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cap 1 Mariana

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FACULDADE DE DIREITO
MARIANA ALBARA SPIES
RESOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS NA ÁREA DA SAÚDE: COM ANÁLISE DA CÂMARA DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS DE SAÚDE (CRLS) IMPLANTADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Canoas
2017
MARIANA ALBARA SPIES
RESOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS NA ÁREA DA SAÚDE: COM ANÁLISE DA CÂMARA DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS DE SAÚDE (CRLS) IMPLANTADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Trabalho de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Ritter dos Reis como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Professora Mestranda: Susanna Schwantes.
Canoas
2017
MARIANA ALBARA SPIES
RESOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS NA ÁREA DA SAÚDE: COM ANÁLISE DA CÂMARA DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS DE SAÚDE (CRLS) IMPLANTADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Trabalho de Conclusão defendido e aprovado como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Banca examinadora constituída por:
__________________________________
Nome do Professor
__________________________________
Nome do Professor
__________________________________
Nome do Professor
Canoas
2017
Dedico esse trabalho, a todos aqueles que primam pela aplicação do princípio da eficiência na prestação dos serviços públicos, buscando a prevalência da celeridade nas soluções de conflitos, evitando assim o sobrecarregamento do poder Judiciário.
Agradeço acima de tudo a DEUS pela oportunidade e pelo privilégio em compartilhar tamanha experiência e por se fazer sempre presente em minhas lutas e conquistas. A minha família por apoiar sempre minhas decisões, respeitando minhas opiniões e, sobretudo tendo paciência em tolerar minha ausência me incentivando a ser um ser humano cada dia melhor. Agradeço também ao Laureate International Universities – UniRitter, pela oportunidade de concluir meu bacharelado em direito, em especial agradeço profundamente a Orientadora Professora Mestranda: SUSANNA SCHWANTES, pelo incentivo, simpatia e presteza contribuindo assim no desenvolvimento das atividades e discussões, traçando os caminhos para o melhor andamento e normatização desta monografia, e acima de tudo por ter paciência em me atender quando pedi o seu auxílio, demonstrando com seus gestos o seu espírito inovador e empreendedor na tarefa de multiplicar conhecimentos, sendo acima de tudo pacienciosa, atenciosa capaz de me transformar em um ser humano mais autoconfiante, me fazendo acreditar que tudo é possível desde que se tenha dedicação. Aos meus colegas de curso que lutaram e sonharam junto comigo, com espontaneidade e alegria na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade, oferecendo incentivo, compreensão e apoio incondicional, fundamentais nessa trajetória, tornando-se assim amigos especiais que carregarei sempre em minha vida e meu coração, meus sinceros agradecimentos.
“A mediação é uma forma ecológica de resolução dos conflitos sociais e jurídicos; uma forma na qual o intuito de satisfação do desejo substitui a aplicação coercitiva e terceirizada de uma sanção legal. A mediação como uma forma ecológica de negociação ou acordo transformador das diferenças.”
(WARAT, Luís Alberto, 2001).
RESUMO
PALAVRAS-CHAVES: 
ABSTRACT
KEYWORDS: 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A Lei n. 13.140, publicada no Diário Oficial em 29 de junho de 2015, veio como uma inovação no que tange a “Autocomposição de Conflitos no âmbito da Administração Pública”, levantando aspectos fundamentais para a prevenção e resolução de conflitos no âmbito de órgãos e entidades públicas, assegurando em seu artigo 1º que a mediação e a autocomposição como instrumentos de solução de conflitos.
Neste aspecto o importante é analisar os métodos de solução de conflitos adotados pelo ordenamento jurídico brasileiro, alçando os empecilhos atuais que embaraçam a utilização da autocomposição no campo da Administração Pública e em meios a tantas restrições, burocracias, obrigações, direitos e deveres da Administração Pública, surgem alguns questionamentos a serem analisados e aprofundados.
A criação da Lei nº. 13.140, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos na esfera pública, elencou uma serie de possibilidade da mediação entre Administração Pública e os seus administrados.
O emprego dos meios alternativos de resolução de conflitos para extinguir os conflitos junto à administração publica também foi abordado no Código de Processo Civil vigente, Lei n. 13.105, de março de 2015, em seus artigos 3º e 174.
O presente trabalho tem o escopo primordial de analisar a aplicação dos meios alternativos de solução de conflitos, colocando-se em debate a sua implantação no âmbito da Administração Pública.
A solução de conflitos, em todas as esferas é algo fundamental para o descongestionamento do poder judiciário, no país, resolução de conflito se dá: através da Jurisdição estatal (poder judiciário), por meio da arbitragem (jurisdição privada), por intermédio da autotutela, da conciliação e da mediação.
O Código de Processo Civil estabelece a distinção entre a conciliação e a mediação elencando em seu artigo n. 165, cabe ao conciliador ter uma participação mais efetiva na negociação do litígio, atuando primordialmente em situações em que as partes não tenham vínculo anterior, podendo inclusive sugerir saídas para a resolução do conflito, em outras palavras o conciliador interfere na lide. No caso do mediador sua função é mais distante, não interfere no processo de solução do conflito, mas faz com que a as partes entendam os motivos que levaram o conflito, para assim tentar resolvê-lo da melhor forma.
Este trabalho buscou demonstrar a importância da utilização dos meios adequados de resolução dos conflitos onde um dos polos envolvidos é a Administração Pública, analisando o caso prático implantado no Estado do Rio de Janeiro: a Câmara de Litígio de Saúde (CRLS), fazendo uma análise doutrinária e jurisprudencial sobre o que vem a ser a autocomposição. Analisar as inovações trazidas pela autocomposição nas resoluções de conflitos da Administração Pública, conhecendo a lei n. 13.140, identificando os aspectos necessários para a aplicação desta lei na prática, demonstrar as principais dificuldades encontradas para a sua implantação e salientar como a criação da câmara contribuirá para o aperfeiçoamento da justiça. 
No ordenamento jurídico processual brasileiro é complexo, busca abranger e amparar direitos e deveres, porém não é perfeito e abarcam amplas oportunidades de melhoria, uma delas é o fato de que a implantação dos meios consensuais para soluções de conflitos ante a Administração Pública acarretará na efetividade do sistema processual.
Para se compreender melhor a mediação é preciso conhecer os princípios que a norteiam, quer seja: independência e imparcialidade do mediador, isonomia interpartes, oralidade, informalidade, independência da vontade das partes, a busca do consenso, a boa-fé, a confidencialidade e a decisão informada. São por meio desses princípios que se pode fazer uma mediação pautada na justiça, sem causar prejuízos as partes.
A Lei n. 13.140/15 salienta que Estados, Municípios e o Distrito Federal podem instituir câmaras de prevenção e resolução de conflitos, dentro de seus órgãos, buscando assim gerenciar conflitos entre os institutos da Administração Pública, bem como os conflitos entre pessoas físicas e jurídicas de direito público procurando sempre a adaptação da conduta, quando oportuno.
Quanto à composição dos Centros de resolução de conflito a Lei n. 13140/15, em seu artigo 24, aduz que: estes serão criados pelos tribunais e serão responsáveis pela sessões e audiências de conciliação e mediação, pré-processuais e processuais,e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.  .
A resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010 do Conselho Nacional de Justiça, dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, assim tais como os Centros de Resolução de conflitos as câmaras terão a mesma competência para precaver e resolver os conflitos inerentes a Administração Pública, trazendo o equilíbrio administrativo, econômico e financeiro das relações contratuais existentes entre o agente público e o privado. 
Mediante a essas soluções conflituosas, é preciso seguir uma série de procedimentos, que resguardarão a lisura do processo, um deste se destaca na escolha dos mediadores e dos conciliadores. Atualmente nota-se um esforço imensurável por parte do Poder Judiciário em treinar e capacitar mediadores e conciliadores, o que resta provado devido a inúmeros treinamentos oferecidos tanto por Tribunais de Justiça, quanto pelo próprio Conselho Nacional de Justiça, estimulando assim a solução dos conflitos de forma a não sobrecarregar o Poder Judiciário.
Para exercerem a conciliação e a mediação e implantação das câmaras privadas, estes operadores da mediação e conciliação deverão estar inscritos no cadastro nacional do Conselho Nacional de Justiça, e nos Tribunais aos quais exercerão a atividade, que devem manter os registros de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional, além também de preencher os requisitos de capacitação mínima, por meio de cursos realizados por entidades credenciadas, seguindo as exigências curriculares elencadas pelo Conselho Nacional de Justiça em parceria com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de Tribunal de Justiça ou de Tribunal Regional Federal. Pereira (2015, p.3).
Ainda segundo Pereira (2015, p.3), após a efetivação do registro que inclusive pode ser feito mediante concurso público, cabe ao tribunal encaminhar para o diretor do foro, comarca, seção ou subseção judiciária onde os conciliares ou mediadores exerceram suas atividades, as informações necessárias para que os nomes constem no rol, com o escopo de se realizar a distribuição alternada e aleatória, observando o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
Há também situações de exclusão e impedimento dos conciliadores essas situações interrompem procedimento de conciliação/mediação assim que detectadas, independentemente da conciliação/mediação ter começado, deve se interromper todo o procedimento, registrando-se em ata informando o ocorrido e requisitando distribuição para novo conciliador ou mediador.
Fernandes (2008, p.5), assegura que outra diferença básica entre as mediações judiciais e extrajudiciais se dá em relação ao tempo de duração de cada sessão e, quanto ao número de seções que ambas possam ter. Ainda que não haja nenhuma restrição legal, no que diz respeito ao número de sessões, na mediação judicial pode ser que seja indicada outra seção, desde que o mediador e as partes acreditem ser realmente necessária essa redesignação que normalmente é feita uma única vez, devido à extensão das pautas de audiências e da estrutura que o judiciário oferece, ainda precária para a realização da mediação. Cabe salientar ainda que por ser um instituto relativamente novo no Brasil, a mediação ainda não tem o respaldo e o conhecimento de todos os operadores do direito no judiciário, o que permitiria melhores condições de trabalho para os mediadores. Porém, deve se fazer justiça aqui àqueles que, de uma forma ou de outra, lutam para ver cada vez mais esse instituto crescer e transformar as relações e as pessoas.
A Lei n. 13.140 garante a instauração de um método para solucionar os conflitos presentes nos entes públicos, suspendendo a prescrição, com efeitos retroativos à data do pedido de resolução consensual da controvérsia. Essa regra não se aplica à suspensão da prescrição para fins tributários, que neste caso tem seu embasamento fundamentado no Código Tributário Nacional, facultando aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e demais entes públicos a faculdade de submeter suas demandas com órgãos da Administração Pública federal à Advocacia‐Geral da União, para composição extrajudicial do conflito. Martins (2016, p.6).
Foi empregado na composição desse trabalho um estudo exploratório-descritivo, fundamentado nas técnicas de pesquisas bibliográfico-documentais, leituras, interpretações de artigos e periódicos jurídicos, livros, normas, legislações, dissertações, teses, sítios que tratam do tema e demais materiais relacionados à Autocomposição de Conflitos no âmbito da Administração Pública. 
A pesquisa fez uso de métodos científicos para melhor concepção do tema, analisando sempre as fronteiras dos principais objetivos do trabalho, em um primeiro momento foi empregado o método dedutivo, buscando o conhecimento da verdade a cerca da Autocomposição de Conflitos no âmbito da Administração Pública, após aplicou-se o método dialético, colocando os fatos em um contexto social e real. Partindo do geral para o particular, observando, analisando e conceituando sobre a autocomposição aproximando esses conceitos de relações amplas, dinâmicas e contraditórias, confrontando tanto as legislações, como conceitos doutrinários com o escopo de demonstrar aplicação dela na Administração Pública, buscando um aprofundamento do assunto para se chegar à realidade vivida hoje a cerca do tema e seus reflexos no meio jurídico.
A pesquisa vem sendo idealizada desde meados de 2015, porém começou a se materializar em agosto desse ano, obedecendo às seguintes etapas: discussão do tema com orientador, seleção de bibliografias pertinentes ao tema, orientação do tema e fichamento, justificativas, problematização e hipóteses, metodologia, referencial teórico e entrega do projeto de pesquisa concluído, revisão bibliográfica para execução do capítulo I, entrega do capítulo I, entrega e correção do capítulo II, entrega e correção do capítulo III, entrega da monografia, preparação para defesa, defesa da monografia.
2 A MEDIAÇÃO E A CONCILIAÇÃO
2.1 Evolução histórica dos meios de resolução de conflitos
A busca de solução de conflitos sem ter que submeter a demanda a um poder jurisdicional, vem caminhado a passos lentos. Na década de 70 tem se início os movimentos de acesso a Justiça, e no decorrer dos anos o judiciário foi se organizando com o escopo de garantir de forma eficiente às soluções das lides.
Com o desenvolver do poder judiciário, houve um aumento da demanda e a busca incessante pelo exercício da justiça, acarretando no sufocamento e na morosidade da Justiça Brasileira, consequentemente exigindo mudanças drásticas na forma de se fazer justiça, nesse sentido, Santos (1988, p.76), assegura que seria necessária a: “criação de espaços sociais, mais ou menos segregados, no seio dos quais se geram litígios ou disputas processados com base em recursos normativos e institucionais internos”, em outras palavras o judiciário precisaria se adaptar a realidade exigida pela sociedade.
A necessidade de redemocratização do poder judiciário, buscando torná-lo mais célere e eficiente vem aparecendo ao longo dos anos, Falcão (1981, p.4) entende que esse: “acesso à Justiça como um mecanismo que pode ou não estar a favor da implementação da representação coletiva dos cidadãos, como aperfeiçoamento do ideal democrático”, para o autor: 
O acesso das classes sociais majoritárias à Justiça é um dos aspectos necessários, a partir do qual se pode pensar numa base social e política que dê ao Judiciário a independência que procura. (...) Neste sentido, a contribuição do Judiciário à redemocratização implica não negar-se a lidar com os conflitos do padrão emergente. Ao contrário, implica reconhecê-los e tentar equacioná-los. Um passo, entre os muitos necessários,é admitir a possibilidade de representação coletiva. (FALCÃO 1981, p. 20).
Com o decorrer do tempo e a busca de novas formas de se fazer justiça, sugiram conceitos como mediação e conciliação, institutos fundamentais para garantir a celeridade no poder judiciário. Estes institutos tinham o escopo primordial de trazer a justiça para todos sem a morosidade e a burocracia presente no poder judiciário. 
Os Institutos aparecem pela primeira vez de forma normativa na Constituição Política do Império do Brasil, através da Carta de Lei de 25 de março de 1824, nos artigos 160 e 161, onde eram facultadas as partes a nomeação de juízes árbitros que decidiriam a lide, e o requisito básico para iniciar um processo seria a tentativa de reconciliação. Com o passar dos anos surgiu à precisão da adequação dessa forma de conciliação com a realidade vivenciada à época nascendo aí à necessidade de uma mudança de paradigma no que tange a estes institutos.
 A Constituição Federal de 1988 abarca em seu preâmbulo, sobre as soluções pacíficas de conflito, e em seu artigo 5º, após a promulgação da Emenda Constitucional 45/04, estipulam prazo razoável para a decisão dos conflitos. Consequentemente o Código de Processo Civil, constituindo uma legislação infraconstitucional também deve dispor de métodos que ofereçam soluções pacíficas para a solução de conflitos, buscando oferecer uma decisão mais rápida aos litigantes. 
Estes Institutos aparecem novamente na legislação brasileira em 2010 por meio da resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça (Anexo A). A resolução trata da Política Judiciária Nacional oferecendo meios adequados para os conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e que em seu artigo 1º instituí a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, buscando assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade.
A partir de então a mediação e a conciliação passaram a serem vistas como meios fundamentais, para acelerar os processos e diminuir as demandas processuais, deixando de ser exceção, Watanabe (2015, p. 02) assegura que:
A Resolução 125 é fruto da somatória de esforços individuais e coletivos, de tribunais, juízes e demais operadores do Direito, ao longo da história do Brasil, em especial após a grande transformação do direito processual brasileiro na década de 80, quando tivemos a criação dos Juizados de Pequenas Causas e da Ação Coletiva, e o movimento pela maior instrumentalidade substancial do Direito Processual. A Lei das Pequenas Causas, de 1984, adotou o princípio da prioridade das soluções amigáveis dos conflitos de interesses, elegendo a conciliação como um dos instrumentos do próprio Judiciário para o cumprimento de suas atribuições, inclusive a de pacificação social. Vários tribunais e seus juízes passaram a organizar os Setores de Conciliação, em Primeiro e Segundo graus, culminando com a criação do “Movimento pela Conciliação”, em 2006, pelo Conselho Nacional de Justiça.
O Conselho Nacional de Justiça incumbe aos órgãos do poder judiciário, nos termos do artigo 334 do Código de Processo Civil de 2015, combinado com o artigo 27 da Lei de Mediação, o oferecimento de outros mecanismos de soluções de conflitos, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, prestando atendimento e orientação ao cidadão antes da solução incumbida mediante sentença. Nota-se que o sistema tinha sede de Institutos como estes, que o poder judiciário já estava abarrotado de situações que poderiam ser solucionadas por meio da conciliação e da mediação, facilitando assim a instrumentalidade do processo, simplificando as demandas e buscando resolver os conflitos de forma mais pacífica.
Watanabe (2015, p. 03) afirma ainda que:
A Resolução 125 fez foi consolidar todas as conquistas até então obtidas, instituindo uma política judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesses, de observância obrigatória por todos os órgãos do Judiciário nacional. O que era facultativo, em termos de organização e oferta de serviços de conciliação, passou a ser obrigatório. Mais do que isto, os serviços ofertados teriam que ter qualidade, com sua prestação por pessoas capacitadas, treinadas e aperfeiçoadas constantemente. E os serviços deveriam ser prestados em um Centro de Solução de Conflitos e de Cidadania (Cejusc) todos os dias e em caráter permanente e não de modo episódico, em algumas sessões periódicas. Adotou-se o critério de centralização dos serviços de conciliação para assegurar a permanência e o aperfeiçoamento constante dos serviços ofertados. Além da resolução dos conflitos, outro serviço a ser ofertado pelo Cejusc, por meio do seu Setor de Cidadania, é o de orientação e informação dos jurisdicionados em suas dúvidas e problemas jurídicos e não, necessariamente, em situação de conflito, atendendo-se à realidade de nosso país de desorientação e perplexidade de nossa população diante da multiplicidade e complexidade cada vez maior de nosso ordenamento jurídico. Atendeu-se, com essa concepção, à necessidade de ofertar aos jurisdicionados o acesso à ordem jurídica justa, e não apenas o acesso aos órgãos judiciários.
Assim, a medida deixa de ser facultativa, tendo agora um caráter de obrigatoriedade, porém sem deixar de respaldar a instrumentalidade do processo na ética, na justiça e na garantia dos direitos individuais e coletivos, facilitando assim o acesso do cidadão ao poder jurisdicional do Estado.
As inovações legislativas que tratam sobre os meios de soluções de conflitos, não terminam com a resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça. O Novo Código de Processo Civil de 2015 aborda em seu artigo 3º o estímulo à solução consensual da lide. Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (2015, p.45) asseguram que: essa nova abordagem legislativa abarca de forma mais ampla o que já havia tratado no antigo Código de Processo Civil de 1973. Para os autores:
O novo dispositivo, por imperativo ético, estende o dever de estímulo à solução consensual ao Estado e a todo e qualquer operador do direito envolvido no respectivo feito, ou seja, a redação dessa nova norma possui o condão de dividir tal atribuição entre todos os atores do processo, não somente aos magistrados.
Notoriamente o Código de Processo de Civil de 2015, além de estimular a mediação e a conciliação no artigo 3º, conceitua e sistematiza o conceito destes institutos no artigo 166. Assim o ano de 2015, foi um marco legislativo para estes institutos, além dos conceitos amparados pelo Código de Processo Civil, é promulgada a lei n. 13.140/2015, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da Administração Pública.
Essa lei instrumentaliza e define a necessidade de uma mudança na maneira de resolução de conflitos, por isso é muito importante compreender a letra da lei, para por em prática estes institutos, contribuindo assim para a celeridade nos processos e o desafogamento do poder judiciário, trazendo métodos mais adequados para a solução eficiente das lides.
2.2 Conceitos doutrinários de mediação e conciliação 
Os conceitos de mediação e conciliação, olhados de maneira superficial são semelhantes, porém ao olhar técnico demonstra que cada qual possui suas particularidades. A mediação de conflito pode ser conceituada como uma influência de um terceiro, imbuído de imparcialidade juntos aos envolvidos no conflito, com o escopo primordial de que este conflito dê se por solucionado pelas próprias partes, não há uma interferência.
Serpa (1999, p.147) assegura que: “Mediação é um processo onde e através do qual uma terceira pessoa age no sentido de encorajar e facilitar a resolução de uma disputa sem prescrever qual a solução”, a autora ainda continua salientando o fato de que a presença desse mediador é de suma importância para encorajar e estimular a resolução do conflito com sucesso.
Nesse sentido continua também o entendimento de Alves(2012, p.17):
O enfoque não é o da evidenciação de diferenças e muito menos, o da busca de destinatários da imputação da culpa. O encontro se estabelece com o desígnio do mapeamento das convergências que, no mais das vezes, subjaz no âmago da controvérsia. Outra importante característica da Mediação é que nela não se enfoca o conflito como necessariamente negativo, O desentendimento pode trazer em si mesmo o gérmen do aperfeiçoamento da relação, não importa qual seja a natureza desta última [...].
O fato é que a mediação tem várias definições e dentre outras tantas teorias, tendo como tarefa a facilitação da comunicação entre os envolvidos, com um auxilio de um terceiro neutro e imparcial, permitindo que estes busquem uma solução de forma amigável, é o que assegura a docente: Michéle Guilleaume Hofnung (2007, p. 71 Apud AMARAL, 2009, p.91):
[...] a mediação se define principalmente como um processo de comunicação ética baseada na responsabilidade e autonomia dos participantes, na qual um terceiro - imparcial, independente, neutro, sem poder decisório ou consultivo, com a única autoridade que lhe foi reconhecida pelos mediados – propicia mediante entrevistas confidenciais o estabelecimento ou restabelecimento de relação social, a prevenção ou a solução da situação em causa. 
A mediação busca aproximação das partes sem se preocupar exclusivamente com a realização do acordo, o escopo primordial é voltado para as partes conflituosas, buscando pacificar a lide, independentemente de quem irá ganhar ou perder o litígio, mas estabelecendo recursos que possam atender efetivamente a vontade dos litigantes.
A solução dos conflitos por meio da mediação é uma maneira mais rápida, eficiente e econômica, evita todo o desgaste de um processo judicial, porém há uma ressalva quanto à aplicação deste instituto, quando as partes já tiverem desgastadas, inexistindo a possibilidade de aproximação, não se tem como a única opção possível a utilização da mediação, é sugestivo que essa lide seja submetida à jurisdição, pois para mediar conflitos é necessário o entendimento entre as partes.
Para Magano (1984, p. 189) a conciliação: “É o negócio jurídico em que as partes respectivas, com assistência de terceiro, põem fim a conflito entre elas existente”, seguindo o mesmo entendimento Pinto (2002, p.177) entende a conciliação como a atividade de alguém estimular a solução negociada de um conflito de interesses, tentando aproximar seus protagonistas, para que eles lhe ponham fim.
Para participar do processo de conciliação, uma das partes deverá demonstrar esse interesse junto ao Tribunal, onde seu processo está tramitando, informando sua vontade de realizar um acordo, logo será marcada uma sessão onde as partes com o auxílio de um conciliador buscarão resolver da melhor forma o conflito, neste caso não há a necessidade de estarem acompanhados por advogados, porém deve-se lembrar de que estes são importantes para poderem prestar esclarecimentos jurídicos.
Neste sentido entende-se que na conciliação a solução do litígio vem de forma superficial, o conciliador busca resolver o conflito sem realmente aprofundar o estudo no objeto litigioso, ou seja, na conciliação o processo ou método de negociação tem como objetivo solucionar o conflito por meio de concessões recíprocas de interesses.
A conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém neutra e imparcial com relação ao conflito. É um processo consensual breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social das partes.
O objetivo da mediação é o entendimento entre as partes, já o da conciliação é a solução o conflito, utilizando para tal a intervenção de um terceiro, de maneira superficial pode-se assegurar que os fins são os mesmos, o que muda é a forma de buscar essa solução, Moraes (1999, p.95), afirma que a conciliação: 
[...] se apresenta como uma tentativa de chegar voluntariamente a um acordo neutro, no qual pode atuar um terceiro que intervém entre as partes de forma oficiosa e desestruturada, para dirigir a discussão sem ter um papel ativo. Já a mediação se apresenta como um procedimento em que não há adversários, onde um terceiro neutro ajuda as partes a se encontrarem para chegar a um resultado mutuamente aceitável, a partir de um esforço estruturado que vise a facilitar a comunicação entre os envolvidos. 
O intuito da conciliação é solucionar tudo em único ato e não existe a necessidade de se produzir provas, diminuindo gastos processuais e de deslocamentos, neste ato as partes resolvem sua lide sem a presença do juiz, de forma independente, espontânea e voluntária comum entre as partes, para Giglio (2007, PP.208-209): 
A conciliação, no nosso entender, tem um conceito mais amplo do que o acordo, significando entendimento, recomposição de relações desarmônicas, desarme de espírito, compreensão, ajustamento de interesses; acordo é apenas a consequência material, regra geral econômica, da conciliação das partes. 
A conciliação de início tende-se a se confundir com a mediação, porém ressalta-se que o mediador exerce a função de ajudar as partes a reconstruírem simbolicamente a relação conflituosa, e o conciliador exerce a função de negociador do litígio, reduzindo a relação conflituosa a uma mercadoria. Warat (2001, p.33). Já para Grinover (2003, p.21) a mediação e a conciliação consistem em métodos autocompositivos de solução de litígios.
O Desembargador Cláudio Vianna de Lima diferencia os institutos de forma precisa: Na mediação, o mediador aproxima as partes para que estas negociem, diretamente, a solução dos conflitos; já na conciliação, em que o conciliador desenvolve esforço e se empenha, com sugestões e propostas, para o consenso dos interessados diretos em resolver os conflitos. (Lima apud Menezes; Borges, 1997). 
Em outras palavras o mediador seria um incentivador que aproxima as partes para que estas por si só solucionem seus conflitos, o conciliador sugere algumas soluções. Assim na mediação o mediador é um terceiro que participa da solução da lide e na conciliação o conciliador é um terceiro que participa da resolução do conflito.
2.3 Conciliação e a mediação a luz do Código de Processo Civil de 2015.
O Código de Processo Civil de 2015 trouxe uma inovação, alvo de grandes debates, como a obrigatoriedade da realização da audiência de autocomposição, semelhante ao já aplicado nos Juizados Especiais Cíveis, regidos pela Lei n. 9.099/1995, porém essa tendência já havia sendo apontada antes mesmo da promulgação da lei como um dos instrumentos mais importantes para solução rápida e pacífica dos conflitos, tanto no meio judicial, como no extrajudicial notadamente na abertura do Código de Processo Civil de 2015, pode-se observar a importância dada a estes Institutos, no artigo 3º o qual assegura que não se deve excluir da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito, competindo a Administração Pública sempre que possível propor a solução amigável dos conflitos, cabendo aos juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, estimularem a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos, podendo inclusive ser proposta durante o curso do processo judicial.
Cappelletti (1994, p.83) salienta que: 
Existem vantagens óbvias tanto para as partes quanto para o sistema jurídico, se o litígio é resolvido sem necessidade de julgamento. A sobrecarga dos tribunais e as despesas excessivamente altas com os litígios podem tornar particularmente benéficas para as partes as soluções rápidas e mediadas. Ademais, parece que tais soluções são mais facilmente aceitas do que decretos judiciais unilaterais, uma vez que eles se fundam em acordo já estabelecido entre as partes. É significativo que um processo dirigido para a conciliação - ao contrário do processo judicial, que geralmente declara uma parte ' vencedora' e outra 'vencida' - ofereçaa possibilidade de que as causas mais profundas de um litígio sejam examinadas e restaurado um relacionamento complexo e demorado. 
Logo a ação judicial é uma forma residual para o estabelecimento da paz social, existindo a possibilidade de utilizar outros meios para a solução de litígios. Enfatizando a importância dos meios extrajudiciais autocompositivos, ressaltando o fato de que são mais eficientes, econômicos, acessíveis e ágeis, oferecendo um maior entendimento entre as partes e finalmente o descongestionando do poder judiciário. (Cappeletti 1994, p.121).
O Código de Processo Civil de 2015 trouxe os institutos da mediação e da conciliação, fazendo inclusive a distinção destes, conforme preceitua o artigo 165, que permite aos tribunais a criação de centros judiciários de solução consensual de conflitos, para realizações de sessões e audiências de conciliação e mediação, além de auxiliar no desenvolvimento de programas para auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. Competirá aos tribunais, seguindo as normas do Conselho Nacional de Justiça designar a forma de composição e organização destes centros. Caberá ao conciliador ações preferivelmente onde não exista vínculo anterior entre as partes sugerir soluções para os conflitos, sendo expressamente proibido o constrangimento ou a intimidação para efetuar esta conciliação. Já o mediador, deve atuar em situações em que já exista vínculo anterior entre as partes, buscando demonstrar a elas as melhores soluções para o litígio, objetivando assim, restabelecer a comunicação, fazendo com que os interessados possam identificar por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
Os Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos são órgãos do Poder Judiciário, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação nas áreas: cível, fazendária, previdenciária, de família ou dos Juizados Especiais Cíveis, Criminais e Fazendários, propiciam um lugar neutro, onde as partes podem solucionar seu litígio, é uma instância para dar solução a um conflito antes que ele se torne ação na Justiça, são integrados pelos setores: Processual, Pré-Processual e Setor de Cidadania. (Letras Jurídicas 2015, p. 58).
Enfim o fato é que os próprios tribunais formarão os centros de solução de conflitos garantindo também a atuação privada de conciliadores e mediadores, inclusive através de câmaras privada, além da formação dos centros judiciários é importante ressaltar que a solução desses conflitos deverá ser realizada garantindo a vontade das partes, buscando respeitar o interesse dos envolvidos.
O Código de Processo Civil de 2015, trás inclusive os princípios éticos e legais que norteiam a conciliação e a mediação, previstos no artigo 166, que são: os princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada, sendo regidos pela livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais. Com o escopo de dirimir os conflitos, conciliadores e mediadores podem aplicar as técnicas negociais, buscando assim, proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
Estes princípios buscam garantir a lisura de toda solução da lide, colocando em evidência o interesse de que se faça a justiça, sem a necessidade de acessar a justiça por meio de processos, evitando mais desgastes de tempo e recursos. Observando a descrição dada a estes institutos, nota-se que o Código não aprofundou cada um separadamente, porém fez uma distinção clara e objetiva. 
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Rio Grande do Sul, apresenta o seguinte entendimento através do jurista Ricardo Ranzolin (2015, p. 320):
A conciliação se direciona mais aos aspectos práticos finalísticos da solução de conflitos, podendo o conciliador, sempre imparcialmente, dar sugestões às partes, sendo mais apropriada para conflitos episódicos e com menor vínculo entre as partes. A mediação, por sua vez, exige formação mais elaborada de seu agente, o qual deve manter equilíbrio emocional e sensibilidade acurada para obtenção da confiança das partes na aplicação de técnicas que se direcionam a resgatar a comunicação e conduzir as partes a uma maior consciência em relação a todos os pontos de vista do conflito e as reais motivações e aspirações que estão na sua raiz. Do mediador não se espera qualquer sugestão de solução prática, em hipótese alguma, a qual deve vir sempre das partes, podendo utilizar do expediente de sessões privativas com cada uma delas. A escolha pela conciliação ou mediação será das partes e na falta de consenso tocará ao magistrado, de acordo com as peculiaridades de cada lide. 
Dentre outros ensinamentos o Código de Processo Civil de 2015, abarca muitas informações relevantes para a resolução de conflitos por meio destes Institutos, oferecendo assim um respaldo para que estes sejam aplicados em consonância com a lei, fortalecendo os laços de confiança entre as partes e a justiça, desafogando assim o poder judiciário.
2.4 A Mediação sob a exegese da Lei n. 13.140/15.
A Lei n. 13.140, promulgada em 26 de junho de 2015 (Anexo B), traz normas e regras sobre a mediação entre particulares para a resolução de conflitos, destacando a autocomposição de subversões no âmbito da Administração Pública, a lei possui 48 artigos, subdivididos em três capítulos, estabelecendo em seu artigo 1º que: caberá o uso da mediação como instrumento de solução de conflito entre particulares e a autocomposição nas controvérsias envolvendo a Administração Pública.
É um marco regulatório da autocomposição em busca da solução dos interesses de conflitos, constituindo uma nova forma do exercício dos direitos e garantias sociais, sem necessariamente ter que se demandar pela instrumentalidade processual.
Esta lei também traz conceitos importantes, como a definição da mediação, que segundo o parágrafo único do artigo 1º é uma atividade técnica praticada por um terceiro escolhidos pelas partes, ou aceito por elas, imparcial, sem poder de decisão que auxilia e estimula a solução consensual da lide.
Para resguardar a lisura na aplicação deste Instituto a lei estabelece no artigo 2º, os princípios que conduzem o processo de mediação, qual seja: imparcialidade do mediador,  isonomia entre as partes,  oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. Porém restringe à aplicação deste Instituto nas situações previstas no artigo 3º, que assegura que pode ser objeto de mediação as controvérsias relativas aos direitos disponíveis, quanto aos direitos indisponíveis é imprescindível a intervenção do Ministério Público, porém a lei não elenca quais direitos indisponíveis necessitaria dessa intervenção, o que leva a entender que seria: o direito à vida, à liberdade, à saúde e à dignidade, abrangendo os direitos da personalidade, os referentes ao estado e a capacidade da pessoa. 
A mediação pode ser judicial ou extrajudicial, Giancoli (2015, p.1) assegura que:
Na hipótese da mediação extrajudicial, caberá à parte interessada formular um convite para iniciar o procedimento, por meio de qualquer meio de comunicação, o qual indicará escopo proposto para a negociação, a data e o local da primeira reunião. O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á rejeitado se não for respondido em até trinta dias da data de seu recebimento. Um dos aspectos que merece destaque sobre a mediação extrajudicial diz respeito à possibilidade de criação de uma cláusula contratual versando sobre o tema. De acordo com o art. 22 da Lei 13.140/15, a cláusula deverá conter, no mínimo: prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, contado a partir da data de recebimento do convite; local da primeira reunião de mediação; critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação.
Na hipótese da mediação judicial,estabelece o art. 24 da Lei 13.140/15 que os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, pré-processuais e processuais, e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes, as quais deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos, ressalvadas as hipóteses previstas na Lei 9.099/95 e 10.259/01. O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até sessenta dias, contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem sua prorrogação.
Independente da forma como ocorre, se judicial ou extrajudicial, a mediação vem como instrumento inovador, para atender as novas perspectivas do poder judiciário que busca a conformidade e o equilíbrio das relações sociais propiciando um ambiente de harmonia social.
Para Moraes (2016, p.03) o objetivo primordial dessa lei é disciplinar sobre: O procedimento de mediação prevendo expressamente alguns dos consagrados princípios norteadores do instituto; a prática da mediação judicial; a prática da mediação extrajudicial; e finalmente e não menos importante, a possibilidade de utilização da mediação em conflitos envolvendo a Administração Pública. 
O fato é que a maior inovação desta lei é a garantia de utilização deste Instituto pela Administração Pública direta e indireta, destacando a possibilidade de criação de câmaras de prevenção de resolução administrativa, pela União, Estados e Municípios em prol da resolução dos conflitos; Utilização da mediação na resolução de conflitos entre os órgãos da Administração Pública, entre esta e particulares e a mediação feita à distância.
AUTOCOMPOSIÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Para que Administração Pública possa exercer suas atividades com qualidade e primazia é preciso se adequar as realidades vividas na sociedade, em outras palavras a Administração Pública necessita de estar em constante desenvolvimento acompanhando a mesma evolução existente na iniciativa privada. Uma das inovações atualmente no ordenamento jurídico se deu em virtude da possibilidade da utilização de instrumentos extrajudiciais nas soluções de conflitos pelo poder público.
 O ano de 2015, foi um ano promissor para o serviço público, foi o ano em que a autocomposição na Administração Pública começa a ser efetivada no ordenamento jurídico brasileiro. Uma das novidades trazidas foi à promulgação da lei n. 13.140/15, a qual aduz a respeito da possiblidade da mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito do Poder Público entre órgãos, agentes e entidades da Administração Pública.
A Lei de Mediação surge para demonstrar ser possível solucionar conflitos no âmbito da Administração Pública, sem a necessidade de se adentrar nos processos judiciais. Esta lei além de constituir o modo de resolução de conflitos privados de forma consensual, age no sistema de Justiça como um todo, pois abrange a mediação em conflitos que tenham como parte a Administração Pública.
O novo Código de Processo Civil vem consolidar a ideia de celeridade e desburocratização do poder judiciário, em face dos conflitos presentes na Administração Pública. Barcellar Filho (2007, p.192) já assegurava que:
A Administração Pública pode celebrar acordos e transacionar a fim de evitar litígios despropositados que somente prejudicariam o bom andamento de suas atividades. A transação pressupõe a existência de um espaço de conformação que a lei outorga ao administrador (em outras palavras, discricionariedade) para valorar, no caso concreto, as medidas necessárias para a proteção do interesse público. Transacionar não importa abrir mão do interesse público. A transação existe para permitir a concretização do interesse público, sem excluir a participação dos particulares interessados na solução da contenda.
 A autocomposição de conflitos em que for parte pessoa jurídica de direito público foi atualmente estabelecida pela Lei n.º 13.140, de 26 de Junho de 2015, em seu artigo 32, aduzindo que todos os entes da Federação poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos com o objetivo de: dirimir conflitos entre órgãos e entidades da Administração Pública; avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; e promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. Queiroz (2017, p.03).
É fato que a autocomposição já acontecia, de forma primária, antes da promulgação do Novo Código de Processo Civil. O Novo Código de Processo Civil e a Lei n.º 13.140, de 26 de Junho de 2015, selaram e normatizaram essa forma de solução de conflito no campo da Administração Pública, regulando a autocomposição destes conflitos, corroborando assim com as conciliações e mediações autocompositivas, normatizando as soluções consensuais de questões que envolvem o Poder Público. 
Por se tratar de uma lei relativamente nova, o legislador preocupou-se com o fato de não existir câmaras de mediação, por isso autorizou os tribunais a criarem centros judiciários de solução consensual de conflitos, para a realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, pré-processuais e processuais, primando pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição, conforme preceituado no artigo 24 seguintes da Lei 13.140/2015. Assim com também elencou no artigo 33 da lei supramencionada a possibilidade da Administração Pública implantar a mediação e outros mecanismos de resolução de conflitos, tendo autonomia sobre os métodos autocompositivos.
Além da inovação trazida, pela Lei supramencionada e dos enfrentamentos diante da aceitação e adaptação dessa lei, é fato que a sociedade necessitava e ainda necessita de medidas mais ágeis, democráticas e eficientes na solução de conflitos, principalmente nos conflitos inerentes a Administração Pública. Atualmente a autocomposição na Administração Pública, pode ocorrer nas demandas, entre a Administração Pública e seus servidores, entre os órgãos e entidades públicas e nos conflitos envolvendo a Administração Pública e a sociedade.
Autocomposição entre Administração Pública e Servidores
A possibilidade do uso da mediação entre a Administração Pública e seus servidores, é algo latente e muito recente, daí a necessidade de se aprofundar um pouco no assunto. Para compreender a oportunidade oferecida da utilização da mediação na resolução de conflitos em face dos servidores e da Administração Pública é necessário entender alguns conceitos, de forma a edificar ambientes de consensualidade na relação de função pública.
Servidor público é o agente que executa uma função pública mantendo vínculo de trabalho com a Administração Pública, essa função pública está diretamente ligada à prestação de serviços públicos, Araújo (2011, p.38) define a função pública como: “[...] como designativo do conjunto de agentes que exercem as atividades estatais, ou – em acepção mais restrita – dos servidores públicos”.
Como em qualquer vínculo empregatício, existem e não isoladamente conflitos intermitentes nas relações, mesmo que esta relação seja entre poder pública e servidor público, corriqueiramente há conflitos de interesses e são esses conflitos que poderão ser submetidos à mediação.
Nesse diapasão Romão (2005, p.35) assegura que:
Atualmente, a mediação tem se disseminado como um modo de levar o acesso à justiça à sociedade e de resgatar canais de comunicação e cidadania. O diálogo estabelecido entre os participantes através do método recria o direito e o legitima, pois que sua construção se deu por participação e aceitação social.
Um dos conflitos mais pertinentes na Administração Pública está presente no Processo Administrativo Disciplinar– PAD. Segundo o artigo 148, da lei n. 8.112/90, o Processo Administrativo Disciplinar é meio proposto para verificar a responsabilidade de servidor por violação cometida no exercício de sua função, ou que tenha relação com as designações do cargo em que se encontre investido.   O PAD não tem como escopo somente a verificação da culpa por parte do servidor acusado de falta, mas, também, apresentar oportunidade deste provar sua inocência, em virtude da garantia constitucional da ampla defesa.
Assim, entendem também Dias e Rogério (2017, p. 16):
Os procedimentos administrativos usados até então em caso de PAD são essencialmente sancionatórios, não havendo aproximação entre os fatos e a aplicação da norma. O paradigma do controle-sanção, desenvolvido por Jean François Six (2009), está, entretanto, ultrapassado. Cada vez mais esforços têm sido somados para criação de alternativas que possibilitem a adequação do procedimento a um novo conceito de controle administrativo que busque a pacificação social.
Diante da nova realidade na resolução de conflitos, a Administração Pública necessitou-se adequar, buscando solucionar seus litígios com celeridade, eficiência e isto vêm se aprimorando com o passar do tempo. Dias e Rogério (2017, p.26) afirmam que:
As ações estatais não têm unicamente de pautar-se pela supremacia ou unilateralidade. Outrossim, formas consensuais e cooperativas entre Estado e sociedade podem ser mais adequadas em determinadas situações. A ideia que somente pela imposição Estatal é possível se assegurar o interesse público deve ser superada, para maior abertura de mecanismos que envolvam a participação dos agentes públicos na construção da atividade administrativa. As decisões estatais serão mais eficazes quando estiverem em concordância Estado e cidadão. Embora com maior frequência a participação na administração esteja relacionada à relação administração-administrado, a interpretação pode ocorrer também com relação aos seus servidores. Nas decisões em geral e principalmente naquelas que lhes concernem é positivo que os funcionários estejam envolvidos.
O poder público deve ser remoldado, garantindo ao servidor público o exercício pleno dos seus direitos e garantias. A Administração Pública, precisa se reinventar, retirar as amarras da burocracia, acelerando também os processos que estão sobre sua competência. A forma mais adequada para este aceleramento, essa desburocratização se dá por meio da mediação, que segundo Romão (2005, p.35) essa forma de resolução de conflito:
[...] tem se disseminado como um modo de levar o acesso à justiça à sociedade e de resgatar canais de comunicação e cidadania. O diálogo estabelecido entre os participantes através do método recria o direito e o legitima, pois que sua construção se deu por participação e aceitação social.
Como já salientado anteriormente os conflitos inerentes a Administração Pública e servidores, geralmente são resolvidos por meio do PAD – Processo Administrativo Disciplinar, por isso a necessidade de se adequá-lo aos novos meios processuais. Ocorre que apesar de ser pautado nos fundamentos processuais comuns, este se diferencia dos modelos de suspensão do processo administrativo disciplinar e realização de termo de ajustamento de conduta com o servidor público Ferraz (2007, p.04). Porém isto não obsta que sejam utilizadas formas alternativas, como a mediação para poder resolver este conflito.
Dias e Rogerio (2017, p.24), descrevem o procedimento de mediação nos conflitos inerentes a Administração Pública e servidor da seguinte forma:
As partes serão ouvidas pelo mediador e em última análise pelo Estado e principalmente, terão o poder de decidir quanto à composição do conflito. Trata-se do reconhecimento do servidor na condição de cidadão. Ele será identificado enquanto sujeito de direitos, unidade dissociada do organismo estatal, possuidor de interesses individuais. Além disso, sua participação terá reflexos na decisão pela comissão ao final do PAD. A conclusão que resultar a mediação será legitima, pois que seus formadores são os próprios interessados. Eles estarão vinculados ao compromisso firmado, pois que se comprometeram perante suas possibilidades. Mesmo que da mediação não resulte a composição do conflito, os envolvidos terão amadurecido para o problema e para o processo, o que, por conseguinte, comportará legitimidade também a decisão do PAD. As ordens que advierem da decisão serão mais bem aceitas pela compreensão dos fatores que ocasionaram seu fim. Finalmente, todo o processo de mediação é focado em resultados qualitativos, compatíveis com o princípio da eficiência. O processamento do PAD será otimizado, tendo em vista a resolução de algumas demandas em seu curso. 
O fato é que o uso da mediação não impede a utilização dos demais preceitos constitucionais, pelo contrário a mediação deve pautar seus atos atentando no respeito a todos os princípios, inclusive, o princípio da legalidade. O ideal é que a mediação esteja elencada e prevista nos respectivos Estatutos das entidades as quais o servidor esteja vinculado, uma vez que já há previsão em lei maior, o que garantirá a legalidade da aplicação do Instituto.
Não se pode esquecer que o PAD, guarda em seu seio conflitos, logo a mediação não servirá apenas para apuração da falta disciplinar, servirá para a melhoria da relação entre a Administração Pública e seu servidor. Assim o Instituto colaborará para a segurança de um Estado Democrático de Direito e o exercício pleno das garantias fundamentais dos envolvidos.
Outro exemplo do uso da mediação entre a Administração Pública e servidores, são as reinvindicações trabalhistas que por vezes culminam em greves e paralisações. Suponhamos que determinada categoria de servidores públicos, sintam que os salários estão defasados, e ingressem na justiça com uma Ação Civil Pública com obrigação de fazer em desfavor do poder público que os remuneram, nesta situação seria sugestivo a aplicação da mediação, pois ofereceria as partes um poder maior de negociação, e uma maior celeridade na resolução dos fatos.
Segundo Dias e Rogerio (2017, p. 23): 
A formação de via dialógica entre os participantes da disputa evita o surgimento de grande número de outras desavenças, vez que eles estariam predispostos ao diálogo como primeira alternativa. Em última análise, o uso do método traria em longo prazo redução do número de reclamações e, portanto, de custos melhorando a eficiência administrativa no campo da gestão de pessoas. O papel da mediação seria também o de fazer amadurecer, no servidor, seu senso de responsabilidade ética e moral, de modo a torná-lo mais consciente do seu papel enquanto funcionário público. Para além destes resultados, o (re) estabelecimento do diálogo durante o procedimento seria determinante na manutenção do bom relacionamento profissional ou aumento da satisfação de pessoa alheia à administração na prestação do serviço público. 
Logo, através da mediação, o Poder Público pode realizar de forma mais eficaz a pacificação social, dirimindo as disputas para soluções mais ágeis e eficazes, sem toda a burocracia e demora presente no poder judiciário. O ideal é que as demandas submetidas à mediação estejam delimitadas pela Administração Pública para que não haja danos à sociedade, ao servidor e ao Estado.
A autocomposição entre órgãos públicos e entidades públicas na Administração Pública.
A solução de conflitos entre órgãos internos e externos da administração pública e entidades públicas por meio da mediação é uma matéria muito nova, sua aplicabilidade ainda tem muito a percorrer apesar da presciência trazida recentemente pela lei n° 13.140 e pelo Novo Código de Processo Civil, não era um instituto vedado para os agentes públicos. Porém apesar de permitido não era utilizado corriqueiramente como solução das lides existentes, talvez por receio do não conhecimento, ou até mesmo pela ausência de previsão legal.
Após a autorização desta lei, muito ainda precisa ser repensado, é clarividenteque a mediação entre os órgãos públicos, seria uma solução mais ágil que uma demanda processual. Ainda sim, merece cautela na aplicação, pois se trata de uma nova forma de fazer justiça, e quando se trata de entes públicos é preciso atentar ao interesse coletivo. Neto (2016, p.03) aduz que:
Trata de implementação de cultura nova no meio público, o maior desafio é a própria demanda pela mediação nessa área. É uma grande mudança de paradigma e de responsabilidade que envolve o ato público, um dos pontos que leva à reflexão é o que se poderá negociar, pois em geral, os direitos da administração pública são indisponíveis e há certa discricionariedade no universo público, mas não muita independência para dispor. 
Também se deve pontuar o fato de que a procrastinação e a demora no judiciário por vezes tende a ser bem vantajoso para a Administração Pública. Em muita das vezes é interessante para o poder público essa demora, assim terá mais tempo para fazer desembolsos em casos necessários. Talvez por isso a mediação não seja vista como lucrativa, já que propõe celeridade na resolução da lide.
O artigo 36 da lei nº 13.140/15, assegura que é dever da Advocacia Geral da União, propor composição extrajudicial do conflito nos conflitos que envolvem os órgãos ou entidades de direito público. Caso o acordo seja infrutífero da solução da lide caberá ao Advogado Geral da União decidir a lide por arbitramento, fundamentando sua decisão em lei específica. 
O artigo supramencionado em seu parágrafo 2º ainda aduz que se a resolução do conflito acarretar em reconhecimento da existência de créditos do poder público federal e suas entidades, a Advocacia-Geral da União poderá requerer ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a adaptação orçamentária para o pagamento das dívidas que forem consideradas legítimas. Em seu 3º parágrafo ainda assegura que a mediação não irá tirar a responsabilidade do agente público que deu causa a divida, quer seja por ação ou omissão, em outras palavras, a mediação não impedirá a Administração Pública de ingressar com a ação regressiva contra esse agente, para ressarcir seus prejuízos. E se a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida também em ação de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal de Contas da União, a mediação irá depender de anuência expressa do juiz da causa ou do Ministro Relator. 
Neste sentido Dias e Rogério (2017, p.28), elencam alguns requisitos fixados para que seja feita a composição pela Advocacia-Geral da União:
O procedimento a ser seguido deverá ser fixado por ato administrativo normativo (Instrução Normativa ou Portaria) do Advogado-Geral da União (art. 36, caput); Quando não houver acordo negociado em relação à controvérsia jurídica, a solução será por arbitramento do Advogado-Geral da União, que neste caso só poderá decidir com fundamento na legislação afeta (art. 36, § 1º); Nos casos em que a resolução da controvérsia implicar o reconhecimento da existência de créditos da União, de suas autarquias e fundações em face de pessoas jurídicas de direito público federais, a Advocacia-Geral da União poderá solicitar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a adequação orçamentária para quitação das dívidas reconhecidas como legítimas (art. 36, § 2º). A Necessidade de apuração de responsabilidade do agente público que deu causa à dívida, sempre que se verificar que sua ação ou omissão constitui, em tese, infração disciplinar, independentemente de ter havido a composição extrajudicial do conflito (art. 36, § 3º); Necessidade de anuência expressa do Juiz da causa ou do Ministro Relator para realizar a conciliação, nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida em ação de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal de Contas da União (art. 36, § 4º).
A lei ainda aduz, em seu artigo 37, a opção dos Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e fundações públicas  submeterem os conflitos à Advocacia-Geral da União, solicitando a realização da mediação. Cabe salientar que não cabe mediação nos conflitos envolvendo tributos da Receita Federal que envolva empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiarias.
Quanto à restrição da mediação entre órgãos públicos, Dias e Rogério (2017, p.33) salientam que: 
Quando forem partes órgãos ou entidades de direito público que integram a Administração Pública Federal relativamente à composição extrajudicial de tributos federais e créditos inscritos na dívida ativa da União. Nesses casos duas regras devem ser observadas: a submissão do conflito à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral da União implica renúncia do direito de recorrer ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, todavia, não afasta a competência do Advogado-Geral da União de fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos tratados e demais atos normativos, a ser uniformemente seguido pelos órgãos e entidades da Administração Federal, e/ou unificar a jurisprudência administrativa, garantir a correta aplicação das leis, prevenir e dirimir as controvérsias entre os órgãos jurídicos da Administração Federal; a redução ou o cancelamento do crédito dependerá de manifestação conjunta do Advogado-Geral da União e do Ministro de Estado da Fazenda.
Apesar de ser recente a ideia da autocomposição entre órgãos e entidades públicas, já é existente casos de aplicação deste Instituto na prática, como o trabalho realizado pela Advocacia Geral da União, que instituiu a Câmara de Conciliação Mediação e Arbitragem da Administração Pública Federal. Criada especialmente para a realização da autocomposição extrajudicial ente órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta da União Estados, Distrito Federal e Munícipios é de competência da  Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF, unidade da Consultoria-Geral da União-CGU, que é órgão de direção superior integrante da estrutura da Advocacia-Geral da União-AGU. Cavalcanti (2012, p.01).
Cavalcanti (2012, p.01), ainda assegura que:
Essa via alternativa para solução de conflitos tem o propósito de evitar a judicialização e buscar uma rápida solução  para as controvérsias  existentes entre entes que integram a Administração Pública Federal e entre estes e  os  Estados, Distrito Federal ou Municípios, evitando o acionamento do Poder Judiciário, no qual,  tramitam cerca de 90 milhões de processos.
É notória a importância que a implantação dessa Câmara tem nas soluções de conflitos que envolvem os órgãos e instituições da Administração Pública. Não apenas para o descongestionamento do poder judiciário, mas para a celeridade nas decisões, demandando menos tempo e um menor dispêndio financeiro.
Segundo a Cartilha da Advocacia Geral da União (2012, p. 07):
A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF foi criada em 27 de setembro de 2007 e instituída pelo Ato Regimental n.º 05, de 27 de setembro de 2007, sendo unidade da Consultoria-Geral da União-CGU, que é órgão de direção superior integrante da estrutura da Advocacia-Geral da União-AGU. A CCAF foi criada com a intenção de prevenir e reduzir o número de litígios judiciais que envolviam a União, suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas federais, mas, posteriormente, o seu objeto foi ampliado e hoje, com sucesso, resolve controvérsias entre entes da Administração Pública Federal e entre estes e a Administração Pública dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Logo nota-se que os benefícios da autocomposição são vários, pois além da mediação na solução dos conflitos em diferentes órgãos da Administração Pública, incentiva que essa solução seja realizada de forma ágil e eficiente, consequentemente acarretando na diminuição dos custos e diminuição das lides administrativas e judiciais que envolvem o poder executivo federal. Ainda de acordo com a Cartilha da Advocacia Geral da União (2012, p. 07):
A CCAF além de tentar evitar a judicializaçãode novas demandas também encerra processos já judicializados, reduzindo sobremaneira o tempo na solução desses conflitos. Também ganha cada vez mais força a ideia de que a Câmara de Conciliação possibilita a articulação de políticas públicas, já que os órgãos públicos por meio das reuniões de conciliação são estimulados a dialogarem e cooperarem um com o outro. O reconhecimento das atividades desenvolvidas pela CCAF é um fato relevante dentro e fora da jurisdição da AGU, porém, é manifesta a necessidade da ampliação do marco legal de atuação da Câmara de Conciliação e as derivações decorrentes da matéria conciliada. Essa lacuna está sendo tratada no âmbito da discussão do planejamento estratégico da CGU e o resultado pretendido será a edição da Lei da Conciliação e as respectivas normas de regulamentação dos procedimentos de conciliação.
O artigo 18 do Decreto 7.392/10 elenca as competências da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, quais sejam:
Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da Advocacia-Geral da União;
Requisitar aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal informações para subsidiar sua atuação; 
Dirimir, por meio de conciliação, as controvérsias entre órgãos e entidades da Administração Pública Federal, bem como entre esses e a Administração Pública dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios; 
Buscar a solução de conflitos judicializados, nos casos remetidos pelos Ministros dos Tribunais Superiores e demais membros do Judiciário, ou por proposta dos órgãos de direção superior que atuam no contencioso judicial; 
Promover, quando couber, a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta nos casos submetidos a procedimento conciliatório; 
Propor, quando couber, ao Consultor-Geral da União o arbitramento das controvérsias não solucionadas por conciliação; e
Orientar e supervisionar as atividades conciliatórias no âmbito das Consultorias Jurídicas nos Estados.
Como já mencionado, muito ainda tem que ser feito para a instalação da mediação entre os órgãos da Administração Pública. É fato que por mais vantajoso que seja essa mediação em termos de celeridade, esta necessita ser feita com respeito aos preceitos fundamentais, atentando sempre a finalidade da Administração Pública que é o bem estar social. Porém nota-se que é questão de tempo para o uso corriqueiro da autocomposição extrajudicial ente órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta da União Estados, Distrito Federal e Munícipios.
A Autocomposição entre Administração Pública e sociedade
A Lei 13.140/15 apresentou a possibilidade de solução de conflitos entre a Administração Pública e particulares, por meio da mediação. Claro que não será todo e qualquer conflito que será submetido a este Instituto, são casos menos complexos, que demandam a presença da advocacia pública junto ao poder Judiciário, para sanar estes conflitos que podem ser dirimidos pelo instituto.
No ano de 2013, segundo Brandão (2013, p.01):
No quadro de abarrotamento do Poder Judiciário, a administração pública ocupa lugar de destaque, participando de 50% dos processos em tramitação, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Aparecendo em 22,33% das demandas, o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) figura como o maior litigante. Acordos por meio da mediação extrajudicial podem trazer solução eficaz para desafogar a Justiça, como reconhece o ministro.
O uso da mediação neste âmbito não pode se dar de modo irrestrito de convenções entre órgãos públicos e particulares. Para tal é necessário que exista autorização legal, além da verificação da possibilidade de transigir o conflito em questão. 
Para aplicação da mediação entre a Administração Pública e a sociedade é preciso uma quebra de paradigmas, com o rompimento do formalismo, a flexibilização da burocracia, a mudança na forma tradicional de se fazer justiça. A mediação não tem como escopo primordial somente o direito, vai além é um método autocompositivo de solução do conflito e busca a união e o entendimento entre as partes, o que é fundamental para uma gestão participativa e democrática. 
Não se pode negar que a Administração Pública, com supramencionado possui a maioria dos processos em litígios atualmente. Os processos que envolvem o poder público por vezes demoram décadas para serem solucionados, demandando além de tempo, gastos e o sobrecarregamento do poder judiciário. Neste sentido, Pasqualim (2015, p. 03) aduz que:
A disciplina legal para a autocomposição extrajudicial de conflitos envolvendo a Administração Pública representa, portanto, significativo e inovador avanço para reduzir os milhões de processos que entulham as prateleiras e os escaninhos de nossa Justiça estatal. Ainda que a autocomposição administrativa de litígios não venha eliminar de uma só vez a quantidade de conflitos levados ao Judiciário por ou contra órgãos de governo, essa nova ferramenta, se bem aplicada, irá muito bem reduzir a elevada litigiosidade judicial da Administração Pública.
A lei nº 13.140/15, não aduz apenas a inovação da presença da Administração Pública em processo de mediação, traz a previsão normativa da criação de câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos na esfera do federal, estadual, municipal e distrital. O que trata de maneira isonômica todos os entes públicos, atrelando a eles a responsabilidade de agilidade na resolução dos conflitos que os envolvam.
A mediação envolvendo uma das partes a Administração Pública, deve atentar para seu fim principal, o bem estar social, logo não será qualquer lide que poderá ser submetida à mediação. Do mesmo modo em que também haverá situações onde meios adequados para serem sanados será a mediação, existirá também situações que só poderão ser solucionadas através da demanda judicial. Neste sentido Tonin (2016, p.05) afirma que:
Administração Pública deve definir uma estratégia para utilização dos meios consensuais de solução de conflitos, através da avaliação jurídica nas ações judiciais e petições administrativas apresentadas, relativa aos argumentos fáticos e jurídicos invocados por cada interessado que esteja pleiteando algum direito ou questionando ato do Poder Público. Neste sentido, a negociação deve ser utilizada como estratégia de proteção dos interesses da Administração Pública, combinado com o compromisso de realização do interesse público, que, por vezes, implica na observância do interesse subjetivo do particular. Para tanto, é necessário que se estabeleça um processo adequado. Não pode a Administração negociar suas disputas sem observância de princípios, critérios objetivos mínimos, métodos adequados, sem um procedimento para tanto. Não se trata de cumprir formalidade, mas de atender a valores próprios da disciplina jurídica do funcionamento do Poder Público.
 
Para que possa ocorrer à mediação envolvendo a Administração Pública e o particular deve haver interesse entre os envolvidos, vontade de transigir um acordo, a exemplo disso pode-se citar, conflitos entre o Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS, onde um cidadão pretender requerer um benefício que acredita fazer jus para recebimento, ocorre que na visão do INSS, o segurado não tenha adquirido os requisitos necessários para obtenção deste benefício. Tem-se instalado o conflito, na primeira audiência é sugerido pela Justiça Federal um acordo, se aceito tem-se por resolvido este conflito, em caso negativo o processo demandará anos para ser solucionado, talvez o tempo que o processo irá demorar em ser solucionado, irá onerar a Administração Pública mais do que se esta estivesse aceito o acordo de imediato.
Porém as decisões atuais junto a Justiça Federal tem demonstrado certa resistência por parte de alguns órgãos, neste caso o INSS em transigir acordos por meio extrajudiciais. Por isso não basta à existência de uma lei que permita o uso da mediação é preciso que os órgãos e entidades públicas, compreendam ovalor da mediação para a desburocratização do poder judiciário e o exercício do estado democrático de direito.
 
ANÁLISE DA CÂMARA DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS DE SAÚDE (CRLS) IMPLANTADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Advinda como um prenúncio da autocomposição na Administração Pública a Câmara de Resolução de Litígios de Saúde (CRLS) implantada no Rio de Janeiro, foi criada em maio de 2012, através da união de Procuradores Estaduais, Municipais, Defensores Públicos do Estado da União e representantes da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro em parceria dom a Secretaria Municipal de Saúde da cidade do Rio de Janeiro. Esta Câmara foi instituída para dirimir conflitos entre pessoas assistidas pela Defensoria Pública Geral do Estado e Defensoria Pública da União e representantes da Saúde Estadual e Municipal do Rio de Janeiro. 
Neste sentido Tavares, Mascarenhas, Palheiro, Filho e Saraiva (2012, p.01) no artigo publicado sobre a Câmara de Resolução de Litígios de Saúde – CRLS asseguraram que:
A Câmara de resolução de litígios surgiu com o escopo de promover o atendimento de partes assistidas pela DPGE e pela DPU e que demandem prestação de serviço de saúde, de modo a evitar o ajuizamento de ações, buscando solução administrativa para oferta de medicamento, agendamento de procedimento cirúrgico ou clínico, internação ou exame médico. O crescimento de ações judicias envolvendo questões de saúde sinalizou que o modelo de atuação dos órgãos do sistema de justiça deveria se adequar a essa nova realidade, porque evidenciado que o processo judicial, embora impusesse aos entes públicos obrigações de entrega de medicamentos, internação e a realização de procedimentos, não conseguia atender a dinâmica e a urgência de tratamentos médicos contínuos.
É notória a importância que a Câmara trouxe uma vez que foi implantada para medidas de saúde que tem como valorização a vida. A demora no poder judiciário em casos de saúde pode acarretar na morte dos pacientes, e a forma de solucionar estes conflitos administrativamente, garante mais agilidade no processo, resguardando o direito a saúde e a vida.
De acordo com a Procuradoria Geral do Estado (2014, p.) a realidade do cenário da judicialização da saúde pública no Município do Rio de Janeiro no ano de 2008, era precária como mostra a tabela 01.
Tabela 01. Cenário da Judicialização da Saúde Pública no Rio de Janeiro em 2008
Assim como elencados na tabela, nota-se que os problemas principais eram focados no excesso de demanda e na demora do atendimento das solicitações, frutos de causas adversas, mas a maioria deles ocasionados pela lentidão trazida com o sobrecarregamento do poder judiciário. 
Além do mais as despesas judiciais envolvendo questões sanitárias demandavam um custo enorme para o poder público. Segundo o Conselho Nacional De Secretários De Saúde – CONASS (2015, p.03):
Afigura-se público e notório que nos últimos anos houve um crescimento exponencial das demandas judiciais individuais pleiteando medicamentos, exames, internações, cirurgias e tratamentos ao Poder Público e, consequentemente, um aumento expressivo dos gastos dos entes federativos para cumprir as ordens judiciais. No ano de 2005, o Governo Federal gastou R$ 2,5 milhões com aquisição de medicamentos solicitados pela via judicial e foi citado como réu em 387 processos. Em 2007, o gasto passou para R$ 15 milhões destinados ao atendimento de aproximadamente três mil ações. Em 2008, esse valor alcançou R$ 52 milhões . De acordo com o Ministério da Saúde, em 2010 as despesas totalizaram o valor de R$ 132,58 milhões. O aumento do volume das ações levou a necessidade premente de as Secretarias de Saúde se reorganizarem para enfrentarem a judicialização
Ocorre que boa parte destes problemas pode ser resolvida através da autocomposição, na Câmara de Resolução de Litígios de Saúde, conforme aduz a Defensoria Pública da União (2012, p.02) entende que:
O objetivo do convênio entre as instituições é promover o atendimento de partes assistidas pela DPU e pela DPGE que demandem prestação de serviços de saúde e, por meio de soluções consensuais, administrativas e rápidas, evitar o ajuizamento de ações, o que desburocratiza e agiliza a resolução dos problemas para oferta de medicamentos, agendamento de procedimentos cirúrgicos ou exames médicos.
A solução Administrativa de conflitos era inevitável diante da massificação das demandas judiciais o que acarretaria nas concessões indiscriminadas de remédio, sem a observância do perigo sanitário que estas liminares teriam nas políticas públicas do Estado, do Município e da União. O cenário por si só demonstravam o caos social, com prisões, multas e responsabilização de gestores sanitários, atrapalhando por vez o foco principal da demanda que seria o atendimento ao usuário do Sistema de Saúde. Tavares, Mascarenhas, Palheiro, Filho e Saraiva, ainda complementam (2012, p.02).
A Câmara começou seus trabalhos em 17 de setembro de 2013, inicialmente o atendimento era voltado apenas para questões relacionadas a remédios e equipamentos para os portadores de diabetes. Ao longo do tempo foi ampliando e amparando questões de consultas, exames, internações e cirurgias de doenças distintas. E segundo o Conselho Nacional de Justiça (2015, p.03): Através da Câmara no período compreendido de setembro de 2014 a setembro de 2015, foram efetivados uma média de 12.101 atendimentos, evitando 4.477 ações judiciais. Analisando a média de custos processuais na Justiça Estadual do Rio de Janeiro, que seria de R$: 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), por processo, o Estado economizou cerca de R$ 11 milhões de reais em processos que deixaram de ser abertos. O índice de acordos atingidos na Câmara de Resolução de Litígios em Saúde é em torno de 80% em requisições de exames e consultas; 60%, de cirurgias; e 50%, de transferências.
A tabela 02 traz informações sobre os atendimentos realizados na Câmara de Resolução de Litígios da Saúde do Rio de Janeiro, no período compreendido entre setembro de 2013 a setembro de 2014, onde foram atendidos 8.882 assistidos, totalizando 12.486 solicitações de produtos ou itens solicitados.
A tabela 02. Relatório de atendimentos da Câmara de Resolução de Litígios da Saúde
Esses atendimentos foram primordiais para econômica processual e a celeridade do atendimento dessas demandas. Segundo a Defensoria Pública da união (2013, p.04), o funcionamento da Câmara ocorre da seguinte forma:
Pelo convênio, a DPU e a DPGE realizam o atendimento inicial na CRLS. Verificando-se que a parte é hipossuficiente e que porta laudo médico e receita emitidos por profissional habilitado vinculado ao SUS, com especificação do medicamento, exame ou outro procedimento de saúde, o assistido é encaminhado ao apoio técnico das secretarias municipal e estadual de saúde para análise técnica imediata da pretensão e da disponibilidade de medicamentos. É utilizado um sistema próprio, desenvolvido para a CRLS, que permite um procedimento específico para controle do fluxo e dos registros de todas as demandas, o que posteriormente servirá de base para alteração ou implantação de políticas públicas. Com a aprovação das secretarias, a pessoa é orientada a buscar o atendimento para inscrição no programa público de saúde adequado. No caso de o medicamento, material médico ou insumo, embora padronizado, não estar com estoque regularizado, é aberto processo de compra, informando-se a DPU e/ou DPGE da previsão de entrega.
Se houver divergência, a DPU e/ou DPGE podem suscitar a instauração do procedimento administrativo previsto ou, em última instância, da ação judicial para obtenção do direito do assistido. Mesmo que já haja ação para tutela da pretensão, será possível a inauguração dos procedimentos previstos pela câmara, a fim de solucionar eventual entrave na satisfação da ordem judicial ou adequar o tratamento às alterações da condição clínica do paciente.
Logo nota-se que a Câmara é bem estruturada têm procedimentos, normativas e são sistematizadas.

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