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AULA 07 – O BRASIL CONTEMPORÂNEO (1989 2013)

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AULA 07 – O BRASIL CONTEMPORÂNEO (1989-2013)
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Abordar os principais aspectos da sociedade brasileira depois da Abertura política;
2. Analisar as características de alguns movimentos sociais;
3. Examinar o perfil das artes e dos meios de comunicação de massa marcantes do século XXI.
https://www.youtube.com/watch?v=YBu09di_XHE
O que vamos fazer nesta aula é acompanhar a história do presente. Se você tem vinte anos ou mais, certamente já vivenciou (e ainda vivencia) muitas das experiências de que vamos tratar aqui. Assim, não se trata apenas da “História do Brasil”, entendida como um conceito frio e distante. Esta é, literalmente, a sua história. Você foi um “cara-pintada” exigindo o impeachment de Collor? Vibrou com o sucesso do Plano Real? Desaprovou as privatizações de FHC? Votou no Lula? Apostou na Dilma? Protestou contra o aumento das passagens? Seja qual for a sua resposta a estas questões, ela apontará para um posicionamento diante do presente de seu país. Enquanto estiver lendo o que temos para apresentar, sempre lembre que você também está neste texto. Você escreveu e escreve esta história.
RENOVAÇÃO E IMPEACHMENT
Como vimos na aula 6, os sucessivos planos econômicos do governo Sarney não tinham dado conta de resolver os problemas básicos da população, sobretudo a mais pobre. Todos ansiavam por uma solução imediata da recessão econômica. Foi esse o clima das eleições de 1989, as primeiras em que os brasileiros iriam escolher um Presidente desde 1960! Diante de tamanha responsabilidade, o temor de errar era grande. A maioria dos partidos se apegou a candidatos que haviam se apresentado como oposição durante a ditadura civil-militar, ou que tinham se destacado pela guarda da democracia no governo Sarney. É o caso de Ulysses Guimarães, candidato pelo PMDB, e Leonel Brizola, pelo PDT. Mas seriam dois candidatos sem grandes antecedentes políticos que roubariam a cena: Luís Inácio da Silva, o Lula, pelo PT, e Fernando Collor de Mello, pelo PRN. Ambos se destacariam, conseguindo concorrer ao segundo turno.
Você deve se lembrar de nossa última aula, em que falamos sobre o surgimento de Lula como líder sindical nas greves do ABC, no fim dos anos 1970, e sobre a fundação do PT no contexto da campanha pelas Diretas Já. Lula surgia como uma liderança de esquerda, associado com a ideia de busca por justiça social. Caso eleito, sua origem pobre e pouca escolaridade soariam como uma espécie de justiça social, uma correção dos erros históricos do país. Estas ideias, claro, só eram válidas para parte do eleitorado. Para outra, um Presidente com pouca escolaridade seria um grande equívoco: se políticos experientes e bacharéis não conseguiram domar o Brasil, como se sairia um metalúrgico bem-intencionado? Por outro lado, a base da campanha de Lula – a ideia de esquerda X direita, luta de classes, justiça social – soava ultrapassada. Desejavam uma nova forma de fazer política. Desde que Tancredo fora eleito indiretamente, em 1985, que o regime democrático estava sendo chamado de Nova República. Durante as eleições de 1989, o termo foi bastante utilizado. A ideia era de que os brasileiros construíssem, de fato, uma República nova, sustentada sobre bases inovadoras. 
Collor apontava para a realização deste desejo. Assista a uma parte de sua campanha para a Presidência nas eleições do segundo turno de 1989: Indique as principais características do candidato, identificadas no estilo do vídeo e no conteúdo do discurso. As imagens da abertura são modernas, esbanjando recursos tecnológicos. O candidato fala com propriedade sobre renovação. Sua aparência jovial reforça a credibilidade.
A CAMPANHA DE COLLOR
Como você pode perceber, Collor preferiu fazer uma campanha baseada na novidade e no aceno de incursão do país ao Primeiro Mundo. Com uma pequena experiência política anterior como governador de Alagoas, filiado a um partido com nenhuma expressividade nacional, Collor era a “cara do futuro”. Ele mesmo já desfrutava das possibilidades que oferecia a todos os brasileiros na campanha: usava jet-ski, motos caras, celulares (uma grande e caríssima novidade na época). Sua face refletia a possibilidade de um Brasil novo, rumando ao século XXI com a oferta de condições igualitárias de consumo. Frente ao discurso de Lula, que ainda prezava a igualdade social (o que pressupõe o consumo, mas não o evidencia), esta pareceu a aposta mais acertada. Collor venceu com 28% dos votos, enquanto Lula ficou com 16%.
O Plano Collor
Já no início de seu mandato, o Presidente surpreendeu a todos com medidas radicais de intervenção na economia. A ministra Zélia Cardoso de Mello se tornou uma figura tão conhecida quanto o Presidente, embora sua popularidade estivesse associada a valores negativos. Para entender os motivos da rejeição, assista a este vídeo, em que Zélia Cardoso dá alguns detalhes sobre o Plano Collor. Quais aspectos do Plano Collor poderiam deixar os brasileiros descontentes? Por certo, o que mais abalou os ânimos foi o confisco de poupanças e contas correntes. De um dia para o outro, todo o dinheiro guardado para eventuais emergências ficaria preso por um ano e meio. Além disso, o congelamento dos salários e as demissões de funcionários públicos também assustavam.
https://www.youtube.com/watch?v=7KHza2R-C-E&list=PLB52D54D2DA6CA638
MEDIDAS CONTRADITÓRIAS
Como fica claro pelo vídeo, não apenas a população em geral ficou descontente com o Plano Collor. A esquerda, na oposição, criticaria duramente tais medidas, classificadas como contraditórias. Por um lado, apontava para uma proposta neoliberal, “vendendo” o país às empresas multinacionais; por outro, agia de forma autoritária, como os ditadores que estavam há pouco no poder. Apesar de tais impactos, o Plano, seguido do Plano Collor 2, conseguiu diminuir a inflação, abrindo o mercado para produtos importados. Com uma moeda forte , uma parte dos brasileiros conseguia ter acesso às “maravilhas” do Primeiro Mundo. O plano trazia de volta o Cruzeiro, que Sarney tinha trocado pelo Cruzado. Com o tempo, no entanto, a inflação voltaria a crescer, a indústria nacional sofreria o impacto da concorrência dos importados, os salários diminuiriam e o desemprego aumentaria. Você deve estar se perguntando se já não viu isso antes. Sim, como podemos perceber, a sucessão de planos econômicos e troca de moedas é típica da Nova República.
Contudo, não seria o insucesso dos planos econômicos o que mais desagradaria os brasileiros. Em 1992, uma série de denúncias de corrupção por parte do Presidente começou a ser confirmada. Diante disso, a sociedade se mobilizaria novamente e se prepararia para tomar as ruas.
FORA COLLOR
Em meados de 1992, um sistema de corrupção envolvendo Collor e o tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias (PC Farias), veio à tona, através de reportagens das revistas Veja e Isto é. O impacto negativo sobre o país foi imenso. Afinal, um dos pontos da campanha presidencial havia sido a “caça aos marajás”, como eram chamados por ele os funcionários públicos com altos salários injustificados. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada, mas contava com mais políticos governistas do que de oposição, o que levou à sua ineficácia. O esquema era bastante complexo, mas, em termos simplificados, poderia ser descrito como o desvio de verbas públicas para o sustento da vida luxuosa do Presidente e de sua família.
Observe o que está escrito em uma das faixas da imagem de baixo: “Anos Rebeldes. Próximo capítulo [...]”. A referência era à minissérie que a Rede Globo exibia naquele ano. O tema da minissérie: a luta de jovens contra a ditadura civil-militar. Sem que se possa afirmar sua intencionalidade, a Globo conseguiu inspirar o movimento. Além de faixas como a que você viu, outra evidência era que a canção Alegria, alegria, de Caetano Veloso, tema de abertura da série, era cantada pelos manifestantes. Não reconheceu a música pelo título? Por certo, você se lembrará dela apenascom os primeiros versos: “Caminhando contra o vento/ Sem lenço, sem documento [...]”. Lançada na época dos Festivais, nos anos 1960, voltara com sucesso total. Resultado? O impeachment de Collor, uma prova de que a democracia tinha realmente voltado e que os gritos de descontentamento eram ouvidos.
Diante de tudo, a população tomou as ruas para exigir o impeachment do Presidente, recurso utilizado para impedir a continuidade do mandato quando fica provado que o governante cometeu atos inconstitucionais. A maioria dos que participaram da campanha “Fora, Collor” eram adolescentes e jovens universitários. Por pintarem os rostos durante os protestos, ficaram conhecidos como “caras pintadas”.
O PLANO REAL
Após o impeachment, assumiu o vice Itamar Franco. Para dar conta da crise política, Itamar atraiu para o governo a oposição, conseguindo um equilíbrio de forças entre nacionalistas e liberais. Tal composição, apesar de ajudar a resgatar a confiança dos brasileiros no governo, deixou Itamar em uma posição indefinida. Um dos temas que mais chamaram a atenção em seu governo foram as declarações ambíguas sobre o tema das privatizações, que dividia nacionalistas e liberais, sem que o Presidente tomasse partido. Outro ponto negativo foi o escândalo conhecido como “os Anões do Orçamento”, um caso que envolvia a corrupção de deputados federais favorecidos com propinas para repassar verbas públicas para empresas privadas.
Se no plano político os resultados foram apenas pouco positivos, no econômico foram altamente satisfatórios. O ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso (FHC, um político filiado ao PSDB, que formava a frente de esquerda convidada a compor o novo governo) lançou o Plano Real, que conseguiu resgatar a saúde da economia do país, controlando a inflação. Assista a este vídeo, em que as características gerais do plano são apresentadas: Já comentamos antes que planos econômicos e trocas de moedas foram uma constante deste período. Com base no vídeo, diga o que o Plano Real tinha de novo. No vídeo, é dito que, diferente do que houvera no governo de Collor, este plano não seria agressivo, sem confiscos nem outras medidas drásticas. Além disso, não pretendia sanar a economia de uma hora para outra, agindo em longo prazo.
PLANO FHC
Talvez você tenha observado, no vídeo, que o plano ainda não havia sido batizado de “Real”, sendo divulgado como “Plano FHC”. De fato, a troca de moeda seria gradual, e só viria mais tarde. Em 1994, ano de eleições presidenciais, FHC foi lançado candidato pelo PSDB. Agora, contudo, o partido havia se realinhado, aproximando-se dos partidos conservadores liberais. Por este motivo, FHC se apresenta como o principal adversário de Lula, candidato novamente pelo PT. O sucesso do Plano Real foi tão grande que FHC conseguiu vencer no primeiro turno. Devido ao realinhamento do PSDB, você já deve imaginar qual foi a característica mais forte do governo FHC, certo? Sim, as privatizações, que já haviam começado no governo Collor, iriam continuar com força total.
PRIVATIZAÇÕES
Fernando Henrique Cardoso emplacou dois mandatos seguidos, ficando à frente do país até 2002. As marcas principais de sua gestão foram a estabilidade econômica e as privatizações. O Real se manteve como uma moeda forte, diferentemente das novas moedas criadas nos planos econômicos anteriores, o que favoreceu o investimento de indústrias internacionais no país. Por outro lado, FHC investiu na ideia de um “Estado mínimo”, seguindo o direcionamento do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ou seja, o Estado deveria se manter limitado à área administrativa, abandonando setores como energia, comunicações, saúde e educação. Destes, os que mais sofreram foram os dois primeiros. Devido a protestos da oposição, sobretudo do PT, e de parte da população, as outras duas áreas foram preservadas.
Parceria com ONGs
Outra marca do governo FHC foi a parceria com as Organizações Não Governamentais (ONGs) na administração de questões de cunho social, o que se apresentava como tendência desde o governo Collor. Como agora o Estado investia menos nestas áreas, as ONGs ficavam responsáveis por elas, trabalhando em parceria com os governos. Uma destas manifestações foi a “Marcha dos 100 mil em Brasília”, ocorrida em 26 de agosto de 1999. Observe uma fotografia do evento: A afirmação “FHC capachão do FMI” indica que a população estava contrariada com o fato de o Presidente (FHC) seguir as diretrizes do Fundo Monetário Internacional, que incentivava as privatizações.
A origem das ONGs, contudo, não é a parceria com os governos. Ela mantém relação com outra característica do período: a capacidade de organização autônoma da população. Em vez de esperar por um Estado que, na maioria dos casos, se mostrava indiferente, muitos começaram a se organizar para gerir assuntos que lhes diziam respeito. Estes assuntos estavam, na maior parte dos casos, associados à luta pelos Direitos Humanos (DDHH). Entre os inúmeros exemplos que podem ser citados:
A luta contra as discriminações (racial, de gênero, de orientação sexual);
O combate ao crime organizado (geralmente, ONGs que acreditam no uso da educação para manter jovens longe das facções criminosas);
A busca por melhores condições carcerárias;
A erradicação do trabalho infantil e/ou escravo.
A partir dos exemplos de problemas sociais apontados, podermos ter uma ideia do quanto que ainda faltava (e falta) para o Brasil ser considerado um país desenvolvido. Apesar da estabilidade econômica, o país enfrentava um aumento assustador da violência (gerada pelo tráfico de drogas, pelas lutas por posse de terras, e mesmo pelo Estado nas áreas mais pobres). Além disso, a pobreza e a subnutrição, o desemprego e o subemprego, além do trabalho infantil e escravo. Por mais eficientes que sejam algumas ONGs, elas nunca conseguiriam resolver problemas gigantes que deveriam ser da alçada do Estado. Ademais, a constante aproximação entre governos e ONGs gerou uma crise de representatividade para essas organizações. Se no início dos anos 1990 as ONGs surgiam como uma solução inovadora e plena de credibilidade, já nos anos 2000 sofriam com denúncias sobre desvio de verba pública para ONGs que nada faziam a não ser receber dinheiro.
O OUTRO LADO DA MOEDA
Mas nem tudo estava perdido. Uma das áreas de parceria entre governo e ONGs que surtiu bom resultado foi o combate à AIDS. A epidemia mundial iniciada nos anos 1980 tinha atingido números altíssimos em nosso país no final dessa mesma década. Os resultados positivos vêm sendo usados como exemplo a outros países em desenvolvimento, mesmo que o controle da AIDS não seja absoluto e haja surgimento de milhares de caso a cada ano. O governo FHC investiu maciçamente no controle da epidemia, através do fornecimento público de coquetéis antirretrovirais (fundamentais para o controle da síndrome) e da propaganda de prevenção. Outro destaque do período foi o investimento em novos meios de comunicação. A popularidade dos telefones celulares, da TV por assinatura e da internet cresceu aceleradamente no final dos anos 1990.
Por certo, estas mudanças resultaram em novas vivências, sobretudo as possibilitadas pelo mundo social. O Brasil é um dos campeões de uso das redes sociais, que vêm se mostrando um meio bastante eficaz de mobilização política, como veremos mais adiante. Mesmo você, enquanto lê este texto agora, é parte destas mudanças: afinal, a educação a distância só foi possível graças às novas tecnologias, certo? A partir de agora, vamos nos dedicar ao período PT, que começaria em 2003. Para início de conversa, precisamos entender o que aconteceu para que Lula, que vinha ficando em segundo lugar em todas as eleições, se tornasse o Presidente do Brasil.
Para entendermos como se deu a ascensão de Lula ao poder, vamos começar analisando estas duas fotografias:
Compare as imagens de Lula nas décadas de 1970 e 2000 e indique o que você percebe de diferente. Na foto dos anos 1970, Lula demonstra ser um homem simples. Apesarde estar discursando para uma multidão, usa roupas informais e apresenta aspecto “desleixado” (que podemos interpretar como “popular”). Além disso, tem as feições tensas. Já quando recebe a faixa presidencial, está bem vestido e asseado, demonstrando descontração, mesmo em um momento solene como a cerimônia da sucessão presidencial.
O PT NO PODER
Como você pode concluir a partir da análise das fotos, Lula precisou se reinventar para conseguir chegar ao poder. Quando se apresentou, na campanha de 2002, não era mais o sindicalista de esquerda quem falava, mas um líder carismático que mostrava capacidade de dialogar com a oposição. Naquele momento, isso significava a possibilidade de um governo PT sem ameaças à lógica neoliberal. O abraço fraterno de Lula e FHC, no momento da transmissão da faixa presidencial, é uma imagem bastante simbólica. Tratava-se de uma passagem sem rupturas ou traumas, o que se confirmaria ao longo dos dois mandatos de Lula.
Nessa imagem você pode observar uma fotografia da posse do Presidente Lula, em 2003. O evento foi marcante para a história da democracia brasileira, por representar a chegada da esquerda ao poder, na figura de um ex-operário e líder sindical. Embora tenha conseguido mais de 60% dos votos, Lula ainda causava receios em parte da população. O principal deles era em relação à imagem do Brasil no mundo, com um Presidente que não se notabilizava pela linguagem complexa e intelectualizada. Seria um grande contraste com FHC, sociólogo e professor universitário. Quanto a esse temor, todos puderam logo se tranquilizar, pois o Presidente se tornou rapidamente uma figura de destaque positivo no mundo. Sempre recorrendo à quebra de protocolo em nome de atitudes espontâneas e carismáticas, conquistou o respeito de inúmeros líderes mundiais, em um momento em que o Brasil ganhava mais poder de decisão na diplomacia internacional, como veremos na aula 10.
Na economia, o governo de Lula se notabilizou por conseguir manter a estabilidade do Real e o controle da inflação, além de fazer o país crescer. A descoberta de petróleo na área do pré-sal, entre outras novidades, fortaleceu a economia, uma das poucas que não se abalou com a crise internacional de 2008. Por outro lado, o fluxo de privatizações diminuiu consideravelmente, enquanto o Estado voltava a investir em áreas que havia abandonado nos governos anteriores.
Trata-se de uma tendência mundial, porém mais acentuada na América Latina: Estados fortes e comprometidos com questões sociais. As classes C e D ascenderam, ganhando melhores condições de vida e maior poder de consumo.
Programas sociais
Já que falamos das classes C e D, vale comentarmos os programas sociais, o grande destaque das gestões Lula. O governo FHC, apesar de francamente neoliberal, já havia começado alguns, herdados e levados adiante pelo novo governo. O Bolsa Família e o Fome Zero são os mais conhecidos. Apesar de criticados por algumas pessoas, sendo considerados demagógicos sem nada resolver de fato, causaram impacto positivo sobre a população de baixa renda. No plano da educação, Lula também se destacou, investindo em construção de universidades. Além disso, foi em suas gestões que as cotas raciais passaram a ser adotadas, também causando repercussão negativa em parte da população, mas favorecendo bastante os mais pobres (já que a maioria dos negros e indígenas, os mais beneficiados, pertence às classes C e D). Até agora, só apontamos os aspectos positivos dos governos. Sabemos, porém, que nem tudo saiu bem nas gestões do PT, não é mesmo? Que tal darmos uma olhadinha nelas?
ESCÂNDALOS E DECLÍNIO DO PT
Ao longo dos mandatos, surgiu uma série de escândalos envolvendo o PT. Sobre eles, leia um trecho de uma matéria de 2009, da “Revista Época”: “Lula conseguiu manter sua imagem incólume a escândalos como o mensalão, os dólares na cueca de petistas ou o apagão aéreo. Tudo o que é bom – como o pré-sal e/ou a ascensão das classes C e D – gruda em Lula. O que é impopular vai para a conta dos outros. Nesta década, enquanto a estrela do PT encolheu como símbolo da ética e dos militantes engajados, a de Lula só fez brilhar.”
Como a matéria explica bem muito bem, os escândalos envolvendo partidários do PT conseguiram passar ao largo da popularidade do Presidente. O impacto destes escândalos sobre a população foi imenso, sobretudo entre aqueles que votavam no partido há anos. De repente, as pessoas ouviam notícias semelhantes às que haviam abalado o governo Collor, mas desta vez atingindo o PT, que naquela ocasião criticara duramente tais práticas. O mais importante, porém, é que os responsáveis foram descobertos e, apesar de pertencerem ao mesmo partido que o governo, foram punidos. Como algumas pessoas diziam, a política brasileira continuava marcada pela corrupção, mas pelo menos agora havia um pouco mais de justiça... Ao fim do mandato, Lula apontou Dilma Rousseff, Chefe da Casa Civil de seu governo, como sua sucessora. Apesar do descrédito do PT, em 2010 os brasileiros elegeram a primeira mulher à Presidência da República, mantendo o partido no poder.
A PRIMEIRA PRESIDENTA
Como vimos na Aula 1, a luta das mulheres por emancipação política é marcante na História do século XX. A presença de inúmeras mulheres nas lutas contra a ditadura civil-militar (das quais Dilma também é um exemplo, tendo participado da luta armada) e nas campanhas da redemocratização já significava um avanço. Contudo, apesar de já ocuparem cargos públicos proeminentes, como ministérios, ainda faltava às mulheres chegar ao ponto máximo da República. O fato de Dilma ser a primeira mulher a assumir o principal posto de comando do país é, em si, notório. Isto, porém, não anula o fato de que muitas ainda são discriminadas e violentadas simbólica e fisicamente em todo o país.
Embora não tenha o mesmo carisma que Lula, em 2011 e 2012 a Presidente atingiu um nível de popularidade até mesmo maior que o de seu antecessor. A continuidade das políticas sociais de Lula, além de alguns avanços no sentido da consolidação dos Direitos Humanos no Brasil, explicava estes resultados. No campo dos Direitos Humanos, é digna de nota a preocupação do governo em abrir os arquivos secretos da ditadura civil-militar, procurando desfazer injustiças históricas. A continuação das denúncias envolvendo o PT e as altas taxas de inflação, contudo, abalaram a recepção positiva que Dilma vinha tendo.
OS PROTESTOS DE JUNHO DE 2013
Além disso, em 2013 uma onda de protestos se espalhou pelo país, inicialmente contra o aumento das passagens, mas logo ganhando outros significados. Protestou-se contra várias questões: políticos (Governadores e prefeitos, além da própria Presidente), a presença de líderes religiosos  no governo (O que contraria a ideia de um Estado Laico), a miséria e opressão policial (Tanto nas áreas periféricas quanto nas próprias manifestações), os altos gastos e desvio de verbas nas obras monumentais realizadas para a Copa do mundo de 2014 e as Olimpíadas, em 2016. O fenômeno destas manifestações é ainda muito recente e seria arriscado interpretá-los em termos absolutos. Alguns elementos, contudo, podem ser elencados:
O uso das redes sociais como forma de organização dos manifestos; A rejeição à política de modo geral, com proibição de participação de partidos; O protagonismo dos Black Blocs, movimento anarquista contemporâneo; A repressão violenta por parte da polícia; A demora da Presidente em reagir e a postura pouco simpática aos movimentos, embora conciliatória, ajudaram a diminuir sua popularidade. Dilma ainda tem o ano de 2014 pela frente e, por certo, o grande evento internacional que o país sediará, a Copa do Mundo, será uma de suas maiores provas de fogo. 
ARTE E MÍDIA HOJE
Ao longo desta nossa aula, você percebeu que fizemos algumas referências ao poder da internet na comunicação e organização social do Brasil no século XXI. Por certo, esta também pode ser considerada uma das grandes novidades no mundo das artes e do entretenimento, facilitandoo acesso do público às obras, mas levando a indústria cultural a uma crise sem antecedentes. Além disso, o acesso à rede e aos meios de produção mais baratos (é possível, por exemplo, fazer um vídeo simples com o uso de celulares) permitiu que muitos artistas se lançassem nesse meio, revolucionando a forma de criação e divulgação artística no país. Mas, antes de chegarmos aqui, um caminho foi trilhado. Que tal olharmos para trás, para ver, de forma panorâmica, as transformações pelas quais a arte brasileira passou desde os anos 1980? Confira o pdf que preparamos para você!
Este gráfico evidencia os valores da inflação anual ao longo da História contemporânea do Brasil:
Sobre estes valores, responda:
 
a) Quais os três governos com maiores índices de inflação?
Collor, Sarney e Itamar.
b) Como estes índices se relacionam com a ditadura civil-militar?
A política econômica da ditadura, responsável pelo “milagre”, também desestabilizou os rendimentos internos, deixando a moeda cada vez mais fraca, em uma crise difícil de contornar.
c) Como o índice mais alto ajudou no sucesso do Plano Real?
O Plano Real foi responsável pelo fim das altíssimas taxas de inflação, criando uma moeda forte para o Brasil. Deste modo, o sucesso foi imediato.
Uma das características da arte contemporânea brasileira é seu envolvimento com questões sociais e/ou políticas. A seguir, temos dois exemplos desse tipo de produção, com músicas das bandas Legião Urbana e O Rappa:
Que país é esse? – Legião Urbana (música e letra) e Minha alma – O Rappa (música e letra).  
https://www.youtube.com/watch?v=z6uM7FehywQ
https://www.youtube.com/watch?v=az_qBH3jzmw
Assista aos dois vídeos e responda:
Apesar de ambas as letras serem politizadas, elas tratam de temas diferentes. Identifique o tipo de politização que cada grupo realiza.
A letra de Que país é esse? nos remete à política federal, à corrupção, à violência do Estado. Já A minha alma diz respeito à política do dia a dia, às escolhas que os indivíduos fazem em seu cotidiano: lutar para mudar a violência que atinge nossas vidas ou assistir à TV?
LACERDA, Antônio Corrêa; et al. (org.). Economia brasileira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Capítulos: Plano Real e seus desdobramentos; Transformações no mercado de trabalho e a reforma da previdência social.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. A modernização autoritária: do Golpe militar à redemocratização 1964/1984. In: LINHARES, Maria Yedda (org). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 1990.
Veja os avanços no processo de punição dos responsáveis pela ditadura civil-militar no Brasil, na página da Comissão Nacional da Verdade. Disponível aqui. Acesso em 7 fev. 2014.
Conheça a Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais e pesquise mais sobre arte brasileira. Disponível aqui. Acesso em 7 fev. 2014.
Assista aos filmes Lula, o filho do Brasil (Fábio Barreto, 2009) e Entreatos (João Moreira Salles, 2004) e perceba diferentes facetas de Lula.

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