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Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Profª. Sônia Letícia de Méllo Cardoso Ação direta de inconstitucionalidade interventiva A ADI interventiva surgiu no Direito brasileiro por meio da Constituição de 1934. “Trata-se de um meio processual de defesa da Constituição, localizado entre o controle abstrato e o controle difuso. Conforme Uade Lammêgo Bulos, “A interventiva é um mecanismo abstrato, mas que se opera em concreto”. (Fachin, Zulmar. Curso de direito constitucional. 7. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, p.180. Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Ressalta-se que na ADI interventiva “a declaração incidental de inconstitucionalidade não é o objeto principal da demanda, mas apenas um meio de se resolver a controvérsia travada entre a União e o Estado membro”. Portanto, decorre de um litígio constitucional entre a União e o Estado Membro ou Distrito Federal, por atos estaduais ou distritais. (Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “A sentença final não nulifica a lei, como ocorre no controle abstrato de normas, e o Supremo apenas decide o conflito federativo, provendo, ou não, a representação”. Ressalta-se, quem decreta a intervenção não é o Judiciário, mas o Chefe do Poder Executivo. (Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva O STF exerce o controle da ordem constitucional tendo em vista o caso concreto que lhe é submetido pelo Procurador Geral da República. “Portanto, o Judiciário não nulifica o ato, mas apenas verifica se estão presentes os pressupostos para a futura decretação da intervenção pelo Chefe do Executivo”. ( Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed., São Paulo : Saraiva, 2012, p. 371) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva A ADI interventiva está prevista no art. 34, VII da CF/88 e a legitimidade no art. 36, III, da CF/88. Lei nº 12.562/2011 – regulamenta o inciso III do art. 36 da CF/88, sobre o processo e julgamento da representação interventiva perante o STF. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Finalidade: jurídica e política. “Jurídico, porque visa declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo estadual ou distrital”. “Político, porquanto colima abrir caminho para se decretar a intervenção no Estado membro ou no Distrito Federal. (Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “Objeto: A Adin interventiva almeja obter um pronunciamento do STF para garantir princípio sensível da Constituição”. “Desse modo, leis ou atos normativos, estaduais ou distritais, contrários a quaisquer um dos princípios sensíveis, ensejam o cabimento da direta interventiva (CF, art. 36,III)”. (Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “O ato que suscita a direta interventiva, a que se refere o art. 36, § 3º, da CF, não precisa ser necessariamente normativo. Situações de fato, por exemplo, que causem insegurança global aos direitos humanos, ensejam a providência”. (Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “O non facere, a omissão deliberada, a negligência, ou até mesmo a impotência, a inépcia por parte das autoridades dos Estados ou Distrito Federal, sem dúvida alguma justificam o ajuizamento da interventiva para combater a inobservância, por parte deles, de princípios sensíveis. (Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, 154) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “O art. 18 da CF afirma que a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos”. (Moraes, Alexandre. Direito constitucional. 24. ed., São Paulo: Atlas, 2009, p. 768) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “Assim, a regra é a autonomia entre os entes federativos, porém, excepcionalmente, a constituição permite a intervenção, nos casos taxativos previstos nos sete incisos do art. 34”. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva I) manter a integridade nacional; II) repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III) pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV) garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V) reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI) prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII) assegurar a observância dos seguintes princípios sensíveis: Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Uma das hipóteses de decretação da intervenção federal da União nos Estados e no Distrito Federal, prevista no art. 34, VII, da CF, fundamenta-se na defesa da observância dos chamados princípios sensíveis: Ação direta de inconstitucionalidade interventiva a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direito da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de receitas de transferência, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde”. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Legitimidade ativa: Procurador Geral da República (art. 129, IV e 36, III, da CF/88, art. 2º da Lei nº 12.562/2011) – Chefe do Ministério Público da União. “O Procurador Geral, no exercício de suas atribuições e com base na independência funcional do Ministério Público, não está obrigado nem poderá ser compelido a ajuizar, perante o STF, a citada ação, tornando-se, como lembra Celso de Mello, “perfeitamente lícito ao PGR determinar o arquivamento de qualquer representação que lhe tenha sido dirigida. O PRG atua discricionariamente”. (Moraes, Alexandre. Direito constitucional. 24. ed., São Paulo: Atlas, 2009, p. 768) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Legitimidade passiva: órgão ou autoridade estadual ou distrital que violou os princípios constitucionais sensíveis. Destaque-se os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal (Procurador Geral do Estado ou do Distrito Federal) exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas (art. 132 da CF/88) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Foro competente: Supremo Tribunal Federal (arts. 36, III e 102, I, a, da CF/88) Quórum de instalação: oito Ministros (dois terços dos membros – art. 9º da Lei nº 12.562/2011) Quórum de aprovação: seis Ministros (arts. 97 da CF/88 e art. 10 da Lei nº 12.562/2011) Efeitos: restaurar a supremacia constitucional, com efeitos erga omnes e vinculante. Além disso, tem efeito ex nunc em relação à edição do decreto. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, e, se a decisão final for pela procedência do pedido formulado na representação interventiva, o Presidente do STF, publicado o acórdão, leva-lo-á ao conhecimento do Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar cumprimento aos §§ 1º a 3º do art. 36 da CF. (art. 11 da Lei nº 12.562/2011) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Fase 1 “Fase jurisdicional: o STF ou TJ analisam apenas os pressupostos para a intervenção, não nulificando o ato que a ensejou. Julgando procedente o pedido, requisitam a intervenção para o Chefe do Executivo”. ( Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed., São Paulo : Saraiva, 2012, p. 372) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Fase 2 “Intervenção branda: o Chefe do Executivo, por meio de decreto, limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade”. “Controle político: Não. Nesta fase 2, está dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa”. ( Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed., São Paulo : Saraiva, 2012, p. 372) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Fase 3 Intervenção efetiva: se a medida tomada durante a fase 2 não foi suficiente, o Chefe do Executivo decretará a efetiva intervenção, devendo especificar a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva “Controle político? Sim. Nesta fase 3, deverá o decreto do Chefe do Executivo ser submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de 24 horas, sendo que, estando em recesso, será feita a convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas”. ( Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed., São Paulo : Saraiva, 2012, p. 372) Ação direta de inconstitucionalidade interventiva ADIn Interventiva Estadual A ADIn Interventiva Estadual deve, em essência, por simetria, seguir o modelo federal, de acordo com o art. 35, IV, da CF/1988 e da Lei nº 12.562/2011. Objetivo: restabelecer o respeito aos princípios constitucionais estaduais desrespeitados por lei municipal. Legitimidade ativa: Procurador Geral da Justiça (art. 129, IV, da CF/1988) – Chefe do Ministério Público Estadual. Legitimidade passiva: órgão ou autoridade municipal que violou os princípios constitucionais sensíveis. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Foro competente: Tribunal de Justiça (art. 35, IV, da CF/1988) Quórum de instalação: dois terços dos membros do Tribunal ou do órgão especial se houver. Quórum de aprovação: maioria absoluta do Tribunal ou do órgão especial se houver (art. 97 da CF/1988) Efeitos: restaurar a supremacia constitucional, com efeitos erga omnes e vinculante. Também efeito ex nunc em relação à edição do decreto. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva A decisão do Poder Judiciário será comunicada ao Chefe do Poder Executivo respectivo, que, por meio de decreto, suspenderá a execução do ato impugnado; caso tal ato não seja suficiente para restabelecer a constitucionalidade, poderá o Chefe do Executivo decretar a intervenção, nomeando interventor e usando os demais atos constritivos necessário. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Referências Bibliográficas Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007. Fachin, Zulmar. Curso de direito constitucional. 7. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015. Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed., São Paulo : Saraiva, 2012. Moraes, Alexandre. Direito constitucional. 24. ed., São Paulo: Atlas, 2009. Lei nº 12562 de 23 de dezembro de 2011.
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