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AÇÃO PENAL

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Prof. Bruno Galvão
AÇÃO PENAL
1. Aspectos Gerais
	Conceito – a ação penal é o direito público subjetivo, abstrato e constitucional de invocar a tutela do Estado em matéria criminal, sendo por meio desta que se deflagra o jus persequendi in judicio, instrumentalizado através do processo.
	Fundamento – o direito de ação fundamenta-se no fato de somente o Estado pode exercer o jus puniendi, sendo vedada ao particular a vingança privada com o intuito de fazer justiça com as próprias mãos (art. 345 do CP).
	No âmbito constitucional, o direito de ação foi agasalhado no art. 5º, XXXV, da CF, o qual determina que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça do direito”, estando, portanto, assegurado o direito de pedir ao Estado a prestação jurisdicional e, por conseguinte, a satisfação da pretensão punitiva.
2. Condições da ação
	Para se exercer o direito de ação faz-se necessário o preenchimento de determinadas condições, ficando impedido o julgamento do mérito da causa caso não tais condições não estejam presentes, ocorrendo, assim, o que a doutrina chama de carência de ação.
	
	Desta forma, estando ausentes as condições da ação a inicial acusatória (denúncia ou queixa-crime) deverá ser rejeitada de plano, conforme dispõe o art. 395, II, do CPP, com nova redação dada pela Lei nº 11.719/2008.
	A doutrina tem classificado as condições da ação de duas formas: Condições gerais e Condições específicas. 
 	
2.1 Condições gerais da ação
	Possuem a característica de generalidade, pois devem estar presentes em qualquer ação penal, não importando a sua natureza ou o tipo penal infringido, são elas: a possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade ad causam e o interesse de agir.
2.1.1. Possibilidade Jurídica do Pedido
Esta diretamente relacionada com a tipicidade (fato típico) da conduta, sendo necessário que o fato descrito na denúncia ou na queixa corresponda a infração penal.
Em processo penal, é pacifica a orientação doutrinária de que a possibilidade jurídica abarca tanto o pedido condenatório, que é sempre genérico (pena ou medida de segurança), quanto à causa de pedir, que diz respeito à descrição minuciosa da infração penal. Ex: denúncia ou queixa que narra um fato atípico (furto culposo) e, mesmo assim, pedi a condenação do acusado, trata-se, in casu, de um pedido juridicamente impossível, estando o juiz autorizado a rejeitá-lo.
Não integram o âmbito dessa condição da ação penal aspectos relativos à ilicitude (antijuridicidade) e a culpabilidade do acusado. Deste modo não há de se falar em impossibilidade jurídica do pedido na denúncia ou queixa ofertada contra alguém que agiu em legitima defesa (excludente de ilicitude) ou em situação de embriaguez fortuita completa (excludente de culpabilidade).
No tocante a extinção da punibilidade (prescrição, decadência, etc.), parte da doutrina, entende que deverá ser rejeitada a denúncia ou queixa por impossibilidade jurídica do pedido, já que não se admite que haja pedido de condenação, porém, uma corrente minoritária, tem entendido que essa hipótese seria o caso de ausência de interesse de agir.
2.1.2. Interesse de agir
Para a doutrina mais clássica, para se verificar a necessidade da ação (interesse de agir), existem alguns requisitos que devem ser observados através do trinômio: necessidade, utilidade e adequação.
O interesse-necessidade sempre irá existir, pois só pode haver condenação através do processo sendo, portanto, um requisito inerente a própria ação.
O interesse-utilidade poderá existir ou não, já que não há utilidade na propositura de uma ação quando estiver próximo de se operar a prescrição, sendo as causas de extinção de punibilidade exemplos viáveis deste caso.
O interesse-adequação também é variável, uma vez que não há adequação no caso da propositura de ação penal contra menor de 18 anos, visto que o meio viável é a representação.
Questão controvertida diz respeito à Justa Causa, pois, na lição de Afrânio Silva Jardim, a justa causa não se confunde com o interesse de agir, mas é, indiscutivelmente, uma condição genérica da ação. 
Fala-se em justa causa quando há elementos mínimos que permitem ao juiz, ao refletir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, concluir no sentido de que se trata de acusação factível, sendo tais elementos os indícios de autoria e a prova da existência do crime.
Com efeito, com a reforma processual introduzida pela Lei nº 11.719/2008, a qual revogou o art. 43 do CP pelo art. 395 do CPP, seguiu-se esse entendimento, tratando a Justa Causa como categoria autônoma, já que o referido artigo em seu inciso II, autoriza a rejeição da denúncia quando faltar condição para o exercício da ação, enquanto que o mesmo artigo, em seu inciso III, foi autorizada a rejeição da peça acusatória quando faltar justa causa para o exercício da ação. 
2.1.3. Legitimidade ad causam
Trata-se da pertinência subjetiva da ação, e determina que a ação só pode ser proposta por quem a lei autorizar a sua propositura (legitimidade ativa), bem como a ação só pode ser proposta contra quem foi apontado, no inquérito ou em outras peças informativas, como autor ou partícipe do crime (legitimidade passiva).
Quanto à legitimidade ativa, esta pode ser dividida em:
Ordinária – comum nas ações públicas, sendo o Ministério Público o titular.
Extraordinária – visível nas ações privadas, cujo titular é o ofendido, seu representante legal ou os sucessores (art. 31 do CPP)
Concorrente – observados nas ações privadas subsidiária da pública, sendo a titularidade tanto do Ministério Público quanto do ofendido.
 	Com relação à legitimidade passiva, é imprescindível a análise do requisito da imputabilidade penal, já que somente os maiores de 18 anos podem figurar no pólo passivo de um processo criminal, pois os menores de 18 anos estão sujeitos as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, não ser imposta pena, mas sim medida sócio-educativa.
	Questão que merece destaque é a possibilidade da pessoa jurídica figurar no pólo ativou ou passivo da ação, merecendo serem tecidos alguns comentários sobre o tema.
	No tocante a legitimidade ativa da pessoa jurídica, o art. 37 do CPP é claro ao dispor que a queixa-crime, nestes casos, deve ser interposta pela pessoa a quem compete representá-la em Juízo, estabelecida de acordo com os estatutos ou contrato, ou, no silêncio quanto a quem seja, pelos diretores ou sócios gerentes.
 Deste modo não há proibição a pessoa jurídica ocupar a posição de autor da ação penal privada, desde que se trate de crimes que sejam compatíveis a sua personalidade, por isso, é dominante o entendimento jurisprudencial de que a pessoa jurídica não pode figurar no pólo ativo dos crimes contra a honra, por ser a honra um atributo próprio da personalidade humana.
	Por outro lado, no que diz respeito à legitimidade passiva da pessoa jurídica, a questão encontra-se controversa com posições conflitantes na doutrina e na jurisprudência, sendo os argumentos mais comuns:
Argumentos contrários:
Desde o Direito Romano se defendia que a sociedade não pode delinqüir (societas delinquere nos poest);
A pessoa jurídica não tem vontade própria e, portanto, não pode praticar condutas;
A pessoa jurídica não é dotada de consciência própria para compreender o caráter intimidativo da pena;
A pessoa jurídica não é imputável, pois somente o ser humano adquire capacidade o caráter ilícito do fato;
A pessoa jurídica tem a sua atuação vinculada aos atos relacionados com o seu estatuto social;
A punição da pessoa jurídica alcançaria, ainda que indiretamente, seus integrantes, ofendendo o princípio constitucional da personalidade da pena;
Não se pode aplicar a pena privativa de liberdade à pessoa jurídica, característica indissociável do Direito Penal.
Argumentos favoráveis:
A pessoa jurídica constitui-se em ente autônomo, dotado de consciênciae vontade, razão pela qual pode realizar condutas e assimilar a natureza intimidatória da pena;
A pessoa jurídica deve responder por seus atos, adaptando-se o juízo de culpabilidade às suas características;
A pessoa jurídica possui vontade própria, razão pela qual o Direito Penal a ela reserva tratamento isonômico ao dispensado à pessoa física;
É obvio que o estatuto social de uma pessoa jurídica não prevê a prática de crimes como uma de suas finalidades. Da mesma forma, não contem em seu bojo a realização de atos ilícitos, o que não os impede de serem realizados;
A punição da pessoa jurídica não viola o princípio da personalidade da pena. Deve-se distinguir a pena dos efeitos da condenação, os quais também se verificam com a punição da pessoa física;
O Direito Penal não se limita à pena de prisão. Ao contrário, cada vez mais a pena privativa de liberdade deve ser entendida como medida excepcional (ultima ratio), preferindo-se as penas alternativas.
Afora os argumentos acima, a Constituição Federal em seu art. 225, §3º, prevê expressamente que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os seus infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, bem como o art. 3º da Lei nº 9.605/1998 (Lei do meio ambiente) dispõe que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente. Portanto, é admitido que a pessoa jurídica figure no pólo passivo nos crimes referentes ao meio ambiente.
 	
2.2. Condições especiais da ação
	Também chamadas de Condições de Procedibilidade, Diferem das condições gerais por não possuir um caráter de generalidade, tratando-se, neste caso, de condições especificas que devem estar presentes em determinadas ações penais e que vinculam o próprio exercício da ação penal. Ex: a representação e a requisição nas ações penais públicas condicionadas e o requerimento da vítima nas ações penais privadas.
	As condições de procedibilidade se referem unicamente a instauração do processo, sendo a decisão que reconhece a inexistência de tais condições meramente processual, não contendo nenhum julgamento do mérito.
	Não se confunde com as escusas absolutórias, que são situações em que não se impõe pena ao agente em razão de suas circunstâncias pessoais, como no caso de furto praticado por descendente contra ascendente menor de 60 anos (art. 181, II c/c art. 183, III, do CP) e no caso de favorecimento pessoal por ascendente, descendente, cônjuge e irmão (art. 348, §2, do CP), são isentos de pena.
 
2.3. Classificação da ação penal
	A ação penal é dividida, tradicionalmente, em duas espécies: pública e privada, no entanto, há alguns doutrinadores que incluem nessa divisão ação penal popular.
	As ações penais públicas são divididas em:
1) Ação penal pública incondicionada – apura infrações penais que interferem diretamente no interesse geral da sociedade, sendo sua iniciativa exclusiva do Ministério Público, através de denúncia.
	2) Ação penal pública condicionada – também prevalece o interesse público no tocante ao crime praticado, porém, para que seja ofertada a ação, dependerá da manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal. Neste caso, persiste a titularidade exclusiva do Ministério Público, desde que existe previa representação. Da mesma forma, ocorrerá com alguns delitos que precisam de requisição do Ministro da Justiça, sendo que em ambos os casos irá se iniciar por denúncia.
	Quanto às ações penais privadas, estas são divididas em:
	1) Ação penal privada exclusiva – ocorre quando a infração penal atinge profundamente os interesses da vítima, dependendo da sua própria iniciativa ou de quem a represente para o início do processo penal. Tal necessidade funda-se no fato de que a vítima afetada pelo crime, pode se sentir ainda mais prejudicada com a instauração da ação penal, devido ao constrangimento natural causado pela natureza da infração e pela exposição na esfera judicial. A ação penal, neste caso, inicia-se através de queixa-crime.
	2) Ação penal privada subsidiária da pública – trata-se de ação penal privada ajuizada pelo ofendido quando esgotado o prazo do Ministério Público oferecer a denúncia. Neste caso, diante da inércia do parquet, não será o Ministério Público o titular da ação penal, mas sim o ofendido, sendo intentado através de queixa-crime subsidiária.
	3) Ação penal privada personalíssima – ocorre quando a titularidade da ação compete única e exclusivamente ao ofendido, não podendo ser ajuizada nem por seu representante legal. Atualmente, o único caso dessa espécie de ação penal é o crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento (art. 236, parágrafo único, do CP), já que o crime de adultério foi revogado pela Lei nº 11.106/2005.
	Por fim, a doutrina tem incluído entre as espécies de ação penal, a chamada Ação penal popular, prevista nos arts. 14 e 41 da Lei nº 1.079/50, a qual permite a qualquer pessoa do povo, denunciar por crimes de responsabilidade, perante o Senado, o Presidente da República, Ministros de Estado, membros do STF e o Procurador-Geral da República. 
3. Ação penal pública incondicionada
Titularidade – pertence ao Ministério Público, que atua como dominis litis, podendo instaurar o processo criminal independentemente da manifestação de vontade de qualquer pessoa e até mesmo contra a vontade expressa ou tácita da vítima.
Prazo para denúncia: Réu preso - 05 dias, 
 Réu solto - 15 dias
 
 Princípios – a ação penal pública incondicionada é norteada pelos seguintes princípios:
 a) Princípio da obrigatoriedade – havendo indícios de autoria e prova da materialidade do crime, deve o parquet ajuizar a ação penal, salvo os casos em que acarretem a extinção da punibilidade (prescrição, morte do agente). Em se tratando de excludentes de ilicitude e culpabilidade existe a obrigatoriedade do oferecimento da ação penal, entretanto, parte da doutrina tem admitido a possibilidade do não ajuizamento da ação quando a presença destas forem irrefutáveis, totalmente estreme de dúvidas.
IMPORTANTE – o princípio da obrigatoriedade foi mitigado pela Lei nº 9.099/95, que passou a permitir a transação penal entre o promotor e o autor do fato, nas infrações de menor potencial ofensivo.
b) Princípio da indisponibilidade – uma vez ajuizada ação penal pública, dela não poderá desistir o Ministério Público. Tal princípio também foi mitigado pela Lei nº 9099/95 ao possibilitar o oferecimento, caso o autor cumpra alguns requisitos legais, a suspensão condicional do processo, por um prazo de 2 a 4 anos.
c) Princípio da oficialidade – a ação penal pública incondicionada será promovida por iniciativa de órgão oficial (Ministério Público), não havendo a necessidade da manifestação de vontade da vítima. Exceção: a ação penal privada subsidiária da pública, diante da inércia da Promotoria.
IMPORTANTE – impende ressaltar, que o fato do Ministério Público não oferecer a denúncia o prazo legal trata-se de mera irregularidade, não se operando a preclusão, a prescrição nem tampouco a decadência. Deste modo, na ação penal pública a legitimação do Ministério Público será exclusiva pelo prazo legal, após esse prazo, será a legitimação concorrente pelo prazo de 6 meses, já que o ofendido poderá oferecer a ação privada subsidiária, e, ao final deste prazo, retorna a legitimação a ser exclusiva do parquet, até o final do prazo prescricional do delito.
d) Princípio da divisibilidade – havendo mais de um suposto autor do crime, nada impede que o Ministério Público venha a ajuizar ação penal apenas em relação a um ou alguns deles, sendo que tal posição do promotor não acarreta qualquer preclusão, podendo, posteriormente, ser aditada denúncia ou oferecida nova ação contra o co-autor excluído.
e) Princípio da intranscendência – a ação penal somente poderá ser ajuizada contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito, não havendo de incluirresponsáveis civis, que em nada contribuíram para ação delituosa, do ponto de vista penal. 
4. Ação penal pública condicionada
Titularidade – também pertence, de modo exclusivo, ao Ministério Público, distinguindo-se, porém, pelo fato do exercício da ação está vinculado a manifestação de vontade (representação) da vítima ou de seu representante legal e a requisição do Ministro da Justiça, em determinados casos.
Crimes que dependem de representação da vítima:
Crime de lesão corporal leve (art. 129, caput)
Crime de lesão corporal culposa (art. 129, § 6º)
Crime de perigo de contágio venéreo (art. 130, §2º)
Crimes contra a honra de funcionário público (art. 141, c/c art. 145, parágrafo único)
Crime de ameaça (art. 147, parágrafo único)
Crime de violação de correspondência (art. 151, §4º)
Crime de furto de coisa comum (art. 156, § 1º)
Crime de tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de transporte sem recurso para pagamento (art. 176, parágrafo único)
Crime de corrupção de preposto e violação de segredo de fábrica ou negócio (art. 196, §1º, X a XII, c/c o §2º)
Os delitos definidos nos Capítulos I e II dos crimes contra a dignidade sexual (Lei nº 12.015/2009).
4.1. Representação
Consiste na manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal, autorizando o inicio da persecução criminal em Juízo, e, por tratar-se de uma condição de procedibilidade exigida por lei, sua ausência importará na rejeição da denúncia pelo juiz (art. 395, II, do CPP).
Impende ressaltar, que embora a representação possua uma natureza eminentemente processual, esta submetida às regras de direito material intertemporal, em face da sua influência sobre o jus puniendi estatal, por isso, o seu exercício fora do prazo legal (06 meses) acarretará a extinção da punibilidade pela decadência. 
IMPORTANTE – O fato de o magistrado ter recebido uma denúncia de crime de ação penal pública condicionada, sem representação, haverá indubitavelmente nulidade dos atos praticados, mas não será uma nulidade insanável, sendo possível o prosseguimento do processo com o aproveitamento dos atos, desde que oferecida à representação dentro do prazo decadencial de 06 meses, por isso, a expressão “a todo tempo sanada” do art. 568 do CPP, deve ser compreendida dentro do prazo citado, sendo este o entendimento do STJ, esboçado no julgamento do HC 39.047/PE. 
Quanto à forma da representação, tem-se entendido que deve ser escrita, sob forma de petição ou reduzida a termo perante a autoridade policial, no entanto, não se exige qualquer formalidade, bastando a narrativa, ainda que sucinta, do fato a ser apurado, desde que traduza a inequívoca vontade da vítima ou de seu representante legal de representar.
Questão divergente é sobre a extensão da representação quando a vítima representa unicamente um dos autores do crime praticado em concurso de pessoas, a doutrina majoritária tem entendido que a representação não se dá em relação ao autor do delito, mas sim ao fato praticado, porém existe posição minoritária no sentido de que não haverá possibilidade de o Ministério Público aditar a denúncia para incluir pessoa distintas daquelas constantes na denúncia.
Ademais, admiti-se que o Ministério Público denuncie apenas alguns dos indivíduos relacionados na representação, quando não houver indícios de autoria, mas não será possível o arquivamento implícito, por não haver amparo legal, devendo o parquet promover, fundamentadamente, o arquivamento direto.
4.1.1. Titulares da representação
I) Ofendido maior de 18 anos e capaz mentalmente
Com o advento do novo Código Civil, ficou prejudicada a regra do art. 34 do CPP, que permitia que a representação fosse oferecida tanto pela vítima quanto pelo seu representante legal na hipótese de crime contra pessoa maior de 18 anos e menor de 21 anos.
II) Representante legal do ofendido menor ou incapaz
Caso haja conflito de interesses entre o ofendido incapaz e o representante legal, deverá o juiz de ofício ou a requerimento do Ministério Público proceder à nomeação de curador, aplicando-se, por analogia, a regra do art. 33 do CPP. Registre-se, ainda, que o curador não está obrigado a representar, devendo apenas analisar a conveniência do procedimento.
Da mesma forma, no caso de morte ou declarado judicialmente ausente o ofendido, aplica-se o art. 24, § 1º, do CPP, podendo o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente e irmão, sendo tal rol considerado taxativo e preferencial no tocante a quem deve representar. Exceção: o companheiro por união estável. 
III) Pessoa Jurídica
Tal possibilidade se dar em virtude de uma interpretação analógica do art. 37 do CPP, permitindo que as pessoas jurídicas, legalmente constituídas, poderá representar através de manifestação de vontade de quem por lei, estatuto ou contrato, tenha poderes para tanto. Não havendo previsão de quem possa falar em nome da empresa, poderá ser exercido por qualquer direto ou sócio-gerente.
4.1.2. Prazo da representação
O Prazo da representação é de 06 meses, contados do dia em que o ofendido vier, a saber, quem foi o autor do crime, sob pena de decadência, conforme preconiza o art. 38 do CPP. Caso a vítima seja menor de 18 anos ou mentalmente incapaz, o prazo decadencial flui somente para o representante legal, pois, para o menor, o prazo terá início a partir da maioridade ou da recuperação. Em se tratando da vítima falecer antes do decurso do prazo, o prazo começará a fluir a partir do momento em que seu cônjuge, ascendente, descendente e irmão tomarem conhecimento do fato e de sua autoria. 
4.1.3. Destinatários da representação
O art. 39 do CPP dispõe que a representação poderá ser dirigida ao Juiz, ao Ministério Público e à Autoridade Policial, indistintamente, devendo, no entanto, ser reconhecida firma caso seja realizada por escrito, e, caso seja feita oralmente ou sem o reconhecimento de firma, deve ser reduzido a termo perante a autoridade que se destina.
Juiz – se oferecida ao magistrado este deverá encaminhar a representação ao Ministério Público, para as providências cabíveis (denúncia ou requisição de inquérito), podendo, também, o próprio magistrado requisitar a instauração do inquérito policial.
Ministério Público – se o ofendido ou quem de direito formaliza a representação perante o promotor e possua os elementos necessários para o ajuizamento da ação penal, poderá ser oferecida a denúncia ou requisitar o inquérito na falta de tais elementos (art. 39, §5º, do CPP).
Autoridade Policial – caso seja a representação oferecida diretamente ao delegado, será considerada a peça inicial do inquérito policial, inclusive, dispensando a portaria (art. 5º, § 4º, do CPP). 
 
4.1.4. Irretratabilidade
Nos termos do art. 25 do CPP, a representação será irretratável após o oferecimento da denúncia, possibilitando a retratação antes da denúncia.
Questão controversa na doutrina é a possibilidade da “retratação da retratação”, não havendo consenso sobre o assunto, senão vejamos:
Parte da doutrina entende ser possível, desde que não fique evidenciada a ocorrência de má-fé da vítima e não tenha escoado o prazo decadencial de 06 meses. Este é o entendimento de Nucci, Mirabete e Norberto Avena, bem como é o posicionamento mais aceito pela Jurisprudência.
Em sentido contrário, há uma corrente que defende a retratação a representação importa em renúncia ao direito de ação, acarretando a extinção da punibilidade, perdendo o Estado o direito de punir o autor do fato. Filiam-se a este pensamento Fernando Capez e Tourinho Filho.
4.1.5. Não vinculação do Ministério Público
A representação não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia, devendo o promotor analisar se é ou não o caso de propor a ação penal, podendo concluir também: 
pela instauração do inquérito; 
pelo arquivamento do inquérito 
pelo retorno dos autos do inquérito para novas diligências.
Também nãoestá vinculado o parquet a definição jurídica constante na representação, podendo constar na denúncia tipificação diversa.
4.2. Requisição do Ministro da Justiça
Dependem de requisição do Ministro da Justiça os crimes pelos quais o exercício da ação penal está relacionado à conveniência política em vê-los apurados ou não, permitindo aos sujeitos passivos do crime, representados pelo Ministro da Justiça, verificar a conveniência da ação.
4.2.1. Hipóteses de requisição
São raras as hipóteses em que a lei subordina a persecução criminal ao ato político da requisição, são eles:
I) Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (art. 7º, § 3º, “b”, do CP)
II) Crimes contra a honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, c/c o parágrafo único do art. 145, ambos do CP)
III) Crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República (art. 141, I, c/c o parágrafo único do art. 145, ambos do CP)
IV) Determinados crimes praticados por meio da imprensa contra o Presidente da República, Presidente do Senado e da Câmara dos Deputados, e outras autoridades (art. 23, I, c/c art. 40, I, “a” da Lei nº 5250/67).
 IMPORTANTE – Lembrando que o Supremo Tribunal Federal, por maioria, julgou procedente o ADPF 130, declarando que a Lei de Imprensa (Lei nº 5250/67) não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. 
4.2.2. Prazo da requisição
Não há prazo para o oferecimento da requisição pelo Ministro da Justiça, por não haver qualquer determinação legal sobre o assunto, ficando limitado até a prescrição do crime praticado.
4.2.3. Retratação da requisição
A maioria da doutrina é categórica em afirma que é inadmissível a retratação da requisição, por não existir previsão legal para tanto, bem como por se tratar de ato administrativo oriundo do governo, que requer maior seriedade e responsabilidade do Ministro da Justiça (Fernando Capez e Tourinho Filho).
Porém, Guilherme de Souza Nucci e Norberto Avena, discordam deste entendimento, acreditando ser possível a retratação antes do oferecimento da denúncia, exatamente por se tratar de ato administrativo, e como tal, pode ser revisto, inclusive de ofício, por quem editou, e quanto à ausência de permissivo legal, também não há óbice, pois o que não é proibido é permitido.
4.2.4. Destinatário da requisição
É o Ministério Público, no entanto, não há vinculação quanto aos termos da requisição podendo, inclusive, promover o arquivamento do inquérito.
5. Ação penal privada
É aquela em que o Estado transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal, permanecendo com o Estado o direito de punir. Difere-se da ação penal pública, basicamente, pela legitimidade ativa, sendo o ofendido o titular da ação privada, enquanto que o Ministério Público é o titular da ação penal pública.
O fundamento da ação penal privada reside na discricionariedade dada ao ofendido de propor ou não a ação, evitando um mal maior com a existência do processo.
Crimes de ação penal privada:
Crime de calúnia, difamação e injúria (art. 138, 139 e 140)
Crime de alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório, quando não houver violência e a propriedade for privada (art. 161, § 1º, I e II)
Crime de dano (art. 163, caput, parágrafo único, IV)
Crimes de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art. 164 c/c art. 167)
Crime de fraude à execução (art. 179 e parágrafo único)
Crime de violação de direito autoral, usurpação de nome ou pseudônimo alheio, salvo quando praticados em prejuízo de entidades de direito (art. 184 a 186)
Crime de violação de privilégio de invenção (art. 187)
Crime de usurpação ou indevida exploração de modelo ou desenho (art. 189)
Crime de violação de direito ou marca de indústria ou de comércio (art. 192)
Crimes de concorrência desleal, propaganda desleal, desvio de clientela, falsa indicação de procedência de produto, uso indevido de termos retificativos, arbitrária aposição de próprio nome em mercadorias de outro produtor, uso indevido de nome comercial ou titulo de estabelecimento, falsa atribuição de distinção ou recompensa e fraudulenta utilização de recipiente ou invólucro de outro produtor (art. 196, caput, e § 1º, I a IX, c/c § 2º).
Crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para fins matrimoniais (art. 236 e parágrafo único).
Crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, parágrafo único)
5.1. Titularidade 
I) Vítima maior de 18 anos e capaz mentalmente
Também se encontra prejudicada a regra do art. 34 do CPP, que permitia que a legitimidade concorrente da vítima e de seu representante legal na hipótese de crime contra pessoa maior de 18 anos e menor de 21 anos.
II) Representante legal do ofendido menor ou incapaz
Caso não haja representante legal ou conflito de interesses entre o ofendido incapaz e o representante legal, poderá também ser aplicada a regra do art. 33 do CPP, sendo nomeado curador para exercer o direito de queixa. Possui legitimidade para oferecer a queixa-crime o guardião nomeado pelo juiz cível, não sendo possível ao guardião de fato. Com o advento do novo Código Civil não é mais necessário que o pai e mão do ofendido menor ingressem em conjunto com a queixa. No caso de morte ou declarado judicialmente ausente o ofendido, o direito de queixa pode ser exercido pelo cônjuge, ascendente, descendente e irmão (art. 31 do CPP), sendo tal rol, também, considerado taxativo e preferencial. Exceção a taxatividade: o companheiro por união estável e o separado judicialmente. 
III) Pessoa Jurídica
Também é permitido na ação penal privada que as pessoas jurídicas, legalmente constituídas, possam figurar como autor da ação (art. 37 do CPP), inclusive na ação penal privada subsidiária da pública (furto de coisa comum). 
5.2. Princípios 
Princípio da oportunidade – o ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com sua conveniência, isso porque, em muitos casos, não interessa a vítima um processo criminal em face da inevitável exposição do fato criminoso.
Princípio da disponibilidade – a decisão de prosseguir ou não com a ação é do ofendido, pois, mesmo iniciada a ação poderá a vítima encerrá-la através do perdão judicial (art. 51 do CPP) ou da perempção (art. 60 do CPP).
Princípio da indivisibilidade – embora o ofendido não esteja obrigado a intentar com ação penal, se o fizer, deverá ajuizá-la contra todas as pessoas que concorreram ao crime, conforme preconiza o art. 48 do CPP, sob pena de ser extinta a punibilidade pela renúncia do direito de queixa. 
IMPORTANTE – Questão polêmica é possibilidade de o Ministério Público poder aditar a queixa-crime para inserir as pessoas envolvidas na ação delituosa e não apontadas pelo ofendido em sua peça inicial. A maioria da doutrina (Greco Filho, Noberto Avena, Fernando Capez e Nestor Távora) afirma que não é possível o aditamento, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido. Em sentido contrário, Tourinho Filho diz que é possível o aditamento, por previsão expressa dos arts. 45, 46 e 48, todos do CPP.
Princípio da intranscendência – a ação penal somente poderá ser ajuizada contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito, não havendo de incluir responsáveis civis.
5.3. Prazo
O prazo para se exercer o direito de queixa é de 06 meses, contados do dia em que o ofendido ou seu representante legal vier, a saber, quem foi o autor do crime (art. 38 do CPP), sendo tal prazo decadencial.
Caso a vítima seja menor de 18 anos ou mentalmente incapaz, o prazo decadencial somente começará a fluir a partir da maioridade ou da recuperação. 
Vale ressaltar que a instauração do inquérito policial não interrompe o prazo decadencial, pois este somente é interrompido pelo oferecimento da queixa-crime, sendo pacífico o entendimento no STJ de que o ajuizamento da queixa no juízo incompetente é causainterruptiva do prazo decadencial. 
5.4. Espécies
Ação Penal Privada Exclusiva ou Propriamente Dita – pode ser proposta pelo ofendido ou seu representante legal e, em caso de morte ou ausência, pelo rol do art. 31 do CPP.
Ação Penal Privada Personalíssima – sua titularidade pertence única e exclusivamente ao ofendido, não podendo ser exercida por seu representante legal ou sucessores. Atualmente no CP existe apenas o crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimentos.
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública – trata-se da única exceção a regra da exclusiva titularidade do Ministério Público sobre a ação penal pública, possibilitando o ajuizamento da queixa-crime subsidiária nas ações penais públicas condicionadas e incondicionadas, quando o parquet não exercer sua titularidade dentro do prazo legal.
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