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Conclusão do Artigo Valdir 2

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4. CONCLUSÃO
As análises produzidas neste artigo, revelam um breve apanhado de discursos que constroem a memória da justiça infanto juvenil brasileira. Dentro dessa perspectiva, discorremos algumas narrativas a respeito da imputabilidade, da inimputabilidade e a da maioridade penal. Para tal, procuramos descortinar, desconstruir e ratificar muitas abordagens sobre as leis penais no Brasil. Esse retrospecto se fez necessário, porque propiciou o entendimento, de como foi determinada a maioridade penal para 18 anos de idade em nosso país. Ou seja, a grande relevância do tema se dá, quando nos permite conhecer o passado, para posteriormente compreender o presente; os fenômenos, os problemas ou ainda conflitos sociais que desembocam para o campo da ciência do Direito, que nós estudantes nos propomos em desvendar. 
Neste sentido, constatamos que desde a Idade Antiga (a.C) até o século XIX, não existia competência jurídica organizada para atender as crianças e jovens que cometiam crimes como existe atualmente. Por conta disso, o Estado criminalizava os excluídos e pobres que estavam situados à margem da sociedade, bem como, produzia todo o tipo de violência, barbáries e encarceramentos em manicômios, asilos e prisões. Muitos países, assim como o Brasil praticavam a vingança a qualquer custo a essa população, que tinha seus direitos desconhecidos. Qualquer desvio de comportamento, que não condissesse com a realidade social era criminalizado, consequentemente, muitas crianças e adolescentes eram condenados à morte pela via de uma cidadania às avessas, eram severamente punidas e até mortas.
Dessa maneira, averiguamos que estudar a história da maioridade penal na Europa e no Brasil permite conhecer uma política criminal com derramamento de muito sangue, bem como, a consolidação do poder punitivo e do controle social dos países que compõem a Europa e todas as suas colônias. Constatamos que o discurso da medicina no século XIX por exemplo, dá autonomia ao discurso jurídico, criando um conhecimento que deduzia a seletividade das crianças e jovens encarcerados a uma causalidade determinista, ou seja, patológica e biológica dos criminosos. Isso quer dizer, que o meio torna o homem criminoso, que ser pobre é um fator preponderante a marginalidade. Essa teoria advém do “Determinismo de Charles Darwin”, que embasava teoricamente os juristas a aplicar as penalidades por meio da teoria do discernimento.
Assim, entendemos que por muitos séculos, essa visão seletiva, determinista e diferenciada do sistema penal junto às crianças e adolescentes infratores, vêm de muito tempo e perdura até hoje. A diferenciação no tratamento dado aos jovens pobres e aos jovens ricos é algo recorrente. Os pobres não tinham aceitação social e eram considerados perigosos; uma ameaça a ordem social imposta pelo Estado. Deste modo, as crianças e jovens que cometiam delitos em geral, eram relacionados às famílias “desestruturadas”, às “atitudes suspeitas”, ao “meio ambiente pernicioso à uma formação moral”, à “ociosidade”, à “falta de submissão junto ao controle social do Estado”, “`a marginalidade”, “que não coadunam com os preceitos da igreja e do poder político e econômico” e “eram considerados até loucos ou desajustados, que tinham ou não discernimento mental”.
Quando o Brasil começa a caminhar rumo a modernidade, passa a investir no sistema penal, primeiramente seguiu o modelo das leis lusitanas por meio do Código Criminal de 1830, porque ainda era colônia de Portugal. Depois, foram criadas inúmeras outras Leis Penais, o Código Penal Republicano em 1890, o Código de Menores em 1926, o Código Penal de 1940 e o Código criado em plena ditadura militar em 1969.
Com isso, concentrou-se uma organização jurídica como forma de controle social, no entanto, os argumentos que compunham tais leis ainda consolidavam uma política permanente de genocídio e violação dos direitos humanos junto as crianças e jovens negros, índios, camponeses, migrantes e pobres considerados indesejáveis por uma sociedade que até hoje assim os considera e os exclui.
Mas, em 1988 criou-se a Constituição Brasileira, considerada Carta Magna, da qual perdura até os dias atuais, sofrendo apenas modificações ou emendas constitucionais que visam atender o contexto da sociedade vigente. Logo em seguida, em 1990 foi instituída a Lei nº 8.8069 conhecida como “O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA”, essa por sua vez, materializa o que já está determinado na Carta Magna, os direitos da população infanto juvenil e os deveres do Estado e da rede de proteção à infância e juventude no Brasil.
No que tange a nossa pesquisa, ficou evidenciado que a questão da maioridade penal atribuída para 18 anos, é uma cláusula pétrea, ou seja algo consolidado, amparado no discurso jurídico presente nas leis brasileiras. Como foi visto, o Brasil é signatário de convenções internacionais de proteção à infância e adolescência que estabeleceram muitos parâmetros para a imputação penal para crianças e jovens. Compreendemos que todos os juristas devem respeitar obrigatoriamente o referencial de 18 anos na aplicabilidade da pena aos maiores dessa idade, e aos menores uma medida sócio educativa, se assim não o fizerem estarão violando um território sagrado do campo do Direito que está contido na República brasileira.
Quando o Brasil regido por leis, decide assumir o compromisso de cumprir a idade da maioridade penal, concretiza as conquistas que se levaram séculos para se construir. Um exemplo dessas conquistas trata-se do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que representa uma ruptura com o histórico circo de horrores que era o sistema de atendimento jurídico à infância e juventude, como foi amplamente discutido nesse artigo. Após o surgimento da Constituição de 1988 e do ECA se abre precedentes para uma nova conjuntura de que as crianças e adolescentes merecem atenção diferenciada pelo ordenamento jurídico. 
Este artigo objetivou apresentar toda a trajetória histórica da criação dos inúmeros códigos penais no Brasil, não nos coube apenas listar tais leis, mas apresentar uma reflexão sobre algumas discussões sobre “qual é a idade, e sob quais circunstâncias, pode-se atribuir a alguém plena responsabilidade sobre seus atos, ao cometer um delito e/ou crime?” como foi exposto muitos teóricos alimentam hipóteses acerca da fronteira entre o biológico (científico) e o jurídico, mas atualmente os juristas seguem o pensamento científico, porque a lei da maioridade penal aos 18 anos, dá garantias que um indivíduo só responde por seus atos, se tiver maturidade biológica e mental para cometer atos ilícitos. 
Foi apurado também que no Brasil, o menor de 18 anos não comete um crime, mas sim uma infração. Ele recebe uma medida ”socioeducativa”, não uma pena. Ele não é privado de sua liberdade, mas internado ou tutelado pelo Estado. Também para o maior de 18 anos a prisão não é instrumento de punição, mas de reeducação e reintegração social. Isso mostra que a linha divisória entre o educativo e o judiciário, entre crianças e adultos, entre os imputáveis e os inimputáveis. Ou seja, constatou-se que imputáveis são os que recebem pena por terem 18 anos ou mais, os considerados indivíduos adultos; já os inimputáveis são os menores de 18 anos, nesse caso as crianças e adolescentes. 
Assim, constatamos que os teóricos que abordam o tema da maioridade penal brasileira discutem que um indivíduo de 18 anos ou mais tem autonomia no cometimento de um crime e/ou delito, em oposição aos menores de 18 anos que não tem autonomia, poder de decisão ou ainda discernimento, portanto são tutelados pela família e pelo Estado brasileiro. Compreendemos que essa questão da autonomia relaciona-se as questões morais e cognitivas que estão relacionadas e justificam a adoção da lei da maioridade penal. Dessa forma, o referencial a idade é o fator determinante para os juristas entenderem porque o sujeito cometeu o crime, o modo como ele se colocou diante de seu ato e define a diferença de seu destino na aplicabilidade da penaou da medida sócio educativa, bem como o tipo de tratamento médico ou psicológico que receberá.
Após este breve percurso que fizemos pela maioridade penal brasileira, bem como sobre os conceitos de imputabilidade e inimputabilidade, concluímos que é preciso investigar cada um dos ângulos, ou seja, analisar os inúmeros discursos para depois definir o conhecimento científico sobre a posição sócia histórica dos sujeitos que cometem crimes. As narrativas que foram estudadas explicam e articulam com a compreensão da historicidade da maioridade penal no Brasil e no mundo; de que a idade é um fator de relevância a ser observado, aliada a esse fator estão as condições sociais, psicológicas, econômicas do indivíduo autor de crime, que compõe a complexa sociedade contemporânea.

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