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Falência: conceito, finalidades e impacto nas micro e pequenas empresas

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A falência pode ser conceituada de várias formas, ora considerando-se o aspecto econômico, ora se considerando o aspecto jurídico. A falência é, em nosso entender, a solução judicial da situação jurídica do devedor-comerciante que não paga no vencimento obrigação líquida. 					Segundo Rocco (jurista italiano) "é o efeito do anormal funcionamento do crédito, tendo em vista que crédito é a base de expectativa de um pagamento futuro comprometido pelo devedor. Assim sendo, falência é a condição daquele que, havendo recebido uma prestação à crédito não tenha à disposição para a execução da contraprestação, a que se obrigou, um valor suficiente, realizável para cumprir sua parte”
No meio empresarial sendo um do principal fator da quebra de grandes empresas a falência tem como principais finalidades a realização do par condicio creditorum, ou seja, fazer com que todos os credores fiquem em uma situação igual, de forma a que todos sejam satisfeitos proporcionalmente aos seus créditos.
O saneamento do meio empresarial, já que uma empresa falida é causa de prejuízos a todo o meio social, sendo prejudicial às relações empresariais e à circulação das riquezas. E, por fim, visa proteger não somente o crédito individual de cada credor do devedor em específico, o crédito público, e assim, auxiliar e possibilitar o desenvolvimento e a proteção da economia nacional.
 	A natureza jurídica para alguns autores, a falência é um instituto de direito substancial, a exemplo de Francesco Ferrara, é a falência instituto de direito material; é um acontecimento, um fato jurídico. Para essa concepção acerca da Falência, as regras falimentares são de direito material, por consequência, o fato de existir processo falimentar serviria meramente de acessório às normas de direito substantivo. Porém outros doutrinadores, a Falência é vista como um procedimento, onde se mesclam caracteres de processos executivos, jurisdição voluntária, processo cautelar e, ainda, administrativo. Tal concepção do instituto aponta para o reconhecimento de natureza processual, estabelecido que se trata de execução coletiva que recai sobre devedor comercial, há também aqueles que tratam a falência como apenas um meio de cobrança. Para os cultores dessa tese, a Falência não passa de uma forma de o Estado garantir não somente a igualdade de tratamento dos credores, impondo-os a par condicio creditorum, como também sanear a atividade econômica.
 FALÊNCIA DE MICRO EMPRESAS (ME) E EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP)
 Atualmente, na realidade de nosso país, as micro e pequenas empresas desenvolvem um papel de grande relevância na economia nacional. Elas são entidades que geram uma grande quantidade de empregos, gerando importante circulação de renda e riquezas. Grande parte das pessoas jurídicas em atividade no Brasil são microempresas ou empresas de pequeno porte, visto que se adaptam mais facilmente às necessidades do mercado e há menos burocracia em sua administração.
Porém mesmo exercendo papel de grande importância socioeconômica, as microempresas e Empresas de Pequeno Porte apresentam alta taxa de falência antes mesmo de completar os cinco primeiros anos de vida, o que gera prejuízos a nação como um todo, pois campos de trabalho muitos das vezes são feitos com uma análise superficial, para uma insegurança maior das empresas, os gestores negligenciam o planejamento estratégico para serem aplicados e serem eficazes.
Por mais que o número de empresas desse porte tenha alto índice de falência e importante destacar para que essas empresas continuem exercendo suas funções é necessário identificar as falhas responsáveis pela sua mortalidade precoce. Podem-se enumerar vários desses erros corriqueiramente cometidos por esses empresários no processo de criação e gestão de seus negócios, como: a ausência de um comportamento empreendedor e a falta de planejamento, pois para que uma empresa obtenha êxito, é fundamental que antes de abri-la se faça um estudo de todos os aspectos do negócio, como: localização, concorrência, público-alvo, custos fixos e variáveis, ou seja, é necessário ter domínio de conhecimentos sobre aquilo que se quer empreender. As microempresas, empresas de pequeno porte e os microempreendedores individuais contribuem com parcela considerável da geração de emprego e renda em todo o país. No âmbito local, esse setor desempenha papel ainda mais relevante, pois movimenta a economia das cidades e colabora para a arrecadação de tributos a serem revertidos em serviços e investimentos de interesse da população. Contudo, os empreendedores enfrentam dificuldades no gerenciamento das empresas, especialmente nos primeiros anos de vida. De acordo com o SEBRAE, os principais fatores para o fracasso das empresas são a falta de planejamento prévio, ausência de gestão financeira e o comportamento do empreendedor. Estes fatores são considerados determinantes para a continuidade das empresas no Brasil.
Como citado por Chiavenato (2008, p. 15), nos novos negócios, a mortalidade prematura é elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam. ” Diante disso ele aponta algumas das possíveis causas de mortalidade nas empresas, que são apresentadas na Tabela 1. As causas mais comuns de falhas no negócio
Inexperiência – 72 %: incompetência do empreendedor, falta de experiência de campo, falta de experiência profissional, experiência desequilibrada.
Fatores econômicos – 20 %: lucros insuficientes, juros elevados, perda de mercado, mercado consumidor restrito.
Entre as empresas extintas, mais de 90,0% eram microempresas e foram responsáveis pela extinção de 44,8%, em média, ao ano, dos postos assalariados formais. Entre 2000 e 2004, a participação dessas empresas no total do pessoal assalariado nas empresas extintas aumentou 8,8 pontos percentuais, de 39,0% para 47,8%, em contraposição à redução da participação de 6,5 pontos percentuais das grandes empresas e de 2,6 pontos percentuais das médias. As pequenas empresas mantiveram uma participação praticamente constante ao longo do período, em torno de 25,0%. Entre 2000 e 2006, de cada dez empregos formais perdidos ao ano, em média, 4,5 estavam nas microempresas, 2,5 nas pequenas, um nas médias e dois nas grandes.
Bonacin, Cunha e Corrêa realizaram um estudo intitulado Mortalidade dos Empreendimentos de Micro e Pequenas Empresas: Causas e Aprendizagem, onde concluíram que a causa da mortalidade ocorre devido a um conjunto de fatores associados que, acumulados, contribuem para o fenômeno, sendo os principais deles a falta de planejamento prévio, a escassez de linhas de crédito, baixa demanda por seus produtos e serviços e a elevada carga tributária. 
O SEBRAE apresenta como principais fatores para a mortalidade das MPEs à falta de lucro/capital, falta de clientes, problemas com o planejamento e administração, além de outros fatores. No período entre 2010 e 2015, a mortalidade de MPEs nos país aumentou aproximadamente 344%, passando de 169 mil casos de falência em 2010 para 581 mil em 2015.
Além disso, outro erro que pode levar à falência precoce é a confusão patrimonial, muito comum em micro e pequenas empresas, o que gera grande dificuldade na compreensão da real situação financeira, já que grande parte delas não apresenta bem delimitado o que é patrimônio pessoal do que pertence à empresa, causando grande confusão e fazendo com que muitas das vezes dívidas pessoais sejam pagas com recursos da empresa. 
A micro e pequena empresa tem hoje apoio legal para sua manutenção no caso de ter que atravessar crise econômica e financeira na sua gestão. A lei 11,101/05 traz, em seu Artigo 70 e seguintes, a orientação de como as micro e pequenas empresas podem se valer dos benefícios legais da recuperação judicial. Até a promulgação desta legislação, somente as grandes empresas poderiam gozar deste benefício. A possibilidade de utilização do sistema é limitada, porém pode ser muito útil e indispensável em um momento de grande dificuldade econômico-financeira. Por isso e importante destacar que com o adventoda LC 147/14, foram introduzidas algumas alterações na lei 11.101/05 (lei de recuperação e falências), que refletem mudanças benéficas às microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP), seja na qualidade de recuperadas, seja na condição de credoras em processos de recuperação.
Na qualidade de recuperadas, a primeira grande mudança para as MEs e EPPs que merece destaque se refere ao prazo para concessão de novo pedido de recuperação judicial, em caso de superveniência de crise econômico-financeira. Se antes era necessário o decurso do prazo de 8 anos para as MEs e as EPPs se beneficiassem novamente de tal concessão, agora, este prazo foi reduzido para 5 anos apenas. Outra inovação introduzida na lei de recuperação e falências diz respeito ao direito concedido às MEs e às EPPs, em sede de recuperação judicial, de parcelarem seus débitos, perante a Fazenda Pública e o Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, em prazos 20% superiores àqueles regularmente concedidos às demais empresas. Especificamente quanto ao plano de recuperação judicial, a nova legislação determina que todos os créditos existentes contra as MEs e as EPPs, inclusive os trabalhistas e os decorrentes de acidente do trabalho, poderão ser abrangidos no plano especial de recuperação, com possibilidade de parcelamento dos créditos em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros da SELIC. 
O plano especial de recuperação pode conter, ainda, a proposta de desconto no valor das dívidas.
Diante do que está sendo descrito, a LC 147/14 trouxe outras inovações que, a despeito de não se referir aos processos de recuperação judicial e falência, são de suma importância para as MEs e as EPPs, dentre as quais merecem destaque as seguintes tratamento diferenciado e simplificado no processo de licitação pública, aumento do rol de atividades que poderão ser enquadradas no Simples Nacional, simplificação do processo de abertura, registro, alteração e baixa da empresa, podendo, inclusive, ser solicitada a extinção sem a necessidade de saldar pendências financeiras, inclusive débitos fiscais; ressaltando-se que nesta hipótese, a solicitação de baixa importa em responsabilidade solidária dos empresários, dos titulares, dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos respectivos fatos geradores.
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