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Processo Saúde-doença - AULA 2

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CONCEPÇÕES EXPLICATIVAS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
Profa. Maria Luiza C. Lima 
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Expressas nas diferentes culturas e formas de organização.
Na evolução histórica da epidemiologia enquanto disciplina científica 
A compreensão do processo saúde-doença ocorre de acordo com as diversas formas de existir das sociedades
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Objetivo
Descrever as principais concepções explicativas do processo saúde-doença, buscando verificar a evolução e perspectivas do pensamento na explicação da causalidade de doenças em coletividades humanas. 
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Saúde X Doença
“Saúde é o estado de ausência da doença”
“Doença é a falta ou perturbação da saúde”
Prática clínica pacientes são rotulados apenas como sadios ou doentes
“Saúde é o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais permaneçam normais”
“Saúde é um completo bem-estar físico mental e social e, não meramente a ausência de doença” (OMS, 1948)
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Processo Saúde Doença
...é o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que varia nos diferentes momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade”.
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CONCEPÇÕES 
SOBRE A SAÚDE E
 A DOENÇA
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Paradigmas são os “núcleos da ciência” que se expressam em forma de observações, leis, teorias e métodos científicos em uso
Conhecimento científico dominante
Possibilidade de renovação científica a partir de sua superação.
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Pré-História - Concepção mágico-religiosa
Cena de parto pintada pelo homem pré-histórico na serra da Capivara no Piauí
www.biblio.ufpe.br/libvirt/ serido/expo.htm
Doença
Castigo dos deuses
Feitiço nocivo 
Desrespeito a um “tabu”
Ataque de um espírito do mal
Impureza humana
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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Privados de recursos da ciência e tecnologia, os povos antigos explicavam a doença dentro de uma visão mágica do mundo. Os demônios e espíritos malignos, talvez mobilizados por um inimigo ou por castigo, vitimavam o doente, podendo levá-lo até à morte. 
Antiguidade
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Antiguidade
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Assírios
Caldeus
Hebreus
detentores de uma compreensão religiosa do mundo
 Observações empíricas relacionadas ao surgimento de doenças
 Função curativa de plantas e recursos naturais
Antiguidade
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O corpo humano é receptáculo de uma causa externa que provoca a doença tendo como causa tanto elementos naturais, como espíritos sobrenaturais
Assírios
Caldeus
Hebreus
Antiguidade
O homem não participa ativamente do processo
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Hindus
desequilíbrio entre os elementos do organismo humano, ocasionado pelas influências do ambiente físico - astros, clima, insetos etc
Doença
Antiguidade
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Este conceito perde o caráter mágico e religioso predominante na idéia anterior e naturaliza a causação, onde o homem atua ativamente no processo de doença e cura. 
Chineses - Medicina Tradicional Chinesa
causas externas
desequilíbrio entre os princípios yin e yang, o que levaria a um desequilíbrio dos elementos, com o conseqüente aparecimento da doença.
Antiguidade
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Os quatro elementos
Grécia
Davam à saúde o significado de harmonia entre os quatro elementos que compõem o corpo humano - água, terra , ar e fogo
A saúde seria o estado de isonomia entre os mesmos e a doença seria a dismonia
Antiguidade
Nasce a explicação da saúde sobre bases racionais e naturalistas
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Hipócrates enriqueceu estas concepções de saúde e doença através da prática clínica e de cuidadosas observações da natureza, ressaltando a importância do ambiente físico na causalidade das doenças. 
Hipócrates de Cós – “Pai da medicina”
Revelou uma visão epidemiológica do problema saúde-doença através dos registros de diversos casos clínicos.
observações não se limitavam ao paciente em si, mas ao seu ambiente
Antiguidade
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"Quem quiser prosseguir no estudo da ciência da medicina deve proceder assim. Primeiro, deve considerar que efeitos cada estação do ano pode produzir .... Tem que considerar em outro ponto os ventos quentes e os frios.... Deve também considerar as propriedades da água, pois estas diferem em gosto e peso.... Porque, se um médico conhece essas coisas bem, de preferência todas elas...,ele, ao chegar a uma cidade que não lhe é familiar, não ignorará as doenças locais ou a natureza daquelas que comumente dominam" (Hipócrates, 460-370 a.C.)
Antiguidade
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varíola
Época histórica
determinou
Concepção do processo saúde-doença
Nos tempos bíblicos
Na China e na Índia antigas
Antiguidade
peste
lepra
cólera
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Malária (descrita por Hipócrates)
camponeses
greco-romana
O local de ocorrência, coincidente com a agricultura, era as regiões úmidas. A malária, acometendo os trabalhadores rurais, levava-os a abandonarem o campo e a se dirigirem para a cidade. Esta, por sua vez, perde o suporte agrícola e ganha camponeses doentes, entrando em crise.
Malária = “maus ares”
Antiguidade
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Roma antiga
Miasmas
conhecimento da influência do ambiente sobre a saúde, construíram grandes obras de drenagem e esgotos, banheiros
Antiguidade
Garantia de saúde para as comunidades
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As idéias e intervenções hipocráticas fundam o chamado
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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O Ocidente medieval estava despreparado para enfrentar o problema da doença. Por outro lado, a medicina árabe e a medicina judaica, que acrescentaram ao acervo grego conhecimentos de farmacologia e cirurgia, estavam fora do alcance da cristandade européia. 
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500 d.C.) 
Era das Trevas - Uma época de pestilências
princípios hipocráticos são relegados enquanto concepção teórica e a prática clínica é abandonada
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influência do Cristianismo
prática religiosa
A doença era vista como purificação
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500 d.C.) 
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Numerosos judeus foram jogados na fogueira sob a acusação de terem provocado a Peste Negra e a temida lepra. 
epilépticos "tratados a porretadas", para espantar os maus espíritos... 
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500 d.C.) 
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Surgem os primeiros hospitais, os hospícios ou asilos, nos quais os pacientes recebiam mais conforto espiritual que tratamento adequado. A ineficácia dos procedimentos mágicos ou religiosos era compensada com a caridade. 
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500 d.C.) 
Ações de Saúde na Idade Média
Prática da quarentena
Prática do isolamento 
Separação dos doentes de seus contatos habituais visando defender as pessoas sadias.
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IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500 d.C.) 
Duas epidemias de peste marcam:O começo e o fim da Idade Média
Outras epidemias ocorrem na Europa, dentre elas: lepra, peste bubônica, varíola, difteria, sarampo, influenza, tuberculose, antraz e tracoma. Dentre estas, a lepra é a mais temida
A peste de Justiniano de 543
A chamada 
Morte Negra de 1348
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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O crescente número de epidemias na Europa, faz retornar preocupações com a causalidade das doenças infecciosas, tornando-se mais evidente a noção de contágio entre os homens
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)
marcado por transformações políticas, sociais e econômicas
medicina volta a ser praticada por leigos
A escola de Salermo, na Itália, utiliza os ensinamentos de grandes mestres como Hipócrates e Galeno.
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período de transição
concepção hipocrática é relegada
A explicação da disseminação das doenças epidêmicas se dá pela existência de partículas invisíveis, que produzem doenças e atingem os homens de diversas maneiras.
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)
Práticas esotéricas X Avanço do pensamento científico
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contágio à distância
Girolamo Fracastoro
(1478-1553)
TEORIA DO CONTÁGIO
poeta e médico da época que se inspirou
na Sífilis para defender a idéia de contagiosidade.
Três formas de disseminação dos agentes contagiantes
direto (de pessoa para pessoa)
através de fômites (roupas, objetos, resíduos etc.)
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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SÉCULO XVIII
Consolidou-se a prática clínica
Estudos voltados para a compreensão do corpo humano e das alterações anatômicas decorrentes da doença, centrando-se no desvelamento de seus sinais e sintomas, propiciando a abordagem do particular e do individual.
No final deste século, após a Revolução Francesa
relacionada com as condições de vida e trabalho das populações 
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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METADE DO SÉCULO XIX
Deste cenário emerge a idéia de “Medicina Social” (Guérin em 1848, Inglaterra)
conseqüências danosas do trabalho na fábrica e dos cortiços industriais
França era o país mais avançado em teoria política e social, permeando a medicina francesa com o espírito de mudança social.
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FINAL DO SÉCULO XIX
terreno fértil para o desenvolvimento industrial, com a produção de fármacos e imunizantes. 
Explicações multicausais não encontram eco e a determinação social é completamente descartada
Pasteur (1822-1895) 
Descobertas bacteriológicas na metade do século XIX
concepções sociais dão lugar ao agente etiológico
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análise estatística surge a partir de 1820
METADE DO SÉCULO XIX
métodos disponíveis para estudar os problemas sociais de saúde
empirismo racional
observação crítica
levantamentos
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FINAL DO SÉCULO XIX
conceito de unicausalidade
cada doença tem o seu agente etiológico
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ÍNICIO DO SÉCULO XX
As redes multicausais suplantam a unicausalidade
importantes avanços quanto às doenças infecciosas são registrados, como a identificação dos vetores de doenças parasitárias ( febre amarela, doença de Chagas e equistossomose).
modelo ecológico multicausal
Teoria ecológica de doenças infeciosas
demonstrando
interação do agente com o hospedeiro
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Críticas a este modelo ecológico argumentam que o mesmo faz uma redução naturalista na interpretação das relações sociais
ÍNICIO DO SÉCULO XX
modelo ecológico multicausal
Todos os elementos da relação são colocados num mesmo plano ahistórico, intemporal e a vida humana fica reduzida a sua condição animal
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SÉCULO XX
Modelos Multicausais
1976 - Leavell e Clarck - Modelo Ecológico da História Natural da Doença 
Conjunto de processos interativos compreendendo "as inter-relações do agente, do susceptível e do meio ambiente que afetam o processo global e o seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte"
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Atua sobre o indivíduo 
Não considera os determinantes sociais do processo saúde-doença
O social é subordinado ao biológico
SÉCULO XX
Modelo Ecológico da História Natural da Doença
Agente
Hospedeiro
Meio-ambiente (físico, social)
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SÉCULO XX
Modelo Ecológico da História Natural da Doença
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Plan1
		
		
				PERÍODO PRÉ-PATOLÓGICO		PERÍODO PATOLÓGICO
		
				Antes do indivíduo adoecer		curso da doença no organismo humano
		
				Interação de agentes mórbidos, hospedeiro e os fatores ambientais				Doença precoce discernível		Doença avanada		Convalescença
						Alterações precoces								limiar
														clínico
				Fase de sucetibilidade		Fase patológica pré-clínica		Fase clínica				Fase residual
Plan2
		
Plan3
		
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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Epidemiologia social
SÉCULO XX – Décadas de 60/70
Início da década de 60 - Momento de profunda crise econômica e social.
Intensificam-se as críticas ao Modelo Ecológico da História Natural da Doença
Identificam-se limitações das explicações causais do Modelo ecológico da História Natural da Doença
Busca-se nova formulação sobre a determinação social do processo saúde-doença
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SÉCULO XX – Décadas de 60/70
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Baseado em formulações teóricas que possibilitam recuperar o caráter histórico deste processo, permitindo apreender o vínculo entre o processo social e o processo biológico saúde-doença.
SÉCULO XX
Paradigma Integral do processo saúde-doença
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Considera como determinantes básicos do processo:
 
1. O momento da produção (trabalho). 
2. O momento da reprodução da força de trabalho (consumo). 
Asa Cristina Laurell (oposição ao Paradigma Biologiscista)
SÉCULO XX - Principais contribuições
Considera a evidência do caráter de classe da doença e, conseqüentemente, a distribuição desigual das enfermidades na sociedade
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Considera que o processo saúde-doença ocorre no momento do processo de reprodução social (reprodução econômica, ecológica e ideológica). 
SÉCULO XX - Principais contribuições
Pedro Castellanos
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O processo saúde-doença é determinado pelo sistema de contradições da vida, de gêneros e de diferentes grupos étnicos
SÉCULO XX - Principais contribuições
Jaime Breilh
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Evolução histórica das concepções e teorias explicativas do processo saúde-doença
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Evolução da Epidemiologia enquanto disciplina científica
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Primeiras referências
A primeira aparição da palavra epidemiologia foi no título de uma história das epidemias espanholas de 1802 
Epidemiologia española
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Revolução Industrial:
Crescimento das cidades
Deterioração das condições de vida
A maioria da população – ambientes insalubres (pútridos);
Movimentos sociais e revolucionários 
		Soluções para a crise
Séc. XIX - Bases da Epidemiologia
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Séc. XIX - Bases da Epidemiologia
	Estudos sobre as condições de saúde
Paradigma dominante -“Teoria miasmática”
John Snow – estudos sobre cólera em Londres (1848/49 a 1853) –um dos poucos a defender a possibilidade de agentes vivos microscópicos estarem na gênese desta doença.
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Descoberta do micróbio – “agentes etiológicos específicos eram a causa de doenças específicas”
Desvia a atenção de todo o conhecimento epidemiológico até então acumulado sobre a determinação social da doença.
Fim do Séc. XIX 
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Consolidação do conceito de unicausalidade
Explicações multicausais, como a determinação social da doença, são totalmente rejeitadas
Fim do Séc. XIX 
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Séc. XX - O questionamento da unicausalidade
Insuficiência explicativa do modelo unicausal diante de inúmeras questões surgidas com a produção de novos conhecimentos científicos
Desenvolvimento da Teoria ecológica das doenças infecciosas 
Interação entre agente, hospedeiro e ambiente (físicos, químico e biológicos)
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As conquistas dos direitos de cidadania (países desenvolvidos) passam a exigir a avaliação de procedimentos terapêuticos e diagnósticos produzidos e desenvolvidos pelo complexo médico-industrial antes de sua utilização em populações humanas
 o que impulsiona 
Estudos humanos experimentais – Ensaios clínicos randomizados
Anos 40 a 60 - afirmação do método e técnicas
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Recentemente a Epidemiologia tem se concentrado no desenvolvimento de técnicas analíticas, com a generalização do uso de métodos multivariados, possível graças à massificação da computação eletrônica.
No plano conceitual – debate concentrado na causalidade 
Nos países desenvolvidos/em desenvolvimento, surge a Epidemiologia clínica, buscando recuperar a credibilidade científica da prática clínica, referenciada no modelo experimental.
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Epidemiologia (Conceito)
Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes
das enfermidades, danos a saúde e eventos associados a saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.
 (Almeida Filho, N. e Rouquayrol, Z., 2002)
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Epidemiologia
Controle – Finalmente, embora epidemiologia simplesmente possa ser usada como uma ferramenta analítica para estudar doenças e seus determinantes, tem um papel mais ativo. 
Dados epidemiológicos orientam decisões de saúde pública e contribuem para o desenvolvimento e avaliação de intervenções para o controle e prevenção de problemas de saúde. 
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Epidemiologia Atual
Subsidia as práticas de saúde em três aspectos:
1. Na investigação epidemiológica possibilitando o avanço do conhecimento sobre os determinantes do processo saúde-doença;
2. No desenvolvimento de tecnologias efetivas para a descrição e análise das situações de saúde e no fornecimento de subsídios para o planejamento e a organização das ações de saúde;
3. Na avaliação de programas, atividades e procedimentos preventivos e terapêuticos, desde estudos de eficiência e eficácia de programas e serviços de saúde até estudos clínicos de eficácia de processos diagnósticos e terapêuticos, preventivos e curativos, individuais e coletivos.
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O Campo de Trabalho da Epidemiologia
 Vigilância
 Controle de Enfermidades
 Diagnóstico de Saúde
 Estudo de perfis epidemiológicos
 Investigação de novas hipóteses explicativas
Participação na planificação e evolução dos serviços
Treinamento e capacitação do pessoal de saúde
 Vinculação com atividades de grupos organizados da população
Subsidia
PLANEJAMENTO SANITÁRIO
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Locais possíveis de exercer a prática epidemiológica
 Serviços de epidemiologia em nível nacional, regional e local
Serviços de atenção primária 
Centro de investigação e ensino
 Coordenação ou direção de programas em nível nacional, regional e local
 Ações de saúde exercidas com pessoal técnico-auxiliar
Pesquisas na academia
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OBRIGADA
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