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Conjuntura Econômica e Mercado Macroeconomia Apostila Profa. Karina Lima Oliveira CONTEÚDO PARTE I Estudo Introdutório da Macroeconomia Contabilidade Nacional PARTE II A Moeda e o Crédito O Banco Central Inflação PARTE I 1 ESTUDO INTRODUTÓRIO DA MACROECONOMIA Macroeconomia: Estudo do comportamento da Economia como um todo, ou seja, estuda o que determina e o que modifica o comportamento de variáveis agregadas, tais como, a produção total de bens e serviços, as taxas de inflação e de desemprego, o volume total de poupança, as despesas totais de consumo, de investimentos, de governo etc. A Macroeconomia pode também ser definida como o estudo das variáveis econômicas agregadas, como a produção total de uma economia (produto agregado), ou o preço médio de todos os bens e serviços (nível de preço agregado). 1.1 ANTECEDENTES Antiguidade Grega Idéias econômicas fragmentadas em estudos filosóficos e políticos. Mas sem representatividade Antiguidade Romana: Economia de troca mais intensa. Mas a preocupação limitava-se à política Idade Média Entre os séculos XI e XV surge o comércio regional e inter-regional. Porém de caráter prático, não subordinado à filosofia ou à política 2 Mercantilismo (1450-1750): Esta corrente de pensamento defendia a administração pública, na qual os governantes deveriam usar seus instrumentos para acumular a riqueza de uma nação, preocupando-se com a acumulação de metais preciosos. Este foi um período marcado por transformações intelectuais, religiosas, no padrão de vida das pessoas, mudanças políticas e geográficas. 1.2 O SURGIMENTO DA MACROECONOMIA ENQUANTO CIÊNCIA: EVOLUÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL Fisiocracia: Doutrina de Ordem Natural (1760-1780) Toda riqueza provém da terra, a indústria apenas diversifica o produto e o comércio distribui. Corrente Contrária ao intervencionismo mercantilista. Escola Clássica: (Fins do Século XVIII e início do século XIX) A Escola Clássica de teoria econômica começou em 1776 com a publicação do grande trabalho de Adam Smith, A Riqueza das Nações. A obra enfatiza a terra, o trabalho e o capital como os três fatores de produção e maior contribuição para a riqueza de uma nação. Principais autores: Adam Smith Thomas Malthus David Ricardo John Stuart Mill Jean Baptist Say A Escola Clássica de teoria econômica começou em 1776 com a publicação do grande trabalho de Adam Smith, A Riqueza das Nações. A obra enfatiza a terra, o trabalho e o capital como os três fatores de produção e maior contribuição para a riqueza de uma nação. De acordo com Smith, o ideal é uma economia auto-reguladora do mercado que automaticamente satisfaça as necessidades econômicas da população. Descreveu o mecanismo de mercado como uma mão invisível que leva a um somatório de ações individuais bem sucedidas beneficiando a sociedade com um todo. Smith incorporou algumas idéias dos Fisiocratas dentro de suas próprias teorias econômicas incluindo o laissez-faire, mas rejeitou a idéia de que apenas a agricultura era produtiva. A base do pensamento da Escola Clássica é o liberalismo econômico, que ao contestar a regulamentação comercial do sistema mercantilista, acreditava que a concorrência produz como resultado o desenvolvimento econômico, que por sua vez é utilizado por toda a sociedade. Deve-se ressaltar que a teoria clássica surgiu do estudo dos meios de manter a ordem econômica através do liberalismo e da interpretação das inovações tecnológicas provenientes da Revolução Industrial. 3 Escola Neoclássica: (1870-1929) De acordo com Teoria Neoclássica, o homem adota decisões racionais e, portanto, equilibraria seus ganhos e seus gastos. É nela que se dá a consolidação do pensamento liberal. Segundo esta corrente, o ideal é a adoção de sistemas econômicos competitivos, que tenderiam automaticamente para o equilíbrio, a um nível pleno de emprego dos fatores de produção. Fatores de produção: mão-de-obra, terra, capital. Defende que as economias de mercado têm a capacidade de sem a interferência do governo, utilizar de maneira eficiente todos os recursos disponíveis, ou seja, produzir com pleno emprego. A ação do Governo deveria se restringir à oferta dos chamados bens públicos: segurança, educação, saúde, entre outros. Formalização dos modelos econômicos, através da matemática. Principal precursor: Alfred Marshall. Principais Escolas Escola de Viena - teoria do valor, baseada na utilidade. Escola de Lausanne ou Escola Matemática - Teoria do Equilíbrio Geral. Enfatizava a interdependência de todos os preços do sistema econômico para manter o equilíbrio. Escola de Cambridge A Teoria do Equilíbrio Parcial - a economia seria uma ciência do comportamento humano e não da riqueza (comportamento do consumidor e do produtor). Escola Neoclássica Sueca. - responsável pela tentativa da integrar a análise monetária à análise real, o que posteriormente foi realizado por Keynes. Teoria Keynesiana: (década de 1930) Surge na figura de John Maynard Keynes: considerado o precursor da Teoria Macroeconômica. A obra de destaque e abertura foi a “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. De acordo com essa Teoria as economias capitalistas não tinham a capacidade de promoverem automaticamente o pleno emprego, abrindo espaço para ação do governo e de seus instrumentos de política econômica. A discussão ganha maiores proporções durante a Crise de 1929, causada principalmente pelo aumento da produção norte-americana, não sendo esta acompanhada pelo aumento dos salários; a expansão da mecanização industrial, gerando aumento nas taxas de desemprego; e a recuperação das Economias Européias após a 1.a Guerra, fazendo com que os EUA perdessem mercado consumidor. Ocorre então o fenômeno da Crise de superprodução, ou seja, uma contínua produção, gerada pela euforia norte-americana associada à falta de consumidores. Os agricultores tomavam empréstimos para armazenar a produção, perdendo as terras. As indústrias diminuíram a produção, demitindo os funcionários, agravando mais ainda a crise. Os preços das ações na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas/ financeiros, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego. 4 Foram adotadas as seguintes medidas: Redução da compra de produtos estrangeiros e suspensão de empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Para solucionar a crise, o presidente Roosevelt, modifica a política de intervenção americana: Forte intervenção do Estado na Economia com a realização de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego, assistência aos trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Analisando a crise e as teorias clássica e neoclássica, a teoria keynesiana defende o pleno emprego, em uma economia capitalista, não é uma situação permanente ou única de equilíbrio. O desemprego involuntário pode ser uma condição persistente, que se estenda ao longo do tempo, o que o caracterizaria como sendo de equilíbrio, sendo causa endógena da economia, justificando ações governamentais que façam a economia retornar ao equilíbrio. As situações de pleno emprego ou de desemprego involuntário de trabalho e de capital físico (capacidade ociosa) são geradas, na visão keynesiana, pelo comportamento da demanda efetiva, que é afetada, na tomada de decisões(baseadas em expectativas), pela existência de incerteza intrínseca a uma economia monetária da produção, na qual a moeda tem papel determinante. A moeda passa a ser mais do que um instrumento de intermediação de trocas, que não afetava significativamente outras variáveis econômicas, como a taxa de juros e o nível de emprego. É também reserva de valor, mantida não só para fins transacionais, atendendo as oportunidades de especulação. Políticas Econômicas Políticas fiscais – gasto público e impostos. Política monetária – taxa de juros e volume de crédito. De forma resumida: Clássicos/ neoclássicos x Keynes Economia Clássica: para os clássicos, a economia de mercado era auto-regulável e tendia quase que automaticamente ao pleno emprego. O desemprego era sempre de caráter transitório, explicável pelas flutuações naturais no ciclo de negócios que caracteriza a economia capitalista. A livre competição contribui no direcionamento do pleno emprego; Se os bens não são vendidos, seus preços caem até que sejam comprados; Os desempregados, oferecendo sua força de trabalho por salários mais baixos, encontrarão empregos; As firmas ao pagarem menores salários, obteriam maiores lucros, podendo assim, contratar mais trabalhadores, conduzindo a economia ao pleno emprego; A tendência natural seria a economia operar à pleno emprego; Toda a renda do trabalhador é gasta em bens e serviços; Se houver poupança, esta objetiva um maior consumo futuro; 5 Lei de Say: a produção que cria a oferta gera renda, criando, então, uma demanda equivalente. E sendo toda a renda gasta, a oferta e demanda são iguais (equilíbrio). Crise 1929: A crise na economia mundial disseminada pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, provoca uma depressão, inflação e quedas significativas dos salários mínimos dos países desenvolvidos (EUA e países europeus). Teoria Keynesiana: Em 1936, Keynes (Precursor da Macroeconomia) publicou seu livro “Teoria Geral do Emprego, Juros e da Moeda”, que provocou uma revolução na teoria econômica predominante até então. Keynes procurou mostrar que o equilíbrio da economia numa situação de pleno emprego era apenas uma das situações possíveis e que, na realidade, provavelmente o equilíbrio se daria numa situação em que houvesse desemprego no mercado de trabalho; Keynes defende a existência de equilíbrio, mesmo em situações de desemprego; O capitalismo por si só não tem a capacidade de garantir o pleno emprego, necessitando de intervenção governamental; Os preços não são flexíveis, como defende a Escola Clássica. Um exemplo disso seria ação dos sindicatos sobre a determinação dos salários; O nível de produto e de emprego é determinado pela demanda agregada (demanda dos consumidores, das firmas, dos governos e demandas estrangeiras); Quando há insuficiência de demanda não há pleno emprego, e o governo deve intervir através de políticas fiscal, monetária, cambial e de comércio internacional; Síntese Neoclássica Previsões acerca do comportamento das variáveis agregadas até 1960. Dicotomia: comportamento da economia no pleno emprego e abaixo do pleno emprego. Curva de Phillips: Trade-off: inflação X desemprego Quanto maior o desemprego, menor seria a taxa de inflação. Versão Aceleracionista (após década de 1960) Aceleração da inflação, para manter a economia próxima ao pleno emprego, esperando que os trabalhadores demorassem um pouco para perceber. 1.3 INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL Política Fiscal: Ação do governo em relação aos seus próprios gastos e receitas: o Para estimular o crescimento e o emprego o Governo deve gastar mais, ou reduzir a carga de impostos; 6 o Para reduzir a inflação, o governo deve gastar menos, ou aumentar a carga tributária, inibindo o consumo ou a demanda. Política Monetária: Controle da oferta de moeda e da taxa de juros, assegurando assim, a liquidez do sistema econômico. Controle da emissão de moeda, abertura do mercado, controle seletivo de crédito. É desenhada, no Brasil, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e executada pelo Banco Central (BACEN). o Para promover o crescimento, o governo deve aumentar o estoque monetário; o Para conter a inflação: deve diminuir o estoque monetário (oferta de moeda). Política Cambial: administração das taxas de câmbio nas transações econômicas com o exterior – valorização/ desvalorização da moeda do país. As transações internacionais são influenciadas pelos preços internacionais. Os dois preços internacionais mais importantes são: - Taxa de câmbio Nominal: é a taxa pela qual se pode trocar a moeda de um país pela de outro país. - Taxa de Câmbio Real: é a taxa à qual se pode trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país, ou seja, compara os preços domésticos com os internacionais. Tipos de Câmbio a) Fixo: definido pela compra e venda de moeda estrangeira pelo Banco Central b) Flutuante: Definido pelo mercado c) Mini bandas cambiais: flutuante: dentro dos limites estabelecidos pelo banco central. Política Comercial Internacional: Estímulo ou contenção do comércio exterior. Pode ser: o Fiscal - Tarifas sobre importação; o Quantitativas - definição de cotas de importação. 1.4 INTRODUZINDO A MACREOECONOMIA Agentes Econômicos: Famílias, Consumidores Consumo (C) e Poupança (S) Empresas/ Firmas Investimento (I) Governo Gastos (G) e Impostos (T) Resto do Mundo Exportações (X), Importações (M) e Balanço de Pagamentos (BP) Áreas de Interesse da Macroeconomia: Produto/ Rendimento – PIB Emprego/ Desemprego Preços/ Inflação 7 Horizonte Temporal: Curto Prazo: Trata dos chamados Ciclos Econômicos: flutuações de emprego/ desemprego; inflação/ deflação (expansão e recessão); Longo Prazo: Crescimento Econômico: países ricos versus países pobres; condições de vida; distribuição de renda; desigualdades. 2 AGREGADOS MACROECONÔMICOS: CONTABILIDADE SOCIAL E BALANÇO DE PAGAMENTOS CONTABILIDADE NACIONAL OU CONTABILIDADE SOCIAL Conceito: estudo da mensuração da atividade econômica. Seu objetivo é observar o desempenho macroscópico da economia em determinado período de tempo. Ou seja, quanto ela produz, consome e investe. Como os fatores de produção são mensurados. Conceitos Preliminares: Produto Nacional Bruto (PNB): É o valor dos bens e serviços finais produzidos por fatores de produção de propriedade de agentes econômicos residentes no país, não importando se esses fatores estão localizados dentro ou fora do país em questão. Produto Interno Bruto (PIB): É o valor dos bens e serviços finais produzidos por fatores de produção localizados dentro das fronteiras geográficas do país, não importando assim a propriedade dos referidos fatores, se de residentes ou de não residentes no país. Pode ser conceituado também como a soma dos bens e serviços finais produzidos em uma economia, em um determinado período. Deve-se enfatizar que nessa conta entram apenas os bens e serviços finais produzidos na economia, pois do contrário haveria dupla contagem. A medida do produto agregado das contas nacionais é o chamado Produto Interno Bruto (PIB). Existem três óticas de concepção do PIB de uma economia. Vejamos cada um deles: I Produto Agregado: O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos na economia durante determinado período de tempo, geralmente o ano civil. Outra forma de contabilizar o produto se dá por meio do chamadoValor Adicionado, definido, como o valor que foi, em cada etapa produtiva, acrescido ao valor dos bens intermediários, mas sem incorrer em dupla contagem. Exemplo 1: Produção de automóveis Valor do Automóvel: R$ 32.000,00 Valor do Aço (intermediário): R$ 26.000,00 Na contabilização do PIB entra apenas R$ 32.000,00, sendo que o valor do aço já está embutido à produção do carro. Assim temos mais dois conceitos: Valor Adicionado (VA): Corresponde ao valor da produção do bem final. Valor Bruto da Produção: (VBP): é a soma do valor de cada um dos bens da economia, apresentando o problema da dupla contagem. 8 Produto Agregado = VA = VBP – consumo de bens e serviços intermediários II Despesa Agregada (DA): Aquisição ou consumo de bens e produtos finais produzidos na economia, em um determinado período, sendo tal aquisição realizada pelas famílias, empresas, governos. Despesa Agregada = Consumo DA = C III Renda Agregada (Y): Representa a remuneração dos fatores de produção da economia (salários, juros, lucros e aluguéis). Salários: remuneração do fator trabalho; Juros: remuneração do capital monetário; Lucros: remuneração dos riscos incorridos pelo empresário; Aluguéis: Remuneração pelo capital físico do proprietário. Renda Agregada = Salários + Juros + Lucros + Aluguéis Os conceitos de Produto, Despesa e Renda são equivalentes. Esta equivalência pode ser explicada pelo Fluxo Circular de Renda, que consiste na interação das famílias e das empresas no mercado de fatores e de produtos. As famílias vendem para as firmas os fatores de produção e são remuneradas em forma de salários, juros, aluguéis. As empresas vendem os bens ou produtos para os consumidores e recebem sua remuneração, dessa forma denominamos esse processo como fluxo circular da renda. Figura 1 – Produção, Renda e Demanda por bens. PRODUTO RENDA DEMANDA (Despesa) 9 Figura 2 – Fluxo da Atividade Econômica Figura 3 – Fluxo Circular de Renda Fonte: Manual de Macroeconomia – USP, 2000. DECOMPOSIÇÃO DO PIB Firmas Famílias Compra de Bens e serviços Despesa Agregada = Consumo Oferta de bens e serviços Produto Agregado Serviços dos Fatores de Produção Trabalho, Terra e Capital. Renda Agregada = Remuneração dos Fatores de produção (Aluguéis, Lucros, juros e salários). Famílias Firmas Pagamentos por bens e serviços Despesa Nacional Fluxo Real de fatores: Trabalho, Terra e Capital. Fluxo Real de bens e serviços: Produto Nacional Renda Nacional: Pagamentos pelos salários, juros, aluguéis e lucro 10 A) Considerando uma economia fechada e sem governo, ou seja, sem os setores externo e público. Consumo (C): Bens e serviços comprados pelos consumidores. Variam de alimentos, passando por passagens aéreas, até a compra de um novo carro. O principal determinante do consumo é a chamada renda disponível. Assim o consumo é função da renda: C = C(Yd) Yd = Renda Disponível Investimento (I): aquisição de bens de produção ou bens de capital, cujo objetivo é aumentar a capacidade produtiva, ou seja, a oferta de produtos no período seguinte. Os bens de produção são: máquinas e equipamentos, edifícios e a acumulação de estoques. Poupança Agregada (S): Parcela da renda (agregada) não consumida pelas famílias em um dado período de tempo. Materializa-se na aquisição de títulos financeiros. As empresas ao emitirem estes títulos tomam empréstimos no sistema financeiro. Relações obtidas: Y = C + S DA = C + I Sendo: Y = Renda Agregada DA = Despesa Agregada C = Consumo global da economia I – Investimento S = Poupança Global da economia Como Y = DA C + S = C + I S = I Ao se considerar os investimentos surgem outros conceitos: Depreciação: parcela dos bens de capital consumida a cada período de tempo Investimento Bruto (IB) Investimento Líquido (IL) IL = IB - depreciação Ou ainda: Produto Bruto (PB): inclui a depreciação Produto Líquido (PL) PL = PB - Depreciação B) Incluindo o setor público (governo): Governo: entende-se as funções de administração direta, judiciário, legislativo, segurança nacional, entre outros, todos dependendo do orçamento público. Outra função é exercida pelas empresas estatais q oferecem bens e serviços no mercado, cobrando um preço ou tarifa. Bens públicos: aqueles que não podem ser oferecidos mecanismos de mercado: justiça, segurança nacional. Estes precisam ser financiados, através dos impostos, que podem ser de duas categorias: 11 Impostos diretos: Incidem diretamente sobre a renda ou propriedade: IPTU, IR, Imposto Territorial Rural; Impostos indiretos: Incidem sobre a venda de bens e serviços. ICMS, IPI. Com a inclusão do governo: Y = C + S + T Sendo: T = Impostos DA = C + I + G G = Gastos do Governo DA = Y C + S + T = C + I + G S + T = I + G S – I = T – G Sendo G > T – Déficit orçamentário G < T - Superávit orçamentário Em geral, quando G > T, S > I, ou seja, excesso de poupança do setor privado para financiar o governo. Outros Conceitos Produto a custo de fatores (Pcf): sem impostos Produto a preço de Mercado (Pcm): com impostos Ppm = Pcf + impostos indiretos – subsídios Impostos indiretos: fazem com que os preços de mercado sejam maiores que os preços a custo de produção. Os subsídios algumas vezes são concedidos pelo Governo para diminuir os custos de produção. C) Resto do Mundo – Economia aberta ao setor externo. O resto do mundo são todos os agentes (famílias, empresas e governos de outros países), também chamados de não-residentes que transacional com os residentes. Tais transações são divididas: Exportações (X) – venda de parte de nossa produção ao exterior Importações (M) – aquisição de produção realizada em outros países Renda Líquida enviada ao exterior (RLEE): diferença entre o q é pago por fatores de produção externos utilizados internamente e o que é recebido do exterior por fatores de produção nacionais empregados em outros países. Entra no Balanço de Serviços de Pagamentos, como veremos mais adiante. RLEE = RE – RR RE = Renda enviada 12 RR = Renda recebida Se RLEE > 0 – o país envia mais renda do que recebe. Se RLEE < 0 – o país recebe mais renda do que envia. A inserção do Resto do Mundo traz algumas alterações nas identidades macroeconômicas vistas até agora. Oferta agregada global é a produção interna (Y) mais importações (M). A demanda agregada global passa agora a incluir as exportações (X). Y + M = C + I + G + X Sendo: Y + M = Oferta agregada global C + I + G + X – M = demanda agregada global Y = C + I + G + X – M X – M também é chamado de gastos líquidos do setor externo, ou transferências líquidas de recursos ao exterior. Com a introdução do setor externo, ou do Resto do Mundo, passamos a ter as seguintes identidades: Ótica da Renda: Y = C + S+ T Ótica da despesa: DA = C + I + G + X - M Sendo renda igual à despesa: S + T + M = I + G + X (X – M) = (T – G) + (S – I) Obs.: no caso de superávit das exportações sobre as importações (X > M), deve também ocorrer superávit ou no setor privado (S – I) > 0, ou no Governo (T – G) > 0, ou nos dois. Outras identidades: Produto interno(PI): Produção cuja renda é gerada dentro dos limites do território do país: Produto Nacional (PN): produção cuja renda é de propriedade dos residentes do país, mesmo q esta renda tenha sido gerada em outro país. O produto nacional representa a diferença entre o Produto Interno e a Renda Líquida Enviada ao Exterior: PN = PI - RLEE Outros produtos: 13 • PIBpm = PIB a preço de mercado • PIBcf = PIB a custo de fatores • PILcf = Produto Interno Líquido a custo de fatores: PIBcf – depreciação • PNBpm = Produto Nacional Bruto a preço de mercado: PIBpm – RLEE PIB per-capita: É o PIB de um determinado país dividido pela sua população total. É uma medida do nível de bem- estar econômico de um país, pois informa qual seria a renda de cada habitante do país se o PIB fosse igualmente distribuído entre todos os habitantes. Via de regra, quanto maior o PIB per capita, maior é o nível de bem-estar econômico de um determinado país. Deficiência de contabilização do PIB: O PIB não mede adequadamente desenvolvimento, qualidade do meio-ambiente, lazer, existência de trabalho voluntário que contribua para o bem-estar da sociedade, educação familiar, etc. PIB Real X PIB Nominal: • Quando o PIB está crescendo duas coisas podem estar ocorrendo: a economia pode estar produzindo mais bens e serviços ou os preços podem estar subindo; • Por conta disto, os economistas usam o conceito de PIB real, isto é, o valor dos bens e serviços produzidos neste ano se nos fixássemos os preços de algum ano específico no passado. O PIB real é, portanto, o valor, a preços constantes (preços em um “ano base”), de todos os bens e serviços produzidos por uma economia em um ano. O PIB nominal é o valor destes mesmos bens e serviços medidos a preços correntes. • O PIB real é uma medida melhor do que o nominal para medir a satisfação das pessoas; • Quando falamos em crescimento, utilizamos a variação percentual do PIB real em relação a um determinado período; • Deflator do PIB: Mede o nível corrente dos preços em relação aos mesmos num ano base. Ou seja, quanto do crescimento do PIB se deve à variação nos preços. Deflator = (PIB nominal/PIB real) x 100 Como o que observamos é o Produto Nominal, para retirar os efeitos da inflação, usamos os chamados índices de preços para proceder ao deflacionamento, ou seja, retirar os efeitos da inflação sobre a evolução do produto. O índice utilizado é o deflator implícito do PIB, abordado anteriormente. Produto Real = (Produto Nominal/ deflator) x 100 14 BALANÇO DE PAGAMENTOS O Balanço de Pagamentos (BP): É a representação das negociações de um país com o resto do mundo. Representa o resumo contábil das transações econômicas que um país faz com outros países, durante certo período de tempo. No caso do Brasil, o BP é elaborado pelo Banco Central com base nos registros das transações efetuadas entre residentes no país e residentes em outras nações. De forma generalizada pode-se considerar que toda entrada de divisas, representam créditos, e as saídas, débitos: Créditos Débitos • Exportações de bens e serviços; • Recebimento de doações e indenizações de estrangeiros; • Recebimento de empréstimos de estrangeiros; • Recebimento de reembolso de capital estrangeiro. • Importações de bens e serviços; • Pagamentos de doações e indenizações de estrangeiros; • Pagamentos de empréstimos de estrangeiros; • Reembolso de capital estrangeiro; • Compras de ativos estrangeiros; • Pagamentos de fretes. A utilização do balanço de pagamentos pode ser através de transações internacionais de duas espécies: Transações Autônomas: realizadas de forma espontâneas, ou por si mesmas. Motivadas pelos interesses dos agentes econômicos. Transações Compensatórias: destinadas a financiar o saldo final das transações autônomas. Estrutura do Balanço de Pagamentos: A- BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES. A1-Balança comercial. A.1.1-Exportações FOB A.1.2-Importações FOB A2-Balança de serviços. A.2.1-Transportes e seguros. A.2.2-Viagens internacionais e turismo. A.2.3-Rendas de capital (lucros/juros). A.2.4-Diversos. A.3-transferências Unilaterais. B- BALANÇO DE MOVIMENTO DE CAPITAIS. B1 - Investimentos. B2 - Reinvestimentos. B3 - Empréstimos e financiamentos a médio e longo-prazo. B4 - Empréstimos e financiamentos a curto- prazo. B5 - Amortizações. B6- Capitais a curto- prazo. 15 C- ERROS E OMISSÕES. D- TRANSAÇOES COMPENSATÓRIAS. D1- Variação de reservas. D2 - Operações de regularização. D3 - Atrasados comerciais. (A+B+C) = D. A BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES (TC) Resumo da diferença entre o total das Exportações e das Importações das mercadorias físicas; dos serviços, e das transferências unilaterais (doações). Se esta balança for superavitária, implica que o país pode usar estes recursos, na diminuição da dívida externa, na realização de investimentos no exterior, e na ampliação de reservas. Se por outro lado, for deficitária, significa que esta economia necessita contrair empréstimos no exterior; atrair investimentos estrangeiros no país e diminuir as reservas monetárias da nação. O saldo da Balança de Transações Correntes é também chamada de: Poupança Externa do país. Poupança Externa Positiva Déficit nas transações correntes (saída > entrada) Poupança Externa Negativa Superávit nas transações correntes (entrada > saída) A.1 Balança comercial (BC): Inclui basicamente as exportações e as importações de produtos. Se Exportações > Importações = Superávit na BC Se Exportações < Importações = Déficit na BC Aqui são apenas consideradas: A.1.1-Exportações FOB – Free on Board A.1.2-Importações FOB – Free on Board Ou seja, as despesas incorporadas ao preço das mercadorias são as contabilizadas até o embarque – não entram as despesas com fretes, e seguros de transporte (CIF – Cost, insurance and freight), pois estas fazem parte da Balança de Serviços, a seguir: Os principais dete5rminantes da BC são: Nível de renda da economia e do resto do mundo: maior renda implica em maior demanda por produtos estrangeiros; Taxa de câmbio: moeda mais desvalorizada, produtos internos mais competitivos. Termos de troca: quanto mais caros os produtos exportados, maior o saldo da BC. A.2 Balança de serviços (BS): Representa as negociações ou transações internacionais dos chamados bens intangíveis e a remuneração dos investimentos. Possui as seguintes subcontas: A.2.1-Transportes e seguros: receitas e despesas com fretes e seguros. 16 A.2.2-Viagens internacionais e turismo: saldo das despesas e receitas realizadas pelos turistas. A.2.3-Rendas de capital (lucros/juros): Juros pagos ou recebidos ao exterior, devido a realização e/ou concessão de empréstimos e financiamentos. Também são incluídos os lucros enviados por empresas nacionais no exterior (crédito), e os lucros remetidos por empresas estrangeiras que operam em uma nação aos seus países de origem (débito). A.2.4-Diversos: saldo de diversas transações, tais como, recebimentos e pagamentos de royalties. A.3 Transferências Unilaterais: Pagamentos ou transferência de recursos, sem contrapartida, de um país a outro. B MOVIMENTO DE CAPITAIS (MK): Agrega as contas q representam modificações nos direitos e deveres dos residentes de um país para com os não-residentes. B.1 Investimentos: Capital de não-residentes de umpaís, aplicados no país, e/ ou capital de residentes aplicados no exterior. Esses investimentos podem ser diretos ou de carteira. B.2 Reinvestimento: Investimento de lucros de empresas estrangeiras já instaladas no país. B.3 Empréstimos e Financiamentos: A longo e médio prazo (entre 5 a 10 anos). B.4 Empréstimos a curto prazo: Registra os empréstimos recebidos do exterior e concedidos para outros países. Estes são para empresas, governos, ou mesmo, indivíduos. Englobam também financiamentos concedidos na cobertura de importação e concedidos no caso de exportações. Em geral, os empréstimos de curto prazo têm prazo de menos de 01 ano. B.5 Amortizações: Pagamento do principal da dívida, referentes a empréstimos e financiamentos. Podem ser realizados por residentes ao exterior, ou por não-residentes ao país. B.6 Capitais a curto prazo: refere-se aos capitais especulativos, aplicados no mercado financeiro, e caracterizados pela alta volatilidade. C Erros e Omissões Surgem a partir de equívocos existentes no registro das operações de um país com o exterior. Tais equívocos ocorrem por serem inúmeras contas, apenas estimadas, impedindo uma perfeita equivalência entre os débitos e os créditos. Resultado do Balanço de Pagamentos: A + B + C D Transações Compensatórias ou Financiamento Oficial Compensatório Corresponde ao valor igual a (A + B + C), porém com sinal negativo, na conta de transações compensatórias, no sentido de equalizar os débitos e os créditos. 17 D.1 Variação de reservas: Refere-se à variação de haveres em moeda estrangeira e ouro possuídas em reserva pelo país. D.2 Operações de regularização: Operações realizadas com instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em situações deficitárias do BP, recorre-se a empréstimos estrangeiros para cobrir este déficit. D.3 Atrasados Comerciais: Não pagamento de um compromisso no prazo acordado. 3.4 OUTRAS IDENTIDADES MACROECONÔMICAS EM ECONOMIAS ABERTAS Com a introdução do Balanço de Pagamentos (BP): a) PIB = C + I + G + X – M b) PNB = PIB – RLEE Sendo: PNB = Produto Nacional Bruto PIB = Produto Interno Bruto RLEE = Renda Líquida Enviada ao Exterior c) Incorporando a renda (poupança e pagamento de impostos): C + S + T + M = C + I + G + M S + T + M = I + G + M Onde: S = Poupança do setor privado T = Arrecadação de impostos (S – I) + (T – G) = (X – M – RLEE) Quando (X – M – RLEE) > 0, pode-se afirmar que este país é exportador de capital, ou seja, transfere a poupança interna ao exterior. Quando (X – M – RLEE) < 0, pode-se afirmar que este país é importador de capital, ou seja, recebe a poupança interna de outros países. Assim: S + (T – G) + (M + RLEE – X) = I Sendo: S = Poupança Interna (T – G) = Poupança do Governo (M + RLEE – X) = Poupança Externa S + (T – G) + (M + RLEE – X) = Poupança Global Poupança Global = Investimento Global 18 Saldo do Balanço de Pagamentos: BP = TC + MK TC = Transações Correntes MK = Movimento de Capitais Por definição: BP = 0 MK é dividido em capitais autônomos (MKa) e capitais compensatórios (MKc). Então: BP = TC + MKa + MKc Também, por definição: TC = - MK TC = - (Mka – MKc) TC + Mka = -MKc Se TC + Mka > 0 Há acúmulo de reservas Se TC + Mka < 0 Haverá perda de reservas. A contabilidade Nacional permite a agregação e mensuração das atividades econômicas, mas não explica quais as variáveis as determinam. A partir da utilização dos modelos, passa-se de fato à Teoria, sendo que estes diferenciados pelas visões de curto e longo prazo, no que se referem aos comportamentos de preços e salários. Oferta Agregada: Corresponde a quanto as empresas, em conjunto, estão dispostas a oferecer (produzir) de “produto” a cada nível de preços. Demanda Agregada: Corresponde a quanto os agentes estão dispostos a adquirir de produto a cada nível de preços. 19 PARTE II MOEDA E CRÉDITO O sistema monetário Representado pelo conjunto de moedas legais em circulação. Moeda A principal função da moeda é a mensuração (ato ou efeito de medir) do valor das mercadorias. Hoje em dia, incluem-se no seu conceito todos os instrumentos de crédito utilizáveis pelo sistema econômico: os depósitos, títulos de créditos, cartões de crédito e fundos do tesouro. O conceito A palavra "Moeda" vem do latim => moneta. A palavra "Dinheiro" vem do latim => denarius, tem sua origem em uma moeda romana. Funções da Moeda Moeda como meio de troca: Intermediação das trocas Moeda como unidade de conta: fornece um padrão para que as mercadorias e serviços expressem seus valores Moeda como Reserva de Valor: Separação temporal entre os atos de compra e venda. Permite a “promessa” futura de consumo e de pagamento. Evolução das Formas de Moeda: Escambo Moeda Metálica Papel-Moeda: com e sem lastro Moeda Fiduciária Moeda Escritural 20 1.1 OFERTA DE MOEDA O processo de desenvolvimento do sistema bancário e a crescente aceitação de suas moedas mostrou que os bancos não precisariam manter em reservas a totalidade dos recursos que lhes eram confiados, uma vez que a probabilidade de saque simultâneo de todos os depósitos é muito pequena. Transfere-se o poder de compra do depositante ao tomador de empréstimo, sem que o titular do depósito perca o direito de sacar seus recursos sempre que desejar. Nesse processo, os bancos comerciais criam moeda ou meios de pagamentos, uma vez que a mesma unidade monetária que possui liquidez para o depositante é transferida ao recebedor de empréstimo (mutuário que utiliza seu poder de compra). Meios de Pagamento: Quantidade de Moeda 1. Papel-moeda emitido pelos bancos 2. Papel moeda nas mãos do público: (moeda manual) 3. Depósitos Mecanismo Multiplicador de Meios de Pagamento: Os bancos comerciais compartilhando com as autoridades monetárias o poder de criação da moeda. O desenvolvimento do sistema financeiro tem permitido a ampliação da liquidez dos ativos, dando origem a outras formas de meios de pagamentos (ou quase-moedas) Formas de Oferta de Moeda: M1 = Papel moeda em poder do público + depósitos à vista; M2 = M1 + Títulos públicos em poder do setor privado; M3 = M2 + DEPÓSITOS DE POUPANÇA M4 = M3 + depósitos a prazo e outros títulos privados A Contabilização dos M1, M2, M3 e M4 devem evitar a dupla contagem. Assim, No M1 deve ser considerado apenas a moeda manual e os depósitos à vista, e não a moeda sob a guarda do sistema financeiro. Ao considerar o M2 deve-se desconsiderar os títulos públicos mantidos pelo BACEN, ou nos Bancos comerciais. No M3, deve-se desconsiderar as poupanças mantidas pelos próprios bancos. 21 O Sistema Financeiro divide-se em: Sistema Bancário ou Monetário: poder de criara moeda, seja pela emissão, seja pelo multiplicação de depósitos. Sistema Não-Monetário: apenas realiza a intermediação de recursos. O Sistema não-monetário inclui: Instituições do sistema de poupança e empréstimo integrantes do SFH (Sistema Financeiro de Habitação); Sociedades de crédito e financiamento Bancos de investimento; Bancos estaduais de desenvolvimento e o BNDES; Instituições ligadas ao mercado de capitais Identidades: Papel moeda e circulação = Papel moeda emitido– Caixa das Autoridades Monetárias. Papel moeda em poder do público = papel moeda emitido – caixa dos bancos comerciais O Sistema Monetário do Brasil Até 1986, o Banco do Brasil, junto com o BACEN fazia parte das Autoridades Monetárias. O Sistema Monetário do Brasil Os bancos comerciais possuem em seu passivo (fonte de recursos): Recursos próprios (patrimônio líquido); Depósitos à vista e à prazo captados junto ao público; Os empréstimos obtidos do exterior; Recursos do BACEN (operações de redesconto, assistência à liquidez); Repasses do BNDES, Caixa Econômica, BNB. As reservas formadas pelos Bancos são de três tipos: Moeda Corrente guardada pelos bancos: Encaixes do Sistema Bancário; Reservas voluntárias do BACEN: atender excesso de pagamentos frente a recebimentos na compensação de cheques; 22 Reservas compulsórias ou obrigações (legais): recolhidas junto ao Banco Central como proporção dos depósitos à vista, são utilizadas, entre outras coisas, para garantir-se uma segurança mínima ao sistema bancário 1.2 BANCO CENTRAL Funções do Banco Central 1. Banco dos bancos; 2. Depositários de reservas internacionais do país; 3. Banqueiro do governo (tesouro nacional); 4. Emissor de papel-moeda (política monetária) Balancete do Banco Central: ATIVO Sistema Monetário: Oferta de Moeda PASSIVO Reservas Internacionais Empréstimos ao Tesouro Empréstimos a outros órgãos Redescontos Títulos públicos federais Caixa Empréstimo ao setor privado Imobilizado Outras aplicações Papel moeda emitido Depósitos do Tesouro Nacional Depósitos dos bancos comerciais (voluntários e compulsórios) Empréstimos Externos Recursos Especiais Outras Exigibilidades Recursos Próprios Deve-se ressaltar a Conta “Passivo” do Banco Central. Esta divide-se em: Passivo Monetário do Banco Central: papel moeda em poder do público + reservas dos bancos comerciais = Base Monetária Passivo Não-Monetário: Demais itens do Banco Central Fatores de Expansão e Contração da Base Monetária As variações na Base monetária são dadas pela diferença entre as variações do ativo e do passivo não monetário do Bacen. Expansão: 23 Um aumento do ativo não compensado por uma elevação do passivo não-monetário das autoridades monetárias ampliará a base monetária; Uma queda no passivo não-monetário não acompanhado por redução do ativo, também aumentará a base monetária. Contração Diminuição das reservas internacionais; Venda de títulos públicos; Recebimento de empréstimos concedidos ao tesouro, etc. Balancete dos Bancos Comerciais ATIVO PASSIVO Encaixes Caixa Depósitos no Bacen Voluntários Compulsórios Empréstimos aos setores público e privado Títulos Públicos e Privados Imobilizado Outras aplicações Depósitos à vista Depósitos à Prazo Redesconto e outros recursos do BACEN Empréstimos Externos Outras exigibilidades Recursos próprios (patrimônio líquido) Instrumentos de Controle Monetário Utilizado pelo Banco Central: 1. As reservas compulsórias; 2. As políticas de redesconto; 3. As operações de open-market 1. As reservas compulsórias: afetam o tamanho do multiplicador dos meios de pagamentos, ao determinar qual a massa de recursos ficará disponível para os bancos comerciais emprestarem 2. A política de redesconto: a variável importante é a taxa de juros cobrada pelo Banco Central em seus empréstimos aos Bancos Comerciais, ou seja, a taxa de juros de redesconto. São duas as operações de redesconto no Brasil: redescontos de liquidez ou especiais. 24 Os especiais são refinanciamentos de operações específicas, previstas por lei como financiamentos de produtos agrícolas, à exportação de manufaturados, etc. O Redesconto de empréstimo de liquidez trata-se de uma operação eventual, para cobrir o caixa de bancos com problemas momentâneos de liquidez. Exemplo: caso um banco se programe para um volume de saque líquido de R$ 1.000.000,00 na compensação de um determinado dia, e, na verdade ele foi superior a esta quantia, para que as operações deste banco sejam honradas, o Bacen empresta o valor necessário a este banco, cobrando uma taxa de juros superior à taxa média cobrada no mercado financeiro 3. Operações de Open-Market: Principal instrumento utilizado pelo Brasil desde 1960. Esta operação se dá através da compra e venda de títulos públicos. Quando o BACEN tem por objetivo contrair a Base Monetária, vende parcela dos títulos públicos. Quando o objetivo é ampliar a base, o Governo compra títulos, ampliando sua carteira e monetizando a economia. Sobre Inflação: Alta Generalizada dos Preços Em épocas de elevadas taxas de inflação, as Autoridades Monetárias diminuem o grau de Monetização da economia, pois a coletividade, para defender-se, procura aplicar recursos que rendam juros, retendo menos moeda e depósitos à vista. Quando a inflação diminui, ocorre o contrário, havendo uma Remonetização da economia. DEMANDA POR MOEDA Razões que levam a coletividade, ou os agentes econômicos a optarem por reter moeda. Motivo Transação: moeda vista basicamente como meio de troca; Motivo Portfólio: Considera-se a moeda como um ativo financeiro. Motivo Transação: moeda vista basicamente como meio de troca. “Quanto maior o volume de trocas, maior a necessidade de moedas. A demanda de moeda varia positivamente com o nível de renda” O Motivo-Transação divide-se em: Demanda de moeda por transação propriamente dita; Demanda de moeda por precaução: gastos não previstos. Motivo Portfólio ou Motivo Especulação: Considera-se a moeda como um ativo financeiro 25 “A característica da moeda como um ativo financeiro, é que ela não rende juros (não rende juros reais – associado ao poder de compra), apenas apresenta liquidez absoluta. A taxa de juros pode ser vista como um custo de oportunidade: preço que se paga pela retenção de moeda”. (Vasconcelos, 2006) Demanda por encaixes reais A preocupação dos indivíduos é com o poder de compra da moeda, e não com o seu valor nominal. Supõe-se que os indivíduos não sofrem de ilusão monetária, ou seja, se apenas o nível de preços da economia se alterar, o comportamento dos agentes permanecerá inalterado. Inicialmente a demanda por moeda pode ser considerada como: (M/ P)d = f (y, r) Sendo, (M/ P)d = Demanda por encaixes reais Sendo, M = quantidade nominal de moeda P = nível geral de preços Y = nível geral de renda R = taxa real de juros INFLAÇÃO Inflação: aumento no nível geral de preços. Causas para inflação: Excesso de gasto (Inflação de Demanda). Ocorre quando consumidores e empresários aumentam gastos rapidamente, provavelmente com base em crédito, sem que haja quantidade suficiente de bens e serviços disponível. Os compradores passam a competir pela oferta, que é escassa. Aumento de salários mais rápido do que da produtividade. Fica mais caro para a empresa produzir cada unidade e, ainda que o aumento seja justo, ela pode querer repassá-lo aos preços para não perder lucro. Isso pode ser mais fácil se não houver concorrentes. Aumento dos lucros. Se a concorrência diminuir na economia, empresas podem aumentar os preços sem perder clientes Aumento nos preços das matérias-primas, especialmente quando elas são muito usadas como insumos, comoé o caso do petróleo. Como as causas, em geral, são mundiais, é muito difícil que um país consiga contornar esse tipo de inflação individualmente. 26 Inércia. Em uma economia já tomada pela inflação ela pode se alimentar. É o que ocorre quando cada um tenta se proteger dela: trabalhadores exigem aumento salarial, empresas tentam garantir o lucro, etc. Mecanismo de Transmissão: forma pela qual a oferta de moeda afeta o nível de preços 1. Aumento na oferta de moeda; 2. Ampliação da demanda por bens; 3. Oferta não correspondente: excesso de demanda por bens; 4. Aumento dos preços para restaurar o equilíbrio do mercado de bens. Taxa de Juros e Demanda por moeda Outra variável que afeta a demanda por moeda: Taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor a demanda por moeda. Taxa de Juros Nominal: O indivíduo ganha em termos de moeda, um aumento percentual sobre o rendimento aplicado. Taxa de Juros Real: Retorno em termos de poder de compra de uma aplicação. Corresponde à diferença entre a taxa nominal de juros e a variação do poder aquisitivo da moeda ao longo do período, isto é, à taxa de inflação: r = i – π Sendo: r = Taxa de juros real i = Taxa de juros nominal Π = Taxa de inflação r = i – π r – (- π) = i - Over Selic: É a média das taxas das operações diárias do mercado com títulos públicos federais; - CDI Over: Taxa de juro diário que é a média das taxas cobradas nos empréstimos entre os próprios bancos; - TBF (Taxa Básica Financeira): Seu cálculo é baseado na amostra das taxas cobradas pelas 30 maiores instituições financeiras por volume de captação de depósitos; - TR (Taxa Referencial): Taxa calculada pelo Banco Central com base nas taxas de juros praticados pelo mercado bancário, como os que são pagas nos CDB; - TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo): Taxa criada para as operações de longo prazo do BNDES. Seu cálculo é feito com base na expectativa de inflação e na média ponderada dos títulos da dívida externa e interna. 27 O CRÉDITO A partir de 2000 a política monetária empreendida pelo Banco Central do Brasil (Bacen) expandiu a oferta de crédito na economia brasileira. Até 2000 o crédito apresentava pouca participação no PIB nacional. A relação que era de 28% crédito/PIB no início de 2000 passou para 47% crédito/PIB no final de 2009. Historicamente a população brasileira não está acostumada a uma política efetiva de crédito. No entanto com a estabilização da economia, acompanhada de políticas como a redução das taxas de juros, a entrada de novas instituições de crédito internacionais, e com o alongamento da dívida pública dentre outras razões possibilitaram uma política de crédito mais agressiva na economia brasileira. No entanto, a crise americana (2008-2009) precipitou uma política monetária de uma maior liquidez na economia brasileira. Uma política de crédito de médio prazo apenas sustenta-se pelo lado da oferta. A demanda é induzida pelo crédito às famílias, caracterizado pelo consumo, como um movimento de curto prazo. A oferta por outro lado é induzida pelo crédito às empresas, caracterizada pelo investimento, tendo efeito em médio e longo prazo. Uma política de crédito só é sustentável quando o incremento da demanda é compatível com o incremento da oferta. Quando a demanda está sendo estimulada de forma mais intensa do que a oferta, espera-se inflação. Tais eventos inflacionários geralmente são tratados via aumento da taxa Selic, além de aumento nas alíquotas dos depósitos compulsórios pelo Banco Central. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia: Teoria e política econômica. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1999. 623 p. DATHEIN, Ricardo. Uma introdução à teoria monetarista. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/decon/publionline/textosprofessores/ricardo/012002.doc>. Acesso em: 10 jun. 2009. 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