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“JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL” 8º Período 1. CONSTITUIÇÃO E PROCESSO 1.1 - Influência da constituição A Constituição influencia o Processo e o Processo influencia a Constituição. A Constituição é fonte inspiradora. 1.2 - Direito Processual Constitucional Conceito: É o sub-ramo do direito processual que se volta para o estudo das normas disciplinadoras da jurisdição constitucional e dos remédios constitucionais. Faz o controle de constitucionalidade para verificar se a Constituição está sendo violada, por tocar nos direitos constitucionais. Obs.: Jurisdição é poder dizer o direito, é uma atividade, portanto a matéria deveria se chamar “Direito Processual Constitucional”. Obs².: Princípio ≠ Garantias Fundamentais – “Princípio” é a norma que regula e consagra direito material. “Garantias fundamentais” é a norma que regula e consagra o direito processual, concede os remédios constitucionais, ex.: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção, etc. Obs³.: Há um entendimento minoritários de alguns autores que entende que o “Direito Processual Constitucional” é um método de estudo, onde a Constituição influencia o processo e o processo influencia a Constituição. ESSA VERTENTE É ISOLADA. 1.3 - Direito Constitucional Processual Conceito: É o sub-ramo do Direito Processual que se volta ao estudo das regras estruturantes do processo que se encontram inseridas na constituição, ou seja, o Direito Processual (infraconstitucional) deve está baseado na Constituição, o foco é a estrutura do processo que se encontra na Constituição, analisando o devido processo legal no aspecto formal e material. 2. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 2.1 - Supremacia Constitucional Classificação da Constituição conforme a Estabilidade. Critério da alteridade – com base nesse critério existem 9 (nove) tipos de constituição: 1- Constituição Imutável – (Granítica) – é aquela que não se pretende realizar qualquer alteração em seu conteúdo, de modo que somente uma nova constituição poderia trazer mudança. Ex: Constituição Espanhola – 1976 Constituição Italiana - 1848 “É um tipo de constituição que ninguém muda, típica constituição da ditadura”. 2. Constituição Fixa – (Silenciosa): É aquela que não prevê qualquer procedimento legislativo de alteração. Ex.: Constituição Espanhola 1976 e Italiana 1848. (Nem toda fixa é imutável, mas toda Constituição imutável é fixa). Obs: “Toda constituição imutável é fixa, mas nem toda fixa é imutável”. Na constituição imutável, expressa que não vai mudar; Na constituição fixa, não prever o processo para mudar. Quando se fala em imutável, não quer dizer que todo o texto seja imutável, mas parte dele. 3. Constituição Relativamente Imutável: É aquela que prevê durante um período de tempo a proibição de qualquer alteração. Ex.: A Constituição Imperial de 1824, que determinou um período que não poderia ser alterada. 4. Constituição Superrígida: É aquela que contém uma parte ao menos considerada núcleo rígido de direitos mais elevados (cláusulas pétreas). Ex.: Constituição Estados Unidos 1787 é toda superrígida. 5. Constituição Rígida: É aquela que estabelece um processo de alteração solene e dificultoso em relação ao seu conteúdo. Ex.: Constituição Brasileira 1988 (a maioria diz que a Constituição 1988 é rígida, mas Alexandre de Moraes (Ministro do STF) considera ela superrígida). 6. Constituição Pouco Rígida: É aquela que tem um processo de alteração não tão dificultoso e solene, como a da Constituição rígida e nem tão flexível como a Constituição flexível. Ex. Constituição Soviética de 1918. 7. Constituição Transitoriamente Flexível: É aquela que em situações de normalidade é rígida, mas admite diante de certas circunstâncias e por um período de tempo que sua alteração seja realizada pelo mesmo processo para alterar a legislação ordinária (infraconstitucional). Ex.: Constituição Imperial de 1824. (em caso de guerra poderia ser mudada). 8. Constituição Semirrígida: / Semiflexível / Mista: É aquela que prevê um processo de alteração rígida para partes de seus dispositivos e um processo de alteração flexível para seus demais dispositivos. Ou seja, é uma parte rígida e outra parte flexível. Ex.: Constituição Irlandesa de 1937. 9. Constituição Flexível / Plástica: É aquela que tem o mesmo processo de alteração previsto pela legislação ordinária. Ex.: Constituição Finlândia de 1917. Nessa situação não há legislação infraconstitucional, porque não existe hierarquia, pois no sistema de Constituição flexível não há norma superior, elas vão tratar apenas de matérias distintas. 2.2 - Fundamentos da Supremacia constitucional Se sustenta em dois Fundamentos: 1º - Distinção entre Constituição Rígida e Constituição Flexível Só admite que há supremacia porque foi adotada Constituição rígida e abolida a Constituição flexível, não pode ter as duas. Obs¹.: O Princípio da Supremacia Constitucional é derivado do Princípio da Rigidez Constitucional, segundo o Supremo Tribunal Federal. Traduz a idéia de que a Constituição deve ser estável, e só pode ser se NÃO estiver a mercê, a facilidade de qualquer alteração. O princípio da rigidez constitucional veio primeiro que o princípio da supremacia constitucional. Obs².: Busca a diferença entre Constituição rígida e flexível à admissão da existência de graus de rigidez. Tudo se baseia ao grau da Constituição rígida e flexível e a semirrígida como meio termo. 2º - A distinção entre Poder Constituinte e Poder Constituído. O poder Constituinte atua somente no processo constituinte originário, tudo que não for originário é poder Constituído (ex.: emenda constitucional). Só há supremacia porque no ápice/pirâmide da Constituição está o Poder Constituinte, o que vem após na pirâmide é “Poder Constituído”. 2.3 - Noções de Supremacia Constitucional É um princípio que veicula a ideia de que a Constituição encontra-se no ápice do sistema normativo, conferindo-lhe estrutura e organização, servindo de fundamento de validade para todas as demais normas que lhe são hierarquicamente inferiores. Enforques: 1 - Superlegalidade Formal Observações: 1.1 - A Constituição é vista como a norma superior do sistema normativo ocupando o ápice de tal sistema que é hierarquizado, escalonado, ocupando o ponto mais alto. 1.2 - A Constituição é o fundamento de validade de todas as demais normas integrantes do sistema normativo. Toda norma que vem abaixo da Constituição, só tem validade se estiver em conformidade com ela, caso contrário deverá ser banida. 1.3 - A Constituição tem um processo de alteração mais solene e rigoroso que os demais atos normativos. Quanto mais alto está no sistema uma norma, mais difícil de modificá-la, precisa de mais proteção porque é superior, sua formalidade está relacionada com o procedimento. 1.4 - A Constituição é vista como fonte primária dos demais sistemas normativos. A Constituição é um referencial de origem, tudo deve ter referência e compatibilidade com ela. 2 - Superlegalidade Material - Substancial - (tem haver com procedimento) Observações: 2.1 - A Constituição é vista como referencial de conteúdo para toda atividade normativa estatal. Observar se está contrariando o conteúdo da Constituição. A Constituição é a fonte do conteúdo de qualquer sistema normativo. 2.2 - Todas as condutas de agentes públicos ou particulares devem se amoldar ao conteúdo constitucional. Ex.: portarias, regulamentos internos. 2.3 - O conteúdo de todo ato normativo, além de se amoldar a Constituição,deve observar os limites naturais (políticos, sociais, econômicos, culturais), muitos deles estabelecidos pela própria Constituição. Princípio da Relação com a força Normativa da constituição As normas integrantes da Constituição, além da eficácia jurídica, têm eficácia social (efetividade), aplicando-se diretamente quando veiculam direito ou garantia fundamental. (§ 1º, art. 5º), que tem aplicabilidade direta. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. (...) Nem toda norma constitucional tem aplicabilidade direta, no entanto, direitos ou garantias fundamentais tem aplicação direta, não depende de outras normas para ser regulamentada, sua forma normativa exige que tenha sua fruição natural. Controle de Constitucionalidade como sua Técnica e Garantia O controle de constitucionalidade vai controlar tudo que contraria a Constituição, é uma técnica, é instrumento da Supremacia Constitucional, não basta dizer que a Constituição é superior, tem que garantir que o sistema se mantenha fiel/obediente a Constituição. O controle é feito antes da entrada em vigor da norma e após sua entrada no sistema normativo. Há duas premissas no Controle de Constitucionalidade: 1º - Rigidez Constitucional: - A Constituição não pode ser passível de alteração a qualquer momento pelo legislador. Conceito - é igualmente pressuposto do controle. Para que possa figurar como parâmetro, como paradigma de validade de outros atos normativos, a norma constitucional precisa ter um processo de elaboração diverso e mais complexo do que aquele apto a gerar normas infraconstitucionais. Se assim não fosse, inexistiria distinção formal entre a espécie normativa objeto de controle e aquela em face da qual se dá o controle. Se as leis infraconstitucionais fossem criadas da mesma maneira que as normas constitucionais, em caso de contrariedade ocorreria a revogação do ato anterior e não a inconstitucionalidade. 2º - Supremacia Constitucional - revela sua posição hierárquica mais elevada dentro do sistema, que se estrutura de forma escalonada, em diferentes níveis. É ela o fundamento de validade de todas as demais normas. Por força dessa supremacia, nenhuma lei ou ato normativo — na verdade, nenhum ato jurídico — poderá subsistir validamente se estiver em desconformidade com a Constituição. Fundamento: Direitos fundamentais a serem protegidos. Conceito - são a proteção dos direitos fundamentais, inclusive e, sobretudo os das minorias, em face de maiorias parlamentares eventuais. Seu pressuposto é a existência de valores materiais compartilhados pela sociedade que devem ser preservados das injunções estritamente políticas. 2.4 - Constitucionalidade: Consiste na obediência de todo ato normativo em relação a Constituição no aspecto formal e material. O que é constitucional é o que não se choca, o que é feito pelo procedimento constitucional tanto formal, como material, ´a compatibilidade de toda a norma com a Constituição. 2.5 - Inconstitucionalidade: Consiste na incompatibilidade de certo ato normativo em relação a Constituição, tanto no sentido formal, como alternativamente no sentido material. “Alternativamente”, porque para ser constitucional tem que atender aos dois aspectos (material e formal), porém para ser considerada inconstitucional basta desrespeita apenas um aspecto. Espécies de inconstitucionalidade: 1 - Inconstitucionalidade Formal: Ocorre quando a Constituição é desrespeitada quanto as suas regras de processo legislativo, mais especificamente, regras de procedimento de competência e de limitação temporal. Subdivide-se em três: I - Inconstitucionalidade Formal Propriamente Dita - Desrespeitado a parte do art. 59. II - Inconstitucionalidade Formal Orgânica - Regra de competência, art. 18 a 21. III - Inconstitucionalidade Formal temporal - Não pode fazer lei em determinado período. “nomodinâmica constitucional” 2 - Inconstitucionalidade Material: Ocorre quando o conteúdo de um ato normativo contraria ou vai além do conteúdo constitucional. “nomoestática constitucional” 3 - Inconstitucionalidade Por Ação / Por Ato: Ocorre quando uma conduta positiva do legislador contraria a Constituição. 4 - Inconstitucionalidade Por Omissão / Inércia: Ocorre quando o legislador fere a Constituição ao não elaborar a legislação infraconstitucional regulamentadora da norma constitucional de eficácia limitada. 5 - Inconstitucionalidade Total: Subdivide-se em I - Total Total: Ocorre quando o texto normativo infraconstitucional contraria a Constituição. II - Total Parcial: Ocorre quando apenas parte do texto normativo infraconatitucional se choca com a Constituição, mas por derivação deve ser declarado inconstitucional a parte constitucional. 6 - Inconstitucionalidade Parcial: Ocorre quando apenas parte do texto normativo deve ser declarado inconstitucional por contrariar a Constituição. Restando a outra parte incólume. 7 - Inconstitucionalidade Direta / Imediata: Ocorre quando o ato normativo se choca diretamente com a Constituição. 8 - Inconstitucionalidade Indireta /Mediata (por contaminação): Ocorre quando o ato normativo infraconstitucional fere obliquamente a Constituição, ao atingir o aspecto da Constituição, presente em outro ato normativo infraconstitucional. “ STF não admite”. 9 - Inconstitucionalidade Presente / Atual: Ocorre quando algum ato normativo fere o texto constitucional em vigor. 10 - Inconstitucionalidade Passada / Pretérita / Póstuma: Ocorre quando o ato normativo se choca com o texto constitucional já revogado. “ STF não admite” - Construção doutrinária. 11 - Inconstitucionalidade Originária / Congênita: Ocorre quando o ato normativo em seu sentido forma ou material já nasce em desrespeito à Constituição. 12 - Inconstitucionalidade Futura / Superveniente: Ocorre quando o ato normativo se torna inconstitucional em virtude de emenda constitucional que altere o texto constitucional com o qual o dito ato era antes compatível. “STF não admite” - A emenda altera a lei, de forma que a deixa incompatível com a Constituição, ocorre a não recepção superveniente, e não a invalidade/ inconstitucionalidade. 13 - Inconstitucionalidade Causal: Ocorre quando algum dos poderes estatais formula ato que desrespeita uma situação fática protegida pela Constituição. Ex.: A família é protegida pela Constituição, se alguém criar algum ato contrário a essa instituição protegida, será declarado inconstitucional. 14 - Inconstitucionalidade Progressiva: Ocorre quando os meios sanadores da inconstitucionalidade por omissão, com o passar do tempo deixam de ser eficazes para saná- las. É um agravamento da inconstitucionalidade por omissão. Ex.: O direito a greve público que não tem lei específica, usa a de iniciativa provada, pode chegar a uma situação que essa omissão da lei acarrete prejuízos graves. 2.6 - ATO NORMATIVO COMO ATO JURÍDICO Ato Normativo - é um ato jurídico que pode ser examinado em 03 planos: existência, validade e eficácia. Todo tipo de ato que tenha característica de norma: abstração, generalidade e imperatividade. 1 - Plano da Existência: Analisa o que é necessário para o ato normativo existir. Elementos Constitutivo: Agente Legislador:Tem que ter um agente legislador, alguém para criar, idealizar, dar vida inicial ao ato normativo, Objeto: O conteúdo do ato normativo. É indispensável a todo ato normativo o objeto. Forma: É a forma dita pela Constituição. Obs.: Se faltar um desses elementos não existe o Ato Normativo. 2 - Plano da Validade: Requisito de Validade: Agentes legislativos: Competência em relação aos agentes legislativos. Objeto: Licitude, possibilidade em relação ao objeto. Ex.: não pode fazer lei que admita pena de morte. (A licitude é mais que “Legal”, é aquilo que não é antijurídico, e que não se choca com a norma constitucional. Forma: Adequação em relação à forma art. 59 CF, estabelece o procedimento do processo legislativo. Obs.: A Inconstitucionalidade ocorre no plano da validade, a Revogação ocorre no plano da existência. 3 - Plano da Eficácia: Efeito Jurídico: Aptidão da norma para produzir seus efeitos, ou seja, a norma em potencial pode surtir efeito. Efeito Social / Efetividade: É a concretização da eficácia jurídica, havendo aplicabilidade da norma. Produção efetiva / Produção fática dos efeitos. Obs.: Há normas que entram no mundo jurídico de forma equivocada e produz seus efeitos jurídicos e sociais, posteriormente é reconhecida sua inconstitucionalidade, porém os efeitos que ela produziu não podem ser apagados, são consolidados, gerando direito adquirido, mesmo não passando pelo plano da validade. Essa norma produz um efeito chamado de “Efeito Putativo” mesmo a norma sendo posteriormente apagada. Ex.: Pessoas que ingressaram no serviço público sem fazer o concurso. 2.7 - INCONSTITUCIONALIDADE COMO INVALIDADE 1 – Teoria ou Doutrina Estadunidense: É a doutrina majoritária na maioria dos institutos jurídicos. Nula: O que e inconstitucional é nulo. Imprescritível: A pretensão de alegar a inconstitucionalidade é imprescritível, podendo ser alegada a qualquer tempo. Efeitos: “Ex tunc” em regra, os efeitos são retroativos, tudo que foi produzido a partir da invalidade da norma será apagado. Exceção: Os efeitos putativos. 2 - Doutrina Kelseniana: “Hans Kelsen” Anulável: Para essa doutrina a inconstitucionalidade é um tipo de invalidade, o que é inconstitucional para ela é anulável segundo essa doutrina. Imprescritível: Mas o que é anulável tem prazo para ser alegado, porém, embora reconheça que é anulável, é imprescritível a pretensão de alegar a inconstitucionalidade. Efeitos: “Ex nunc”, daquele momento em diante, prospectivo (para o futuro). 3 - Doutrina Brasileira: “Doutrina temperada” Nulo: A Inconstitucionalidade deve se apresentar como algo “nulo” de pleno direito. Imprescritível: A pretensão de alegar a nulidade é imprescritível. Efeitos: “Ex tunc”, que podem ser atenuado, se os efeitos causarem mais prejuízo, por votação de 2/3 e repercussão, poderá ter efeito “Ex nunc”. (Lei 8.968/99 e 9.882/99). 2.8 - REQUISITOS DE CONSTITUCIONALIDADE DE ATO NORMATIVO 1 - Requisitos Formais: Subjetivos: Haver com regras que estabelecem as competências legislativas (ato legislativo). Objetivo: Regras que estabelecem procedimentos legislativos específicos. Procedimento é rito/caminho para realizar atos que atinjam determinado fim. 2 - Requisitos Materiais Diz respeito com regras que inspiram e limitam o conteúdo dos atos normativos. Ex.: não pode fazer lei que regule a pena de morte. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 2.9 - ANTECEDENTES HISTÓRICOS MAIS REMOTO O controle de norma tem seus antecedentes mais remoto por volta do séc. “V” antes de cristo, com a expressão grega, “Graphe Paranomon”, que quer dizer “prestação de contas”, uma espécie de controle, onde a assembleia decidia pela alteração. Tinha como base os ancestrais, considerada a “lei eterna”. No entanto, sempre tinha alguém que percebia que a norma estava ultrapassada e fazia a proposta para alterá-la, através de uma assembleia que se reunia para votar sobre a mudança, contrariando o “Direito Ancestral”. Se a assembleia aprovasse, havia a modificação, se rejeitassem a proposta, era estipulado multa. Com a evolução os gregos criaram outra expressão conhecida como “Graphe nomon me Epitedeion teinai”, quer dizer “grafia da norma que é proposta para mudança”, não houve muitas mudanças, continuava com a assembleia, e as votações realizando o controle da norma. Modelos Clássicos de Controle 1 - Modelo Norte Americano: Jonh Marshall 1780 - Nova Jersey: Alguns magistrados se reuniram e declararam que a lei que contrariasse a sua Constituição, seria inconstitucional e declarada nula. 1782 - Virginia: Um grupo de juízes declararam que toda norma que contrariasse a Constituição da Virginia seria nula. 1787 - Carolina do Norte: A Suprema Corte do estado da Carolina do Norte, declarou que toda lei que contrariasse a Constituição Federal seria nula. 1803 - Quando de fato se consolida, com o julgamento de Marbury X Madison, decisão tomada pelo Chefe da Suprema Corte Americana, foi ciado o “Controle de Constitucionalidade Difuso Concreto”. O EUA tinha como presidente John Adams, que perdeu as eleições para o Presidente Thomas Jefferson, porém antes de sair do poder queria deixar seu pessoal em caráter vitalício nos cargos, então nomeou James Madison para o cargo de Juiz da paz, mas não teve tempo de empossá-lo, fazer a entrega do título, concluiu o mandato e não conseguiu. Quando Tomas Jefferson assumiu, nomeou para Ministro do Estado/Justiça Willian Marbury, onde a nomeação de todo juiz passava por ele, que não deu posse aos juízes da presidência anterior. O Ministro da Justiça anterior era John Marshall, e o atual presidente o nomeou Presidente da Suprema Corte. Quando Willian Marbury propõe remédio, onde o relator seria Marshall, que declara que nem ele, nem a Suprema corte deverá julgar, porque tinha iniciado pela lei anterior. Sendo o caso julgado pelo juiz de 1º grau. Na eleição presidencial dos EUA de 1800, Thomas Jefferson derrotou John Adams. Após a derrota, John Adams resolveu nomear vários juízes em cargos federais, para manter certo controle sobre o Estado. Entre eles se encontrava William Marbury, nomeado Juiz de Paz. O secretário de justiça de John Adams, John Marshall, devido ao curto espaço de tempo, não entregou o diploma de nomeação a Marbury. Nota-se que Adams nomeou seu secretário de Justiça como futuro Presidente da Suprema Corte. Já com Jefferson presidente, o novo secretário de justiça - James Madison- se negou, a pedido de Jefferson, a intitular Marbury. Marbury apresentou um writ of mandamus perante a Suprema Corte Norte- Americana exigindo a entrega do diploma. O processo foi relatado pelo Presidente da Suprema Corte, Juiz John Marshall, em 1803 e concluiu que a lei federal que dava competência originária à Suprema Corte para emitir mandamus em tais casos contrariava a Constituição Federal que só lhe reconhecia competência de apelação nos casos não indicados por ela mesma como de competência originária. Como a lei que dava competência a Suprema Corte era inconstitucional, não cabia à Suprema Corte decidir o pedido do mandamus. Por ser a primeira decisão de um Tribunal a proclamar a competência de afastar leis inconstitucionais mesmo sem previsão constitucional nesse sentido, o caso é mundialmente célebre e sempre estudado nos cursos de direito constitucional. 2 - Austríaco / Europeu Continental Surgiu em 1920, deu origem pela Constituição austríaca, modelo rudimentar. 1926 - Foi feito emenda constitucional,onde chamaram Hans Kelsen que criou a “Consolidação do Controle de Constituição Abstrato Concentrado”. É concentrado porque reconhece que só a Corte / Supremo Constitucional / Órgãos de cúpula/ Tribunais Constitucionais poderiam fazer esse controle. É abstrato porque a lei era comparada com a Constituição em tese e não no caso concreto. Pós-Guerra - A partir dessa época começa a melhorar, na Alemanha foi criado o “Tribunal Constitucional Alemão”, sendo instituído o “Controle Incidental”, o controle poderia ser meramente incidental, através de mero requerimento. 3 - Francês: 1789 - Dez anos após a Revolução Francesa, o controle era desenvolvido pelo órgão político chamado “Senado conservador”, não era um órgão jurisdicional, mas político que desenvolvia “Controle Preventivo”, não permitia que a norma entrasse, já era barrado na análise do projeto de lei. 1858 - Constituição Francesa, criou o “Conselho de Constitucionalidade”, o órgão político continuava fazendo o “Controle Preventivo” (lei ainda tramitando), os integrantes não tinham ligação com o judiciário. 4 - Brasileira: 1824 - Constituição Imperial: Dois anos antes D. Pedro havia Proclamado a Independência, não existia nenhum modelo de controle constitucional. Foi quando D. Pedro constituiu o “Poder Moderador”, fazendo um certo controle. Era um quarto Poder, que estava acima dos demais Poderes, para que quando fosse criada uma lei que desagradasse a D. Pedro, ele poderia alterar, havia apenas a “aparência” de controle de constitucionalidade. 1891 - Constituição Republicana: Proclamação da República, Ruy Barbosa havia passado uma época no EUA, praticando democracia, trouxe uma cópia do que era aplicado por lá, o “Controle Constitucional Difuso Concentrado”, essa Constituição foi idealizada por Ruy Barbosa. 1934 - Constituição da Revolução: Em 1932 estourou a Revolução Constitucionalista, pois havia República, mas os direitos não haviam sido implementados. Foi uma das mais avançadas, pois foram criados três atos importantes: 1 - Cláusula de Reserva de Plenário: Art. 97, que existe até hoje, só pode ser declarada a constitucionalidade ou inconstitucionalidade por maioria absoluta. 2 - Suspensão pelo Senado federal do Ato Normativo declarado inconstitucional - Art. 52, X, CF, quando Supremo declara inconstitucional, tem que informar ao Senado para Suspender. 3 - Foi reconhecida prerrogativa de ingressar com Representação Interventiva ao P. G. R. (“Procurador Geral da República”), que hoje é a “ADIN Interventiva”. 1937 - Constituição Polaca: O Brasil havia passado por golpe de Estado, Getúlio Vargas criou um sistema, onde ele o Presidente da República, tinha prerrogativa para convocar o Congresso, para que por 2/3 do voto de seus membros cassassem uma decisão judicial que declarasse inconstitucional uma lei, fortalecendo o controle realizado por ele, e enfraquecendo o controle jurisdicional. Fazia com que o congresso cassasse a decisão que declararia inconstitucional a lei que ele criou. Essa Constituição foi inspirada na Constituição da Polônia, que era governada por um ditador. 1946 - Constituição Redemocratizadora: O presidente Eurico Gaspar Dutra reativou o controle jurisdicional, sendo firmado/criado no Brasil o “Controle Constitucional Abstrato”, havendo situações que somente a Supremo / Corte poderia resolver. 1967 - Constituição Golpista: Criada três anos após o golpe militar de 1964, embora os militares tenham assumido o poder, mantinha a estrutura do “Controle Constitucional Difuso Concreto” e “Controle de Constitucionalidade Concentrado Abstrato” (só previa três ações: genérica, por omissão e interventiva). No entanto, com a AI 5, deu poder ao general que comandava o Brasil, que suspendeu os remédios constitucionais 1988 - Constituição Cidadã: Conhecida assim porque quando o Senador Ulysses Guimarães declarou que haveria eleição direta e constitucional, teve participação direta dos cidadãos. “Continuando o Controle Constitucional Difuso e Concreto e o Controle Concentrado Abstrato”. Em 1993 a Emenda Constitucional Nº 3/1993, acrescentou dois instrumentos de controle concentrado: “Ação Declaratória de Constitucionalidade” - ADC e “Ação de Arguição de Descumprimento de direito Fundamental” - ADPF. 2.10 - ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1 - Quanto a Natureza do Órgão fiscalizador: 1.1 - Político / Frances: Origem: França, 1799, através do “Senado Conservador”, e foi aperfeiçoada com a Constituição de 1958. Órgão Político: é o órgão político que realiza o controle, em regra é o Poder Legislativo, podendo ser o Poder Executivo, porém, dificilmente será o Poder judiciário. Juízo de Conveniência: Realiza um “juízo de conveniência”, que realiza o controle, não faz um juízo técnico jurídico, mas de conveniência. Desenvolvimento: O controle se desenvolve durante o “Processo Legislativo”, ou seja, não é antes da lei entrar no sistema. Finalidade: É evitar o ingresso da norma inconstitucional. 1.2 - Jurisdicional / Norte Americano: “Revisão Judicial” Origem: Estados Unidos Órgão Jurisdicional: O Poder Judiciário (juízes e tribunais). Juízo Técnico Jurídico: De cunho imparcial Desenvolvimento: O controle se desenvolve “depois do fim do processo legislativo”. (Obs.: norma só existe com a promulgação). Finalidade: Retirar do sistema normas inconstitucionais, ou reconhecer a omissão inconstitucional. 1.3 - Misto / Híbrido/ Eclético: É um somatório do Controle Político com o Controle Jurisdicional. Separa umas normas para passar pelo o Controle político e outras pelo Controle Jurisdicional. Ex.: Suíça, (onde teve origem), no âmbito Federal é feito Controle Político, já no âmbito local é feito Controle Jurisdicional. Obs.: É diferente do “Controle Jurisdicional Misto”, que é adotado pelo Brasil, que ocorre quando estão juntos o Controle de Constitucionalidade Difuso e o Controle de Constitucionalidade Concentrado. 2 - Quanto à Forma do Controle Jurisdicional 2.1 - Controle Por Via Incidental: “Incidenter Tantum” - Controle Incidental. Origem: Estados Unidos da América, aperfeiçoado pós-guerra no Tribunal Federal Constitucional Alemão. Incidente Processual: Ocorre com um incidente processual diante de uma questão prejudicial a ser analisada, para o processo resolver. Caso Concreto: O controle é realizado diante o “caso concreto”, e não apenas em “tese”. Juízes e Tribunais: São os órgãos que realizam o controle. Efeitos: Os efeitos decisórios são “inter partes”, ou seja, só atinge que estiver no processo. Obs¹.: Em regra o que é incidental é difuso, mas pode haver também controle concentrado (quando é resolvido por órgão de cúpula). Obs².: É possível controle incidental por omissão, dentro da ação de “Mandado de Injunção” (Art. 2o Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Ou seja, fala norma que regulamente). Obs³.: É possível controle incidenta em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF (pode ser incidental ou ação). É uma modalidade de controle incidental concentrado (STF ou TJ, se houver previsão na Constituição Estadual). 2.2 - Pro Via Principal / Ação: “Via Principal lite” Origem: Áustria. 1929, Hans Kelsen dizia que deveria haver um requerimento especial (Ação). Ação: Acontece através da “ação”, gerando um processo objetivo.Sem parte, lide ou contraditório, não há interessado, apenas Legitimados Especiais (Art. 103 CF) para propor tal ação. Tipos Ações: ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade, ADC - Ação Declaratória de Constitucionalidade e ADPF - Arguição de descumprimento de Preceito Fundamental. Análise: A análise é feita em “tese”, não precisa verificar se incidiu em um caso concreto. STF e Tribunais de Justiça (STJ não faz o controle porque não é guardião da Constituição, mas das normas infraconstitucionais). Efeitos: Os efeitos decisórios são “erga omnes”, em regra, porque pode contemplar algumas vezes o efeito “ultra partes” (decisão voltada a determinada classe). 3 - Quanto ao Momento do Exercício 3.1 – Preventivo / Prévio: Origem: França Órgão: Em regra quem exerce o controle é o Órgão Político, o Poder legislativo, podendo ser o poder Executivo. Momento: O controle é exercido durante o Processo Legislativo, não houve ainda o ingresso da norma no sistema. Exceção: Excepcionalmente cabe controle através do poder Judiciário, provocado por “Mandado de segurança”. Finalidade: Evitar o ingresso da norma inconstitucional no sistema. Brasil: No Brasil quem exerce esse controle é o poder Legislativo, pela CCJ – “Comissão de Constituição e Justiça” e também pelo Poder Executivo através do “veto”. 3.2 – Repressivo / Sucessivo: Origem: Inicialmente nos EUA, complementado posteriormente na Europa / Sistema Europeu Continental, influenciado por Hans Kelsen. Órgão: Em regra quem realiza o controle é o poder Judiciário (Juízes e Tribunais). Momento: Após a promulgação (dá existência a norma) da lei. Exceção: Excepcionalmente é possível o controle pelo Poder legislativo e Poder Executivo. Poder Legislativo: são três as hipóteses: 1. Quando houver lei delegada exorbitante: Ocorre quando o congresso (órgão competente para fazer leis) autoriza/ delega o Presidente da república a fazer uma lei, se essa lei for exorbitante, o Poder Legislativo poderá fazer o seu controle, através de um decreto. 2. Quando houver decreto regulamentado exorbitante: A lei é criada pelo poder Legislativo, porém existem leis que precisam de regulamentação, e se o Presidente da República faz essa regulamentação de forma exorbitante, poderá o Poder legislativo fazer o controle sobre o que excedeu. 3. Rejeição ou não reedição de Medida provisória: O congresso quem rejeita ou que autoriza a reedição. Poder Executivo: Realiza o controle não aplicando a norma considerada inconstitucional, é a "Recusa”. Obs.: O Presidente da República não pode se recusar a aplica a lei, sob pena de responder pelo “Crime de Responsabilidade” (impeachment), no entanto, se ele se recusa fundamentando com base na inconstitucionalidade da lei, não estará cometendo crime. Finalidade: Retirar a norma inconstitucional do sistema, ou reconhecer a omissão inconstitucional. Brasil: No Brasil esse controle se realiza de duas formas: “Difuso Concentrado” (realizado por qualquer órgão – Juízes e Tribunais) e “Concentrado Abstrato” (realizado pelo STF e TJ). 4 – Quanto ao Órgão Exercente: 4.1 – Difuso Norte-Americano: Algumas pessoas chamam de “Desconcentrado”. Origem: EUA, ligado ao “Judicial Review”, que significa “Revisão Judicial”. Órgão: O controle é realizado pelo “Órgão judicial”, que são os Juízes e Tribunais. Análise: É realizado com base no “Caso concreto”, ou seja, já houve uma violação ao direito real. Momento: Ocorre em “Questão Prejudicial”, é julgado antes do mérito. Finalidade: Afastar aplicação da norma inconstitucional. Efeitos: Os efeitos decisórios são “Inter partes” e “Ex tunc” (efeitos retroagem). Legitimados: Pode suscitar as Partes, Ministério Público, Terceiros Interveniente/interessado e o Juiz de ofício. Cláusula de Reserva: O Controle Difuso no Tribunal exige “Cláusula de Reserva de Plenário”, ou seja, para o Tribunal declarar a inconstitucionalidade de uma norma, tem quer ser por maioria absoluta dos seus membros (Art. 97 CF). Art. 52, X, CF – Feita a Declaração de Incidental de Inconstitucionalidade pelo STF, em Recurso Extraordinário, deve ser oficiado o Senado Federal para por resolução, “SUSPENDER” a aplicação da norma inconstitucional. Isso ocorre porque existe vários processo da mesma matéria tramitando, então passa a comunicação da inconstitucionalidade para o Senado que não é obrigado a suspender, no entanto, se não suspender o STF pode criar uma “Súmula Vinculante”. Técnica Abstrativização: Cabe a técnica da abstrativização (dar efeitos “erga omnes”) quando o STF for provocado através de “Recurso Extraordinário”, a realizar controle difuso. Ou seja, em regra o efeito é “Inter partes”, porém se houver muita gente tratando da mesma matéria, ocorrerá a técnica da abstrativização, dando efeito “erga omnes”. Ação Civil Pública: cabe op controle difuso em Ação Civil Pública (trata de efeitos coletivos), desde que a não se atribua efeitos “erga omnes”, sob pena de a Ação Civil Pública atuar como sucedâneo de Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI. A “súmula 10” proíbe que a Ação Civil Pública produza efeitos “erga omnes”, porque poderá estar substituindo a ADI, é preciso ter cuidado para não gera esse efeito. Obs.: O controle não é feito apenas na defesa, o controle que se faz em incidente processual pode ser suscitado na ação ou na defesa. 4.2 – Concentrado: Origem: Áustria, idealizada por Hans Kelsen Órgão: Órgão Judicial – STF e TJ. Análise: É realizado com base em “tese”, ou seja, não precisa ter o direito violado, basta analisar a possibilidade de acontecer. Momento: Ocorre através da “Ação”, desencadeando o processo objetivo, que não possui parte, lide e contraditório, iniciado por Legitimados Especiais, previsto no Art. 103 CF. Finalidade: Retirar norma inconstitucional do sistema, ou reconhecer a omissão inconstitucional. Obs.: Cabe ADI por omissão. Efeitos: Os efeitos decisórios em regra são “erga omnes” e “Ex tunc”. Exceção: Admite controle concentrado (realizado por Tribunal e TJ), na ADI Interventiva diante do caso concreto, somente neste caso é possível. Obs.: O STF e TJ realizam controle concentrado, conhecido pela expressão “Função Legislativa Negativa”, porque retira a norma. Quando ocorre a inclusão da norma, tem a “Função Legislativa Positiva”.
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