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Seguro de carro

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São Paulo 
2017 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO E SEGURO DE CARRO 
 
 
 
 
 
 
 
Edileia Santos Conceição RA: C235920 
Eduardo Cobra Storolli RA: C295fg7 
Fernanda Silva Guimarães RA: C524bf9 
Simone Lopes da Silva RA: T576253 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2017 
 
Edileia Santos Conceição – RA: C235920 
Eduardo Cobra Storolli - RA: C295fg7 
Fernanda Silva Guimarães - RA: C524bf9 
Simone Lopes da Silva - RA: T576253 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO E SEGURO DE CARRO 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto de pesquisa, apresentado no curso de Direito à 
Universidade Paulista UNIP, Tatuapé com a exigência 
para a disciplina de Contratos Geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2017 
 
RESUMO 
 
O UBER é um aplicativo bastante recente no Brasil e sua legalidade ainda é 
controversa nos aspectos jurídicos. Devido a esses fatores a maioria das 
seguradoras ainda não tem um campo específico no perfil de risco com uma 
pergunta, por exemplo, “Tipo de utilização?” = “Uber” ou algo do tipo. 
“No momento apenas a Porto Seguro, Sul América, Mapfre e Tokio Marine 
aceitam veículos UBER. Delas, a Tokio Marine é a mais restritiva: o proprietário legal 
do carro tem que ser obrigatoriamente o motorista (não podendo haver outro) e o 
carro só pode ser usado exclusivamente para fins comerciais, não cobrindo lazer. a 
Tókio Marine foi à única seguradora com que trabalhamos a qual incluiu no seu perfil 
de risco a opção “Tipo de utilização” Transporte de pessoas (por aplicativo)”. Nas 
demais ainda não existe um campo específico, por isso é necessário solicitar ao 
corretor para consultar junto à seguradora qual o enquadramento necessário. Na 
grande maioria a aceitação exige que seja preenchido tipo de utilização como 
“comercial”, mas é sempre necessário confirmar junto ao corretor, pois estas regras 
dependem da norma e Condições Gerais de cada seguradora. Por isso, a dica sobre 
o perfil de risco é: peça ao corretor para checar com as seguradoras de seu 
interesse quais as regras de enquadramento para quem usa UBER. Questione se 
deve constar como “utilização comercial”, “utilização para transporte de pessoas 
através de aplicativo”, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1 PROBLEMA APRESENTADO .......................................................................... 1 
2 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 2 
3. ORIGEM DOS CONTRATOS DE SEGURO .................................................. 3 
5.1 O CONTRATO DE SEGURO E A RESPONSABILIDADE CIVIL .............. 11 
6. CONTRATO DE SEGURO DE CARRO .......................................................... 15 
6.1 CONCEITOS E ELEMENTOS DO SEGURO ........................................... 16 
7. CODIGO DO CONSUMIDOR .......................................................................... 19 
7.1 A LEGISLAÇAO APLICAVEL AO SEGURO: CC ou CDC ........................ 20 
7.1.1 LIMITES RESPONSABILIDADE FACE DA AUSENCIA DE BOA FE .... 21 
8. EFEITOS JURÍDICOS ..................................................................................... 23 
8.1 CARACTERES JURÍDICOS ..................................................................... 24 
9. SEGURADORA PODE NEGAR INDENIAÇAO PARA MOTORISTAS QUE 
OMITEM SER DO UBER .......................................................................................... 26 
10 Excelentíssimo Senhor Doutor Professor de Direito da Universidade 
Paulista da comarca de São Paulo Campus Tatuapé. ......................................... 30 
10.1 I - O PROBLEMA APRESENTADO .......................................................... 30 
10.2 II - DOS FATOS ........................................................................................ 31 
10.3 III - DOS FUNDAMENTOS ....................................................................... 33 
10.4 IV - DO PEDIDO ....................................................................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 PROBLEMA APRESENTADO 
 
Marco Antônio Joao é proprietário de um veiculo para uso próprio e, contratou 
seguro junto à seguradora Felicidade Total para se prevenir de danos decorrentes 
de furto, roubo, colisão e incêndio. Acontece que Marco Antônio perdeu o emprego e 
não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho. Preocupado com o sustento da 
família ele começou a trabalhar como UBE, utilizando seu veiculo para essa 
finalidade. Na segunda semana de trabalho Marco Antônio sofreu um grave acidente 
de transito que resultou na perda total do veiculo. A seguradora foi notificada do 
acidente, realizou os trabalhos de regulação do sinistro e concluiu que não poderia 
haver pagamento de indenização pela perda total do veiculo, uma vez que o 
segurado estava utilizando o automóvel para destinação diversa daquela declarada 
no momento da contratação do seguro. Fundamentou a negativa no código civil. 
Marco Antônio Joao procurou vocês como Advogados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem por finalidade estudar o contrato de seguro, com foco 
na jurisprudência dos tribunais Brasileiros, pesquisar julgados favoráveis á tese do 
cliente, ou seja, de que o pagamento da indenização é devido, identificar artigos de 
lei que sustentaram a negativa da seguradora. 
 Sem se abster de citar entendimentos doutrinários sobre o tema, 
principalmente, os enunciados das Jornadas de Direito Civil. Esse tipo de contrato se 
torna cada dia mais comum, e do mesmo modo, cada vez mais demandado nos 
tribunais brasileiros, em face das discordâncias das seguradoras e dos segurados. 
Em face das discordâncias das seguradoras e dos segurados. O seguro pode 
ser conceituado conforme a concepção de cada autor, mas tem sido possível 
uniformizar os conceitos básicos. Dentre os principais tratadistas, temos o seguinte: 
“O seguro é a compensação , segundo as leis da estatística ou outros dados 
científicos, de um conjunto de riscos da mesma natureza, permitindo, mediante 
remuneração chamada prêmio ou cotização, fornecer, pela garantia mútua e nas 
condições fixadas, certas prestações em caso de realização de uma eventualidade 
suscetível de criar um estado de carência”. 
Verificar espécie de contrato pelo qual o segurador se obriga a garantir, 
contra riscos não determinados, um interesse do segurado, referente a uma pessoa 
ou coisa, através do pagamento de um prêmio em caso de sinistro – suas principais 
espécies, e peculiaridades em relação a outros contratos. Analisar também os 
sujeitos participantes do seguro, os elementos deste contrato, além dos demais 
regramentos e entendimentos que se mostrarem importantes à compreensão do 
funcionamento desta espécie de contrato largamente utilizada por nossa sociedade, 
tais como suas formas de extinção, prescrição, litisconsórcio e procedimentos 
trâmites práticos tanto da contratação quanto para pagamento ou não do prêmio 
 
 
 
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3. ORIGEM DOS CONTRATOS DE SEGURO 
 
A história do seguro remonta a séculos antes de Cristo, quando as caravanas 
atravessavam os desertos do Oriente para comercializar camelos., bem como no 
ramo da navegação, em que também foi adotado o princípio de seguro entre os 
fenícios, cujos barcos navegavam através dos mares Egeu e Mediterrâneo. A 
preocupação com transporte marítimotinha como causa interesses econômicos, 
pois o comércio exterior dos países se dava apenas por mar. 
A ideia de garantir o funcionamento da economia por meio do seguro prevalece até 
hoje. A forma de seguro é que mudou, e se aperfeiçoa cada vez mais. 
A civilização chinesa utilizava-se do rio Amarelo como via de transporte de pessoas 
e mercadorias, no período de 5.000 a 2.300 a. C. E a principal prática adotada a fim 
de minorar prejuízos advindos de qualquer acidente era a distribuição de 
mercadorias dos comerciantes em várias embarcações. Dessa forma, em caso de 
afundamento, nenhum comerciante perderia toda sua mercadoria, mas apenas uma 
fração desta. Essa técnica, apesar de outras formas que surgiram de minimizar 
prejuízos, ainda é utilizada na atualidade devido a sua eficiência. 
Em 3.000 a. C, na Mesopotâmia, as informações gravadas em tábuas de argila, em 
escrita cuneiforme, relatam que em 2.300 a. C. Os mercadores babilônios já tinham 
suas formas de se proteger dos eventos que poderiam ocorrer às caravanas nas 
travessias dos desertos, pois alguns camelos eram perdidos no trajeto, e os 
mercadores uniam-se nessas travessias de maneira a garantir o pagamento de 
camelos perdidos ao longo da viagem, contudo, é com o desenvolvimento do 
comércio marítimo que as convenções visando à proteção contra riscos futuros vão 
se aperfeiçoando. Em 1.600 a. C., os fenícios tinham convenções que garantiam a 
construção de novos barcos para os armadores em substituição aos que fossem 
perdidos. A construção seria paga pelos outros que participassem da viagem. 
Também se tem notícia de que na Fenícia foi criado um fundo de reserva formado 
de parte dos lucros de maneira a fazer frente a eventuais prejuízos de viagens 
futuras. Também se oneravam as mercadorias que chegavam a salvo a seu destino 
de forma a fazer face ao valor das que eram perdidas a talassocracia grega também 
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foi responsável por avanços nas formas embrionárias de seguro. Data de 900 a. C., 
na ilha de Rodes, o surgimento da Lex Rhodia de Jactu de proteção contra os 
perigos do mar, chamadas de Leis de Rodes. Estas leis formavam o Código Navale 
Rhodorium que se espalhou entre várias outras potências marítimas e perdurou por 
vários séculos. 
Adotavam-se regras como a de que no caso de ser indispensável atirar mercadorias 
no mar para o bem de todos, o prejuízo resultante deveria ser reparado pela 
contribuição de todos os envolvidos na empreitada. Em 600 a. C., as Leis de Atenas 
criavam caixas de auxílio mútuo, corporativas ou religiosas, visando à prevenção de 
gastos inesperados, configurando assim associações de caráter mutualista. No 
entanto, o Mutualismo teve seus fundamentos de fato lançados por volta de 500 a. 
C., quando gregos e fenícios passam a agrupar diversas pessoas de maneira a 
juntos formarem uma reserva de recursos, de maneira que, no caso de infortúnios 
(naufrágios, ataques de piratas, incêndios), ninguém arcaria sozinho com as 
despesas. 
Com o início da Baixa Idade Média, os seguros voltam a ganhar importância com o 
reaquecimento do comércio marítimo. Em 1.115 o Papa Alexandre IV torna 
obrigatório segurar os bens eclesiásticos contra roubos. Em 1.190, o rei Ricardo 
Coração de Leão faz melhorias na Lex Rhodia de Jactu, passando os seguros 
marítimos a gozar de certa importância. Cerca de 100 anos depois, em 1.293, o rei 
D. Diniz de Portugal institui a primeira fora de seguro (dedicada exclusivamente para 
a atividade marítima). 
Por meio de um acordo entre os mercadores, pagava-se certa quantia sobre as 
embarcações, que era calculada de acordo com o porte da embarcação, bem como 
seu tráfego. O resultado da arrecadação servia para fazer face aos "sinistros" que 
ocasionassem a perda de mercadorias e navios. Em 1.300, na Inglaterra e Itália já 
se poderia "segurar" a vida humana com um seguro marítimo que garantia um 
pagamento no caso de perda de um homem no mar. 
Em 1.318, surge a Ordenança de Pisa, a primeira legislação sobre seguros nos 
moldes atuais. Os historiadores apontam que foi em 1.347 quando se deu a 
realização do primeiro contrato de seguro, o qual era referente a um transporte de 
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mercadorias entre Gênova e a ilha de Maiorca, e, com o qual, surgiu a primeira 
apólice de seguro. 
Devido às condições históricas, entretanto, foi em Portugal que houve um grande 
desenvolvimento dos seguros, uma vez que, já no século XIV, figurava como uma 
potência marítima. Ainda em 1.383, ano da Revolução de Avis, que marcou a subida 
ao trono de D. João (Mestre de Avis), representante de classe mercantil, foi 
publicada a primeira lei nacional sobre seguros. 
Apesar da imensa importância dos seguros no campo do comércio marítimo, 
somente em 1.488 é que se tem notícia da primeira apólice de seguros terrestres, 
em favor do rei de Nápoles e referente a uma valiosa coroa a ser transportada de 
Florença até seu reino. Em 1.583, é emitida a primeira apólice de seguro de vida 
pela Real Bolsa de Londres, referente à vida de um londrino proprietário de salinas, 
William Gybbons. 
Com o desenvolvimento dos cálculos de probabilidade, os seguros puderam se 
desenvolver mais ainda, na medida em que se tornou possível avaliar melhor os 
riscos referentes ao interesse a ser segurado. Em 1.654, com o trabalho "Geometria 
do Acaso" de Pascal torna-se possível a elaboração de "tábuas de mortalidade". 
Baseado neste trabalho, em 1.671, o holandês Johan de Witt calculou a 
probabilidade de uma pessoa, em cada ano de sua vida, morrer num determinado 
período de tempo. 
Em Londres, no ano de 1.660, Edward Lloyd abre um café, ponto de encontro de 
navegadores e de pessoas interessadas em negócios de seguros. Em 1.678, a partir 
deste café, surge a “Lloyd’s Underwriters”(tomadores de riscos), corporação que se 
tornou uma bolsa de seguros existente até hoje. 
Em 1.666, antes de converter-se em corporação, houve o grande incêndio de 
Londres, que poupou o, então ainda café, “Lloyd’s”, que logo em seguida passou a 
negociar também os primeiros seguros contra incêndios. Este fato marca o 
surgimento de um novo e vultoso filão para os seguros ao lado dos de comércio 
marítimo. 
Em 1.846, com a criação da Colônia de Resseguros na Alemanha, passa-se a se 
poder segurar os mais variados interesses, v. G., colheitas, gado, contra acidentes 
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de trabalho, contra as consequências de inundações, meios de transporte. Nova 
ampliação do campo de abrangência de seguros ocorre ainda na primeira metade do 
século XX, por obra de países como os EUA, podendo-se, atualmente, segurar até 
contra divórcios e o nascimento de gêmeos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. CONTRATOS DE SEGURO NO BRASIL 
 
No dia 24 de fevereiro de 1.808, o príncipe regente D. João assinou o decreto que 
autorizava o funcionamento da primeira companhia de seguros do país, a 
Companhia de Seguros Boa Fé, na capitania da Bahia, seguida, ainda no mesmo 
ano e capitania, pela Companhia de Seguros Conceito Pública. Estas primeiras 
companhias estavam voltadas para o mercado de seguros marítimos, visto que no 
mesmo ano ocorrera a abertura dos portos brasileiros. 
Após a Independência, foi autorizado, em 1.828, o funcionamento da primeira 
companhia de seguros do Império, a Sociedade de Seguros Mútuos Brasileiros, 
voltada para o mercado marítimo. No ano seguinte surgem seguros de cartas e 
maços de papéis para o caso de extravio. Após a promulgação, em 1.850, do 
Código Comercial Brasileiro, que regulou os segurosmarítimos, surgem onze 
seguradoras nacionais atuando neste ramo. Na mesma época, começam a atuar no 
ramo de incêndios e de vida. No caso destas últimas, havia duas especializadas em 
atuar contra a mortalidade de escravos, que eram segurados como mercadorias ou 
bens. 
No ano de 1.860, antes do início de autorizações para o funcionamento de 
companhias estrangeiras no país, o governo imperial, através de dois decretos 
começou a exercer certo controle no ramo de seguros, o que não destoa do resto do 
mundo e mantém-se até hoje. Com a autorização, 54 empresas estrangeiras de 
seguros se instalaram no país (sendo a prevalência das inglesas as quais perfaziam 
o total de 28) e que foram importantes para o incentivo do pouco desenvolvido 
mercado de seguros nacional. 
Contudo, com o início da República, crescia a preocupação em aumentar o controle 
do mercado de seguros, assim como evitar a evasão de divisas do país para o 
exterior. Em 1.901, através do Regulamento Murtinho (homenagem ao Ministro da 
Fazenda Joaquim Murtinho, do governo Campos Salles), cria-se o primeiro órgão 
fiscalizador da atividade de seguros, a Superintendência Geral de Seguros. 
O mercado de seguros desenvolve-se bastante nas primeiras décadas do século XX, 
o que é acompanhado pelo maior intervencionismo do Estado. Em 1.919 torna-se 
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obrigatório o seguro de acidentes de trabalho em todas as empresas industriais. Já 
na década de 30, é fundada a Atlântica Companhia Nacional de Seguros, hoje a 
Bradesco Seguros, que viria a se tornar a maior companhia do setor na América 
Latina. 
No ano de 1.939, é criado o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) que existe até 
hoje e foi grande responsável pelo desenvolvimento da atividade securitária no 
mercado nacional, que a partir de então passou por um período de nacionalização e 
expansão. 
Em 1.966, tem início a reforma do setor de seguros sendo criado o Sistema Nacional 
de Seguros Privados (Decreto-lei nº 73), composto pelo Conselho Nacional de 
Seguros Privados (CNSP), pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), 
pelo IRB e pelas seguradoras e corretores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
A conceituação do instituto da responsabilidade civil está sempre ligada à ideia de 
violação do direito de outrem, neste sentido, Carlos Roberto Gonçalves diz que 
“Responsabilidade Civil é, assim, um dever jurídico sucessivo que surge para 
recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário”. 
Responsabilidade civil nas lições de De Plácido e Silva “designa a obrigação de 
reparar o dano ou de ressarcir o dano, quando injustamente causado a outrem. 
Revela-se, assim, ou melhor, resulta da ofensa ou da violação de direito, que 
redundam em dano ou prejuízo a outrem”. 
Embora os conceitos esposados sejam abrangentes, necessário se faz acrescentar 
que a responsabilidade civil decorre da obrigação de reparar o dano, desde que da 
prática de um ato omissivo ou comissivo resulte prejuízo moral ou material a terceiro, 
sendo que o ressarcimento estará condicionado a aplicação de duas teorias 
distintas: - da culpa, - do risco. 
Na Teoria da Culpa o dever de indenizar estará atrelado à prova da culpa do agente 
ofensor na prática do ato que gerou o evento lesivo, estamos falando portanto, de 
responsabilidade subjetiva. Já na Teoria do Risco, o ofensor do dano assume os 
riscos do ato praticado, razão pela qual o dever de indenizar independe de sua 
culpa, daí porque se denomina responsabilidade objetiva. 
Do ponto de vista histórico, o instituto da responsabilidade civil evoluiu muito, haja 
vista que nos primórdios jurídicos a sua aplicação não estava atrelada à reparação 
do dano, mas sim a vingança decorrente do ato violador, como se vê das lições de 
João Agnaldo Donizete Gandini: “Nos primórdios da civilização humana, a 
responsabilidade civil fundava-se na vingança coletiva, que se caracterizava pela 
reação conjunta do grupo contra o agressor, pela ofensa a um de seus 
componentes. O instituto evoluiu para uma reação individual, ou seja, passou da 
vingança coletiva para a privada, em que os homens faziam justiça pelas próprias 
mãos, fundamentados na Lei de Talião, que é conhecida hoje pela expressão ‘olho 
por olho, dente por dente’. O poder público, neste caso, intervinha apenas para ditar 
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como e quando a vítima poderia ter o direito de retaliação, ensejando no lesante 
dano idêntico ao que foi produzido”. 
No Direito brasileiro, o instituto teve reconhecimento no Código Civil de 1916, onde o 
legislador determinava que: 
“Artigo 159 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou 
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o 
dano”. 
No entanto, tal dispositivo fundava-se na Teoria da Culpa, fazendo com que o 
ofendido para buscar a reparação tivesse que fazer prova tríplice: - da prática do ato 
omissivo ou comissivo pelo agente ofensor; - da culpa na violação de seu direito; - 
do dano. 
Posteriormente, a legislação brasileira veio evoluindo e passou a inserir no contexto 
da responsabilidade civil a teoria do risco, restando ao ofendido apenas a 
necessidade da prova do ato e do dano, exonerando-se a prova da culpa, como é o 
caso do Código de Defesa do Consumidor, Lei de Responsabilidade Civil por Danos 
Praticados ao Meio Ambiente e da Lei de Imprensa. 
No atual Código Civil, o instituto foi incluído no Título IX – Responsabilidade Civil do 
Livro I – Do Direito das Obrigações, que em seu artigo 927 assim disciplina: 
“Artigo 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo”. 
“Parágrafo único – Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos 
de outrem”. 
Note-se que com isso, o legislador brasileiro evoluiu para uma teoria mista, 
mantendo-se a Teoria da Culpa no caput do artigo 927 e incluindo a Teoria do Risco 
no parágrafo único do mesmo dispositivo. 
Ocorre, que, se de um lado nada mudou naqueles casos onde se aplicava legislação 
especial como é o caso das relações de consumo, danos causados ao meio 
ambiente ou proveniente da atividade da imprensa, no que tange às relações 
disciplinadas exclusivamente pelo Código Civil o legislador incorporou a Teoria do 
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Risco, mas com um complicador adicional, qual seja, o de definir as atividades que 
pela sua natureza gerem riscos a terceiros. Sobre isso, o Professor Luiz Antônio 
Rizzatto Nunes costuma afirmar em suas aulas que o legislador evita colocar 
definições nos institutos jurídicos para não permitir restrição em sua aplicação, o que 
leva o entendimento de que a questão trazida pelo citado parágrafo será por muito 
tempo discutido jurisprudencial mente para estabelecer contornos próprios. 
Por último, cabe lembrar que a regra da responsabilidade civil no direito brasileiro é 
a da responsabilidade patrimonial gerada por força do Princípio da Imputação Civil 
dos Danos, como descreve Rosa Nery: “Segundo o sistema jurídico de direito 
privado, a dívida se paga com bens do patrimônio material do sujeito e a isto se 
chama ‘imputação civil dos danos’”. Portanto, somente nos casos excepcionais é 
que a responsabilidade pessoal pode ser invocada no direito brasileiro. 
Porém, como o instituto aqui será analisado considerando-se os contratos de seguro 
e de transporte, passamosa conhecê-los para verificar a aplicabilidade da 
responsabilidade civil a espécie. 
 
5.1 O CONTRATO DE SEGURO E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
O Contrato de Seguro, disciplinado no Código Civil nos artigos 757 a 802, é a 
espécie contratual em que uma parte denominada segurador, assume os riscos de 
terceiro, denominado segurado, mediante o pagamento de um prêmio. 
Portanto, tal contrato possui cinco elementos distintos: - segurador; - segurado; - 
sinistro; - prêmio, e - risco segurado. 
O segurador é pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de Sociedade 
Anônima que só pode funcionar mediante autorização do Poder Público e assume 
no contrato os riscos provenientes de eventual sinistro. 
O segurado pode ser pessoa física ou jurídica que transfere o risco sobre um bem 
jurídico que vai desde a própria vida até o seu patrimônio ao segurador que 
assumirá a obrigação de indenizar na hipótese de ocorrer sinistro previsto em 
contrato. 
O sinistro é qualquer evento previsto capaz de lesar o bem jurídico protegido. No 
entanto, ainda que previsto, sua ocorrência é incerta. Portanto, o contrato de seguro 
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é de natureza aleatória, podendo ou não ocorrer o evento danoso, sem que este fato 
prejudique o objeto contratado. 
O prêmio é o valor pago pelo segurado ao segurador para que este último assuma 
os riscos da eventual ocorrência de um sinistro. 
Por último temos o risco segurado que trata justamente dos limites de cobertura do 
contrato de seguro, haja vista que o bem jurídico a ser protegido estará resguardado 
dentro de limites estabelecidos pelas partes na contratação. 
O contrato de seguro tem como balizamento principal o Princípio da Boa-Fé ou seja, 
a intenção das partes na hora da contratação, se de um lado deve o segurado o 
dever de informações precisas sobre o bem jurídico a ser protegido, deve o 
segurador por outro lado o dever objetivo de indenizar na hipótese de ocorrência do 
sinistro. 
Aliás, é importante ressaltar que o princípio da boa-fé revolucionou todo o direito das 
obrigações, como nos ensina Clóvis do Couto e Silva: “A boa-fé, compreendida 
como um estado subjetivo, tem sido objeto de inumeráveis estudos, não valendo 
reproduzi-los agora. Parece, pois, importante circunscrever o tema ao Direito 
Obrigacional, onde a boa-fé constituiu-se no elemento que, em muitos países, 
operou verdadeira transformação jurídica, através da doutrina e do Poder Judiciário”. 
No tocante a aplicação da responsabilidade civil nos contratos de seguro, está nasce 
justamente na hipótese do dever de indenizar que se impõe ao segurador decorrente 
do objeto contratado no contrato de seguro. 
A respeito do bem jurídico protegido, o legislador disciplinou que a proteção do risco 
será excluída e considerado nulo o contrato proveniente de ato doloso, como se vê: 
“Artigo 762 – Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso 
do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro”. 
O legislador quis resguardar aqui, o segurador da prática deliberada de má-fé por 
parte do segurado, como bem exemplificou Clóvis Beviláqua ao discorrer da 
hipótese de suicídio por parte do segurado: “O suicídio para anular o seguro deve 
ser conscientemente deliberado, porque será igualmente um modo de procurar o 
risco, desnaturando o contrato”. É que é da natureza do contrato de seguro o 
elemento aleatório, ou seja, o sinistro pode ou não ocorrer, porém, quando o 
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segurado provoca ou agrava o risco, ele desnatura o contrato ao modificar a 
natureza aleatória própria da espécie. 
Apesar de bem regrado, o tema contrato de seguro é muito controvertido no Direito 
brasileiro, haja vista que nem sempre o segurado presta as informações exatas 
sobre o bem jurídico protegido, ou quando presta, o segurador desconfia. Além 
disso, é muito comum, dada a complexidade de formulação dos contratos de seguro, 
a existência de cláusulas limitativas de indenização que nem sempre estão claras ao 
segurado, o que só se descobre quando da ocorrência de sinistro, levando a 
discussão judicial do contrato. 
Mas neste último ponto, o da existência de cláusulas limitativas, temos um 
posicionamento que também parece crescente na doutrina e na jurisprudência 
nacional, o de que o dever de indenizar é objetivo, independentemente das 
limitações existentes nos contratos. 
É que o prêmio pago pelo segurado para transferência do risco para o segurador é 
calculado com base na hipótese de ocorrência do sinistro, levando-se em 
consideração todas as variantes que possam interferir na sua probabilidade, o que 
permite afirmarmos que existe uma socialização do risco de ocorrência do sinistro 
com toda a massa que se utiliza dos contratos de seguro como meio de proteção. 
Ora, se de fato existe essa socialização do risco, o montante dos prêmios pagos são 
suficientes para indenização de todos os sinistros que tenham ocorrência natural, 
não restando dúvidas quanto ao dever de indenizar. 
E, se todos os riscos foram socializados com os contratantes de seguro, não restou 
risco para o segurador, razão pela qual deve ele objetivamente indenizar o sinistro, 
exceto nos casos de comprovada má-fé do segurado, esse também é o 
entendimento de Clóvis do Couto e Silva: “O dever de indenizar surge como 
decorrência da necessidade de repartir os riscos na vida social”. 
Nem por isso somos favoráveis à quebra do Princípio da Boa-Fé, pois, caso se 
comprove má-fé por parte do segurado, esta será suficiente para a rescisão 
contratual e do não pagamento de eventual indenização a que teria direito o 
segurado, como bem disciplinou o legislador: 
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“Artigo 768 – O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o 
risco objeto do contrato” 
Ainda sobre a responsabilidade civil aplicável aos contratos de seguro, resta 
importante lembrarmos aqui que o legislador, a fim de evitar procrastinações no 
pagamento das indenizações por parte dos seguradores, acrescentou a 
responsabilidade civil decorrente do ato do representante, figura esta comum nos 
contratos de seguro, denominados de corretores de seguro. 
Desta forma, o legislador determinou que “os agentes autorizados do segurador 
presumem-se seus representantes para todos os atos relativos aos contratos que 
agenciarem”, restando ao segurador, eventual direito de regresso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. CONTRATO DE SEGURO DE CARRO 
 
“O contrato de seguro é aquele pelo qual uma das partes (segurador) se obriga para 
com a outra (segurado), mediante pagamento de um prêmio, a garantir-lhe interesse 
legítimo relativo à pessoa ou a coisa e a indenizá-la de prejuízo decorrente de riscos 
futuros previstos no contrato”. 
Inicialmente, importa frisar a conceituação do que vem a ser um contrato de seguro, 
realizado pelo próprio Código Civil, em seu artigo 757, segundo o qual neste 
contrato “o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir 
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos 
predeterminados”. 
DINIZ define o contrato de seguro desta forma: 
“[...] é aquele pelo qual uma das partes (segurador) se obriga para com a 
outra (segurado), mediante o pagamento de um prêmio, a garantir-lhe interesse 
legítimo reativo a pessoa ou a coisa e a indenizá-la de prejuízo decorrente de riscos 
futuros, previstos no contrato” (CC, art. 757) 
Tais riscos podem ser relativos à vida, saúde ou ainda direitos e patrimônio do 
segurado, contra os quais eventuais fatos danosospodem acontecer. 
Além disso, não se pode falar somente em fatos danosos, visto que a atual 
amplitude do risco vai além dessa visão inicial, abrangendo inclusive situações de 
insucesso, infortúnios ou constrangimentos no âmbito das atividades da pessoa. 
Nesse âmbito, acrescenta Diniz que “a noção de seguro supõe a de risco, isto 
é, do fato de estar o sujeito exposto à eventualidade de um dano à sua pessoa, ou 
aos seus bens, motivado pelo acaso”. 
Da mesma forma, Cavalieri Filho afirma que: 
“Três são os elementos essenciais do seguro - o risco, a mutualidade e a boa-
fé -, elementos, estes, que formam o tripé do seguro, uma verdadeira, “trilogia”, uma 
espécie de santíssima trindade”. 
Risco é perigo, é possibilidade de dano decorrente de acontecimento futuro e 
possível, mas que não depende da vontade das partes. Por ser o elemento material 
do seguro, o seu base fática, é possível afirmar que onde não houver risco não 
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haverá segurado. “As pessoas fazem seguro, em qualquer das suas modalidades - 
seguro de vida, seguro de saúde, seguro de automóveis etc. -, porque estão 
expostas a risco”. 
 
6.1 CONCEITOS E ELEMENTOS DO SEGURO 
O seguro é uma espécie de transferência de risco onde, conforme descreve o 
art. 757 do Código Civil, o segurador se obriga, através de um contrato, a garantir 
interesse legítimo do segurado – o que se dá através do pagamento de determinado 
valor, denominado prêmio - referente a determinada pessoa ou a coisa, contra riscos 
predeterminados. Têm por princípios norteadores, além das cláusulas legais, a 
sinceridade e a boa-fé do contratante, que está disposta na regra geral dos 
contratos, nos termos do art. 422 do Código Civil: “os contratantes são obrigados a 
guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de 
probidade e boa-fé”. 
Um dos melhores conceitos de seguro é exposto por Cavalieri Filho: 
“[...] Em apertada síntese, seguro é contrato pelo qual o segurador, mediante 
o recebimento de um prêmio, assume perante o segurado a obrigação de 
pagar-lhe uma determina indenização, prevista no contrato, caso o risco a que 
está sujeito se materialize em um sinistro. Segurador e segurado negociam as 
consequências econômicas do risco, mediante a obrigação do segurador de 
repará-las”. 
Frise-se que em se tratando de contrato de seguro, o segurador só poderá se 
exonerar de sua obrigação se ficar comprovado o dolo ou a má-fé do segurado. Da 
mesma forma, o agravamento do risco pode servir de preceito ao não pagamento do 
sinistro, haja vista o desequilíbrio da relação contratual, onde o segurador receberá 
um prêmio inferior ao risco que estará cobrindo, em desconformidade com o 
avençado”. 
O segurado tem como obrigações: a prestação de informações corretas para 
que seja formulado o valor do prêmio do seguro, o pagamento das parcelas e a 
comunicação à seguradora da eventual ocorrência de sinistro, que deve ser 
tempestiva. 
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São Paulo 
2017 
 
Por outro lado, as obrigações do segurador vão mais além, sendo basicamente: a 
prestação de informações ao segurado sobre as condições do seguro, de forma 
completa e antes do contrato ser firmado, já na contratação o fornecimento de cópia 
de documento que demonstre os termos da apólice, e a correta, integral e célere 
indenização ou cobertura quando da ocorrência do sinistro. 
SEGURADORES: é aquele que suporta o risco, assumindo mediante o 
recebimento do prêmio, obrigando-se a pagar uma indenização. Assim, o prêmio é a 
garantia pecuniária que o segurado paga à seguradora para obter o direito a uma 
indenização se ocorrer o sinistro oriundo do risco garantido e previsto no contrato, o 
risco constituirá num acontecimento futuro e incerto, que poderá prejudicar os 
interesses do segurado, provocando-lhe uma diminuição patrimonial evitável pelo 
seguro, e a indenização é a importância paga pela seguradora ao segurado, 
compensando-lhe o prejuízo econômico decorrente do risco e assumido na apólice 
da seguradora. A atividade do segurador é exercida por companhias especializadas, 
isto é, por sociedades anônimas, mediante prévia autorização do governo federal 
(ASSP,1.852:74; CF 88,art.192,II, com redação da EC 13/96; lei nº 8.177/91, art. 
21;CC, art.757, paragráfo único), ou cooperativas devidamente autorizadas (Dec- Lei 
nº 73166, art.24; Regulamento nº 59.195/66), porém tais cooperativas só poderão 
operar em seguros agrícolas e seguros de saúde. 
- SEGURADO: é o que tem interesse direto na conservação da coisa ou da 
pessoa, fornecendo uma contribuição periódica e moderada, isto é, o prêmio, em 
troca do risco que o segurador assumirá de, em caso se incêndio, abalroamento, 
naufrágio, furto, falência, acidente, morte, perda das faculdades humanas, etc , 
indenizá-los pelos danos sofridos. Dessa forma, ao contrário do que se dá com o 
segurador, qualquer pessoa pode figurar na posição de segurado, sendo necessário, 
em princípio ter capacidade civil. 
- BENEFICIÁRIO: é uma figura que exsurge nos contratos de seguro de vida e no 
obrigatório de acidentes pessoais em que ocorre morte por acidente e que consiste 
na pessoa a quem é pago o valor do seguro, a “indenização”. Nos casos em que o 
beneficiário é um terceiro, ou seja, um estranho a relação contratual estaremos 
diante de um caso de estipulação em favor de terceiro. Tal estipulação ocorre 
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quando uma pessoa convenciona com outra que está concederá uma vantagem ou 
benefício em favor daquele que não é parte no contrato. É o que ocorre nos seguros 
de vida em favos de terceiro: o estipulante convenciona com o segurador que 
ocorrendo o sinistro, o valor do seguro será pago a um terceiro. Não é qualquer 
pessoa que pode figurar como beneficiário, deve-se observar os arts.793 e 1814, 
CC. 
- CO-SEGURADOR: no caso de seguros vultosos, pode acontecer de uma 
pluralidade de seguradores dar cobertura simultaneamente e a um mesmo risco, 
configurando-se a multiplicidade de seguros. Contudo o art.778, CC, dispõe que 
“nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do 
interesse segurado no momento da conclusão do contrato...”. Dessa maneira, é 
defeso ao segurador celebrar mais de um contrato relativo ao mesmo bem, pelos 
mesmos riscos de maneira que, em ocorrendo o sinistro, receba-se a indenização 
integral de todos os seguradores. Isto se dá, pois o contrato não é instrumento de 
lucro. 
-RESSEGURADOR: a figura do resseguro consiste na transferência de parte ou toda 
responsabilidade do segurador para o ressegurador, com a finalidade de distribuir 
para mais de um segurador a responsabilidade pelo adimplemento da 
contraprestação. Na verdade, o resseguro consiste no “seguro do seguro”, uma vez 
que é o segurador que transfere a sua responsabilidade ou “um seguro mediato”, na 
medida em que é um seguro assumido entre o segurador e a resseguradora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. CODIGO DO CONSUMIDOR 
 
Na simples leitura do supra citado art. 3°, conclui-se que a seguradora é pessoa 
jurídica, podendo ser nacional ou mesmo estrangeira, e desenvolve atividade no 
mercado de consumo. Aliás, não deixando qualquer dúvida, o parágrafo 2° do artigo 
em estudo é claro ao enfatizar que a atividade securitária está incluída nas 
atividades abrangidas pelo CDC. 
Assim, conclui-se que a relação jurídica firmada entre seguradora e segurado é uma 
relação jurídica de consumo, não olvidando, entretanto, o fato de que esta afirmação 
não tem por consequência, a exclusão da incidência de outras normas. Este fato, 
portanto, cria a possibilidade de incidênciacumulativa do Código de Defesa do 
Consumidor com outras normas aos contratos de seguro. 
Após o surgimento do CDC, verificou-se uma avalanche de ações judiciais fulcradas 
na nulidade de cláusulas contratuais por serem abusivas e contrárias ao disposto no 
artigo 51 e 54 do CDC. Para se adequar a nova disposição legal, os contratos de 
seguro passaram a ser redigidos de forma mais clara, com cláusulas destacadas e 
palavras de fácil compreensão. Porém, não deixou de continuar sendo um contrato 
de adesão, o que não permitiu uma diminuição no número de ações judiciais 
propostas com o mesmo objetivo: declaração de nulidade/abusividade de cláusulas. 
Todavia, urge não confundir cláusula abusiva com cláusula restritiva, esta 
perfeitamente aceitável pela própria lei de consumo, nos termos do parágrafo 4º do 
seu artigo 54, restando plenamente válido admiti-la como parte inerente à natureza 
do contrato de seguro, em que a tônica é a seleção e a limitação dos riscos impostos 
pela ciência autuarial, a teor dos artigos 1432 e 1460 do CC/16. Desta forma, as 
eventuais particularizações quanto aos riscos cobertos e abrangências do seguro, 
desde que condizentes com seu objetivo, não implicam estabelecer para as 
seguradas obrigações consideradas iníquas e exageradas ou, ainda, incompatíveis 
com a boa-fé e a equidade, pois se assim não fosse, poder-se-ia ensejar ao mesmo, 
direito a uma cobertura securitária pela qual não pagou o correspondente prêmio, 
calculado sempre de acordo com os riscos assumidos (Krieger Filho). 
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Para que haja a aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos 
de seguro, é preciso, primeiramente, que o segurado enquadre-se nos termos do 
artigo 2o do Código de Defesa do Consumidor. 
Deste modo, nota-se inicialmente que é equivocada a idéia de que alguém ou 
alguma empresa é, por excelência, fornecedora ou consumidora. Cada caso definirá 
a aplicabilidade ou não das normas contidas no Código de Defesa do Consumidor. 
 
7.1 A LEGISLAÇAO APLICAVEL AO SEGURO: CC ou CDC 
Em nosso país a atividade securitária acha-se sob o controle do Estado, 
através de seus órgãos competentes, tendo sido criado o Sistema Nacional de 
Seguros Privados, que foi regulamentado pelo Decreto Lei n° 073, de 21 de 
Novembro de 1966. Este, por sua vez, regulamentou as operações de seguros e 
resseguros, conforme definido no art. 1º que diz que as operações de seguros 
privados feitas no país estão subordinadas ao mencionado Decreto-lei. 
O referido Decreto-lei, determina que compete ao Governo Federal a 
formulação da política dos seguros privados, bem como legislar sobre as normas e, 
igualmente, exercer a função fiscalizadora das operações no mercado nacional. 
Além disto, este Decreto-lei criou outras composições: Conselho Nacional de 
Seguros Privados – CNSP; Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; 
Instituto de Resseguros do Brasil – IRB; Sociedades autorizadas a operar em 
seguros privados; corretores habilitados. 
Esses órgãos regulam a atividade securitária no país, no sentido burocrático-
administrativo, editando normas gerais de contabilidade e estatística a serem 
observadas pelas sociedades seguradoras, organizando seu funcionamento e 
fiscalizando suas atividades, disciplinando as operações, delimitando capitais, enfim, 
tratam da área administrativa do seguro, cabendo às legislação pátria – Código Civil 
e Código de Defesa do Consumidor – a regulamentação jurídica dos contratos de 
seguro. 
O conceito de consumidor está positivado no CDC, no art. 2º, que traz a 
seguinte redação: "Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final" (CDC). 
21 
 
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O CDC utilizou a expressão "destinatário final" exatamente para delimitar 
aquele ou aqueles que adquirem ou utilizam serviço ou produto para si e não como 
intermediários. 
O artigo 3º dispõe: "fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos 
ou prestação de serviços”. 
 
7.1.1 LIMITES DA RESPONSABILIDADE EM FACE DA AUSENCIA DE BOA 
FE 
O princípio da boa-fé é justificado no interesse coletivo de que as pessoas 
pautem seu agir na cooperação e retidão, é a representação mental do indivíduo que 
atua honestamente, sem lesar os direitos alheios. 
Frisa ainda que, na legislação brasileira, o princípio da boa-fé se consagrou 
com a publicação do Código de Defesa do Consumidor, que o determinou como um 
modelo de comportamento no direito brasileiro, representando um corte 
epistemológico, conforme expõe Rousenvald (2007, p. 85), com sua inserção 
definitiva no regulamento. 
No antigo código civil de 1946, não havia cláusula geral de previsão da boa-
fé, porém, já constava no artigo 1.443, a sua aplicabilidade aos contratos de seguro. 
Desta forma, é possível aferir a importância do emprego da boa-fé nos 
contratos de seguro, eis que quando o código civil quedou-se silente em determinar 
a sua aplicação às relações negociais, em geral, previu, expressamente, sua 
aplicabilidade a este tipo contratual. 
O novo código civil de 2002 manteve a disposição expressa da utilização da 
boa-fé aos contratos de seguro, conforme prevê o artigo 765: “O segurado e o 
segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais 
estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e 
declarações a ele concernentes” 
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Portanto, tanto formação quanto na conclusão do contrato faz-se a ressalva 
de que a boa-fé deverá ser igualmente respeitada. 
Esclarece-se que a fase pré-contratual, ou de formação do contrato, consiste 
no momento em que as partes irão realizar a apresentação de propostas entre os 
interessados que vinculará as partes após a sua apresentação formal. 
Consoante Matiello (2008, p.41), a proposta ou policitação é a primeira fase 
de formação dos contratos, consistindo na apresentação, pelo proponente, de uma 
oferta para contratação, dirigida ao destinatário, a quem cabe aceitá-la ou não, tendo 
em vista a autonomia de vontade das partes. 
Portanto, no contrato de seguros, a proposta será: “(...) o instrumento de que 
se utiliza o segurado para apresentar à seguradora o pedido de cobertura dos riscos 
que deseja segurar, fornecendo todas as informações necessárias ao perfeito 
enquadramento do risco pela seguradora, bem como dos valores dos bens a 
segurar.” 
Neste mesmo sentido dispõe o artigo 759 do código civil, ao determinar que a 
emissão da apólice será precedida de proposta escrita com a declaração dos 
elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco. 
De acordo com Marques (1998, p.73) vivemos em um momento de “uma 
crescente importância da fase pré-contratual, onde nascem as expectativas legítimas 
das partes e de uma exigente fase contratual de realização da confiança despertada, 
com o aparecimento mesmo de alguma pós-eficácia dos contratos já cumpridos.” 
É salutar, portanto, a observância do princípio da boa-fé pelo proponente 
segurado, eis que a contratação ocorrerá com base nas suas declarações 
determinando as cláusulas contratuais, entre elas o preço e a extensão do risco a 
ser coberto. 
Desta forma, a ausência da boa-fé na proposta consiste em causa de 
limitação da responsabilidade da seguradora, eis que esta não poderá ser 
responsabilizada por riscos que desconhece em virtude da ausência de boa-fé 
impetrada pelo segurado durantea proposta. 
 
 
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8. EFEITOS JURÍDICOS 
 
O seguro como sendo um contrato, para que possa produzir efeitos jurídicos, deve 
se sujeitar aos mesmos princípios e pressupostos de validade que regem os 
contratos em geral, tais como autonomia da vontade, capacidade das partes 
(principalmente o disposto no parágrafo único do artigo 757, do atual CC), licitude do 
objeto e forma prescrita em lei, dentre outros. 
Ainda tem como características a bilateralidade, e o é não somente porque é 
contratado por duas partes, mas pelo fato de que ambas adquirem direitos e 
obrigações. 
Portanto, para a perfectibilizarão do contrato, é necessário que seja ele precedido de 
uma proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser 
garantido e do risco (art. 759 do atual CC). 
Desta forma, somente após a aceitação da proposta por parte do segurador, que o 
contrato de seguro poderá ser considerado como vigente entre as partes, conforme 
dispõe o artigo 757 do atual CC. 
A contraprestação do contratante/segurado denomina-se prêmio, que segundo 
Santos, (Apud KRIEGER FILHO), é o preço pelo qual o segurador aceita responder 
pelos riscos. O segurador pede a cada segurado uma cota suficiente para que, com 
o total de todas as cotas de um mesmo grupo de segurados, que se encontre em 
condições idênticas, possa fazer face ao pagamento das somas seguradas, de 
acordo com as previsões dos sinistros que se podem verificar no período coberto 
pelo seguro. 
Desta forma, estão obrigadas as partes a respeitar tão somente o que por elas foi 
convencionado, nem mais, nem menos. Em caso de lacuna, é que as partes 
socorrer-se-ão da lei, para dirimir conflitos advindos do contrato. 
 
 
 
 
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8.1 CARACTERES JURÍDICOS 
1) contrato de natureza bilateral ou sintagmático: contrato de seguro é 
bilateral devido aos efeitos por ele gerados que, exatamente, a constituição de 
obrigações para ambos os contraentes, ou seja, há reciprocidade de obrigações 
(sintagmático). As partes, segurado e segurador, são sujeitos de direitos e deveres: 
um tem como uma de suas prestações a de pagar o prêmio e o outro tem como 
contraprestação pagar a indenização em se concretizando o risco. 
2) contrato oneroso: pois traz prestações e contraprestações, uma vez que 
cada um dos contraentes visa obter vantagem patrimonial. 
3) contrato aleatório: por não haver equivalência entre as prestações, o 
segurado não poderá antever, de imediato, o que receberá em troca da sua 
prestação, pois o segurador assume o risco, elemento essencial desse contrato, 
devendo ressarcir o dano sofrido pelo segurado, se o evento incerto e previsto no 
contrato ocorreu. O ganho ou a perda dos contraentes dependerá de fatos futuros e 
incertos, previstos no contrato, que constituem o risco. 
4) contrato formal: segundo entendimento da jurista Maria Helena Diniz, o 
contrato de seguro seria formal, visto ser obrigatório a forma escrita, já que não 
obriga antes de reduzido a escrito, considerando-se perfeito o contrato desde o 
momento em que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz nos livros o 
lançamento usual da operação ( CC,arts.758 e 759).A forma escrita é exigida para a 
substância do contrato. Porém, grande parte da doutrina afirma que o contrato de 
seguro está perfeito e acabado quando se der o acordo de vontades (consenso das 
partes). Numa primeira análise do art.758,CC , pode-se-ia concluir 
que o seguro seria formal devido à necessidade do documento. Todavia 
percebe-se facilmente que o documento exigido não faz parte da substância do ato, 
possuindo apenas caráter probatório. 
5) contrato de execução sucessiva ou continuada: destinando a subsistir 
durante um período de tempo, por menos que seja, pois visa proteger o bem ou a 
pessoa. Sua execução se realiza escalonadamente, sendo necessário que a 
obrigação do segurado seja satisfeita dentro dos termos convencionados, sob pena 
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de rescindir-se por tratar-se de obrigação de trato sucessivo. Os efeitos passados 
serão mantidos, cessando-se os que decorrerem dali para frente. 
6) contrato por adesão: formando-se com a aceitação pelo segurado, sem 
qualquer discussão, das cláusulas impostas ou previamente estabelecidas pelo 
segurador na apólice impressa, e as modificações especiais que se lhe introduzem 
são ressalvadas que o segurador insere por carimbo ou justaposição. 
7) contrato de boa-fé: (CC,arts.765,766 e parágrafo único),pois o contrato de 
seguro, por exigir uma conclusão rápida, requer que o segurado tenha uma conduta 
sincera e leal em suas declarações a respeito do seu conteúdo e dos riscos, sob 
pena de receber sanções se proceder de má-fé, em circunstâncias em que o 
segurador não pode fazer as diligências recomendáveis à sua aferição, como 
vistorias, inspeções ou exames médicos, fiando-se apenas nas afirmações do 
segurado, que por isso deverão ser verdadeiras e completas, não omitindo fatos que 
possam influir na aceitação do seguro. A boa-fé é exigida também do segurador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9. SEGURADORA PODE NEGAR INDENIAÇAO PARA MOTORISTAS QUE 
OMITEM SER DO UBER 
 
Seja na tentativa de economizar ou dar uma de esperto, omitir informações na hora 
de contratar, renovar ou atualizar o seguro veicular pode resultar em prejuízos. A 
omissão de especificações, como a finalidade do carro, tira da seguradora a 
obrigação de pagar a indenização em caso de sinistro. A adesão às novas 
plataformas de transporte de passageiros, como o Uber, por exemplo, também é 
uma informação que deve ser repassada para as seguradoras. 
O único seguro exigido pelo Uber para se tornar um motorista parceiro é o de 
Acidentes Pessoais de Passageiros (APP), outra modalidade de proteção que não 
inclui danos com o veículo (leia mais sobre o assunto abaixo). Por isso, segundo a 
assessoria de comunicação da plataforma, não há como mensurar quantos 
motoristas ativos no aplicativo possuem o seguro convencional para carro e quantos 
já fizeram a alteração da apólice. 
Dos 15 motoristas do Uber entrevistados pelo jornal A Redação, sete afirmaram 
terem feito a modificação da apólice e alterado o ‘uso’ do veículo para fins 
comerciais. Cinco deles disseram ainda manter o seguro veicular convencional e os 
outros três contam apenas com a sorte e andam sem qualquer proteção. 
Deivid Pereira fez um alerta para quem trabalha com o veículo e ainda não se 
adequou. “Por mais que a prestação de serviço seja por um tempo determinado, a 
atualização do ‘uso’ do carro deve ser feita porque não há como prever quando um 
acidente, roubo ou furto vai acontecer. E temos que pensar que os acidentes 
também são provocados por terceiros. Então é melhor prevenir, e ter a certeza de 
que a seguradora não vai negar ressarcir o segurado, do que arcar com um prejuízo 
bem maior posteriormente”, avisou. Negar o ressarcimento do segurado que omitiu 
ou mentiu uma informação está previsto em grande parte dos contratos firmados 
entre motoristas e empresas, segundo o representante do Sindicato das 
Seguradoras (Sindseg) em Goiás, Francisco Vidigal. “Cada seguradora tem sua 
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política de aceitação de risco e uma forma de analisar cada caso. Nas propostas 
constam dois artigos do Código Civil: o 765 e o 766, que preveem, respectivamente, 
a boa fé e veracidade das declarações e a perda do direito ao prêmio em caso de 
constatação de fraude. Toda situação de sinistro é analisada com cuidado e não 
adianta mentir ou omitir detalhes.O motorista pode até sair ganhando no começo, 
mas vai arriscar perder muito mais no final”, ressaltou. 
O vice-presidente Social e de Benefícios do Sindicato dos Corretores e Empresas 
Corretoras de Seguros no Estado de Goiás (Sincor-GO), o corretor de seguros 
Deivid Pereira explica que transformar o veículo de uso particular em transporte de 
passageiros aumenta o valor da apólice em cerca de 20%. “Nesses casos o 
motorista não tem um trajeto definido. Ele circula mais, em diversas regiões e fica 
mais exposto aos riscos, já que o trabalho dele é no trânsito. Os motoristas de táxi, 
por exemplo, pagam uma taxa maior por conta desse risco. O Uber entra na mesma 
categoria”. 
Talvez esse seja um dos assuntos mais comentados do momento: Uber. É um tema 
que desperta muito interesse e dúvidas, tanto nos motoristas quanto nos 
passageiros. É inevitável o passageiro se questionar: é seguro pegar o Uber? Posso 
ficar tranquilo? Em caso de acidentes, vou ter cobertura? Mas, além dos 
passageiros, os motoristas que ingressam para trabalhar com o aplicativo também 
têm dúvidas frequentes: há uma classe de seguro para Uber como existe para táxis? 
Se eu for dirigir, tenho que ter um seguro especial? Posso dirigir o carro com meu 
seguro convencional? De fato, as perguntas são diversas, mas com calma daremos 
as respostas para tudo. Deivid Pereira fez um alerta para quem trabalha com o 
veículo e ainda não se adequou. “Por mais que a prestação de serviço seja por um 
tempo determinado, a atualização do ‘uso’ do carro deve ser feita porque não há 
como prever quando um acidente, roubo ou furto vai acontecer. E temos que pensar 
que os acidentes também são provocados por terceiros. Então é melhor prevenir, e 
ter a certeza de que a seguradora não vai negar ressarcir o segurado, do que arcar 
com um prejuízo bem maior posteriormente”, avisou. Negar o ressarcimento do 
segurado que omitiu ou mentiu uma informação está previsto em grande parte dos 
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contratos firmados entre motoristas e empresas, segundo o representante do 
Sindicato das Seguradoras em Goiás, Francisco Vidigal. “Cada seguradora tem sua 
política de aceitação de risco e uma forma de analisar cada caso”. Nas propostas 
constam dois artigos do Código Civil: O 765 e o 766, que preveem, respectivamente, 
a boa fé e veracidade das declarações e a perda do direito ao prêmio em caso de 
constatação de fraude. Toda situação de sinistro é analisada com cuidado e não 
adianta mentir ou omitir detalhes. O princípio da boa-fé está também exigido no art. 
422, ao cuidar dos contratos. Afirma tal dispositivo: "Art. 422. Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os 
princípios de probidade e boa-fé." Temos aí uma regra de natureza imperativa. O 
legislador obriga, sem exceção, as partes contratantes a guardar, tanto na conclusão 
do contrato como na sua execução, o princípio da boa-fé ao lado do de probidade. 
Vamos encontrar a boa-fé exigida, explicitamente, na formação do contrato de 
seguro, conforme redação do art. 765: 
"Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas 
ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do 
premio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido." 
O segurado, ao apresentar a sua proposta à empresa seguradora, deve adorar 
comportamento ético de acordo com as obrigações que lhe são inerentes. 
O artigo 769, por sua vez, é expresso ao dispor que o considerável agravamento de 
riscos associado à má-fé do segurado é o que acarreta a perda do direito à 
indenização securitária. Confira-se: “Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao 
segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o 
risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-
fé.” Dito de outra forma, ainda que ocorra o sinistro e os fatos demonstrem que tal 
evento não se deu exatamente dentro da “cláusula de perfil”, eventual agravamento 
de riscos só terá o condão de afastar o dever de indenizar da seguradora se esta 
comprovar a má-fé do segurado. 
O que também se denota da leitura dos dispositivos legais anteriormente citados é a 
incidência do princípio venire contra factum proprium, ou seja, considerada sua 
conduta anterior, uma pessoa não pode contrariá-la ao exercer um direito próprio, 
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pois tem o dever de manter a confiança e a lealdade que decorrem da boa-fé 
objetiva iniciada já na fase pré-contratual. 
O único seguro exigido pelo Uber para se tornar um motorista parceiro é o de 
Acidentes Pessoais de Passageiros (APP), outra modalidade de proteção que não 
inclui danos com o veículo (leia mais sobre o assunto abaixo). Por isso, segundo a 
assessoria de comunicação da plataforma, não há como mensurar quantos 
motoristas ativos no aplicativo possuem o seguro convencional para carro e quantos 
já fizeram a alteração da apólice. 
Dos 15 motoristas do Uber entrevistados pelo jornal A Redação, sete afirmaram 
terem feito a modificação da apólice e alterado o ‘uso’ do veículo para fins 
comerciais. Cinco deles disseram ainda manter o seguro veicular convencional e os 
outros três contam apenas com a sorte e andam sem qualquer proteção. 
Deivid Pereira fez um alerta para quem trabalha com o veículo e ainda não se 
adequou. “Por mais que a prestação de serviço seja por um tempo determinado, a 
atualização do ‘uso’ do carro deve ser feita porque não há como prever quando um 
acidente, roubo ou furto vai acontecer. E temos que pensar que os acidentes 
também são provocados por terceiros. Então é melhor prevenir, e ter a certeza de 
que a seguradora não vai negar ressarcir o segurado, do que arcar com um prejuízo 
bem maior posteriormente”, avisou. Negar o ressarcimento do segurado que omitiu 
ou mentiu uma informação está previsto em grande parte dos contratos firmados 
entre motoristas e empresas, segundo o representante do Sindicato das 
Seguradoras (Sindseg) em Goiás, Francisco Vidigal. “Cada seguradora tem sua 
política de aceitação de risco e uma forma de analisar cada caso. Nas propostas 
constam dois artigos do Código Civil: o 765 e o 766, que preveem, respectivamente, 
a boa fé e veracidade das declarações e a perda do direito ao prêmio em caso de 
constatação de fraude. Toda situação de sinistro é analisada com cuidado e não 
adianta mentir ou omitir detalhes. O motorista pode até sair ganhando no começo, 
mas vai arriscar perder muito mais no final”. 
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10 Excelentíssimo Senhor Doutor Professor de Direito da Universidade 
Paulista da comarca de São Paulo, Campus Tatuapé. 
 
DISTRIBUIÇAO 
PETIÇÃO INICIAL 
 (NCPC, art. 319) 
Ação de Reparação de Danos Materiais. 
 
Requerente: Marco Antônio João, (sem qualificação, não possuímos os dados). 
Requerida: Seguradora Felicidade Total, pessoa jurídica de direito privado, (sem 
qualificação, não possuímos os dados). 
 
 
10.1 I - O PROBLEMA APRESENTADO 
Marco Antônio João é proprietário de um veículo para uso próprio e, contratou seguro junto 
à Seguradora Felicidade Total para se prevenir de danos decorrentes de furto, roubo, colisão 
e incêndio. Acontece que Marco Antônio perdeu o emprego e não conseguiu se relocar no 
mercado de trabalho. Preocupado com o sustento da família ele começou a trabalhar como 
UBER, utilizando seu veículo para essa finalidade. Na segunda semana de trabalho Marco 
Antônio sofreu um grave acidente de trânsito que resultou na perda total do veículo. A 
seguradora foi notificada do acidente, realizou os trabalhos de regulaçãodo sinistro e 
concluiu que não poderia haver pagamento de indenização pela perda total do veículo, uma 
vez que o segurado estava utilizando o automóvel para destinação diversa daquela declarada 
no momento da contratação do seguro. Fundamentou a negativa no Código Civil. 
 
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10.2 II - DOS FATOS 
Marco Antônio João sempre manteve uma relação jurídica com a Seguradora Felicidade 
Total, porém, por um infortúnio, algo imprevisível, Marco Antônio perdeu seu emprego, 
tendo a necessidade buscar um meio alternativo para o sustento seu e de sua família, ao 
começar a trabalhar como motorista de aplicativo (Uber), Marco Antônio, que não possui 
conhecimento técnico sobre seguros, não tinha conhecimento de que ao se tornar um 
motorista de aplicativo poderia ter, no seu seguro já previamente contratado, uma 
divergência na destinação de seu veículo já que ainda não havia renovado seu contrato. 
Há hoje, um crescente abuso das seguradoras na recusa de pagamento dos prejuízos 
causados por acidente. Normalmente, o segurado só fica sabendo que não possui cobertura 
quando precisa dela. Os problemas em relação ao seu perfil, questionário com informações 
ao seu respeito, cujo resultado pode levar a um desconto, não podem ser motivo para a 
seguradora negar a indenização porque serve apenas como parâmetro para determinar o 
valor do prêmio e o bônus a ser aplicado à apólice. 
 O que notamos hoje, é que as seguradoras tendem a forçar que seus clientes possuam 
conhecimento técnico, o que muitas vezes não existe. O caso aqui apresentado é um ótimo 
exemplo. 
 Marco Antônio João só foi descobrir que não possuiria cobertura, do seguro previamente 
contratado, no momento em que se acidentou e necessitou da cobertura do seguro, 
claramente mostrando que a seguradora somente entrou em contato com seu cliente no 
momento em que negou o a cobertura, nunca houve, até então um contato da Seguradora 
Felicidade Total, para atualizar seus dados cadastrados no contrato de seguro. 
E como expressa dignamente o art. 4º do Código de Defesa do Consumidor em seus incisos 
I, IV e VI: 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, 
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria 
da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das 
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo; 
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos 
seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; 
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no 
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida 
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de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos 
distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; 
 Tendo em vista que as operadoras de serviço não mantem contato com 
seus clientes, de forma periódica, para informar que mudança de destinação do veículo 
é necessária para continuar com sua cobertura de seguro, a seguradora não pode 
exigir que seu cliente soubesse, ainda mais, que tenha conhecimento de que há uma 
categoria de destinação do veículo, destinação essa que sempre foi utilizado apenas 
para motoristas de táxi. 
 E como já salientado anteriormente, a alteração da destinação do 
veículo apenas serve para o calculo do prêmio e o bônus a ser aplicado à apólice, na 
relação de consumo que vemos entre as seguradoras e seus clientes, a desvantagem 
técnica dos clientes é exorbitante para com a seguradora, necessitando assim que a 
seguradoras mantivessem contato com seus clientes, a fim de atualizar seus dados 
cadastrais. 
 
 Como Sanseverino leciona: “Enquanto os defeitos são falhas do 
produto ou do serviço que afetam a segurança legitimamente esperada pelo 
consumidor, causando-lhe danos pessoais ou patrimoniais, os vícios são falhas, 
ocultas ou aparentes, que afetam, via de regra, apenas o próprio produto ou 
serviço. Tornando-os inadequados ao uso a que se destinam por não apresentarem 
a qualidade ou quantidade esperada pelo consumidor, inclusive por deficiência de 
informação”. 
É de se ressaltar que a todos os contratos de seguro são aplicadas as regras do 
Código de Defesa do Consumidor. É o que se depreende da análise do caput do artigo 
2º e do artigo 3º, § 2º deste diploma legal: 
 
Artigo 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. 
(...) 
Artigo 3º... 
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito 
e securitária... 
 
 
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10.3 III - DOS FUNDAMENTOS 
Nesse sentido a Constituição Federal estabelece em seu artigo 5º, inciso 
XXXII: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
“XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;” 
E o Código de Defesa do Consumidor estabelece em seus artigos 2º caput, 3º 
§ 2° e 4º incisos I, IV e VI que: 
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final.” 
 “Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.” 
“§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista.” 
 “Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento 
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:” 
“I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;” 
“IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos 
e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;” 
 “VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de 
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações 
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos 
aos consumidores;” 
 
 
 
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10.4 IV - DO PEDIDO 
Diante do exposto, requer-se: 
a) a citação da Requerida, para apresentar defesa, sob pena de reputarem-se 
aceitos os fatos afirmados pelo Requerente, em conformidade com o artigo 344 do 
Novo Código de Processo Civil; 
b) a procedência total do pedido, com a condenação da Requerida ao pagamento 
dos valores do prêmio do referido contrato de seguro, devidamente corrigido e 
acrescido de juros moratórios, até a data da quitação; 
c) que as intimações sejam encaminhadas aos advogados da Requerente abaixo 
assinados, nos termos do artigo 77, V, do Novo Código de Processo Civil; 
d) protesta, ainda, provar o alegado por todos os meios de provaem direito 
admitidos; 
Dá-se à causa o valor de... (o valor do prêmio do seguro) 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
 
P.P 
Edileia Santos Conceição 
R.A: C235920 
Eduardo Cobra Storolli 
R.A: C295FG7 
Fernanda Silva Guimarães 
R.A: C524BF9 
Simone Lopes da Silva 
R.A: T576253 
 
 
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2017 
 
IBLIOGRAFIA 
 
- http://www.conteudojuridico.com.br 
- http://www.seguroauto.org 
- www.bidu.com.br/seguro-auto/o-que-e-endosso-de-seguro 
-http://aredacao.com.br/noticias/74535/seguradora-pode-negar-indenizacao-para-
motoristas-que-omitem-ser-do-uber 
- https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=NEGATIVA 
- www.tudosobreseguros.org.br/portal/pagina. php 
- www.tudosobreseguros.org.br/portal/pagina. php? 
- https://www2.susep.gov.br/download/cartilha/cartilha_susep2e.pdf 
- https://jus.com.br/artigos/46360/as-informacoes-prestadas 
-DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora: Saraiva. 2002 
-DECRETO-LEI 73/66. Disponível em ttp://www.planalto.gov.br/ccivi 
-STJ, Informativo 553. Disponível em https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia 
-Silva, Michael. Livro: Contrato De Seguro De Automoveis. Editora:Lumen Juris 
(2012) 
-GONÇALVEZ, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - Contratos e Atos Unilaterais. 
Saraiva: 3º vl, 2012. 
-GONÇALVEZ, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - Responsabilidade Civil. 
Saraiva: 4º vl, 2012. 
-MARTINEZ, Pedro Romano. Direito dos Seguros - Apontamentos. Ed. Principia, 
2006. 
-SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense: 1º vl. 2002. 
-VENOSO Silvio de Salvo. Direito Civil - Contratos Em Espécie. Ed. Atlas: 3º vl. 
2011.

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