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AULA 10 – O BRASIL NO MUNDO (1990 A 2013)

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AULA 10 – O BRASIL NO MUNDO (1990 A 2013)
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Acompanhar a trajetória da política internacional brasileira entre 1990 e 2013;
2 - Entender as relações entre o FMI e o Brasil;
3 - Identificar os significados da participação do Brasil no BRIC.
https://www.youtube.com/watch?v=TDYM34TS8yU
Sempre que olhamos o mapa-múndi, uma série de imagens vem à tona para nos ajudar a definir os países e seus povos. Mesmo que racionalmente saibamos que muitas destas imagens não passam de ilusão, às vezes aceitamos viajar para correr atrás destes imaginários. Em outras situações, sequer cogitamos a viagem, não é? Alguns exemplos: olhamos para a França e idealizamos uma cena romântica no alto da Torre Eiffel. Espiamos a Grécia e milênios de História nos passam pela mente – mas também as praias e a crise financeira. Os EUA podem nos fazer desejar diversão, arte e boas compras (se a cotação do dólar estiver favorável). O Haiti nos faz lembrar belas paisagens, mas também crise e miséria. Claro, os exemplos poderiam se multiplicar por cem.
E o nosso país? Como será que ele é visto lá fora? Quanto de responsabilidade nós e nossos governantes temos sobre esta imagem? Será que já ultrapassamos o trio “carnaval, praia e futebol”? Nossa capital deixou de ser Buenos Aires? Ainda teremos cobras passeando no calçadão de Copacabana? Nesta aula, você poderá refletir sobre estas questões, associadas às relações internacionais que o Brasil estabeleceu na passagem do século XX para o XXI.
A NOVA FACE DO BRASIL
Como teremos oportunidade de verificar mais adiante, a face do Brasil mudou bastante nesse período. De um país submisso e totalmente alinhado à vontade dos EUA, passou a ser um dos países com alguma voz e respeitabilidade no mundo. Contudo, alguns aspectos da imagem de nosso país são mais resistentes e demoram a mudar – quem nunca ouviu falar que o Brasil é a terra do samba, do Carnaval, das praias e do futebol? Ele pode até ser isso tudo, mas todos nós sabemos que é muito mais. Por que não mostrar outros aspectos de nossa realidade? Quais aspectos deveriam ser mostrados? Ao longo desta nossa aula, você terá oportunidade de acompanhar esses processos e refletir um pouco sobre eles.
FMI: OBEDECER OU... OBEDECER!
O Fundo Monetário Internacional foi criado no fim da II Guerra Mundial, com vista à reconstrução dos países atingidos pelo conflito. A proposta do Fundo tem bases econômicas e é bastante simples: Um grupo de países participa de um sistema de cotas, em que investe determinada quantia (a depender de fatores que indicam seu nível de desenvolvimento) e, com isso, tem o direito de fazer empréstimos quando há necessidade de sanar a economia em caso de crise. Dito desta forma, você nem consegue imaginar como o FMI pode sofrer tantas críticas e ataques, certo? De fato, as operações econômicas não são o problema principal (embora estejam na raiz dele).
A questão reside no significado político das cotizações e do poder de influência que os países com maiores cotas podem ter. Para você entender melhor, basta atentar para o fato de que, em 2013, os EUA tinham 17,08% do poder de voto, enquanto o Brasil tinha 2,46%. Uma grande diferença, não? É por este motivo que muitas críticas ao FMI são também endereçadas ao governo norte-americano.
Afinal, o fato de o país ser o maior cotista do FMI lhe dá o direito de interferir na política econômica dos outros participantes, fazendo exigências em troca de mais empréstimos, já que tem poder de veto a propostas e requisições. Ao longo de sua existência, o FMI não tem se preocupado muito com os Direitos Humanos, desde que as políticas econômicas estejam de acordo com o que determina para os países. Porém, o poder dos EUA sobre o Brasil não está apenas associado ao FMI. Que tal relembrarmos alguns aspectos do poder norte-americano sobre o Brasil em plena Guerra Fria?
EM QUAL LADO DO MURO? 
O BRASIL E A GUERRA FRIA
Durante o Período Democrático (1946-1964), o que mais deve ser levado em conta a respeito da participação do país na política internacional é a Guerra Fria, quando o mundo esteve dividido em zonas de influência (blocos) sob a liderança dos EUA (capitalismo) e da URSS (socialismo). De modo geral, podemos dizer que o país se manteve alinhado aos EUA – e, portanto, ao bloco capitalista. No entanto, alguns “desvios à esquerda” (em direção ao socialismo) ocorreram no início dos anos 1960.
O presidente Jânio Quadros optou por uma política internacional independente, distante do domínio tanto dos EUA quanto da URSS. Contudo, como o alinhamento com os EUA já ocorria desde o início da Guerra Fria, alguns sinais de aproximação com o bloco socialista seriam necessários para indicar que o Brasil estava procurando “ficar em cima do muro”.
Essa expressão, apesar de ter um significado simples e ser compreendida por qualquer um, havia ficado mais sofisticada a partir de 1961. Afinal, esta é a data da construção do Muro de Berlim, que oficializou a divisão da antiga capital da Alemanha. Logo após o fim da II Grande Guerra, tanto a Alemanha quanto Berlim foram divididos em “oriental” (socialista) e “ocidental” (capitalista). Berlim Oriental era a capital do lado socialista. A partir da construção do muro, fortemente vigiado, seria praticamente impossível passar do lado socialista para o lado capitalista. Por conta disto, o Muro se tornou, em pouco tempo, um poderoso símbolo da Guerra Fria. Você já deve ter entendido, então, o que significava a política internacional “em cima do muro” que o presidente Jânio Quadros procurava implantar, certo? Nem do lado socialista, nem do lado capitalista, e dialogando com ambos.
Observe as duas imagens:
(Dir)Capa da revista Manchete sobre a condecoração oferecida por Jânio Quadros a Che Guevara. (Esq) O presidente da República Popular da China, Mao Tsé Tung, cumprimenta o vice-presidente do Brasil, João Goulart. De que maneira estes dois eventos podem ter contribuído para a política internacional “em cima do muro” do presidente Jânio Quadros? Se achar necessário, pesquise sobre Che Guevara e Mao Tsé Tung. Che era o Ministro das Indústrias de Cuba, que havia passado por uma revolução socialista. Mao era o líder da China Comunista. Logo, o Brasil se mostrava simpático a dois países que estavam fora dos domínios norte-americanos, o que era visto como um perigo por este país.
INFLUÊNCIA INTERNACIONAL NO BRASIL
A política de Jânio trouxe muitas repercussões negativas no plano interno, como já comentamos na aula 3. Como consequência, veio sua renúncia e uma tentativa de impedir que Jango assumisse como Presidente, o que foi resolvido com a adoção do parlamentarismo, o que “neutralizou” o seu poder. Três anos depois, em 1964, Jango seria deposto pelo golpe civil-militar de 1º de abril. O que é fundamental que você entenda nesse processo é que esses acontecimentos internos estavam diretamente atrelados à política internacional. Os EUA participaram diretamente dessas decisões através de seu serviço de diplomacia, pois estavam temerosos de que outros países da América Latina passassem por processos semelhantes aos de Cuba.
Já dissemos isso antes, mas vale a pena repetir: se Cuba, que é uma ilha, incomodava tanto, imagine um país de dimensões continentais... Um bom exemplo da participação dos EUA na política interna está no telegrama escrito para o Presidente norte-americano por Lincoln Gordon, então embaixador em nosso país, dias antes do golpe: Para minimizar a possibilidade de uma guerra civil prolongada [no Brasil] e garantir o apoio de um grande número de adeptos, seria crucial a nossa capacidade de demonstrar apoio e certa exibição de força com grande rapidez.
 
Para esse fim, e de acordo com nossas conversas em Washington no dia 21 de março, uma possibilidade parece ser o rápido envio de uma força-tarefa naval para manobras no Atlântico Sul, trazendo-a a uma distância de dois dias de Santos (Sousa). Embora o trecho não deixe claro que o apoio bélico seria dado aos golpistas(restando apenas a declaração de evitar uma guerra civil), há outros indícios que o comprovam. Um deles está no campo da economia, envolvendo o FMI. A política econômica do governo Castello Branco, o primeiro da ditadura civil-militar, contou com empréstimos vultosos do FMI. Isto significa que o órgão – e, por conseguinte, os EUA – apoiavam o regime ditatorial.
 
Outro indício de que a ditadura teve sustento norte-americano foi o fato de a abertura ter acontecido já no fim da Guerra Fria. Logo, em um momento em que os EUA já não precisavam mais manter a América Latina sob seu domínio à força, as ditaduras se desmantelaram.
O BRASIL NOS ANOS 1990: UMA ONDA DE PRIVATIZAÇÕES
Como vimos em aulas anteriores, após a Guerra Fria, foi estabelecida uma Nova Ordem Mundial, em que a bipolaridade (duas zonas de influência lideradas pelos EUA e pela URSS) foi substituída pela multipolaridade. Nesse novo contexto, os países passam a se organizar em blocos, procurando proteger mutuamente suas economias. Mesmo nessa nova situação, em que já não é mais o líder de um bloco que correspondia a mais da metade do globo terrestre, os EUA conseguiram manter seu poderio, sobretudo através do FMI.
Apesar disso, na Nova República (a partir de 1985), o poder de decisão do FMI sobre a economia brasileira não diminuiu. A política de privatizações, iniciada no governo Collor e levada adiante por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, também foi determinada pelo órgão. Claro que não faltaram críticas a este tipo de ação, que não leva em conta os destinos de milhares de pessoas que formam as populações dos países atingidos.
Esta charge é um ótimo exemplo de crítica. Observe:
Charge de Luigi Rocco criticando a dependência do Brasil em relação ao FMI. A partir da interpretação do chargista, percebemos que o empréstimo, aparentemente positivo, terá como consequência o enforcamento do personagem. Tal “sufoco” é, evidentemente, metafórico. Desse modo, a quais problemas você imagina que a metáfora se refira?
Os empréstimos geram dívidas que, para serem pagas, podem acarretar crises econômicas. Além disso, as diretrizes do FMI exigem que o Estado interfira o menos possível na economia, gerando ondas de privatizações que, por sua vez, geram desemprego e pobreza. Por tudo que comentamos até agora, e que foi reforçado pela charge que você acabou de interpretar, percebemos que as diretrizes do FMI não estão muito preocupadas com questões sociais ou com os Direitos Humanos. Basta nos lembrarmos de nossas aulas sobre a ditadura civil-militar, em que debatemos o quanto os DDHH foram violados durante o período. Enfim, o Brasil, como país em desenvolvimento e com baixo poder de voto, sempre precisou baixar a cabeça às decisões do órgão internacional. Como o subtítulo já anuncia, tratava-se de obedecer ou... obedecer!
BRIC: UM PAÍS FORTALECIDO, MAS ATÉ QUANDO?
Ao longo do governo Lula, o Brasil passou a ocupar uma posição mais privilegiada dentro do FMI, sobretudo devido ao fato de fazer parte do BRIC, grupo de cinco países em desenvolvimento com economias relativamente estáveis, em busca de maior poder de decisão internacional. A sigla é constituída pela primeira letra de seus nomes: Brasil, Rússia, Índia e China. Mesmo refreando as privatizações (foco de muitas críticas do PT ao governo anterior, de FHC), Lula conseguiu manter a estabilidade econômica.
Em resumo, Lula conseguiu atender às expectativas do FMI, sem descuidar das demandas sociais. O crescimento do PIB, a estabilidade durante a crise econômica mundial de 2008 e o fato de emprestar dinheiro ao FMI fizeram com que o Brasil aumentasse sua cota no FMI (antes de 2013, ela era de 1,78%, passando para 2,46%). Se somarmos essa cota às dos outros participantes do BRIC, percebemos que o poder de voto do país cresce ainda mais: juntos, somam quase 15% (lembre-se de que os EUA contam com 17%).
Isso tudo fez com que o Brasil fosse muito bem visto internacionalmente, recebendo elogios rasgados de revistas de economia, que apontaram o país como exemplo para outros em desenvolvimento. Tudo ia muito bem, até que em junho de 2013 começaram a surgir manifestações de rua em inúmeras cidades brasileiras. O movimento, iniciado como um protesto contra o aumento do valor das passagens, ganhou proporções bem maiores, abarcando diversos setores da sociedade, reivindicando valores muitas vezes antagônicos. Observe ao lado as fotografias das manifestações em Brasília e em Recife.
Segue uma tentativa de avaliação do jornalista Eugênio Bucci:
No Brasil, as reclamações também são diversas: os médicos se manifestaram, membros do Ministério Público se manifestaram, ou seja, as manifestações têm a presença do que chamei de “pitboy”, sem nenhuma formação cultural, e têm também, de outro lado, algumas reivindicações mais socializantes, mais de esquerda, de tal maneira que o corte político ou ideológico não explica bem o que acontece.
 
É aí que eu lanço a hipótese: há um caráter de manifestação cultural em que a linguagem, nessas manifestações, aponta para uma incapacidade do aparelho do Estado e da administração pública de responder no tempo devido e com a eficiência necessária às demandas sociais. Como o Estado, em diversos países, parece não dispor de mecanismos de fluxos capazes de receber, processar e responder reclamos sociais, ele se enrijece, envelhece rapidamente, e a dinâmica da vida social entra em confronto com ele.
Trata-se de um confronto de formas, não de conteúdo. Ou seja, o Estado ficou lento demais, há um confronto de temporalidade que é claríssimo, e o ritmo de fluxo das informações, das ideias, das interações na vida social na era digital encontra uma muralha quando se aproximam do Estado. Então, isso impõe ao Estado, aos ritos, aos processos, aos mecanismos de representação, e de deliberação próprios do Estado, uma modernização urgente e muito veloz. É nesse sentido que digo que o impasse colocado é o impasse da ordem das linguagens da temporalidade.
Qual é, na opinião de Eugênio Bucci, a linha que une os diversos temas e reivindicações das jornadas de junho?
O jornalista defende que todos os envolvidos se mostravam insatisfeitos com as ações do Estado, que se mostraria lento para responder às demandas populares. Logo, não se trataria “apenas” de um governo, mas do próprio funcionamento do Estado.
Críticas ao governo Dilma
Você deve ter percebido, pelo trecho lido, que as manifestações não eram direcionadas especificamente ao governo Dilma, mas não o deixaram de fora. Afinal, muita insatisfação que até então não era manifestada passou a surgir nas vozes dos que protestavam. Afinal, no governo Dilma o PT retomou as políticas de privatizações – o que foi duramente criticado -, as taxas de inflação voltaram a crescer e o descontentamento social atingiu níveis altíssimos. A rejeição à Presidenta aumentou ainda mais devido a sua demora em demonstrar algum posicionamento diante dos eventos. Quando o fez, procurou estabelecer um caminho neutro e seguro: não condenou, mas tampouco demonstrou apoio.
Podemos concluir que os motivos para os protestos foram vários, mas não deixaram de fora o governo federal, demonstrando o aumento das taxas de rejeição à Presidenta. Isso apareceu na visão do mundo sobre o país:
Capa da revista The Economist de 2009: “O Brasil decola”.
Capa da revista The Economist de 2013: “O Brasil estragou tudo?”.
Relacione as capas e seus respectivos títulos, comentando a imagem internacional do Brasil hoje.
De 2009 para 2013, podemos perceber a passagem de uma visão otimista sobre o país para outra que põe em dúvida este mesmo otimismo.
 
A decolagem do Cristo Redentor (representando o Brasil) era sinônimo de valores positivos. Já a sua queda indica a previsão de um desastre. Um ponto a destacar é que o título da matéria é uma interrogação, o que indica que não se trata de uma conclusão definitiva.
VOLATILIDADE DA VISÃO DO PAÍS
Tais manchetes são apenas exemplos da volatilidade da visão do país no exterior.Por um lado, um membro fortalecido do BRIC; por outro a ameaça de que políticas equivocadas podem colocar tudo a perder. Por certo, tais questionamentos se tornam ainda mais agudos quando o país está com todas as atenções voltadas para ele.
Copa e Olimpíadas: o que mostrar?
Duas provas de fogo serão enfrentadas pelo país em 2014 e 2016: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Para entender a gravidade da situação, basta perceber que todas as lentes do mundo estarão voltadas para o Brasil nestes dois momentos: qualquer passo em falso será televisionado, ao vivo e internacionalmente. Claro que o país não conta com isso. Como é de se esperar, as políticas que embasam as candidaturas de cidades e países para sediar grandes eventos pretendem atrair investimentos e melhorias. É uma espécie de portfólio, em que o país fica à mostra e é testado, para se decidir se vale ou não o investimento.
Para entender melhor este processo, assista a uma propaganda da Copa, baseada no slogan “Brazil’s calling” (“O Brasil está chamando”): https://www.youtube.com/watch?v=ozetJCLjTZg
1- A partir de tudo que falamos até agora, faça uma crítica às imagens veiculadas pela propaganda.
Como se trata de uma propaganda, as imagens são bastante idealizadas.  O país é mostrado como um paraíso tropical, sem problemas sociais de tipo algum. Além disso, a maioria das pessoas que aparecem aqui são brancas e muito bem vestidas, o que não corresponde à realidade social do país. Como já acontecia na política da boa vizinhança (na década de 1940), é a face “natural” do país que é mais valorizada.
2- Esse conjunto de imagens pretende mostrar que face do país?
Há imagens de espetáculos de dança, o que remete a alguma produção cultural, mas o conjunto de imagens fortalece a visão do país como território natural, “virgem”, pronto a ser explorado.
PROCESSOS DE AVALIAÇÃO
Pelo que você pôde observar, a partir da reflexão sobre o vídeo, o país está sendo “vendido” como um produto em uma propaganda. É evidente que aqui estamos simplificando um processo que é muito mais complexo, mas podemos dizer que, em linhas gerais, é isto que acontece. Deste modo, mesmo antes dos megaeventos os países e cidades já estão em processo constante de avaliação. Se você pensou em prazos para obras e normas de segurança, acertou - porém tem mais. Um dos “testes” envolve justamente a forma como o país pretende lidar com questões sociais durante os jogos... Resolver? Senão, esconder ou mostrar? Este assunto está absolutamente ligado à nossa aula. Afinal, dependendo da decisão que for tomada para essas questões, a visão que os turistas, telespectadores e internautas do mundo todo terão do país será alterada.
Não é à toa que nos protestos de junho e julho de 2013, um dos gritos de ordem era: “Não vai ter Copa!”. Isto para indicar que o país, com inúmeros problemas sociais, estaria deixando-os de lado, para focar apenas na construção dos estádios e outros aparatos necessários aos jogos.Despejos de populações pobres e aldeias indígenas, demolições de favelas, além do aumento generalizado do custo de vida, formam o preço a se pagar por eventos deste porte.
Em nossa última aula, prometemos que aqui haveria espaço para abordar a Aldeia Maracanã, lembra-se? Você entenderá rapidamente do que se trata, ao analisar esta charge:
Interessante, não? O cartunista Carlos Latuff se mobilizou a favor dos índios da Aldeia, em oposição à política de despejos perpetrada pelo governador em nome das obras de infraestrutura e embelezamento do entorno do estádio do Maracanã. Desde que os conflitos começaram, houve várias propostas de rearranjo das obras, de modo a deixar a Aldeia onde estava. O governo foi impassível. Daí, o que você conclui? Qual o lugar dos índios e dos excluídos sociais como um todo nos grandes eventos que mobilizarão o país nos próximos anos?
Chegamos à nossa última aula deixando questões que atravessam o tempo. Afinal, já estamos discutindo a História de nosso país em 2016! Como bons estudantes de História, sabemos que muito do que foi dito aqui pode mudar, ter outro desfecho, enfim, surpreender. E este é um dos maiores fascínios causados pela História do presente (e um pouco do futuro, por que não?). Vimos em nossa aula que o governo Dilma, a partir de 2013, entrou em uma fase de queda de popularidade. Esta charge se refere a uma das causas deste fenômeno: a volta das privatizações. Observe a imagem e responda à questão:
1- O tucano é o símbolo de um partido político. Por que ele aparece na charge?  (Se for necessário, pesquise sobre os governos que antecederam o PT no poder).
O tucano é símbolo do PSDB, partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando as privatizações atingiram o auge. Por este motivo, o tucano diz que a ideia é sua.
2- Além do fato de permitir que voltem as privatizações, a Presidenta também é criticada pelo modo como o faz. Comente.
Além de privatizar, Dilma também estaria deixando que as vendas ficassem aquém do valor que as empresas têm.
3- Relacione a queda da popularidade da Presidenta ao contexto internacional.
Como vimos em nossa aula, as manifestações contra o governo Dilma atingiram a imagem do país no exterior. A maior fragilidade de sua gestão é não conseguir conciliar as pressões do FMI com políticas sociais minimamente efetivas, como nos governos Lula.
SOUSA, Rainer. A ditadura e os EUA. Disponível aqui. Acesso em 3 abr. 2014.
Assista ao filme Olhar estrangeiro (Lúcia Murat, 2006) e entenda como o cinema internacional construiu a imagem do Brasil.
Assista ao filme A doutrina de choque (Mat Whitecross e Michael Winterbottom, 2009) e saiba mais sobre a atuação do FMI no mundo.
Acesse a entrevista do jornalista Eugênio Bucci na íntegra. Disponível aqui. Acesso em 3 abr. 2014.

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