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CASE PAN AMERICADO

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13/11/2010 às 18:16
E o Baú está vazio . . .
Quem quer dinheiro agora...
 
Senor Abravanel, que anos depois seria conhecido como Silvio Santos, nasceu no bairro carioca da Lapa em 1930. Seus pais, Alberto e Rebecca Abravanel, eram imigrantes: ele da Grécia e ela da Turquia. Primogênito dos seis filhos do casal, Senor foi ainda jovem para São Paulo, onde exerceu diversas profissões, inclusive a de camelô. Assim, conheceu cedo a difícil vida nas ruas da capital paulista. Naquela época, assumiu o nome de Silvio Santos e, duramente, de degrau em degrau, ergueu um conglomerado, tido como um dos mais poderosos do país. Depois de descobrir os meios de comunicação, Silvio Santos passou a ser um apresentador de sucesso e encontrou o caminho mais rápido para erigir uma fortuna: tornou-se dono da rede de televisão SBT e até mesmo do Banco PanAmericano.
O destino, que foi tão generoso com ele, também montou um percalço em seu caminho: o Grupo Silvio Santos ficou na alça de tiro depois que se descobriu uma gigantesca fraude em seus negócios, que poderá implodir o império construído. O que vem se constatando, dia após dia, é que o Banco PanAmericano, o braço financeiro do Grupo Silvio Santos, já vinha, nos últimos quatro anos, como apurou o Banco Central (BC), lançando mão de fraudes contábeis. O painel de alarme foi acionando quando uma auditoria do BC verificou que a Caixa Econômica Federal, por exemplo, lançou um bote salva-vidas para o empresário, comprando 49% do capital do Banco PanAmericano, no final do ano passado, ignorando que a performance financeira da instituição era uma maquiagem.
Antes da divulgação do escândalo, porém, já causavam estranheza ao mercado financeiro as auditorias realizadas pelo governo no Banco PanAmericano. Levou algum tempo para se constatar que algo de errado existia no império de Silvio Santos, que já afundava como o Titanic quando se apurou o rombo em seu casco: uma dívida monumental de R$ 2,5 bilhões. Ou seja, em uma situação semelhante, qualquer grupo empresarial não teria outra alternativa imediata a não ser o naufrágio, a bancarrota. A gravidade só veio à tona depois que se constatou, há um mês, que os executivos do banco simplesmente fraudavam os balanços contábeis do grupo.
Na quarta-feira passada, um importante funcionário do BC, Alvir Hoffman, diretor de fiscalização da autoridade monetária, admitiu que o Grupo Silvio Santos lançou mão de recursos ilegais para contabilizar, em seu balanço, carteiras de crédito que já tinham vencido no mercado. O mais grave ainda é que a instituição também tinha vendido as mesmas carteiras para clientes diferentes, caracterizando, dessa forma, duplicidade.
Uma das joias do reino empresarial de Silvio Santos, o Banco PanAmericano, estava atolada no lamaçal do mercado financeiro, disfarçando resultados, como, por exemplo, operações de vendas para outros bancos, inclusive de carteiras de crédito consignado e de financiamento de veículos. Em meio às apurações, os auditores constataram um detalhe impressionante: os executivos do grupo simplesmente não deram baixas dessas operações no balanço, cujos resultados, muitas vezes deficitários, foram contabilizados como lucros. Dessa forma, o artifício servia para aumentar os bônus por seu desempenho pagos aos gestores do grupo.
O emaranhado chegou a ponto de burlar a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que só depois se inteirou que o banco simplesmente estava “empurrando o lixo para debaixo do tapete”. A CVM sintetizou tudo, apontando que “inconsistências contábeis não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade”. Quando as fraudes foram descobertas, o prejuízo já estava contabilizado em R$ 1,6 bilhão. O socorro imediato, então, seria a intervenção do BC.
Para salvar a instituição, foram colocadas duas alternativas: um empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) destinado à holding do Grupo Silvio Santos e para a Silvio Santos Participações, cujo braço principal é o próprio empresário. O que causou surpresa em todo esse processo foi a onipresença de Silvio Santos, que participou das negociações no BC e no FGC, além de ter circulado, há dois meses, pelo Palácio do Planalto. Para salvar seu banco e já assumindo o compromisso de sanar a crise, o empresário deu como garantia o patrimônio de suas empresas, entre as quais o próprio Banco PanAmericano, o Baú da Felicidade, a Liderança Capitalização e a Jequiti.
Enquanto a crise do Banco PanAmericano estava cada vez mais efervescente no Brasil, principalmente em Brasília e São Paulo, lá de Maputo, em Moçambique, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se apressava em esclarecer que o empresário Silvio Santos não tinha lhe pedido auxílio, embora o Banco PanAmericano, na terça-feira, tenha recebido um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do FGC, formado por contribuições dos próprios bancos.
Sobre a visita de Silvio Santos ao Palácio do Planalto em setembro, Lula explicou que o empresário fora visitá-lo com o propósito de lhe pedir uma doação de R$ 12 mil para o Teleton, destinada para entidades assistenciais. Porém, o presidente negou com ênfase que, no encontro, o empresário tenha falado a ele sobre as dificuldades que o seu banco enfrentava: “Não, porque não é um assunto do presidente da República. O presidente da República não empresa dinheiro, não faz negócio com banco e não fiscaliza banco. Isso é coisa do Banco Central”.
Como desgraça pouca é bobagem, na quinta-feira aumentava a movimentação de investidores para vender as ações da instituição, que lideraram as perdas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Em situações como essa, o maior receio dos investidores é a possibilidade de uma quebra. Tudo porque os papéis do Banco PanAmericano despencaram na sessão da quarta-feira, o que acarretou reações do mercado financeiro quanto ao resgate à instituição feito pelo seu principal acionista, o Grupo Silvio Santos. A consequência é que o Banco PanAmericano saiu fragilizado, com uma perda de R$ 689 milhões em seu valor de mercado. O termômetro, ainda na quarta-feira, demonstrava que o volume de negócios com ações do banco atingiu o recorde de R$ 162,9 milhões. A queda das ações continuava, aumentando a crise.
Na quinta-feira, Silvio Santos demonstrava, aparentemente, que a sua rotina continuava normal, apesar de seu envolvimento no escândalo de R$ 2,5 bilhões e nas ações para cobrir a fraude em seu banco. Assessores do empresário se empenhavam em esclarecer que ele estaria negociando a sua emissora com o empresário Eike Batista. Na gravação de seu programa, Silvio Santos exibia o mesmo bom humor diante do auditório, que se comportava como se nada, absolutamente nada, estivesse acontecendo em ameaça ao seu império.
No mesmo dia, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmava que a solução encontrada para resolver os problemas no Banco PanAmericano não contou com um centavo sequer do dinheiro público. Sua maior preocupação era afastar o risco de uma crise sistêmica decorrente do episódio. Para isso, ele argumentou que “foi solucionado o problema sem uso do dinheiro público, porque o BC agiu em tempo e na hora”. Em seguida, ele acrescentou: “[O problema] não causa prejuízos a outras instituições financeiras, no sentido de que não causa crise sistêmica e não causa prejuízo à nação”. Analistas acreditam que, por trás das declarações de Meirelles, havia a intenção inconfessável de distinguir este caso do episódio do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o governo tucano foi acusado de socorrer bancos privados com recursos públicos. Meirelles parecia também estar mais plugado com a China, uma vez que afirmou que o país está tomando medidas para moderar a expansão econômica e evitar pressões nas formações de preços, como quem diz que, por aqui, tudo estaria bem.
Mesmo assim, ele tratou de esclarecer que as fraudes no balanço do Banco PanAmericano foram detectadas pelo BC, negando que tivesse demoradoa constatar os problemas na instituição: “É raro uma situação em que o BC examina o problema a tempo dos problemas serem resolvidos, em que há um aporte do controlador nos parâmetros da lei e um suporte do Fundo Garantidor de Crédito. É uma situação que não causa prejuízo aos acionistas minoritários, aos depositantes, a outras instituições e não causa prejuízo aos cofres da União”.
Meirelles até lembrou que problemas registrados em bancos de outros países nos últimos anos só foram resolvidos com dinheiro público: “Se nós olharmos os Estados Unidos, a Europa e a Ásia, sempre tivemos uma situação de grande perda do poder público ou dos depositantes. Neste nosso caso, o controlador ficou com o prejuízo e o Fundo Garantidor de Crédito cumpriu a sua missão”.
A causa do desastre financeiro foi por falta de eficiência dos donos do conglomerado empresarial, que negligenciaram o que seus diretores estavam fazendo. Homem de confiança de Silvio Santos, Luiz Sandoval, presidente da holding do grupo, admitiu publicamente que simplesmente não sabia da fraude. “Não acuso ninguém, mas também não deixarei de investigar até o fim”. Ou seja, essa providência deveria ter sido tomada antes que um terremoto financeiro chegasse ao Banco PanAmericano. Iniciativa que, necessariamente, deveria ter sido sua, pelo fato de ter obtido tanta confiança do apresentador e empresário.
Sandoval insiste que não sabia das irregularidades, mas admite uma inconsistência contábil. Em uma entrevista exclusiva ao jornal “O Estado de S. Paulo”, ele reconhece ainda que o banco poderá ser vendido: “Se houver uma proposta interessante... Na verdade, o PanAmericano, como quase todos os nossos ativos, não é intocável. O próprio Silvio [Santos] diz que não se sente um banqueiro. Ele nunca foi à sede do banco, na [avenida] Paulista. O único negócio que ele não admite vender é o SBT”, afirmou Sandoval.
Ou seja, Silvio Santos negligenciou seus negócios, enquanto se divertia no programa de auditório, distribuindo dinheiro, longe de saber que a caixa estava esvaziando.
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