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A IMPORTÂNCIA DO SETOR DE RECURSOS HUMANOS NAS EMPRESAS FAMILIARES PRISCILA RODRIGUES RAMOS PREGNOLATO RESUMO As empresas familiares têm enfrentando diversos desafios até obter um diferencial e alcançar o sucesso desejado. Uma das grandes dificuldades observadas muitas vezes é a falta de profissionalismo de membros da família em muitos cargos de gestão. Nesse sentido, o presente artigo tem o intuito de contribuir para a boa gestão da empresa familiar, para isso, foi realizada pesquisa bibliográfica e pesquisa com diagnostico e sugestões que se caracteriza como estudo de caso. A pesquisa comprovou que a administração profissional de recursos humanos se faz necessário nas empresas familiares para o sucesso da organização. Diante dessa nova cultura voltada para a gestão de pessoas e a excelência no trabalho, esse projeto contribuirá para o entendimento sobre a importância da boa gestão de pessoas nas empresas familiares. Palavras-chave: Recursos humanos, empresas familiares, gestão. 1. INTRODUÇÃO As empresas familiares têm ganhado destaque no mercado competitivo, pois têm gerado muitos empregos, além desse perfil de empresa possuir muita flexibilidade e agilidade para imediata adaptação as novas tecnologias. Conforme Borges (2012) as empresas familiares têm sido objeto de interesse crescente nos últimos anos. Organizações como estas podem ser encontradas em diversas partes do mundo, possuindo grande representatividade no mercado e importante repercussão social e econômica, tanto em termos de geração de emprego como em termos de geração de renda. Sendo assim, esses que detém o poder nas empresas familiares precisam entender a importância do setor de recursos humanos na empresa, para o crescimento e valorização de seu pessoal. Para que seja implantado um setor de recursos humanos na organização o diretor precisa avaliar o perfil e segmento de sua empresa, e então estruturar um setor de recursos humanos visando estrategicamente o desempenho e o desenvolvimento humano. O estudo tem por objetivo analisar como é a gestão de recursos humanos nas empresas familiares, e explorar a evolução histórica dos recursos humanos, bem como conceituar as empresas familiares para que se obtenha maior conhecimento e informação da área e apresentar a importância da gestão de recursos humanos nas empresas familiares. Diante desses aspectos o artigo mostra que é importante o profissional de recursos humanos nas empresas familiares, pois estará gerando retorno positivo para o crescimento da organização, visto que nos dias de hoje essa é uma área que não pode deixar de existir na empresa. Para a realização do artigo, buscou-se analisar referencias bibliográficas que mostram como a gestão de recursos humanos pode ser um diferencial estratégico nas empresas familiares, aplicou-se um questionário, como forma de gerar dados para analisar e interpretar as informações através da opinião dos profissionais da empresa X de Vitoria/ES, visando identificar possíveis propostas de melhorias. A pesquisa teve uma amostra de 30 pessoas dos 50 profissionais que trabalham diretamente na empresa, a aplicação aconteceu no mês de julho de 2016. E Foi realizada também uma pesquisa exploratória em trabalhos anteriores, desenvolvidos com esse contexto. 2. DESENVOLVIMENTO Observaremos que o departamento de Recursos Humanos quando nasceu no século XX, tinha um conceito contábil, e foi evoluindo agregando a esse departamento a legislação trabalhista, modelo tecnicista de posicionamento hierárquico e vem evoluindo até os dias de hoje, em que já se chama de gestão de pessoas ou gestão de talentos. Assim afirma (CHIAVENATO, 2000), que com a evolução da administração de Recursos Humanos, criaram-se várias denominações ao longo do tempo. No passado as expressões utilizadas eram: administração de pessoal, relações industriais e relações humanas. Mais recentemente tem-se: administração de Recursos Humanos, desenvolvimento de Recursos Humanos e comportamento organizacional. A administração de Recursos Humanos tem sua origem no início do século XX, após o forte impacto da Revolução Industrial, com a denominação Relações Industriais. Surgiu como uma atividade mediadora entre as organizações e as pessoas, para abrandar ou diminuir o conflito industrial entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas. Esses objetivos, até então eram considerados incompatíveis e totalmente irreconciliáveis. CHIAVENATO (2002, p. 19) A Gestão de Pessoas antes era baseada em modelos de: Ford e Taylor, que eram controladores; surgindo em contraposta: o desenvolvimento mútuo – tanto do trabalhador quanto da organização, forçando a necessidade de rever conceitos que não se enquadram nas empresas atuais (FOGARI e TEIXEIRA, 2012). Segundo Lacombe e Tonellim (2001), essa evolução na forma de olhar o capital humano foi necessária para acompanhar as mudanças de mercado dos últimos anos. Ulrich (1998), afirma que essa transformação adiciona valor aos processos de trabalho e que o departamento de recursos humanos é a chave para tudo isso, além de ser encarregado de despertar o interesse dos funcionários e trazer maior eficiência para a organização. Conforme Volberda et al. (2011), a competitividade estratégica é alcançada quando uma empresa formula e implementa com sucesso uma estratégia de criação de valor. A estratégia é uma abordagem integrada e coordenada, um conjunto de compromissos e ações destinadas a desenvolver e explorar as competências essenciais e ganhar uma vantagem competitiva. Assim, entende-se a gestão de recursos humanos nas empresas familiares, como uma vantagem competitiva. A área de recursos humanos vem evoluindo e ganhando cada vez mais importância para a empresa, para esquematizar, foi inserido um quadro explicativo da evolução do trabalho paralelo à evolução de recursos humanos. Essa trajetória da fase do trabalho manual, que pode ser justificada pela historia da organização humana como a evolução de formas de trabalho desenvolvidas pelas pessoas (BASS, 1994). Nesse sentindo, fica expresso que se organizar é vital para o trabalho humano, e que a organização se tornou necessária com o passar do tempo porque os trabalhos começaram a ser de larga escala e complexos, políticas começaram a serem estabelecidas, decisões relevantes a serem tomadas, pessoas e propriedades a serem protegidas, e tudo isso porque, entre todas essas coisas, a organização reduziu a incerteza do desempenho das pessoas e a distribuição de recursos para completar os esforços integrados (BASS, 1994). Os recursos humanos podem ser considerados como um departamento específico das empresas, que deve preocupa-se com: descrição e análise de cargos, planejamento de Administração do Recurso Humanos, recrutamento e seleção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempenho, remuneração, treinamento e desenvolvimento, relações sindicais, segurança, saúde e bem-estar, etc (CHIAVENATO, 2004). No Brasil, segundo Brandão (2004), o setor de RH tem como marco principal a década de 30, ressaltando a efetivação da base econômica industrial e a consolidação do papel nas relações de trabalho. Cria-se nesse período o Ministério do Trabalho e a CLT (Consolidações das Leis Trabalhistas), a partir disso surge o setor de departamento de pessoal para controlar a aplicação dessa legislação. (CHIAVENATO, 2003), diz ainda que “No Brasil, a administração de Recursos Humanos é considerada uma área relativamente nova, pois o profissional de Recursos Humanos é encontrado nas grandes organizaçõese raramente nas médias”. Por outro lado, sabe- se que a administração de Recursos Humanos pode ser aplicável em qualquer tipo de organização, sendo necessária apenas uma conscientização dos executivos em relação à sua importância. Nos dias atuais, observamos o salto que esse departamento teve com o reconhecimento de sua relevância na empresa e de como é fundamental a presença de um gestor de recursos humanos dentro de qualquer organização. Com isso, Ulrich (1998) afirma que, se as estratégias futuras para criação de valor tendem a vir da área de RH, novos papéis terão de ser definidos para os profissionais dessa área. Sendo assim, percebe-se que entre as funções do Gestor de RH, está também a de gerenciar as mudanças inerentes ao setor, para tornar a empresa cada vez mais competitiva e flexível a novos desafios. 2.1 Empresas Familiares Atualmente o destaque das empresas familiares no cenário econômico ocasionou os interesses de estudiosos, levando-os a indagar as peculiaridades destas organizações, que diferencia em vários aspectos das organizações não familiares. Segundo Oliveira (2010): Talvez alguém possa afirmar que a empresa familiar é igual a toda e qualquer empresa; entretanto, isto não é verdade, pelo simples fato de que uma estrutura familiar, quando alocada em uma empresa, leva uma série de abordagens e interações que são realidades especificas de uma família, o que provoca certas particularidades de atuação na empresa familiar (OLIVEIRA, 2010, p. 9). Contudo é relevante a boa gestão de recursos humanos também na empresa familiar que tem suas peculiaridades e às vezes uma estrutura organizacional diferenciada da empresa não familiar, mas para o sucesso da organização, torne-se fundamental conhecer sobre a gestão da empresa familiar e seu contexto conceitual. 2.1.1 Conceitos Inicialmente é fundamental esclarecer a conceituação de empresas familiares, de modo que para Passos et al (2006), a empresa familiar é marcada por ser controlada por sócios, estes pertencentes a uma ou mais famílias, ou seja, este tipo de controle societário da organização pertence aos seus fundadores ou seus descendentes. Tem- se também a empresa multifamiliar, que é composto por duas ou mais famílias de diferentes origens, mesmo havendo afinidade ou complementaridade profissional apresentada em sua constituição. Os laços de família constituem um fator, entre outros, que determina a sucessão nos cargos administrativos; esposas ou filhos dos atuais ou antigos dirigentes máximos encontram-se no conselho administrativo; as ações praticadas por um membro da família refletem-se na reputação da empresa, independentemente de sua ligação na administração; a posição do parente na firma influi em sua situação na família; cada membro da família precisa chegar a um acordo quanto às suas relações com a empresa ao determinar sua própria carreira a seguir (DONNELLEY, 1976). Para Donelley (1976), afirma ainda que “a companhia é considerada familiar, quando está perfeitamente identificada com uma família há pelo menos duas gerações e quando essa ligação resulta numa influência recíproca na política geral da firma e nos interesses e objetivos da família”. Para tanto, são necessárias algumas características como: laços familiares; esposa e/ou filhos no conselho administrativo; valores institucionais da firma próximos aos da família; ações praticadas por membros da família que afetem a empresa; parentes com sentimento de adquirir ações da empresa, principalmente em caso de falência; a posição do parente na empresa influi na situação familiar; os membros da família precisam definir suas relações com a empresa para saber que caminho seguir. Entretanto, podemos considerar que a empresa familiar também é aquela em que, a sucessão está ligada ao fator hereditário. Lodi (1998) acredita, por sua vez, que o conceito de empresa familiar nasce com a segunda geração de dirigentes, pois enquanto está nas mãos de um fundador a empresa se caracteriza por um negócio pessoal. Nas empresas familiares, conforme Oliveira (2010) sucessão é um processo planejado e estruturado, envolvendo todos os componentes da família. Onde, a sucessão, é o processo de transição do fundador ou do gestor da atual geração no círculo familiar, do patrimônio e da empresa para a gestão de uma nova geração. Além disto, há diferentes opiniões que devem ser levadas em consideração neste processo, como a opinião da família, dos herdeiros não sucessores, do gerente não familiar, do sucessor na gestão e do sucedido. 2.2 Características das Empresas Familiares A estrutura organizacional precisa ser planejada com o objetivo de atender à missão empresarial por meio da eficiência e eficácia. No entanto, apesar de estudos sobre as características das empresas familiares serem recentes, a realidade muitas vezes perceptível nesse tipo de empreendimento é, geralmente, focada e centralizada no líder fundador o que acaba criando, às vezes, desequilíbrios para o que venha a ser uma boa gestão de planejamento para a instituição, como exemplifica Macedo (2009, p. 30): A complexidade da gestão na empresa familiar é muito maior que na não familiar, pois na primeira existe o envolvimento emocional dos membros da família que fazem parte da gerência, enquanto na outra as emoções não se misturam com relações familiares. Geralmente, quando pessoas são indagadas com a pergunta sobre as coisas mais importantes em suas vidas, uma resposta que quase imediatamente vem à mente é a família e o trabalho. Mas, e quando a questão envolve essas duas combinações, isso pode acabar sendo algo conflitante. As empresas possuídas e administradas por famílias constituem uma forma organizacional peculiar, cujo caráter especial tem consequências positivas e negativas. Elas extraem uma força especial da história, da identidade e da linguagem comum às famílias; suas tradições e valores brotam de uma fonte comum. Assim, as empresas familiares podem parecer mais complicadas se tomarmos uma posição mais superficial. Mas, olhando em seus aspectos mais minuciosamente verificamos que elas são decisivas para a saúde da nossa economia e a satisfação de milhões de pessoas. Para Lodi (1998), o problema não é a família em si atrapalhando a empresa, ou vice- versa, mas a ignorância em relação aos conflitos deste relacionamento e a falta de um código de relações, onde são estabelecidos direitos e deveres entre os sócios que compõem a sociedade. Observa-se que as Empresas Familiares possuem fortes características que as diferenciam das demais formas de organização empresarial. Segundo Bernhoeft (1987) a empresa familiar é muito mais do que o grau de parentesco envolvido, e os pontos que a caracterizam são: Forte valorização da confiança mútua, independente de vínculos familiares; Laws afetivos extremamente fortes influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da organização; Valorização da antiguidade como atributo que supera a exigência de eficácia ou competência; Exigência de dedicação ("vestir a camisa"), caracterizada por atitudes tais como não ter horário para sair, levar trabalho para casa, dispor dos fins de semana para convivência com pessoas do trabalho etc. Postura de austeridade, seja na forma de vestir, seja na administração dos gastos; Expectativa de alta fidelidade, manifestada através de comportamentos como não ter outras atividades profissionais não relacionadas com a vida da empresa; Dificuldades na separação entre o que é emocional e racional, tendendo mais para o emocional; Jogos de poder, onde muitas vezes mais vale a habilidade política do que a capacidade administrativa. Conforme Oliveira (2010) é evidente a intenção de, a partir da 3ª Geração Familiar, ser necessários requisitos mínimos para fazer parte da empresa, valorizando-se a qualificação e a experiência em outras organizações. Lodi (1998) afirma que profissionalizar é o processo pelo qual uma organização familiar ou tradicional assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas, é o processo de integração de gerentes contratados no meio de administradores familiares; é a substituição de métodos intuitivos por métodos impessoais e racionais; é a substituição de formas de contratação de trabalho arcaicas ou patriarcais por formas assalariadas; é recorrer quando necessário ao auxílio de consultores para auxiliar a resolução de problemas. O autor enfatiza ainda alguns pontos considerados como forças da empresa familiar: A lealdade dos empregados é mais acentuada dentro deste tipo de empresa. O nome da família pode ter grande reputação na região, no estado, ou no país inteiro. A escolha correta do sucessor na direção do negócio, causa um grande respeito pela empresa. A união entre os acionistas e os dirigentes, facilita a comunicação entre a Diretoria Executiva, o Conselho de Administração e a Assembleia dos Acionistas, e também faz com que, mesmo nos momentos de perdas, os acionistas sustentem a empresa. O sistema de decisão é mais rápido. A sensibilidade social e política do grupo familiar influenciam os interesses nacionais e regionais. As gerações familiares em sucessão permitem uma troca de união entre o passado e o futuro. Qualquer pessoa em uma empresa familiar pode ser colocada em um dos sete setores formados pelos círculos superpostos dos subsistemas. Por exemplo, todos os proprietários (sócios e acionistas), e somente eles, estão no círculo superior. Analogamente, todos os membros da família estão no círculo inferior esquerdo e todos os funcionários, no círculo inferior direito. Uma pessoa com somente uma conexão com a empresa estará em um dos setores externos 1, 2 ou 3. Por exemplo, um acionista que não é membro da família nem funcionário pertence ao setor 2 – dentro do círculo de proprietários, mas fora dos outros. Um membro da família que não é nem proprietário nem funcionário estará no setor 1. (GERSICK, 1997). Segundo Gersick (1997, p. 7) esse sistema é uma ferramenta muito útil para a compreensão da fonte de conflitos interpessoais, dilemas de papéis, prioridades e limites em empresas familiares. A especificação de papéis e subsistemas diferentes ajuda a derrubar as complexas interações dentro de uma empresa familiar e facilita verificar que está de fato acontecendo, e o por que. Entende-se então que esse modelo dos três círculos pode auxiliar a todos na organização, e ajudar a compreender e priorizar os papeis de cada profissional. Esse modelo pode ser usado em qualquer tipo de empresa desde uma empresa de grande porte, pequena empresa e a empresa familiar com poucos colaboradores. Por ser um sistema de simples compreensão a pequena empresa e a empresa familiar tem nele um bom aliado para entender como funcionam as questões complexas ou até mesmo decisões cotidianas dentro da empresa. É interessante para a organização independente do seu tamanho, ter ferramentas modernas de gestão para garantir um bom posicionamento na concorrência. 2.3 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS NAS EMPRESAS FAMILIARES Hoje é de suma importância à área de recursos humanos para as empresas familiares é necessário que elas façam um planejamento estratégico na gestão dos recursos humanos, para que os mesmos contribuam de forma efetiva no alcance dos objetivos e metas da organização. Para isso, a empresa precisa investir nesse profissional, capacitando-o para exercer a função com excelência. Considerando que os recursos humanos são os únicos recursos vivos capazes de processar os outros recursos inermes e inertes a área de recursos humanos, então se torna chave essencial na busca de eficiência e eficácia nos processos organizacionais. As pessoas correspondem ao capital humano das organizações e seu valor é medido pela sua produtividade, através de competências e talentos capazes de tornar a organização mais competitiva (CHIAVENATO, 2009). Além disso, esse é o profissional adequado para realizar todo o processo de recrutamento e seleção para os cargos vagos da empresa. Na empresa X, quem realiza esse processo é um engenheiro eletricista, sem qualquer qualificação na área de gestão. Como consequência disso, existe na empresa uma grande rotatividade em alguns cargos, por serem selecionados profissionais sem aptidão para exercer a função. Entretanto, para ser realizada a gestão de pessoas com efetividade é necessário um planejamento estratégico de recursos humanos nas empresas familiares, afim de, que seja identificado e planejado ações estratégicas na empresa. Saber identificar o correto ângulo de visão sobre as ações estratégicas na organização será o diferencial que garantirá a vantagem competitiva de nossas empresas em relação aos nossos produtos e serviços (SILVA, 2002). Diante da exigência do mercado para que as empresas prestem o melhor serviço e produto, as empresas familiares tem se preocupado em se manter bem na concorrência, para tanto, tem vivenciado mudanças em sua estrutura organizacional, observamos hoje empresas familiares muito bem posicionadas no mercado e em crescimento contínuo. A grande realidade delas é o investimento em gestão de pessoas. Mas ainda não é uma realidade da empresa x, uma organização de porte médio como é deveria haver um profissional capacitado para gerir os profissionais, mas a empresa ainda não se despertou para essa necessidade do mercado. Entendendo que a empresa poderá ocupar patamares maiores, mais lucros e profissionais mais motivados. Porque sem esse profissional até o planejamento de carreiras é mal elaborado, visto que um engenheiro não tem qualificação para implantar práticas de gestão de pessoas, sem a devida qualificação para tal. Conforme Chiavenato (2004), a gestão de pessoas é uma área contingencial e situacional, já que depende de vários fatores como a cultura que predomina em cada empresa, a estrutura organizacional praticada, as características do contexto ambiental, do ramo de atuação de empresa, a tecnologia utilizada, os processos internos e diversas outras variáveis importantes Diante da afirmação do autor, podemos dizer que as empresas familiares ainda têm dificuldades de gestão e quase sempre está no próprio ambiente familiar que podem dificultar a implantação de uma gestão de recursos humanos estratégica. Um dos maiores exemplos está na informalidade ou na falta de profissionalismo e capacitação, que pode prevalecer em algumas situações. O grande desafio, da empresa familiar está na própria família, representada nos momentos de sucessão e profissionalização (Bernhoeft, 1987). Compreende-se que com a presença do profissional adequado de recursos humanos até a fase de sucessão da empresa será bem feita, isso porque o profissional estará auxiliando e realizando todas as práticas de gestão de pessoas para que todo processo seja realizado com excelência. No entanto, os conflitos familiares causam grandes transtornos e até o fechamento da empresa se não forem bem administrados. Por isso é de extrema importância a presença do gestor de recursos humanos na empresa familiar,ele estará trabalhando para que exista na organização um ambiente profissional adequado. Petry e Nascimento (2009) afirma que, uma das principais dificuldades das empresas familiares é o processo sucessório ser considerado um evento e não um processo. Nem sempre o que detém a propriedade da empresa é o que possui maior competência para gerenciá-la e por isso a sucessão deve ser planejada de modo a criar e preparar uma pessoa que permita a continuidade dos negócios com sucesso. Para isso, deve existir a gestão de recursos humanos na empresa familiar para auxiliar os administradores nessa sucessão e profissionalização dos colaboradores. Pois, sem os padrões específicos da área de recursos humanos, prevalece a lógica individualista, onde cada um faz o que acha certo. É preciso definir e consolidar a estrutura de gestão da empresa familiar, investindo na capacitação gerencial e no desenvolvimento das equipes. Os padrões de atuação precisam ser claros e pautados pelo profissionalismo (ESTOL; FERREIRA, 2006). Diante do contexto, fica explicito a importância desse profissional na empresa familiar, para que exista uma boa administração da empresa e gestão de todo o pessoal, da sucessão e profissionalismo dos colaboradores. Deve cada organização familiar identificar e suprir essa necessidade. E para evitar influência de emoções, e conduzir a organização para o sucesso, o gestor deve estabelecer um firme modelo de gestão, que precisará ser seguido independente das relações familiares. Este modelo deve conduzir a equipe na direção dos objetivos a serem alcançados, de modo a não se perder o foco (Petry e Nascimento, 2009). Portanto, o gestor de recursos humanos na empresa familiar estará ocupando um papel fundamental na organização, evitando influência familiar em suas decisões. Assim, a empresa poderá obter um crescimento contínuo sem se preocupar com pessoas desqualificadas ocupando cargos na empresa. Além disso, a empresa deve realizar um planejamento de pessoal com objetivo de alcançar melhores resultados. Observamos que, com os avanços tecnológicos no mundo coorporativo, as empresas familiares precisam de uma boa gestão de pessoas para continuar na competitividade. Para isso, elas precisam visualizar que com o crescimento da abordagem estratégica empresarial na área de recursos humanos, as empresas veem investindo cada vez mais no planejamento de pessoal, a fim de proporcionar maiores lucros e redução de seus gastos. Chiavenato (2009) define planejamento de pessoal como, “o processo de decisão dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais, em determinado período de tempo. Trata-se de antecipar qual a força de trabalho e os talentos humanos necessários para a realização da ação organizacional futura”, e considera alguns modelos de planejamento de pessoal, dentre eles: Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço: a necessidade de pessoal está diretamente ligada à procura estimada de produtos e/ou serviços. Modelo baseado em segmentos de cargos: focaliza o nível operacional da organização. Modelo de substituição de postos chaves: baseado em mapas de substituição ou organograma de encarreiramento. Modelo baseado no fluxo de pessoal: modelo que caracteriza o fluxo de pessoas na organização, e contribui para uma predição de curto prazo das necessidades de pessoal. Modelo de planejamento integrado: é o modelo mais amplo e abrangente, envolvendo quatro fatores: volume de produção, mudanças tecnológicas, condições de oferta e demanda e planejamento de carreira. Desse modo, independente do modelo de planejamento escolhido pelo gestor de pessoas é imprescindível desenvolve-lo. E com a área de recursos humanos da empresa em perfeito funcionamento estará assegurando um trabalho realizado com eficácia e eficiência, que são fatores dependentes do grau de treinamento e satisfação dos colaboradores, determinante para o sucesso da empresa familiar. 3. PESQUISA DE CAMPO A mais de 20 anos no mercado, a empresa X, como será chamada no artigo, atua em Minas Gerais e Espírito Santo. Destacados pela boa atuação no mercado, conquistaram excelentes clientes e fornecedores de equipamentos e serviços em telecomunicações. Suas principais áreas de atuação são Radiocomunicação (digital e analógica) e Telefonia (VoIP, digital e analógica). Hoje a empresa X é considerada de médio porte. A empresa X estabeleceu e está comprometida com as seguintes políticas: Cumprir a legislação de saúde e segurança do trabalho; Educar, capacitar e conscientizar os colaboradores para as questões de saúde e segurança do trabalho; Atuar com foco na prevenção de acidentes, incidentes e doenças ocupacionais, promovendo, incentivando e cobrando o uso de EPI e EPC. Melhorar continuamente o desempenho ambiental de nossos produtos e serviços: controle de resíduos; Respeitar a legislação ambiental aplicável; Conscientizar e treinar nossos colaboradores sobre meio ambiente Fornecer soluções em telecomunicações buscando sempre o atendimento dos requisitos dos clientes por meio de equipe capacidade e infraestrutura adequada, visando o crescimento e desenvolvimento da empresa e a melhoria contínua do Sistema de Gestão da Qualidade. Por meio de perguntas objetivas aplicou-se um questionário com 5 (cinco) perguntas, como forma de gerar dados para analisar e interpretar as informações através da opinião dos profissionais da empresa X de Vitoria/ES, visando identificar possíveis propostas de melhorias. A pesquisa teve uma amostra de 30 pessoas dos 50 profissionais que trabalham diretamente na empresa, a aplicação aconteceu no mês de julho de 2016. Conforme a seguir: Na primeira pergunta: Como você classifica o estilo da gestão na empresa? A pesquisa apontou que 60% dos entrevistados, definem como sendo uma gestão centralizada e apenas 40% afirmaram ser democrática. A segunda questão: Como é o clima organizacional entre os profissionais da família dentro da empresa? Os entrevistados disseram 30% para regular, 50% bom e apenas 20% dos entrevistados assinalaram que é ótimo. Em relação a terceira pergunta: Em sua opinião o investimento em um departamento de Recursos Humanos é necessário? 85% afirmaram que sim, deixando evidente a importância da implantação do departamento de recursos humanos nessa empresa familiar. Diante disso, pode-se afirmar que essa área da organização que trata do recrutamento, da seleção, do treinamento, do desenvolvimento, da manutenção, do controle e da avaliação dos funcionários de uma empresa. Pode-se considerar que a existência da área de Recursos Humanos está diretamente relacionada à melhora da efetividade dos funcionários nas empresas, implicando na melhor efetividade organizacional. (CHIAVENATO, 1981). Já na quarta pergunta: Com que frequência a empresa fornece treinamentos aos colaboradores? A resposta foi surpreendente, 60% disseram que apenas raramente acontecem os treinamentos, 32% ocasionalmente e 8% frequentemente. O treinamento é algo que a empresa precisa investir mais, pois através deste o profissional poderá melhorar sua produtividade e consequentemente a empresa obter melhores resultados. A última questão: Como você avalia o processo de recrutamento e seleção da empresa. A resposta foi exatamente o que se presumiu, 60% afirmaram que o processo é regular, 30% bom e 10% ótimo. Essa pergunta foi de extrema importância, ao avaliar a opinião do colaborador que passou pelo processo de recrutamento e seleção da empresa, pode-se afirmar que falta naempresa boas práticas de gestão de recursos humanos e um profissional adequado para exercer a função de gestor de pessoas. Figura 1: Respostas do questionário aplicado à empresa x. Fonte: Autora do projeto. Conclui-se que a empresa X precisa melhorar alguns pontos em sua administração, principalmente voltados para as práticas de gestão de recursos humanos, entendendo que é o capital humano que faz com que o trabalho aconteça. Nesse cenário, a Gestão de pessoas é o elemento essencial o desempenho organizacional. 4. CONCLUSÃO O presente artigo teve como objetivo pesquisar como é a gestão de recursos humanos nas empresas familiares e apresentar a importância da gestão de recursos humanos nessas empresas. Após estudos e analise das informações obtidas através da pesquisa de campo foi possível atingir o objetivo. Entende-se que algumas empresas familiares apresentam uma certa dificuldade em sua gestão. E um dos fatores observados são alguns conflitos específicos vivenciados por esse tipo de empresa, como por exemplo; a dificuldade de separar a relação afetiva entre os membros da família no ambiente de trabalho e as desavenças familiares, isso tudo pode impactar no bom relacionamento profissional e no desempenho da orgazanização como todo. Nesses casos uma boa gestão de pessoas se faz necessário, deixando explicíto que a relação profissional no ambiente de trabalho deve ser respeitada . Para implantar a gestão de pessoas dentro da empresa familiar e propocionar uma gestão mais humanizada, o artigo apresentou que o administrador deve investir e selecionar um profissional capacitado para exercer essa função com excelência, e esse gestor de recursos humanos deve estabelecer um modelo de gestão e planejamento de pessoal, para evitar influência de emoções e conduzir a organização para o sucesso. É necessário que exista uma separação entre a relação familiar e a relação profissional dentro da empresa, isso porque muitas vezes os profissionais acabam por se confundir em determinadas situações. Como mostrou a pesquisa realizada na empresa X, existe a necessidade de se implantar o departamento de recursos humanos nessa empresa familiar, para que aconteça uma melhor gestão do capital humano. Enfim, espera-se que o artigo realizado sirva de exemplo para as demais empresas familiares que ainda não vivenciam a gestão de pessoas na prática. REFERÊNCIAS BASS, Bernard M. Continuity and Change in the Evolution of Work and Human Resource Management. Human Resource Management, Spring, v. 33, n. 1, p.3-31, 1994. BERNHOEFT, Renato. Empresa familiar: sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida. São Paulo: MECON, 1987. BRANDÃO, R. A universidade corporativa e a gestão de recursos humanos: novas configurações para antigas funções. 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