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O ENSINO RELIGOSO NAS ESCOLAS MENEGUETI LUCIA

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FACULDADE BIRIGUI
LUCIA ELENA FERREIRA
O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
BIRIGUI – SP
2017
FACULDADE BIRIGUI
LUCIA ELENA FERREIRA
O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Trabalho apresentado a disciplina de Direito Constitucional Contemporâneo, para obtenção de nota bimestral do 2º semestre de 2017.
Professor: Luciano Menegueti.
BIRIGUI – SP
2017
O ENSINO RELIGOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
 Sabe-se que em seção realizada no dia 27 de Setembro de 2017o STF não aceitou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4439, movida pela Procuradoria-Geral da União, que afirma que o ensino religioso em escolas públicas só pode ser de natureza não-confessional, ou seja, sem vinculação a uma religião específica, com proibição de admissão de professores na qualidade de representantes das confissões religiosas.
Votaram pelo ensino não-confessional o ministro e relator Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Marco Aurélio e Celso de Mello. A favor do ensino confessional, votaram a favor Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski e a presidente do STF, Carmen Lúcia.
Pelo ensino confessional de todo o Brasil poderão oferecer ensino religioso confessional aos alunos. Após meses de discussão, a decisão permite que o educador tenha a liberdade de promover suas crenças em uma aula de religião optativa aos estudantes.
As escolas públicas poderão oferecer a disciplina facultativa aos estudantes do ensino fundamental. A grande questão, porém, é a natureza deste ensino. Hoje, e com a decisão do STF, continua a critério da escola oferecer o ensino religioso confessional, com vinculação com religião, como católica, evangélica, entre outras, e não-confessional, sem vinculação direta com uma religião específica, votaram os ministros: Luis Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Marco Aurélio e Celso de Mello (BELLONI, 2017).
Por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as escolas públicas 
Entende-se que na visão da maioria dos magistrados, o educador tem a liberdade de promover suas crenças em sala de aula, ou seja, lecionar como representante de uma religião.
Foram seis votos a favor do ensino confessional, e cinco contra. O voto de minerva, como previam, foi da presidente do STF, Carmen Lúcia.
Antes de dar seu voto decisivo, Carmen Lúcia lembrou em seu discurso que não se discutia a possibilidade ou não de ter um ensino religioso e que a referência ao estado laico e separação entre estado e igreja não fez com a Constituição cuidasse da prestação da assistência religiosa e não proibisse a privação de direitos pela crença religiosa (BELLONI, 2017).
Assim, o STF não aceitou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4439, movida pela Procuradoria-Geral da União, que afirma que o ensino religioso em escolas públicas só pode ser de natureza não-confessional, ou seja, sem vinculação a uma religião específica, com proibição de admissão de professores na qualidade de representantes das confissões religiosas (BELLONI, 2017).
O STF analisou uma ação de inconstitucionalidade proposta pela Procuradoria-Geral da República contra o acordo entre o Brasil e o Vaticano e dispositivos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da Educação, que preveem o ensino religioso.
 O acordo com o Vaticano e o artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei 9394/96 afirmam que o ensino religioso:
Art. 33: O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997). 
A Procuradoria defendia que o ensino de religião nas escolas públicas deve contemplar informações sobre a história e doutrina das diferentes religiões, sem tomar partido entre uma delas.
 O ensino religioso é previsto na Constituição Federal de 1988, que diz que "o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental” (BRASIL, 1988).
Em longo voto o ministro Celso de Mello delineou seu pensamento no mesmo sentido, acompanhando integralmente o relator.
Para Celso de Mello (2017):
O ensino religioso nas escolas públicas não pode nem deve ser confessional (ou interconfessional), pois a não confessionalidade do ensino religioso na escola pública traduz consequência necessária do postulado, inscrito em nossa vigente Constituição, da laicidade do Estado republicano brasileiro.
Para Celso de Mello (2007) a fé é questão essencialmente privada no Estado laico:
A laicidade do Estado envolve a pretensão republicana de delimitar espaços próprios e inconfundíveis para o poder político e a fé. O Estado laico não pode nem pode ter preferência de ordem confessional e não pode portanto interferir na esfera das escolhas religiosas. O Estado não tem nem pode ter interesses confessionais.
Celso de Mello (2017) continua dizendo que:
	
Ninguém pode ser coagido a fazer parte de associação religiosa. Ninguém pode ser perguntado, indagado por qualquer autoridade acerca de suas convicções ou prática religiosa. Ninguém pode ser prejudicado por se recusar a responder. Ninguém pode ser obrigado a prestar juramento religioso. Nesta República laica o direito não se submete a religião.
 A ministra Rosa Weber afirmou que a interpretação sistemática e harmônica dos textos constitucionais suscitados na ADI leva ao endosso da tese de que o ensino religioso nas escolas públicas só pode ser o de natureza não confessional. Em seu entendimento, a disciplina não pode estar vinculada a qualquer crença ou religião, sob pena de comprometimento do princípio da laicidade, que professa a neutralidade do Estado quanto às diversas religiões de modo a proporcionar convivência pacífica entre os seguidores das diversas confissões e assegurar respeito aos indivíduos que optam por não professar religião alguma. 
Weber (2017) corrobora que:
Religião e fé dizem respeito ao domínio privado e não com o público. Neutro há de ser o Estado.
O ministro Luiz Fux também acompanhou o posicionamento do relator e defendeu a possiblidade exclusivamente não confessional do ensino religioso na rede pública. Ele pontuou inicialmente que o Brasil é uma nação pluriétnica e plurirreligiosa, regido pela laicidade do Estado, liberdade religiosa, igualdade e liberdade de expressão e de consciência. Frente a isso, indagou se é razoável a escola pública ser um espaço para se transmitir lições de fé a crianças e adolescentes.
Fux fez ressalvas, adicionalmente, quanto à hipótese de contratação de professores religiosos, o que iria de encontro ao princípio da isonomia, atingindo os professores laicos que se dedicaram ao estudo da religião. 
Observou ainda que o próprio texto do artigo 33 da LDB foi reformado para excluir a previsão do ensino confessional. 
A educação pública religiosa, universalista e não confessional é a única apta a promover gerações tolerantes que possam viver em harmonia com diferentes crenças na sociedade plural, ética e religiosa.
Em seu voto, oposto ao pedido da ação, o ministro Dias Toffoli garantiu que a própria Constituição autoriza que o ensino religioso seja confessional.
Dias Toffoli (2017) preceitua que:
Ocorreu, portanto, uma autorização expressa e consciente do constituinte de que o modelo de educação religiosa em sala de aula fosse sim o confessional.
O Estado brasileiro não é inimigo da fé. A separação entre Estado brasileiro e a igreja não é uma separação absoluta. A neutralidade diante das religiões encontra ressalvas.
Toffoli (2007) preconiza que:
A separação entre o Estado Brasileiro e a Igreja não é uma separação absoluta, afirmou ele, que lembrou a menção a Deus no preâmbulo da Constituição e outros dispositivos constitucionais que reconhecem benefíciosa instituições de confissão religiosa – entre eles, o que prevê a existência do ensino religioso nas escolas públicas.
O ensino pode, portanto, ser religioso na modalidade confessional, e a facultatividade existe exatamente para resguardar a individualidade da pessoa e sua liberdade de crença (TOFFOLI, 2017).
O relator da ação, o ministro Luís Roberto Barroso, entendeu que a disciplina não poderia ser vinculada a uma religião específica.
Para Barroso (2017):
Uma religião não pode pretender apropriar-se do espaço público para propagar a sua fé. Isso seria uma recaída no velho patrimonialismo brasileiro de apropriação privada do espaço público
 Para ele, a lei é clara ao proibir que a escola pública atue como aparelho ideológico ou agente fomentador de determinada confissão, pois deve o Estado observar a neutralidade em relação ao tema. A separação constitucional entre Estado e igreja tem como objetivo resguardar a liberdade religiosa e impedir que grupos fundamentalistas se apropriem do poder estatal (BARROSO, 2017).
 O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que professores de ensino religioso da rede pública sejam proibidos de promover suas crenças durante as aulas.
Em julgamento na Corte, ele votou pela adoção, nas escolas mantidas pelo governo, de um modelo “não-confessional” para o ensino religioso, que se limite à exposição das doutrinas, história, práticas e aspectos sociais das diferentes crenças, assim como do ateísmo e do agnosticismo (BARROSO, 2017).
Em seu voto, o ministro acolheu o pedido, mas não para proibir de forma taxativa, que sacerdotes deem aula de religião.
Conforme o voto, eles só poderiam lecionar a disciplina se admitidos em concurso, que não poderá exigir como requisito que sejam representantes de determinada religião.
No Brasil, a Constituição prevê o ensino religioso nas escolas públicas como disciplina do ensino fundamental (para alunos 9 aos 14 anos de idade), mas estabelece que é facultativa: o estudante pode se recusar a cursá-la, por vontade própria ou da família (RAMALHO, 2014).
Para garantir tal opção, Barroso também defendeu a proibição de matrículas automáticas nas escolas públicas no ensino religioso, e que a ausência do estudante nas aulas não implique prejuízo à frequência mínima exigida nem às notas para o aluno passar a uma série seguinte.
Para Barroso (2017).
Cada família e cada igreja podem expor seus dogmas e suas crenças para seus filhos e seus fiéis sem nenhum tipo de embaraço. Da mesma forma, as escolas privadas podem estar ligadas a qualquer confissão religiosa, o que igualmente é legítimo. Mas não a escola pública. A escola pública fala para o filho de todos, e não para os filhos dos católicos, dos judeus, dos protestantes. E ela fala para todos os fiéis, portanto, uma religião não pode pretender apropriar-se do espaço público para propagar a sua fé.
O ministro seguiu o entendimento da PGR. Para ele, somente o modelo não confessional é compatível com o princípio da laicidade estatal assegurado na Constituição Federal.
Barroso (2017) assevera que:
Nessa modalidade, a disciplina consiste na exposição neutra e objetiva da prática, história e dimensão social das diferentes religiões, incluindo posições não religiosas.
O relator defendeu que também deve ficar proibida a admissão de professores para dar aula como representante de algum credo.
Se um padre fizer um concurso, pode ser professor, mas não na qualidade de padre. O mesmo vale para pastor, rabino e todos os outros (BARROSO, 2017).
O magistrado relatou que hoje, no Brasil, estão presentes, em vários estados, as outras duas formas de ensino religioso, diferentes da defendida por ele. “No modelo confessional, uma ou mais confissões são objeto de promoção; no interconfessional, o ensino de valores e práticas religiosas se dá com base em elementos comuns entre credos dominantes na sociedade” (BARROSO, 2017).
Para assegurar a facultatividade da disciplina como impõe a lei, defendeu, impõe-se salvaguardas como impedir matrícula automática nas aulas de ensino religioso, Barroso (2017) leciona que:
 É preciso manifestação de vontade do aluno ou seu representante para que a matrícula seja efetivada. E quem optar por não ir às aulas deve ter assegurada outra atividade no mesmo horário.
Para que isso ocorra, o Ministério da Educação deve definir parâmetros curriculares nacionais para a disciplina, para que possa funcionar como orientação para os sistemas estaduais e municipais, além de garantir de fato a cláusula constitucional da facultatividade do ensino religioso (BARROSO, 2017).
No início do voto, Barroso ressaltou a importância da religião na sociedade. Ele lembrou diversos pensadores de séculos passados considerados referências até hoje que apostaram na diminuição da influência religiosa nas pessoas, o que não acontece na realidade atual (TEIXEIRA, 2017).
Para Barroso (2017):
A modernidade trouxe a laicidade do Estado e a separação entre ciência e fé e deslocou a religião para o espaço da vida privada. “A verdade, porém, é que mesmo depois de Copérnico, Galileu e Keller, com a teoria heliocêntrica do cosmos, de Darwin, com a origem das espécies e a seleção natural, e da revolução na física moderna, trazida pela teoria da relatividade, pela mecânica quântica e pela confirmação do bóson de Higgs — “a partícula de Deus” —, o sentimento de religiosidade não arrefeceu. O fato inelutável é que a ascensão das ciências e o avanço tecnológico não deram conta das demandas espirituais da condição humana.
O ministro Marco Aurélio acompanhou o relator, ministro Luís Roberto Barroso, pela procedência do pedido. 
 Segundo Marco Aurélio (2017) a laicidade estatal:
[...] não implica o menosprezo nem a marginalização da religião na vida da comunidade, mas, sim, afasta o dirigismo estatal no tocante à crença de cada qual. O Estado laico não incentiva o ceticismo, tampouco o aniquilamento da religião, limitando-se a viabilizar a convivência pacífica entre as diversas cosmovisões, inclusive aquelas que pressupõem a inexistência de algo além do plano físico.
Ressaltou, acrescentando que não cabe ao Estado incentivar o avanço de correntes religiosas específicas, mas, sim, assegurar campo saudável e desimpedido ao desenvolvimento das diversas cosmovisões (MARCO AURÉLIO, 2017).
Alexandre de Moraes divergiu. Ele entende que o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras deve ter natureza confessional, ou seja, vinculado às diversas religiões, devendo ser voluntária e expressa a vontade do aluno em se matricular na disciplina.
Moraes (2017) assegura que:
Uma das premissas básicas para a análise desse tema é entender a importância da interdependência e complementariedade das noções de Estado Laico e Liberdade de Crença e de Culto. Mas não nos enganemos. O campo de discussão da presente ação é mais amplo, pois alcança a própria Liberdade de expressão de pensamento sob a luz da tolerância e diversidade de opiniões.
Ressalte-se que não há, na presente ADI, possibilidade entre implementação ou não do ensino religioso, pois essa opção foi definida pelo legislador constituinte de 1988 (MORAES, 2017).
O ensino religioso previsto constitucionalmente é um direito subjetivo individual e não um dever imposto pelo Poder Público.
Verifica-se que a tensão existente entre Estado Laico e Confessional não se coloca na presente hipótese justamente porque é vedado ao Estado impor, optar ou ser conivente com uma única e determinada crença religiosa no ensino público em prejuízo de todas as demais (MORAES, 2017).
O Poder Público tem a obrigação constitucional de garantir a plena liberdade religiosa, mas em face de sua laicidade, não pode ser subserviente, ou mesmo conivente com qualquer dogma ou princípio religioso que possa colocar em risco sua própria laicidade ou a efetividade dos demais direitos fundamentais, entre eles, o princípio isonômico no tratamento de todas as crenças e de seus adeptos, bem como dos agnósticos e ateus (MORAES,2017).
 Fachin votou com Alexandre Moraes a favor do ensino confessional por entenderem que os estados podem estabelecer como será ministrada a matéria, e pelo fato de que a matéria seja facultativa, conforme determina a LDB.
O ensino de religiões específicas não afeta a concepção de estado neutro. Ou seja, o aluno tem o direito de se aprofundar no ensino de determinada religião (FACHIN, 2017).
Fachin (2017) preconiza que:
A separação entre igreja e estado não pode, portanto, implicar o isolamento daqueles que guardam uma religião à sua esfera privada. E aqui me parece algo essencial. O princípio da laicidade não se confunde com laicismo.
Um dos votos sobre o ensino religioso nas escolas chamou atenção no Supremo Tribunal Federal. Foi o do ministro Gilmar Mendes, que ironizou o Estado laico. “São Paulo passaria a chamar Paulo? Santa Catarina passaria a chamar Catarina? E o Espírito Santo? Poderia se pensar no espírito de porco”, disse o ministro. 
Mendes (2017) leciona que:
Entendo que a menção a ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas é obviamente apenas exemplificativa em razão do caráter especial da Santa Sé e está de acordo com o ordenamento jurídico pátrio. Não vislumbro, por conseguinte, nenhuma inconstitucionalidade dos dispositivos impugnados nessa ação direta de inconstitucionalidade, tampouco a necessidade de realizar essa sua interpretação conforme a Constituição.
Gilmar Mendes votou a favor do ensino confessional por entender que o modelo não é proibido pela Constituição, que apenas determina o oferecimento facultativo. Segundo ele, neutralidade não é o mesmo que indiferença, e a religião é importante para a formação da sociedade.
Mendes (2017):
Nem preciso dizer que a outra proposta retira o sentido da própria norma constante do texto constitucional. Ensino religioso passa a ser filosofia, passa a ser sociologia das religiões, deixa de representar o ensino religioso tal como está texto constitucional.
A ministra Carmen Lúcia argumentou que não via, nas leis brasileiras, autorização para o proselitismo e para o catequismo nas escolas. Ao mesmo tempo, disse também não ver proibição de que se ofereça ensino religioso orientado por princípios de uma denominação específica (COSTA, 2017).
Afirmou a ministra Carmen Lucia (20170 que:
 No entanto, que todos os ministros estão de acordo com a condição de Estado laico do Brasil, a liberdade de crença, a importância da tolerância, a pluralidade das ideias e a garantia da liberdade de expressão e manifestação.
O voto da presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, para quem “pode-se ter conteúdo confessional em matérias não obrigatórias nas escolas [públicas]”. Considerou não haver na autorização conflito com a laicidade do Estado, conforme preconiza a Constituição, uma vez que a disciplina deve ser ofertada em caráter estritamente facultativo.
Ricardo Lewandowski (2017) votou a favor do ensino confessional e preceitua que:
Saliento, por oportuno, que a inviabilidade de abrigar-se todas as igrejas e confissões em uma única escola não afasta a possibilidade de ministrar-se o ensino confessional ou interconfessional, já que tal dificuldade aplica-se igualmente ao ensino secular. À toda a evidência, jamais haverá condições fáticas para ofertar-se aos alunos o ensino de todas as religiões e disciplinas práticas ou teóricas que existem, uma vez que elas não constituem um numerus clausus (expressão do latim que significa “número fechado”).
Vale acrescentar, ainda, a bem do debate, que a Corte Europeia de Direitos Humanos já decidiu que a disponibilização do ensino de uma única religião ou o seu ensino de forma predominante, em se tratando da religião professada de forma majoritária num determinado país, não implica proselitismo religioso e não ofende nem o postulado da liberdade religiosa nem o princípio da igualdade. Isso porque, na maior parte dos países, existem religiões professadas de forma predominante – caso do catolicismo no Brasil – sendo natural, nessas situações, que o Estado, sem que imponha aos alunos a religião preponderante, conceda maior visibilidade ou espaço a tais confissões, inclusive, nas escolas públicas (LEWANDOWSKI, 2017).
Verifica-se que também para o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, o ensino de determinada religião ou crença é compatível com o direito internacional dos direitos humanos, desde que existam alternativas que acomodem os desejos e inclinações dos pais ou guardiões dos alunos e a possibilidade de dispensa de forma não discriminatória. Por outro lado, o mesmo Comitê já assentou que o ensino sobre as religiões, desde que ministrado de forma objetiva e neutra, pode perfeitamente constar da grade curricular (LEWANDOWSKI, 2017).
Para Lewandowski (2017):
Autorizar o ensino confessional e interconfessional nas escolas públicas, nos termos acima descritos, em nada ofende o dever de neutralidade do Estado, ainda que algumas confissões possam ser predominantes, porque um dos propósitos da educação é justamente fornecer aos alunos o conhecimento necessário à compreensão dos valores e do papel que a religião exerce no mundo. Por isso mesmo, abrir espaço para o ensino das confissões majoritárias em uma determinada sociedade não se mostra, segundo penso, incompatível com tal desiderato.
Verifica-se que por mais analítica que seja a nossa Constituição, neste tópico o texto magno foi adequadamente parcimonioso, pois o Ensino Religioso suscita graves e importantes discordâncias morais, todas igualmente justas e dignas de respeito, não existindo soluções fáceis para as questões levantadas pelo tema. No entanto, parece-me fora de dúvida que tal ensino foi autorizado pelos constituintes de 1988, que traçaram as balizas dentro das quais ele pode ser ministrado, de modo a harmonizar o princípio da laicidade do Estado com o postulado da liberdade de crença, por cuja prevalência tanto sangue a humanidade já derramou e ainda vem derramando (LITTIG, 2017).
Isso posto, e com o devido respeito pelas posições em contrário, concluo que o ensino confessional ou interconfessional nas escolas públicas, observadas as condições supra explicitadas, não apenas encontra guarida na Constituição, como também colabora para a construção de uma cultura de paz e tolerância e, mais, para um ambiente de respeito ao pluralismo democrático e à liberdade religiosa (LITTIG, 2017).
A operacionalização no ensino fundamental do ensino religioso se dará da seguinte forma:
Respeito a diversidade cultural;
Resguardo do principio da laicidade;
Não poderá ter o proselitismo como objetivo;
Deve ser ministrada de forma cuidadosa e respeitosa;
Não será atribuído aos alunos nessa disciplina faltas, notas e os mesmos poderão desligar-se a qualquer momento da matéria, pois esta é facultativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AGENCIA BRASIL. Supremo tem cinco votos a favor do ensino religioso confessional na rede pública. 2017. Disponível em: <http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/09/21/supremo-tem-cinco-votos-a-favor-do-ensino-religioso-confessional-na-rede-publica/>. Acesso em: 30 de Outubro de 2017.
BELLONI, Luiza. STF decide pelo ensino religioso confessional nas escolas públicas do País. 2017. Disponível em: <http://www.huffpostbrasil.com/2017/09/27/stf-decide-pelo-ensino-religioso-confessional-obrigatorio-nas-escolas-publicas-do-pais_a_23224556/>. Acesso em: 30 de Outubro de 2017. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação- Lei 9394/96. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11690993/artigo-33-da-lei-n-9394-de-20-de-dezembro-de-1996>. Acesso em: 30 de Outubro de 2017.
______. Constituição Federal de 1988. In: Vade Mecum. 21 ed. São Paulo: Saraiva. 2016.
LITTIG, Eliane. É correto ter ensino de religião específica nas escolas públicas? 2017. Disponível em: <http://www.gazetaonline.com.br/opiniao/artigos/2017/09/-correto-ter-ensino-de-religiao-especifica-nas-escolas-publicas-1014101768.html>. Acesso em: 30 de Outubro de 2017.
MORES, Alexandrede. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.439 DISTRITO FEDERAL. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2017/08/ASSIM-VOTA-ALEXANDRE.pdf>. Acesso em: 30 de Outubro de 2016.
NOTÍCIAS STF. STF conclui julgamento sobre ensino religioso nas escolas públicas. 2017. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=357099>. Acesso em: 30 de Outubro de 2017.
RAMALHO, Renan. STF: ensino religioso em escola pública não pode promover crença, diz relator em voto. G1. Brasília. 2017. Disponível em: < https://g1.globo.com/educacao/noticia/stf-ensino-religioso-em-escola-publica-nao-pode-promover-crenca-diz-voto-de-relator.ghtml>. Acesso em: 30 de Outubro de 2017.
TEIXEIRA, Matheus. Aula de ensino religioso na rede pública deve ser facultativa, defende Barroso. 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-ago-30/ensino-religioso-rede-publica-facultativo-defende-barroso>. Acesso em: 30 de outubro de 2017.

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