Buscar

penal resumo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Matéria: Direito Penal I 
INTRODUÇÃO: 
O Direito Penal é um ramo do Direito Público. Expõe o seu sistema por meio de normas jurídicas, exigindo o seu cumprimento sem reservas, estendendo-se a todos (imputação) . Possui uma natureza peculiar de meio de controle social formalizado, uma vez que os demais meios de controle mostram-se ineficazes/insuficientes para harmonizar o convívio social. Procura resolver conflitos e suturar eventuais rupturas produzidas pela ação do homem. ”O fato social que contrariar o ordenamento jurídico constitui um ilícito jurídico (transgressão da norma), cuja modalidade mais grave é o ilícito penal (infração penal), que lesa os bens mais importantes dos membros da sociedade” 
CONCEITO: 
É o conjunto de normas jurídicas (normas e princípios) que tem por objetivo a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes através de penas e medidas de segurança. “É o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder 
punitivo do estado” - Frederico Marques. 
Obs:. Para Basileu deve-se chamar de direito criminal, pois quando se fala em Direito Penal acaba por não incluir as medidas de segurança. Já para Nilo não existe problema ao utilizar a segurança também. 
denominação Direito Penal,pois acredita que a palavra “pena” engloba as medidas de 
CARACTERES: 
- A relação existente entre o “Autor e Vítima” é de natureza secundária, uma vez que esta (vítima) não possui o direito de punir (jus puniendi), somente de acusar (jus accusationis). 
Consequentemente, o Estado, mesmo nas ações privadas (ações de exclusiva iniciativa privada), é o titular do poder punitivo (de caráter público). 
- Uma das principais características do Direito Penal é a sua finalidade preventiva, pois antes de punir o infrator da ordem jurídico-penal, procura motivá-lo à não cometer tal infração por meio de normas proibitivas.
‘’Direito Penal é uma ciência cultural, normativa, valorativa, finalista e sancionadora” – Magalhães Noronha; 
 - Cultural, pois pertence à classe do ‘’dever ser’’. É ciência normativa porque tem como objetivo o estudo da norma e, atualmente, as causas do fenômeno criminal. 
É valorativo, pois estabelece valoriza a própria norma, que se dispõem em escala hierárquica. É finalista, pois visa a proteção dos bens jurídicos fundamentais. É sancionadora pois comina sanções em seu texto. 
- Tem caráter primário e constitutivo, uma vez que não atua de forma simplesmente acessória, pois protege bens e interesses não protegidos por outros ramos do Direito, e, mesmo quando tutelado por outros ordenamentos, ainda assim, faz de forma única, dando distintiva valoração. 
1. Fragmentariedade e subsidiariedade: 
1.1) O princípio da intervenção mínima e o caráter subsidiário: Tal princípio orienta e limita o poder incriminador do Estado, tecendo a ideia de que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção do bem jurídico. Neste sentido, se outras 
formas de sanção ou outros meios de controle social forem suficientes para a tutela deste bem, não há motivo para a sua criminalização. 
Por este motivo, o Direto Penal deve atuar (ultima 
ratio) quando os demais ramos do Direito forem incapazes de proteger um bem jurídico 
relevante à vida individual e social. 
“O Direito Penal assume feição subsidiária e sua intervenção 
se justifica quando fracassam as demais formas protetoras do bem jurídico prevista em outros ramos do direito” – Muñoz Conde 
2.2) Fragmentariedade: Resultante do princípio da subsidiariedade (ultima ratio), o Direito Penal protege valores imprescindíveis para a sociedade, não podendo utilizá-lo na tutela de todos os bens jurídicos. Neste sentido, nem todas as ações que lesionam bens jurídicos são proibidos, nem como todos os bens jurídicos são protegidos por ele. 
O Direito Penal limita-se a 
castigar ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes, decorrendo daí o seu caráter fragmentário. 
“É o que se denomina caráter fragmentário do Direito Penal. Faz-se 
tutela seletiva do bem jurídico, limitada àquela tipologia agressiva que se revela dotada de indiscutível relevância quanto à gravidade e intensidade da ofensa” –Régis Prado. 
Em suma, o caráter fragmentário do Direito Penal significa que o mesmo não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes. 
2. Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo: 
2.1) Direito Penal objetivo: É o conjunto de normas (dispositivos textuais) sistematizadas que compõem o Direito Penal. É também o agente delimitador do poder punitivo do Estado, estabelecendo um limite ao direito de punir (jus puniendi). 
2.2) Direito Penal subjetivo: Constitui-se no jus puniendi, cuja titularidade exclusiva pertence ao Estado. *O Estado, mesmo nas ações privadas (ações de exclusiva iniciativa privada), é o titular do poder punitivo (de caráter público), já que o particular detêm somente o poder de acusar 
(jus accusationis). 
 
3. Direito Penal substantivo e Direito Penal adjetivo: *Vale ressaltar que essa distinção já está superada. 
3.1) Direito Penal substantivo: Também conhecido como Direito material, é o Direito Penal propriamente dito, com suas normas que compõem o Código Penal (define princípios jurídicos que regulam os seus institutos, definem condutas criminosas e cominam as sanções 
correspondentes). 
3.2) Direito Penal Adjetivo: Também conhecido como Direito formal, é o Direito Processual, que determina como deve ser aplicado o Direito Penal. Constitui-se, portanto, em um instrumento de aplicação do Direito Penal substantivo.
instrumento de aplicação do Direito Penal substantivo. 
4. Direito Penal comum e Direito Penal complementar/especial: 
4.1) Direito Penal comum: É aquele que corresponde ao conjunto de normas penais objetivas aplicadas através da justiça comum. 
4.2) Direito Penal complementar/especial: É aquele que corresponde ao conjunto de normas penais objetivas aplicadas por órgãos especiais. Ex: Justiça Militar e Direito Penal Eleitoral . 
5.Direito Penal de Emergência,Simbólico,Promocional: 
5.1)Direito penal de Emergência:É aquele que surge do clamor social.(lei Maria da Penha) 
5.2)Direito Penal Simbólico: É aquele que emerge com uma função representativa, criada para acalmar um clamor social, porém sem real poder efetivo. 
5.3)Direito Penal Promocional: São normas penais criadas com função de promover mudanças sociais. 
 
FUNÇÕES DA PENA 
1.Teoria absoluta: Situada em um contexto pós Absolutismo, onde a posição do Estado passa de “Estado e Soberano” para “Estado burguês basilado no contrato social”, surge a idéia de soberania popular e a divisão dos poderes, mudando assim, o próprio conceito da pena. A pena passa a ter seu significado relacionado à retribuição do mal causado pelo criminoso, servindo somente para castigar, não cumprindo nenhuma utilidade social. Tinha como defensores Kant e Hengel.
- Kant: Afirmava que a pena e o “fim em si mesma”,ou seja, que a pena por si só,não tem outra função do que a retribuição do mau causado. 
- Hegel :A pena tem função retributiva,para ele a pena é a “afirmação do direito”. 
 
Críticas: 
- Para Roxin, se a pena não tem função social o Direito Penal não tem razão de existir. 
- Essas teorias dão um “Cheque em Branco” ao legislador, logo o Estado pode legislar do modo que lhe for conveniente. 
- Para alguns estudiosos acreditam que isso acarreta a chamada “Institucionalização da vingança”. 
Antes da Revolução Francesa, as penas eram corporais, sendo que depois dela, a forma punitiva se tornou mais grave; passaram de corporais para privaçõesde direitos (privação da liberdade). 
Teoria da Expiação: Corresponde ao antecedente histórico da Teoria Absoluta (situada no período do absolutismo), desenvolvida pelo Direito Canônico, segundo o qual a privação de liberdade figurava meio para se expiar/aplacar a culpa pelo cometimento do pecado.
2.Teorias Relativas ou da Prevenção: 
2.1) Teoria Relativa Geral: A Teoria de prevenção geral é voltada para a sociedade, uma vez que toma a punição de um criminoso como exemplo a ser dado à sociedade. 
2.1.1)Teoria Geral Positiva: Por meio da punição do criminoso, permite-se o conhecimento da norma pela sociedade. O principal expoente foi Jakobs. Ele parte da Teoria dos sistemas de Luhmann para dizer que o Direito Penal é um sistema autopoiético (se alimenta dele mesmo), cujo alimento seria o próprio crime, em razão deste ensejar a pena privativa de liberdade, que reafirmaria a validade da norma.
 “A pena serve para destacar com seriedade, e de forma ‘’cara’’ para o infrator, que a sua conduta não impede a manutenção da norma. Assim, enquanto o delito é negativo, na medida em que infringe a norma, fraudando expectativas, a pena, por sua vez, é positiva na medida em que afirma a vigência da norma ao negar sua infração.” (Bitencourt. p. 98). 
2.1.2)Teoria Geral Negativa: Entende-se que, com a punição do criminoso, imprime-se um temor social que funcionará como um desestímulo a criminalidade. O principal l expoente foi Feuerbach, que foi o formulador da “Teoria da coação psicológica”. ‘’Tal teoria defende a ideia da cominação penal, isto é, a ameaça de pena alertaria os membros da sociedade sobre as ações injustas contra as quais se reagirá; e, por outro l ado, com a aplicação da pena cominada, deixa-se patente a disposição de cumprir o alerta/ameaça realizada. 
– ‘’A pena seria, efetivamente, uma ameaça da lei aos cidadãos, para que se abstenham de cometer delitos”.(Bitencourt. p. 90) 
Críticas:
- Hegel afirmava que tal teoria o Estado estaria ameaçando a sociedade a não 
cometer crimes.
2.2) Teoria Especial: A Teoria de prevenção especial dirige-se, exclusivamente ao delinquente, com o intuito de o mesmo não cometer novas infrações/crimes. Segundo Von Liszt “A necessidade da pena, mede- se com critérios preventivos especiais, segundo os quais a aplicação da pena obedece uma ideia de ressocialização e reeducação do delinquente, e também, para neutralizar os incorrigíveis. (intimidação, correção e inocuização)” 
2.2.1) Teoria Especial Positiva: A pena serve para a ressocialização. Preferem trabalhar com medidas (supõe que o delinquente é um sujeito perigoso ou diferente do sujeito normal e por isso deve ser tratado de acordo com sua periculosidade.) do que com penas. (Implica a liberdade 
e a capacidade racional do indivíduo), visando a correção e a ressocialização do delinquente. 
Porém, Zaffaroni critica esta tese em “O discurso do Ré” e afirma que é um paradoxo insuperável, no que tange a exclusão [pena privativa de liberdade] a pretexto de incluir [ressocializar] – (Em busca das penas perdidas; editora Revan; Eugenio Raúl Zaffaroni). 
2.2.2)Teoria Especial Negativa: Pune-se o indivíduo para que se possa garantir que, enquanto ele cumpre pena, não cometerá novos delitos (Neutralização).
Críticas: 
- Para Roxin essa teoria tem um ponto positivo que é atribuição de uma função a pena, todavia não impõe limites ao poder punitivo do Estado. 
- Ele também diz que essa teoria não explica a hipótese de um indivíduo que esteja apto a viver em sociedade cometer um crime eventualmente.
3. Teorias Mistas ou Ecléticas ou Unitárias: A pena cumpre todas as funções (punir,corrigir,previnir,etc...) a um só tempo (Código Penal, Art. 59). Para Mir Puig “A retribuição, a prevenção geral e a especial são distintos aspectos de um mesmo fenômeno (pena)”. O principal argumento defensor desta tese é de que as demais teorias são unidimensionais e incapazes de abranger os fenômenos sociais, gerando consequências graves 
a segurança e aos direitos fundamentais. Estabelece uma diferença entre fundamento e fim da pena. 
A) Fundamento: O delito, afastando a intimidação da pena (prevenção geral) e doença biológica ou social (prevenção especial).
 B) Finalidade: Proteger a sociedade (bens jurídicos), 
por meio dos princípios da culpabilidade e da proporcionalidade.
4. Teoria Agnóstica: Entende que a pena não cumpre nenhuma das funções legitimadoras, acima referidas (mas ainda assim, não deve ser abandonada) 
5. Teoria Dialética Unificadora: Principal expoente foi Claus Roxin, onde segue uma linha mista, porém se difere da Teoria Mista no que tange a função da pena. Para ele, existiria ‘’três espécies’’ de pena (Cominada, Aplicada e Executada). 
Pena Cominada: 
Função: prevenção geral; 
Limite: Princípio da proporcionalidade 
 B) Pena Aplicada: 
 Função: Retribuição; 
 Limite: Culpabilidade (Juízo de Censura) 
Pena Executada: 
Função: Prevenção especial; 
Limite: Princípio da humanização das penas
CIÊNCIAS PENAIS: 
1.Criminologia: 
Estuda a causa dos crimes. Ainda hoje se discute se a criminologia possui ou 
não o status de ciência. Para Tomhpson, a criminologia não passa de uma reunião de teóricos que se ocupam da função “de alardear” conclusões extraídas do senso comum; são teóricos do geral. Para Salo de Carvalho, a delimitação do objeto de estudo, bem como a abertura metodológica, devem ser elementos repensados no contexto moderno. 
Criminologia Etiológica: Tem como contexto o século XVIII, tendo focado no criminoso e não somente nas penas ou antecedentes históricos. Acaba trazendo um status majoritariamente científico. Maior precursor foi Lombroso – “Teoria do Criminoso nato”, onde defendia a ideia de um gene criminoso, onde o sujeito nasceria criminoso e acabaria cometendo um crime em algum momento. 
A Etiologia traz uma abordagem essencialista, pois o “ser-criminoso” corresponderia a característica de alguns sujeitos considerados defeituosos (Determinismo Social). Compreende o crime como uma anomalia antropomórfica, capaz de ser detectada, inclusive, antes do cometimento de qualquer delito (ex: filme Manority Report). “Tem por objeto de estudo o criminoso e a criminalidade, concebidos como realidades gerais preexistentes ao sistema de justiça criminal e explicados pelo método positivista de causas biológicas, psicológicas e ambientais”.
Criminologia Crítica: Tem como principal expoente Alessandro Baratta *(sugestões: política criminal de reformas sociais, transformação da opinião pública e abolição das instituições carcerárias). Observa que a origem do crime esta mais associada ao 
processo político de criminalização, que torna aquela ação crime e quem o comete, criminoso, uma vez que o sistema penal foi criado para fins de assegurar a desigualdade social e a estrutura vertical da sociedade. 
O crime corresponde ao produto do controle social (tipificação de condutas) e o produto final de um processo de etiquetamento (Teoria do Etiquetamento ou do Labeling Approach), onde o “ser crime” é uma 
qualidade atribuída ao ato, ou seja, a Criminologia Crítica sustenta a tese de que o “ser-crime” não é um atributo do ato mas sim uma qualidade atribuída ao ato. Trabalha com a ideia de “Seletividade Penal” (capacidade do Direito Penal de escolher, em última análise, quem irá compor a sua clientela), abrindo espaço para a predeterminação da mesma (grupos ou classes). 
“O objeto de estudo é o processo de criminalização de sujeitos e de fatos, como realidades construídas pelo sistema de controle social, capaz de mostrar o crime como qualidade atribuída a comportamentos ou pessoas (processo seletivo fundado em estereótipos, preconceitos), desencadeados por indicadores sociais negativos de marginalização, desemprego e pobreza”. 
*OBS¹: Tais sugestões trazidas por Baratta são criticadas pois: 1) A pena privativa de liberdade é um instrumento imprescindível, 2) A concientizaçãosociopolítica do delinquente não representa a resolução do problema da conduta criminal. 
c) Criminologia Radical: Utiliza como base a Criminologia Crítica, porém traz um acréscimo ao seu corpo teórico, pois entende que o “processo de etiquetamento” é reflexo de um problema social ainda maior, qual seja, a luta de classes e o capitalismo. 
d) Criminologia Psicanalítica: Associada as escolas clássicas do Direito Penal, traz a ideia de que a violência é um fenômeno cíclico. Salo de Carvalho é um dos principais autores, ao lado de Jacinto Coutinho, a trabalhar com esta corrente. 
Segundo Salo, o processo civilizatório corresponde a um processo de desumanização, que afastaria o homem dos seus impulsos bárbaros naturais. O homem civilizado, porém, guarda em seus sub-consciente a culpa pelo seus ímpetos violentos e na ocasião de cometimento de crime, por outrem, transfere para este sua culpa na forma de clamor por pena (Ex: Caso Nardoni x Clamor social). O apenado, por sua vez, ao retornar à sociedade, retribui para 
está a violência sofrida no cárcere.
POLÍTICA CRIMINAL 
Para Zaffaroni, a Política Criminal é a ciência ou arte de selecionar os bens (ou direitos) que devem ser tutelados jurídica e penalmente e escolher os caminhos para efetivar tal tutela (tutela de bens jurídicos), o que iniludivelmente implica a crítica dos valores e caminhos já eleitos. Dessa maneira, em um conceito mais moderno, os juristas podem se valer da política criminal para interpretar o alcance e a aplicabilidade da norma penal.
1. Diminuição do Direito Penal como forma de combate à violência:
1.1) Minimalismo Penal: Sustenta a ideia de um Direito Penal mínimo, de redução do Estado policialesco. Eleva à importância máxima, o princípio da subsidiariedade (Direito Penal como ultima ratio). Esta redução do Direito Penal pode se dar por duas formas: 
A) Descriminalização. B) Descarcerização - Penas restritivas de direito (serviço comunitário). 
Abolicionismo Penal: Entendem que o Direito Penal não cumpre suas funções, tendo que ser abolido. 
Acreditam que o investimento direcionado a outros fins (educativos e culturais) trazem muito mais retorno do que a frustrada tentativa de se manter o sistema 
penal. Tem como um de seus principais expoentes, Louck Hulsmann, que sustenta a derrubada de todo o sistema penal, em razão da incapacidade deste ramo de cumprir com suas funções (ressocialização). “Não é a busca por um Dir. Penal melhor e sim a busca por algo melhor que o Dir. Penal” - Radbruch
2. Aumento do Direito Penal como forma de combate à violência: 
2.1) Lei e Ordenamento: Sustenta-se uma ampliação do Estado punitivo, como forma de garantia da ordem social. Acarreta, neste sentido, uma hipertrofia do direito penal . “O estado penal inflaria, já que o Direito Penal englobaria tudo”. Critica-se esta corrente sob o fundamento de que acaba por produzir um Direito Penal simbólico (não daria a tutela devida e não teria efetividade), marcado pela positivação de “legislações álibes” (legislação 
não-funcional no âmbito penal; impossibilidade de pena). 
2.2) Tolerância Zero: Sustenta a punição criminal desde condutas de pequena desordem como forma de evitar a formação de uma criminalidade de grande porte. “acaba por incutir uma ideia de ordem social no psiquê do agente social”. 
DOGMÁTICA PENAL 
Para Claus Roxin, a dogmática penal é a disciplina que se ocupa da interpretação, sistematização e desenvolvimento dos dispositivos legais e das opiniões científicas no âmbito do Direito Penal. 
Fala-se, atualmente, na necessidade de abertura da dogmática penal para a interferência de outros ramos do conhecimento, como uma forma de se promover um diálogo em prol da redução da violência e da aplicação da lei penal, porque se trabalha com o princípio da insignificância –
“O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação.’’ 
Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais como: 
a) A mínima ofensividade da conduta do agente, 
b) A nenhuma periculosidade social da ação, 
c) O reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento 
d) A inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). 
Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso 
mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social”, que por sua vez, não se encontra positivado.
CIÊNCIA PENAL CONJUNTA: 
Desenvolvida por Franz Von Liszt, sustentou a necessidade de se criar uma só ciência que agregasse a um só tempo a Dogmática Penal (Decidibilidade de conflitos), a Política Criminal (Formas de combate/prevenção) e a Criminologia (origem e causas). 
Quando questionado, todavia, sobre o eventual conflito entre esses campos do conhecimento, Von Liszt sustentou a prevalência hierárquica da Dogmática Penal (o que foi o seu principal alvo de crítica, já que vai de encontro com o que ele defendia). Trouxe a ideia do diálogo entre as ciências. 
PRINCÍPIOS: 
1. Fragmentariedade e Subsidiariedade : 
1.1) O Direito Penal limita-se a castigar ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes, decorrendo daí o seu caráter fragmentário. 
 
1.2) O Direto Penal deve atuar como ultima ratio, quando os demais ramos do Direito forem incapazes de proteger um bem jurídico relevante à vida individual e social.
Legalidade: 
Tal princípio constitui uma efetiva limitação do ius puniendi do Estado e tem por fim cessar as arbitrariedades e uso excessivo deste poder. Segundo a CF 88 em seu Art. 5º, inc. XXXIX e no Art. 1º do CP “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. 
*Há se ressaltar-se que, há três sub-princípios/consectários inseridos neste dispositivo legal, tais como a Reserva Legal (lei anterior), Taxatividade (defina) e Anterioridade (prévia cominação legal). 
 
2.1) Reserva Legal: Significa que, para versar sobre matéria penal, não basta a existência de lei em sentido material, sendo indispensável, sobretudo, se tratar de lei em sentido formal. “Somente lei federal pode versar sobre matéria penal”. 
 
2.2) Taxatividade: Significa que a lei penal deve ser certa e determinada, nao deixando dúvidas quanto ao seu suporte fático (descrição típica/modalidade penal) de incidência. 
 
2.3) Anterioridade: Significa que uma lei penal poderá ser aplicada aos fatos praticados depois do início da sua vigência (princípio da irretroatividade da lei penal “Entre esses dois tempos –entrada em vigor e cessação de sua vigência – situa-se a sua eficácia. Não retroage e nem tem ultra-atividade. É o princípio do tempus regit actum”; salvo àquelas leis mais benéficas 
ao réu (Art. 5º, inc. XL da CF 88).
OBS: Norma Penal em Branco: São normas cujo conteúdo está incompleto, lacunoso, carecendo, para que sejam aplicadas, da devida complementação, ferindo assim os princípios da taxatividade, reserva legal e da própria segurança jurídica. Se esta complementação é dada por norma de mesma hierarquia, chamaremos de Normas Penais em Branco homogêneas 
( CP > CP), mas se o complemento for dado por norma de hierarquia inferior, chamaremos de Normas Penais em Branco heterogêneas (Lei de Drogas). Há se ressaltar-se que há as Normas Penais em Branco Inversas, onde o complemento está no preceito secundário (descrição da pena) da norma penal. *preceito primário: descrição da conduto.
OBS¹: Normas Penais em Branco Homogêneas: Ofendem a taxatividade e a reservalegal 
 
OBS²: Normas Penais em Branco Heterogêneas: Ofendem a taxatividade 
OBS³: Os Tribunais superiores admitem as normais penais em branco (homogêneas e heterogêneas), entendendo não haver ofensa à legalidade, mas inadmitem as Inversas (ex: Lei de segurança Nacional, que se configura como um Tipo Penal Remetido). 
3. Insignificância: Disposto expressamente, sendo uma construção jurisprudêncial, surge com o Funcionalismo Teológico de Claus Roxin, que defende o afastamento da tipicidade material de condutas que, muito embora sejam formalmente típicas, não chegam a provocar uma efetiva 
lesão ao bem jurídico tutelado (crime de bagatela) “A insignificância de uma conduta deve ser aferida não apenas em relação à importância do bem jurídico atingido, mas especialmente em relação ao grau de intensidade da extensão da lesão produzida (a insignificância afasta a tipicidade)” (Bitencourt). - “o princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação. 
Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais 
como: 
(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, 
(b) a nenhuma periculosidade social da ação, 
(c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento 
(d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). 
Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, 
por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social” (STF). 
OBS¹: No Brasil, a aplicação deste princípio surge exclusivamente para crimes patrimoniais praticados sem violência ou grave ameaça. Todavia, seu alcance acaba sendo expandida para 
diversos outros delitos (crimes militares, crimes ambientais, crime contra a fé pública [falsificação de documento], lei de drogas, crimes tributários, etc...). 
- Atualmente, o STF vincula a aplicação deste princípio aos seguintes requisitos: 
3.1) Mínima ofensividade da conduta; 
3.2) Nenhuma periculosidade social da ação; 
3.3)Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do agente (avalia-se o merecimento do agente, ex: atenuante, reincidência); 
3.4) Inexpressividade da lesão jurídica (avalia-se a condição da vítima. Note que, nos crimes patrimoniais, a análise da (in)expressividade da lesão dependerá da análise da condição da vítima (HC 108403/RS). 
A aplicação deste princípio cabe ao juíz ou ao MP (titular ou dominus 
littis da ação penal pública; Art. 129, inc I, da CF), de modo que ao delegado de polícia, compete 
apenas uma análise da tipicidade formal (registro da ocorrência). 
- Para os defensores da corrente Garantista, é possível a possibilidade de ruptura da estrutura de tipos penais complexos para a aplicação do princípio da insignificância, para afastamento parcial da tipicidade quanto a parcela patrimonial do delito. *o que não é aceito pela jurisprudência brasileira.
 Ex:
- Roubo: Furto + Violência ou Grave ameaça (Art. 57 do CP) → Roubo: Furto + Violência (...) 
 
- Latrocínio: Furto + Homicídio (Art. 157 § 3º do CP) → Latrocínio: Furto + Homicídio 
 ↓ “Aplicação do 
 Tipo Complexo princípio” 
4. Proporcionalidade: O princípio da proporcionalidade possui uma função de salutar importância no direito penal quando orienta o legislador para que construa tipos incriminadores que possuam proporcionalidade entre a conduta praticada e a pena imposta. 
Este princípio é antigo e vem desde a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, onde já era exigido que fosse observada a proporcionalidade entre a gravidade do crime cometido pelo agente e a pena imposta. 
Vejamos o que preleciona o artigo 15 da mencionada 
declaração: “A lei só deve cominar penas estritamente necessárias e proporcionais ao delito”. 
Depois disso, o princípio da proporcionalidade foi recepcionado pela nossa Carta Magna de 1988. Ele está explícito em vários dispositivos, tais como: exigência da individualização da pena (art. 5º XLVI), proibição de determinadas modalidades de sanções penais (art. 5º, XLVII), admissão de maior rigor para infrações mais graves (art. 5º, XLII, XLIII e XXLIV). 
Segundo Fernando Capez “Além disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guardar proporção com o mal infligido ao corpo social. Deve ser proporcional à extensão do dano, não se admitindo penas idênticas para crimes de lesividades distintas, ou para infrações dolosas e 
culposas.”. Vale ressaltar que o princípio da proporcionalidade também estabelece limites à atividade do legislador penal e, também, do intérprete, posto que estabelece até que ponto é legítima a intervenção do Estado na liberdade individual dos cidadãos.
5. Responsabilidade Objetiva: No Direito Civil, tal responsabilidade abstrai a ideia de culpa para que se caracterize a responsabilidade, ou seja, havendo causalidade entre o ato e o dano à vítima, o dever de indenizar é obrigatório (não precisando assim, de comprovação de culpa). Já no Direito Penal, tal responsabilidade não é admitida, uma vez que se faz necessária a 
comprovação da culpa para que haja punição.
6. Responsabilidade Subjetiva: Significa dizer que ninguém poderá ser responsabiliza do por ato de terceiros. Está intimamente relacionado com o princípio da intranscêndia/intransmissibilidade das penas (Art. 5º, Inc XLV da CF). 
Significa dizer que a responsabilidade criminal depende, necessariamente, da análise do elemento subjetivo vinculado à conduta do agente, para que se examine o enquadramento ou não, em tipo penal. 
Vale ressaltar que os tipos penais são todos, via de regra, dolosos (quando há intenção), de modo que, caso queira alcançar a conduta culposa (inobservância do dever de cuidado objetivo manifestada em uma conduta de um resultado não querido) o legislador terá que disciplinar um tipo culposo. 
*Cuidado objetivo: obrigação de realizar condutas de forma a não produzir danos a terceiros. 
7. Humanização das penas: Possui orientação constitucional (Art. 5º, Inciso III e XLVII) e supra-legal (Pacto de São José da Costa Rica). Com base nesse princípio, ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano ou degradante, bem como não haverá penas 
de morte (salvo em casos de guerra declarada), de caráter perpétuo, de banimento, de 
trabalhos forçados e penas crúeis. 
Pena de morte: Ex: Fuzilamento – onde tal pena seria desproporcional 
Caráter Perpétuo: Ex: Penas perpétuas – CP disciplina o limite da pena para 30 anos (Art. 75) 
Banimento: Vedação expressa – ninguém pode ser banido do seu país 
Trabalho Forçado: LEP (lei de execução Penal) nº 7.210/84 - “Trabalho é obrigatório”. Remição da pena (é um instituto, que permite pelo trabalho, dar como cumprida parte da pena, ou seja, 
de pena (é um instituto que permite, pelo trabalho, dar como cumprida parte da pena, ou seja, 
abreviar o tempo de duração da sentença); Progessão de regime (Fechado → Semi-aberto → Aberto); 
Livramento Condicional: (Benefício concedido ao condenado à reclusão ou detenção superior a três anos, desde que cumprida mais da metade da pena, se o criminoso é primário, e mais de três quartos, se reincidente. O juiz fixa as condições a serem observadas no respectivo período e o condenado é restituído à liberdade; se, no respectivo período, não der causa à revogação do benefício, extingue-se a punibilidade) e Indulto (consistente em renúncia do 
Estado ao direito de punir, onde compete a Presidência da República a concessão da mesma).
 
8.Confiança: Desenvolvido por Gunther Jakobs, defende que a vida, em sociedade complexa, depende da confiança de que cada um estará cumprindo fielmente a norma. Há, portanto, uma expectativa social que, em sendo violada, legitima a punição do seu transgressor, seja pela conduta doloso, seja pela culposa. 
*(Observância de um dever de cuidado - é aquele dever que 
uma pessoa tem de proteger aquilo que está sob sua responsabilidade ou sua guarda.) 
9. Adequação Social: De acordo com este princípio, as condutas consideradas “socialmente adequadas” não podem constituir delito. Não se trata, portanto, do juízo pessoal, mas sim do juízo social da conduta. “a Adequação Social não deixa de ser um princípio relativamente inseguro, devendo ser usado somente em última instância”. (Bitercourt, p.20)
10. Presunção de inocência: De acordo com a CF, ninguém poderá ser considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. *Princípio da não culpabilidade. 
É deste princípio que decorre o *princípio do in dubio pro reo – em dúvida da culpabilidade do réu, absolvisse o mesmo. 
11. Lesividade ou Ofensividade: Significa dizer que só haverá incidência de tutela penal diante de lesão ou, no máximo, perigo concreto de lesão a um determinado bem jurídico 
LESÃO → REGRA (crime de DANO) 
PERIGO Concreto 
 Abstrato
OBS¹: A partir desse princípio, a doutrina penal questiona a constitucionalidade do s tipos penais de perigo abstrato, a exemplo dos Art. 273 (falsificar, adulterar, alterar produto destinado a fins terapêuticos [...]) e 274 (emprego de processo proibido ou substância não permitida) do CP (crimes contra a saúde pública). 
Em tais casos, autoriza-se a incidência do tipo penal, mesmo para as situações em que não houve sequer um perigo concreto. Isto porque, o risco já está abstratamente presumido pelo legislador, desincumbindo a comprovação fática (prova) do risco concreto.
12. Alteridade: Desenvolvido por Claus Roxin, consiste na impossibilidade de incidência de tutela penal sobre consultas que não tenham transcendido a esfera subjetiva, do autor, para atingir alguém. Em outras palavras, não se pune a autolesão (suicídio). 
13. Publicidade: Princípio estudado pelo DPP como sendo uma garantia pró reo. Admite, em certos casos, flexibilização, a exemplo do Segredo de Justiça (lembre -se que as partes envolvidas têm acesso ao processo) e elementos probatórios (provas) colhidas em sede de inquérito policial (lembre-se que após a documentação do ato, o investigado tem acesso a estes documentos – Súmula Vinculante nº 14 do STF).
14. Ne bis in idem: Trata -se do princípio que veda a dupla punição ou duplo processamento em razão de um mesmo fato. Sua aplicabilidade é muito vasta. 
OBS¹: Em termos práticos, para início de processo: Crime → Inquérito policial → Ministério Público (arquivar ou oferecer denúncia) → Juiz (recebimento ou rejeição da denúncia). 
Portanto, depois de absolvido, ainda que por insuficiência de prova, não poderá o acusado, depois de trânsito em julgado da sentença absolutória, ser novamente denunciado pelo mesmo fato. 
OBS²: Quem cumpre pena injustamente e em seguida, pratica o crime pelo que havia sido condenado, poderá ser novamente processado e condenado, pois são fatos distintos. 
OBS³: Reincidência: Art. 63 do Cp. Quando o agente comete novo crime, depois de trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Questiona-se a a legitimidade da utilização da reincidência como circunstância agravante de pena, nos termos do Art. 61, Inciso I, do Cp e Súmulas 241 e 444 do STJ “ 
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial”. A doutrina penal aponta que a ocorrência da dupla- punição (bis in idem) se deve ao fato de que há uma dupla ponderação de um mesmo crime, sendo elas: 
A) quando o sujeito está sendo efetivamente condenado pela conduta;
B) quando a conduta passada fundamenta o agravamento da pena relativa a um novo crime. 
A NORMA PENAL: INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO 
Introdução: Deve- se lembrar que a LEI é FONTE da NORMA penal, e que a NORMA é o conteúdo da LEI; No nosso Código Penal Brasileiro, tem- se a presença das normas penais incriminadoras (punitiva) e não-incriminadoras (permissiva, explicativa ou complementar). 
 
1.1) Normas penais incriminadoras: Têm a função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo a prática de condutas, sob a ameaça de pena. Traz consigo o PRECEITO PRIMÁRIO (descrição da infração penal comissiva ou omissiva – matar alguém) e o PRECEITO SECUNDÁRIO (cominação abstrata da sanção penal – de 06 a 20 anos). 
 
1.2) Normas penais não-incriminadoras ou permissivas: Podem ser POSITIVAS (revogam parcialmente ou limitam uma precedente obrigação) ou NEGATIVAS (introduzem uma exceção na obrigatoriedade ou revogam diretamente outras normas). “PARTE GERAL DO CP’’
CP” 
2. Fontes do Direito Penal: Existem as FONTES MATERIAIS e as FONTES FORMAIS do Direito Penal. 
 
2.1) Fontes materiais: O ESTADO é única fonte de produção do Direito Penal, caracterizando-se daí, como fonte material. O instrumento para materializar a vontade do ESTADO é a LEI. 
 
2.2) Fontes formais: São fontes do conhecimento, que podem ser: 
 
A) MEDIATAS: COSTUME (secundum legem – encontra suporte legal; praeter 
legem – supletivo ou integrativo; contra legem – contrário a lei, ADEQUAÇÃO SOCIAL), 
DOUTRINA, JURISPRUDÊNCIA E PRINCÍPIOS GERAIS 
 
 B) IMEDIATA: LEI (possuí generalidade e é dotada de coação)
3. Interpretação: 
3.1. Quanto as fontes: Podem ser divididas em AUTÊNTICAS, JURISPRUDENCIAL E DOUTRINÁRIA. 
A) AUTÊNTICAS ou LEGISLATIVA: Fornecida pelo Poder Legislativo, onde este órgão poderá criar novas leis para esclarecer o conteúdo de uma outra já 
existente. 
*Recepcionada com reservas, uma vez que lei interpretativas são 
anomalias! **Pode ser aplicada RETROATIVAMENTE da lei interpretativa a todos os fatos abarcados pelo diploma interpretado. Caso haja inovação no novo diploma legal, ficará vedada a sua retroatividade, salvo in bona partem (natureza mais benéfica)
B) JURISPRUDENCIAL: Produzida pelos TRIBUNAIS (jurisprudência), orientam do os juízes para melhor aplicar a lei. *Procuram padronizar e dinamizar” 
C) DOUTRINÁRIA: Produzida pelos doutrinadores (estudiosos do Direito), não tem força vinculativa, porém procura indicar o caminho a ser seguido, fundamentando decisões jurisprudenciais e aprimorando o sistema como um todo. Sua autoridade e sempre relativa, pois sua importância depende do grau de cientificidade e da sua força argumentativa, não importando em si a relevância do doutrinador no mundo jurídico. 
3.2. Quanto aos meios: Podem ser GRAMATICAL, HISTÓRICA, LÓGICA e SISTEMÁTICA. 
 A) GRAMATICAL ou LITERAL: Interpretação que se fixa nas palavras contidas no texto legal. *menor grau hierárquico quanto à interpretação.
 B) HISTÓRICA: Considera-se o momento histórico e seu contexto, bem como os motivos da criação daquele texto normativo. 
LÓGICO-SISTEMICA: O elemento LÓGICO refere-se a análise de uma lei com outras de semelhantes características. Refere-se ao elemento sistemático à investigação, em sentido geral, da criação daquela norma.
3.3. Quanto aos resultados: Podem ser DECLARATIVAS, EXTENSIVAS ou RESTRITIVAS 
A) DECLARATIVA: Declaração do direito (da vontade da lei), correspondendo a uma concordância entre a interpretação gramatical e o da lógico- sistemático, 
uma vez que seu sentido não é ampliado nem restringido. É quando a 
interpretação corresponde exatamente o seu real significado. 
B) RESTRITIVA: Minimização do sentido ou alcance das palavras que objetivam refletir o direito contido na norma. 
C) EXTENSIVA: Ocorre sempre que o intérprete amplia o sentido ou alcance da norma. *procura interpretar o sentido da norma, harmonizando o texto legal 
com sua finalidade!OBS¹:Art. 61, II, E, não cabe int. extensiva dada a inexistência de cláusula geral. 
4.ANOMIA X ANTINOMIA 
A anomia pode ser concebida de duas formas: em virtude de ausência de normas mesmo; ou, ainda, embora existindo essas normas, a sociedade não lhes dá o devido valor, continuando a praticar as condutas por elas proibidas como se tais normas não existissem, pois que confiam na impunidade. 
Antinomia, na precisa definição de Bobbio, é aquela "situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de validade".
4.1. ANTINOMIA APARENTE E REAL 
 
Antinomia aparente: situação em que há meta- critério para solução de conflito. 
Antinomia real: situação em que não há meta-critério para solução de conflito. 
 
Com a finalidade de resolver o problema da antinomia jurídica, Bobbio propõe a aplicação dos seguintes critérios: 
 
 a) Critério cronológico: 
Assim, de acordo com o primeiro critério, devemos verificar se houve entre as normas distância temporal, de modo que a segunda, editada posteriormente, revogue a primeira.
Critério hierárquico: 
Pelo critério hierárquico e de acordo com um sistema de Constituição rígida, devemos aplicar a hierarquia das normas segundo a visão piramidal, tendo a Constituição no seu vértice, de modo que em qualquer confronto entre, por exemplo, uma lei ordinária e a Constituição, esta deverá prevalecer. 
Critério da especialidade: 
Pode acontecer, contudo, que os dois critérios anteriores não consigam resolver o problema, pois as normas foram editadas simultaneamente, bem como gozam do mesmo status hierárquico, a exemplo do confronto entre duas leis ordinárias. Nesse caso, poderá ser aplicada, ainda, o critério da especialidade, no qual a lei especial afastará a aplicação daquela tida como geral.
5.CONFLITOS APARENTE DE NORMAS 
 
5.2.CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO 
 
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Considera-se especial uma norma penal,em relação a outra geral,quando reúne todos os elementos desta,acrescidos de mais alguns,donominados especializantes.A regulamentação especial tem a finalidade de excluir a lei geral e ,por isso,deve precedê-la. 
PRICÍPIO DA ALTERNATIVIDADE: Quando dois tipos contêm elementos incompatíveis entre si, excluindo-se mutuamente, como seriam exemplos o furto e a apropriação indébita.
C)PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: Neste caso entre a punição por crime mais grave e crime menos grave o agente responderá somente pelo o crime mais grave.
 Pode ser expressa (o próprio preceito secundário descreve que o agente só preponderar “ se o fato não constituir 
elemento de crime mais grave, Art. 132) e tácita (quando muito embora não escrita pode ser logicamente depreendida da análise do tipo penal. Exemplo constrangimento ilegal). 
D)PRINCÍPIO DA CONSUÇÃO: Por esse critério o crime meio fica absolvido pelo crime fim e somente por este o sujeito será punido. A norma consutiva constitui a fase mais avançada na realização da ofensa a um bem jurídico, aplicando-se o princípio major absorbet minorem. Assim, as lesões corporais que determinam a morte são absorvidas pela tipificação do homicídio.
OBS1:. A aplicação deste princípio não se encontra objetivada no âmbito dos tribunais superiores que por vezes afastam a sua incidência sob fundamento de relevância de bem jurídicos tutelados. 
 
EX: 
- Formação de quadrilha VS demais crimes. 
- Crime contra a saúde pública VS crime contra as relações de consumo. 
 - Roubo VS porte ilegal de armar. 
OBS2:. O princípio fundamental para a solução do conflito aparente de normas é o princípio da especialidade, que, por ser o de maior rigor científico, é o mais adotado pela doutrina. Os demais princípios são subsidiários e somente devem ser lembrados quando o primeiro não resolver satisfatoriamente o conflito.
5.3.ANALOGIA X INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
5.3.1.ANALOGIA: Segundo Bettiol pontificava sobre analogia, “consiste na extensão de uma norma jurídica de um caso previsto a um caso não previsto com fundamentos na semelhança entre os dois casos, porque o princípio informador da norma que deve ser estendida abraça em si também o caso não expressamente nem implicitamente previsto.” 
A Doutrina tem dividido o instituto da analogia em duas espécies: 
analogia legis: quando se aplica a norma legal a determinado fato não contemplado em texto legal. 
analogia júris: quando o que se aplica são os princípios gerais do direito.
- Distinção entre analogia e interpretação extensiva:
Segundo Magalhães Noronha sobre interpretação extensiva sentenciava:
“Aqui o intérprete se torna o senhor da vontade da lei, conhece-a e apura- a, dando, então, um sentido mais amplo aos vocábulos usados pelo o 
legislador, para que correspondam a essa vontade”, já a analogia: “o que se estende e amplia é a própria vontade legal, com o fito de se aplicar a um caso concreto uma norma que se ocupa de caso semelhante”. 
Em outras palavras, a analogia supre uma lacuna do texto legal, ao passo que a interpretação extensiva procura harmonizar o texto legal com sua finalidade, isto é, com a chamada ‘’volunta legis.’’
- Limitações do recurso da analogia: 
nas leis penais incriminadoras: como essas leis sempre, de alguma forma, restringem a liberdade do indivíduo é inadmissível que o juiz acrescente outras limitações além daquelas previstas pelo legislador. 
*Em material penal somente é permitida a analogia quando benéfica 
ao réu. 
 b) nas leis excepcionais: os fatos ou aspectos não contemplados pelas as normas de exceção são disciplinados pelas de caráter geral. 
nas leis fiscais: tem caráter similar às penais, sendo recomendável a não-admissão do recurso à analogia para sua integração. 
Obs:. Caso Gato-net:
Para o STF, não existe crime nesse caso. A conduta é atípica, há uma anomia 
ai, logo não pode ser considerado um crime de furto. O argumento usado foi de que o direito penal não admite o uso de analogia in mala partem. “art. 155-subit rair para si ou para outrem, coisa alheia móvel... Parágrafo 3-equipara se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”. Por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo não se considerou como subtração de “energia”.
Para o STJ, existe um crime nesse caso, pois equipara coisa móvel com a ligação clandestina de TV a cabo. ”equipara se coisa móvel... ou qualquer outra que tenha valor econômico”. 
5.3.2.INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA: Contempla-se o conteúdo da norma com um processo de interpretação extensiva, aplicando-se analogicamente aos casos semelhantes que se apresentam, por determinação da própria norma. Nas palavras de Jiménez de Azúa: “é a própria 
lei que a ordena e, por isso, não se trata de analogia, mas de interpretação analógica, posto que ela se vincula com à própria vontade da lei.”
*Note que essa interpretação só e possível, pois existe uma clausula geral expressa. 
Distinção entre analogia e interpretação analógica: Polaino Navarrete afirma: “por interpretação analógica deve-se entender a interpretação de um preceito por outro que prevê casos análogo, quando no último aparece claro o sentido que no primeiro está obscuro, este entendimento se considera como uma espécie de interpretação sistemática. Distinta da interpretação analógica é a aplicação da lei por analogia, que consiste em fazer aplicável a norma a um caso semelhante, mas não compreendido na letra nem no pensamento da lei.” 
*A interpretação analógica ao contrário da analogia é amplamente permitida seja em benefício seja em prejuízo do réu. 
chamada “volunta legis”.
Obs1: Art.61 inciso 2 a linha C “não cabe interpretação extensiva dada a inexistência de cláusula geral.’’
clausula geral.” 
Obs2: Para Andrei Zenkner a interpretação extensiva fere o princípio da taxatividade, uma vez que não difere em essência da analogia, já que em ambos os casos estaremos diante de uma lacuna. Este entendimentoé minoritário. 
Obs3: O Processo Penal difere do Direito Penal, pois admite a analogia e a interpretação analógica, seja em benefício seja em prejuízo do acusado. 
5.3.3.ANALOGIA “in bonam partem”: Somente e permitida a utilização do recurso da analogia quando, em hipótese alguma, agravem a situação do infrator. Essa orientação político-criminal não se fundamenta em razões sentimentais ou puramente humanitárias, mas sim como afirma Aníbal Bruno: “em princípios jurídicos, que não podem ser excluídos do Direito Penal, e mediante os quais situações anômalas podem escapar a um excessivo e injusto rigor.”
APLICAÇÃO DA LEI PENAL DO TEMPO:
 
INTRODUÇÃO 
Teoria da Atividade: Leva em conta a ação → Art. 4º do CP “tempo do crime” 
Teoria do Resultado: Leva em conta o resultado 
Teoria da Ubiquidade: Considera tanto a ação quanto o resultado → Art. 6º do CP “lugar do crime”. 
Para o TEMPO DO CRIME, adotou-se a Teoria da Atividade, onde considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, mesmo que seja outro, o momento do resultado. Para o LUGAR DO CRIME, adotou-se a Teoria da Ubiquidade, considerando como crime tanto o momento em que se deu a ação, quanto o lugar. 
- O princípio do TEMPUS REGIT ACTUM: Diz que a lei aplicável à determinada conduta criminosa é aquela vigente ao tempo de sua execução.
1. Irretroatividade da lei penal: 
Um dos princípios mais importantes para o Direito Penal, é a IRRETROATIVIDADE PENAL que, segundo os seus defensores, asseguraria a segurança jurídica e respeitaria a legalidade e anterioridade (uma vez que os cidadão não seriam prejudicados por leis ad hoc – geralmente mais graves). Tal princípio se aplicaria a normas penais de materiais (medidas de segurança). 
3. Retroatividade da lei penal mais benigna: 
No conflito de leis penais no tempo, deve-se analisar qual é a mais favorável ao infrator. A LEI ANTERIOR, quando for mais benéfica, terá ULTRATIVIDADE e prevalecerá sobre a lei em vigência. Quando da LEI POSTERIOR, esta irá RETROAGIR, alcançando o fato antes de sua vigência. 
Fala-se então, de lei penal mais benéfica, aquela que, de alguma forma, diminua ou torne a pena mais branda ou que comute em outra de menor severidade. 
OBS¹: A LEI PENAL MAIS BENÉFICA é RETROATIVA (lei revogadora for mais benéfica) e ULTRATIVA (quando a lei revogada for mais benéfica) 
OBS²: Aplica-se este princípio às normas de Direito Penal material (cominação de pena, alteração de regime, extinção de punibilidade, etc... – (AG. 177.313/MG) 
OBS³: A irretroatividade vige, com efeito, somente em relação à lei mais severa 
OBS⁴: A retroatividade da lei penal mais benigna é con sagrada na CF, em seu ART. 5, XL. 
4. Crime permanente e crime continuado 
 
4.1) Crime permanente: São aqueles cuja consumação se prolonga no tempo, durando enquanto durar a permanência. Exemplo: privar, guardar, transportar, manter 
 
4.2) Crime continuado: Correspondem a uma pluralidade de crimes de mesma natureza (mesmo tipo penal), praticados em um mesmo contexto, que são considerados como único crime (FICÇÃO JURÍDICA, para efeitos de dosimetria da pena).
*As aplicações da lei penal do tempo, para esses dois tipos de crime, seguem a súmula 711 do STF, onde a lei aplicável ao fato será a lei em vigor no momento em que cessou a permanência ou a continuidade delitiva. 
*Observa-se que esta súmula possui redação dúbia, determinando 
que a lei penal mais grave se aplica a esses crimes, se a sua vigência é anterior a continuidade ou permanência. 
OBS¹: Crime Instantâneo e Permanente: O crime instantâneo se consuma em um instante específico, mesmo que o resultado será permanente. Exemplo: morte, mutação de membros. 
5. Hipótese de conflito de leis penais no tempo: 
5.1) Abolitio Criminis: A lei nova deixa de considerar aquela conduta como crime, retroagindo então, para afastar os efeitos penais, devendo atingir, inclusive, fatos julgados, mesmo em fase de execução. 
5.2) Novatio legis incriminadora: Considera como crime, aquela conduta antes tida como lícita. É IRRETROATIVA, não podendo ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência. 
5.3) Novatio legis in pejus: Lei posterior que agrava a situação do sujeito. É IRRETROATIVA. 
5.4) Novatio legis in mellius: Quando a lei nova, mesmo que não descriminalize, dê tratamento mais favorável a conduta praticada. 
OBS¹: Competência jurisdicional: 
 
 1º) Juiz de primeiro grau – publicação da sentença, não podendo mais atuar no referido processo. 
 
2º) Fase recursal – o Tribunal examina a hipótese de lei penal mais benéfica, anterior ou posterior. 
 
3º) Fase executória – Após trânsito em julgado, onde compete ao juiz de execução criminal, segundo súmula 611. 
OBS²: Retroatividade de Jurisprudência: Não se admite, uma vez que fere a segurança jurídica e pelo fato da CF somente tratar de RETROATIVIDADE DA LEI. Exemplo: Cancelamento da Súmula 174.
6. Lei Intermediária: 
- Aplica-se ao fato, mesmo não tendo estado em vigor, quando do cometimento do crime, e de já ter sido revogada à época do proferimento da sentença. Isto porque, enquanto havia vigência, o sujeito adquiriu o direito da sua aplicação. 
- Exemplo: A lei posterior, mais rigorosa, não pode ser aplicada pelo princípio da irretroatividade, como também não poderá ser aplicada a lei da época do fato, mais rigorosa. Por princípio excepcional, só poderá ser aplicada a lei intermediária, que é mais favorável. 
OBS¹: Em caso de conjugação dos aspectos favoráveis de lei anterior e posterior → Permite a combinação de duas leis, aplicando-se sempre os dispositivos mais benéficos (STF HC 69.033). 
OBS²: É RETROATIVA E ULTRATIVA 
7. Leis excepcionais e temporárias 
- São leis que vigem por um período predeterminado, pois nascem com uma finalidade específica de regular circunstâncias transitórias especiais. LEIS TEMPORÁRIAS são aquelas leis que possui vigência previamente fixada pelo legislador, enquanto as LEIS EXCEPCIONAIS são aquelas que vigem durante o situações de emergência. 
Exemplo: Lei da Copa 
- Parte da doutrina defende que a lei intermediária não pode ser aplicada, sob o argumento de que a CF não recepcionou tais espécies ao consagrar a ultratividade benéfica, não promovendo assim, exceções. 
Por outro lado, outros doutrinadores, inclusive para o STF E STJ, utilizam-se do Art. 3º (tratando de ultratividade das leis excepcionais e temporárias) para a defesa da aplicação das leis excepcionais e temporárias. OBS¹: É ULTRATIVA 
8. Leis em vacatio:
 
Não se admite retroatividade de leis penais em período de vacatio, sob o fundamento de que esta lei não está apta a produzir efeitos (eficácia), uma vez que pode ser revogada antes mesmo de entrar em vigor. 
9. Lex tertia:
Criação de uma terceira lei, exemplo: L¹ - 4 a 10 anos e L² - 6 a 8 anos → L³ - 4 a 8 anos. Tal função é rejeitada pela doutrina e jurisprudência majoritária, sob o fundamento de que este ato do judiciário acabaria por usurpar a função do legislativo. 
*Excepcionalmente, o STF, após empate no julgamento, optou por admitir a utilização de pena cominada no ART. 12 da lei 6.368/76 com a diminuição de pena referida no ART. 33, § 4º da lei 11.343/06 → Tráfico 3-15 e diminuição de pena 1/6 a 2/3. No Brasil, fora este específico caso, este tipo de combinação de leis é vedado.
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Introdução: A aplicação da lei penal no espaço é regida pelos seguintes princípios: 
Territorialidade: Trata-se da regra geral de aplicação da lei penal no espaço. Significa dizer que se aplica a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados em território nacional, independentemente da nacionalidade, do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado. Os fundamentos desse princípio são o da PLENITUDE, AUTONOMIA (não interferência de tratados ou convenções internacionais sobre essas questões) e EXCLUSIVIDADE(monopólio estatal do jus puniendi) “LOCUS REGIT ACTUM.’’ Art 5º, caput, do CP.
Real, de defesa ou de proteção: Este princípio permite a incidência penal sobre o bem jurídico (tutelado pelo Estado) que foi lesado, para além dos seus limites territoriais, fundamentando-se na NACIONALIDADE DO BEM JURÍDICO (ART. 7º, I), independentemente do local ou nacionalidade do agente infrator. 
 
Nacionalidade ou personalidade: Tem por objetivo impedir a impunidade de infrações cometidas por agentes nacionais em território estrangeiro. Pode se dar de forma ATIVA (considera-se a nacionalidade do autor) e PASSIVA (“ “a nacionalidade da vítima). ART. 7º, II, B
D) Universalidade ou cosmopolita: Devem ser aplicadas a todos os homens. Se refere a punição pelos crimes cometidos, que por vez são objeto de apreciação de tratados e convenções. Fala-se então, na cooperação penal internacional. ART. 7º, II, A 
E) Representação ou da bandeira: Quando houver deficiência legislativa ou desinteresse de quem deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou aeronave. ART. 7º, II, C 
F) Princípios adotados pelo CPB: Como regra: A 
 Como exceção: B (e § 3º), C, D e E. 
OBS¹: O Brasil é signatário do acordo internacional que disciplina o “direito de 
passagem inocente” somente para embarcações privadas estrangeiras, de modo que, se algum delito ocorrer durante a passagem, não será julgado pelo direito brasileiro, a menos que repercuta no território nacional. 
1. Conceito de território nacional: 
 O território nacional abrange solo (e subsolo) contínuo e com limites reconhecidos, águas interiores, mar territorial (12 milhas marítimas que constituem a plataforma continental) e respectivo espaço aéreo – território natural. 
1.1) Navios: Podem ser PÚBLICOS (serviço do Estado, dos Chefes de Estado ou representantes diplomáticos) e PRIVADOS (mercantes, turismo). 
- Os NAVIOS PÚBLICOS são considerados território nacional, logo, qualquer crime praticado dentro dele, será julgado pela Justiça Brasileira (ART. 5º, §1º, 1ªparte). 
- Os NAVIOS PRIVADOS seguem as seguintes regras: 
A) em alto-mar, seguem a lei da bandeira; 
B) em portos ou mares territoriais estrangeiros, seguem a lei do país em que se encontram (ART. 5º, §1, 2ªparte). 
1.2) Aeronaves: O Brasil segue a TEORIA DA SOBERANIA SOBRE A COLUNA ATMOSFÉRICA (o país tem domínio total sobre seu espaço aéreo, incluindo mar territorial). Deste modo, as aeronaves ficam sujeitas aos mesmos princípios que norteiam os NAVIOS. 
OBS¹: Território por equiparação: ART. 5º, §§1º e 2º - princípio da bandeira 2. 
Lugar do crime: Existem três teorias acerca da prática da infração, quais sejam: 
 2.1) Teoria da ação ou da atividade: Lugar do delito é aquele em que a ação típica se realizou. 
 
 2.2) Teoria do resultado: Lugar do delito é aquele em que o crime se consumou, pouco importando a ação ou intenção do agente.
2.3) Teoria da ubiquidade: Lugar do crime tanto pode ser o lugar da ação ou omissão (no todo ou em parte), do resultado, ou do lugar do bem jurídico atingido. O CPB adotou tal teoria, através do ART. 6º. Esta teoria tem objetivo impedir a ocorrência de impunidade. A sua utilidade prática verifica-se nos crimes praticados à distância, já que, competência territorial é matéria relacionada ao direito de processo penal.
3. Extraterritorialidade: Estão p revistas no ART. 7º do CPB, constituindo as exceções à regra geral da territorialidade. Significa o interesse político brasileiro de julgar um crime cometido 
fora de seu território. São elas: 
3.1) Extraterritorialidade incondicionada: 
Aplica-se a lei brasileira sem qualquer condicionante, onde o agente será julgado pela Justiça Brasileira, mesmo que já tenha sido absolvido, condenado, ou até se já cumpriu pena no exterior (para este último caso, 
abaterar-se-a o tempo já cumprido no exterior). Tais casos de aplicação referem-se a: 
1) Contra a vida ou liberdade do Presidente da República [ALÍNEA A] 
2) Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, DF, Estado... [ALÍNEA B] 
3) Crimes contra a adm. Pública → disciplinados em capítulos distintos quanto a crimes dessa natureza praticados por funcionário público e particular [ALÍNEA C] 
* Se estende a funcionário público, uma vez que o mesmo está a serviço do Estado (CORRUPÇÃO PASSIVA). 
4) Genocídio [ALÍNEA D] → Lei nº 2.889/56 referentes a extermínio de um gênero.
3.2) Extraterritorialidade condicionada: Prevê a repressão de crimes fixados em convenções e tratados, com base nos princípios da cosmopolita, da personalidade, da bandeira e da defesa. Aplicam-se a: 
1) Tratado ou convenção o Brasil se obrigou a reprimir [ALÍNEA A] → “cooperação penal internacional”, onde os tratados e convenções ganham aspecto de legislação interna com aplicação obrigatória. 
2) Praticados por brasileiros [ALÍNEA B] 
3) Em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados [ALÍNEA C] → o agente estará sujeito às leis daquele Estado em que o crime foi praticado. 
Havendo lacunas jurídicas, ou falta de julgamento, o Brasil poderá julgá-lo de acordo com o CPB, de forma subsidiaria. 
4) Praticados por estrangeiros contra brasileiros fora do Brasil [§3º]→ Segue o princípio da defesa e da personalidade passiva. Para a sua aplicação, deve-se atentar para condições que devem ser preenchidas cumulativamente. 
Condições gerais: 
A) Entrada do agente no território brasileiro: basta ele ter entrado no Brasil, mesmo se logo depois ele saia. 
 B) Dupla tipicidade: o fato tem de ser previsto como crime no Brasil e no pais que ocorreu o fato. 
Pena máxima deve ser superior a um ano: se a pena for menor ou igual a um ano não se aplica a lei brasileira. 
Não ter sido absolvido ou comprido a pena no estrangeiro: (princípio do Nes Bis in Idem). 
E) Inexistência de extinção de punibilidade segundo a lei mais favorável. 
Condições especiais: 
- Previstas no art.7 parágrafo 3. 
1) Não foi pedida ou negada a extradição (se fui retida). 
2) Requisição do ministério da justiça. 
DOUTRINA E ESCOLAS PENAIS 
1. Direito Penal Antigo e Idade Média: 
Em primeiro momento, a estrutura punitiva baseava-se na concepção de vingança de tribo contra tribo ou, em sociedades mais complexas, de família contra família. Não havia, nesta época, uma ideia de penização individual (onde a tribo/família inteira sofria). O sistema punitivo em geral, não era estruturado na base da legalidade, gerando incerteza quanto às 
condutas passíveis de pena, quanto um excesso punitivo. 
No Direito Romano, têm-se o exemplo de uma estrutura de controle pautada na legalidade (LEI DAS XII TÁBUAS). Entretanto, no que diz respeito aos crimes e penas, o controle social baseava -se em uma espécie de divisão entre delitos públicos (onde o Estado era a vítima direta) - que era punido pelo próprio 
Estado- e os delitos privados, cuja pena era aplicada pelo próprio patriarca. 
2. Direito Penal Canônico 
Aqui se teve a primeira fase de Humanização do Direito Penal, em razão da estrutura punitiva canônica estar pautada na igualdade (perante DEUS) e na concepção do perdão do pecador (Teoria da expiação). 
Faz uso da PRIVAÇÃO DE LIBERDADE (figurava-se como meio para se expiar/aplacar a culpa pelo cometimento do pecado e para conseguir
3. Direito Penal Comum 
Expressão que se refere ao Direito Penal dos Estados Absolutistas. Fala-se “comum”, porque é daí que se tem o antecedente histórico mais próximo com a realidade atual, marcando o início da Idade Moderna. 
Há uma separação entre ESTADO e IGREJA, ainda que permanecesse marcante a influência mútua destas esferas de controle, onde o Estado detinha o jus puniendi, não mais o particular (como se tinha antigamente). Todavia, a estrutura punitiva não estava pautada na legalidade, de modo que o processoe a punição não tinham previsão legal prévia (ferindo o princípio da 
anterioridade), servindo de regra aos interesses do príncipe. Relação “ARBÍTRIO E TEMOR” 
As sanções existentes à época eram basicamente corporais e aflitivas, não se trabalhando com a privação de liberdade como espécie de pena (ideia retributiva apenas). 
*A prisão servia, também, como instrumento processual (preso até a data da execução da pena)
4. Direito Penal Humanitário 
A grande humanização do Direito Penal vem num contexto pós revolução francesa, em que, com a burguesia no controle estatal, a legalidade passa a figurar base estrutura l do poder punitivo. 
Somente após a Revolução Francesa que são abandonadas as tradicionais penas corporais, passando-se a trabalhar com a privação de liberdade (O principal ganho da Revolução foi a LIBERDADE como um direito supremo e inerente a todos- onde a forma de “castigo” era a privação deste direito). 
É neste período, também, que o Direito como um todo passa por um MOVIMENTO CODIFICADOR, em que o Código Napoleônico funcionou como mola propulsora de diversas outras codificações. Este movimento foi importante para a SISTEMATIZAÇÃO do estudo do ordenamento jurídico. É deste período e da CODIFICAÇÃO que decorrem as Escolas Penais. 
5. Escola clássica:
 
Na verdade, esta denominação foi cunhada pelos positivistas, como um modo pejorativo de se referir a produção acadêmica anterior. Não há, neste momento, uma convergência doutrinária tão marcante, sendo possível identificar, inclusive, pontos de divergência (RETRIBUIÇÃO x 
PREVENÇÃO). Entretanto, é possível traçar as principais ideias trabalhadas na época. 
 
1ª característica: Pena como retribuição (pena privativa de liverdade e cominação (tempo da 
pena) proporcional à conduta. 
2ª característica: Aproximação metafísica (conceito geral e abstrato de pena tida como ideal). 
Principal conceito: DELITO –para Carrara “crime é a infração da lei penal do Estado, promulgada para promover a segurança social, resultante de ato externo do homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso”. 
“promover a segurança nacional” – lei com finalidade social 
“ato externo do homem” – exterioridade (concretização) 
“positivo ou negativo” – ação ou omissão 
“moralmente imputável” – imputabilidade 
Principais expoentes: Carrara (consagra o princípio da reserva legal), Beccaria (dos delitos e das penas-princípio da proporcionalidade), Bentham (responsável pela criação do modelo pan-óptico- estudo da arquitetura prisional. Ideia da Vigilância Total).
6. Escola Positiva: 
Com o avanço científico, e sob influência de Comte, Darwin e Spencer, a Escola Positiva busca um caráter científico para o Direito Penal. É nesta Escola que se desenvolve a Criminologia, e uma melhor individualização das penas. Dentre os expoentes, ressalta-se a importância de 
1) Lombroso: desenvolve a “Teoria do Criminoso Nato” (compreende o crime como uma anomalia antropomórfica, capaz de ser detectada, inclusive, antes do cometimento de qualquer delito ex: filme Manority Report). Aqui há a presença de experimentos no sujeito criminoso (ex: anatomia, distúrbios, características fisiológicas e físicas) 
2) Ferri: Pena como forma de prevenção, sugerindo as medidas que denominou de substitutivos penais. Com Ferri, houve uma maior preocupação com a ressocialização do criminoso e o desenvolvimento de institutos como “medida de segurança, suspensão condicional da pena e livramento condicional.’’ 
condicional da pena e livramento condicional”. 
3) Rafael Garofalo: É o sistematizador dos estudos produzidos na Escola Positiva. Ele traz o conceito de periculosidade. Defendia a prevenção especial negativa como fim da pena (neutralização). Era a favor da pena de morte. 
ACTUM”. *ART. 5º, caput, DO CP

Outros materiais