formas clínicas. É considerada uma enfermidade polimórfica e 
espectral da pele e das mucosas. 
 A LTA pode se caracterizar de três maneiras 
a) a forma cutânea localizada: caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; 
b) a forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as 
regiões nasofaríngeas; 
c) a forma disseminada apresenta úlceras cutâneas múltiplas por disseminação hematogênica 
ou linfática; 
d) a forma difusa com lesões nodulares não ulceradas. 
 
 Os parasitos inoculados pelos flebotomíneos e fagocitados por macrófagos da pele 
(histiócitos) transformam-se em amastigotas e permanecem no interior dos vacúolos. Eles são 
refratários à digestão pelos macrófagos. 
 No indivíduo não-imune, as lesões iniciais são do tipo pápulo-vesiculoso, por vezes com 
linfangite e adenite satélite. Além de se multiplicarem até destruírem a célula hospedeira, as 
leishmânias provocam um aumento considerável dos histiócitos, que, assim, passam a endocitar 
mais e mais parasitos, ampliando a extensão das células infectadas e das lesões 
leishmanióticas. 
 
 
61 
 Nas lesões não-ulceradas, há hipertrofia do epitélio e um crescimento tecidual que pode 
ser de tipo verrucoso ou papilomatoso. 
 Em geral, a pápula inicial termina por ulcerar. A úlcera apresenta bordas salientes, 
talhadas a pique e com fundo granuloso. Ela é pouco exsudativa e indolor. Essa lesão inicial, no 
local da picada, pode acompanhar-se de outras, de natureza metastática. Admite-se que a 
disseminação no organismo possa fazer-se tanto por via hematogênica como por via linfática. 
 Ulcerações cutâneas de vários tipos, simples ou múltiplas, podem ser observadas. 
 Não tratado, o processo tende para a cronicidade. Nas formas crônicas costuma haver 
infecção bacteriana associada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 - Lesões leishmanióticas (A-B) lesão cutânea. Fonte: Rey, 2005. (C) lesão muco-cutânea. Fonte: Rey, 
2005. (D) lesão difusa 
 
A 
D C 
B 
 
 
62 
Com freqüência, as ulcerações cutâneas se acompanham também de lesões secundárias, 
localizadas na mucosa nasal ou na bucofaringiana. As leishmânias podem ser isoladas da 
mucosa nasal tempos antes de surgirem as lesões locais. Estas ocorrem

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