Buscar

Legislacao aplicada

Prévia do material em texto

TEMA 1 - CONCEITO DE TRIBUTO
O Direito Tributário tem tratamento na Constituição Federal a partir do Art. 145 até 162, no Código Tributário Nacional – Lei 5.172/66 e em outras legislações e atos infralegais federais, estaduais, distritais e municipais. O Direito Tributário estabelece as normas aplicáveis aos tributos, ou seja, a maneira como as pessoas físicas ou jurídicas contribuem para o abastecimento dos cofres públicos. Embora seja muito comum se fazer referência ao termo “imposto” para designar todo tipo de contribuição financeira com o Estado, não se pode confundir imposto com tributo. Tributo é um conceito maior, que envolve diversas espécies, sendo o imposto uma delas. Logo, todo imposto é um tributo, porém nem todo tributo é um imposto.
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Ora, do conceito legal pode-se extrair que o tributo é uma obrigação expressa em moeda. A doutrina critica os termos usados pela lei por considerarem que há redundância, já que uma prestação será sempre pecuniária e se pecuniária apenas pode ser determinada em moeda (Amaro, 2010).
Além de ser uma prestação expressa em moeda, o tributo é compulsório, o que exprime a obrigatoriedade no seu adimplemento.
O tributo ainda não poderá constituir sanção a um ato ilícito. O intuito do tributo é arrecadatório ou de regulação de alguma esfera jurídica, jamais terá o fim de punir um cidadão por uma atitude ilícita.
Para o direito tributário não importa a ilicitude ou moralidade do fato gerador, ocorrendo a hipótese descrita em lei, será devido o tributo. É o chamado Princípio "non olet", ou seja, para o Estado o dinheiro não tem cheiro. Por isso, para o Estado não interessa a origem lícita ou ilícita para a cobrança de tributos. Pensar de maneira diferente, apenas premiaria duas vezes o contribuinte por praticar uma atividade ilegal.
TEMA 2- ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
 I - impostos;
 II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas
Todavia, a própria Constituição Federal também criou outros dois institutos: o empréstimo compulsório no Art. 148, I e II e as contribuições especiais nos Art. 149, 149-A, 177 e 195. 
Apesar de várias correntes doutrinária terem se formado, a discussão sobre as espécies tributárias não é apenas acadêmica, já que a incidência dos princípios constitucionais tributários influi de maneira direta na própria exigibilidade das exações (Amaro, 2010). 
 A corrente doutrinária que pugna pela existência de apenas dois tipos de tributos, chamada de bipartida, entende que os tributos se dividem em impostos e taxas. É uma teoria minoritária e que contam com pouca expressão hoje. 
A teoria tripartida é defendida por autores de renome no direito tributário e acata o critério instituído pelo Art. 145 da Constituição Federal. Portanto, considera como tributo os impostos, taxas e contribuição de melhoria. O critério utilizado para diferenciar essas espécies e incluir as demais sub-espécies (contribuições sociais, de domínio econômico e empréstimos compulsórios) é a vinculação ou não a uma atividade do Estado. 
A teoria quadripartida acrescenta à teoria anterior as contribuições especiais como espécies tributárias. Também é uma corrente minoritária.
Por fim, a maioria dos doutrinadores e o Supremo Tribunal Federal (RE 138.284) adotam a teoria pentapartida ou quinquipartida, de modo a considerar como tributos: impostos, taxas, empréstimo compulsório, contribuição de melhoria e contribuições sociais.
1. Impostos (Art. 145, I, 153, 154, 155 e 156 da Constituição Federal);
 2. Taxas (Art. 145, II, da Constituição Federal); 
3. Empréstimos compulsórios (Art. 148 da Constituição Federal);
 4. Contribuição de melhoria (Art. 145, III, da Constituição Federal);
 5. Contribuições:
 5.1. Intervenção no Domínio Econômico (Art. 149 e 177, §4º da Constituição Federal); 
5.2. Interesse de categorias profissionais (Art. 149 da Constituição Federal);
 5.3. Custeio da Iluminação Pública (Art. 149-A da Constituição Federal); 
5.4. Sociais 
5.4.1 Sociais Gerais (Art. 149, 212, §5º e 240 da Constituição Federal);
 5.4.2. Seguridade Social (Art. 195 da Constituição Federal);
 5.4.3. Seguridade Social Residual (Art. 195, §4º, da Constituição Federal); 
5.4.4. Previdenciárias (Art. 149, §1º, da Constituiçao 
Na tributação do comércio exterior as espécies tributárias que incidem são os impostos, como, por exemplo, o imposto de importação e exportação, as taxas, como exemplo a taxa do Siscomex e AFRMM, e contribuições com a CIDE- Combustível e AFRMM - Adicional ao frete para renovação da marinha mercante. 
TEMA 3 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
Os princípios constitucionais tributários estabelecem limitações ao poder de tributação do Estado ao instituírem normas que delimitam e balizam o exercício da competência tributário pela União, Estados Distrito Federal e Municípios, bem como legitimam a produção e interpretação das normas jurídicas tributárias. Bem explica Amaro:
as chamadas “limitações do poder de tributar” integram o conjunto de traços que demarcam o campo, o modo, a forma e a intensidade de atuação do poder de tributar (ou seja, do poder, que emana da Constituição, de os entes políticos criarem tributos). O que fazem, pois, essas limitações é demarcar, fixar fronteiras ou limites ao exercício do poder de tributar. São, por conseguinte, instrumentos definidores (ou demarcadores) da competência tributária dos entes políticos no sentido de que concorrem para fixar o que pode ser tributado e como pode sê-lo, não devendo, portanto, ser encaradas como “obstáculos” ou “vedações” ao exercício da competência tributária, ou “supressão” dessa competência. (...) (Amaro, 2010,
São considerados, em regra geral, como cláusulas pétreas (Avila, 2010),
O princípio da legalidade vige todas as relações em sociedade. Para o cidadão quer dizer que ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, conforme inciso II do Art. 5º de nossa Constituição. 
 o cidadão será obrigado a pagar tributos se uma lei assim exigir (ou mesmo majorar) e o Estado somente poderá tributar se houver uma lei que o autorize a promover a exação. Diz o Art. 150 da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. 
Principio da igualdade 
Ao Estado não é possível estabelecer privilégios para certos grupos, ao mesmo tempo em que não pode tratar de maneira igual aqueles que tem situações diferentes.
No direito tributário, a igualdade é aferida pela capacidade contributiva: “deve ser diferenciado (com isenções ou com incidência tributária menos gravosa) o tratamento de situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçam um tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica” (Amaro, 2010, p. 158).
 Princípio da anterioridade,
 que divide-se em anual e nonagesimal. Trata-se de um princípio com feição de regra devido a sua materialidade. Em suma, além de um tributo dever ser criado ou majorado por lei, tal lei deve ser publicada no exercício financeiro anterior à cobrança, bem como com prazo de noventa dias para que inicie a exação.
Alguns tributos incidentes ao comércio exterior estão listados como exceção no § 1º do Art. 150 da Constituição Federal:
 Imposto de Importação, Imposto de Exportação,
 Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Operações de Crédito
 Câmbio e Seguro
 relativas a títulos ou valoresmobiliários (IOF), 
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre as atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível
TEMA 4 - OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA: HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA E FATO GERADOR 
O Código Tributário Nacional estabelece no Título II (Art. 113 e seguintes) as regras sobre a obrigação tributária. A obrigação tributária pouco diferencia das obrigações dos demais campos do direito, pode-se dizer que a sua especialidade se dá quanto à manifestação da vontade. Tal característica é uma consequência de o tributo ser compulsório, “a manifestação da vontade das partes é absolutamente irrelevante na formação da obrigação tributária” (Avila, 2007, p. 230). Assim, basta que a situação descrita em lei ocorra para que automaticamente se estabelece a relação jurídica entre o credor (Estado) e o devedor (contribuinte). A vontade ou intenção em praticar o ato pelo contribuinte pouco importa. 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. 
 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
“hipótese de incidência é a situação descrita em lei, recortada pelo legislador entre inúmeros fatos do mundo fenomênico, a qual, uma vez concretizada no fato gerador, enseja o surgimento da obrigação principal (...)” (Sabbag, 2011, p. 672). 
Conforme o Art. 97 do Código Tributário Nacional somente a lei poderá estabelecer a definição do fato gerador, bem como indicar o sujeito passivo.
 São quatro elementos do fato gerador: pessoal, material, espacial e temporal. 
O elemento pessoal refere-se aos sujeitos da relação, ou seja, quem é credor e devedor
 O elemento espacial identifica e delimita o âmbito territorial de aplicação da lei tributária. Dessa maneira, as leis federais terão vigência em todo o território nacional, ao passo que as estaduais e municipais limitadas ao seu território respectivo. 
O elemento temporal define o momento de ocorrência do fato gerador. Não confunda com o prazo para pagamento do tributo, que sequer necessita estar previsto em lei. 
Por fim, o caráter material diz respeito à própria hipótese/situação descrita e seus elementos. Neste passo, os tributos podem ter valores fixos, como ocorre com as taxas, ou podem ser dimensionados. Quando variáveis, a lei prevê uma base de cálculo, que será utilizada para mensurar o montante do tributo. Sobre essa base de cálculo aplica-se uma alíquota, que pode ser um percentual ou cifra, prevista também em lei, para que se alcance o valor devido do tributo. 
1) Elemento pessoal: Município será o credor e o proprietário de propriedade territorial urbana o devedor contribuinte;
 2) Elemento espacial: imóveis situados dentro da área urbana do Município;
 3) Elemento temporal: o fato gerador ocorre dia 01º de janeiro de cada ano;
 4) Elemento material: ter propriedade; 
4.1) Base de cálculo: valor venal do imóvel; 
4.2) Alíquota: aquela prevista na lei municipal.
Interessante notar aqui que se descumprida a obrigação acessória e aplica multa, esta multa passa a ser considerada como uma obrigação principal: Art. 113, § 3º, CTN: A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
TEMA 5 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO: LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
Art. 142. CTN. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível 
identificam-se três modalidades de lançamento tributário que se diferenciam conforme a atuação a autoridade fazendária:
 direto ou de ofício, 
misto ou por declaração e por homologação ou
 autolançamento
Na maior parte dos tributos se prevê o lançamento por homologação, no qual o contribuinte identifica o fato gerador, aplica a lei tributária quantificando o tributo e efetua seu pagamento, sem a necessidade de qualquer intervenção da Autoridade Tributante. O Poder Público no lançamento por homologação tem o dever de verificar o procedimento e resultado da atuação do contribuinte. Assim, apenas lançará efetivamente o tributo quando houver alguma omissão, total ou parcial, ou quando ocorre dolo, fraude ou simulação. Ainda, haverá o lançamento tácito quando no prazo assinalado pela legislação (em regra geral 5 anos) após a ocorrência do fato gerador a Fazenda Pública restar inerte. 
A consequência deste procedimento é que o pagamento não extingue o crédito tributário. O crédito tributário apenas será extinto com a homologação expressa ou tácita. O contribuinte deve aguardar o prazo previsto para homologação do lançamento para considerar como satisfeita sua obrigação.
lançamento por declaração, a colaboração do contribuinte resumese em informar os fatos relevantes para apuração do crédito tributário. A Autoridade Fazendária é quem calculo o montante devido pelo contribuinte e o notifica para pagamento. É a modalidade de lançamento menos usual
O lançamento de ofício ou direto não conta com a ajuda do contribuinte. Fica a cargo do tributante todo o procedimento, com a verificação do fato gerador e cálculo do tributo devido. Este lançamento é definido pela legislação como a regra geral, pois pode ser sempre utilizado pela autoridade fazendária em substituição aos outros dois tipos de lançamento. O contribuinte é notificado para pagamento ou recebe o auto de infração.

Outros materiais