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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR ART. 298 – DESACATO A SUPERIOR Desacatar: ato menosprezo, ultraje, insulto, ofensa ao superior hierárquico. Observação: não precisa ser na presença de outro militar, como ocorre no crime de desrespeito a superior. ART. 299 – DESACATO A MILITAR Sujeito ativo: qualquer militar, inclusive superior. Contudo, se for inferior será o crime do art. 298. ART. 301 – DESOBEDIÊNCIA Diferença do art. 163 CPM: Trata-se de uma ordem recebida pelo militar na condição de particular, não havendo relação com o exercício de suas funções. Aqui o militar recebe uma ordem que poderia ser destina ao um civil. Ex.: ordem para submeter-se a uma busca pessoal, ordem para franquear a entrada em sua residência para cumprimento de mandado de busca e apreensão etc. Difere do art. 163, pois, a recusa de obediência está relacionada a matéria de serviço ou relativamente dever imposto em lei/regulamento/instrução. Sujeito ativo: superior/inferior que recebe ordem como particular, fora da função. ART. 303 – PECULATO Formas de peculato a) Peculato Apropriação: Art. 303, caput, 1ª parte; b) Peculato Desvio: Art. 303, caput, 2ª parte; c) Peculato Furto: Art. 303, § 2º d) Peculato Culposo: Art. 303, § 3º (obs: tem que existir nexo causal entre a conduta descuidada do militar e a subtração ou desvio do bem). Extinção ou minoração da pena: No peculato culposo a reparação do dano pode extinguir ou minorar a pena (ver § 4º). O mesmo não se aplica ao peculato doloso, cujo ressarcimento pode apenas atenuar a pena (atenuante genérico - art. 72, III, CPM) Requisito que deve estar presente no peculato em qualquer uma de suas modalidades: O bem objeto do crime de peculato deve ser público ou, se particular, este deve estar sob a guarda da Administração Militar (ex: apreendido no BO; cedido por empréstimo à Administração Militar etc). Caso contrário configurará um crime contra o patrimônio (ex: militar que subtrai uma barra de chocolate em um supermercado durante atendimento de ocorrência no local = furto) ART. 305 – CONCUSSÃO “Exigência”: pode ser ostensiva ou velada. Crime formal. Nexo com a função: a ameaça impingida ao sujeito passivo tem que ter nexo com a função do sujeito ativo. Caso contrário, será roubo ou extorsão (Ex.: se um militar ameaçar matar uma pessoa caso ela não permita que lhe seja subtraída sua carteira, será o crime de roubo e não concussão). Sujeito passivo: a pessoa que entrega a vantagem indevida não comete crime algum, pois estava sob coação moral irresistível. ART. 308 – CORRUPÇÃO PASSIVA Nexo com a função: tem que ter nexo com a função – se não tiver será art. 251 (estelionato). E se o militar “solicitar” vantagem indevida? Segundo entendimento do TJMMG, a solicitação por parte de um militar é uma exigência velada, amoldando sua conduta ao art. 305 do CPM. Corrupção passiva privilegiada (§ 2º): quando o militar atende a um mero pedido, sem receber qualquer vantagem. Difere da prevaricação (art. 319), pois, aqui não há interesse ou sentimento pessoal. ART. 309 – CORRUPÇÃO ATIVA Quando ocorre o crime? Se um civil oferecer dinheiro ao militar será crime comum. Crime formal. Observações: - Existe corrupção ativa sem que ocorra a passiva? Sim, nas condutas de dar e oferecer. - E vice-versa? Não, corrupção passiva é crime de mão dupla. ART. 311 – FALSIDADE DOCUMENTAL (MATERIAL) Falsificação grosseira: a falsificação tem que ser idônea a iludir terceiro. Se é grosseira, perceptível à primeira vista, inexiste o delito. Pode haver estelionato (art. 251). Objeto do crime: falsifica-se a materialidade gráfica, visível do documento (ex.: assinatura, foto, modifica a estrutura do documento). Condição: prejuízo para a administração ou serviço militar. ART. 312 – FALSIDADE IDEOLÓGICA Refere-se ao conteúdo do documento verdadeiro, sendo falsa a ideia que o documento contém (mentira quanto ao conteúdo). ART. 319 – PREVARICAÇÃO Interesse ou sentimento pessoal: amizade ou inimizade. Obs: não há pedido, exigência ou oferta anterior. Formas: a) omissiva: “retardar ou deixar de praticar”; b) comissiva: “praticá-lo contra expressa disposição de lei”. "Ato de ofício”: tem que ser no âmbito de atribuição do militar. "Indevidamente”: tem que haver lei que obrigue o praticar Crime doloso: se for por culpa poderá ser ato de improbidade administrativa ( art. 11, Lei 8429/92) ou art. 322 conforme o caso. ART. 322 – CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA Formas: a) dolosa (“indulgência”): tolerância, brandura, clemência; b) culposa (“negligência”): é o desleixo, descuido, desatenção, preguiça. Sujeito ativo: superior (este não precisa estar no exercício da função). Se a infração não for cometida pelo subordinado no exercício do cargo, o superior que nada faz não comete o crime de condescendência criminosa, poderá cometer o crime do art. 319. Sujeito passivo: subordinado que comete infração estando no exercício da função. “Infração”: pode ser administrativa ou penal. Observações: - Se deixa de responsabilizar o subordinado por sentimento ou interesse pessoal = art. 319 - Se deixa de responsabilizar o subordinado para obter vantagem indevida = art. 305 ou 308. ART. 324 – INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUÇÃO Formas: a) dolosa (“tolerância”): Indulgência, brandura, clemência; b) culposa (“negligência”): é o desleixo, descuido, desatenção, preguiça Norma penal em branco: Exige uma norma complementadora (Lei, Regulamento ou Instrução). Contudo, somente ocorrerá o crime em tela quando a norma complementadora não trouxer a previsão de pena para o seu descumprimento. Assim, um militar que efetua um disparo de arma de fogo em via pública não comete o crime em tela, mas, somente o delito previsto no art. 15 do Estatuto do Desarmamento. ART. 326 - VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL Sujeito ativo: deve ter ciência do segredo em razão do seu cargo (ex: escrivão de IPM tem conhecimento da investigação em razão do encargo e deve guardar segredo dos fatos investigados). Cargo e função: EMEMG: Art. 38 - São adotadas as seguintes definições: I - cargo é o conjunto de atribuições definidas por lei ou regulamento e cometido, em caráter permanente, a um militar; II - encargo é a atribuição de serviço cometida a um militar; III - função ou exercício é a execução, dentro das normas regulamentares, das atribuições estipuladas para os cargos e encargos; Condutas: - Revelar: divulgar, propalar; - Facilitar a revelação: dar condições para outra pessoa venha a divulgar. ART. 333 – VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA Violência: tem que ser violência física, não havendo necessidade que resulte lesão corporal. Formas de cometimento do crime: O delito em tele se configura de duas formas: a) quando praticado em repartição ou estabelecimento militar ou; b) quando praticado no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Nesta segunda modalidade não há necessidade que ocorra no interior de estabelecimento militar, podendo ser em qualquer lugar, bastando que o militar esteja no exercício de função. ART. 334 – PATROCÍNIO INDÉBITO Patrocinar: advogar, favorecer. O militar se vale das facilidades que a função lhe proporciona, ele não é o competente para praticar o ato, mas influencia que o é.
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