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OS DETERMINANTES SOCIAIS E O ADOECIMENTO MENTAL 
 
Cássia Regina Rosa** 
 
Resumo 
Na sociedade atual, tem-se observado um aumento da demanda por serviços de assistência e 
recuperação das pessoas com sofrimento e doenças mentais. No âmbito mundial, a 
Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que de 1998 a 2010, aumentou em 47% o 
número de instituições de atendimento nos serviços de saúde mental. No Brasil, vem 
ocorrendo a Reforma Psiquiátrica, disseminando serviços de assistência à saúde, com enfoque 
para o usuário, família e comunidade e, não apenas, nos hospitais. Contudo, o adoecimento 
mental aparece distante das condições de vida que a população enfrenta, ou seja, grosso 
modo, não se observa uma discussão das determinações sociais que podem influenciar o 
adoecimento mental. Assim, a pesquisa em curso busca discutir os possíveis fatores de 
“adoecimento mental” a partir da análise dos determinantes sociais, ou seja, o modo de viver 
dos indivíduos pode favorecer, mais ou menos a produção de adoecimento. O modo de viver 
inter-atua no organismo e mente das pessoas melhorando sua qualidade de vida ou 
aumentando sua degradação e depauperamento.Neste momento da pesquisa, tem sido 
realizados estudos e pesquisas bibliográficas que versam a respeito do sofrimento mental, com 
destaque para o processo de reconhecimento da loucura como um problema de saúde 
pública.Historicamente o sofrimento mental esteve associado a “Loucura”,que, ao longo dos 
tempos, teve um tratamento bastante discriminatório, para não dizer violento. A busca pela 
compreensão dos fatores que explicariam a loucura, associou-a às influências climáticas e 
cosmológica, eliminando as interações do meio social e ambiental em que a pessoa estava 
inserida.Como a pesquisa está iniciando, ainda não apresenta resultados, mas o que se tem 
observado é que, ainda hoje, no Século XXI, o sofrimento mental permanece com 
dificuldades em estabelecer uma relação mais profícua do processo de doença com o meio em 
que a pessoa vive, isso, tanto em termos do estabelecimento do diagnostico quanto do 
tratamento.Os serviços de saúde mental ainda não têm conseguido obter êxito na prevenção 
da problemática e mesmo na sua contenção. Além disso, as novas configurações postas pela 
modernidade relativas às relações sociais e de trabalho parecem atuar diretamente no processo 
de adoecimento, mas isso, ainda é visto de modo isolado. Acredita-se que o adoecimento 
mental se processa organicamente,porém se alimenta do processo histórico da vida do ser 
social.Dessa maneira, neste estudo, pretende-se buscar uma apreensão sistemática do 
sofrimento mental, a partir do estudo dos determinantes sociais. 
 
Palavras-chave: Saúde Mental, determinantes sociais. 
 
 
 
 
 
 
O que se entende por Saúde e Saúde Mental 
 
2 
 
*Jaime Breilh, médico equatoriano que, ainda na década de 1970, muito antes de isso se tornar preocupação para 
a OMS, desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre determinação social da saúde. PhD em Epidemiologia e 
mestre em Medicina Social, Breilh é professor e diretor da área de saúde da Universidad Andina Simón Bolivar, 
no Equador. 
** UNESP(Universidade Estadual Paulista)-Franca, E-mail cassiabario@hotmail.com 
De acordo com o Ministério da Saúde, esta é um “estado de bem – estar físico, social, 
mental completo e não somente a ausência de doença. É a dimensão em que um indivíduo ou 
grupo é capaz, por um lado, para realizar suas aspirações e satisfazer as necessidades e, por 
outro lado alterar ou lidar com o ambiente.” (GLOSSÁRIO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE, 
p.1). 
Em 1986, no Canadá, um documento lançado pelo Ministério da Saúde e Bem Estar 
sob o nome “Alcançar Saúde Para Todos”, pensa que a saúde deve ser observada em termos 
de analise dos nossos meios sociais e pessoais para atuação. O documento cita saúde como 
um meio que possibilita às pessoas habilidade de gerir e até transformar as coisas a sua volta, 
uma força essencial e que tem grande movimento em nossas vidas. Uma força que sofre 
influência de nossas crenças, cultura, nosso social, econômico, nossas circunstâncias e 
ambientes físicos. (ALCANÇAR SAÚDE PARA TODOS, p.3). Este conceito atuante de 
saúde dedica maior elevação para os determinantes sociais e mentais de saúde, ele também 
nos força a refletir a saúde como algo colocado á prova não apenas individualmente, mas 
também coletivamente. Essa forma de compreensão de saúde consiste em considerar a pessoa 
e sua interação com o ambiente, entenda-se ambiente neste contexto como o natural e 
artificial, o físico, as condições culturais, sociais, econômicos, bem como influências do 
quotidiano que afetam a nossa vida a cada dia. 
Diversas informações que sabemos sobre saúde mental, advêm do tratamento e 
estudos dos transtornos mentais. A Saúde mental já é vista por alguns especialistas sob a ótica 
das condições da sociedade como um todo. É neste sentido que Saúde mental passa a ser 
compreendido como a capacidade de interação entre ambiente, indivíduo e os diversos grupos 
existentes de modo que seu bem estar subjetivo seja promovido, assim como suas habilidades 
mentais, ou seja, cognitiva, afetiva e as demais relacionadas. Considerando-se esta definição 
para saúde mental, o mental nos transporta para o entendimento de que este faz referência à 
relação entre grupo, indivíduo e meio ambiente, não sendo mais a saúde mental um “traço” 
individual e sim um recurso onde existem forças, as energias do indivíduo interagindo 
eficazmente com as oportunidades e grupos no meio ambiente. 
 
O que se entende por determinantes Sociais 
 
3 
 
*Jaime Breilh, médico equatoriano que, ainda na década de 1970, muito antes de isso se tornar preocupação para 
a OMS, desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre determinação social da saúde. PhD em Epidemiologia e 
mestre em Medicina Social, Breilh é professor e diretor da área de saúde da Universidad Andina Simón Bolivar, 
no Equador. 
** UNESP(Universidade Estadual Paulista)-Franca, E-mail cassiabario@hotmail.com 
Para se produzir saúde é preciso que amplifiquemos nosso pensar e agir, 
analisando o modo de viver dos indivíduos e coletividades. Cada escolha ou 
omissão, cada solução ou ausência de resposta diante das dificuldades 
cotidianas, cada gesto, cada palavra é marcado por muitas circunstâncias que 
podem produzir mais ou menos adoecimento. As circunstâncias em que 
vivemos são os determinantes sociais da nossa saúde. Consideram-se como 
determinantes sociais as condições de classe social, escolaridade, segurança 
alimentar, habitação e moradia, bem como o acesso a serviços e bens 
públicos, entre outros, o que resguarda os limites do setor público e desafia 
práticas intersetoriais provocadoras de mudanças no nível de saúde dos 
indivíduos e grupos sociais. (MINISTÉRIO DA SAÚDE - BRASIL) 
 
Os determinantes sociais de saúde (DSS) tem seu conceito bastante generalizado 
afirmam que as condições de vida e trabalho das pessoas e grupos atuam diretamente na sua 
situação de saúde, a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) 
acrescenta que os determinantes sociais são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/ 
raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde 
e seus fatores de risco na população. A comissão homônima da Organização Mundial da 
Saúde (OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os DSS são as condições 
sociais em que as pessoas vivem e trabalham. Para Jaime Breilh*, é preciso considerar e 
analisar os processos históricos que geram os problemas de saúde coletiva. Considerado a 
definição da organização Mundial da Saúde na qual é citada as condições em que as pessoas 
vivem e trabalham, a partir deste momento será feito uma discussão sobre aatuação das 
condições de trabalho na saúde mental dos indivíduos. 
 
 
Modo de Produção Capitalista e Saúde Mental 
 
 O capitalismo alcança sua expressão clássica nos meados do século XXL, sua base 
fundamental que o faz um sistema cada vez mais potente e rico é a produção da “mais valia”, 
esta, por sua vez representa o trabalho r e não pago, que acaba por gerar lucro ao detentor do 
capital. Assim sendo o operário será considerado exclusivamente como um homem 
econômico, ou seja, torna-se meio ou instrumento de produção esse sistema não trata como 
ser humano e concreto (com seus sofrimentos, sentimento e desgraças) isso se denomina 
coisificação, ou seja o homem não é visto com um ser com pensamentos, vontades e direitos, 
mas sim como coisa, coisa que pode produzir, consumir, um homem coisificado que apenas é 
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*Jaime Breilh, médico equatoriano que, ainda na década de 1970, muito antes de isso se tornar preocupação para 
a OMS, desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre determinação social da saúde. PhD em Epidemiologia e 
mestre em Medicina Social, Breilh é professor e diretor da área de saúde da Universidad Andina Simón Bolivar, 
no Equador. 
** UNESP(Universidade Estadual Paulista)-Franca, E-mail cassiabario@hotmail.com 
importante enquanto foi capaz de contribuir para esse sistema que se alimentando da sua vida 
através de sua força de trabalho. A situação em que o operário se encontra com o respeito à 
propriedade dos meios fundamentais de produção (desposse total) gera o fenômeno da 
alienação. É necessário que a maioria permaneça ignorante e/ou alienado. (O CAPITAL DO 
MARX PAGINA: 715) Essa alienação se faz necessária para que o dono do capital o 
mantenha dentro desse sistema. A alienação acontece na medida em que os trabalhadores 
produzem objetos que satisfazem necessidades humanas, mas sendo por sua vez, uma 
atividade essencial do homem, o trabalhador não a reconhece como tal ou como atividade 
realmente feita por suas mãos, ou seja, não reconhece a sua obra, pelo contrário, o seu 
trabalho e seus produtos se lhe apresentam como algo estranho e até hostil, dado que não lhe 
proporcionam se não miséria, sofrimento, insegurança e desigualdade social e econômica. 
Com o progresso científico e tecnológico das ultimas décadas, foram introduzidas maquinas e 
equipamentos para aumentar a produtividade do trabalho, substituindo assim muitos 
trabalhadores pela maquina, uma forma de diminuir o prejuízo e aumentar o lucro, levando a 
produção excedente, a fim de poder estocar os produtos, pois não eram exigidos para 
satisfazer necessidades imediatas. Com a desigualdade se tornou possível à apropriação 
privada dos bens ou produtos do trabalho alheio, bem como antagonismo entre ricos e pobres. 
A perpetuação da desigualdade e de condições de sub trabalho se dá graças ao “exército 
industrial de reserva”, este é composto por pessoas que estão em situações ainda mais 
precárias, estas pessoas não tem suas necessidades atendidas pelo trabalho ou não possuem 
trabalho ou condições para desenvolver quais quer atividade, essa análise nos remete a uma 
atuação direta das condições de trabalho na saúde do indivíduo, grupos ou comunidades. 
Christophe Dejours, especialista em trabalho vai Como buscar dialogar com questões como: 
O que fazemos para tolerar a sorte reservada aos desempregados e aos novos pobres, cujo 
número não para de aumentar? E como conseguiremos, ao mesmo tempo, aceitar sem 
protestos as pressões no trabalho que são cada vez maiores que chegam a por em risco nossa 
integridade mental e física? Dejours descobre que a origem desse consentimento, está no 
medo, depois a vergonha. Quando para funcionar a máquina neoliberal, acabamos por 
cometer atos que, todavia, reprovamos. Diante da situação de guerra econômica se utilizam 
métodos cruéis contra os cidadãos, no mundo trabalho, a fim de excluir aqueles que não estão 
aptos para combater nessa guerra; Como os mais velhos, que perderam a agilidade, e os 
jovens mal preparados. Estes são demitidos, ao passo que se exige desempenho sempre 
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*Jaime Breilh, médico equatoriano que, ainda na década de 1970, muito antes de isso se tornar preocupação para 
a OMS, desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre determinação social da saúde. PhD em Epidemiologia e 
mestre em Medicina Social, Breilh é professor e diretor da área de saúde da Universidad Andina Simón Bolivar, 
no Equador. 
** UNESP(Universidade Estadual Paulista)-Franca, E-mail cassiabario@hotmail.com 
superior em termos de produtividade, disponibilidade, disciplina e abnegação. Essa guerra 
travada implica em sacrifícios individuais e coletivos em nome da razão econômica, uma 
guerra sem equipamentos militares e com competitividade. Às vezes, se “cochiche” que é uma 
“guerra sã”. Antes de tudo, pela saúde das empresas. Metáforas como: “Amar a casa”, 
“Enxugar os quadros” e “Fazer uma faxina” são recorrentes para justificar as decisões de 
remanejamento rebaixamento, marginalização ou dispensas que causam às pessoas 
sofrimentos, aflições e crises de que são testemunhas compulsórias assistentes sociais e 
psiquiatras. 
Segundo Dejours, motivações subjetivas da dominação fazem com que uns infligem 
sofrimento aos outros. Enquanto estes padecem no sofrimento. Esta é uma questão política 
crucial. Se a maquinaria continua a mostrar seu poderio é porque consentimos em fazê-la 
funcionar mesmo quando isso nos repugna. É por intermédio do sofrimento no trabalho que se 
forma o consentimento para participar do sistema. O sofrimento aumenta porque os 
trabalhadores vão perdendo gradualmente a esperança de que a condição, que lhes é dada, 
possa melhorar. Vão, cada vez mais, se convencendo que de que seus esforços, dedicação, 
seus sacrifícios, só acabam por agravar a situação. A relação com o trabalho vai se 
dissociando, paulatinamente, da promessa de felicidade e segurança. Compartilhadas para si 
mesmo colegas e os próprios filhos. Há o sofrimento dos que trabalham e dos que não têm 
emprego. Querem nos fazer acreditar ou tendemos a acreditar, espontaneamente, que 
sofrimento foi atenuado, ou, mesmo, eliminado, pela mecanização e robotização. Pois, teriam 
abolido as obrigações mecânicas. Além de transformar braçais, “cheirando a suor”, em 
operadores de mãos limpas, transmutaram operários em empregados. Acreditava-se que 
tenderiam a livrar a pele de asno de seu traje mal cheiroso para proporcionar um destino de 
“princesa de vestido prateado”. Infelizmente, tudo isso não passa de clichê. Por trás da vitrina 
ao sofrimento dos que trabalham. Dos que, aliás, pretensamente não mais existem. Embora, 
na verdade, sejam legiões e assumem inúmeras tarefas arriscadas para a saúde, e em 
condições pouco diferentes, daquelas de antigamente e, por vezes, agravas por frequentes 
infrações de leis trabalhistas. Ao medo dos que temem não satisfazer, não estar a altura das 
disposições, da organização: Imposições de horário, ritmo, formação, informação, nível de 
instrução, experiência, rapidez, entre outros. Estudos revelam que, por trás das vitrinas do 
progresso, há um mundo de sofrimento que, às vezes, no deixa incrédulos. 
Em situações de trabalhos comuns é frequente verificarem-se acidentes e incidentes. Cuja 
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*Jaime Breilh, médico equatoriano que, ainda na década de 1970, muito antes de isso se tornar preocupação para 
a OMS, desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre determinação social da saúde. PhD em Epidemiologia e 
mestre em Medicina Social, Breilh é professor e diretor da área de saúde da Universidad Andina Simón Bolivar, 
no Equador. 
** UNESP(Universidade Estadual Paulista)-Franca, E-mail cassiabario@hotmail.com 
origem não se consegue jamais entender e que abalam e desestabilizamos trabalhadores mais 
experientes. Em tais situações, muitas vezes, os trabalhadores não têm como saber se as sua 
falhas se devem à sua incompetência ou anomalias do sistema técnico. Essa fonte de 
perplexidade causa angústia e sofrimento. Estes tomam a forma de medo de ser incompetente, 
de não estar a altura ou de se mostrar incapaz de enfrentar convenientemente situações 
incomuns ou incertas. 
Até mesmo quando o trabalhador sabe o que deve fazer, não pode faze-lo , porque o 
impedem as pressões sociais do trabalho. Colegas criam-lhe obstáculos, o ambiente social é 
péssimo, cada um trabalha por si, todos sonegam informações, prejudicando, assim, a 
cooperação. Outro fator é ser constrangido a executar mal a sua tarefa, o deixam numa 
situação psicológica, extremamente, penosa, conflitante com os valores do trabalho bem feito, 
o senso de responsabilidade e a ética profissional. Em sua maioria os que trabalham, se 
esforçam por fazer o melhor, pondo nisso muita energia, paixão e investimento pessoal. É 
justo que essa contribuição seja reconhecida. Quando ela passa despercebida, em meio a 
indiferença geral , ou é negada pelos outros, isso acarreta um sofrimento que é muito perigoso 
para a saúde mental. Quando a qualidade do trabalho é reconhecida, também são reconhecidos 
os esforços, as angústias, dúvidas, as decepções e os desânimos adquirem sentidos. Portanto, 
todo esse sofrimento não foi em vão. Não podendo gozar os benefícios do reconhecimento, 
nem alcançar assim o sentido de sua relação para com o trabalho, o sujeito se vê reconduzido 
ao sofrimento e, somente, a ele. Sofrimento este que num círculo vicioso é desestruturante, 
capaz de desestabilizar a identidade e a personalidade, levando à doença mental. Portanto, não 
há neutralidade do trabalho diante à doença mental. Embora, faça parte das expectativas de 
todos que trabalham, o reconhecimento é, raramente, conferido de modo satisfatório. 
Portanto, é de se esperar que o sofrimento, no trabalho, gere uma série de manifestações 
psicopatológicas. Pesquisas mostraram que a maioria das pessoas permanece na normalidade, 
em vez de detectar as doenças mentais. Verificou-se uma composição entre o sofrimento e 
luta (individual e coletiva), contra o sofrimento. Portanto a “normalidade” não significa 
ausência de sofrimento, muito pelo contrário, pode-se propor um conceito de “normalidade 
sofrente”, esta na maioria das vezes, necessária à proteção da saúde mental, contra os efeitos 
deletérios do sofrimento, as estratégias defensivas podem, também, funcionar como armadilha 
que insensibiliza contra aquilo que faz sofrer. Se a hoje a principal fonte de injustiça e 
sofrimento, na sociedade, é o desemprego, o grande palco do sofrimento é, certamente, o 
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*Jaime Breilh, médico equatoriano que, ainda na década de 1970, muito antes de isso se tornar preocupação para 
a OMS, desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre determinação social da saúde. PhD em Epidemiologia e 
mestre em Medicina Social, Breilh é professor e diretor da área de saúde da Universidad Andina Simón Bolivar, 
no Equador. 
** UNESP(Universidade Estadual Paulista)-Franca, E-mail cassiabario@hotmail.com 
trabalho. Tanto para os que dele se achavam excluídos tanto para os que dele permanecem. 
Quando se descrevia o sofrimento psíquico era no decorrer de um romance ou de um relato 
(LINHART, 1978), nunca num texto de análise política ou sindical. Afora a saúde do corpo, 
as preocupações relativas à saúde da mente, ao sofrimento psíquico no trabalho, ao medo da 
alienação, a crise do sentido do trabalho não só deixaram de ser analisadas e compreendidas 
como, também, foram, frequentemente, rejeitas e qualificadas. Nos anos 70, tudo que dizia a 
respeito da subjetividade gerada desconfiança e reprovação pública. Sindicatos iam contra a 
análise da subjetividade e do sofrimento no trabalho. Ademais, logo, para a tolerância no 
sofrimento. A falta de reação coletiva diante da adversidade social e psicológica causada hoje 
pelo desemprego foi, portanto, precedida por uma recusa deliberada de mobilização coletiva, 
em face do sofrimento causado pelo trabalho, sob o pretexto de que este último resultava da 
sensibilidade exacerbada, de que se mobilizar pelo sofrimento psíquico era tomar o reflexo 
pela causa e levar ao impasse o movimento sindical. O espaço dedicado à discussão sobre o 
sofrimento no trabalho tornou-se tão restrito que, nos últimos anos, produziram-se situações 
dramáticas que jamais se vira: Tentativa de suicídios no local de trabalho, que atestavam o 
impasse psíquico criado pela falta de interlocutor que dê a atenção àquele que sofre. A 
presente pesquisa tem como objetivo analisar a influência do modo de vida das pessoas na sua 
Saúde Mental, está sendo realizada através de leituras e ainda não apresenta resultados, o que 
se observa é que o é que os “jogos de exclusão(...)são retomados, essas estruturas 
permanecerão(...). Pobres, Vagabundos, presidiários e “cabeças alienadas” assumirão o papel 
abandonado pelo lazarento do século XV”. Ainda hoje são adotadas políticas de segregação 
adotadas no século XVI e XVII. Precisa-se estabelecer uma discussão sistemática sobre a 
temática tanto na área social como nas demais. 
 
REFERÊNCIAS 
DEJOURS, Christopher. A banalização da justiça social. 7° edição. Rio de Janeiro, Editora 
Fundação Getúlio Vargas. 
 
FOUCAULT, Michael. História da Loucura na Idade Clássica. Editora Perspectiva. (1978) 
 
MARX, Karl. O capital. 15edição - Bertrand Brasil, v. II. Traduzido Reginaldo Sant Anna.

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