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UNIPAM – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS Curso de Graduação em Engenharia Civil Tecnologia de Materiais de Construção I Profª. Sheilla Pereira Vieira sheilapv@unipam.edu.br Carga horária total: 40 Aglomerantes: Cimento Portland Histórico internacional • 1824: Joseph Aspdin registra a Patente do Cimento Portland • Similar a rocha calcária da ilha de Portland, na Inglaterra calcário + argila (calcinados) • Cimento Portland • É um pó fino com propriedades aglomerantes ou ligantes, que endurece sob a ação da água. Por isso o cimento é chamado aglomerante hidráulico. • Em contato com a água hidrata-se e promove a formação de microestrutura de cristais complexos, resistentes à esforços mecânicos e à ação da água. As matérias-primas empregadas na fabricação do cimento Portland são o calcário, a argila e o gesso. • Calcário (~80%) – rico em carbonato de cálcio (CaCO3), extraído da natureza: CaO (C) + CO2 • Argila (~20%) – fornece a sílica, a alumina e o óxido de ferro: SiO2 (S) Al2O3 (A) Fe2O3 (F) • Gesso (~3%) – ou gipsita, é um mineral à base de sulfato de cálcio hidratado, encontrado na natureza. É o gesso que regula o tempo de pega do cimento: Ca(SO4) Matérias-primas Processo de fabricação Adições: • Pozolanas • cinzas volantes • argila calcinada • Escória de alto-forno • Material carbonático Têm ainda, como constituintes menores os óxidos de potássio e sódio (K2O e Na2O) denominados de álcalis do cimento. Processo de fabricação Processo de fabricação • Preparo e dosagem da mistura: Após a extração do calcário na jazida, ele é britado para ser reduzido em partículas com diâmetro máximo de 25 mm. É realizada então a análise do calcário em laboratório para definir a dosagem na fabricação do cimento. A argila, após extração na natureza, também é analisada em laboratório e definida a sua dosagem na composição do cimento. O calcário e a argila são enviados ao moinho de cru onde ocorre a pulverização (transformação em pó) – o diâmetro das partículas é reduzido a 0,050 mm, em média. Vídeo Processo de fabricação • Homogeneização: Do moinho de cru a mistura vai para o silo de homogeneização onde é processada e misturada, para que fique homogênea, isto é, qualquer porção não apresenta, ou quase não apresenta, desigualdade física e química. Vídeo Processo de fabricação • Clinquerização : No forno rotativo a mistura é submetida a tratamento térmico sob uma temperatura aproximada de 1450ºC para fusão dos elementos da argila – sílica, alumina e óxido de ferro – com o calcário, transformando-se em clínquer. Vídeo Processo de fabricação • Resfriamento O clínquer sai do forno e passa pelo equipamento resfriador onde a temperatura é reduzida rapidamente pela passagem de uma corrente de ar frio no clínquer, reduzindo a temperatura para a faixa de 50 a 70ºC em média. Após o resfriamento o clínquer é estocado em depósitos. Vídeo Processo de fabricação • Adições finais e moagem: O clínquer, após a adição do gesso, é moído. É nesta etapa do processo que também são feitas adições de outros materiais, tais como pozolana, escória de alto-forno e material carbonático para a produção de tipos diferentes de cimento. Vídeo Processo de fabricação • O produto acabado, o cimento Portland, é então ensacado automaticamente em sacos de papel apropriado ou simplesmente encaminhado a granel para os veículos de transporte. Vídeo Armazenamento • O cimento Portland é um material que se degrada com a umidade exigindo, portanto, cuidados no seu armazenamento. • Os estoques de cimento devem ser dimensionados de tal forma que o prazo de validade do cimento não seja ultrapassado. • A norma brasileira estipula a validade do cimento em 90 dias, quando embalado em sacos de papel, e em 180 dias, quando embalado em silos ou container. • Na aquisição de cimento deve ser observado se os sacos recebidos não estão úmidos, ou com aparência que já foram molhados (aspecto de papel enrugado) e os sacos não devem estar compactados ou endurecidos. • A cor do cimento está relacionada com a origem de suas matérias-primas e adições, não tendo nenhuma influência na qualidade do produto. A cor pode variar de tonalidade mesmo em um mesmo tipo de cimento. Armazenamento Na estocagem de cimento deve ser observado: • que as pilhas de cimento devem ter no máximo 10 sacos, evitando assim compactação do cimento no saco; • não colocar os sacos diretamente no piso, utilizando para isso um estrado de madeira; • quando o piso for impermeabilizado os sacos poderão ser colocados sobre lona plástica; • recomenda-se deixar um espaçamento entre as paredes e os sacos de cimento, garantindo assim que os sacos não absorvam a umidade existente na parede; Armazenamento Armazenamento • deve ser feita em lugares cobertos, protegidos das intempéries, evitando-se lugares abertos, sujeito a empoçamento, goteiras e locais úmidos; • os sacos de cimento deverão ser dispostos em forma de lotes, de tal maneira que os cimentos mais antigos sejam utilizados antes dos cimentos mais novos; • também se faz necessária a identificação dos lotes de diferentes tipos e marcas de cimento para que não sejam misturados; • a adoção de lotes identificados com data, tipo e marca, facilitando a inspeção e controle do estoque. • As adições são outras matérias-primas que, misturadas ao clínquer na fase de moagem, permitem a fabricação dos diversos tipos de cimento Portland hoje disponíveis no mercado. • Essas outras matérias-primas são o gesso, as escórias de alto- forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos. Adições Adições: Pozolana • Pozolana – são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na natureza, certos tipos de argilas queimadas em elevadas temperaturas (550°C a 900°C) e derivados da queima de carvão mineral nas usinas termelétricas, entre outros. • A adição de materiais pozolânicos ao clínquer moído com gesso é perfeitamente viável, até um determinado limite, pois o tipo de cimento assim obtido oferece, principalmente a vantagem de conferir maior impermeabilidade, aos concretos e as argamassas e inibir as reações álcali-agregado. Adições: Escória de alto-forno • Escória de alto-forno – as escórias de alto-forno são obtidas durante a produção de ferro-gusa nas indústrias siderúrgicas. • Adicionar a escória de alto-forno à moagem do clínquer com gesso, guardadas certas proporções, obtém como resultado um tipo de cimento que, além de atender plenamente aos usos mais comuns, apresenta melhoria de algumas propriedades, como maior durabilidade e maior resistência final. Adições: Material carbonático • Material carbonático – os materiais carbonáticos são minerais moídos, tais como o próprio calcário. • Tal adição serve também para tornar os concretos e argamassas mais trabalháveis, porque os grãos ou partículas desses minerais moídos têm dimensões adequadas para se alojar entre os grãos ou partículas dos demais componentes do cimento, funcionando como um verdadeiro lubrificante. • Quando presentes no cimento são conhecidos como fíler calcário. Adições:Gesso • Gesso – tem como função básica controlar o tempo de pega, isto é, o início do endurecimento do clínquer moído quando este é misturado com água. • Caso não se adicionasse o gesso à moagem do clínquer, o cimento, quando entrasse em contato com a água, endureceria quase que instantaneamente, o que inviabilizaria seu uso nas obras. Por isso, o gesso é uma adição presente em todos os tipos de cimento Portland. A quantidade adicionada é pequena: em geral, 3% de gesso para 97% de clínquer, em massa. A água sobre o cimento • Sua ação envolve a hidratação dos grãos, formação de gel, e cristalização. • Durante o processo químico de hidratação do cimento, ocorre a liberação de Ca(OH)2 (cal hidratada), a qual tende a ficar livre na massa. • Apenas parte da água participa do processo químico, devendo a quantidade restante ser liberada para o meio pela evaporação. • Outros aspectos preocupantes são: o calor de hidratação gerado; a velocidade do processo de hidratação; a evaporação da água. Cimento com adições Justificativas para o uso: • O consumo apreciável de energia durante o processo de fabricação de cimento motivou mundialmente a busca, pelo setor, de medidas para diminuição do consumo energético. • Uma das alternativas de sucesso foi o uso de escórias granuladas de alto-forno e materiais pozolânicos na composição dos chamados cimentos Portland de alto-forno e pozolânicos, respectivamente. • Ambos são cimentos ecologicamente corretos, pelo menor uso de clínquer e, consequentemente, menor emissão de CO2 e preservação das jazidas. Cimento com adições Justificativas para o uso: • Os materiais pozolânicos, ao contrário das escórias granuladas de alto-forno, não reagem com a água da forma como são obtidos. • Entretanto, quando finamente divididos, reagem com o hidróxido de cálcio em presença de água e na temperatura ambiente, dando origem a compostos com propriedades aglomerantes. • A adição de escória e materiais pozolânicos modifica a microestrutura do concreto, diminuindo a permeabilidade, a difusibilidade iônica e a porosidade capilar, aumentando a estabilidade e a durabilidade do concreto. • Outras propriedades são também alteradas, incluindo a diminuição do calor de hidratação, o aumento da resistência à compressão em idades avançadas, a melhor trabalhabilidade e outros. Cimento com adições Justificativas para o uso: • Tais fatores repercutem diretamente no comportamento do concreto, melhorando seu desempenho ante a ação de sulfatos e da reação álcali-agregado. • Dado o fato de as escórias granuladas de alto-forno e os materiais pozolânicos terem menor velocidade de hidratação em relação ao clínquer, os cimentos com adição desses materiais podem apresentar, em igualdade de condições, menor desenvolvimento inicial de resistência. • Entretanto, na prática, verifica-se que as resistências efetivamente alcançadas em todas as idades superam os limites mínimos estabelecidos pelas normas técnicas da ABNT. • Dependendo de sua constituição mineralógica, o cimento pode apresentar propriedades específicas, que são adequadas para certos tipos de aplicações, dando origem a vários tipos de cimento. Tipos de Cimento Portland MPa Cimento Portland Comum CP I (clínquer + gesso – ABNT NBR 5732:1991): • É o tipo mais básico de cimento Portland, indicado para o uso em construções que não requeiram condições especiais e não apresentem ambientes desfavoráveis como exposição às águas subterrâneas, esgotos, água do mar ou qualquer outro meio com presença de sulfatos. • A única adição presente no CP-I é o gesso (cerca de 3%, que também está presente nos demais tipos de cimento Portland). Cimento Portland Comum CP I S (com material pozolânico – ABNT NBR 5732:1991) • Tem a mesma composição do CP I (clínquer+gesso), porém com adição de material pozolânico (de 1 a 5% em massa). • Este tipo de cimento tem menor permeabilidade devido à adição de pozolana. • O teor de clínquer + gesso neste tipo de cimento deve estar entre 95% e 99%. Cimento Portland Composto CP II-Z (com material pozolânico - ABNT NBR 11578:1991 ) • Recomendado em lançamentos maciços de concreto, em que o grande volume da concretagem e a superfície relativamente pequena reduzem a capacidade de resfriamento da massa. • Gera calor numa velocidade menor do que aquela gerada pelo cimento Portland comum. • Esse cimento também apresenta melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo (essa característica se aplica também aos compostos CP II-E e CPII-F). Cimento Portland Composto CP II-Z (com material pozolânico -ABNT NBR 11578:1991) • É empregado em obras subterrâneas, marítimas e industriais, também para produção de argamassas, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. • O concreto feito com esse produto é menos permeável e, por isso, mais durável. Cimento Portland Composto CP II-E (com escória de alto forno- ABNT NBR 11578:1991) • É recomendado para estruturas que exigem um desprendimento de calor moderadamente lento ou que possam ser atacadas por sulfatos. • Com adição de escória granulada de alto-forno, evita que a estrutura de concreto fissure por causa da alta temperatura de reação. Cimento Portland Composto CP II-F (com adição de fíler calcário - ABNT NBR 11578:1991) • Pode ser usado no preparo de argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro, elementos pré-moldados e artefatos de concreto, pisos e pavimentos de concreto e solo- cimento, dentre outros. Cimento Portland de Alto Forno CP III (com 35% a 70% de escória - ABNT NBR 5735:1991) • É um cimento que pode ter aplicação geral em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro e outras. • É também recomendado para uso em obras de barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas, pilares, obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, pilares de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e pistas de aeroportos. Cimento Portland de Alto Forno CP III (com 35% a 70% de escória - ABNT NBR 5735:1991) • Sendo o cimento mais ecológico de todos os cimentos produzidos no Brasil. Pois além da preservação das jazidas naturais e pelo menor lançamento de CO2 na atmosfera, aproveita o rejeito das siderúrgicas, a escória. Cimento Portland Pozolânico CP IV (com pozolana ABNT NBR 5736:1991 Versão Corrigida:1999) • Recomendável na concretagem de grandes volumes e sob temperaturas elevadas, em ambientes de ataque ácido, em especial de ataque por sulfatos. • É altamente eficiente em argamassas de assentamento e revestimento, em concreto magro, concreto armado, concreto para pavimentos e solo-cimento. Cimento Portland CP V ARI (Alta Resistência Inicial - ABNT NBR 5733:1991 ) • É recomendado no preparo de concreto e argamassa para produção de artefatos de cimento em indústrias de médio e pequeno porte, como fábricas de blocos de alvenaria, blocos para pavimentação, tubos, lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-fabricados. • Pode ser utilizado no preparo de concreto e argamassa em obras desde as pequenas construções até as edificações de maior porte e em todas as aplicações que necessitem de resistência inicial elevada e desforma rápida.Cimento Portland CP V ARI (Alta Resistência Inicial - ABNT NBR 5733:1991 ) • O clínquer utilizado é o mesmo para a fabricação de um cimento convencional, mas permanece no moinho por um tempo mais prolongado. • Devido ao alto calor de hidratação, não é indicado para concreto massa. • Não é recomendado para concretos com agregados reativos. Evolução média de resistência à compressão dos distintos tipos de Cimento Portland Cimento Portland CP (RS) (Resistente a sulfatos – ABNT NBR 5737:1992 ) • Oferece resistência aos meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água de mar e a alguns tipos de solos. • Pode ser usado em concreto dosado em central, concreto de alto desempenho, obras industriais e de recuperação estrutural, concretos projetados, concreto armado e protendido, elementos pré-moldados, pisos industriais, pavimentos, argamassa armada, argamassas e concretos submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de tratamentos de água e esgotos, obras em regiões litorâneas, subterrâneas e marítimas. Cimento Portland CP (RS) (Resistente a sulfatos – ABNT NBR 5737:1992) • De acordo com a ABNT NBR 5737:1992, cinco tipos básicos de cimento - CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI - podem ser resistentes aos sulfatos, desde que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes condições: • Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa, respectivamente; • Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de alto-forno, em massa; • Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico, em massa; • Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos. Cimento Portland CP (RS) (Resistente a sulfatos – ABNT NBR 5737:1992) • Designado por siglas e classes de seu tipo acrescidas de RS. • Exemplos de cimentos Portland que podem ser resistentes aos sulfatos: Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação - (BC) – (ABNT NBR 13116:1994) • Designado por siglas e classes de seu tipo acrescidas de BC. • Por exemplo: CP III-32 (BC) é o cimento Portland de Alto-Forno com baixo calor de hidratação, determinado pela sua composição. • Esse tipo de cimento tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento. Cimento Portland Branco CPB (ABNT NBR 12989:1993 ) • Se diferencia por sua coloração e está classificado em dois subtipos: estrutural e não estrutural. • O estrutural é aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, com classes de resistência 25, 32 e 40, similares às dos demais tipos de cimento. • Já o não estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, em rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais. • A cor branca é obtida a partir de matérias-primas com baixos teores de óxido de ferro, em condições especiais durante a fabricação, tais como resfriamento e moagem do produto. Cimento Portland Branco CPB (ABNT NBR 12989:1993) • O cimento branco oferece a possibilidade de escolha de cores, uma vez que pode ser associado a pigmentos coloridos. Cimento aluminoso (ABNT NBR 13847:2012 ) • Cimento obtido a partir de uma mistura de calcário (CaCO3) e bauxita (Al2O3). • Cura rápida – em 24 horas apresenta resistência superior a 45 MPa; • Possui preço elevado; • Emprego delicado devido ao altíssimo calor de hidratação; • Endurecimento normal em temperaturas baixas. • Alta resistência ao calor; • Alta resistência a abrasão e corrosão; Cimento aluminoso (ABNT NBR 13847:2012 ) Aplicações: • Concretos refratários (capazes de suportar altas temperaturas (cerca de 2000°C) sem perder suas propriedades físico-químicas, usualmente são encontrados em fornos industriais, caldeiras, fornos domésticos e churrasqueiras (tijolo refratário)); • Concretagem junto ao mar para aproveitar a maré baixa; • Pisos para tráfego após 6 horas; • Chumbamentos; • Pré-moldados para uso imediato. Fases do clínquer • Compostos Principais: • Compostos Secundários: • C3S (3CaO.SiO2): 42 a 60% • Silicato tricalcico C2S (2CaO.SiO2): 14 a 35% • Silicato dicalcico C3A (3CaO.Al2O2): 6 a 13% • Aluminato de calcio C4AF (4CaO.Al2O2.Fe2O3): 5 a 10% • CaSO4: 3% • Combustível CaO livre [CaO+H2O = Ca(OH)2] • • • • • Expansivo: Ca(OH)2 Origem: falha na formulação Sem limite normativo: expansibilidade Le Chatelier • • • MgO [MgO+H2O = Mg(OH)2] • Ferro aluminato de calcio • • • Cristalino (periclasio) ≤ 6,5% Expansão lenta: Mg (OH)2 Origem:Calcario magnesiano • K2O e Na2O: 0,3% a 1,5% • Reação alcali-agregado • Eflorescência Propriedades Químicas Compostos Fórmula Química Abreviatura % no clínquer Propriedades Tecnológicas Silicato Tricálcico 3CaO.SiO2 C3S 42 a 60% Endurecimento rápido Alto calor de hidratação Alta resistência inicial Silicato Bicálcico 2CaO.SiO2 C2S 14 a 35% Endurecimento lento Baixo calor de hidratação Baixa resistência inicial Aluminato Tricálcico 3CaO.Al2O3 C3A 6 a 13% Pega muito rápida e deve ser controlada com adição de gesso, susceptível ao ataque de meios sulfatados, alto calor de hidratação, alta retração, baixa resistência final Ferro Aluminato Tetracálcico 4CaO.Al2O3. Fe2O3 C4AFe 5 a 10% Endurecimento lento, resistente a meios sulfatados, não tem contribuição para resistência, cor escura Propriedades Químicas • As propriedades químicas do cimento Portland estão diretamente ligadas ao processo de endurecimento por hidratação. • Ainda não se conhecem com muita precisão as reações e os compostos envolvidos no processo de endurecimento, restando muitas questões a serem esclarecidas. Propriedades Químicas: Mecanismo de Hidratação do Cimento Estão diretamente ligadas ao processo de endurecimento por hidratação. • Estágio I: em contato com a água ocorre uma rápida dissolução dos grãos do cimento. Sobem as concentrações de álcalis solúveis, Ca2+, SO4 2- e íons OH em solução, resultando em um pH de 12 a 13. • Estágio II: os íons Ca2+, SO4 2- e íons OH reagem com os silicatos e aluminatos para formar gel de C-S-H e etringita, formando uma barreira em torno dos grãos de cimento não hidratados, retardando novas hidratações, permitindo um período de trabalhabilidade durante o qual o concreto deve ser lançado e assentado. • Estagio III: durante o estagio II a concentração de íons Ca2+ continua a aumentar, reiniciando lentamente a hidratação dos grãos de cimento atrás da barreira. Com a supersaturação de Ca2+, seguida da precipitação de Ca(OH)2 ocorre uma rápida hidratação dos grãos de cimento gerando gel de C-S-H e etringita. A formação de gel de C-S-H e o intertravamento das partículas promovem a pega e o endurecimento. Propriedades Químicas: Mecanismo de Hidratação do Cimento Hidratação das Fases Principais • Hidratação dos Silicatos (C3S e C2S): • • • Os silicatos compõem ≈75% do cimento Portland Determinam as características de resistência mecânica Produtos principais: C-S-H [resistência] e CH [alcalinidade] 2C3S + 6H → → C-S-H + 3CH CSH 2C2S + 4H C-S-H + CH Mehta & Monteiro, 2008 CH 16/40 Hidratação das Fases Principais • Hidratação dos Aluminatos(C3A e C4AF): • • reações que envolvem o consumo de gipsita velocidade de hidratação mais rápida que dos silicatos determinam a perda de consistência (enrijecimento) e a pega (solidificação) • • produtos principais: • • • hidratos cristalinos (C3AH6, C4AH19 e C2AH8) etringita monossulfato Mehta & Monteiro, 2008 C3A + 6H C4AF + 2CH + 10H C3A + 3CŠ + 26H C6AŠ3H32 + 2C3A + 22H C3AH6 C3A(F)H6 C6AŠ3H32 3C4AŠ3H18 (hidrato cristalino) (hidrato cristalino) (etringita) (monossulfato) Propriedades Químicas: Calor de hidratação • Durante o processo de endurecimento do cimento, considerável quantidade de calor se desenvolve nas reações de hidratação. • Essa energia térmica produzida é de grande importância, principalmente pela elevação de temperaturas, resultante nas obras volumosas, a qual conduz ao aparecimento de trincas de contração ao fim do resfriamento da massa. • O desenvolvimento de calor varia com a composição do cimento, especialmente com as proporções de silicato e aluminato tricálcicos. Propriedades Químicas: Calor de hidratação • O valor do calor de hidratação do cimento Portland ordinário varia entre 85 e 100 cal/g, reduzindo-se a 60 a 80 cal/g nos cimentos de baixo calor de hidratação. • Nas obras onde existir problemas de origem térmica provocados pelo calor de hidratação do cimento, o uso de cimentos com menor liberação de calor minimizará ou neutralizará a necessidade de adoção de artifícios como refrigeração dos agregados, da água, dentre outros. Propriedades Físicas: As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três aspectos distintos: • do produto em sua condição natural, em pó; • da mistura de cimento e água, pasta; • da mistura da pasta com agregado padronizado – concretos e argamassas. Propriedades Físicas: Massa específica • A massa específica do cimento Portland é usualmente considerada como 3150kg/m³, embora possa variar para valores ligeiramente inferiores. • A massa específica não é uma indicação de qualidade do cimento Portland. • Ela é utilizada para cálculo de dosagens de concretos e argamassas. Propriedades Físicas: Finura • Pode ser definida pelo tamanho máximo dos grãos e pelo valor da superfície específica (soma das superfícies dos grãos contidos em um grama de cimento). • A finura, é o fator que governa a velocidade de reação de hidratação do cimento Portland. • O aumento da finura melhora a resistência, particularmente a resistência da primeira idade, diminui a exsudação e outros tipos de segregação, aumenta a impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos concretos. Propriedades Físicas: Finura • As especificações brasileiras ABNT NBR 5732 e ABNT NBR 5733, prescrevem limite de retenção na peneira nº 200 (malha de 0,075 mm). • Para o cimento Portland comum, o resíduo deixado nessa peneira não deve exceder 15% em peso. • Para cimentos Portland de alta resistência inicial, tal índice deve ser inferior a 6% em peso. Propriedades Físicas: Finura Exsudação • É o fenômeno que consiste na separação espontânea da água de mistura, que naturalmente aflora pelo efeito da diferença de densidade entre o cimento e a água e o grau de permeabilidade que prevalece na pasta. • É um tipo de segregação, entendido como a separação dos diversos constituintes das argamassas e dos concretos, conduzindo a uma heterogeneidade indesejável. • Prejudicial a uniformidade, resistência e durabilidade dos concretos. Propriedades Físicas: Finura Trabalhabilidade • É uma noção subjetiva, definida como o estado que oferece maior ou menor facilidade nas operações de manuseio com as argamassas e concretos frescos. Propriedades Físicas: Pega do cimento • É um fenômeno definido como o momento em que a pasta adquire certa consistência que a torna imprópria a um trabalho. • A partir de certo tempo após a mistura, quando o processo de pega alcança determinado estágio, a pasta não é mais trabalhável, não admite operação de remistura. • Tal período de tempo constitui o prazo disponível para as operações de manuseio das argamassas e concretos, após o qual esses materiais devem permanecer em repouso, em sua posição definitiva para permitir o desenvolvimento do endurecimento. Propriedades Físicas: Pega do cimento • Tempo de início de pega → início da aglutinação • Tempo de fim de pega → momento em que a pasta adquire certa consistência que a torna não trabalhável • Endurecimento → momento à partir do qual o material deve permanecer em repouso • Nas aplicações em que se deseja uma pega rápida, como, por exemplo, nas obturações de vazamento, são empregados aditivos ao cimento, conhecidos como aceleradores de pega. Propriedades Mecânica : • A resistência mecânica dos cimentos é determinada pela ruptura de corpos-de-prova realizados com argamassa. Resistência à compressão axial Resistência à tração por compressão diametral Características físicas e mecânicas ABCP BT106 2003 Influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos As influências acima podem ampliar ou reduzir seu efeito sobre as argamassas e concretos, através de aumento ou diminuição da quantidade de seus componentes, sobretudo a água e o cimento. As características dos demais componentes, que são principalmente os agregados, também poderão alterar o grau de influência, sobretudo se contiverem matérias orgânicas (folhas, raízes etc.). Finalmente, pode-se usar aditivos químicos para reduzir certas influências ou aumentar o efeito de outras, quando desejado ou necessário.
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