Buscar

MÉTODOS E TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MÉTODOS E TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO
1. Distinção da Hermenêutica, Interpretação da Lei e Exegese
	Hermenêutica, do grego hermeneutiké, arte de interpretar, é uma palavra grega que deriva de Hermes Trimegisto, deus egípcio cultuado também na Grécia antiga, ao qual os alquimistas atribuíam a criação de sua arte. Era portanto, uma divindade esotérica, guardadora de mistérios. Tendo outra expressão, hermético, isto é, fechado, termo também utilizado pelos alquimistas para denominar o lacre de determinados vasos. Hermes Trimegisto era o deus revelador dos segredos da alquimia, e a ele foi atribuída a invenção de uma fechadura perfeita, fundindo-se as beiras do vaso e da tampa.
	Hermenêutica, é a teoria geral da interpretação. O objetivo não é a interpretação da lei em caso concreto, mas a descoberta e a fixação dos “Princípios Reguladores da Interpretação em Geral”. A hermenêutica jurídica é a teoria científica da ação de interpretar a lei. A interpretação da lei é a aplicação, na prática, dos preceitos da hermenêutica, na busca do sentido e do alcance de uma lei. A hermenêutica é a ciência da interpretação da lei. O hermeneuta busca apreender o pensamento do legislador, expresso no texto legal, e explicar seu real significado e alcance, sua aplicação técnico-jurídica. Logo a interpretação da lei é a aplicação dos “Princípios Teóricos da Hermenêutica”.
	O termo interpretação, seu radical interpretar tem origem latina, verbo derivado de interpres, mago, vidente, sacerdote, que, na antiga Roma, revelava o futuro pela leitura das entranhas de certos animais (hepatoscopia). Esse sacerdote era o inter/mediário, o intér/prete entre as divindades e os homens, daí a expressão. Interpretação da Lei, reitere-se, é a aplicação prática dos preceitos teóricos da hermenêutica. Tendo uma terceira expressão, análoga ao termo interpretação, que merece algumas considerações. 
	É a palavra exegese, deriva do grego exegomai, exegesis; ex tem o sentido de ex/trair, ex/ternar, ex/teriorizar, ex/por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar. O termo exegese significa, como interpretação, revelar o sentido de algo ligado ao mundo humano, mas a prática se orientou no sentido de reservar a palavra para a interpretação dos textos bíblicos. Exegese, portanto, é a denominação que se confere das Sagradas Escrituras desde o século II da Era Cristã. Orígenes, cristão egípcio que escreveu nada menos que seiscentas obras, defendia a interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam, nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo. O termo exegese restou ligado à interpretação alegórica, ensejando abusos de interpretação, aponto de alguns autores afirmarem, ironicamente, que a Bíblia seria um livro onde cada qual procura o que deseja e sempre encontra o que procura.
	Prevalece modernamente a orientação de Quinto Setímio Florêncio Tertuliano, coetâneo de Orígenes, no sentido de uma exegese tradicionalista dos textos sacros, rigorosamente literal, com o apoio do estudo minuciosos dos costumes e das tradições dos diferentes períodos históricos; mesmo porque, segundo Tertuliano, a doutrina cristã representa a verdade enquanto doutrina objetiva, não enquanto profissão subjetiva.
1.2 Introdução ao Estudo do Direito – Métodos de Interpretação da Norma Jurídica
	Hermenêutica, é a ciência da interpretação, assim, interpretar é fixar o sentido e alcance da norma, sentido este, o que a norma quer dizer; o alcance é a quem ela se dirige.
	Deve-se levar em consideração não apenas a norma jurídica em si, mas o contexto normativo em que ela se encontra inserida. 	O intérprete utiliza de ferramentas técnicas para interpretar a norma; a interpretação da norma está ligada a Dogmática Jurídica: a qual, determina o roteiro para o aplicador da norma resolver o conflito existente; sendo necessário interpretar todas as vezes ou seja, sempre, mesmo as normas claras carece de interpretação, para que não exista dúvidas quanto à sua vontade.
	
1.3 Métodos Hermenêuticos e Tipos de Interpretação da Lei
1.3.1. Método - Interpretação Gramatical
	Também chamada literal, filológica ou sintática, refere-se aos elementos puramente verbais da lei, ao real significados de seus termos e períodos que o texto informa. A etimologia e a sinonímia são inestimáveis auxiliares no emprego desse método. Formulada segundo os usos linguísticos da coletividade, verifica tal técnica que o sentido de cada palavra varia no tempo e no espaço. O método gramatical, assim, busca estabelecer a coerência entre o significado, o sentido normativo da lei, e os usos linguísticos
	A interpretação gramatical é a mais antiga técnica de aferir o sentido da lei, esta foi a primeira interpretação dada a norma jurídica uma vez que a primeira tarefa do intérprete é fazer surgir o real sentido gramatical dos termos da lei. O objetivo da interpretação gramatical é eliminar as ambiguidades, os equívocos, as imprecisões, eliminar os vícios de termos técnicos, afirmar o significado das palavras utilizadas no texto normativo, corrigir erros de redação.
	Citando o artigo 334, inciso I, do Código de Processo Civil: “Não dependem de prova os fatos:
	I – notórios;
	(...)
	Outro exemplo e clássico deu-se quando Rui Barbosa recebeu umas condecoração estrangeira. Seus adversários alegaram que ele deveria perder seus direitos políticos, conforme disposição da Constituição de 1891: “os que aceitarem condecorações ou títulos nobiliárquicos estrangeiros perderão todos os direitos políticos”.
	A defesa do jurista recorreu ao método gramatical, demonstrando que o adjetivo nobiliárquico refere-se não apenas a títulos, mas também a condecorações. Ele estaria, assim, proibido de aceitar condecorações nobiliárquicos estrangeira e não uma condecorações simples, como a que aceitara.
	Se a norma se refere por exemplo a veículo, a questão é saber o que é veículo, qual o sentido do vocábulo no texto. A palavra utilizada na norma opera como um instrumento do pensamento. Por essa técnica, que se funda sobre as regras da gramática e da linguística, examina o aplicador ou o intérprete cada termo do texto normativo, isolada ou sintaticamente, atendendo à pontuação, colocação dos vocábulos, origem etimológica etc. 
	Entretanto, a simples análise gramatical não é suficiente para revelar o sentido do texto legal, pois ela, por si só, pode levar o intérprete a conclusões adversas às diretrizes da ordem jurídica. Para se compreender, aprender o real sentido de uma norma é preciso investigar a sua finalidade, o seu objetivo, a sua razão (ratio legis).
1.3.2 Método - Interpretação Lógica
	Como dizia Celso no Digesto, Livro I, fragmento 3,§ 17: “Scire leges non hoc est verba earum tenere sed vim ac potestatem”, isto é, conhecer as leis não é compreender as suas palavras, mas o seu alcance e a sua força...”
	A interpretação lógica funda-se no fato de que o estudo puro e simples da letra da lei conduz a resultados insuficientes e imprecisos, havendo necessidade de investigações mais amplas. Dessa forma, deverá o intérprete confrontar o texto e interpretar com outras disposições legais: o lugar que um artigo ocupa numa lei, o título ou seção no qual se insere podem oferecer prestimoso auxílio. Buscando o real sentido da norma, fundamentando-se em elementos lógicos, que vem a ser a razão da lei (ratio legis) e a ocasião da lei (occasio legis). No mais, a interpretação lógica permite resolver contradições entre termos numa norma jurídica, chegando – se a um significado coerente. Adotando-se o princípio da identidade, por exemplo, não se admite o uso de um termo com significados diferentes. 
	A razão da lei permite-nos conhecer as razões sociais determinantes da norma interpretada, seus elementos históricos circunstanciais, a relação existente entre a norma e a vida social, enfim. Pela intenção da lei afere-se a finalidade, a forma de elaboração desta. Um texto legal pode parecer claro, inquestionável; poderá, contudo, revelar um sentido que não se parenteia deimediato. Quanto à ocasião da lei, consiste no levantamento dos elementos históricos coetâneos destas, pois o clima ideológico predominante na sua elaboração influi decisivamente.
	Exemplo: No artigo 127 do CPC (Código de Processo Civil) brasileiro enseja a interpretação lógica e revela, ao mesmo tempo, a insuficiência da interpretação gramatical; diz o seguinte: “Art. 127. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.
	Têm-se a impressão de que o juiz deve decidir por equidade somente quando autorizado por lei. Teria o legislador adotado orientação de compelir o magistrado a decidir cada caso levando em conta apenas as normas do direito positivo, exacerbação usualmente denominada juridicismo ou formalismo? 
	Parece nos ilógica tal conclusão, pois a equidade é elementos finalístico do próprio Direito (Jus est ars boni et aequi). Logicamente, deduz-se que o legislador pretendeu, no artigo transcrito, firmar a regra de que o juiz decidirá somente por equidade, isto é, pondo de lado a lei escrita, quando autorizado por esta! Decidir por equidade, adaptando a lei ao caso concreto, sempre; decidir somente por equidade, sem amparo na lei, somente com autorização desta!
	Deve o intérprete empregar, harmoniosamente, as técnicas gramatical e lógica; havendo contradição entre ambas, prevalecerá a lógica, tendo-se em vista o artigo 5º da LICC.
	Outro exemplo, de interpretação lógica consta no artigo 295 do Código de Processo Civil, a saber: 
	“Artigo 295, parágrafo único: Considera-se inepta a petição inicial quando:
	(...)
	IV – Contiver pedidos incompatíveis entre si.
	No entendimento da Ilustríssima e Professora Maria Helena Diniz a interpretação lógica: “o que se pretende é desvendar o sentido e o alcance da norma, estudando-a por meio de raciocínios lógicos, analisando os períodos da lei e combinando-os entre si, com o escopo de atingir perfeita compatibilidade”, de sua obra Compêndio de Introdução à Ciência do Direito, 2009, 20ª ed., Editora Saraiva p.439.
	Assim, a interpretação lógica permite o raciocínio lógico, tenta encontrar o pensamento que a lei encerra e tornar clara sua finalidade; busca a razão, a intenção e a ocasião da lei histórica.
1.3. 3 Método – Interpretação Sistemática
	A interpretação sistemática, aquela em que se confronta o texto legal com as outras normas que tratam do mesmo assunto, analisa as normas jurídicas entre si. Pressupondo que o ordenamento é um todo unitário, sem incompatibilidades, permite escolher o significado da norma que seja coerente com o conjunto. Principalmente devem ser evitadas as contradições com normas superiores e com os princípios gerais do direito.
	Esse método impede que as normas jurídicas sejam interpretadas de modo isolado, exigindo que todo o conjunto seja analisado simultaneamente à interpretação de qualquer texto normativo. Não podendo portanto buscar o significado de um artigo, de uma lei ou de um Código. Devendo ser analisados ambos em sintonia com a Constituição e as demais normas jurídicas.
	O sistema jurídico não se compõe de um único sistema normativo, mas de vários, que constituem um conjunto harmônico e interdependente, embora cada qual esteja fixado em seu lugar próprio. Poder-se-á até dizer que se trata de uma técnica de apresentação de atos normativos, em que o hermeneuta relaciona umas normas a outras, até vislumbrar lhes o sentido e o alcance. Precisa-se lembrar que uma das principais tarefas da ciência jurídica consiste exatamente em estabelecer as conexões sistemáticas existentes entre as normas.
	Horst Bartholomeyzik aconselha: na leitura da norma, nunca se deve ler o segundo parágrafo sem antes ter lido o primeiro, nem deixar de ler o segundo depois de ter lido o primeiro; nunca se deve ler um só artigo, leia-se também o artigo vizinho. Deve-se, portanto, comparar o texto normativo em exame, com outros do mesmo diploma legal ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto, pois por umas normas pode-se desvendar o sentido de outras. Examinando as normas, conjuntamente, é possível verificar o sentido de cada uma delas.
	O objetivo da técnica sistemática, primeiramente observar se a norma condiz com o ordenamento jurídico no qual ela está inserida, e o interprete deve observar a estrutura do sistema e a estrutura da Lei maior.
	Na interpretação sistemática, o trabalho de comparação do intérprete vai mais longe, buscando a fixação de princípios norteadores do sistema, para, de seu confronto com a norma, dela extrair o significado que com eles se compatibilidade. Isto porque o Direito não é um aglomerado de preceitos a esmo, mas um conjunto, orgânico e harmônico, de regras que guardam correlação entre si e se reportam a princípios inspiradores mais elevados, os gerais de Direito.
	Exemplos: Artigo 423 do Código Civil:
	“Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas, ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente”.
	Exemplos: Artigo 47 do Código de Defesa do Consumidor:
	“As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
	Conforme os exemplos citados acima a interpretação sistemática é aquela que se apresenta como o mais lógico em termos jurídicos, pois, busca a satisfação do ordenamento jurídico, visto como um todo e não apenas de um determinado instituto jurídico que é apenas parte desse ordenamento que possui como características fundamental a unidade e indivisibilidade.
1.3.4 Método – Interpretação Histórica
	A interpretação histórica verifica a origem da norma, os elementos históricos remotos (origo legis) e próximos (occasio legis), o ânimo dos legisladores, os motivos que os levaram a produzir a lei, ou seja, essa técnica de interpretação procura revelar o estado de espírito dos autores da lei, como já citado acima os motivos que a ensejaram esta, a análise cuidadosa do projeto, com sua exposição de motivos, mensagens do Executivo, atas, informações, debates, etc. 
	Muitos doutrinadores como Savigny e Puchta, demais autores que compartilharam da mesma ideia, baseia-se na averiguação dos antecedentes da norma. Sendo o histórico do processo legislativo, desde o projeto de lei, sua justificativa ou exposição de motivos, emendas, aprovação e promulgação, ou às circunstancias fáticas que a precederam e que lhe deram origem, às causas ou necessidades que induziram o órgão a elaborá-las, ou seja, às condições culturais ou psicológicas sob as quais o preceito normativo surgiu (occasio legis). Como a maior parte das normas constitui a continuidade ou modificação das disposições precedentes, é bastante útil que o aplicador investigue o desenvolvimento histórico das instituições jurídicas, a fim de captar o exato significado das normas, tendo sempre em vista a razão delas (ratio legis), ou seja, os resultados que visam atingir. Essa investigação pode conduzir à descoberta do sentido e alcance da norma.
	 Em suma: a lei vale por aquilo que nela se contém e que decorre, objetivamente, do discurso normativo nela consubstanciado, e não pelo que, no texto legal, pretendeu incluir o legislador, pois, em havendo divórcio entre o que estabelece o diploma legislativo (‘mens legis’) e o que neste buscava instituir o seu autor (mens legislatoris), deve prevalecer a vontade objetiva da lei, perdendo em relevo, sob tal perspectiva, a indagação histórica em torno da intenção pessoal do legislador”.
	Entretanto, a interpretação histórica pode assumir papel de destaque em situações específicas. Sempre que se pretender dar à norma sentido que tenha sido expressamente rejeitado durante o processo legislativo, essa modalidade de interpretação poderá interferir sobremaneira no processo decisivo.
	Exemplo: a questão sobre a EC 20, de 15 de dezembro de 1998, a qual foi promulgada, por decisão dos líderes partidários, sem a autorização de cobrança de contribuição previdenciária sobre os proventos dos inativos. Depois, quando lei federal criou o mesmo tributo, procurando justificá-lo na EC 20, o STF declarou a lei inconstitucional,tendo como um dos fundamentos a interpretação histórica:
 STF, DJU 12.4.2002, ADInMC 2.010/DF, Rel. Min Celso de Mello: “Debates parlamentares e interpretação da Constituição. O argumento histórico, no processo de interpretação constitucional, não se reveste de caráter absoluto, qualifica-se, no entanto, como expressivo elemento de útil indagação das circunstâncias que motivaram a elaboração de determinada norma inscrita na Constituição, permitindo o conhecimento das razões que levaram o constituinte a acolher ou a rejeitar as propostas que lhe foram submetidas”.
	Frisa-se, todavia, que alguns anos depois, a cobrança de contribuição previdenciária de inativos e pensionistas veio a ser determinada pela Emenda Constitucional. 41, de 19.12.2003.
Interessante exemplo sobre a interpretação histórica pode ser extraído do caso V. Olmstead v. United States, relatado na obra do Professor Luís Roberto Barroso:
 “(…) intepretação histórica não evolutiva foi dado pela Suprema Corte americana, ao considerar que interceptação telefônica não violava a 4ª Emenda (que veda provas ilegais e buscas e apreensões sem ordem judicial) porque, quando seu texto foi redigido, em 1791, não existia telefone”.
	Exemplo: o STF decidiu pela não recepção da Lei de Imprensa (Lei 5.260/1967) e o fez ao considerar que esse diploma normativo não poderia ser dissociado do contexto histórico em que fora editado. A interpretação sistêmica parte do pressuposto de que a ordem jurídica é um sistema, e como tal deve ser dotada de unidade e harmonia. A unidade é ditada pela Constituição, enquanto que a harmonia tem de ser mantida pela prevenção e solução de conflitos normativos.
	O direito está organizado em ramos, cada um deles com regulação própria, subsistemas, que devem ser coesos com os demais, sobretudo respeitarem a unidade que a Constituição reclama. Todas as normas devem respeito às normas constitucionais, pois estas ditam os pilares do próprio sistema.
Basta perceber que, quando uma nova constituição entra em vigor, no caso do Brasil, a anterior é ab-rogada, e apenas as leis infraconstitucionais é que poderão, ou não, serem recepcionadas segundo critérios materiais de compatibilidade normativa.
	
1.3.5 Método – Interpretação Sociológica
	Assemelha-se à busca da vontade da lei, concentrado no presente, tenta verificar o sentido das palavras imprecisas analisando os costumes e valores atuais da sociedade, ou seja a interpretação sociológica analisa o contexto social da norma, muitos doutrinadores afirmam que a interpretação histórica e sociológica ambas estão ligada; não há como falar em interpretação histórica sem análise social, como diz FERRAZ Junior: “É preciso ver as condições específicas do tempo em que a norma incide, mas não podemos desconhecer as condições em que ocorreu a sua gênese”. 
	Alguns doutrinadores não diferenciam os dois métodos de interpretação, é traves das análises histórica e sociológica que é possível concluir que uma norma pode ter perdido seu sentido original.
	Após determinar-se um significado válido para a norma e encontrarem-se os fatos a que se refere, resta mostrar que sua aplicação concretizará seus fins sociais e levará ao bem comum, como determina o artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
	Exemplo: Artigo 5 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
	“Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
	Exemplo: Artigo 5º, inciso LIV da Constituição Federal.
	“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
	(...)
	LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;”
	A interpretação como diz Ferrara, não é pura arte dialética, não se desenvolve como método geométrico num círculo de abstrações, mas perscruta as necessidades práticas da vida e a realidade social.
1.3.6 Método – Interpretação Evolutiva
	Marcelo Medina nos ensina que “as normas constitucionais hão de ser entendidas e aplicadas de acordo com as exigências de cada época”. Acerca de exemplos concretos, além da doutrina do habeas corpus, implantada por Rui Barbosa entre meados de 1891 até 1926, a Constituição dos Estados Unidos de 1787 é a grande referência, pois as suas maiores transformações resultaram da constante ação da realidade, refletida em especial nas decisões emanadas do Poder Judiciário.
	Com efeito, na Europa, nos Estados Unidos, baseiam-se e estudam as modificações e evoluções das normas, leis, os preceitos normativos brasileiro, usando assim exemplos dessa evolução que alcança o sentido normativo. 
	Não há como fala em interpretação evolutiva senão citarmos a interpretação histórica e sociológica, pois na prática, a busca de sentido efetivo na circunstancia atual ou no momento de criação da norma, mostra que ambos se interpenetram. Daí, às vezes, a ideia de uma interpretação histórico-evolutivo. É preciso ver as condições especificas do tempo em que a norma incide, mas não se pode desconhecer as condições em que ocorreu a sua gênese.
	Exemplos: TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 2716002520095020 SP 02716002520095020027 A20 (TRT-2)
Data de publicação: 06/12/2013
Ementa: OPERADORA DE TELEMARKETING. JORNADA REDUZIDA DE SEIS HORAS DIÁRIAS E/OU TRINTA E SEIS SEMANAIS. APLICAÇÃO DO ART. 227 DA CLT. INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA E AMPLIATIVA DA NORMA CONSOLIDADA. A moldura fática traçada no processado (exercício pela autora da função de operadora de telemarketing) atrai a incidência da jornada reduzida fixada no art. 227 da CLT, à luz da interpretação evolutiva e ampliativa da norma consolidada (art. 8º da CLT c/c os artigos 4º e 5º da LINDB) e em razão da própria natureza expansionista e tuitiva das normas trabalhistas (art. 7º , caput, da CRFB ), de molde a abarcar a maior quantidade possível de situações fáticas que se amoldam analogicamente à previsão seletaria protetiva, a exemplo do caso em apreço. Com efeito, o operador de telemarketing, tal como o telefonista, ocupa-se primordialmente no atendimento telefônico, submetendo-se, portanto, a idêntico desgaste biopsíquico, razão por que a jornada de trabalho deve ser reduzida a fim de compensar a maior penosidade deste tipo de labor. Por tais fundamentos, dá-se provimento ao recurso da reclamante para, ampliando-se a condenação, reconhecer o direito à jornada reduzida do art. 227 da CLT, restando, “ipso iure”, devido o pagamento das horas excedentes da 6ª diária e 36ª semanal.
	Exemplo: TRF-3 - APELAÇÃO CÍVEL AMS 10390 SP 0010390-31.2000.4.03.6104 (TRF-3)
Data de publicação: 12/07/2013
	Ementa: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO. ART. 557, § 1º, DO CPC. MANDADO DE SEGURANÇA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ARTIGO 150, VI, D, DA CF. MATERIAL DIDÁTICO DESTINADO EM ENSINO DE LÍNGUA INGLESA. ACESSÓRIOS MULTIMÍDIA. INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA. I. A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal serve ao fomento da educação e da cultura, essenciais ao desenvolvimento nacional - um dos objetivos fundamentais da República. II. Nesse aspecto, autoriza-se a aplicação de técnicas interpretativas ao art. 150, VI, d, da Constituição Federal, isso porque, a imunidade tributária conferida tem o escopo de impedir a oneração de tributos sobre o acesso do cidadão à informação e a cultura. III. Em observância à técnica de interpretação evolutiva estabelecida pela jurisprudência desta Egrégia Corte Regional, de rigor a extensão da pleiteada imunidade tributária aos componentes multimídia, tais como, CD-ROM, fitas cassete e de vídeo e CDs, que acompanham o material didático impresso. Precedentes. IV. Agravo legal da impetrante provido.
1.3.7 Método – Interpretação Teleológica
	A técnica teleológica procura o fim, a ratio do preceito normativo, (telos – fim)para a partir dele determinar o seu sentido, na verdade,qualquer interpretação deve levar em conta a finalidade para a qual a norma foi criada, e nem sempre é fácil identificar a finalidade de uma norma, mas uma vez que ela seja determinada, constrói-se um parâmetro, no qual a interpretação deve enquadrar-se.
	Com efeito, o sentido normativo requer a captação dos fins para os quais se elaborou a norma, exigindo, para tanto, a concepção do direito como um sistema, a apelo às regras da técnica lógica válidas para séries definidas de casos, e a presença de certos princípios que se aplicam para séries indefinidas de casos, como a boa-fé, o da exigência de justiça, o do respeito aos direitos da personalidade, o da igualdade perante a lei, etc. Assim é, porque se coordenam todas as técnicas interpretativas em função da teleologia que controla o sistema jurídico, visto que a percepção dos fins exige não o estudo de cada norma isoladamente, mas sua análise no ordenamento jurídico como um todo.
	Assim, o objetivo dessa interpretação é averiguar a finalidade da norma, estabelecer um direcionamento interpretativo para todos os artigos daquela norma; Para que a norma em análise foi criada?
	Carlos Maximiliano aponta algumas regras norteadoras do emprego do processo teleológico:
1) as normas conformes no seu fim devem ser idêntica execução, não podendo ser entendidas de modo que produzam decisões diferentes sobre o mesmo objeto;
2) se o fim advém de várias normas, cada uma delas deve ser compreendida de maneira que corresponda ao objetivo resultante do conjunto;
3) deve-se conferir ao texto normativo um sentido que resulte haver a norma regulado a espécie a favor e não em prejuízo de quem ela visa proteger;
4) os títulos, as epígrafes, o preâmbulo e as exposições de motivos da norma auxiliam a reconhecer o seu fim.
	Ressalta Zweigert, na teoria jurídica interpretativa, onde existem várias e diversas técnicas, e que as mesmas não operam isoladamente, não se excluem reciprocamente, antes se completam, não há hierarquização segura das múltiplas técnicas de interpretação devido a sua relação recíproca. Não são cinco técnicas de interpretação, mas operações distintas que devem atuar conjuntamente, pois todas trazem sua contribuição para a descoberta do sentido e alcance da norma.
	Os fatores verbais aliam-se os lógicos e com os dois colaboram, pelo objetivo comum, o sistemático, o histórico e o sociológico ou teleológico, pois o ato interpretativo é complexo, não que deve ser empregadas todas as técnicas de interpretação simultaneamente, pois uma pode dar mais resultado do que a outra. Todos os exageros são condenáveis, não se justificando qualquer exclusivismo. Para compreendermos melhor, a interpretação é uma, não se fraciona, é tão-somente, exercida por vários processos ou técnicas que conduzem a um resultado final: a descoberta do alcance e sentido da disposição normativa.
	Miguel Reale pondera a esse respeito:
 “Toda interpretação jurídica é de natureza teleológica fundada na consistência valorativa do direito, operando-se numa estrutura de significações e não isoladamente, de modo que cada preceito normativo significa algo situado no todo do ordenamento jurídico. A norma portanto, deverá ser interpretada no conjunto da ordenação jurídica, implicando a apreciação dos fatos e valores que lhe deram origem, mas também a dos supervenientes”. 
	Tendo essa visão interpretativa e retrospectiva da norma, reconhece-se ao intérprete o papel de criação epistemológico, e ao aplicador, o de criação real no processo hermenêutico.
	Exemplo: Ao se interpretar qualquer artigo do Código de Defesa do Consumidor, não se pode esquecer das finalidades dessa lei, quais sejam:
A proteção ampla do consumidor;
A presença, no mercado de consumo;
Da verdade e da transparência no que se refere à qualidade dos produtos e serviços;
Bem como ao arquivo de dados do consumidor;
Informações claras e ostensivas que integrem todas as relações instauradas;
Respeito à dignidade do consumidor no trato pessoal;
Oportunidade de escolha, ao consumidor, de fornecedores de produtos e serviços, devendo para isso o consumidor atuar de forma racional e crítica diante daquilo que lhe é oferecido no mercado; etc.
	A interpretação de qualquer artigo não pode desconsiderar tais fins prescritos em lei, levando em consideração o fato de que, além da finalidade específica de cada norma jurídica, todas elas estão submetidas a fins maiores e irrenunciáveis. Fins estes amplos e genéricos, postos como princípios que norteiam todo o sistema jurídico, tais como o princípio fundamental de fazer justiça, respeitar a dignidade do homem, atender ao bem comum, etc. 
	Exemplo: Artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor
	“Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”.
	Pergunta-se: Como fazer a cobrança do devedor sem submetê-lo a constrangimento? Qualquer ação de cobrar constrange?
	O ato de cobrar um débito constitui exercício regular de um direito do credor, garantido enquanto exercício regular pelo Código Civil:
	Artigo 160, I do Código Civil: 
	“Não constituem ato ilícitos:
	I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”
	O credor tem o direito garantido de cobrar o consumidor inadimplente. Pode protestar o título por ele emitido e não pago, ou ingressar com ação de cobrança judicial; tal ação pode ser a de execução com a penhora de seus bens, que posteriormente serão leiloados judicialmente etc.
	Se o credor pode o mais (protestar títulos, ingressar com ação judicial, penhorar bens, etc.), pode o menos, que é cobrar o devedor por telefone, por carta, por notificação etc. assim, a figura do ridículo e constrangimento presentes, pois ser cobrado é constrangedor.
	Resolve-se a questão com o artigo 71 do Código de Defesa do Consumidor, que tipifica o crime de cobrança ilegal.
	“Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
	Pena – Detenção de três meses a um ano de multa”.
	O termo “injustificadamente” é que aponta o caminho da resposta.
	A existência do constrangimento e do ridículo é aceita pelo CDC. O que não se admite é o abuso do direito (ameaça ilegal, coação ilegal, constrangimento físico ou moral ilegais; por exemplo: colocar cartaz com o nome do devedor no seu local de trabalho), ou uso de afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou procedimento que “injustificadamente” exponha a ridículo o consumidor; ou ainda, que interfira “injustificadamente” com seu trabalho, descanso ou lazer.
	Havendo justificativa regular e legal, não há problema em constranger ou expor ao ridículo o consumidor.
	Concluindo neste caso, o uso de várias regras de interpretação: 
A gramatical, qual o sentido de constrangimento ilegal?
A lógica, quem pode o mais pode o menos;
A sistemática, uso de mais de um artigo do mesmo subsistema legal, o Código de Defesa do Consumidor, em combinação com outro artigo de outra norma jurídica, o artigo 160, inciso I do Código Civil;
A teleológica, encontrar o fim da norma, que é cobrar sem excessos, falando a verdade, etc.
1.3.8 Método – Interpretação Axiológica
	A interpretação axiológica busca explicitar os valores que serão concretizados pela norma, valorar determinados aspectos da norma que precisam ser destacados; este método anda lado a lado com o método teleológico: definem diretrizes de interpretação.
	Exemplo: Código de Defesa do Consumidor;
	Proteção do Consumidor;
	Presença de informações claras sobre o produto de consumo.
	Qual é mais importante?!
	À saber, com todas as interpretações hermenêuticas, o Direito tem de servir à uma sociedade mais digna e justa, à valorização da ética, à prevalência da solidariedade social sobre o individualismo, segundo os vetores axiológicos que norteiamtodo o sistema jurídico.
	Tendo uma boa interpretação, chega-se a um fim, a um significado jurídico (métodos gramatical, lógico e sistemático) para a norma legal, demonstra seu alcance social (métodos históricos e sociológicos) e sua efetividade (métodos teleológicos e axiológicos). Ela deve cessar no momento em que o conflito puder ser resolvido por uma decisão (setença).
	
1.4 TIPOS DE INTERPRETAÇÃO 
	O resultado de um processo é um dos tipos de interpretação que veremos a seguir: literal ou declarativa, restritiva e extensiva. Para sua compreensão devemos classificar as palavras como códigos fraco ou códigos forte. Uma palavra é um código forte se seu significado corresponder a um fenômeno determinado (Exemplo: Agravo de Instrumento é um tipo único de Recurso); será código fraco se seu significado referir-se a mais de um fenômeno (Exemplo: Tributo é um conceito que pode referir-se a várias coisas, como contribuição, imposto, taxa).
	Métodos de interpretação da norma, que anteriormente estudamos, buscam fixar o sentido e o alcance da norma. Veremos agora os tipos de interpretação, que diz respeito aos efeitos da norma interpretada.
	Qual a consequência trazida pelo ato interpretado?
	O seu resultado é obtido a partir da interpretação da norma.
	Existindo três tipos – Declarativa, Restritiva e Extensiva.
1.4.1 Interpretação Declarativa
	Ter-se-á a interpretação declarativa ou especificadora, apenas quando houver correspondência entre a expressão linguístico-legal e a “voluntas legis”, sem que haja necessidade de dar o comando normativo um alcance ou sentido mais amplo ou mais restrito. Tal ocorre porque o sentido da norma condiz com a sua letra, de modo que o intérprete e o aplicador tão somente declaram que o enunciado normativo contém apenas aqueles parâmetros que se depreendem de sua letra.
	Também conhecida como especificadora a interpretação declarativa, sendo mais sucinta, onde o intérprete se limita a declarar o sentido exato da norma jurídica, da qual o intérprete não pode se afastar, mas apenas declarar o pensamento nela expresso pelo legislador, ou seja, é o trabalho rotineiro e normal do intérprete e a fixação do sentido e do alcance da norma.
	A lição de Tércio Sampaio Ferraz Jr. é relevante:
“Uma interpretação especificadora parte do pressuposto de que o sentido da norma cabe na letra de seu enunciado. Tendo em vista a criação de condições para que os conflitos sejam decidíveis com um mínimo de perturbação social (questão de decidibilidade), a hermenêutica vê-se pragmaticamente dominada por um princípio de economia de pensamento. Postula, assim, que para elucidar o conteúdo da norma não é necessário sempre ir até o fim de suas possibilidades significativas, mas até o ponto em que os problemas pareçam razoavelmente decidiveis. Era esse, provavelmente, o propósito de um famoso aforismo jurídico, hoje menos citado, segundo o qual “in claris cessat interpretatio”.
	Exemplo: Artigo 150, §1º do Código Penal.
	“Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
	Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa.
	§ 1º. Se o crime é cometido durante a noite, ou em um lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
	Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente à violência.
	
	Exemplo: Artigo 141 e inciso III do Código Penal:
	“As penas cominadas nesse Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:”
	III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria
	Não há ampliação e nem restrição do texto, para facilidade de consulta do leitor, eis os artigos citados, in verbis, diz.	Assim a interpretação declarativa reconhece que o texto da norma coincide com o espírito desta, limitando-se, por definição, a declarar o próprio texto legal, sem entender seu sentido a situações não previstas.
1.4.2 Tipos – Interpretação Restritiva
	A que subordina os termos da lei ao que ela realmente exprime; limita o alcance das palavras contidas na norma em seu real sentido, procura restringir o texto que foge aos limites desejados pelo legislador. Subordina os termos da lei à esfera do pensamento que o legislador realmente desejou exprimir. Com efeito, por vezes a linguagem da lei diz mais do que o pretendido: “lex scripta minus voluit”. 
	A interpretação restritiva limita, então o alcance das palavras da lei ao seu sentido real.
	Exemplos: Artigo 114 do Código Civil:
	“Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.”
	
	Exemplos: Artigo 293 do Código de Processo Civil:
	“Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.”
	Exemplo: O caso abaixo demonstra existência de interpretação restritiva:
	Vejamos o texto legal:
	Lei nº 9.249/95 – Trata do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica
	Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos artigos 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
	§ 1º. Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
	III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
	a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;
	Agora leiam a ementa do acórdão abaixo:
	RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. CLÍNICA RADIOLÓGICA. SERVIÇOS HOSPITALARES. DIFERENCIAÇÃO. 1. A clínica médica que explora serviços de radiologia, ultrassonografia e ressonância magnética, sem internação de paciente para tratamento, não pode ser considerada como entidade hospitalar para os fins previstos no art. 15, § 1º, inciso III, alínea “a”, da Lei nº 9.240, de 26.12.1995. 2. Inexistência de dúvida sobre o tipo de serviço prestado pela recorrente. 3. Por entidade hospitalar deve se entender o complexo de atividades exercidas pela pessoa jurídica que proporcione internamento do paciente para tratamento de saúde, com a oferta de todos os processos exigidos para prestação de tais serviços ou do especializado. 4. Impossibilidade de se interpretar extensivamente legislação tributária que concede benefício fiscal. 5. Recurso especial não-provido. (STJ - REsp 832906 / SC –rel. Ministro JOSÉ DELGADO - DJ 27.11.2006 p. 244)
	Percebam que na decisão do STJ acima entendeu-se por bem restringir o sentido do termo “serviços hospitalares” excluindo-se serviços de radiologia, ultrassonografia e ressonância magnética, sem internação de paciente para tratamento. Ora, trata-se de uma regra de exceção, pois a alínea a, do inciso III, do art. 15, dispõe que a alíquota do imposto de renda de pessoa jurídica será de 8% sobre a renda mensal bruta, e de 32% em casos de prestação de serviços em geral, excetuando-se os serviços hospitalares, que teriam a mesma alíquota de 8% prevista no “caput” do artigo. Ocorre que muitas pessoas jurídicas tentaram fazer com que serviços de radiologia, ultrassonografia e ressonância magnética, sem internação de paciente para tratamento, fossem incluídas no termo serviços hospitalares, com a intenção de que sofressem uma tributação de 8% sobre a renda bruta, e não 32%. O STJ houve por bem interpretar restritivamente o dispositivo, e excluir tais serviços da expressão serviços hospitalares, possibilitando, assim, que o fisco cobrasse os 32%.
	Vejam que a tarefa do intérprete não é simples. Uma expressão aparentemente simples “serviços hospitalares” acaba se revelando de uma abertura semântica exacerbada, que merece restrição, levando-se em consideração a finalidade da regra e os fatores sociais que envolvem a demanda. Caso considerássemos que a expressão engloba todo e qualquer tipo de consulta médica, haveria a diminuição do patrimônio público, pois as clínicas médicas contribuiriam aos cofres públicos com 8% de sua renda, enão 32%. Por mais nobre que seja a atividade referente à serviços de radiologia, ultrassonografia e ressonância magnética, tem-se que, via de regra, as clínicas médicas possuem renda alta (considerando-se o ganho médio da população brasileira), o que faz com que seja necessário compeli-los a pagar imposto maior.
1.4.3 Tipos – Interpretação Extensiva
	Quando se requer a ampliação do alcance das palavras da lei, quando o texto diz menos do que pretendia o legislador, “lex minus dixit quam voluit”; não expressando sua vontade na extensão que desejara. Abrange casos que, mesmo cabíveis em sua mensagem, fogem do enquadramento na expressão verbal, essa técnica de interpretação amplia o alcance dos termos puramente literais da norma, abrangendo casos que, mesmo cabíveis em sua mensagem, acham-se fora de sua expressão verbal, por ser o pensamento mais amplo que as palavras.
	Existem duas situações:
	1ª Quando a norma diz menos do que deveria dizer. A extensão vai até o sentido literal da norma.
	2ª Quando há lacunas na lei. A extensão vai além do sentido literal da norma.
	Exemplos: Artigo 3º do Código de Processo Penal:
	“A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.”
	Exemplos: Artigo 51, IV da Lei 6.649 de 16.05.1979 (antiga Lei do Inquilinato), já revogada pela atual Lei do Inquilinato Lei n. 8.245 de 18.10.1991, e Lei n. 12.112, de 9.12.2009.
	“O proprietário pode pedir o prédio para uso próprio”
	Pergunta-se: O usufrutuário pode pedir o prédio para uso próprio?
	Sim. Ele possui o uso e gozo da propriedade.
	Referindo-se ao problema suscitado pela norma o “proprietário tem direito de pedir o prédio para seu uso”, André franco Montoro adverte quanto às técnicas de interpretação extensiva e restritiva: “ Uma aplicação desses processo pode ser indicada no caso da norma o proprietário tem direito de pedir o prédio para o seu uso, constante da Lei do Inquilinato. A interpretação corrente desse texto inclui o usufrutuário entre os que podem pedir o prédio para uso próprio, porque a intenção da lei é, claramente, a de incluir aquele que tem sobre o prédio o direito real de usufruto. Assim, devemos adotar no caso a interpretação extensiva, que amplia o entendimento da norma, de modo a dizer: “Tem direito de pedir o prédio par seu uso o proprietário e aquele que esteja nas condições de proprietário, o que abrange o usufrutuário.
	Resta advertir que a interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica, pois esta somente ocorre quando uma cláusula genérica se segue a uma fórmula casuística, devendo entender-se que aquela somente inclui os casos análogos mencionados por esta.
	Exemplos: Crime de sequestro:
	Utiliza-se a mesma pena de roubo. Neste caso, a interpretação extensiva se dá pela analogia: comparamos um caso particular regulamentado com o novo caso semelhante àquele.
	Suma a importância dos métodos de interpretação, pois os métodos servem para determinar o sentido e o alcance da norma, pois o sentido é o significado da norma, o alcance a quem ela se dirige.
REFERENCIAS
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Acquaviva. 4º ed. São Paulo: ed. Rideel, 2010. p. 480-483.
DIMOULIS, Dimitri. Manual de introdução ao estudo do direito. Ed. RT. 2003. p. 157-178.
DINIZ, Maria Helena. Compendio de introdução à ciências do direito. 20º ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 438-445.
GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário técnico jurídico. 14ª ed. São Paulo Ed. Rideel, 2009. p. 398-399.
JUNIOR, Tércio Sampaio Ferraz. Introdução ao estudo do direito. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1994. p. 287-297.
NUNES, Rizzato. Manual de introdução ao estudo do direito. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 282-294.

Outros materiais