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NAIADY ELISA DE OLIVEIRA HERCULANO ALERGIAS ALIMENTARES BARBACENA - MG 2017 NAIADY ELISA DE OLIVEIRA HERCULANO ALERGIAS ALIMENTARES Trabalho apresentado ao curso de Bacharelado em Nutrição do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena, como requisito para nota na disciplina de Patologia da Nutrição e Dietoterapia III. Profª: Maria do Carmo R. Raposo Gomes BARBACENA - MG 2017 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 2 DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 4 2.1 ALIMENTOS ALERGÊNICOS ............................................................................. 4 2.2 DIAGNÓSTICO ..................................................................................................... 9 2.3 TRATAMENTO ..................................................................................................... 9 3 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 10 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 11 3 1 INTRODUÇÃO A palavra “alergia” possui origem do grego allos e ergon, significando “outro” e “energia”, respectivamente (FERNANDES, 2005). Essa condição é caracterizada pela reação anormal do organismo em resposta ao consumo de produtos alimentícios ou aditivos alimentares, sendo classificadas em tóxicas e não tóxicas. As reações tóxicas serão desencadeadas por certas substâncias consumidas - como toxinas bacterianas, ou pelas propriedades farmacológicas de elementos presentes em alimentos, como a cafeína e a tiramina (SOLÉ; SILVA; FILHO; SARNI, 2007). As doenças alérgicas exercem um grande impacto negativo na qualidade de vida, afetando a saúde e as condições socioeconômicas daqueles que as possuem, em principal o público pediátrico (FERREIRA; SEIDMAN, 2007). Estudos estimam que a prevalência de doenças alérgicas seja de 6% em crianças e 3,5% em adultos, sendo que a herança genética, a dieta e a microbiota intestinal são os principais fatores de risco (SOLÉ; SILVA; FILHO; SARNI, 2007). Entre os sintomas causados pelas doenças alérgicas estão as manifestações muco- cutâneas, como as erupções cutâneas, eczema, urticária, edema da glote e da língua e sensação de formigamento da boca; manifestações gastrintestinais, como vômitos, dores abdominais e diarreia; manifestações respiratórias, como pieira e dificuldades para respirar e as manifestações cardiovasculares, como a diminuição da pressão arterial e a perda da consciência (NUNES et al, 2012). O tratamento clínico das alergias alimentares será baseado na história da doença, nos exames físicos, bioquímicos e imunológicos, induzirá a reintrodução de alimentos pelo teste de provocação alimentar e também fara o uso de adrenalina, visando tratamento de reações agudas e anafilaxia. Já na dietoterapia, será realizada a avaliação do estado nutricional, a aplicação de um diário alimentar e de questões sobre os sintomas, elaboração uma dieta de eliminação para a identificação de potenciais alérgenos, serão passadas orientações para evitar alérgenos alimentares e quando necessário, a introdução da suplementação personalizada, incluindo vitaminas, minerais, prebióticos, probióticos e glutamina, etc., necessários para otimizar a função gastrintestinal (KRAUSE, 2013). 4 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 ALIMENTOS ALERGÊNICOS Há diversos alimentos desencadeadores das alergias alimentares, sendo que os principais são o leite de vaca, ovos, amendoim e frutos de casca rija, peixes, marisco, trigo e soja. Estes são responsáveis por 90% dos casos das reações alérgicas (NUNES et al, 2012). TABELA 1: ALERGIA AO LEITE Alimentos a excluir Leite de vaca, leite de cabra, leite de ovelha, leite condensado, leite evaporado, leite desnatado, leite em pó Iogurtes, queijo (qualquer tipo), requeijão, queijo fresco, manteiga, natas, papas lácteas com leite para crianças. Alimentos processados que contém o alérgeno Produtos de pastelaria e confeitaria (bolos e pasteis), gelados, semifrios, chocolate, bombons caramelizados, pudins, nougat, caramelo, cremes de pastelaria, margarina, manteiga de cacau, bolachas, alguns tipos de pão (pães de leite, bicos de pato), salsichas e enchidos, molhos. Ingredientes na rotulagem Leite evaporado, leite desnatado, leite em pó, soro, soro de leite, caseína, hidrolisado de caseína, caseinato, coalho de caseína, lacto albumina, fosfato de lactalbumina, lactoglobulina, lactulose, lactose, lactato de sódio/cálcio, aromas, aroma artificial de manteiga, gordura de manteiga, óleo de manteiga (NUNES et al, 2012) 5 Cerca de 2 a 3% de crianças menores de três anos apresentam alergia às proteínas que compõem o leite de vaca, sendo que os sintomas mais comuns são a urticária, prurido, vômito, diarreia, náusea, dor abdominal, angioedema, broncoespasmo e constipação intestinal. O diagnóstico desse tipo de alergia alimentar deve ser feito da maneira mais correta possível, pois excluir o leite de vaca da alimentação implica em retirada de nutrientes importantes para o crescimento e desenvolvimento, em especial o cálcio (CORTEZ et al, 2007). TABELA 2: ALERGIA AO OVO Alimentos a excluir Ovos (galinha, codorniz, peru, pata, avestruz), gema e clara de ovo. Alimentos processados que contém o alérgeno Produtos de pastelaria e confeitaria (bolos, biscoitos, folhados, empadas, salgados), pães com ovo (pães de leite e bicos de pato), massas com ovos, massa tenra, massa folhada, molhos (maionese, molho holandês, entre outros), hambúrgueres, salsichas, bolachas. Ingredientes na rotulagem Ovo em pó desidratado, albumina, lisozima, lecitina de ovo, apovitelina, aitelina, avidina, flavoproteína, globulina, livetina, ovoalbumina, ovoglobulina, ovoglicoproteína, ovomucina, ovomucóide. (NUNES et al, 2012) Cerca de 0,5% das crianças apresentam reação alérgica aos componentes do ovo, dando destaque a ovoalbumina, o ovomucóide e a conalbumina, que constituem 54%, 11% e 12% da proteína total da clara, respectivamente. Entre as reações mais comuns estão a anafilaxia, hipotensão, urticária, choque, broncoespasmo e síndrome da alergia oral (BATISTA et al, 2000). 6 TABELA 3: ALERGIA AO TRIGO Alimentos a excluir Esparguete e massas, cuscuz, farinha de trigo, farinhas de trigo para uso culinário produtos de pastelaria e padaria (bolos, pastéis, biscoitos, bolachas), todos os tipos de pão ou broa, tostas, flocos de cereais, gelados com bolachas ou biscoitos, papas lácteas e não lácteas com trigo, chocolates com bolacha. Sopas pré- confeccionadas, molhos. Alimentos processados que contém o alérgeno Chocolates e bombons, patês, embutidos, pão de centeio e de milho, molho de soja. Ingredientes na rotulagem Sêmola de trigo, semolina, farelo, gérmen, glúten, malte e amido de trigo, hidrolisado de farelo de trigo (NUNES et al, 2012) As reações alérgicas induzidas pelo consumo do trigo atingem principalmente as crianças, ocorrendo durante a primeira hora após sua ingestão. Entre as principais reações estão as manifestações cutâneas, gastrintestinais, respiratórias, como asma e rinite (SILVA et al, 2005). TABELA 4: ALERGIA AO AMENDOIM E FRUTOS DE CASCA RIJA Alimentos a excluir Amendoim, amêndoa, avelã, coco, caju, noz, pinhão, pistacho, gergelim. Alimentos processados que contém o alérgeno Amendoim: manteiga de amendoim, balas, pastéis e óleo de amendoim, sorvete, bolachas, cereais; Amêndoa: Pastéis, pastas, cremes, sorvete, torrões, produtos de pastelaria, sobremesas e bolos caseiros; 7 Alimentos processados que contém o alérgeno Avelã: doces, chocolates, bombons, licores e pratos de culinária, pão; Coco: Óleo de coco, leite de coco, granola, alguns produtos de pastelaria, chocolates, sorvete; Caju: Alguns pratos de culinária, doces; Noz: Algumas confecções culinárias, doces, sorvete, bolos, pão; Pinhão: Doces, arroz com pinhões; Pistacho: sorvete, doces, biscoitos; Gergelim: Cereais, hambúrgueres, molhos, saladas, massas orientais, bolachas, aperitivos, cones de gelado, pão. (NUNES et al, 2012) A alergia ao amendoim atinge cerca de 0,5 a 1,1% da população mundial, sendo que as reações mais comuns são urticária leve, inchaço facial, câimbras abdominais até à hipertensão com choque anafiláctico. As substâncias alérgenas são as proteínas presentes nas sementes, denominadas globulinas 7S e as albuminas 2S, as glicinas e as conglutinas. Já as reações alérgicas desencadeadas pelos frutos de casca rija são severas e podem causar até mesmo o óbito, atingindo 0,5 a 1% das crianças e 0,6% dos adultos (VIEIRA, 2015). TABELA 5: ALERGIA A MARISCO (CRUSTÁCEOS) E MOLUSCOS Alimento a excluir Caranguejo, lagosta, camarão, mexilhão, ostras, ameijoas, lulas, polvo, moluscos. Alimentos processados que contém o alérgeno Molho de francesinha, arroz de marisco, receitas de peixe com molho de marisco, arroz de peixe, caldeirada de peixe, massa de peixe, patê. (NUNES et al, 2012) 8 A reação alérgica à molusco apresenta maior prevalência em adultos que em crianças, representando 2% da população mundial de adultos. Os alérgenos presentes nos crustáceos como o camarão, lagosta, caranguejo e lagostim são muito comuns podem causar óbito, apresentando em sua composição a proteína tropomiosina. Entre as manifestações alérgicas estão as gastrintestinais, asma e urticária (VIEIRA, 2015). TABELA 6: ALERGIA A PEIXE Alimentos a excluir Peixes brancos: pescada, linguado, galo, nero, cherne, corvina, garoupa Peixes azuis: atum, sardinha, truta, salmão, arenque, cavala, enguia. Alimentos processados que contém o alérgeno Caldeirada, massa de peixe, arroz de marisco, salada russa, farinha de pau com peixe, outras receitas com peixe. Ingredientes na rotulagem Farinha de peixe, parvalbumina. (NUNES et al, 2012) As alergias a peixe representam cerca de 0,4 a 0,5% da população mundial, atingindo mais adultos do que crianças. Entre suas reações alérgicas estão o prurido bucal e vômitos, e sintomas mais graves podem ocasionar a morte. O componente alergênico mais comum entre os peixes é a proteína parvalbumina, resistente às enzimas digestivas (VIEIRA, 2015). TABELA 7: ALERGIA A SOJA Alimentos a excluir Soja, feijão de soja, rebentos de soja tofu, molho de soja, molho shoyu, missô, farinha de soja, rebentos de soja, óleo de soja. Alimentos processados que contém o alérgeno Carnes frias, salsichas, patês, produtos de pastelaria e panificação, sorvete de soja, óleos alimentares de origem vegetal e molhos. 9 Ingredientes na rotulagem Lecitina de soja (E322), hidrolisado de proteínas vegetais, albumina de soja, fibra de soja. (NUNES et al, 2012) A alergia a soja atinge cerca de 0,4% das crianças e 0,3% dos adultos, apresentando sintomas como urticária, dermatite atópica e gastrintestinais. Vale salientar que o óleo de soja passa por um processo de refinação, onde as proteínas alérgicas são removidas (VIEIRA, 2015). 2.2 DIAGNÓSTICO O diagnóstico da alergia alimentar deve ser realizado corretamente para o início do tratamento, e deve basear-se na história clínica e no exame físico. O indivíduo portador da alergia ou seu responsável, quando for um quadro pediátrico, deve passar todas as informações sobre os alimentos mais consumidos, relacionando sua ingestão com as reações apresentadas (FERNANDES; PRATES, 2007). O teste alérgico, seguro e quase sempre indolor, deve ser realizado por um médico, que determinará quais substâncias estão possivelmente causando alguma manifestação. Geralmente é realizado no antebraço, apresentando coceira e vermelhidão em caso de resultado positivo, indicando a presença de IgE específica ao alimento testado. Vale salientar que em muitos casos o teste necessita ser realizado com o alimento in natura (ASBAI, 2007). 2.3 TRATAMENTO Não há medicamento para a prevenção da alergia alimentar, apenas para os sintomas desencadeados. O paciente deve estar atento quanto ao consumo dos alimentos que originam as manifestações alérgicas e sempre verificar o rótulo dos produtos a serem adquiridos. Quando realizado o diagnóstico da alergia, o alimento deve ser totalmente eliminado da alimentação, principalmente nos casos em que pequenas quantidades são o suficiente para ocasionar sérias complicações (ASBAI, 2007). 10 3 CONCLUSÃO Para que as reações causadas pelos alimentos alérgenos sejam evitadas, é necessário que se faça a restrição total dos alimentos que possuem esses componentes, bem como as refeições que estes compõem. É importante que o indivíduo portador da alergia consiga fazer a leitura adequada das embalagens de produtos, evitando uma possível contaminação. Também deve-se considerar a probabilidade da ocorrência de contaminação cruzada entre um alimento alérgeno e um não alérgeno, pois em muitos casos pequenas quantidades dessas substâncias podem provocar graves reações (NUNES et al, 2012). Orientações devem ser passadas às pessoas que possuam alergia algum alimento, como: lavar corretamente as mãos entre as várias etapas de manipulação de alimentos; não usar os mesmos utensílios durante a preparação, confecção, enlatamento e distribuição de refeições (talheres, misturadoras, batedeiras, tábuas de corte, pratos, travessas, tachos e panelas e outros); não utilizar o mesmo óleo de fritura ou água de cozedura para diferentes alimentos; não utilizar as mesmas bancadas ou superfícies de contato para a manipulação de alimentos; durante as refeições, os doentes com alergia alimentar devem evitar a partilha de utensílios (talheres, pratos, guardanapos, copos) ou contato direto com alimentos potencialmente alergênicos (NUNES et al, 2012). 11 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOPATOLOGIA – ASBAI. Alergia alimentar. Disponível em: < http://www.asbai.org.br/secao.asp?s=81&id=1005>. Acesso em: 24 jun. 2017. BATISTA, J. L. et al. Reações adversas à vacina MMR em pacientes alérgicos a ovo: revisão da literatura. Revista Paulista de Pediatria, v. 22, n. 1, p. 55-59, São Paulo, 2000. Disponível em: < https://www.researchgate.net>. Acesso em: 23 jun. 2017. CORTEZ, A. P. B. et al. Conhecimento de pediatras e nutricionistas sobre o tratamento da alergia ao leite de vaca no lactente. Revista Paulista de Pediatria, v. 25, n. 2, p. 106-113, 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rpp/v25n2/a02v25n2.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017. FERNANDES, N. P.; PRATES, S. Qual o papel do patch test no diagnóstico da alergia alimentar? Revisão da literatura. Revista Portuguesa de Imunoalergologia, V. 15, N. 5, p. 377-385. Disponível em: < http://www.spaic.pt/client_files/rpia_artigos/qual-o- papel-do-patch-test-no-diagnostico-da-alergia-alimentar-revisao-da-literatura.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017. FERNANDES, M. E. Alergia alimentar em cães. Dissertação: Mestrado em Saúde Pública – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.teses.usp.br>. Acesso em: 23 jun. 2017. FERREIRA, C. T.; SEIDMAN, E. Alergia alimentar: atualização prática do ponto de vista gastroenterológico. Jornal de Pediatria, v. 83, n. 1, p. 7-20, 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/jped/v83n1/v83n1a04.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017. MAHAN, L. K.; SWIFT, K. M. Tratamento Clínico Nutricional para Reações Adversas a Alimentos: Alergia e Intolerância Alimentar. In: MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Edição 13. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, cap. 27, p. 562-569. NUNES, M. et al. Alergia Alimentar. Ministério da Educação e Ciência, Governo de Portugal, 2012 Disponível em: < https://repositorio- aberto.up.pt/bitstream/10216/65706/2/725.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017. SILVA, A. T. et al. Hipersensibilidade ao trigo: formas de apresentação e proteínas alergênicas. Revista Portuguesa de Imunoalergologia, v. 13, n. 2, p. 133-140, 2005. Disponível em: < http://www.spaic.pt/client_files/rpia_artigos/hipersensibilidade-ao- trigo:-formas-de-apresentacao-e-proteinas-alergenicas.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017. SOLÉ, D.; SILVA, L. R.; FILHO, N. A. R.; SARNI, R. O. S. Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia: Consenso Brasileiro sobre alergia alimentar 2007. Revista Brasileira de Alergia Imunopatologia, v. 31, n. 2, p. 64-89, 2008. Disponível em: <http://www.funcionali.com>. Acesso em: 23 jun. 2017. 12 VIEIRA, R. J. L. S. Alérgenos alimentares: um estudo sinóptico. Dissertação: Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar – Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, 2015. Disponível em: < file:///C:/Users/Waldir%20Herculano/Downloads/Vieira_2015.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017.
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