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QUESTIONÁRIOS 1, 2 E 3

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QUESTIONÁRIO 1 - Relações Étnico-Raciais no Brasil
2) (Adap. ENEM) Cada um dos argumentos abaixo nos mostram a perspectiva daqueles que são a favor das cotas para negros nas universidades brasileiras. Assinale a única alternativa que é discordante desta opinião.
a. Na luta por ações afirmativas e pelo Estatuto da Igualdade Racial, defende-se muito mais do que o aumento de vagas para o trabalho e o ensino; defende-se um projeto político contra a opressão e a favor do respeito às diferenças.
b. O acesso à universidade deve basear-se em um único critério: o de mérito. Não sendo assim, a qualidade acadêmica pode ficar ameaçada por alunos despreparados. Nesse sentido, a principal luta é a de reivindicar propostas que incluam maiores investimentos na Educação Básica.
c. A cota não tira direitos, mas rediscute a distribuição dos bens escassos da nação até que a distribuição igualitária dos serviços públicos seja alcançada.
d. A utilização das expressões “raça” e “racismo” pelos que defendem o sistema de cotas está relacionada ao entendimento informal, e nunca ao purismo biológico; trata-se de um conceito político aplicado ao processo social construído sobre diferenças humanas e, portanto, um construto em que grupos sociais se identificam e são identificados.
e. As universidades públicas no Brasil sempre operaram num velado sistema de cotas para brancos afortunados, visto que a metodologia dos vestibulares acaba por beneficiar os alunos egressos das escolas particulares e dos cursinhos caros.
Comentário: Para aqueles que são contra a reserva de vagas exclusivas para negros nas universidades, o argumento da meritocracia é um dos mais fortes, no sentido de que os alunos brancos, por estarem mais preparados para as concorridas provas de vestibular, seriam potencialmente alunos mais competentes nas salas de aula; logo, a entrada de negros nessas vagas, antes ocupadas por brancos, traria, para as universidades, uma queda nos padrões de qualidade de ensino, como se o vestibular fosse realmente a maneira mais democrática de oferecer acesso aos bancos universitários.
3) Ao ter uma consciência crítica das relações étnico-raciais no Brasil e suas implicações no contexto escolar, o professor conseguirá:
a. interpretar e compreender as formas de discriminação no cotidiano escolar.
b. avaliar as situações de conflitos interétnicos.
c. construir uma prática pedagógica para a promoção da igualdade racial na escola.
d. elaborar uma prática pedagógica para a promoção da igualdade racial na comunidade.
e. todas as alternativas estão corretas.
Comentário: A disciplina Relações Étnico-Raciais no Brasil tem por objetivo formar professores com uma visão crítica deste universo étnico, no qual está inserido o seu aluno. Desta forma, o professor poderá promover práticas pedagógicas para a igualdade racial.
4) As afirmações abaixo apresentam definições adequadas para o termo “etnia”, exceto:
a. as relações sociais entre sujeitos que consideram ter uma origem comum em contraste com grupos diferentes dentro de uma sociedade abrangente.
b. um grupo possuidor de algum grau de coerência e solidariedade, composto por pessoas conscientes, pelo menos em forma latente, de terem origens e interesses comuns.
c. carrega conteúdos significativos definidos pelo sujeito a partir de suas experiências subjetivas, ou seja, suas práticas cotidianas.
d. a atribuição étnica pode ser endógena, que parte do próprio sujeito, ou exógena, quando é atribuída por outros grupos.
e. agrupamento de pessoas, ou de um setor da população, com aspectos físicos comuns.
Comentário: O termo “etnia” não diz respeito apenas a um agrupamento de pessoas ou setor da população, mas uma agregação consciente de pessoas unidas ou proximamente relacionadas por experiências compartilhadas. Também não importam os aspectos físicos comuns, mas a origem e os interesses comuns.
5) Com relação à abordagem do termo “raça” sob uma perspectiva política, podemos dizer que:
a. se trata do uso que a comunidade afrodescendente faz desse termo na luta por seus direitos e contra toda forma de discriminação e racismo.
b. diz respeito aos aspectos físicos, à aparência exterior herdada e transmitida hereditariamente pelos grupos sociais.
c. diz respeito às cotas separadas para os afrodescendentes, a partir da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial no Brasil.
d. segundo o que estudamos em nossa disciplina, não podemos utilizar o termo “raça” em hipótese alguma, pois raças humanas não existem.
e. quando utilizamos o termo “raça”, estamos sendo racistas.
Comentário: A abordagem política do termo “raça” enfatiza as circunstâncias em que tal conceito é utilizado, se positiva ou negativamente, daí o uso político do termo pelo movimento negro para definir os anseios e as lutas dos negros na sociedade brasileira.
6) Entre as bases legais para o estudo das relações étnico-raciais na formação de professores, assim como no contexto curricular das escolas da educação básica, estão:
I. Lei 10.639/03 que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira”.
II. Lei 11.645/08 que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira e indígena”.
III. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90 que determina a exemplo da LDB 9394/96: gestão democrática nos estabelecimentos de ensino oficial.
IV. Declaração de Salamanca que orienta para um trabalho efetivo de inclusão no processo educacional.
a. afirmativa I e II.
b. afirmativa III.
c. somente a afirmativa II, tendo em vista que a cultura indígena também é contemplada nos estudos interétnicos.
d. somente a afirmativa IV, tendo em vista que os negros e índios compreendem um grupo étnico minorizado.
e. as afirmativas I, II, III e IV.
Comentário: São as leis de 2003 e 2008 que efetivamente determinam alteração no currículo escolar, com a introdução dos estudos da história e cultura dos povos afro-brasileiros e indígenas.
7) O ano de 2011 foi definido como Ano Internacional dos Afrodescendentes pela Organização das Nações Unidas (ONU). Qual foi considerada uma das principais intenções para esse lançamento, segundo o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, em opinião amplamente divulgada pela grande mídia?
a. Desconstruir o mito da democracia racial no Brasil.
b. Despertar, na comunidade internacional, o interesse em ampliar os direitos fundamentais aos afrodescendentes.
c. Combater toda forma de apartheid nos países africanos.
d. Promover um debate entre os países desenvolvidos sobre as diversas formas de racismo presentes nas relações sociais.
e. Fazer um levantamento estatístico em âmbito mundial sobre a condição social e econômica dos afrodescendentes.
Comentário: O interesse da ONU nesse tipo de iniciativa é ampliar o acesso da população afrodescendente aos direitos fundamentais, como saúde, educação, moradia, saneamento, isonomia salarial etc., direitos estes que, muitas vezes, lhes são sistematicamente negados em qualquer país do mundo.
8) O livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freire, proporcionou um novo entendimento do processo de miscigenação no Brasil, desenvolvendo o conceito do mito da democracia racial, em que:
a. a miscigenação toma contornos positivos, com ênfase nas qualidades do povo brasileiro.
b. é confirmado o pensamento eugenista de que a miscigenação tornou o Brasil um país sem possibilidade de progresso.
c. a segregação seria uma política pública adequada para um país miscigenado.
d. a democracia política e social garantiria a promoção da igualdade racial.
e. negros e brancos teriam os mesmos direitos sociais, sendo excluídos os índios, pela especificidade de articulação desta população.
Comentário: O mito da democracia racial desencadeou um pensamento positivo do processo de miscigenação no Brasil, em decorrência das influências dos grupos étnicos, na cultura, na alimentação e nos hábitos da população brasileira. Desta forma o mito dademocracia racial desmistificou a ideologia eugenista e sua defesa da manutenção do branqueamento.
9) O racismo científico defendia a existência de diferentes raças e a supremacia de uma raça sobre a outra. Esta corrente teve suas bases teóricas no:
a. Positivismo – que justificava a organização social, a partir das diferenças de “raças”.
b. Grupo Eugenista – contrários à miscigenação, alegavam ser a união das “raças” um mal social que impedia o progresso da sociedade.
c. Capitalismo – investimento no livre comércio e na competitividade de mercado.
d. Estão corretas as alternativas “a” e “b”.
e. Somente a alternativa “c” está correta, pois a competitividade burguesa criou a exploração da mão de obra dos menos favorecidos.
Comentário: A corrente sociológica positivista e o pensamento ideológico eugenista foram as bases teóricas que reafirmaram o racismo, defendendo a supremacia étnica.
10) Todas as afirmações abaixo apresentam justificativas que explicam por que o termo “raça” não pode ser compreendido segundo uma perspectiva biológica, exceto:
a. segundo os estudos mais recentes da genética, não existem raças – somos uma única raça humana.
b. a explicação dada pela Biologia para o termo “raça” faz parte das concepções construídas pelo chamado “racismo científico” durante o século XIX.
c. não se pode atribuir características determinadas pela natureza a aspectos que são resultados de um processo cultural.
d. todas as raças humanas devem ser respeitadas e merecem tratamento específico da lei.
e. a perspectiva racialista pressupõe uma hierarquização entre as diferentes raças, o que é inconcebível para qualquer área do conhecimento.
Comentário: Se estamos afirmando que as raças humanas não existem, a afirmação contida na alternativa "d" apresenta uma contradição, visto que somos uma única raça humana.
QUESTIONÁRIO 2
1) A Constituição Federal de 1988, resultado de um amplo processo de mobilização popular, resultado da abertura democrática a partir de 1985, define em seu artigo 20, inciso XI, que as terras ocupadas pelos índios são bens da União, isso significa que:
a. Os índios são considerados patrimônio histórico da humanidade;
b. As terras indígenas só podem ser comercializadas entre as esferas públicas: municipal, estadual e federal;
c. O Estado (Governo Federal) detém o direito sobre a propriedade desses territórios;
d. As escolas indígenas deverão ser construídas especificamente nestas terras públicas;
e. Não existem conflitos por terra, uma vez que a União reconhece o direito do índio à propriedade, sendo responsável por sua administração.
Comentário: Esta determinação da União, por meio da Constituição Federal, em se considerar tutora das propriedades indígenas, tem causado muitos conflitos entre os grupos indígenas brasileiros. Entretanto, o artigo ainda prevalece na Constituição, sendo objeto de discussão e debate na elaboração do Estatuto do Índio.
2) Analise as afirmativas abaixo, sobre a Lei 12.288/2010, e assinale a alternativa incorreta:
a. Foi o resultado de uma ampla e demorada discussão na Câmara e no Senado, desde 2003, quando foi apresentado o projeto desta lei.
b. O documento versa sobre os principais direitos garantidos à população afrodescendente no Brasil.
c. Foi a partir da aprovação desta lei que o racismo passa a ser considerado um crime inafiançável no Brasil.
d. Há um capítulo especial no combate às assimetrias de gênero e raça, dando condições de inclusão especialmente às mulheres negras.
e. Preocupou-se em valorizar a auto definição de cor ou raça, no sentido de que as pessoas passem a se autodeclarar pretas e pardas, conforme critérios definidos pelo IBGE.
Comentário: Alternativa “c”. Foi a partir da nova Constituição brasileira, em 1988, que o racismo passa a ser considerado um crime inafiançável e imprescritível. Depois da Constituição, várias outras legislações específicas trouxeram a preocupação em combater toda forma de discriminação étnico-racial, especialmente o Estatuto da Igualdade Racial, ou Lei 12.288, aprovada com emendas no dia 20 de julho de 2010.
3) (Concurso Público - IFAL - Docente Copema, 2010) Dentre as iniciativas, no âmbito do poder público para as ações afirmativas de inclusão social, insere-se a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Sobre essas Diretrizes, o princípio da Consciência Política e Histórica da Diversidade deve conduzir:
I- Ao conhecimento e à valorização da história dos povos africanos e da cultura afro-brasileira na construção histórica e cultural brasileira.
II- À crítica pelos coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, professores, das representações dos negros e de outras minorias nos textos, materiais didáticos, bem como providências para corrigi-las.
III- Ao esclarecimento a respeito de equívocos quanto a uma identidade humana universal.
IV- À desconstrução, por meio de questionamentos e análises críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias, comportamentos veiculados pela ideologia do branqueamento, pelo mito da democracia racial, que tanto mal fazem a negros e brancos.
Estão corretas as afirmações:
a. I e II.
b. II e IV.
c. I, II e III.
d. I e IV.
e. II, III e IV.
Comentário: Na afirmação II, a necessidade do uso crítico de todo material didático por professores e demais envolvidos no processo educativo não está explícita na lei, apesar de configurar um importante posicionamento na promoção da igualdade racial na escola, na sala de aula, na sociedade etc. A questão apresentada na afirmação III não é pertinente, visto que as Diretrizes não trazem uma discussão ou crítica sobre uma suposta "identidade humana universal", mas incentiva o respeito à diversidade étnico-racial, bem como as contribuições das populações afrodescendentes para a construção da história e da cultura do Brasil
4) No artigo 5° da Constituição Federal está subscrito que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. Assinale a alternativa incorreta, cujo teor não se relaciona com o artigo citado:
a. Trata-se de um crime que não é passível de fiança, ou seja, só pode ser punido por prisão;
b. Não prescreve, pode haver punição mesmo depois de terem passado muitos anos do ocorrido;
c. Importante instrumento para ampliação das ações defendidas pelo movimento negro;
d. Permitiu a promulgação de outras leis específicas como a lei 7.716/89 que trata de crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.
e. As ações de racismo praticadas no âmbito privado podem ser enquadradas na lei vigente.
Comentário: As ações educativas devem ocorrer justamente porque as atitudes racistas no campo privado não podem ser punidas pela lei.
 
5) A respeito da promulgação de leis antirracistas no Brasil, é incorreto afirmar que:
a. Foi a partir de 1988, com a nova Constituição brasileira, que o racismo passou a ser considerado crime.
b. A década de 1990 trouxe grandes avanços nas legislações antirracistas, ao mesmo tempo em que fez crescer o movimento negro, que passou a ganhar projeção desde então.
c. As leis no Brasil, no tocante às questões étnico-raciais, são bastante avançadas e consideradas uma das mais modernas do mundo, embora não sejam plenamente aplicadas.
d. Após 1988, o movimento negro se fortaleceu no Brasil, principalmente por sua autovalorização e sua percepção racializada de si mesmo e do outro.
e. Como as leis no Brasil não são cumpridas, a legislação antirracista teve pequeno impacto na promoção da igualdade racial no país.
Comentário: Apesar das leis, no Brasil, encontrarem sérias resistências institucionais e culturais para se fazerem plenamente cumpridas, são notórias as repercussões positivas na melhoria da condição dos afrodescendentes no Brasil, medida pelos levantamentos estatísticos nos últimos dez anos, e na promoção da igualdade racial em nosso país.
6) Sobre a diáspora vivida pelos negrosapós sua transferência forçada ao Brasil, a partir de 1550, avalie as afirmações abaixo e assinale aquela que melhor descreve esse fenômeno histórico:
a. Desterrados de seu continente, separados de seus laços de relação pessoal, ignorantes da língua e dos costumes, o deslocamento dos negros foi de tal monta que acabou alterando cores, costumes e a própria estrutura da sociedade local.
b. Toda a história da África foi sendo apagada dos livros, que passaram a contar a história apenas sob a perspectiva do branco colonizador.
c. Foi inegável influência que a cultura brasileira, em formação, recebeu como herança africana, não só no campo econômico, através do trabalho escravo e não remunerado, mas nos campos demográfico, cultural, entre outros.
d. Os quilombos contribuíram como força de resistência negra durante o período de escravidão, surpreendendo também pela capacidade de organização e por apresentar uma proposta social e política alternativa ao modelo colonial.
e. Trata-se do envio de milhares de imigrantes brancos ao Brasil a partir, principalmente, do início do século XX, para substituir a mão de obra negra após a abolição da escravatura.
Comentário: A diáspora caracterizou-se pela transferência, para o Brasil, de aproximadamente quatro milhões de africanos, separados de suas origens, de seus familiares, impedidos de falar sua língua, praticar suas atividades religiosas, danças e outras manifestações culturais. Todo esse referencial étnico-cultural africano foi sendo paulatinamente apagado dos livros de história, que passam a mostrar exclusivamente a perspectiva do europeu. Apesar desse "apagar" da história africana, é inegável a contribuição que esses povos trouxeram à construção da história e da identidade brasileira, seja no âmbito cultural, econômico, social etc. Os quilombos foram importantes organizações das populações africanas e afrodescendentes, no sentido de oferecer uma resistência ao regime escravagista no período colonial. A vinda dos imigrantes brancos, a partir principalmente do início do século XX, não apresenta nenhuma relação com o conceito de diáspora, mas diz respeito à política nacional de branqueamento, desenvolvida pelo governo brasileiro após a abolição da escravidão no país.
7) (Concurso Público: CETRO - 2008 - SEE - SP - Supervisor Escolar) As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Culturas Afro-Brasileira e Africana constituem-se de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, execução e avaliação da Educação e:
a. têm por meta promover a educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de uma nação democrática.
b. devem ser observadas pelas instituições de ensino que atuam na Educação Básica, ficando a critério das instituições de Ensino Superior incluí-las, ou não, nos conteúdos das disciplinas dos cursos que ministram.
c. preveem o ensino sistemático de História e Culturas Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica, especificamente como conteúdo do componente curricular de História do Brasil.
d. definem que os estabelecimentos de ensino estabeleçam canais de comunicação com grupos do Movimento Negro, para que estes forneçam as bases do projeto pedagógico da escola.
e. alertam os órgãos colegiados dos estabelecimentos de ensino para evitar o exame dos casos de discriminação, pois caracterizados como racismo, devem ser tratados como crimes, conforme prevê a Constituição Federal em vigor.
Comentário: As Diretrizes determinam que suas orientações sejam cumpridas desde o Ensino Básico, passando pelo Ensino Médio, até o Ensino Superior, com a preparação dos professores para o trabalho em sala de aula, que não deve se restringir à disciplina de História, mas pode perpassar por qualquer uma das disciplinas a serem ministradas ou projetos a serem desenvolvidos na escola. Não existe qualquer determinação nas Diretrizes no sentido de que o Movimento Negro passe a compor o quadro pedagógico da escola. Também não é cabível que não se combata a discriminação na escola, afirmação contrária às orientações dadas pelas Diretrizes.
 8) As alternativas abaixo apresentam alguns dos mitos e inverdades que acabaram sendo propagados a respeito de nosso passado colonial e escravista, exceto:
a. O nosso povoamento é fruto de uma política colonial que teria enviado às terras brasileiras os “piores cidadãos” portugueses, indesejados na Europa, como ladrões, corruptos e desqualificados de toda sorte.
b. Os índios não puderam ser escravizados, pois eram mais rebeldes, tinham o espírito de liberdade e não se sujeitaram às condições impostas pelo trabalho escravo.
c. O Brasil já era parte de um grande projeto capitalista moderno desde o início de sua colonização, com altos investimentos da elite econômica da época, representada pela burguesia.
d. Os negros, por já estarem mais acostumados à escravidão no continente africano, foram mais facilmente trazidos ao Brasil e submetidos ao trabalho forçado.
e. A escravidão no Brasil foi uma das mais longas na história moderna, devido ao caráter passivo e acomodado dos negros, que pouca ou nenhuma resistência apresentavam à sua condição de escravo.
Comentário: Ao contrário do que algumas fontes apresentam, o Brasil colonial e agrário não representava uma sociedade arcaica e medieval, mas constituiu-se como a maior empresa capitalista de Portugal no período chamado do “capitalismo monopolista-comercial-manufatureiro”. As demais alternativas trazem afirmações errôneas, que em muito colaboraram e ainda colaboram para a construção de estereótipos a respeito dos negros na história do Brasil.
9) Leia o trecho da poesia Pai João, de Jorge de Lima:
“Pai João remou nas canoas.
Cavou a terra.
Fez brotar do chão a esmeralda
Das folhas - café, cana, algodão.
Pai João cavou mais esmeraldas
Que Paes Leme.
A pele de Pai João ficou na ponta
Dos chicotes.
A força de Pai João ficou no cabo
Da enxada e da foice.
A mulher de Pai João o branco
A roubou para fazer mucamas.
O sangue de Pai João se sumiu no sangue bom
Como um torrão de açúcar bruto
Numa panela de leite.
Pai João foi cavalo pra os filhos do ioiô montar [...]”
 (LIMA, Jorge de. Pai João. "Revista Nossa América", nov./dez., 1991, p. 9.)
Com base nessa poesia de Jorge de Lima, publicada originalmente em 1927, e nos conhecimentos sobre a presença do negro na sociedade brasileira, considere as afirmativas a seguir:
I- A poesia confirma que, por ter sido um dos primeiros países a acabar com a escravidão, o Brasil foi palco de uma inserção efetiva do negro no mercado de trabalho como mão de obra qualificada.
II- Na comparação feita pelo poeta entre o sangue de Pai João e o torrão de açúcar bruto, percebe-se uma referência à importância do negro na mistura de etnias que definiu ao longo dos séculos a formação do povo brasileiro.
III- A poesia de Jorge de Lima infere que a mestiçagem e a hibridez da cultura brasileira, bem como o papel central desempenhado pelo trabalho do negro na produção de riquezas, coexistiram com uma imensa exploração e injustiça social.
IV- O mito da "democracia racial", baseado na mestiçagem biológica e cultural entre negros e brancos, preconiza a ideia de uma convivência harmoniosa e teve uma significativa presença na sociedade brasileira.
a. Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
b. Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
c. Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d. Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e. Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
Comentários: O processo de abolição da escravidão no Brasil não foi acompanhado de uma política pública de inserção dos negros "recém-libertos" no mercado de trabalho nem da inclusão dos direitos fundamentais do cidadão a esse segmento da população. Ainda que a contribuição das populações africanas e negro-descendentes para a formaçãosocial, econômica e cultural do Brasil tenha tido uma importância inquestionável, não houve interesse político em resolver os enormes problemas de desigualdade econômica e injustiça social em nosso país. A solução deste problema aparece ao longo da história do século XX no Brasil por meio do chamado "mito da democracia racial", uma tentativa de apagar nosso passado de escravidão e exploração das populações africanas com a propagação da ideia de uma suposta convivência harmoniosa entre os grupos étnicos no interior da sociedade brasileira.
10) Segundo Munanga e Gomes (2006), há três aspectos da forte presença africana na formação do Brasil: no campo econômico, pela força de trabalho não remunerado, que deu sustentação econômica à empresa colonial brasileira; no campo demográfico, colaborando no povoamento do país e no campo cultural:
a. Pela influência linguística, por meio de palavras africanas incorporadas à língua portuguesa;
b. Pelas religiões de matriz africana, entre as quais o candomblé e a umbanda;
c. Pela herança no campo das artes, por meio de instrumentos musicais, ritmos, danças, entre outros;
d. As alternativas “a”, “b” e “c” estão corretas, pois a influência africana no campo cultural se estende ao idioma, a religião e às artes.
e. Embora o povo africano tenha trabalhado intensamente em terras brasileiras, sua influência se limitou ao campo econômico e demográfico, pois a cultura brasileira é produto das articulações da burguesia europeia.
Comentário: A influência africana na formação da Cultura Brasileira foi significativa, com a incorporação de vocábulos linguísticos, crenças religiosas em que o candomblé e umbanda tornaram-se religiões nacionais e a influência das artes, pelas características rítmicas deste povo negro africano.
QUESTIONÁRIO 3
1) (Adap. Concurso Público - CETRO - 2008 - SEE-SP) Ao tratarmos da presença de racismo, preconceito e discriminação nas escolas brasileiras, é correto afirmar que:
a. As formas de discriminação de qualquer natureza têm o seu nascedouro na escola: o racismo e as desigualdades correntes na sociedade nascem ali.
b. Uma educação antirracista realiza-se com um discurso que respeite as diferenças raciais.
c. Toda e qualquer reclamação de ocorrência de discriminação e preconceito no espaço escolar deve ser evitada, pois os protagonistas dessas situações não são culpados por tais acontecimentos.
d. O racismo cultural é considerado mais grave do que as formas de racismo individual.
e. A percepção do comportamento discriminatório e do preconceito racial é central numa análise histórica e sociológica que tente compreender as relações sociais vivenciadas na escola.
Comentário: Alternativa “e”. As formas de discriminação não nascem na escola, mas se refletem nela, podendo nascer em quaisquer esferas sociais. Uma educação antirracista deve prever não somente um discurso para a igualdade, mas o desenvolvimento de estratégias práticas que proporcionem relações equitativas no ambiente escolar. Qualquer prática discriminatória ou preconceituosa precisa ser combatida na prática escolar, seja através de discussões a respeito, seja por meio das mais diversas estratégias pedagógicas. Tanto o racismo cultural quanto o individual são igualmente graves, e estão previstos em lei como crime. Portanto, temos que o professor e os demais agentes escolares devem estar continuamente atentos à presença de atitudes preconceituosas e discriminatórias na escola, através de uma análise histórica e sociológica dessas questões.
2) (Adap. UEM – Verão 2008) Leia o texto a seguir:
“Desde o início a criança desenvolve uma interação não apenas com o próprio corpo e o ambiente físico, mas também com outros seres humanos. A biografia do indivíduo, desde o nascimento, é a história de suas relações com outras pessoas. Além disso, os componentes não sociais das experiências da criança estão entremeados e são modificados por outros componentes, ou seja, pela experiência social.” (BERGER, Peter L. e BERGER, Brigitte. “Socialização: como ser um membro da sociedade”. In FORACCHI, Marialice M. e MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977, p. 200)
Podemos concluir do texto que:
I- Os indivíduos, desde o nascimento, são influenciados pelos valores e pelos costumes que caracterizam sua sociedade.
II- A relação que a criança estabelece com o seu corpo não deveria ser do interesse das ciências biológicas, mas apenas da sociologia.
III- As experiências individuais, até mesmo aquelas que parecem mais relacionadas às nossas necessidades físicas, contêm dimensões sociais.
IV- Aos poucos, a criança vai percebendo o mundo que a rodeia; passa a compreender suas regras, linguagens, hábitos, proibições etc. e também é capaz de interiorizar alguns desses elementos culturais, momento em que inicia o processo de sua constituição como indivíduo, sujeito de sua própria identidade.
Estão corretas:
a. I, III e IV.
b. II e IV.
c. III e IV.
d. I, II e III.
e. I e II.
Comentário: Alternativa “a”. Todo esse trajeto é chamado pelas ciências sociais de processo de socialização ou endoculturação, cuja base está na educação feita formal ou informalmente pelos grupos sociais e indivíduos que participam da vida daquela criança. Nesse processo, os elementos bio-fisiológicos se misturam aos elementos culturais, podendo ser estudados tanto pela área das ciências biológicas quanto das ciências sociais.
3) Como educadores, precisamos observar que os currículos são fruto de escolhas políticas, cabendo aos profissionais da educação, em especial aos professores, incluir ou excluir assuntos que servem ou não servem ao propósito de formação da criança e do jovem. Nesta atitude de consciência crítica para uma educação pela igualdade racial, o professor deverá trabalhar ativamente:
a. A desconstrução de estereótipos;
b. A representatividade de todos os segmentos sociais;
c. Valorização das diversidades étnicas;
d. Escolha de livros didática e paradidáticos que contemplem os fatos históricos em sua realidade e não de forma simplificada.
e. Todas as alternativas estão corretas.
Comentário: A postura política do professor é essencial ao trabalho na promoção pela educação da igualdade racial. A interpretação dos materiais didáticos, a elaboração de estratégias e o planejamento conciso, diante da proposta de ênfase na diversidade, descarta os estereótipos e valoriza dos segmentos, em especial dos desfavorecidos.
4) De acordo com Hélio Santos, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta:
I. O negro, no Brasil, tem como inimigo a “centopeia de duas cabeças”: de um lado, a sociedade aferindo ao negro características negativas, impedindo seu progresso e discriminando-o; de outro, o negro sentindo-se inferior .
II. O negro introjetou os estereótipos negativos vindos da sociedade e, assim, atua na mesma entendendo-se como subjetivamente rebaixado em seu potencial e responsável pela desigualdade social que a ele se apresenta.
a. A primeira afirmação é correta, e a segunda incorreta.
b. A primeira afirmação é correta, e a segunda completa a primeira.
c. Ambas as afirmações são incorretas.
d. A primeira afirmação é incorreta, e a segunda é correta.
e. Ambas as afirmações são corretas, mas uma não completa a outra.
Comentário: Alternativa “b”. Segundo a tese defendida por Hélio Santos, o racismo no Brasil pode ser explicado pela figura da "centopeia de duas cabeças", no sentido de que o racismo está na cabeça de todos, brancos e negros. Assim, os negro-descendentes também colaboram com a visão corrente em nossa sociedade, ao mesmo tempo em que passam a introjetar contra si aspectos desfavoráveis. Hélio Santos afirma que se trata de uma “monumental contradição” (2001, p. 149) e, por isso, um processo não tão simples de ser compreendido.
5) Em relação aos estereótipos raciais presentes na literatura brasileira, é Incorreto afirmar que:
a. Muitos livros da literatura clássica brasileira ajudaram a manter intactos os estereótiposde cunho racista.
b. Os textos de Monteiro Lobato também reproduzem os estereótipos do negro como submisso e subserviente.
c. Não há estudos conclusivos sobre a produção de discursos de cunho racista na literatura clássica brasileira.
d. Devido ao seu teor considerado racista, um dos livros de Monteiro Lobato foi vetado pelo MEC (Ministério da Educação), e proibida sua distribuição nas escolas públicas do país.
e. A literatura colaborou também para reforçar piadas e ditos populares de cunho preconceituoso.
Comentário: Alternativa “c”. Inúmeros estudos foram realizados e estão publicados nas bases de dados acadêmicos, mostrando uma estreita relação entre a literatura clássica brasileira e seu teor claramente racista e reforçador de estereótipos raciais.
6) Leia o seguinte trecho:
"o boi da cara preta não pega nenhum menino, o boi da cara preta tem uma cara bonita, não é uma careta, o boi da cara preta é irmão do boi da cara branca, do boi da cara malhada, o boi da cara preta tem a cor do rosto da mamãe, o rosto que você, criança, se alegra quando olha, o boi da cara preta é bonito e risonho, parecido com você". (ANDRADE, Inaldete Pinheiro, 1988, p. 8) Um professor que trabalhe esse texto com seus alunos, durante suas aulas de língua portuguesa, está procurando desenvolver, principalmente:
a. A noção de métrica e rima na produção poética.
b. O resgate de uma importante figura folclórica brasileira.
c. Uma compreensão sobre as figuras de linguagens, especialmente ironia e aliteração.
d. A desconstrução de estereótipos raciais e de cor.
e. O fim do mito da democracia racial no Brasil.
Comentário: Alternativa “d”. Segundo Ana Célia da Silva, "a criança que internaliza [uma] representação negativa tende a não gostar de si própria e dos outros que se lhe assemelham." Assim, a recomendação é que os professores desenvolvam atividades que "evidenciem a cor negra associada a algo positivo, como ébano, ônix, jabuticaba, café, petróleo, azeviche, etc., [que] concorrem para justapor à representação negativa uma outra positiva." (apud MUNANGA, 2005, p. 27)
7) Pense na seguinte situação: um professor do Ensino Fundamental I depara-se com estes versos no livro didático que está adotando no trabalho com a turma do 3º ano:
A Borboleta
De manhã bem cedo
Uma borboleta
Saiu do casulo
Era parda e preta.
Foi beber no açude
Viu-se dentro da água
E se achou tão feia
Que morreu de mágoa.
Ela não sabia
– boba! – que Deus
deu para cada bicho
a cor que escolheu.
Um anjo a levou,
Deus ralhou com ela,
Mas deu roupa nova
Azul e amarela.
(Odilo Costa Filho, In: CEGALLA, 1980, p. 12)
O que esse professor deveria pensar e/ou fazer, segundo uma perspectiva que leve em conta as relações equitativas entre brancos e negros?
I- Deveria concluir que este poema colabora para reforçar o preconceito gerado pelos estereótipos que consideram negros e pardos como feios.
II- Poderia construir uma outra versão do poema, junto com as crianças, que desconstruísse tais estereótipos.
III- Deveria ignorar o poema, passando a trabalhar o próximo tópico do livro, para não reforçar os estereótipos raciais com as crianças.
IV- Faria um debate sobre o teor preconceituoso do singelo poema, a fim de que as crianças pudessem perceber como são construídos os estereótipos e preconceitos raciais.
V- Deveria abandonar o uso daquele livro didático no próximo ano letivo, buscando um material que não apresente nenhuma forma de preconceito ou visão simplificadora ou estereotipada da realidade.
a. III, IV e V.
b. I, II e III.
c. I, II e IV.
d. I, II, IV e V.
e. I, III, IV e V.
Comentário: Alternativa “c”. Ignorar o poema não produziria nenhuma reflexão entre seus alunos; portanto, o professor deveria falar sobre o assunto em aula, procurando construir, com eles, versões diferentes possíveis, segundo uma perspectiva equitativa. Trocar o material também não seria a solução, uma vez que qualquer livro é passível de apresentar uma visão reducionista, simplificada e estereotipada da realidade social. O que deve acontecer sempre é um posicionamento crítico do professor quanto ao uso do material didático, visando desconstruir estereótipos de qualquer categoria.
8) Pierre Bourdieu, sociólogo francês, explica-nos outra forma de compreender a configuração do racismo à brasileira, por meio do que denominou violência simbólica, a saber:
a. Mecanismos sutis de dominação social utilizados por indivíduos, grupos ou instituições e impostos sobre outros.
b. Identidade brasileira enraizada pela interiorização por todos os brasileiros, de normas enunciadas pelos discursos dos estrangeiros que nos colonizaram.
c. Assumir o universo simbólico de outro sem perceber que essa “transferência” é feita na forma de uma dominação no plano simbólico.
d. As alternativas “a”, “b” e “c” estão corretas.
e. Construção de uma consciência crítica do que significa pertencimento étnico
Resposta: Alternativa ‘d’, pois o conceito de violência simbólica defendido por Bourdieu engloba as questões apresentadas nas alternativas citadas: dominação social, interiorização do discurso alienador, transferência de um plano simbólico que não pertence a sua identidade étnica.
9) Podemos considerar, segundo inúmeras pesquisas produzidas pelas universidades, que os livros didáticos apresentam os seguintes problemas quando os analisamos segundo uma perspectiva das relações étnico-raciais e da promoção da igualdade racial:
I- A maioria dos livros didáticos traz uma representação muito simplificada dos fatos históricos, acabando por estigmatizar ou caricaturar segmentos sociais como mulheres, negros, idosos e trabalhadores, por exemplo, colaborando com o reforço de estereótipos.
II- A invisibilidade desses segmentos sociais desfavorecidos, que aparecem representados no conjunto dos conteúdos didáticos numa relação desproporcional àquela existente na sociedade brasileira.
III- A falta de representatividade negra ou de figuras de pessoas negras desempenhando os mais diversos papéis sociais, por exemplo, faz com que a criança afrodescendente não tenha parâmetros de igualdade e diversidade para a construção de sua identidade étnico-racial.
Estão corretas as alternativas:
a. I e II.
b. I e III.
c. II e III.
d. I, II e III.
e. Somente a III.
Comentário: Alternativa “d”. Todas as alternativas confirmam a ideia de que os livros didáticos podem ser um instrumento de reforço dos estereótipos caso sejam utilizados pelos professores sem uma posição crítica deste em relação aos seus conteúdos extremamente simplificados e carentes de figuras negras, representativas de uma autoimagem positiva paras as crianças e adolescentes afrodescendentes.
10) Segundo o material produzido pela Universidade Federal de São Carlos*, utilizado na formação de professores para uma educação cidadã e para a igualdade racial no Brasil, os professores e professoras devem:
a. Incorporar o discurso das diferenças não como um desvio, mas como algo enriquecedor de nossas práticas e das relações entre as crianças.
b. Colaborar para a constituição de subjetividades outras, livres da clausura causada pelo modelo dito “ideal”.
c. Promover novas relações interpessoais, mais afetuosas, profundas e significativas.
d. Recriar novos sentimentos e reconhecimentos, especialmente em relação a si mesmo, num movimento de respeito a toda forma de diversidade.
e. Todas as alternativas anteriores são estratégias válidas para a promoção da igualdade racial na escola.
Comentários: Alternativa “e”. O professor que tem em mente sua responsabilidade na desconstrução dos estereótipos raciais, na produção de relações mais equitativas no ambiente escolar e na construção de uma sociedade livre do racismo e do preconceito racial, deve exercitar cada uma das proposições sugeridas pelos professores da UFSCar, descritas nas alternativas da questão acima.

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