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1 2 3 SUMÁRIO INTRODUÇÂO ................................................................................. 3 CAPÍTULO I .................................................................................... 5 1.1. Noções básicas de Direito .......................................................... 5 1.2. Divisão do Direito .................................................................... 5 1.3. Pessoa ................................................................................. 7 1.4. Pessoa jurídica ..................................................................... 12 CAPÍTULO II ................................................................................. 15 2.1. Dos bens ............................................................................ 15 2.2. Bens públicos e particulares. .................................................... 16 CAPÍTULO III ................................................................................ 18 3.1. Direito do trabalho ................................................................ 18 3.2. Contrato de trabalho .............................................................. 22 3.3. Efeitos da extinção do contrato ................................................. 27 CAPÍTULO IV ................................................................................ 33 4.1. Empregado .......................................................................... 33 4.2. Empregador......................................................................... 36 CAPÍTULO V ................................................................................. 41 5.1. Remuneração e salário............................................................ 41 CAPÍTULO VI ................................................................................ 45 6.1. Férias ................................................................................ 45 CAPÍTULO VII ............................................................................... 49 7.1.Direito Constitucional ............................................................. 49 CAPÍTULO VIII ............................................................................... 52 8.1. Direito Administrativo ............................................................ 52 8.2. Princípios do DireitoAdministrativo ............................................. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 54 ANEXO I ...................................................................................... 55 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL ...................................................... 55 ANEXO II ..................................................................................... 58 CONHECENDO A PROFISSÃO ............................................................ 58 LEGISLAÇÃO .............................................................................. 59 PORTARIA N° 3.103, DE 29.04.87 - DOU DE 30.04.87 .............................. 61 EXERCÍCIOS...... GABARITO...... 4 INTRODUÇÃO Nos dias atuais, a informação é a chave do sucesso. Estar bem informado é, antes de tudo, uma obrigação para quem pretende sobreviver em qualquer área de trabalho. Nesse sentido, o Direito permeia a vida em sociedade e certamente, no dia-a-dia, você será indagada(o) sobre questões jurídicas, sendo indispensável um conhecimento mínimo de determinados assuntos, tais como: contratos, pessoa natural, pessoa jurídica, capacidade civil, posse, relações trabalhistas etc. Visando facilitar seu aprendizado, procuramos apresentar alguns temas do Direito de forma sucinta e clara. Dividimos o presente Módulo em duas partes: a primeira constará do estudo de textos teóricos, cujos conteúdos serão discutidos na plataforma de EAD e em aulas presenciais agendadas pela coordenação, permitindo-lhe uma assimilação gradual dos referidos assuntos. A segunda parte constituirá de fixação dos conteúdos estudados, através de resolução de exercícios práticos. Ressaltamos que o Direito é dinâmico e por isso constantemente modificado, assim, deve-se atentar as atualizações das Leis e verificar na Plataforma materiais complementares. A intenção do módulo é oferecer informações básicas que servirá como fonte de consulta, permitindo um desenvolvimento melhor de suas atividades como aluno do curso de TÉCNICO EM SECRETARIADO. 5 CAPÍTULO I 1. NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO No desempenho de suas atividades, você, como secretária(o), deverá ter conhecimentos de Direito para dar respostas simples, porém seguras, às consultas que lhe fizerem os empregados ou seus chefes. Antes de tudo, você precisa saber o que é DIREITO. O homem sempre viveu em sociedade. Não se pode progredir isoladamente. Até os povos menos civilizados já sentiam a necessidade imperiosa de viver em grupos. Os homens nas cavernas viviam relativamente organizados, obedecendo aos costumes, às crenças da tribo ou ao chefe supremo, ou seja, era o direito que já ali se encontrava, embora de forma rudimentar, regulando as relações humanas, resolvendo os conflitos de interesses etc. para que a ordem e a segurança existissem naquele grupo. Em outras palavras, podemos dizer que o DIREITO É REGRA DE CONDUTA, COM FORÇA COATIVA. Quando dizemos que o direito é regra de conduta, queremos dizer que se trata de uma norma de conduta geral, à qual todos deverão obedecer. Por isso ela tem força coativa. Ou seja, significa que se as exigências ditadas pela regra de conduta (direito) não forem obedecidas, haverá uma sanção ou punição a ser exercida pelo poder competente. Ex.: se você não pagar uma prestação no dia determinado, você sofrerá a sanção (punição) de pagar o valor acrescido de juros. Portanto, terá como sanção o pagamento maior do que o devido. 2. DIVISÃO DO DIREITO Como as pessoas agem em diversos planos, também o Direito busca regular comportamentos em diversas situações. Assim, o homem tem direitos e deveres em relação à família, aos seus bens, aos seus vizinhos, ao seu trabalho ou ao trabalho que outros prestem a ele, ao seu comércio, ao seu município, ao seu estado e à sua pátria, etc. Todo esse conjunto de normas, para efeitos didáticos e facilidade de compreensão, costuma ser estudado, utilizando-se uma divisão em ramos ou segmentos. A mais usual é a que apresentamos no quadro abaixo, através do qual você irá entender como o direito se divide: 6 O direito se divide em Público e Privado, dependendo do interesse das pessoas envolvidas na relação. DIREITO PRIVADO - predominam as normas de ordem particular, privada, voltadas para as pessoas, os bens, os fatos jurídicos, tais como: casamento, inventário, herança, compra e venda de imóveis, etc. DIREITO PÚBLICO - predominam as normas voltadas para a ordem pública e são normas imperativas e obrigatórias, como por exemplo, a licitação. Como vimos no quadro, muitos são os ramos do Direito, porém, no dia-a- dia da(o) secretária(o), alguns assuntos são mais importantes do que outros. Começaremos estudando alguns assuntos tratados pelo Direito Civil, que é um ramo do Direito Privado. Ao Direito Civil compete disciplinar as relações dos particulares entre si, os direitos e deveres, normas sobre o estado das pessoas e as relações atinentes à família, às coisas, às obrigações e às sucessões. Público Interno Externo Constitucional Administrativo Financeiro Judiciário Internacional Privado Internacional Público DIREITO Privado Especial Civil Comercial Do Trabalho Agrário Comum 7 O CódigoCivil foi promulgado em 01 de janeiro de 1916 e de lá para cá vem sendo atualizado por diversas leis, tais como o Estatuto da mulher casada, Lei dos registros públicos, do inquilinato, do reconhecimento de filhos ilegítimos, do condomínio, etc. Nesse curso iremos buscar no Código Civil apenas aqueles conceitos que lhe serão úteis no seu trabalho. 3. PESSOA O nome pessoa originou-se de persona, que significava máscara usada pelos atores e que servia para ressoar a voz em tom alto, quando encenavam peças teatrais. Hoje, pessoa tem significado jurídico. Pessoa é todo ente físico ou moral, capaz de ter direitos e assumir obrigações. Ente físico - significa pessoa natural, todo ser humano. Ente moral - significa pessoa jurídica. Ex.: a União, os Estados, os Municípios, as Sociedades, as Associações e Fundações. 3.1. Pessoa natural Não se concebe o direito sem sujeito, porque, como já vimos, o direito se destina a disciplinar as relações entre as pessoas. A pessoa natural é o sujeito do direito por excelência. Basta ser um ser humano, independentemente de idade, raça ou sexo. Nasceu com vida, é pessoa natural, apta, portanto, a adquirir direitos e assumir obrigações. Essa aptidão, que é conferida por lei, chama-se personalidade jurídica, primeiro atributo da pessoa natural. Assim, a personalidade jurídica do homem (pessoa natural), decorre de seu nascimento com vida e termina com a sua morte. Esses dois acontecimentos - nascimento e morte - marcam o início e o fim da personalidade jurídica do homem. Diz a lei: “A personalidade civil do homem começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo os direitos do nascituro”. (Art 40 do C.C.) Portanto, se a pessoa nasceu com vida, ainda que por um instante, adquire personalidade civil, mas se tal não ocorrer, nenhum direito terá. A personalidade da pessoa natural confere-lhe a condição de participar do mundo jurídico, seja na aquisição de direito, seja assumindo obrigações. Isso quer dizer que toda pessoa natural tem capacidade de direito, também conhecida como capacidade de gozo. É necessário dizer que todo nascimento deve ser registrado, mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for natimorta, o 8 assento do nascimento será feito no livro "AUXILIAR", se morrer tendo respirado, serão feitos dois registros, o de nascimento e o de óbito. 3.2. Fim da personalidade A personalidade termina com a morte física (real). A morte real se dá com o óbito comprovado, com ou sem o corpo (se um avião explode matando todos os passageiros há o óbito comprovado de todos; porém, provavelmente, não teremos os corpos dos mesmos). Além da morte real, existe também no nosso Direito a morte presumida, que ocorre quando a pessoa for declarada ausente (ausente é a pessoa desaparecida do seu domicílio, que deixa de dar notícia por longo período de tempo). COMORIÊNCIA - é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar qual delas morreu primeiro. Aplica-se este instituto sempre que entre os mortos houver relação de sucessão hereditária. Suponha-se o caso de morte simultânea de cônjuges, sem filhos e sem ascendentes, mas com irmãos. Pelo instituto da comoriência, a herança de ambos é dividida à razão de 50% para os herdeiros de cada cônjuge. 3.3. Nome ou individualização da pessoa natural Acabamos de estudar a importância do registro de nascimento e morte das pessoas. Vamos ver agora que importância tem o nome para a vida civil dessas pessoas. A identificação da pessoa natural se dá pelo nome, pelo estado civil e pelo domicílio. Nome é o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece a pessoa na família e na sociedade. Toda pessoa natural deve ter um nome que constitui seu sinal identificador perante os demais indivíduos. Esse nome, que deve constar do registro de nascimento, no livro próprio do Cartório de Registro Civil, se compõe de duas partes, a saber: a) Prenome - é o que comumente chamamos de nome. É individual, escolhido livremente pelos interessados. Pode ser simples, ex.: João, José, ou composto, ex.: José Carlos. O prenome é imutável, salvo nas hipóteses de erro de grafia ou quando expõe a pessoa ao ridículo, casos em que é permitida a mudança. Exemplo de erro de grafia: ARLOS (o pai era gago e queria registrar o filho com o nome de CARLOS). Exemplo de nome que expõe a pessoa ao ridículo: Maria Holofotina, José Aliás da Silva, 123 de Oliveira Quatro, etc. O nome também pode sofrer alterações com o casamento, na adoção, no reconhecimento de filiação, na legitimação, no divórcio etc. 9 O que você deve saber para modificar o nome? A correção de nomes exóticos ou ridículos será feita respeitando o que determina a Lei de Registros Públicos, Lei 6.015, de 31.12.73, e poderá ser feita no próprio Cartório onde se encontrar o assentamento (registro), baseado no art. 110 da referida Lei. A alteração pode ocorrer no primeiro ano após a maioridade, e independentemente de justificação, pode o interessado alterar o nome desde que não prejudique os apelidos de família. Essa alteração independe até de via judicial, podendo ser obtida por via administrativa, junto ao Oficial do Registro Civil. Correção de nomes exóticos e como proceder: 1. Nomes exóticos ou ridículos não serão registrados. Mas se forem, poderão ser alterados (art. 58 parágrafo único da Lei de Registros Públicos). Exemplos: "Sim Batista" para "Jorge Sim Batista". 2. Homonímia - constitui motivo relevante e excepcional, pois, geralmente, causa embaraços às pessoas. Procura-se solucionar a homonímia com a adição de mais um prenome, geralmente com a adição do patronímico materno, mantendo-se o paterno. Ex.: "José da Silva" para "José Almeida da Silva". 3. Adição de nomes - A lei não proíbe que se complete o nome com a adição de sobrenome usado por ascendente. O descendente tem direito ao sobrenome de seu ascendente, mesmo que este sobrenome não tenha sido usado por uma ou mais gerações. É admissível também a inclusão de sobrenome de madrasta e de tutor. 4. Inclusão de alcunha ou apelido também é admitida desde que usado habitualmente pelo interessado. Ex.: "Antônio de Almeida" para "Antônio Carioca de Almeida" ou "Luiz Inácio da Silva" para "Luiz Inácio Lula da Silva". Onde se deve requerer a retificação do nome? A retificação do registro civil pode ser requerida tanto no domicílio do requerente como no local do assentamento. Nome de família ou sobrenome ou ainda patronímico - serve para identificar a procedência da pessoa, indicando sua filiação, estirpe, podendo ser simples (ex.: Silva, Souza, etc.) ou composto (ex.: Melo Alcântara, Pereira Borges, etc.). O nome da pessoa natural é, pois, um dos mais importantes atributos, na medida em que deve figurar em todos os negócios que celebrar, sendo imprescindíveis as consequências de eventual erro ou alteração na indicação dos nomes das pessoas nos instrumentos contratuais. 10 3.4. Estado civil A constatação do estado civil de uma pessoa é muito importante, pois há atos que exigem o consentimento do cônjuge, enquanto existir vínculo conjugal. Exemplos: alienação e oneração de bens imóveis e fiança. A lei brasileira prevê, atualmente, os seguintes estados civis de uma pessoa natural: solteiro, casado, separado judicialmente (desquitado) divorciado e viúvo. É importante observar que o casamento religioso produz os mesmos efeitos do casamento civil, desde que celebrado com cumprimento das exigências legais, o que se comprova através do registro no Ofício do Registro Civil das Pessoas Naturais. 3.5. Domicílio O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado lugar no território nacional. É indispensávelfazer a distinção entre: habitação, residência e domicílio. Vejamos: HABITAÇÃO - é local em que a pessoa permanece, acidentalmente, sem o ânimo, a vontade de ficar. Ex.: Aluga-se uma casa de praia por um mês, nas férias. RESIDÊNCIA - é o lugar em que habita com intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente (é uma situação de fato). DOMICÍLIO - é o lugar onde a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo de ficar. É um conceito jurídico. É a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se presume estar presente para responder por suas obrigações, exercer ou praticar, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. Portanto, os elementos do domicílio são: Objetivo - fixação da pessoa em determinado lugar. Subjetivo - a intenção de aí fixar-se definitivamente. TIPOS DE DOMICÍLIO: Domicílio voluntário - é o que fica a critério do indivíduo. Domicílio legal - é o fixado por lei, como o do filho menor, que é o de seus pais. Domicílio de eleição - é o estabelecido por acordo das partes nos contratos, isto é, onde vão cumprir as obrigações e os direitos (ex.: pagar e/ou receber a dívida). Em princípio, o domicílio é o lugar onde a pessoa reside com ânimo definitivo. Mas o domicílio pode também ser o local de trabalho, ou o lugar onde a pessoa mantém o centro de suas ocupações (ex.: um escritório de advocacia) 11 ou até mesmo o lugar onde for encontrada quando não tiver residência fixa ou local certo de trabalho (ex.: o dono de um circo). O domicílio de pessoas com várias residências ou vários locais de trabalho pode ser qualquer desses lugares. Por exemplo: Dos incapazes, o de seus representantes. Do funcionário público, o lugar onde exerce suas funções, não temporárias. Do militar, o lugar onde serve. Do preso, o lugar onde cumpre a sentença. 4. CAPACIDADE CIVIL O que é necessário para a pessoa poder praticar pessoalmente todos os atos de seu interesse? É necessário ter capacidade de fato ou de exercício, isto é, poder exercer pessoalmente seus direitos, praticando os atos sem interferência de outrem. Diz a lei, art. 1º do Código Civil: "Toda pessoa é capaz de direitos e obrigações na ordem civil". Portanto, PESSOA inclui homens e mulheres, qualquer ser humano, nacional ou estrangeiro; exclui os animais, pois estes gozam de proteção legal, mas não são sujeitos de direito; inclui os apátridas (pessoas que não têm nacionalidade). Vamos agora entender o que é ser CAPAZ ou ter CAPACIDADE CIVIL. Capacidade Civil é a aptidão da pessoa exercer direitos e assumir obrigações da vida civil por si e por outrem. Para melhor compreensão, examinemos o seguinte exemplo: José, com dez anos de idade, pode comprar um imóvel, isto é, pode figurar na escritura como comprador. Tem capacidade de direito, porque tem personalidade. Não pode, porém, assinar a referida escritura, porque não tem capacidade de fato. Alguém o fará por ele. No caso, seu representante legal, sobre o que falaremos adiante. 4.1. Incapacidade A incapacidade de uma pessoa natural é a inaptidão para praticar pessoalmente os atos civis. Quem não tem capacidade de fato ou de exercício é INCAPAZ judicialmente. A incapacidade decorre de vários fatores, como a idade e o próprio estado de saúde mental das pessoas. Por isso, a lei brasileira distinguiu duas espécies de incapacidade da pessoa natural: a incapacidade absoluta e a.relativa, e estabeleceu normas protetoras para cada caso. 12 4.1.1. Incapacidade absoluta – Código Civil 2002 – Lei 13146/2015 Art. 3º - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. I – (Revogado); II – (Revogado); III – (Revogado). 4.1.2. Incapacidade Relativa Art. 4º - são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; Os ébrios habituais e os viciados em tóxico; Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; Os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. 4.1.3. Cessação da incapacidade Art. 5º - Código Civil I – aquisição da maioridade; II – fim da enfermidade ou deficiência; III – emancipação. Art. 5º - Código Civil - EMANCIPAÇÃO I – Voluntária (registro); II – Judicial (sentença e registro); III – legal (CASAMENTO, EMPREGO PÚBLICO EFETIVO, COLAÇÃO ENSINO SUPERIOR, ECONOMIA PRÓPRIA ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU EMPREGO). 5. PESSOA JURÍDICA As pessoas jurídicas possuem realidade jurídica, mas não têm realidade física, embora tais pessoas sejam dotadas de direitos e obrigações. Elas são formadas por homens ou bens e têm vida e patrimônio próprios, são entes resultantes da criação da própria lei. Sendo a pessoa jurídica uma criação do direito, não pode ela surgir arbitrariamente. Terá que seguir uma estrutura legal determinada. 13 Uma pessoa jurídica se estrutura, primeiramente, através de um ato jurídico específico, do qual devem participar as pessoas que a integram. Esse ato jurídico é formalizado através de "contrato", "estatuto", ou de "compromisso". O ato formal de constituição da pessoa jurídica deve indicar exatamente seus elementos caracterizadores: nome (firma ou denominação), domicílio (sede), finalidade de sua atividade, duração, natureza-jurídica e sócios. 5.1. Atributos O ato formal de constituição da pessoa jurídica deve ser registrado na repartição competente, ganhando, assim, o novo ente, personalidade jurídica, com a qual passará a ser titular de direitos e obrigações e de capacidade para agir. As pessoas jurídicas, como tal qualificadas, se valem das pessoas naturais para a prática de seus atos. Esse agir das pessoas jurídicas, através das pessoas naturais, é também disciplinado pelo direito, no sentido de garantir não só os interesses de todo o agrupamento que ensejou a criação da pessoa jurídica, mas também os interesses de terceiros que com ela se relacionem. Assim é, que, no ato constitutivo, devem constar as pessoas naturais (ou a pessoa natural) que administram e representam a pessoa jurídica, quer em juízo, quer fora dele, ativa e passivamente. Vale lembrar, também, que há pessoas jurídicas que somente poderão funcionar mediante lei especial, autorização ou aprovação do governo (cooperativas, companhias de seguro, instituições financeiras). Os atos constitutivos poderão sofrer alterações, desde que estas sejam levadas a registro, para que possam valer contra terceiros. 5.2. Nascimento e morte das pessoas jurídicas As pessoas jurídicas, a exemplo das pessoas naturais, nascem, vivem e morrem. Nascem, ganhando personalidade jurídica, quando seus atos constitutivos são registrados no órgão competente. Vivem, praticando atos jurídicos, através de seus representantes. A extinção das pessoas jurídicas pode decorrer de deliberação de seus integrantes, de disposição legal, ou da desautorização de seu funcionamento pelo Governo. Mas a extinção da personalidade jurídica somente ocorre quando for cancelado o registro de sua criação. 5.3. Tipos de pessoa jurídica As pessoas jurídicas são classificadas em pessoas jurídicas de direito público e de direito privado: 14 a) Pessoas jurídicas de direito público externo - os países estrangeiros, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), etc. b) Pessoas jurídicas de direito público interno - a União, os Estados, os Territórios, os Municípios. c) Pessoas jurídicas de direito privado - por exemplo: as Fundações (Fundação BRADESCO), as autarquias, as associações, são todos órgãos destinados à realização de obras e/ou serviçospúblicos. Aqui termina seu primeiro momento de estudo. Você deverá ler várias vezes o texto, fazer suas anotações, retomar a leitura quando sentir dificuldade de assimilação e anotar as dúvidas não sanáveis nesta fase, para discussão na plataforma. 15 CAPÍTULO II 1. DOS BENS No mundo jurídico, consideram-se bens todos os valores consagrados pela ordem econômica e capazes de apropriação humana. Também são considerados bens certos valores de importância moral e psicológica para o homem, como a vida, a liberdade, a dignidade e a honra. Os primeiros, mensuráveis economicamente, prestam-se à aquisição pelo homem. Os segundos, cuja avaliação econômica é impossível, não podem ser apropriados. São valores protegidos pelo Direito em função do que representam para as pessoas, encontrando-se acima de qualquer interesse econômico. Toda relação jurídica entre duas pessoas tem por objetivo um bem sobre o qual recaem direitos e obrigações. Não se esqueça de que bens para o Direito significa: Bens são coisas enquanto economicamente valoráveis. Portanto, para o Direito, os bens podem ser: Corpóreos ou materiais - são os que têm existência física e podem ser percebidos pelos sentidos. Ex.: dinheiro, carro, jóias, etc. Na prática, esses bens podem ser comprados ou vendidos, o que não acontece com os bens incorpóreos como veremos mais adiante. Incorpóreos ou imateriais - são os que têm existência abstrata e que não podem ser percebidos pelos sentidos. Ex.: o direito do autor de um livro, a vida, a liberdade. 1.1. Classificação dos bens Conforme o Código Civil, os bens são classificados da seguinte maneira: a. Imóveis - os que não podem ser transportados sem alteração de sua substância. Ex.: uma casa. b. Móveis - os que podem ser transportados por força alheia. Ex.: uma cadeira, ou por movimento próprio, um cavalo (semovente). c. Fungíveis - são os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex.: 1 quilo de arroz, dinheiro, etc. d. Infungíveis - são os bens que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade, porque são bens personalizados e valem pela sua individualidade. Ex.: uma tela pintada por pintor famoso. 16 e. Consumíveis - são os bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa. Admite se usado apenas uma vez. Ex.: cigarro, giz, etc. f. Inconsumíveis - são os que podem ser usados várias vezes, pois são de natureza durável. Ex.: um vestido, sapato, etc. g. Divisíveis - são os que podem ser partidos em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito. Ex.: papel, quantidade de arroz, milho, um terreno, etc. h. Indivisíveis - são os que não podem ser partidos em porções, pois deixariam de formar um todo perfeito. Ex.: uma jóia, uma régua, um rádio, etc. i. Singulares - são os bens individualizados, ou seja, que embora reunidos, se consideram por si, independentemente dos demais. Ex.: um livro em uma livraria j. Coletivos - são os bens agregados num todo. Ex.: uma biblioteca. Na prática, se você compra ou vende um bem móvel, você o adquire ou o deixa de possuí-lo pela tradição, que em Direito significa: entrega da coisa. Enquanto, se for um bem imóvel não será pela tradição, mas sim, pela transcrição da escritura pública no registro de imóveis. Portanto, cuidado quando você for comprar um apartamento, uma casa. Não é a entrega das chaves que lhe assegura o direito de proprietário, mas a escritura do imóvel. As chaves são apenas a entrega simbólica do bem imóvel. 1.2. Bens públicos e particulares Bens Públicos - são os que pertencem a uma entidade de direito público: a União, os Estados, os Municípios. Bens Particulares - são os que pertencem às pessoas naturais ou jurídicas de direito privado. Os bens públicos podem ser: De uso comum do povo - os rios, as praias, o mar, as estradas, etc., o seu uso pode ser gratuito ou oneroso, isto é, pago. De uso especial - os destinados ao serviço público. Ex.: prédio dos Correios e Telégrafos. Dominicais - são os que constituem o patrimônio da União, Estados, Municípios, etc., sem uma Destinação especial. Ex: terras devolutas (não cultivadas), estradas de ferro, prédios, terrenos da Marinha, etc. 17 1.3. Bem de família É o destinado pelo casal ou um dos cônjuges para ser o domicílio ou residência da família, não podendo ser vendido ou executado por dívidas, salvo as dívidas de imposto, como o IPTU etc. Quando falamos em bem de família referimo-nos tanto às famílias legítimas (casadas civilmente) como também às uniões estáveis entre homem e mulher, que vivam maritalmente. A duração de instituição do bem de família é enquanto viverem os cônjuges, sendo que se existirem filhos menores de 21 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Para ficar saber mais: BENS IMÓVEIS MÓVEIS São eles: O solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Dos bens considerados: Direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; Direito à sucessão aberta. (direito hereditário) Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local Materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Energias que tenham valor econômico; Direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; Direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Materiais destinados a construção, enquanto não forme empregados Materiais de demolição de um prédio. 18 CAPÍTULO III 1. DIREITO DO TRABALHO Conteúdos relevantes serão estudados nessa Unidade tais como: contrato de trabalho, o que é empregado, o que é empregador, proteção do trabalho da mulher, aviso prévio, férias, FGTS, salário, remuneração, etc. 1. 1. Noções básicas de direito do trabalho O Direito do Trabalho surgiu na Europa, como consequência da Revolução Industrial porque com o surgimento do trabalho subordinado surgiu, naturalmente, a figura do empregado. O Direito do Trabalho aplicava-se ao pessoal da indústria, pois essa era a atividade econômica preponderante na época, e só se estendeu aos outros assalariados depois de muitas reivindicações. Hoje, o Direito do Trabalho não se limita a regular as atividades de determinados trabalhadores, mas sim, as de uma vasta quantidade de trabalhadores, até mesmo dos que exercem atividades intelectuais. Conceito Comecemos procurando entender para que serve o Direito do Trabalho. Direito do Trabalho é o conjunto de princípios e normas que regulam as relações entre empregados e empregadores, dando proteção ao trabalho. As normas de Direito do Trabalho são geralmente imperativas e não dependerão da vontade das partes, salvo quando houver maior proteção ao empregado, ou seja, alguma tomada de decisão que lhe traga benefícios além dos previstos em lei. As leis trabalhistas não são retroativas, pois têm aplicação imediata às relações de trabalho existente. As relações de trabalho aqui citadas, ou seja, reguladas pelo Direito do Trabalho são as relações de emprego. Por emprego entendemos trabalho subordinado, ou por conta alheia, e o empregador pode ser um ente de direito privado ou de direito público, desde que a relação seja de emprego e não estatutária, pois esta é própria dos funcionários públicos. Estão também excluídos do Direito do Trabalho o trabalho autônomo (falta-lhe o vínculo empregatício) e o trabalho prestadopor razões de humanidade, isto é: caridade ou filantropia. A relação individual de trabalho é a que entrelaça um empregado a seu empregador, mediante direitos e obrigações recíprocas. Vale ressaltar que as relações coletivas de trabalho são defendidas pelo sindicato da categoria profissional. 19 O Direito do Trabalho se aplica em todo território nacional, desde que haja relação de emprego, independentemente da nacionalidade ou domicílio das partes (empregado ou empregador). A lei brasileira se aplica aos empregados de empresas estrangeiras no Brasil, estatais ou não, excluindo-se os que trabalham para os serviços diplomáticos. No caso do empregado transferido do Brasil para prestar serviços em outro país, do ponto de vista das leis brasileiras, continuará regendo-se por estas, em decorrência dos efeitos jurídicos do contrato vigente quando da transferência. Tratando-se de empresa prestadora de serviços de engenharia, de obras, etc., a norma específica manda aplicar a lei brasileira, quando mais favorável, sempre que o trabalhador seja: a) cedido; b) removido; c) de início contratado por empresa sediada no Brasil. Agora vamos falar alguma coisa sobre a Consolidação das Leis do Trabalho, conhecida por CLT; quando surgiu e com qual finalidade. A Consolidação das Leis do Trabalho é o texto legislativo básico do Direito do Trabalho do Brasil, enriquecido pela legislação complementar e pela Constituição Federal, que é a lei magna do país. A Constituição Federal de 1988 outorgou competência privativa à União para legislar sobre questões de Direito do Trabalho, porém, a Consolidação das Leis do Trabalho - (CLT) tem vigência desde 10.11.1943. Princípios e sua aplicação prática Preciso saber os princípios básicos do Direito do Trabalho para compreender meus direitos? Os princípios são os alicerces dos diversos ramos do Direito. A partir dos princípios são elaboradas as leis, a doutrina e a jurisprudência. Para compreender o ramo do Direito que se deseja estudar torna-se necessário o entendimento dos princípios, já que são a base de todo o raciocínio jurídico para elaboração e interpretação das normas. Realmente existe a proteção dos trabalhadores? Princípio Protetor: o princípio protetor, também chamado princípio de proteção, é o princípio que baseia todo o Direito do Trabalho. O empregado se encontra em posição socioeconômica inferior ao empregador, o que ocasiona um desequilíbrio na 20 relação de emprego. Visando suprir essa desigualdade, o princípio protetor fornece ao empregado um tratamento jurídico superior, estabelecendo a efetiva igualdade substancial. A proteção do trabalhador remonta ao próprio surgimento do Direito do Trabalho. A liberdade contratual sem a proteção jurídica do trabalhador gera a exploração do mais fraco. Assim, o Direito do Trabalho nivela as desigualdades existentes entre empregado e empregador. O princípio da proteção se divide em três vertentes: a.1) In dubio pro operário: é uma regra de interpretação. Havendo diversas interpretações de determinada norma o juiz ou intérprete deverá utilizar a mais favorável ao trabalhador. Não se aplica ao Direito Processual do Trabalho, pois este possui regras próprias quanto ao ônus das provas; a.2) Princípio da norma mais favorável: havendo diversas normas válidas possíveis de serem aplicadas sobre a relação de emprego, o juiz deve optar pela norma mais favorável ao trabalhador. Isso significa que a estrutura da hierarquia de normas no Direito do Trabalho é flexível, podendo uma norma hierarquicamente inferior prevalecer a uma hierarquicamente superior. Exemplo: uma convenção coletiva de trabalho prevê o adicional de 100% para as horas extras trabalhadas, esta prevalecerá sobre a Constituição Federal que prevê apenas 50% de adicional de horas extras. a.3) Princípio da condição mais benéfica: as vantagens que o empregado adquiriu durante o contrato de trabalho não podem ser retiradas ou modificadas para pior. Exemplo: Súmula 51 do TST. Súmula 51, TST - NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT. I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. 21 Fontes do Direito do Trabalho 1) Quais são os fundamentos legais que posso utilizar para reivindicar um direito trabalhista? 2) Se houver duas normas tratando do mesmo tema, qual aplico? FONTES Conceito Fonte é o que origina o próprio Direito. Podem ser os fatos sociais, econômicos e políticos Determinantes para o surgimento da lei (fonte material). Exemplos: reivindicação dos trabalhadores para melhoria das condições de trabalho, greve, revoluções etc. Também podem ser as normas propriamente ditas, a lei positivada. 1) Fontes que emanam da vontade das próprias partes Interessadas (fonte formal autônoma): Acordo e convenção coletiva de trabalho; Costume; Regulamento interno das empresas. 2) Fontes que possuem origem estatal. São elaboradas por um terceiro que não possui relação direta com empregado e Fontes empregador (fonte formal heterônoma): Constituição Federal; CLT; Leis em geral; Medidas provisórias; Atos do Poder Executivo; Sentenças normativas; Jurisprudência (súmulas, orientações jurisprudenciais - OJ, precedentes normativos - PN). Exemplos no Direito Internacional: Tratados internacionais; e Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 22 A hierarquia de fontes no Direito do Trabalho é flexível, ou seja, não se aplica a hierarquia rígida do Direito Comum (pirâmide). Prevalece Hierarquia das a norma mais favorável ao trabalhador, mesmo que esta norma seja hierarquicamente inferior. Exemplo: uma convenção coletiva de fontes do Direito trabalho pode prevalecer a uma norma contida na Constituição do Trabalho Federal, desde que mais benéfica ao empregado. Essa flexibilidade está respaldada no princípio da norma mais favorável, que está dentro de um princípio maior, que é o princípio protetor. 2. CONTRATO DE TRABALHO 2.1. Conceito Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego Por tácito entende-se que a simples tolerância de alguém permitindo e usufruindo o trabalho alheio, terá os mesmos efeitos jurídicos do contrato expresso, caso o esforço humano do trabalhador esteja cercado das mesmas características do contrato de emprego. 2.2. Duração do contrato de trabalho e efeitos rescisórios 2.2.1. Contrato por prazo indeterminado É aquele em que as partes não fixam o seu término. É a forma mais comum de contrato. Isto não quer dizer que o empregado fique eternamente vinculado ao empregador. O contrato pode ser rescindido a qualquer momento pelas partes. 2.2.2. Iniciativa da rescisão por parte do empregador O empregador poderá dispensar, sem qualquer ônus, o trabalhador que cometer falta grave. A Constituição de 1988 refere-se aos casos de dispensa arbitrária, também chamada "sem justa causa"; nesse caso o trabalhador terá direito a uma indenização compensatória, além de outros direitos. Em se tratando de empregado optante pelo FGTS, o empregador poderá rescindir o contrato a qualquer momento, mesmo sem saláriocorrespondente. Pagará o 13º salário proporcional (Lei n° 4.090) e férias proporcionais (arts. 146 e 147 da CLT). Pagará, ainda, diretamente ao empregado, os valores relativos aos 23 depósitos referentes ao mês de rescisão e ao imediatamente anterior que ainda não tiver sido recolhido ao banco depositário, além de multa de 40% desses valores e do montante dos depósitos, da correção monetária e dos juros capitalizados. 2.2.3. Vamos entender o que é FGTS O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS é a soma de depósitos feitos obrigatoriamente pelas empresas em estabelecimentos bancários, em conta individual de seus empregados. O Fundo de Garantia foi criado em janeiro de 1.967 pela Lei n° 5.107, substituída em maio de 1.990 pela Lei n° 8.036, com algumas modificações. Aplica-se aos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, inclusive os vinculados as empresas públicas. Entretanto, os trabalhadores domésticos ainda não têm direito ao FGTS, mas poderão ter se uma nova lei for aprovada pelo Congresso. O estagiário também não tem direito ao FGTS, pois não é considerado como empregado, não tendo direitos nem obrigações de natureza trabalhista; para ele existe a Lei n° 6.494/77. Vale ressaltar que o dinheiro depositado pelo empregador na conta vinculada do empregado não é descontado do seu salário, devendo ser depositado até o dia 07 de cada mês, no valor de 8% (oito por cento) da remuneração paga no mês anterior, incluindo gorjetas, comissões, gratificações e até diárias para viagem, contanto que estas não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do seu salário. Caso o empregado esteja afastado do trabalho por motivo de acidente de trabalho, o depósito do FGTS é feito durante todo esse período, bem como o depósito é exigível para o trabalhador licenciado sem remuneração ou para desempenhar um mandato sindical. É bom ressaltar que, a partir da Constituição de 1988, existe o regime único de FGTS. Assim sendo, em caso de rescisão de contrato o empregado que não era optante, terá direito à indenização pelo período posterior, receberá o FGTS com acréscimo de 40%, nos termos do § 1º do art. 18, da Lei n° 8.036/90. Se o empregado gozar de estabilidade legal (arts. 492, 543 da CLT), contratual (art. 444 da CLT) ou, ainda, decorrente de cláusula convencional, como o caso da gestante, a rescisão só se tornará efetiva com sentença judicial após apreciação de inquérito em que se verifique a procedência da acusação de falta grave imputada ao trabalhador (art. 494 da CLT). 2.2.4. Iniciativa da rescisão por parte do empregado Também a iniciativa da rescisão do contrato de trabalho pode partir do empregado. É o que se costuma chamar de: "despedimento indireto", e ocorre quando o empregador cometer qualquer das faltas alinhadas no art. 483 da CLT. 24 Nesse caso o trabalhador poderá considerar rescindido o contrato. O não pagamento do salário ou sua demora é o caso mais freqüente em que o empregado dá por rescindido o seu contrato de trabalho. O empregado rescindindo o contrato terá direito ao aviso prévio, 13º proporcional e férias proporcionais (arts. 146 e 147 da CLT). A rescisão pode decorrer de ato de terceiro, e nesse caso chamamos de fato do príncipe. É o ato da autoridade municipal, estadual ou federal que acarreta a paralisação da atividade da empresa. O trabalhador tem direito a receber do Poder Público as indenizações que a lei prevê, como já estudamos anteriormente, pois não é justo que a Administração Pública cause prejuízo àqueles com quem ajusta certo negócio. 2.3. Contrato por prazo determinado É aquele em que as partes preveem um limite à sua duração, que pode ser um dia determinado, para que certos trabalhos estejam concluídos, ou relacionando o término do contrato a um fato futuro cujo acontecimento é certo, mas não se sabendo o dia exato em que ocorrerá, prevê-se a data do término por estimativa. Os contratos de duração limitada se encontram hoje regulados pelo art. 443 e seus parágrafos da CLT. A Lei permitiu o contrato por tempo determinado, mas impôs restrições: A primeira consiste em serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo. É o caso de um empregado ser admitido para o lugar de um outro trabalhador que se encontra afastado por acidente de trabalho. A segunda restrição consiste em que as atividades empresariais sejam de caráter transitório, ex.: uma empresa constituída para a construção de uma estrada; terminada esta, a empresa também desaparecerá. Diz a lei no art. 445 da CLT que o contrato por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2 anos, observada a regra do art. 451 da CLT: "0 contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação de prazo". Se houver prorrogação por mais de uma vez, tácita ou expressamente, ele será automaticamente transformado em contrato por prazo indeterminado, que, por sua vez, como o próprio nome diz, não tem nenhum prazo determinado para a sua vigência. O contrato por tempo indeterminado pressupõe, quando rompido, uma série de obrigações de caráter indenizatório na despedida do empregado. 2.3.1. Afastamento por motivo de licença Em alguns casos o afastamento do empregado não é computado, na contagem do prazo para seu término, desde que as partes concordem entre si. (§ 25 20 do art. 472, da CLT). Assim por exemplo, o empregado é contratado por 90 dias; após o primeiro mês de trabalho, pede uma licença sem vencimentos por 6 meses e fica convencionado que o afastamento não é computado no tempo de serviço. Assim, o empregado tem direito de voltar ao serviço após a licença e completar o seu contrato, que ficará suspenso. Em se tratando de contrato por prazo indeterminado, o afastamento do empregado em consequência do serviço militar ou qualquer encargo público de natureza civil, ex.: vereador, deputado ou vogal na Justiça do Trabalho, não é motivo para rescisão ou alteração do contrato por parte do empregador (art. 472 CLT). Isso porque tanto o serviço militar quanto outro encargo civil são causas suspensivas e não extintivas do contrato. Já nos contratos por tempo determinado, lembramos que o tempo de afastamento por motivo de serviço militar obrigatório não interrompe nem suspende o curso do prazo do contrato a termo. 2.3.2. Afastamento em virtude de auxílio-doença De acordo com a Lei Orgânica da Previdência Social, os primeiros 15 dias de afastamento para tratamento de saúde são pagos pelo empregador. Do 16º dia em diante, a Previdência é que faz o pagamento. Em consequência, os primeiros 15 dias de afastamento constituem caso de interrupção do contrato (o prazo de afastamento é contado). Veja-se, por exemplo, um contrato de experiência de 60 dias com vencimento em 30 de novembro. O empregado se afasta por auxílio- doença em 31 de outubro. No dia 3 de novembro, o contrato se extingue pelo decurso de prazo. Outra consequência é que o empregador só é obrigado a pagar 3 dias de auxÍlio-doença que é o tempo em que o contrato ainda teve vigência. 2.4. Contrato a prazo certo É o contrato de trabalho admitido no caso de ser a empresa transitória. Se o contrato é cumprido integralmente, nenhuma indenização é devida. O empregado tem direito a receber o 13º salário proporcional e retirar os depósitos do FGTS. Se a iniciativa da rescisão partir do empregado, deverá este também indenizar o empregador dos prejuízos resultantes. É o caso, por exemplo, do empregado que pede demissão e não cumpre o aviso prévio. O montante desta indenização deverá ser arbitrado e este nunca poderá ser superior àquela a que teria direito o empregado em idêntica condição. Acontece, porém, que a partir da Constituição de 1988, os empregadosque não optaram pelo FGTS passaram a ser obrigatoriamente optantes, tendo em vista o que dispõe a norma constitucional. Se assim é, o contrato rescindido antes do tempo certo dá ao empregado o direito de receber o FGTS e naturalmente o 13º salário proporcional e férias proporcionais, indevido o FGTS se a dispensa se baseou em justa causa. 26 2.5. Contrato de experiência Trata-se de um acordo preparatório, que garante aos que estipulam a mais ampla liberdade de sua rescisão, pois depende da execução de serviços especificados. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 dias, por ex.: a montagem de certa máquina em cuja atividade será avaliada a perícia do trabalhador. Trata-se de um contrato com prazo certo relativamente curto, cujo objetivo é possibilitar ao empregador conhecer melhor as qualidades ou defeitos do novo empregado, ou seja, sua conduta, desempenho, confiabilidade, etc. Para o empregado não é um bom contrato, pois a incerteza que lhe traz quanto ao futuro, causa-lhe receio de ficar desempregado. O prazo do contrato de experiência não pode ser prorrogado, a lei é taxativa ao estabelecer 90 dias. Se por exemplo, o prazo acordado foi de 20 (vinte) dias, poderá ser admitida apenas uma prorrogação de qualquer número de dias, até 70 dias, não podendo, nunca, o prazo inicial do contrato com o da prorrogação ultrapassar 90 dias. É que a CLT só permite uma prorrogação, mesmo que esta não complete 90 dias, sob pena de o contrato ser considerado de duração indeterminada. Expirado o prazo do contrato de experiência, o empregado tem alguns direitos assegurados, tais como: direito a férias proporcionais, mas não tem direito ao aviso prévio. Entretanto, se o contrato previu cláusula em que uma das partes pode rescindi-lo antes do prazo ajustado, cabe o pagamento também do Aviso Prévio. Porém, se o empregado continuar trabalhando após o prazo do contrato de experiência, esse contrato deixa de ser de experiência e se transforma automaticamente em contrato por prazo indeterminado, dando-lhe todos os direitos decorrentes da rescisão dessa modalidade de contrato, como se não houvesse existido o contrato de experiência. Quando o empregado se desliga espontaneamente antes de expirar o prazo, só terá direito ao 13º salário proporcional. Ao contrário, se for o empregador que o despede injustamente antes do término do prazo acordado, ele tem direito a férias e ao 13º salário proporcionais, além do pagamento da remuneração a que teria direito até o fim do contrato, sem o aviso prévio. Se, entretanto, a sua dispensa foi causada por falta grave cometida por ele na vigência do contrato, não terá nenhum direito a receber. Uma vez extinto o contrato de experiência, a empresa não deve celebrar em seguida outro contrato com o mesmo empregado, pois isso acontecendo, a CLT considera por "prazo indeterminado", salvo se a experiência deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. Salvo esses casos, deve se aguardar o espaço de 6 meses para que um novo contrato de experiência possa ser admitido. Do contrário, se o novo 27 contrato de experiência for ajustado antes desse prazo de 6 meses, será ele considerado como sendo contrato por prazo indeterminado. Para facilitar sua compreensão, antes de encerrarmos o assunto sobre "contrato de trabalho", vamos explicar o que vem a ser AVISO PRÉVIO. 2.6. Aviso Prévio Aviso prévio é a comunicação que qualquer das partes, empregado ou empregador, dá à outra manifestando sua intenção de rescindir o contrato de trabalho. A lei estabelece que não havendo prazo certo ou determinado para o período de trabalho, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato, deverá avisar à outra de sua decisão com antecedência mínima de 30 dias. Caso o empregado se recuse a receber a notificação do aviso prévio, o empregador deve, para se garantir de futuras questões trabalhistas, obter a assinatura de duas testemunhas na comunicação do aviso. Se o empregado foi quem pediu demissão do emprego sem dar o aviso prévio ao seu empregador, será descontado do salário nominal ou de outros créditos como: férias, 13º etc., os 30 dias correspondentes ao aviso prévio que ele (o empregado) deixou de dar ao empregador. O horário de trabalho, durante o prazo de aviso prévio, será reduzido de 2 horas diárias para que o empregado possa procurar outro emprego, garantindo, entretanto, o recebimento do salário integral. Se a parte que deu aviso prévio se arrepender de sua decisão antes de findar o prazo respectivo, caberá à outra parte decidir se aceita ou não a reconsideração. Se aceitar, e prosseguindo o pagamento do salário depois de expirado o prazo do pré-aviso, o contrato continuará a vigorar como se o aviso prévio não tivesse sido dado. Há casos, entretanto, em que o empregador não concorda com a redução das duas horas no horário de trabalho, ou qualquer outra compensação no horário; será considerado, então, como se o aviso prévio não tivesse sido dado. Nessa hipótese, ele deverá pagar antecipadamente ao empregado o aviso prévio de 30 dias, anotando ainda, na Carteira de Trabalho o aviso prévio indenizado, isto é, o aviso prévio pago antecipadamente sem esperar que o empregado trabalhe no período a ele correspondente e não será descontada a contribuição para a Previdência Social. Ficando o empregado doente durante o prazo do aviso-prévio, o contrato é suspenso, e o empregado será considerado em licença remunerada. 3. EFEITOS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO 3.1. Pelo cumprimento de prazo. 28 Quando o contrato for por prazo determinado, como por exemplo, o contrato de experiência, o empregado não tem direito ao aviso prévio. O aviso prévio serve para compensar a surpresa da extinção do contrato, o que não ocorre nesse caso. Realmente, o trabalhador estava ciente da predeterminação do prazo, e, consequentemente, não foi surpreendido. Tem direito, contudo, às férias proporcionais, de acordo com o art. 147 da CLT, e na base de 1/12 avos de 30 dias por mês trabalhando, considerando-se como mês completo a fração superior a 14 dias. Tem direito ainda, ao 13º salário proporcional na base de 1/12 avos por mês trabalhado, considerando-se como mês completo a fração igual ou superior a 15 dias, de acordo com a Lei n 4.090/62. 3.1.1. Por iniciativa da empresa antes de seu término Diferente, entretanto, é a situação do trabalhador que celebra um contrato por 90 dias e é dispensado quando trabalhou apenas 60 dias. Ninguém pode negar a surpresa do trabalhador. Daí, concluímos que, se houve surpresa, a empresa é responsável pelo tempo em que ela se verificou. Em outras palavras, se faltavam 30 dias para o vencimento do contrato a empresa é responsável por um aviso prévio de 30 dias; se faltavam 20 será responsável por 20 dias; se faltavam 5 dias é responsável por 5 dias. O pagamento do aviso prévio não ocorrerá se o contrato chegou ao seu término (por prazo determinado), pois as partes já sabiam que o contrato ia terminar. Será pago, entretanto, o 13º salário proporcional e as férias também proporcionais. Caso contrário, ou seja, o contrato sendo extinto antes da data prefixada, será pago ao empregado o aviso prévio, e o período de aviso prévio integra o tempo de serviço do empregado. 3.1.2. Rescisão por falta grave Muitos autores a chamam de "falta grave" de "justa causa", no entanto as duas expressões não se equivalem. É preciso entender que a CLT distingue a "falta grave" do que vem a ser considerado "justa causa", mas, em alguns casos as duas coincidem. A "justa causa" rescinde o contrato de trabalho do empregado levando em consideração os seguintes elementos: ato de improbidade, incontinência de conduta e mau procedimento, negociação habitual, condenação criminal,desídia, embriaguez, violação de segredo, indisciplina, insubordinação, abandono de emprego, ofensa física, práticas de jogos de azar, ato atentatório contra a segurança nacional e o não pagamento de dívidas (bancário). Esta falta é destinada especialmente aos bancários de acordo com o art. 508 da CLT que diz o seguinte: dois são os elementos caracterizadores desta falta: 1 - falta contumaz de pagamento, ou seja, uma única falta de pagamento não enseja a rescisão do contrato de trabalho; e 2 - dívidas legalmente exigíveis. A justa causa só se verificará quando se reunirem os dois elementos. 29 A "falta grave" é também uma "justa causa" caracterizando-se por sua repetição ou importância da natureza da conduta, que permite a dispensa do trabalhador. A apuração da "falta grave" deve ser feita através de inquérito judicial. Somente as faltas graves provocam o despedimento, pois representam uma série de violação dos deveres funcionais. As faltas mais leves justificam apenas as punições da advertência oral, ou por escrito, e de suspensão. Por existir o poder disciplinar que é conferido ao empregador, esse pode punir o empregado que comete uma infração contratual. Este poder, porém, não é absoluto, nem arbitrário, deve haver uma proporcionalidade entre o ato faltoso e a punição. Se a punição for excessiva, a Justiça do Trabalho pode suspender a penalidade imposta. Em virtude de uma mesma infração contratual, o empregado só pode ser apenado uma vez. Cometida a infração, deve o empregador examinar a sua gravidade aplicando a pena que considera justa. Não pode, todavia, aplicar, por exemplo, a pena de advertência e depois, concluindo que a falta envolveu maior gravidade, aplicar pena mais severa como a de suspensão. Se tal ocorrer, o Judiciário determina a revogação da segunda pena imposta. Se o empregador comunica ao empregado uma punição que resolveu lhe aplicar, não poderá reconsiderá-la sem consentimento do trabalhador. Por exemplo, alterar a dosagem da pena de mais severa, para mais leve ou vice- versa. Ê admissível, entretanto, que o empregador pode, sem o consentimento do empregado, reconsiderar a aplicação da pena já que, em tal hipótese, houve o cancelamento da penalidade, sem qualquer prejuízo para o trabalhador. De acordo com o art. 482 da CLT Justa causa é a razão, ou o motivo, que a lei dá ao empregador para rescindir o contrato de trabalho em virtude da falta praticada pelo empregado, qualquer que seja o tempo de serviço prestado. É importante considerar-se o prazo entre o cometimento da infração contratual e a aplicação da penalidade. Esse prazo é considerado entre o momento em que o empregador toma conhecimento da infração. Muitas vezes, ocorre de o empregador só tomar conhecimento do fato muitos dias após a infração, ou o contrário, o fato é denunciado ao empregador, e esse afasta imediatamente o empregado para a competente apuração. Constatada a infração, a penalidade é imposta: não havendo comprovação, o empregado volta ao serviço recebendo os salários do afastamento. 3.1.3. Rescisão indireta Nesse caso, a falta cometida foi praticada pelo empregador, e não pelo empregado, dando margem à rescisão do contrato. O empregado poderá rescindir o contrato exigindo a devida indenização nos seguintes casos: quando o serviço exigido for superior às suas forças, ou ainda, sejam contrárias aos bons costumes, 30 ou mesmo não estejam indicados no contrato (art. 483 CLT). Quando também o empregado correr perigo de mal considerável, for tratado pelo empregador com rigor excessivo, não cumprir o empregador as obrigações do contrato, praticar o seu empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama, ou se esses o ofenderem fisicamente, exceto nos casos de legítima defesa, própria ou de outrem. Também ocorre motivo para que o empregado pleiteie a rescisão indireta, quando o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente o valor do seu salário. Também pagar os salários frequentemente com atraso é motivo de rescisão indireta. Nas rescisões indiretas, o empregado deixa o serviço e pleiteia as indenizações a que se julga com direito. Em se tratando de descumprimento de obrigação do contrato ou redução salarial quando o empregado trabalha por tarefa, o trabalhador pode continuar trabalhando, ou não, conforme lhe faculta o § 3 do art. 483. Isso é importante, porque se não ficar provada a falta grave imputada ao empregador, o empregado pode continuar trabalhando normalmente. O assunto deve ser tratado e analisado com cautela, pois não se pode permitir que um empregado, por capricho, acione levianamente o empregador. Em todos os casos citados, quando ocorrer a rescisão indireta, o empregador pagará ao empregado os valores relativos aos depósitos referentes da rescisão e aos imediatamente anteriores que ainda não houverem sido recolhidos, sem prejuízo das cominações legais. Além de tudo isso, a lei determina que pague imediatamente ao empregado a importância adicional de 40% do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, corrigida monetariamente e acrescida dos respectivos juros. O pagamento a que faz jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto. Nesse caso o pagamento será feito em dinheiro. 3.1.4. Culpa recíproca ou força maior Quando ocorre uma concomitância de culpas por parte do empregado e do empregador. Nessas hipóteses o contrato de trabalho também se extingue. O empregado estável receberá a indenização pela metade. Quanto aos pagamentos, o procedimento deverá ser o mesmo que deve ter o empregador quando despede o empregado sem justa causa, com a diferença de que, ao invés de o empregador pagar importância adicional de 40% de todos os depósitos em sua conta vinculada, deverá pagar a metade (20%) desse montante, além do aviso prévio, 13º salário proporcional e férias também proporcionais. 31 3.2. OUTRAS FORMAS DE EXTINÇAO DO CONTRATO Além das formas estudadas, outras existem que extinguem o contrato de trabalho, como podemos examinar: 3.2.1. Acordo Empregado e empregador podem negociar um acordo para a extinção do contrato de trabalho. A indenização e os demais haveres trabalhistas serão objeto do valor que as partes estabelecem. A lei estabelece apenas que o tempo anterior à atual Constituição poderá ser transacionado, respeitando o limite mínimo de 60%. A concretização do acordo deve obedecer às formalidades do art. 477 da CLT. Em havendo composição amigável, não é permitida a movimentação do FGTS, já que a hipótese não é contemplada pela Lei. Por se tratar de verdadeiro direito adquirido, não devem entrar no acordo os salários, férias vencidas e 13° salário vencido. 3.2.2. Demissão Quando o trabalhador não deseja continuar no emprego, pede demissão. Em tal hipótese, deve conceder aviso prévio ao empregador sob pena de retenção de seu salário até o montante do aviso prévio, segundo art. 487, § 2°, da CLT. É evidente que o empregador poderá liberar o empregado do cumprimento do aviso. Pedindo demissão, o empregado optante não tem direito ao FGTS e o não-optante perde o direito à indenização deste período. Com mais de um ano de serviço, tem direito a 13° salário proporcional e férias proporcionais. Tendo menos de um ano, faz jus ao 13° salário proporcional, mas não a férias proporcionais, tendo em vista o disposto no art. 147 da CLT. 3.2.3. Justa causa Sendo despedido com justa causa, o empregado não tem direito a indenização, se não optante (art. 477 da CLT). Sendo optante, não tem direitoao FGTS com acréscimo. Só poderá movimentar os depósitos em condições especiais. O empregado que é despedido com justa causa não tem direito a receber aviso prévio, 13º salário proporcional, férias proporcionais. O FGTS sem juros e correção monetária, só tem direito com as restrições, ou seja: para desemprego, habitação, etc. 3.2.4. Aposentadoria O contrato de trabalho será extinto quando o trabalhador desejar desligar- se do emprego por motivo de sua aposentadoria por tempo de serviço ou por idade. Terá ele direito ao seguinte: saldo do salário, salário-família proporcional, 32 13º salário proporcional, férias proporcionais, férias vencidas (se houver), FGTS: 8% sobre o saldo do salário; 13º salário e férias com 1/3 a mais. O aposentado não tem direito a aviso prévio. Se o aposentado for não-optante, só terá direito a receber indenização reduzida pela metade. 3.2.5. Extinção da empresa Na extinção da empresa sem força maior, o empregado tem direito a receber todos os seus direitos como se fosse despedido sem justa causa; entretanto, havendo motivo de força maior para a extinção da empresa se efetuar, ou a extinção de um de seus estabelecimentos, uma filial por exemplo, a indenização será devida pela metade. Quando a empresa for paralisada por ato de autoridade federal, estadual ou municipal, o empregado terá direito a receber seus direitos indenizatórios como se fosse despedido imotivadamente. O pagamento será feito pelo governo responsável; quando cessar a atividade da empresa por morte do empregador, o empregado terá direito a indenização integral, conforme o art. 185, CLT. Na extinção por força maior, significa que houve um acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente. A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior (art. 501 da CLT). 3.2.6. Morte do empregado O contrato de trabalho se extingue com a morte do trabalhador. E a quem deverá ser pago o saldo de sua conta vinculada? Nesse caso, o saldo da conta vinculada deverá ser pago aos respectivos dependentes habilitados perante o INSS, à vista de documento emitido por este Instituto, na conformidade dos critérios adotados para a concessão da pensão por morte. No caso do trabalhador falecido não deixar dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores, na forma prevista no Código Civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento de interessado, independentemente de inventário ou arrolamento. Os dependentes poderão levantar os valores seguintes (em caso de morte do empregado): os depósitos do FGTS, férias proporcionais, somente quando o empregado contar mais de doze meses de serviço e 13º salário. 33 CAPÍTULO IV 1. EMPREGADO 1.1. Conceito O empregado no amplo sentido é: “Toda pessoa que prestar serviço de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário" (art. 3 da CLT). A lei não permite que haja distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e o manual. Examinando-se o conceito legal, percebe-se que para a pessoa ser considerada empregada é necessária a satisfação das seguintes características: a. pessoalidade; b. onerosidade; c. continuidade; d. subordinação; e. intencionalidade. Vamos estudar detalhadamente cada um desses aspectos, para melhor compreendermos o que é para o Direito do Trabalho: Empregado. a. Pessoalidade - o empregado tem que ser uma pessoa física ou natural. Desse modo, aquele que por sua iniciativa se substitui no serviço não pode se considerar empregado, pois a pessoalidade exclui a hipótese de substituição para executar o serviço contratado. Ex.: não pode o pai mandar o filho substituí-lo no serviço. A pessoalidade é, portanto, um dos elementos essenciais à caracterização de empregado. b. Onerosidade - não existe contrato de trabalho sem remuneração, é necessário estipular quanto vai ser o salário e de que forma será o pagamento, pois a intenção de remunerar o trabalho prestado é imprescindível, para que fique caracterizada a relação de emprego. Ex.: não há contrato de trabalho quando o religioso presta serviço por espírito humanitário, sem nenhuma intenção de receber salário, pois não se constitui objeto de emprego, nem será protegido pelo Direito do Trabalho. c. Continuidade - é um elemento importante para caracterizar a relação de emprego. O trabalho tem que ser contínuo. Assim sendo, o trabalhador que presta serviços ocasionais, como o "eventual", "o biscateiro", não é empregado, 34 pois executa serviços transitórios. O requisito da continuidade deve ser examinado com cautela, pois, às vezes, um trabalhador eventual pode executar trabalhos todos os dias, e ao contrário, um verdadeiro empregado ser contratado para trabalhar apenas três ou quatro dias por semana. O exemplo que daremos ilustrará melhor a hipótese acima: um pedreiro é contratado pela Universidade para que faça todo e qualquer remendo nas paredes, tetos e demais dependências sempre que seja necessário. Nesse caso, há inserção do trabalhador no âmbito da Universidade. Porém, se o pedreiro for chamado para realizar um certo e determinado conserto numa casa, não há relação de emprego. d. Subordinação - é a mesma coisa que dependência, daí porque a CLT no seu art. 30 emprega a palavra "dependência". No sentido da lei trabalhista, subordinação significa uma limitação à autonomia do empregado, para que ao executar os serviços obedeça, siga as normas pré-estabelecidas. e não faça o que bem entender, agindo ao seu modo dentro da empresa. O trabalhador se subordinará, portanto, ao horário proposto, ao regime das leis trabalhistas, à forma de pagamento (diário, semanal, por quinzena ou mensal) etc. e. Intencionalidade - para que exista um contrato de trabalho, é necessário que a pessoa tenha o ânimo de prestar serviços sob a forma de emprego. Ê o elemento subjetivo do contrato de trabalho. Daí porque o trabalho religioso ou de benemerência prestado para instituições de caridade não é considerado como contrato de trabalho, pois não há salário, portanto, não é protegido pelo Direito do Trabalho, é um trabalho gratuito, filantrópico. Vale ressaltar que qualquer pessoa para o Direito do Trabalho pode ser empregado. No Brasil, a única restrição é em relação à idade para se contratar, ou seja: I. é proibido o trabalho ao menor de 14 anos, diz a Constituição Federal no seu art. 7°, XXXIII e o art. 403 da CLT; lI. dos 14 aos 18 anos, pode-se contratar com as restrições de trabalho noturno ou insalubre art. 404 e 405 da CLT; III. aos 18 anos, é plena a capacidade trabalhista; aos 14 anos só é permitido o trabalho do menor como aprendiz (art. 7°, inciso XXXIII). Outras proibições são feitas ao trabalho do menor, tais como: o trabalho noturno entre as 22:00h e as 5 da manhã; o trabalho nos locais e serviços perigosos ou insalubres, conforme o quadro aprovado pelo Ministério do Trabalho; e o trabalho ou serviço prejudicial à sua moralidade. Quanto ao trabalho exercido nas ruas, praças, logradouros, compete ao Juiz verificar se a atividade é indispensável à própria subsistência do menor ou a de seus pais, avós ou irmãos e se não traz prejuízos à sua formação moral. (art. 406 da CLT) 35 1.2. Tipos de empregados 1.2.1. Empregado a domicílio É aquele que executa em sua residência as tarefas que lhe são determinadas, pois a lei deixa bem claro que não se deve fazer distinção entre trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. Ex.: as costureiras que trabalham para empresas de confecções de roupas,embora costurem em sua residência, mandam entregar semanalmente as peças, ou no tempo estipulado, bem como o número de peças que devem ser produzidas por dia, ou por semana, etc. 1.2.2. Trabalhadores autônomos Trabalhador autônomo é aquele que não é subordinado e não tem em- pregador. Exerce sua atividade de forma independente, de acordo com as circunstâncias e dentro de suas conveniências, realizando seu trabalho por conta própria ou por meio de contrato de serviços autônomos, de empreitadas, de mandato, etc. Essas pessoas têm uma profissão definida, dela fazendo a razão de seu sustento. Ex.: advogados, médicos, dentistas, fisioterapeutas, ou os que exercem profissões técnicas, tais como: representantes comerciais (pessoas físicas), corretores de imóveis. Como o autônomo não tem empregador, a competência para dirimir seus conflitos é da Justiça Comum, em consonância com as leis civis e comerciais. 1.2.3. Trabalhadores avulsos O trabalhador avulso presta serviços descontínuos a vários empregadores. Embora o avulso trabalhe subordinadamente, não é considerado como empregado, pois lhe falta o requisito da continuidade. O avulso é considerado um empregado eventual, não tem vínculo empregatício. Ex.: os portuários, o carregador e descarregador de mercadorias. O trabalhador avulso pode se sindicalizar ou não, e daí passa a ter concessão de direitos de natureza trabalhista executada por intermédio da respectiva entidade de classe. 1.2.4. Trabalhador temporário Ao contrário do trabalhador comum, que é permanente, o trabalho do temporário é provisório. Com o pessoal temporário, a relação jurídica se estabelece entre três partes: 1. o trabalhador; 2. a empresa fornecedora de mão-de-obra; 36 3. a empresa a quem a mão-de-obra é destinada. A característica essencial desta relação de trabalho consiste na temporariedade. Somente em condições excepcionais o trabalho é executado. Por exemplo, uma empresa que produz uma quantidade determinada de peças de automóveis. Esta quantidade determinada de peças produzidas é normal para enfrentar a oferta e a procura. Ocorre que esta mesma empresa pode vir a receber excepcionalmente uma encomenda de peças de automóveis que supera o dobro de sua produção. Neste caso pode ela se valer de pessoal temporário para trabalhar. 1.3. Trabalhador doméstico Entende-se por empregado doméstico aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, conforme dispõe o art. 1º da LC 150/2015. Deste conceito, destacamos os seguintes elementos: Prestação de serviço de natureza não lucrativa; À pessoa física ou à família, no âmbito residencial das mesmas; Continuadamente. O doméstico faz jus: a) Registro em CTPS; b) Ao salário-mínimo ou ao piso salarial estadual, fixado em lei; c) Jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais; d) Seguro contra acidentes de trabalho; e) Irredutibilidade do salário; f) Horas Extras – com no mínimo 50% de acréscimo sobre o valor da hora normal; g) Adicional noturno – equivalente 20% do valor da hora normal; h) Décimo terceiro salário; i) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; j) Férias vencidas, acrescidas de 1/3 constitucional; k) Férias proporcionais, acrescidas de 1/3 constitucional; l) Férias em dobro, quando concedidas ou pagas fora do prazo; m) Salário-família; n) Vale transporte, nos termos da lei; 37 o) FGTS equivalente a 8% da remuneração do empregado. Os cuidados na contratação de um empregado doméstico iniciam-se já na seleção dos candidatos. Recomenda-se uma seleção criteriosa, observando-se os acontecimentos anteriores ocorridos na vida do candidato a empregado doméstico e de suas referenciais. É importante que o candidato preencha uma ficha simples, contendo seus principais dados e o histórico de sua vida profissional, bem como as referências pessoais, comerciais e dos empregos anteriores. O empregado doméstico, no momento da sua admissão, deverá apresentar a seguinte documentação: Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); Exame médico - atestado de saúde, subscrito por autoridade médica responsável, a critério do empregador doméstico; e Apresentar o número da inscrição junto ao INSS para os devidos recolhimentos previdenciários na GPS. Atenção: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – INSS A partir da competência outubro/2015, com recolhimento em novembro/2015, aplica-se a regra do Simples Doméstico. FGTS A partir da competência outubro/2015, com recolhimento em novembro/2015, aplica-se a regra do Simples Doméstico. IRRF A partir da competência outubro/2015, com recolhimento em novembro/2015, aplica-se a regra do Simples Doméstico. SALÁRIO-MATERNIDADE – NECESSIDADE DE VIGÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO 13º SALÁRIO O pagamento do 13º salário segue os critérios já conhecidos, de fração de 1/12 avos da remuneração devida em dezembro por mês de serviço do ano correspondente. O empregado doméstico também faz jus ao adiantamento do 13º salário entre os meses de fevereiro a novembro, parcela esta que será descontada do valor integral correspondente ao 13º salário quando do seu pagamento em dezembro ou anteriormente no caso de rescisão do contrato de trabalho. 38 2. EMPREGADOR 2.1. Conceito Empregador é a pessoa natural ou jurídica que utiliza serviços de outrem em virtude de um contrato de trabalho. A CLT deixa bem claro o poder diretivo do empregador, implicando consequentemente na subordinação do empregado. O empregador, segundo conceito da CLT no seu art. 2°, corre todos os riscos da atividade da empresa, podendo inclusive perder todo o capital investido. Em consequência, pode ser empregador: 1. a empresa; 2. os profissionais liberais; 3. as instituições de beneficência; 4. as associações recreativas; 5. outras instituições sem fins lucrativos que admitirem empregados; 6. condomínio, etc. Deve-se entender que o empregador é a empresa e não o empresário. Realmente, a CLT, no seu art. 2° dispõe que: "Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços." É o princípio da despersonalização do empregador. Desse modo, o empregado está ligado à empresa ou estabelecimento e não à pessoa do empresário. O Condomínio, no caso, tem nas pessoas dos condôminos a figura dos empregadores, cada um respondendo na proporção da sua cota disponível. A representação ativa e passiva do condomínio em juízo é feita pelo síndico, e não pelos empregados das empresas administradoras de edifícios. Osíndico pode comparecer pessoalmente, ou nomear como preposto, qualquer empregado do condomínio como por ex.: o zelador, o porteiro, etc. 2.2. Pessoas equiparadas ao empregador A C.L.T., no § 1 ° do art. 2° equiparou ao empregador, para efeito exclusivo da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. De acordo com a lei, podem ser empregadores os advogados, médicos, etc. Também podem ser empregadores os hospitais, clínicas, asilos, etc. As conhecidas secretárias de advogados, de médicos etc., que exercem trabalho subordinado, são consideradas empregadas, perante a lei. Tais pessoas devem receber o salário 39 mínimo ou remuneração maior, mas não têm, entretanto, o benefício da estabilidade. A lei também não proíbe
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