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EDUCAÇÃO FINANCEIRA E PLANEJAMENTO DOMÉSTICO Como Controlar Gastos Domésticos com Criatividade e Capacidade Magno Angelito Bontorin Curitiba, julho/2013 Esta apostila foi desenvolvida para servir de instrumento de apoio ao curso Educação Financeira e Planejamento Domestico e oferece ao seu usuário condições de reciclar e aprimorar conhecimentos de forma simples e acessível, sobre os principais conceitos de Finanças e Orçamento Domestico, através da aplicação e desenvolvimento de exercícios, reflexão de temas pertinentes, em aula, construindo o conhecimento em negociações financeiras e controle de dívidas. Estas questões tema/exercicios, são baseadas em situações práticas do dia a dia tanto a nível pessoal como familiar ou profissional. Além disto, ensina como resolver os problemas do cotidiano particularmente na relação conjugal e na partilha dos assuntos financeiros e responsabilidades mútuas. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 1 Sumário 1 – FINANÇAS PESSOAIS / ORÇAMENTO DOMÉSTICO ............................................. 3 1.1 IMPORTÂNCIA DE CONVERSAR COM A FAMILIA ........................................................... 3 1.2 ESPAÇO PARA AS DIFERENÇAS..................................................................................... 6 1.3 REGRAS DE NEGOCIAÇÃO PARA O CASAL .................................................................... 6 1.4 SUGESTÃO PARA MONTAR SEU ORÇAMENTO DOMESTICO ............................................ 8 2 ECONOMIA X FINANÇAS .......................................................................................... 13 2.1 EXEMPLOS DE ENDIVIDAMENTO ................................................................................ 21 2.2 COMO RENEGOCIAR DÍVIDAS ..................................................................................... 22 2.3 RAZÃO COMO GUIA DE JUROS ................................................................................... 22 2.4 QUEM NÃO SABE, PAGA CARO... ................................................................................. 23 2.5 COMO SE LIVRAR DO CARTÃO DE CRÉDITO ............................................................... 24 2.6 CARTÃO QUALIDADE ................................................................................................. 25 2.7 NÃO EXISTE VENDA A PRAZO SEM JUROS... ................................................................ 27 2.8 CONSUMIDOR S.A. .................................................................................................... 28 2.9 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ....................................................................... 28 2.10 PASSOS PARA UMA BOA RENEGOCIAÃO .................................................................... 29 2.11 ESTE É O MOMENTO DE PLANEJAR SUA VIDA E TRAÇAR SEUS OBJETIVOS ................... 30 3 MORADIA ...................................................................................................................... 37 3.1 ABUSOS NO ALUGUEL ............................................................................................... 37 3.2 AGUA ........................................................................................................................ 38 3.3 ELETRICIDADE ........................................................................................................... 38 3.4 CONSERTOS NA MORADIA / CONTRATO COM TERCEIROS ........................................... 39 3.5 LIXO .......................................................................................................................... 40 4 ALIMENTAÇÃO ........................................................................................................... 40 4.1 OS PAIS SÃO RESPONSÁVEIS ....................................................................................... 41 4.2 HORTA DOMESTICA - APROVEITAMENTO ................................................................... 41 5 SAUDE - MEDICAMENTOS ....................................................................................... 42 5.1 COMO ECONOMIZAR NA SAUDE ................................................................................. 42 5.2 MEDICAMENTOS GENÉRICOS ..................................................................................... 42 6 SAUDE - RELACIONAMENTOS ............................................................................... 48 6.1 SAUDE – RELACIONAMENTOS .................................................................................... 48 6.2 SAUDE – FILHOS ........................................................................................................ 49 7 EDUCAÇÃO ................................................................................................................... 49 7.1 MENSALIDADE ESCOLAR ........................................................................................... 49 7.2 LANCHE: NA ESCOLA OU EM CASA? ........................................................................... 50 7.3 MESADA PARA OS FILHOS .......................................................................................... 50 7.4 VOCE FEZ, VOCÊ ASSUME .......................................................................................... 50 7.5 CRIANÇA BIRRENTA... ................................................................................................ 51 7.6 PAPEL ...................................................................................................................... 51 8 TRANSPORTE ............................................................................................................... 52 8.1 TRANSPORTE COLETIVO OU ESCOLAR ....................................................................... 52 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 2 8.2 COMBUSTIVEL ........................................................................................................... 52 8.3 AUTOMOVEL – COMO PROLONGAR A VIDA ÚTIL DA SUA BATERIA ........................ 53 8.4 AUTOMÓVEL – IPVA – FIQUE ATENTO AOS IMPOSTOS ......................................... 54 9 PESSOAL ........................................................................................................................ 54 9.1 DESEJO OU NECESSIDADE? ........................................................................................ 54 9.2 ROUPAS – PRECISO IR A UMA FESTA, E AGORA? ......................................................... 55 9.3 FESTA DE ANIVERSARIO DE UM FILHO ....................................................................... 55 9.4 CONSUMIDOR � DIREITOS E DEVERES ..................................................................... 55 9.5 O CÍRCULO DAS RELAÇÕES ........................................................................................ 56 9.5.1 Pessoal (eu) .......................................................................................................... 57 9.5.2 Família ................................................................................................................. 57 9.5.3 Empresa ................................................................................................................ 57 9.5.4 Posição ................................................................................................................. 57 9.5.5 Chefe ..................................................................................................................... 57 9.5.6 Subordinados ........................................................................................................ 57 9.5.7 Colegas ................................................................................................................. 57 9.5.8 Comunidade ..........................................................................................................57 9.6 PLANO DE METAS ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL ..................................... 58 9.6.1 Área de Desenvolvimento: Pessoal / Familiar ..................................................... 58 9.6.2 Área de Desenvolvimento: Saúde física ............................................................... 58 9.6.3 Área de Desenvolvimento: Comunidade .............................................................. 58 9.6.4 Área de Desenvolvimento: Educação / Ensino..................................................... 58 9.6.5 Financeiro ............................................................................................................ 58 9.6.6 Espiritual .............................................................................................................. 58 9.7 FAÇA SEU PLANO DE MDETAS ................................................................................... 59 9.8 CONSELHOS PRÁTICOS PARA VOCÊ NÃO IR AO FUNDO DO POÇO .............................. 60 9.9 TESTE � VOCÊ SE PREOCUPA COM SEU PLANO DE METAS? .................................... 61 10 – LAZER ......................................................................................................................... 63 10.1 DESCANSO, DIVERSÃO... ........................................................................................... 63 10.2 LAZER COM OS BICHANOS, POR QUE NÃO ??? ............................................................. 64 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 3 1 – FINANÇAS PESSOAIS / ORÇAMENTO DOMÉSTICO “Não importa o tamanho do patrimonio nem a disponibilidade financeira do casal: nunca é fácil falar de dinheiro. Mas marido e mulher podem aprender a negociar, entendendo que cada um tem um estilo de gastar” 1.1 Importância de conversar com a Familia Quando chega o momento de compartilharmos nossos sonhos e problemas com alguém fazemos uma escolha muito apurada. Avaliamos inúmeras caracteristicas que se tornam boas qualidades em nossas analise pessoal como formação religiosa, apego à familia, gostar de crianças, formação acadêmica (escolar), educação, boas maneiras e bons modos. Enfim escolhemos a pessoa que vai compartilhar nossa vida e nossos sonhos para o resto de nossas vidas. Aprovamos o seu jeito de fazer amor, conhecemos quais os assuntos que deixam nosso conjuge entusiasmados, descobrimos quais são os deus defeitos. Juntos, conversamos sobre o nosso futuro e assumimos o compromisso de respeitar as diferenças e dividir as responsabilidades asssumidas. Em suma, ninguém se casa antes de escolher muito bem o homem ou mulher com quem vai se casar. Todas as caracteristicas qeu serviram de base para a nossa escolha tem por finalidade favorecer a convivência conjugal, favorecer o diálogo entre marido e mulher. Mas, um assunto geralmente muito embaraçoso é dinheiro. É normal até chegar a um entendimento e decidir quem vai pag o quê. Mas a falta de educação financeira, problema comum nas pessoas do Brasil, não permite que o assunto evolua para outros campos e então paramos por aí. Não podemos imaginar que quando se discute finanças nos tornamos pessoas mesquinhas ou obsessivas perante o outro. Falar de dinheiro não é feio nem tão pouco desagadável mas é fundamental para a saúde do orçamento doméstico e vital para a relação conjugal. Da mesma forma como no sexo, não pode haver tema proibido nessa conversa, que muitas pessoas consideram desnecessárias algumas vezes vulgar ou ate mesmo deselegante. No mundo atual onde a comunicação e a informação chegam a todas as pessoas, sem discriminar classe social, raça ou cor, não podemos mais permitir temas proibidos. Vivemos cercados por questões que a todo momento nos induzem ao consumismo e quando não dispomos das condições financeiras necessárias para adquirir ou consumir criamos um problema em nossa casa. Importante que o casal Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 4 defina quais os valores que se podem utilizar para o consumo e lazer pessoal e também para o lazer e consumo do casal. A vida a dois fica melhor quando o casal consegue administrar suas finanças no dia-a-dia e a definir o que fazer com o dinheiro que sobra (se sobrar). Planejar uma viagem à casa dos pais? Economizar para comprar um sofá novo? Planejar o pagamento dos estudos do(s) filho(s)? Poupar para fazer um curso de aperfeiçoamento profissional? Estas decisões são extremamente importantes tanto antes como depois do casamento e, a partir do momento que começa a ser feita propicia que os cônjuges conheçam as prioridades um do outro além do que serve para se prepararem e resolverem eventuais divergências financeiras com os acordos que foram feitos com a devida antecedência e de forma clara entre eles. Por que é tão difícil falar o que queremos? No inicio de nossa vida de casal, vivemos uma etapa em que as emoções falam mais alto. Somos movidos pela paixão. Tudo à nossa volta é perfeito e não falta absolutamente nada. Após o casamento começamos a reduzir o nível de nossaas emoções que estavam supervalorizados. Então, após o casamento começamos a nos deparar com situações até então não previstas pelos casais. Precisamos deixar um pouco a emoção de lado e cuidar melhor da parte materialista. Quando nos deparamos com situações em que notamos que nosso cônjuge está se desesperando porque entrou novamente no limite do cheque especial ou porque não conseguiu pagar suas prestalções em dia, precisamos sentar e conversar, expor nossa apreensão e insegurança. Mas não podemos colocar o assunto de forma a por tudo a perder. Estamos pedindo para o romance acabar. Devíamos ter aprendido na fase de namoro que o amor deve ser flexível e que conversar é fundamental para que o casal chegue ao entendimento desejado. Na vida tudo depende de treinamento. Deviamos ter “treinado” a discutir estes assuntos sobre finanças ou dificuldades financeiras. Fica mais facil depois do casamento ir direto ao assunto. Não podemos jamais cair na tentação de taxar nosso cônjuge de “desorganizado”, “incompetente”, etc. Ninguem precisa ficar alardeando as dificuldades que temcom dinheiro. Elas se revelam aos poucos, ao longo da convivência. Não podemos iniciar cada nova semana rezando para que o nosso cônjuge não se esqueça de pagar este ou aquele compromisso ou de reservar dinheiro para pagar alguma conta naquele dia. Estes são sinais de que há algo de errado no comportamento dele e no seu de não se sentar para conversar sobre a situação. Somente o diálogo poderá acabar com esta tensão. Somente uma conversa ffranca e sincera poderá permitir que se resolva a situação. Sempre Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 5 num clima de serenidade e harmonia, trazer o assunto e procurar entender os motivos que justificam aquela atitude e parar com as suposições que apenas contribui para enfraquecer e esfriar o relacionamento conjugal. Algumas suposições. Pensamento... Das mulheres � Ele deve ter uma amante.... Dos homens � Será que ela gastou em bobagens novamente o dinheiro das contas da casa? Por mais banal que seja a situação não podemos deixar passar despercebido. É necessário comentar o esquecimento ou a falta de dinheiro. Normalmente as mulheres tendem a ser mai compreensivas mas também são como poços profundos: gostam de ir acumulando e um dia explodem do nada e neste momento perdem o controle vindo a ter uma reação desproporcional ao fato em si e tendem a xingar até a enésima enésima geração do marido estabelecendo um conflito que deencadeará raiva e rancor sendo que, se houvesse uma conversa preventiva lá atrás o desgaste da relação seria evitado. De forma geral, sem expor nossasinquietações e inseguranças, fantasiamos, entramos no campo pantanoso da livre interpretação e das indiretas que, na maioria das vezes não são entendidas pela cara metade. Mal-entendidos não esclarecidos são um empecilho a mais na já espinhosa tarefa de construir um projeto de vida a dois. Contribuem, também, para a criação de rótulos.É mais simples catalogar uma atitude que não compreendemos, moldando-a a nossa visão de mundo, do que decifrá-la. Temos a tendência de rotular os outros por seus atos. Uma vez cristalizado o rótulo, deixamos de nos relacionar com a pessoa e passamos a nos relacionar com os estereótipos que criamos, ou seja, a imagem que temos do ser "amado". Por exemplo: ela é uma fera...; ele é um mão de vaca...; ela não cede...; com ele não adianta nem tentar...; etc. Estes rótulos nascem de ironias, indiretas, sarcasmos: - "Você é mesmo folgado(a)"...; -"Tudo eu, tudo eu, você não serve para nada?"...; É difícil sermos tolerantes em alguns momentos e percebermos que o outro também tem suas dificuldades e reagimos em cima da falha do outro, como se fossemos donos da verdade. Num casamento cuja base é o amor não pode haver rótulos. Os parceiros aceitam as diferenças, discutem as dificuldades em lidar com o dinheiro e, entendem que somos seres humanos, dinâmicos, mutáveis, em constante evolução, logo, capazes de sentar, olhar no olho um do outro e conversar. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 6 1.2 Espaço para as Diferenças É comum imaginarmos que, porque somos um casal, devemos buscar sempre os mesmos ideais, pensar sempre da mesma maneira, para "aumentar a sintonia", como se fosse possível, num passe de mágica, eliminar as diferenças individuais que formam nossa identidade e nosso carater. O casamento não transforma a natureza de ninguém. Pode até nos incentivar a fazer concessões, a sermos mais ponderados, mas jamais nos levará a um consenso sobre como poupar ou usar o dinheiro. Da mesma forma que, para uma amiga é importante gastar R$ 80 reais por mês em manicure, você prefere empregar essa mesma quantia na compra de dois DVD’s e seu marido terá as prioridades dele. Assim, se você adora viajar e ir às férias para casa de parentes, entendendo que é um prêmio merecido por você ter tido um ano de trabalho duro, certamente vai tentar convencer seu cônjuge a destinar parte do dinheiro comum da casa para seu projeto, a viagem. Ele ou ela, no entanto, pode estar mais interessado(a) em trocar o carro ou a geladeira. A partir do momento que compreendermos que cada ser humano funciona de um jeito, em função de sua personalidade, história de família, cultura, experiências acumuladas, e tem uma lista única de prioridades, vai ficar mais fácil respeitar as diferenças e conversar sobre elas e chegar a um acordo sobre o dinheiro e de que forma ele será empregado na família. Compreender é o sentimento que move uma relação conjugal. Compreender que o parceiro se sentirá oprimido se não puder gastar parte do salário dele em supérfluos é sinal de carinho e amor. Ao se mostrar aberta, em vez de recriminá-lo pela "nova bugiganga" que comprou, você ganha um aliado. Em retribuição, ele poderá aceitar a sugestão de resistir à liquidação "imperdível" de algo para ajudar na compra de um computador para a família. Mas para fazer estas trocas maduras é preciso negociar, conversar e praticar a conversa a dois. 1.3 Regras de Negociação para o Casal a) Conversar ao primeiro sinal de insegurança ou pensamento que venham a atrapalhar o bom convívio familiar se desejarmos algo que vai comprometer o orçamento; b) Se desejarmos algo que vai comprometer o orçamento familiar devemos incluir o outro em nossa vontade para tomarmos a decisão sem comprometer o orçamento doméstico; Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 7 c) Ser flexível ao falar de seus desejos e necessidades; d) Escutar de verdade compreendendo a opinião do outro; e) Tentar entrar no mundo do outro; f) Colocar-se no lugar dele(a); g) Envolver-me em suas opiniões, entendendo-as; h) dar opções de escolha, ou um acordo, pois ninguém é dono da verdade; i) oferecer benefícios, ou seja, o que aquele investimento vai representar para a família; j) ter objetivos em comum quanto ao investimento do dinheiro; k) e, porque não reservar uma parte do dinheiro para o casal alimentar o romance como: um cinema, um jantar, e outras coisas que alimentem a paixão e fortalecem o relacionamento. No início, quando resolvem ficar juntos, o casal está imbuído das melhores intenções. Com o passar dos anos, as diferenças se acentuam, se não houver empenho em refazer acordos. Concordâncias surgem, desaparecem e reaparecem cotidianamente. A cumplicidade se estreita, levando adiante projetos comuns. Não se conhecem fórmulas e receitas prontas de sucesso. Mas é mais do que comprovado que o trio: � o diálogo amoroso ao pé do ouvido, � a compreensão da paixão e, � a doçura do olhar, são fundamentais para o bom entendimento do casal em todos os aspectos: no orçamento familiar, na educação dos filhos e sobre a vida do casal, podendo incluir a vida sexual. Tratar de assunto sério nos intervalos da propagação da TV ou procurar o parceiro só para se queixar da crise econômica e do cheque especial estourado é péssimo. Rir juntos, confessar inseguranças, falar de futilidades, jogar baralho a dois, mandar beijos, escrever bilhetes apaixonados e deixar para o companheiro encontrar, reafirma desta forma, a confiança e o sentimento que temos um pelo outro, ajudando a fortalecer a relação e, nos habilita a colocar um tijolo na obra interminável que construímos e chamamos de casamento. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 8 1.4 Sugestão para montar seu orçamento domestico � Reúna os comprovantes de pagamentos do último mês. Se não tiver tudo a mão, comece hoje a anotar na Planilha Diária TODOS os seus gastos: do cafezinho ao juro do cheque especial, tarifas bancárias, chicletes das crianças, padaria, etc. Parece chato, mas é a melhor maneira de perceber onde a torneira está aberta para apertar o cinto. � Anote o quanto você ganha na Planilha Diária, se o companheiro trabalha anote o salário dele, e se faz bicos, anote o valor extra que entra. � Depois de organizada a Planilha Diária, onde você se organizou, passe a preencher a Planilha Mensal, anote as contas fixas que você paga mensalmente, em relação à Moradia, Alimentação, Saúde, Educação, Transporte, Pessoal, Lazer e Banco. � Some os valores lançados e compare com a entrada de dinheiro (o salário seu e do seu cônjuge). Se a conta das despesas com Moradia, Alimentação, etc., for maior que a entrada de dinheiro, prepare-se para cortar despesas. Comece cortando os gastos que não são necessidades como: Vestuário, Restaurantes, Bar, Bilhar, Cervejinha de todo dia, salão de beleza, CDs, cafezinhos fora de hora, docinhos ou salgados da rua, etc. � Com sua situação financeira diagnosticada, programe os gastos dos próximos meses. Pegue a Planilha de Previstos e Realizados e preencha. Na coluna de Previstos lance os possíveis gastos que você terá no próximo mês de acordo com os cortes que irá fazer junto com sua família, das despesas desnecessárias. � Terminando o mês, lance os valores na coluna Realizado todas as despesas do mês, e compare com os valores que você previu na coluna Previstas. Desta forma você poderá perceber se conseguiu junto com sua família economizar, por exemplo, de R$ 88,00 que paga de luz por mês e previu economizar, com ações concretas como apagar a luz daqueles ambientes da casa que não há ninguém, R$ 8,00, logo deveria pagar R$ 80,00 e o quanto deste valor à família conseguiuchegar perto ou passou, do PREVISTO. � Se, os ajustes feitos não forem suficientes para garantir sobra de dinheiro para pagar outras despesas, corte mais gastos desnecessários (ou supérfluos), ou comece a economizar nos Setores necessários, como pro exemplo: Alimentação onde podemos fazer uma Horta, se já temos, podemos aprender a usar melhor as folhas dos legumes como da Couve-Flor, Cenoura e Beterraba, por exemplo, onde podemos aprender a usar as folhas, talos e polpa das frutas e verduras. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 9 Lembre-se: O Orçamento Domestico ajuda você a manter as contas em dia Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 10 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 11 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 12 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 13 2 ECONOMIA X FINANÇAS Os sinais da desaceleração econômica são1 • A China, que crescia acima de 10%, está com dificuldade de manter o crescimento acima de 7% neste e nos próximos anos; • A Índia, que também chegou a crescer acima de 10%, atingiu 4% no ano passado; • Países da América Latina, que cresciam forte estão com perspectivas piores: � México deve crescer apenas 2,3%; � Chile, deve desacelerar de 5,6%, no ano passado, para 4,2%; � Colômbia, de 4% para 3,5%; � Peru, está desacelerando para 5,4%, uma taxa baixa para o país. Retrospectiva da Crise Economica Mundial de 2008 A crise financeira atingiu, em primeiro lugar, seu epicentro, nos EUA, que foram os primeiros a ver sua economia desacelerar. Na sequência, a desaceleração atingiu a Europa e se propagou para os países periféricos (Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal), que estavam mais vulneráveis a uma mudança de curso, o que quase levou à quebra do sistema do euro no ano passado. As economias da China e dos emergentes desaceleraram apenas anos depois, algumas só neste ano de 2013. A capacidade de reação dos emergentes com políticas expansionistas diversas (estímulos creditícios, fiscais e monetários) adiou o impacto. Quando essa capacidade e sua eficácia se esgotaram, a desaceleração finalmente ocorreu. Na China, por exemplo, ficou evidente o esgotamento da capacidade de sustentar a expansão do crédito e dos investimentos. Em outros emergentes, o esgotamento se deu nos estímulos à expansão do consumo. O Brasil desacelerou antes dos outros emergentes, quando o crescimento caiu de 7,5% em 2010 para 2,7% em 2011 e para 0,9% em 2012. A frágil recuperação em 2013 deve levar o crescimento para algo em torno de 2%. A fase de desaceleração trouxe de volta dúvidas sobre a disposição de manter o arcabouço macroeconômico (e microeconômico) promotor de crescimento no longo prazo. E faltaram reformas que aumentassem a produtividade, que elevassem o investimento, principalmente em infraestrutura e educação. Inflação afeta a renda do brasileiro A inadimplência do consumidor patina e recua em ritmo lento nos últimos meses porque a disparada da inflação acabou achatando a renda das famílias, 1 Ilan Godfajn. Economista-Chefe e Sócio do Banco Itau. Artigo: A desaceleração do Brasil é global? Publicado em www. ESTADÃO.COM.BR, em 06/08/2013. � � Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 14 especialmente as mais pobres e que gastam mais com alimentos. Para manter o padrão de consumo, a saída encontrada pelas famílias foi assumir novas dívidas. Isso amplia o risco de inadimplência futura num cenário de alta da taxa de juros. O índice de calote dos empréstimos com recursos livres do sistema financeiro fechou 2012 em 8%, segundo o Banco Central (BC). Em março/2013, o último dado disponível, a inadimplência tinha recuado para 7,6%. A expectativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) era que a inadimplência recuasse para a média histórica, que é 7,3%, em outubro deste ano. Agora acredita que essa marca será atingida só em dezembro. Diversos economistas acreditam que este recuo poderá ser ,mais expressivo somente no primeiro semestre de 2014. Principais consequências da inflação alta A inflação alta é prejudicial para a economia de um país. Quando alta ou fora de controle, pode gerar diversos problemas e distorções econômicas. Taxas de inflação altas são aquelas que ficam acima de 6% ao ano. a. Desvalorização da moeda do país. Com a inflação elevada, a moeda vai perdendo seu valor com o passar do tempo e os consumidores (trabalhadores) que não tem reajustes constantes não conseguem comprar os mesmos produtos com o mesmo valor usado anteriormente. O preço dos produtos sofre reajustes constantes. Uma inflação de 50% ao mês (hiperinflação), por exemplo, corrói pela metade o salário dos trabalhadores. b. - Alta do dólar e aumento dos preços dos importados Outro problema é que enquanto a moeda do país se desvaloriza, as outras (principalmente o dólar) faz o movimento inverso. Se este país com inflação elevada é muito dependente de importações, os produtos importados aumentam de preço, fato que alimenta ainda mais a alta da inflação. c. - Diminuição dos investimentos no setor produtivo Num ambiente de inflação elevada, muitos investidores preferem deixar o dinheiro aplicado em bancos (para que ocorra a correção monetária) do que investir no setor produtivo. Embora dê uma falsa ideia de que o dinheiro está “rendendo” muito, muitas pessoas preferem as aplicações financeiras. d. - Clima econômico desfavorável Um país que sofre de inflação alta é visto no mercado internacional de forma negativa. Os grandes investidores e empresas evitam fazer investimentos produtivos de médios e longos prazos nestes países, pois sabem que a inflação alta é um indicativo de economia com problemas. e. - Aumento da especulação financeira Muitos investidores externos, em busca de rendimentos altos e rápidos, costumam fazer investimentos em países de inflação alta com o objetivo de tirar vantagens das altas taxas de juros. Este capital especulativo é prejudicial para a economia de um país, pois grandes Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 15 somas de capital podem entrar e sair rapidamente, causando instabilidade no mercado de câmbio. f. - Elevação da taxa de juros Muitos países usam o recurso da elevação da taxa de juros como mecanismo de controlar a inflação. A lógica é simples: com juros elevados o consumo diminui, forçando os preços a caírem. Porém, a alta dos juros desestimula a tomada de financiamentos, prejudicando assim os investimentos internos no setor produtivo, o mercado imobiliário e a venda de bens de consumo duráveis (veículos, eletrodomésticos, etc.). g. - Aumento do desemprego Países que não conseguem baixar e controlar a inflação sofrem, no longo prazo, com o aumento das taxas de desemprego. Isso acontece, pois ocorre diminuição significativa nos investimentos no setor produtivo. Indices de Preços Inflação A inflação é definida como um aumento contínuo e generalizado de preços dentro de alguma situação. É considerado como um processo e não como uma ocorrência passageira. Se os preços dos bens se elevam e em pouco tempo já se estabilizam, não se considera um processo inflacionário, apenas um ajuste na economia, caracteriza-se uma economia inflacionária quando os preços aumentam continuamente e por um longo período de tempo. A inflação não aconteceria se só existisse o aumento dos preços em um determinado setor e sim o aumento dos preços de todos os bens e serviçosproduzidos pela economia. Ela é medida pelos números-índices, ou seja, fórmulas matemáticas que informam a porcentagem de aumento nos preços dos bens e serviços num determinado período. No Brasil, não há um índice oficial para inflação de períodos passados. A inflação é medida por meio de diversos índices, divulgados por várias instituições, Eles são usados para medir a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população. Os principais índices utilizados no Brasil, Índice Gerais de Preços (IGPs) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPCs), e o IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado. O IGPs procura transmitir uma ideia de inflação pesquisando todos os bens produzidos e consumidos numa economia, os IPCs enfatizam os gastos comuns de uma família. O IGP-M tem caráter mais amplo. Isto porque considera não só preços de produtos finais (de consumo), mas também os de atacado e da construção civil. No país são três as instituições que calculam índices de preços: 1. Fundação Getúlio Vargas (FGV); 2. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE; 3. Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 16 O que é um índice de inflação? Um índice de inflação é um indicador que mede a evolução dos preços de um agregado de bens e serviços num determinado período de tempo. Existe uma dezena deles no Brasil como herança da época da hiperinflação, quando o ritmo frenético de reajustes demandava acompanhamento diário ou semanal. O que diferencia um indicador de outro é o nível de renda e o perfil social das famílias pesquisadas, a abrangência, a cesta de produtos que serve de base para o levantamento de preços e o período de coleta. Cada índice tem o seu valor, dependendo do que se quer avaliar. Características dos principais Índices de preços do Brasil Figura 1 - Características dos principais Índices de preços do Brasil Índice Geral de Preços - IGP O IGP é obtido a partir da média ponderada desses índices, de acordo com a seguinte ponderação: �� IIPPAA 6600%% �� IIPPCC 3300%% �� IINNCCCC 1100%% Índice de Preços no Atacado - IPA Esse índice pesquisa a evolução dos preços na comercialização no atacado, em que são vendidos em grandes quantidades. Sua fórmula consiste numa média ponderada de 423 produtos. Sua medição é feita pela Fundação Getulio Vargas. IPCA-15 Do dia 16 do mês anterior Até o dia 25 do 2000 11 maiores ao dia 15 do mês de referência mês de referência IBGE IPCA Não há 1 a 40 sm regiões Metropolitanas Do 1º ao dia 30 do mês Até o dia 15 do 1979 INPC 1 a 6 sm de referência mês subsequente IPA 1 a 33 sm no IPC, Dia 11 do mês anterior ao IGP-10 IPC que é computado dia 10 do mês de Até o dia 20 do mês 1993 INCC juntamente com referência de referência IPA os Índices de 7 das princípais Dia 21 do mês anterior ao dia 20 do Até o dia 30 do mês de ref. FVG IGP-M IPC Preços no Atacado capitais do mês de referência 1ª prévia dia 21 1ª prévia - até dia 10 1989 INCC (IPA) e na país a ultimo dia 2ª prévia dia 21 a 10 2ª prévia - até dia 20 IPA Construção Civil IGP-DI IPC (INCC) Dia 1º ao último dia do mês de Até o dia 10 do mês 1944 INCC referência subsequente Fipe IPC-Fipe Não há 1 a 20 sm Munícipio de Dia 1º ao último dia do mês de Até o dia 10 do mês 1939 São Paulo referência subsequente Instituto Índice Índices Componentes Faixa de renda Àrea de Abrangência Coleta Divulgação Início da série Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 17 Sua criação foi em 1947, em 2010 foi denominado Índice de Preços ao Produtor Amplo, registram variações de preços de produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais, em estágios de comercialização anteriores ai consumo final. Índice de Preços ao Consumidor para Brasil (IPC) Este índice pesquisa a evolução dos preços no varejo, mede a inflação para as famílias com renda mensal entre um (1) e trinta e três (33) salários mínimos, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, sua pesquisa de preços se desenvolve diariamente, cobrindo sete principais capitais do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife. O cálculo do IPC é realizado com base nas despesas de consumo obtidas através da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Os bens e serviços que integram a amostra foram classificados em sete grupos ou classes de despesa, 25 subgrupos, 87 itens e 456 subitens. As sete classes de despesa são: � Alimentação; � Habitação; � Vestuário; � Saúde e Cuidados Pessoais; � Educação, Leitura e Recreação; � Transportes e � Despesas Diversas. Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) Este índice acompanha apenas a evolução dos preços dos materiais, equipamentos e mão de obra empregados na construção civil. Calculado pela Fundação Getúlio Vargas a pesquisa é realizada em 18 capitais e envolve 56 itens de materiais e serviços e 16 de mão de obra. O peso dos materiais e serviços, no cálculo do INCC, são 61,1205% e da mão de obra, 38,7005%. Índice Geral de Preços no Mercado (IGP-M) Este índice é calculado pela Fundação Getúlio Vargas, ele registra a inflação de preços variados, desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. O IGP-M foi criado para ser usado no reajuste de operações financeiras, especialmente as de longo prazo. É muito usado na correção de aluguéis e tarifas públicas, como conta de luz. Serve para todas as faixas de renda. Seu cálculo é feito da seguinte forma, este índice é formado pelo IPA-M (Índice de Preços por Atacado – Mercado), IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor – Mercado) e INCC-M (Índice Nacional do Custo da Construção – Mercado), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 18 A pesquisa de preços é feita entre o dia vinte e um do mês anterior até o dia vinte do mês atual. Índice de Preços ao Consumidor – IPC-FIPE É considerado o índice mais antigo no Brasil. Começou a ser apurado em 1939, pela Subdivisão de Estatística e Documentação Social da Prefeitura Municipal de São Paulo. Em 1968 passou a ser calculado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (IPE-USP), que foi sucedido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), criada em 1973. Recebeu a denominação atual em 1984. O IPC-FIPE é uma média ponderada dos preços dos bens e serviços consumidos pelas famílias paulistanas com renda entre um e vinte salários mínimos classificados nos seguintes grupos de despesa: � Alimentação 30, 8075%; � Habitação 26,5159%; � Transportes 12,9684%; � Despesas Pessoais 12,5199%; � Vestuário 8,6580%; � Saúde 4,5814%; � Educação 3,9484%. Isso nos indica que em média a alimentação é responsável por 30,8% das despesas das famílias pesquisadas e assim por diante. Índice de Custo de Vida do DIEESE (ICV-DIEESE) Este índice serve como base para que sejam feitas as reivindicações de reajustes salariais. O calculo é feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que foi fundada em 1955 e criada para desenvolver atividades de pesquisa, educação e assessoria ao movimento sindical em situações relacionadas com o universo do trabalho. Atualmente o Dieese pesquisa a evolução dos preços dos bens e serviços consumidos pelas famílias paulistanas com renda mensal de um a trinta salários mínimos, classificados da seguinte forma: � Alimentação 27,44%; � Habitação 23,53%; � Equipamentos domésticos 6,13%; � Transporte13,62%; � Vestuário 7,87%; � Educação e leitura 6,91%; � Saúde 8,18%; � Recreação 2,08%; � Despesas pessoais 3,96%; Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 19 � Diversos 0,28%; Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC e IPCA) Os dois índices são de preço ao consumidor e calculados pelo Sistema Nacional de Preços ao Consumidor (SNIPC), órgão que foi criado pelo IBGE com o objetivo de produzir os índices de preços ao consumidor (INPC) e o índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA). O período de coleta de ambos estende-se do dia um até o dia trinta do mesmo mês. O INPC me a inflação das famílias com rendimentos mensais de um a seis salários mínimos, residentes em regiões urbanas e o IPCA também mede a inflação das famílias, mas com os rendimentos entre um e quarenta salários mínimos. Taxa de Desemprego e queda de rendimento2 A taxa de desemprego subiu para 6% em junho/13, conforme mostrou a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 24/06/13. Em maio, a desocupação estava em 5,8% e, em junho de 2012, em 5,9%. Esta é a maior taxa para o mês desde 2011, quando marcou 6,2%. A desocupação abrange cerca de 1,5 milhão de brasileiros contra 23 milhões ocupados. Em termos salariais, o rendimento médio real habitual dos ocupados caiu de R$ 1.872,03 reais em maio para R$ 1.869,20 reais em junho. Contudo, na comparação com junho de 2012 (R$1.854,13 reais), houve um leve aumentou de 0,8%. O rendimento não acompanhou a alta da inflação, que entre junho de 2012 e 2013 acumulou alta de 6,70%. FIGURA 2 – Evolução da taxa de desemprego mensal FONTE: JORNAL O GLOBO, EM 06/06/2013. 2 Jornal O Globo, em 06/06/2013. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 20 � Estoques elevados podem ter feito a industria recuar: FIGURA 3 – Evolução da Industria3 FONTE: G1.COM.BR Inadimplência A inadimplência no comércio no mês de julho/13 desacelerou pela quarta vez consecutiva e registrou a primeira queda do ano, em relação à julho do ano passado, informou a Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) com base em dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Para as instituições, se por um lado a inflação acima do centro da meta e a alta dos juros forçaram o brasileiro a consumir menos e de maneira consciente, por outro, esses fatores também aumentaram o custo de vida do consumidor, fazendo com que o movimento no comércio apresentasse uma retração. Emissão de Cheques sem Fundos Em janeiro, 2,02% dos cheques emitidos em todo o país não tinham fundos, porcentual menor que os 2,04% registrados em dezembro de 2012, segundo aponta o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos, divulgado ontem. No entanto, na comparação anual o volume de cheques devolvidos aumentou. Em janeiro de 2012, o percentual de devoluções foi de 1,93%. Na análise regional, Roraima foi o estado que apresentou o maior percentual de cheques devolvidos (10,95%) e o Amazonas, o menor, 1,47%. Entre as regiões, a Norte foi a que apresentou o maior número de cheques devolvidos, com 4,22%, e a Sudeste mostrou o menor percentual de devoluções, 1,59%. Na avaliação dos economistas da Serasa, a melhoria das condições financeiras do consumidor, em decorrência da intensificação das renegociações de dívidas, contribuíram para o recuo na comparação janeiro ante dezembro, além dos juros e desemprego baixos. 3 Jornal eletrônico Globo.com, publicado em 02/07/2013 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 21 Taxas de juros praticadas pelo mercado (pessoa física) Linha de Crédito Taxas atuais – SELIC em 26,5%a.a. Mês Ano Juros no comercio 6,74% 118,74% Cartão de Credito 10,63% 236,10% Cheque Especial 9,77% 206,06%% CDC Bancos 4,14% 62,71% Empréstimo Pessoal Bancos 6,60% 115,32% Empréstimo Pessoal financeiras 12,82% 325,24% TAXA MÉDIA (ARITM.) 8,45% 164,70% TAXA MÉDIA (GEOM.) 8,41% 163,56% FONTE: http://www.bcb.gov.br/pt-br/sfn/infopban/txcred/txjuros/Paginas/default.aspx 2.1 Exemplos de endividamento A fim de demonstrarmos o efeito nas taxas de juros descrevemos abaixo algumas simulações de crédito: Cartões Cartão de Crédito • Utilização do rotativo: Valor R$ 1.000,00 � Prazo: 30 dias; • Taxa de Juros de 10,63% ao mês – juros � R$ 106,30 • Um aumento para 13,90% ao mês – juros � R$ 139,00 Cheque especial • Utilização do limite: Valor R$ 1.000,00� Prazo: 20 dias; • Taxa de juros de 9,77% ao mês – juros� R$ 65,13 Emprestimos Crédito Pessoal - Banco • Emprestimo de R$ 1.000,00 � Prazo: 6 meses • Taxa de juros de 6,56% ao mês – (0+6) � Parcela de R$ 206,95 � Total R$ 1241,73 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 22 Crédito Pessoal - Financeira • Empréstimo no valor de R$ 1.000,00 por 12 meses • Taxa de juros de 12,78% ao mês – (0+12) • Parcela de R$ 167,31 � Total R$ 2.007,76 Crediário de Loja • Compra de uma geladeira � preço à vista = R$ 800,00 • Financiada em 12 vezes (0 + 12) • Taxa de juros de 6,74% ao mês (0+12) �Parcela de R$ 99,33 � Total de R$ 1.191,96 2.2 Como renegociar dívidas Quem já não passou por uma renegociação de dívida em algum momento de sua vida? Seja por ter perdido o emprego, por ter perdido parte de sua renda, por ter comprometido demasiadamente seu orçamento por usar e abusar da utilização do cartão de crédito rotativo ou cheque especial, ter tido aumento de suas despesas muitas provocadas por elevação de tarifas públicas ou ter exagerado nos gastos. Nestes momentos temos a sensação de impotência e nos sentimos como se fossemos os únicos com tais problemas. As reações quase sempre são as mesmas: � Não aceitar que está com problema e tentar adiar a resolução dos mesmos; � Recorrer ao limite do cheque especial e vai- se empurrando a dívida com a "barriga"; � Perde-se dinheiro por ignorar os juros. Se todo brasileiro é um técnico de futebol, por que não pode também entender de juros e ensinar para os seus familiares, vizinhos, amigos, colegas de serviço e fazer disto uma permanente fonte de alegria e razão? � Quem pensa que os cálculos são difíceis e lembram um jogo de xadrez está enganado. São cálculos simples, apresentados com tabelas e exemplos da compra de um carro, uma geladeira, um perfume, etc. 2.3 Razão como Guia de Juros Nós brasileiros sabemos como ninguém que o futebol envolve arte, alegria e paixão. Já a economia envolve cálculo e razão. Com os dois lados da mesma moeda, a torcida anda sempre correndo atrás do seu time do coração e acompanhando cada drible dos craques, mas não tem dado a mínima bola para os juros absurdos praticados no mercado financeiro. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 23 Assim também como o cheque especial, cujos juros são em média 7,5% ao mês ou 138,18% ao ano. A mesma coisa tem sido no cartão de crédito, que tem juros médio de 13% ao mês e 333,45% ao ano, como também os juros do empréstimo pessoal das financeiras, cuja taxa média atinge 4% ao mês ou 60,10% ao ano. A torcida sente na pele que os juros são de lascar o couro do gramado, pior que um carrinho covarde para quebrar a canela do craque, mas não se defende, nem o juiz marca falta e nem ergue o cartão vermelho para o carrasco.Nos últimos tempos, como muitos dos consumidores ficaram endividados e esfolados em suas longas prestações, tem muita gente com o pé atrás. Mas não é suficiente. O assunto é tão importante, que se não prestar muita atenção, o consumidor perde para os juros de goleada e pode ficar assim que nem após a derrota da seleção brasileira contra um time internacional, que, sabidamente, seria facil ganhar o jogo, e se torna um desastre que dispensa comentários. Mas todo mundo sabe e acompanha as CPI’s sobre o futebol, entende e questiona o patrocínio da Nike na seleção brasileira. Enfim, o torcedor tem a sua opinião. 2.4 Quem não sabe, paga caro... Uma situação muito diferente é perder dinheiro com juros sem ao menos saber os motivos. Ser lesado e enganado sem questionar por pura ignorância. Quem não sabe, paga caro. Corre o risco de ser “expulso” de campo e levar fama de caloteiro, vendo seu nome ir parar no SPC. Para que nada disso aconteça, é preciso aprender a calcular os juros. Mas aí aparece o problema. Isso envolve matemática e cálculos complicados que lembram mais um jogo de xadrez. Eis o primeiro e fatal engano. Os cálculos são simples, mas exigem muita atenção para acompanhar nas tabelas o índice correto. Os juros são absurdos e beiram a agiotagem, porque existe uma mistura de ganância e má avaliação de risco das lojas e instituições financeiras. Mas não é só isso. O comportamento do consumidor é um aspecto fundamental, pois ele não questiona os juros. Não reclama. Não se preocupa e ignora os juros. Entretanto, pouco se sabe, por exemplo, sobre a realidade dos juros em outros países. A taxa de juros do cartão de crédito no Brasil supera a de todos os países da América Latina, segundo estudo divulgado pela Proteste - Associação de Consumidores, EM 17/07/2012. As taxas dessa modalidade continuam elevadas no País, apesar das recentes reduções da Selic (taxa básica de juros), que na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) chegou a 8,5% a.a. neste mes de julho/13. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 24 Confira o levantamento realizado pela Proteste, com as taxas básicas de juros, a taxa anual do cartão de crédito e a inflação em cada um dos países pesquisados: País Taxa Básica de juros Inflação Taxa Real Taxa do Cartão de crédito Brasil 8,0% 4,9% * 2,96% 323,14% Peru 4,25% 4,0% 0,24% 55,00% Chile 5,0% 3,1% 1,84% 54,24% Argentina 11,15% 9,9% 1,14% 50,00% México 4,5% 4,3% 0,19% 33,8% Venezuela 15,65% 21,3% -4,66% 33,0% Colômbia 5,37% 3,2% 2,1% 29,23% Fonte: Proteste (*) Taxa acumulada nos últimos 12 meses 2.5 Como se livrar do Cartão de Crédito Passo 1 – Como se livrar das dívidas de cartão de credito É natural que o consumidor que tem dívidas no cartão de crédito queira, o quanto antes, se livrar do problema. Mas de nada adianta negociar a dívida e acabar assumindo prestações que não cabem no bolso. Confira, a seguir, cinco dicas para colocar em prática se perceber que sua fatura está virando uma bola de neve Passo 2 – Pare de Gastar Ao primeiro sinal de que não vai conseguir pagar a fatura integralmente, deixe o cartão de crédito em casa e não faça mais compras com ele. "Se o consumidor continuar usando o cartão, a dívida vai virar uma bola de neve e vai ser mais difícil sair dela", diz a coordenadora institucional da associação de consumidores Proteste, Maria Inês Dolci Passo 3 - Avalia a Proposta Quando o consumidor paga o valor mínimo da fatura por alguns meses, é comum a administradora enviar para ele, automaticamente, uma proposta de parcelamento da dívida. Antes de aceitar essa proposta, analise com cuidado os valores e as chances de você conseguir arcar com aquelas parcelas. Nem sempre a oferta feita pelas empresas é interessante. Passo 4 – Cancele o Cartão "As empresas têm interesse em negociar com o devedor, mas não são obrigadas a fazer isso", afirma a assistente técnica do Procon-SP, Marta Cassis. Ela Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 25 diz que o ideal é, antes de mais nada, pedir o cancelamento do cartão, e depois enviar uma proposta de pagamento para a administradora. "Enquanto ele está ativo, elas não costumam negociar a dívida", diz Marta Cassis. Passo 5 – Peça um Empréstimo Pode ser interessante pedir um empréstimo no banco em que você tem conta e, com o dinheiro, quitar a dívida do cartão, diz a assistente técnica do Procon-SP, Marta Cassis. Dados da Anefac mostram que os juros do cartão de crédito são de 10,69% ao mês, enquanto o das linhas de empréstimo pessoal dos bancos é de 3,59%, em média Passo 6 - Questione Se achar que os juros cobrados pela empresa estão altos demais, peça à administradora uma planilha com a evolução da dívida. Em caso de dúvida, questione a empresa. Se ainda assim você não entender como a dívida chegou àquele ponto ou não concordar com o valor, procure ajuda nos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon. 2.6 Cartão Qualidade4 O Cartão Qualidade está presente nas atividades da rotina corporativa, como acionamento das catracas de acesso ao local de trabalho, cartão ponto e acesso restrito; e também é instrumento de crédito consignado para compras em rede conveniada. A liberação da margem consignável é automática e ocorre no dia 21 de cada mês. O crédito autorizado pode ser utilizado em supermercados, restaurantes, farmácias, postos de combustível e outros estabelecimentos. São mais de 700 pontos de venda conveniados em Curitiba e região metropolitana. Para fazer compras na rede conveniada, seu Cartão Qualidade funciona de forma parecida a um cartão de crédito, você paga somente no mês seguinte, mas com a vantagem de não haver nenhuma taxa ou anuidade. Crédito Consignado A margem consignável é liberada automaticamente no dia 21 de cada mês. O valor liberado é determinado pelo setor de Recursos Humanos de sua empresa. Se você fizer suas compras entre os dias 6 e 20 de cada mês, seu prazo de pagamento será de 55 dias. Somente o valor gasto será descontado do seu salário, pois não há juros, taxa ou qualquer acréscimo para o usuário. 4 www.cartaoqualidade.com.br Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 26 Período de Compras e Descontos Para compras realizadas do dia 21 ao dia 05: redução automática do saldo consignável e desconto no final do mês do dia 05. Por exemplo, no dia 30 de julho realizou-se uma compra de R$ 100,00. Os R$100,00 serão abatidos do saldo em utilização e o desconto virá somente no contracheque de agosto. Para compras realizadas do dia 06 ao dia 20: redução do saldo consignável do mês seguinte e desconto também no final do mês seguinte. Por exemplo, no dia 10 de agosto realizou-se uma compra de R$ 100,00. O desconto virá somente no contracheque de setembro, porém, no dia 21 de agosto, ao consultar seu saldo consignável, notará que os R$ 100,00 estarão deduzidos deste saldo. FUNCIONALIDADES DO CARTÃO O Cartão Qualidade possui grande espaço para armazenamento de dados, o que permite que, a qualquer momento, novas funcionalidades sejam incorporadas. Identificação e Autenticação • Identificação funcional (crachá) - Os cartões podem ser customizados com o logotipo da empresa credenciada, nome, foto e outras informações cadastrais dos funcionários. • Controle de acesso e frequência - Libera as catracas da empresa controlando entradas e saídas. • Ponto eletrônico - Aciona os relógios-ponto permitindo o controle de jornada de trabalho. • Acesso a áreas restritas - Controla o acesso a áreas em que só é permitida a entrada de pessoasautorizadas. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 27 • Autenticação de usuário na rede corporativa - Efetua login na rede corporativa ou fornece acesso a máquinas, sistemas ou arquivos específicos. • Controle de utilização de impressoras - Para evitar a exposição de documentos confidenciais, o acesso e acionamento das impressoras podem ser feitos pelo Cartão Qualidade. • Registro de participação em treinamentos - A adesão aos eventos de capacitação ofertados pela empresa pode ser controlada por meio do Cartão Qualidade. Operações Financeiras • Crédito consignado para compras em rede conveniada - Estipulado sobre um percentual do salário definido pelo setor de Recursos Humanos de cada empresa, o crédito consignado serve para compra em estabelecimentos da rede conveniada. A utilização do crédito consignável oferece benefícios como maiores prazos para pagamento do mesmo valor cobrado à vista, sem nenhum juro; ausência de qualquer taxa ou anuidade; controle dos gastos por meio do desconto em folha de pagamento; aproveitamento de ofertas especiais para os usuários do Cartão Qualidade. • Empréstimo Consignado - O Cartão Qualidade também pode ser utilizado para fazer empréstimos bancários com taxas de juros bem menores do que as praticadas normalmente pelos bancos. Esses empréstimos podem durar até 72 meses, com os pagamentos descontados mês a mês em sua folha de pagamento. 2.7 Não existe venda a prazo sem juros... Na economia estabilizada, quando a inflação não existe ou tem níveis muitos baixos, os juros estão ligados para sempre à nossa vida. Dessa forma, os juros também podem ser um grande motivo de grande alegria para os consumidores. Nada de pagar à vista o que está anunciado em três vezes sem juros e não pedir um desconto de no mínimo 5%. Ou pagar à vista o que se diz ser em seis vezes sem juros e não obter uma redução de 10% a 15%. Não existe venda a prazo sem juros, dicas simples, mas valiosas, que ajudam os consumidores aprenderem a sobreviver aos juros absurdos. Afinal, a economia não é algo tão estranho para os brasileiros. Pelo contrário. É só dar uma olhada no passado recente e entender que em muitos momentos o envolvimento com a vida econômica lembra lances emocionantes e inesquecíveis de muitas Copas do Mundo. Como demonstra o Guia dos Juros, muitas vezes o futebol e Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 28 a economia fazem uma tabelinha curiosa. Se todo brasileiro é um técnico de futebol, por que não pode também entender de juros e ensinar para os seus familiares, vizinhos, amigos e fazer disto uma permanente fonte de alegria e razão? 2.8 Consumidor S.A. Juros altos e abusivos acabam de vez com os sonhos do consumidor brasileiro. E a grande causa dos recordes de inadimplência dos últimos tempos e do descontrole do orçamento pessoal. Aprender a lidar com os juros é conhecer o caminho do gol. Mais do que nunca, a bola está nas mãos, nos pés e na cabeça do consumidor. Associações de Consumidores e ONGs surgem no país em defesa do seu time. Nesse sentido, a pesquisa de juros é uma iniciativa com implicações consumista, pois aponta uma série de distorções e irregularidades prejudiciais ao consumidor, que precisa conhecer os seus direitos sagrados 2.9 Código de Defesa do Consumidor Em relação aos juros, o Código de Defesa do Consumidor determina que, quando o preço à vista é diferente do preço a prazo, a loja tem que informar em destaque a taxa de juros anual que está praticando. Além disso, o governo baixou a Portaria n° 14, publicada no dia 22 de junho de 1998, pela Secretaria de Proteção e Defesa do Consumidor, da Secretaria de Direito Econômico, órgão vinculado ao Ministério da Justiça. A Portaria n° 14 representa mais uma medida para acabar com as irregularidades na cobrança dos juros e estabelece em seu Art. 1° que os comerciantes "ficam obrigados a prestar aos consumidores seja na oferta do produto ou na prestação dos serviços e, em especial, na publicidade, informação correta, clara, precisa e ostensiva, sobre o preço à vista, as parcelas ofertadas, as taxas de juros ao mês e ao ano, em lugar visível e de fácil leitura, nos locais de atendimento". • Fugir dos credores como o diabo foge da cruz; • Recorrer ao velho agiota da esquina que nos "faz o favor" de descontar um cheque; ... • Ou, simplesmente não se toma nenhuma atitude e se aguarda a hora que algum cobrador ou empresa de cobrança bate na porta. Medidas esta que somente agravam ainda mais o problema. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 29 Entretanto, é neste momento que é necessário ter a cabeça no lugar e no bolso. Primeiramente vale destacar que o problema da inadimplência é muito grande no país e que as empresas estão sempre dispostas a negociar, abrindo mão de ganhos excessivos do que discutir o assunto na justiça. Porém, caso o consumidor inadimplente não saiba negociar o credor tenderá a tirar o máximo proveito da desinformação do devedor e fazendo um acordo que nem sempre é o ideal para o devedor. 2.10 Passos para uma Boa Renegociaão 1. Tão logo perceba que terá problemas de continuar pagando a sua dívida procure imediatamente e diretamente o credor informando sua situação. Esta medida evita que sua divida cresça muito e sem fim; 2. O devedor é que sabe o que pode assumir de compromisso com o credor, por isso negocie os pagamentos (parcelas) sempre dentro de suas possibilidades financeiras. Não assuma um pagamento mensal maior do que possa suportar, pois se assim o fizer estará novamente procurando o credor no futuro. Se necessitar de prazos longos 12, 24, 36 meses, não deixe de pedir, ou seja, faça um acordo para cumprir e não para ganhar tempo. 3. Evite negociar através de intermediários, como empresas de cobrança, estas empresas recebem sempre um percentual sobre o valor recebido do devedor e, assim sendo, têm sempre o interesse de cobrar o máximo possível do devedor. Além disso, o intermediário não possui muita autonomia para negociar, como por exemplo, diminuição de encargos ou alongamento dos prazos de pagamento; 4. Não ter receio de sentar frente a frente com o credor. O que ele quer é receber de volta o dinheiro; 5. Solicitar demonstrativo da dívida ao credor a fim de verificar o que está sendo cobrado (principal, juros de mora, multas, etc.); 6. Solicitar o estorno dos excessos como juros de mora e multas valem lembrar que de acordo com o Código de Defesa do Consumidor a multa é limitada a 2% do valor da dívida, porém muitas lojas chegam a cobrar multa de 20% do valor da dívida, vale igualmente lembrar que o credor costuma estornar multas e juros de mora de quem solicita, porém quem não solicita tende a pagar um valor maior. 7. Como referência o devedor deve se basear no valor principal que deixou de pagar (valor do carne, cheques emitidos, etc); 8. Não aceitar multa superior a 2% do valor da dívida, nem a cobrança de honorários advocatícios ou despesas de cobrança (mesmo que cobradas por escritório de advogados), uma vez que de acordo com o Código de Defesa do Consumidor tais despesas devem ser pagas por quem contratou os serviços Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 30 (no caso o credor). Somente são devidos honorários advocatícios quando a dívida está sendo cobrada judicialmente e com a autorização do juiz, o que dificilmente é feito pelas lojas. 9. No parcelamento da dívida, pleitear juros menores, nunca se deve aceitar a primeira proposta do credor. 10. Como referência vale ressaltar que estas taxas normalmente vão até 2% ao mês. Alguns credores, quando solicitado, chegam a parcelar a dívidasem juros a fim de receber de volta o valor principal da dívida, vale lembrar igualmente que o credor não faz propaganda disso para não incentivar outros a renegociação e assim reduzir seus lucros; 11. Aqueles que possuam débitos, porém receberam o seu 13º salário e querem acertar à vista as suas dívidas sempre privilegiando o pagamento daqueles que possuem encargos maiores (cartão de crédito rotativo, cheque especial, etc) devem solicitar um desconto da mesma como forma de estornar os excessos (juros, multas, etc.). Tão logo formalize um acordo com o credor, o nome do devedor que deverá estar nos cadastros de restrição ao crédito (SPC, Serosa, etc), deverá ser excluídos, independente da dívida estar ou não totalmente paga. Por fim, caso a empresa se negue a baixar a restrição, cobrar multas e juros excessivos, cobrar despesas de cobrança ou honorários advocatícios ou se negue o demonstrar o débito, deve-se procurar o órgão de defesa do consumidor - Procon e formalizar queixa. 2.11 Este é o momento de planejar sua vida e traçar seus objetivos Para que possamos atingi-los ou não ser surpreendidos durante o percurso faz- se necessário a elaboração de um orçamento doméstico. Quem nunca se preocupou em elaborar um orçamento doméstico e administrar melhor suas finanças pessoais, tem hoje motivos de sobra para fazê-lo. Pois hoje, manter as contas em dia é uma questão de sobrevivência. Mas não basta só equilibrar receitas e despesas. E preciso garantir uma sobra (de pelo menos 10% da receita) para emergências. Para tanto, são necessárias disciplina e muita disposição para fazer eventuais ajustes além de caderno, lápis e calculadora. Confira, a seguir, os principais passos para elaborar seu orçamento. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 31 Observações importantes: 1. Reúna os comprovantes de pagamento de todas as contas dos últimos três meses ou pelo menos do último mês, incluindo as faturas dos cartões de crédito e os extratos bancários; 2. Verifique as despesas extras, taxas de extratos, saques, juros de saldo devedor de cartão, cheque especial, enfim todas as despesas extras em seu extrato bancário. 3. Relacione, na coluna de despesas, todos os gastos dos últimos meses, 4. Compare o valor total das despesas e ou taxas, com certeza os valores aumentaram, prepare-se para reduzir as despesas. Quando o EMPREGADOR solicita abertura de conta corrente para crédito da folha de pagamento, este está assumindo todas as despesas, tais como: � Aquisição do Cartão para efetuar saque de folha pagamento; � Conta Salário, não tem limites de saques e/ou saldo; � Funcionário não tem despesas com taxas, este valor é destinado ao governo para ser revertido socialmente. Soluções • Não incorpore o limite do cheque especial à sua renda. O crédito concedido pelo banco, pelo qual ele cobra taxa altíssima (que podem superar 200% ao ano), só deve ser usado em situações de emergência e por períodos curtos • Nunca use o cheque especial para pagar dívidas decorrentes de outros financiamentos. Nesse caso, você estará pagando juros sobre juros. • Use cartões de crédito para postergar o pagamento de dívidas. Mas, quando receber as faturas, liquide o débito integralmente. Quem rola a dívida, pagando apenas o valor mínimo, arca com juros altíssimos. • Informe-se sobre as taxas de juros (e não apenas sobre o valor das prestações) cobradas nos financiamentos. O valor da prestação pode caber no orçamento de hoje, mas não no de amanhã. • Procure pagar suas contas até o vencimento, de modo a evitar cobrança de multas. Cartão de Crédito – Como renegociar a divida Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 32 a) Renegociar dívida, no caso de saldos devedores sem efetuar pagamento no período de dois meses deve negociar com a administradora; b) você deve encaminhar uma carta, o motivo do atraso e como se propõe a quitar o debito. c) Envie a carta sempre ao órgão emissor do cartão, que em geral é um banco, nunca mande o documento à administradora, a chamada bandeira do cartão; d) depois de fechado o acordo não deixe de cumprir, para não ter o nome incluído na lista de maus pagadores, e) neste caso seu limite e cartão estarão temporariamente suspenso no período de quitação da divida. Caso você não esteja concordando com os valores de juros, (sua divida estiver muito alta), vale a pena contratar um advogado na área bancaria (teria um custo de honorários), e discutir em juízo. Neste caso seu nome não pode ser enviado à SERASA ou SPC. Cheque sem Fundos • CCF – Cadastro de Emitentes de Cheque semFundo � cadastro mantido pelo Banco Central; • Inclusão é feita se algum cheque for devolvido por “Alínea 12” � sem fundos; • “Alínea 13” � conta encerrada; • “Alínea 14” � prática espúria; • Quando se tratar de conta-conjunta � todos os CPFs são inclusos; • Para retirar nome do CCF, faz-sse necessário solicitação por escrito ao Banco, e, juntamente, comprovante de pagamento do referido cheque; • Entrega do cheque, ou declaração do beneficiário dando quitação do debito devidamente autenticada em tabelião ou abonada pelo endossante, acompanhada com copia do cheque, certidões negativas dos cartórios de protesto relativo ao cheque em nome do emitente e pagar taxa e tarifa correspondente à exclusão junto ao Banco; • Outra hipótese � pode levar a exclusão de seu nome junto ao CCF após decorridos cinco anos da respectiva inclusão - seu nome será automaticamente excluído do cadastro de CCF; • Banco oferece empréstimos, limites de crédito, cartão de crédito, cheques. Mas nada é de graça, e as pessoas físicas caem na tentação destes valores se Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 33 tornarem parte de seu salário e, cada dia que passa, os juros aumentam e fica mais difícil de sair desta bola de neve. Primeiro passo para se livrar de tarifas, somente ter conta salário, evitando cheques (cair na tentação de cheques pré- datados em mercados, lojas, etc.); • Juro do cheque especial e empréstimos pessoais, tarifas bancárias. Procure pagar todas as dívidas inclusive as do cheque especial antes de entrar em novos financiamentos. Dependendo do caso, vale a pena renegociar os débitos, buscando condições mais vantajosas junto aos credores. • Se não tiver necessidade imediata do produto, aplique seu dinheiro num fundo de investimentos ou na caderneta de poupança e compre-o, depois, à vista. A economia com os juros será significativa. Não parcele suas compras, faça investimentos. • Aplicação Fundos de Renda Fixa e CDB até 29 dias incide IOF (imposto sobre operações financeiras); A partir de 30 dias a alíquota cai a zero. • IR - Imposto de Renda, é aplicado sobre todos os tipos de aplicações. Sua alíquota varia em função do prazo da operação. Prazo em Dias Até 180 dias 181 a 360 dias 361 a 720 dias Acima de 720 dias Alíquota 22,5% 20% 17,5% 15% Conta Corrente Os bancos têm o direito de cobrar quase tudo de você, mas também têm a obrigação de explicar muito bem o que estão fazendo com o seu dinheiro. Perguntar, chegar, negociar e pedir vantagens ao gerente são os meios para você manter sua conta corrente em dia. • Cuidados antes de abrir uma conta corrente: procure se informar sobre a situação do banco e conversar com algum correntista para saber como são atendidos, quais as queixas, etc. • E na hora de abrir a conta? Quando você abre uma conta, recebe um contrato de adesão, no qual estão escritas as "regras do jogo", quais os serviços que serão prestados e quanto pagará por eles. Ao assinar o contrato, você está concordando com as condições do banco. • E comosaber se as condições são boas? Lendo cuidadosamente o contrato. Atenção: alguns itens estão em letras bem miúdas, outros não são explicados de forma clara. Anote tudo o que não entender e peça para o gerente explicar. Some os valores de todas as tarifas que vai pagar para checar se o total não está muito alto (veja a tabela). Os bancos costumam ter "pacotes", oferecendo alguns serviços gratuitos (saques no caixa eletrônico, Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 34 um extrato por mês, etc.). Veja se esses serviços interessam para você e se compensam o preço de outras tarifas. • O que o banco pode cobrar dos correntistas? Praticamente tudo que quiser (e estiver no contrato). O Banco Central exige apenas que os bancos forneçam um talão de cheques de 20 folhas por mês ou um cartão de débito sem cobrar nada. O resto, cada banco decide. • O banco pode aumentar o valor das tarifas? Até quanto pode aumentar? Pode e não há regulamentação para esses aumentos. Você precisa estar atenta: em toda agência está afixada uma tabela com os valores das tarifas cobradas por aquele banco. E elas também aparecem no seu extrato. • Com que frequência devo checar meu extrato? Uma vez por mês é o suficiente (a maioria dos bancos cobra para emitir extratos extras). Abra o extrato assim que chegar do correio, se por acaso tiver algo errado, quanto antes você tomar providências melhor. Confira o que entrou e saiu de sua conta, se não houve algum lançamento indevido e quanto está pagando de tarifas. • E se aparecer dinheiro a mais em minha conta, que eu não sei de onde veio? Antes de comemorar, cuidado. Se o dinheiro não for “seu” e caiu na sua conta por engano, mais cedo ou mais tarde a quantia será estornada, ou seja, sai de sua contra e é você quem tem que pagar. O melhor a fazer é procurar o gerente para tentar descobrir de onde veio o dinheiro. • Vale a pena ter duas contas correntes, em bancos diferentes? Não. Você vai pagar tarifas duas vezes e é mais difícil controlar os gastos de um unico banco. • E melhor um casal ter contas conjuntas ou individuais? A vantagem da conta conjunta é que vocês só vão pagar as tarifas uma vez. A desvantagem é que fica mais difícil controlar o saldo. No caso de cada um ter a sua conta, e as duas serem conjuntas, a vantagem é que vocês não pagarão tarifas (quando houver) se precisarem transferir dinheiro de uma conta para outra (lembrem-se da CPMF). • Ter cheque especial é um bom negócio? Entrar no cheque especial significa que voce gastou mais do que você tinha na conta. É um péssimo negócio. É como pegar dinheiro emprestado e pagar com juros altíssimos, o juro do cheque especial é um dos mais caros do mercado. Evite a todo custo. • E se eu cair naquele círculo vicioso: uso o cheque especial, meu saldo fica negativo, preciso entrar no especial de novo? É possível, recomendável e inteligente negociar as dívidas com o banco. Sente-se com o seu gerente e combine como parcelar a dívida e reduzir o juro. Você vai se surpreender com a facilidade de fazer isso e, principalmente, com a redução de custos que pode conseguir. Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 35 • Se tiver problemas com meu banco, o que posso fazer? Primeiro, conversar com o gerente sobre suas queixas e ver o que ele tem a oferecer para você. Lembre-se: o dinheiro é seu, o banco não está fazendo nenhum favor e sim prestando um serviço e cobrando por isso. Se você é mal atendido(a) numa loja e, ainda por cima, o produto que quer comprar está mais caro do que nas outras, você não volta mais lá, certo? Com o banco, a mesma coisa: se não é bom para você, feche a conta e abra em outro banco. • Dá muito trabalho fechar uma conta? Há uma pequena burocracia, mas é fácil. Dá menos trabalho do que "esquecer" uma pequena quantia na conta e nunca mais usar. • Por quê? Se você não oficializa o fechamento da conta, vai pagar uma taxa de manutenção de conta inativa. Essa taxa não é ilegal. Suponha que o banco lance, todo mês, essa quantia em sua conta e você não tenha mais saldo. Depois de algum tempo, será cobrada. E voce terá que pagar juro pelos pagamentos atrasados. • Se eu não conseguir resolver meus problemas no banco conversando com o gerente, o que posso fazer? Você pode procurar o Banco Central ou o PROCON da sua cidade e se é possível fazer algo, pois se lembre que você assinou um contrato com o banco permitindo certas coisas. Como os bancos não estão enquadrados no Código de Defesa do Consumidor, nem sempre é fácil de negociar. Tarifas Cobradas pelos Bancos Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 36 Tarifas cobradas pelos Bancos Como as taxas de serviços bancários não são tabeladas, mostramos aqui uma média dos preços cobrados pelos bancos. Fique esperto, pois para atrair clientes muitos bancos oferecem alguns desses serviços sem cobrar nada. Serviços Valores médios em reais Confecção de ficha cadastral Abertura de conta Confecção de cartão magnético comum Confecção de cartão magnético múltiplo internacional Confecção de cartão adicional Talão de cheque com 20 folhas (2º talão no mês) Cheque sem fundo devolvido Cheque sustado Inclusão no cadastro de cheque sem fundo Exclusão do cadastro de cheque sem fundo Cheque compensado Cheque de transferência bancária sem CPMF Concessão de cheque especial / conta garantida Débito autorizado em conta corrente Saque em caixa automático externo / banco 24 horas Emissão de DOC Depósito em outra agência Extrato de conta em terminal eletrônico Extrato de conta via fax, internet etc. Abertura de crédito Renegociação de dívida Segunda via de documento É bom saber...5 � ... se a dívida estiver em discussão na Justiça, o devedor não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes. � ... depois da quitação ou renegociação do débito, o nome tem de ser retirado das listas de devedores em no máximo cinco dias. Se isso não ocorrer, procure os órgãos de defesa do consumidor ou um advogado com os comprovantes de pagamento em mãos. � Em último caso, será preciso ingressar com uma ação judicial de reparação por danos. 5 Rrevista Claudia – Abril/2002 Educação Financeira e Planejamento Doméstico Profº Magno Angelito Bontorin 37 � ... você tem direito a processar, por danos morais, o credor e a entidade de proteção ao crédito caso seu nome seja incluído indevidamente em uma dessas listas. � ... nos contratos financeiros - empréstimos bancários, crediários de financeiras, leasing ou consórcio - a multa máxima por atraso de pagamento é de 2%. É permitida ainda uma taxa de juros por dia de atraso, a tal comissão de permanência, que todos os tipos de contrato é possível cobrar juros de mora de 1% ao mês se a quitação for feita após o vencimento. Orçamento Básico...6 Veja abaixo quanto os gastos com um filho representam, aproximadamente, no total do orçamento familiar (100%): � De O a 3 anos 10 a 15%;(*) � De 4 a 10 anos 15 a 25%;(*) � De 11 a 17 anos 25 a 30%.(*) (*) Esses valores são somente uma média. O total de gastos, em cada faixa etária, pode ser maior ou menor, dependendo das necessidades de cada família. 3 MORADIA 3.1 Abusos no Aluguel7 Os inquilinos devem ficar atentos ao pagar o aluguel com atraso. Geralmente, o contrato estipula dois valores, um com desconto e outro sem. Essa decisão da imobiliária ou do locador não é ilegal mas, muitas vezes, contém abusos e ilegalidades. Um exemplo é quando o proprietário cobra multa por atraso sobre o valor mais alto. Os contratos de aluguéis não são obrigados a
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