Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 1 / 16 1- REGIMES DE ESCOAMENTO O escoamento dos fluídos é complexo e pode ser classificado em: - Permanente (estável ao longo do tempo) ou não-permanente (instável); - Uniforme ou não-uniforme (variado em relação à variação na trajetória); - Laminar ou turbulento (quanto à direção da trajetória); - Uni, di ou tridimensional; - Rotacional ou irrotacional. 1.1 ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO: ESCOAMENTO LAMINAR: Neste tipo as partículas do fluido percorrem trajetórias paralelas. O escoamento laminar é também conhecido como lamelar ou tranquilo ESCOAMENTO TURBULENTO: As trajetórias são curvilíneas e irregulares, e se entrecruzam, formando uma série de minúsculos remoinhos. Na prática, o escoamento dos fluidos quase sempre é turbulento. È o regime encontrado nas obras e instalações de engenharia, tais como adutoras, vertedores de barragens, fontes ornamentais etc Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 2 / 16 1.2. ESCOAMENTO PERMANENTE E NÃO PERMANENTE ESCOAMENTO PERMANENTE: Neste tipo, a velocidade e a pressão em determinado ponto, não variam com o tempo. A velocidade e a pressão podem variar do ponto 1 para o ponto 2, mas são constantes em cada ponto imóvel do espaço, a qualquer tempo. O escoamento permanente é também chamado de “estacionário” e diz que a corrente fluida é “estável”. Nele a pressão e a velocidade em um ponto A (x,y,z) são funções das coordenadas desse ponto (não dependem do tempo). ESCOAMENTO NÃO-PERMANENTE: Neste caso, a velocidade e a pressão, em determinado ponto, variam com o tempo. Variam também de um ponto a outro. Este tipo é também chamado de “variável” (ou transitório), e diz- se que corrente é “instável”. A pressão e a velocidade em um ponto A (x,y,z) dependem tanto das coordenadas como também do tempo t. 1.3. ESCOAMENTO UNIFORME E VARIADO. ESCOAMENTO UNIFORME: Neste tipo, todos os pontos da mesma trajetória têm a mesma velocidade. É um caso particular do escoamento permanente: a velocidade pode variar de uma trajetória para outra, mas, na mesma trajetória, todos os pontos têm a mesma velocidade, ou seja, de um ponto a outro da mesma trajetória, a velocidade não varia (o módulo, a direção e o sentido são constantes). Ex. Este tipo ocorre em tubulações longas, de diâmetro constante. No escoamento uniforme, a seção transversal da corrente é invariável. ESCOAMENTO VARIADO: Neste caso, os diversos pontos da mesma trajetória não apresentam velocidade constante no intervalo de tempo considerado. O escoamento variado ocorre, por exemplo: nas correntes convergentes, originárias de orifícios e também nas correntes de seção. 1.4 ESCOAMENTO ROTACIONAL E NÃO ROTACIONAL ESCOAMENTO ROTACIONAL: Cada partícula está sujeita à velocidade angular, em relação ao seu centro de massa. Por exemplo, o escoamento rotacional é bem caracterizado no fenômeno do equilíbrio relativo em um recipiente cilíndrico aberto, que contém um líquido e que gira em torno de seu eixo vertical. Em virtude da viscosidade, o escoamento dos fluidos reais é sempre do tipo rotacional. ESCOAMENTO IRROTACIONAL: Para simplificar o estudo da Mecânica dos Fluidos, é usual desprezar a característica rotacional do escoamento, passando-se a considerá-lo como irrotacional, através dos princípios clássicos da Fluidodinâmica. No tipo irrotacional, as partículas não se deformam, pois se faz uma concepção matemática do escoamento, desprezando a influência da viscosidade. 2- ESCOAMENTO EM CONDUTO FORÇADO Escoamento em Conduto forçado: ocorre em tubulação fechada, com seção totalmente preenchida pelo líquido, sob pressão diferente da pressão atmosférica. Ex: Tubulações de sucção e recalque, oleodutos, etc. Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 3 / 16 2.1 – VISCOSIDADE Para definir a viscosidade de um fluido, deve-se imaginar a seguinte experiencia apresentada na figura seguinte: As duas placas paralelas estão separadas por um fluido a uma distância “e ”. A placa inferior é fixa, e a superior é móvel. Quando uma força “F” é aplicada na placa móvel sobre o fluido, uma tensão de cisalhamento e aplicada sobre a superfície superior do fluido, fazendo-o escoar (equação 1). Da mesma forma, cada ínfima camada da lâmina de fluido faz surgir uma tensão de cisalhamento aplicada a camada imediatamente inferior a ela. Um perfil de velocidade v (y) pode ser observado, partindo da velocidade nula (v (0) = 0) na camada adjacente a placa fixa até uma velocidade v [m/s] igual a velocidade da placa móvel (v (e) = vo). Quando este perfil apresenta uma relação linear (equação 2) como o da figura , o fluido é denominado Newtoniano, e a tensão de cisalhamento e proporcional a relação vo/b. τ = F / Área (da placa) (equação 1) τ = µ . vo (equação 2) e O coeficiente de proporcionalidade da equação referida representa a viscosidade dinâmica ou absoluta do fluido. Assim, quanto maior a viscosidade do fluido, maiores serão os efeitos do atrito viscoso no escoamento, ou melhor, maiores serão as tensões de cisalhamento entre as camadas de fluido. 2.2 VISCOSIDADE DINÂMICA E CINEMÁTICA - A viscosidade não é uma propriedade observável num fluido em repouso, pois, qualquer que seja a força tangencial, ele se deforma. Com o movimento do fluido, porém, ela faz sentir seu efeito, criando condições para equilibrar a força externa F. Unidades da viscosidade dinâmica: SI: µ = N.s/m2 ou Pa.s (1 poise = 0,1 N.s/m2) MKS: µ = kgf.s/m2 (1 poise = 10,197 kgf.s/m2) CGS: µ = dyn.s/cm2 ou poise (P) Viscosidade cinemática () Na mecânica dos fluidos e na transferência de calor, a razão entre viscosidade dinâmica e densidade aparece frequentemente. Por conveniência, essa razão é denominada viscosidade cinemática, . Assim: Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 4 / 16 Unidades da viscosidade dinâmica: SI: = m2/s MKS: = m2/s CGS: v = cm2 /s ou Stokes (St) OBS: Em geral, a viscosidade de um fluido depende da temperatura e da pressão. Para líquidos, tanto a viscosidade dinâmica como a cinemática são praticamente independentes da pressão e qualquer variação pequena de pressão é normalmente desprezada, exceto nos casos de pressões extremamente altas. Para gases, este também é o caso para a viscosidade dinâmica (para pressões baixas e moderadas), mas não é o caso para a viscosidade cinemática, uma vez que a densidade de um gás é proporcional à sua pressão. 2.3 DETERMINAÇÃO DO REGIME DE ESCOAMENTO Número de Reynolds é a expressão que caracteriza o regime de escoamento quanto á trajetória (ver anexo 1): Re = v.D ou Re = ρ v D γ µ Onde: v = (m/s); D = diâmetro da canalização (m); = viscosidade cinemática (m2/s); ρ = massa específica (kg/m3); µ = viscosidade dinâmica (Pa.s); L = comprimento da tubulação (m). Sendo = . Classificação quanto ao regime de escoamento: OBS: Re > ADIMENSIONAL 3- PERDA DE CARGA No de caso de fluido ideal (movimento permanente, não viscoso e fluido incompressível), aplica-se: Sendo: = .g Bernoulli para fluido ideal Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 5 / 16 - Em condições reais o escoamento não é ideal. A viscosidadedá origem a tensões de cisalhamento, interferindo no processo de escoamento, pois o fluxo só se realiza mediante uma “perda” de energia, que nada mais é que a transformação de energia mecânica em calor e trabalho. - A perda de carga em uma instalação consiste na resistência oferecida ao escoamento de um fluido (que tem viscosidade), pelas tubulações e acessórios (que tem rugosidade). Podem ainda ser classificadas em contínua, quando a perda ocorre em trechos da tubulação, e, localizada, que é aquela que ocorre nos acessórios das tubulações. 3.1 - TIPOS DE PERDA DE CARGA: 4.1.1 Perda de carga distribuída: é a perda que se dá em trechos retos de condutos cilíndricos (A = cte) devido ao atrito viscoso entre as partículas fluidas produzido pelas tensões de cisalhamento (hf). Existem várias fórmulas para perda de carga: a) Fórmula de Hazen-Williams: deve ser utilizada para escoamento de água à temperatura ambiente, para tubulações com diâmetro maior ouigual a 2” ou 50 mm e para regime turbulento. onde: V = velocidade (m/s); D = diâmetro da canalização (m); Q = vazão (m3/s) ; hf = perda contínua de carga (m); J = perda de carga unitária (m/m); C = coeficiente que depende da natureza e conservação das paredes internas (valor tabelado). b) Fórmula de Flamant: deve ser aplicada para água à temperatura ambiente, para instalações domiciliares e tubulações com diâmetro variando de 12,5 a 100 mm. Onde Ke = coeficiente que depende da natureza das paredes internas da tubulação (valor tabelado). c) Fórmula de Darcy-Weisbach ou Universal : é de uso geral, podendo ser aplicada tanto para escoamento em regime turbulento quanto para o laminar, e é também utilizada para toda faixa de diâmetros. ou hf = 0,826.Cf. L.Q 2 D5 Onde: J = perda de carga unitária (m/m); D = diâmetro da canalização (m); Q = vazão (m3/s) ;hf = perda contínua de carga (m); J = perda de carga unitária (m/m); Cf = tabelado. O coeficiente “f” depende do material, estado de conservação das paredes. A perda de carga pode ainda ser calculada em função da velocidade Bernoulli para fluido viscoso Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 6 / 16 - No regime laminar, f é independente da rugosidade relativa e é unicamente função do número de Reynolds: f= 64 Re - No regime turbulento, o valor de f pode ser encontrado pelas expressões seguintes, considerando os casos: a) escoamento turbulento de parede lisa(104Re 3,6x106) – rugosidade desprezível: ou utilizando fórmula de Blausius f = 0,316 / (Re)1/4 b) escoamento turbulento de parede intermediária(14 < DRe √f < 200) Sendo k = (rugosidade) e /D = rugosidade relativa (valores tabelados no anexo 2) c) escoamento de parede rugosa ou francamente turbulento Entretanto, a solução dessas equações são trabalhosas necessitando de processo interativo para a sua resolução. Uma maneira prática para a obtenção do fator de atrito (f) é o uso do diagrama de Moody (Anexo 4). Este diagrama serve para obter o fator de atrito (f) para qualquer tipo de escoamento, fluido e rugosidade da tubulação. Para a sua utilização são necessários o conhecimento do tipo de escoamento, o que pode ser feito pelo número de Reynolds, e da rugosidade relativa. OBS: Outras equações para cálculo da perda de carga (Anexo 3). 4.1.2 Perda de carga singular (Localizada ou acidental): devido a uma mudança brusca no escoamento do fluido (hs). Exemplos: - Mudanças bruscas de direção (curvas e cotovelos) - Mudanças bruscas de seção (alargamento ou estreitamentos) - Outras singularidades: registros, válvulas de pé e de retenção, medidores de vazão, flanges, tês. a) Expressão de Borda-Belanger (perda por peça): onde: ha = perda de carga causada por uma peça especial (m) – PERDA ACIDENTAL; K = coeficiente que depende de cada peça e diâmetro (* OBS: o valor de K depende do regime de escoamento. Para Re > 50.000), o valor de K dependente apenas do tipo de peça (tabela seguinte). Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 7 / 16 b) Método dos comprimentos virtuais (ou comprimentos equivalentes): Sob o ponto de vista da perda de carga, uma canalização composta de diversas peças especiais e outras singularidades equivale a um encanamento retilíneo de maior comprimento. É nesta idéia que se baseia o método do comprimento virtual, que consiste em se adicionar ao comprimento real da tubulação um comprimento extra (o chamado comprimento equivalente), que corresponde ao mesmo valor de perda de carga que seria causado pelas peças especiais que compõem a tubulação. Desta forma, cada singularidade da tubulação corresponde a um certo comprimento fictício adicional de tubo, que recebe o nome de comprimento equivalente. A perda de carga total ao longo da tubulação é calculada pelos métodos usuais de cálculo da perda de carga contínua, considerando o COMPRIMENTO VIRTUAL da tubulação (LVIR ), conforme tabela seguinte: Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 8 / 16 c) Simplificação: Verifica-se que a relação entre o comprimento equivalente (LE) das diversas peças e seu diâmetro (D) é praticamente constante. Desta forma, o comprimento equivalente (LE) das diversas peças pode ser expresso em número diâmetros da tubulação, conforme tabela seguinte: 4.1.3 Total de perdas de carga Total das perdas: H1,2 = ƩHf (tubulação) + ƩHs (localizada). Ou no caso da Lvir EXERCÍCIO RESOLVIDO Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 9 / 16 FONTE DE CONSULTA: Apostila do Prof. Adão Wagner Pêgo Evangelista - Universidade Federal de Goiás; Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos; Setor De Engenharia Rural. Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 10 / 16 Anexo 1 – Experiência de Reynolds Anexo 2 – Tabela: Valores da rugosidade média (ε) dos materiais empregados em condutos forçados Obs: Alguns autores utilizam k no lugar de (rugosidade) Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 11 / 16 Anexo 3 – Outras fórmulas para cálculo da perda de carga Fórmula de Flamant : É uma equação que pode ser satisfatoriamente aplicada em tubos de pequeno diâmetro. De acordo com Azevedo Neto, no Sistema Internacional de Unidades, a equação de Flamant tem a seguinte apresentação: (Tabela seguinte) Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 12 / 16 Anexo 04 – DIAGRAMA DE MOODY Para determinar o fator de atrito se utiliza o Diagrama de Moody. Para tal deve-se ter o valor do número de Reynolds e a rugosidade relativa ε/D. A rugosidade absoluta ε depende do tipo de material da tubulação e do seu acabamento. Representa o valor médio das alturas da rugosidade da parede interna da tubulação. A Tabela (Anexo 2) mostra os valores da rugosidade absoluta para os materiais típicos de tubulações industriais utilizadas para o escoamento de fluidos. Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 13 / 16 Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS(profa Ana Kelly) - set/17 14 / 16 ANEXO V – Valores de viscosidade Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 15 / 16 ANEXO VI – EXERCÍCIOS – ESCOAMENTO, VISCOSIDADE E REGIME DE ESCOAMENTO Apost 2 – Viscosidade, cond forç e perda de carga – MECÂNICA FLUIDOS (profa Ana Kelly) - set/17 16 / 16 ANEXO VII - Exercícios propostos para AV2 : 4 – CONCEITUE: - AS DIFERENÇAS ENTRE ESCOAMENTO LAMINAR, - VISCOSIDADE, RUGOSIDADE E CAMADA LIMITE.
Compartilhar