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Processo Penal I INQU RITO

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Prof. Bruno Galvão
INQUÉRITO POLICIAL
1. Persecução criminal
	É a atividade dos órgãos estatais objetivando noticiar ao Estado-Juiz a prática das investigações e da ação penal para apurar, processar e enfim fazer valer o direito de punir, solucionando as lides e aplicando a lei ao caso concreto. 
Divide-se em duas fases:
1) a inquisitiva, preparatória da ação penal a fim de demonstrar a existência do crime e indícios de autoria.
2) a processual, que consiste no pedido de julgamento da pretensão punitiva.
	É exatamente nesta fase inquisitiva que reside o inquérito policial, que consiste em um conjunto de diligências realizadas pela autoridade policial para a obtenção de elementos que apontem a autoria e comprovem a materialidade das infrações penais investigadas a fim de informarem o possível oferecimento da denúncia e da queixa-crime.
2. Polícia Judiciária, Administrativa e de Segurança
	Polícia Judiciária – também chamada de polícia repressiva, visa investigar infrações penais e suas respectivas autorias, sendo a atividade investigatória materializada no inquérito policial. Tal atividade compete a Polícia Federal no âmbito da União e a Polícia Civil no âmbito Estadual.
Polícia de Segurança ou administrativa - também chamada polícia preventiva, é encarregada de efetuar medidas preventivas, protegendo a ordem pública e evitando que os bens penalmente protegidos sejam atingidos. 
3. Aspectos Gerais
	Conceito e finalidade – é um procedimento investigatório, de natureza inquisitiva e presidencial, que visa apurar a autoria e materialidade das infrações penais através de um conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária.
	Natureza jurídica – é um procedimento de índole eminentemente administrativa, com caráter informativo e preparatório da ação penal.
	Características:
Dispensável – não é necessário para a propositura da ação penal, podendo ser suprido por outras provas indiciárias que atestem a autoria e a existência do delito (art. 12, art. 39, § 5º e art. 46, § 1º, todos do CPP) 
Escrito – todos os atos realizados no curso da investigação policial será formalizados de forma escrita e rubricados pela autoridade (art. 9º do CPP) 
Sigiloso – por determinação do art. 20 do CPP, a autoridade assegurará no inquérito policial o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. (súmula vinculante nº14)
Inquisitório – não vigoram no inquérito policial os princípios do contraditório e da ampla defesa. Exceção: admite-se contraditório no caso de inquérito instaurado por requisição do Ministro da Justiça para a expulsão de estrangeiro, previsto nos arts. 70 e 71 da Lei nº 6.815/80.
 
	IMPORTANTE – a questão acerca do alcance do sigilo aos advogados foi pacificada pelo STF, em 02 de fevereiro de 2009, através da publicação da súmula vinculante nº 14, que diz: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”:
	Princípios que norteiam o inquérito policial:
Princípio da Oficiosidade – ressalvadas as hipóteses de crime de ação penal pública condicionada à representação e dos delitos de ação penal privada, o inquérito deve ser instaurado ex officio pela autoridade policial sempre que tiver conhecimento da prática do delito (art. 5º, I do CPP). 
Princípio da Oficialidade – as investigações devem ser realizadas por autoridades e agentes integrantes dos quadros públicos.
Princípio da Discricionariedade – o delegado conduz o inquérito como melhor lhe prouver, podendo atender ou não aos requerimentos do indiciado ou da vítima (art. 14 do CPP). Exceção: esta a autoridade policial obrigado a instaurar o inquérito se for por requisição do MP ou do Juiz.
Princípio da Indisponibilidade – uma vez instaurado o inquérito, não pode a autoridade policial, por sua própria iniciativa, promover o seu arquivamento (art. 17 do CPP).
 
IMPORTANTE – cabe a autoridade policial instaurar o inquérito policial apenas para se apurar a ocorrência de fato considerado típico, não sendo permitida a consideração de outros aspectos, como no caso das excludentes de ilicitude e culpabilidade. Há uma divergência acerca da possibilidade do delegado aplicar o princípio da insignificância, por ser uma excludente de tipicidade prevalecendo o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que não é possível.
Competência – A competência é distribuída por critério territorial (ratione loci), definida através da circunscrição de cada delegado, por critério material (ratione materiae), quando houver as delegacias especializadas, ou por critério pessoal (ratione persona) com nos casos da delegacia da mulher, do idoso, do turista.
4. Inquéritos não-policiais
	Inquéritos parlamentares – patrocinados pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), respaldados pelo art. 1º da Lei nº 10.001/2000 e pela Súmula 397 do STF.
	Inquéritos policiais militares – a cargo da polícia judiciária militar, composta por integrantes da carreira, a teor do art. 8º do Código de Processo Penal Militar.
	Inquéritos administrativos – visam apurar ilícitos cometidos por magistrados e promotores, sendo as investigações presididas pelos órgãos de cúpula de cada carreira, conforme dispõe o art. 33, parágrafo único da LOMAM e o art. 41 da LONMP.
	
5. Divergências quanto ao poder investigatório do MP
A doutrina e a jurisprudência encontram-se bastante dividida sobre o assunto, o STJ reconheceu, através da Súmula 234, que a “participação do Ministério Público nas investigações não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
O STF, contrariando julgados da própria corte, já se manifestou pela inconstitucionalidade das investigações ministeriais, cabendo ao mesmo apenas a requisição da instauração do IP (STF. RE 23.072/RJ)
Quanto à doutrina, os argumentos utilizados pela corrente contrária as investigações do MP são:
O art. 144, § 1º, IV da CF, estabelece que cabe a Policia Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União;
O art. 144, § 4º, dispõe que incumbe a polícia civil a função de polícia judiciária e apuração das infrações penais;
O art. 129 da CF, que trata das funções institucionais do MP, não prevê que o MP faça a investigação criminal.
Já os argumentos utilizados pela corrente favorável as investigações do MP são:
A expressão exclusividade do art. 144 da CF se refere a outras policias e não a outras instituições, pois existem vários outros órgãos federais que investigam, como a Agência Brasileira de investigação (ABIN) e a Controladoria Geral da União (CGU);
O art. 129 da CF dispõe que o MP poderá exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com a sua finalidade, sendo, portanto, as exemplificativas as atribuições enumeradas no referido artigo
O STF já havia decidido pela constitucionalidade da investigação do Ministério Público, baseando-se em dispositivos legais como o art. 8º da LC 75/1993 e o art. 26 da Lei 8.625/1993, conforme se vê no acórdão de relatoria da Ministra Ellen Gracie:
“É perfeitamente possível que o órgão do Ministério Público promova a colheita de determinados elementos de prova que demonstrem a existência da autoria e da materialidade de determinado delito. Tal conclusão não significa retirar da Polícia Judiciária as atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos supostamente delituosos, mas também a formação da opinio delicti” (HC 91.661/PE)
Atualmente, após o arquivamento da PEC 37 pelo Congresso Nacional, a matéria esta sendo apreciado em dois processos pelo Plenário do STF, o HC 84548 e Recurso Extraordinário593727, onde 8 ministros já votaram e sinalizaram pela possibilidade das investigações realizadas pelo MP, com exceção do Ministro Marco Aurélio, que é terminantemente contra.
6. Incomunicabilidade do indiciado
Disposto no art. 21 do CPP, contempla a possibilidade do indiciado permanecer incomunicável por até 03 dias, por conveniência da investigação ou quando o interesse da sociedade o exigir.
Há uma enorme divergência doutrinária acerca da vigência ou não da incomunicabilidade, vejamos:
A uma corrente majoritária, composta por grandes doutrinadores como Tourinho, Mirabete e Capez, a qual defendem que o art. 21 do CPP foi REVOGADO pelo art. 5º, da CF, em seus incisos LXIII, que assegura ao preso a assistência da família e LXII, que determina que toda prisão deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou pessoa por ele indicada, bem como pelo art. 136, § 3º, IV da CF, que veda a incomunicabilidade do preso no Estado de Defesa.
No sentido contrário, surge uma corrente minoritária, integrada por Damásio e Greco Filho, mas que encontra respaldo em parte expressiva da jurisprudência, argumentando que a vedação a incomunicabilidade somente se aplica no Estado de Defesa, aos presos políticos e não aos criminosos comuns, pois, se assim não fosse, teria o legislador inserido tal vedação no art. 5º, juntamente com os demais direitos do preso.
Parece-nos que a posição pela inconstitucionalidade é a correta, contudo, independentemente da posição adotada, um aspecto não cabe discussão, a incomunicabilidade prevista no art. 21 do CPP não pode impedir o contato do indiciado com o seu advogado (art. 7º, III, da Estatuto da OAB).
7. Curador de menor de 21 anos e de Silvícola
A menoridade de que cuida o art. 15 do CPP contempla os indiciados com idade entre 18 e 21 anos, no entanto, o Novo Código Civil, em seu art. 5º, passou a considerar plenamente capaz para todos os atos da vida a pessoa que completar 18 anos de idade, sendo assim, o entendimento dominante é que foi abolida a figura do curador com relação ao menor de 21 anos.
Quanto ao silvícola, só se exige curador, na hipótese de ficar constatado, através de perícia, que o mesmo é possuidor de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, deste modo, enquanto não houver a perícia para constatar o grau sociabilidade do índio, não é obrigatória a figura do curador.
8. Instauração do inquérito policial
Inicialmente, faz-se necessário definir o que vem a ser Notitia criminis, que nada mais é do que conhecimento pela autoridade, espontâneo (qualquer do povo), provocado (delatio criminis) ou coercitivo (auto de prisão em flagrante), de um fato aparentemente criminoso, dividindo-se em:
Cognição imediata ou direta, quando o conhecimento ocorre diretamente pela autoridade policial ou por comunicação informal;
Cognição mediata ou indireta, quando o conhecimento se dá por provocação de terceiros (delatio criminis);
Cognição coercitiva, que é aquela apresentada juntamente com o infrator preso em flagrante (auto de prisão em flagrante).
Cabe ressaltar, que existem também as denominadas Notitia criminis inqualificada, que é a comunicação anônima, podendo ser apócrifa (denúncia escrita sem identificação) ou oral (disque-denúncia), embora hajam divergências doutrinárias, tem se admitido como forma de instauração do inquérito pelo nosso ordenamento jurídico, devendo o delegado tomar algumas precauções a fim de averiguar a procedência da denúncia.
8.1 Formas de instauração do IP
O art. 5º do CPP contempla as formas de início do procedimento policial, que irão depender do tipo de ação (ação pública incondicionada ou condicionada e ação penal privada), a ser definida pela natureza do crime investigado.
1) Crimes de ação penal pública incondicionada – pode ser iniciada através:
a) Portaria (art. 5º, I) – é o ato de ofício da autoridade policial, deve ser subscrita pelo delegado de polícia e conterá o objeto da investigação, as circunstâncias conhecidas em torno do fato a ser apurado (dia, horário, local, etc) e ainda as diligências iniciais a serem realizadas;
b) Requisição do Juiz ou do Ministério Público (art. 5º, II) – tal requisição possui conotação de exigência, determinação, por isso, em tese, não poderá ser descumprida pela autoridade policial. Há doutrina diverge quanto o assunto:
Nucci defende que, não possuindo a requisição supedâneo legal, não deve o delegado agir, pois se o fizesse estaria cumprindo um desejo pessoal de outra autoridade;
Fernando Capez diz que a autoridade policial não pode se recusar a instaurar o inquérito, pois a requisição tem a natureza de determinação, de ordem, muito embora inexista subordinação hierárquica.
Requerimento da vítima ou de seu representante legal (art. 5º, §1º) – é o pedido da vítima e do seu representante legal, o qual deverá constar, sempre que possível, a narração do fato, a individualização do indiciado, as razões de convicção ou presunção de autoria e o rol de testemunhas, sendo que, diferentemente da requisição, não está o delegado obrigado a instaurar o inquérito, podendo indeferir a solicitação. 
IMPORTANTE – Não se admite qualquer recurso judicial contra a decisão do delegado que indefere o requerimento da vítima, no entanto, pode ser interposto recurso administrativo ao Chefe de Polícia (art. 5º, §2º).
Auto de prisão em flagrante – apesar de não mencionado expressamente no art. 5º, trata-se de forma inequívoca de instauração de inquérito policial, dispensando a portaria.
2) Crimes de ação penal pública condicionadas – são iniciados através:
a) Representação do ofendido ou de seu representante legal (art. 5º, § 4º) – entende-se por representação a manifestação, sem necessidade de formalismo, pela qual a vítima ou seu representante legal autoriza o Estado desenvolver as providências necessárias à investigação e apuração judicial dos crimes que requerem. Tal representação está sujeita a decadência, caso não seja exercido no prazo legal de 06 meses contados da ciência da autoria, acarretando a extinção da punibilidade.
b) Requisição do Juiz ou do Ministério Público – embora se trate da mesma requisição das ações penais incondicionadas, neste caso, o exercício deste poder está condicionado à existência de representação prévia da vitima ou de seu representante legal. (Noberto Avena)
c) Auto de prisão em flagrante – considerando que o APF é forma de início de inquérito policial, deduz-se que, nesta espécie de crime, condiciona-se que a vítima ou seu representante legal estejam presentes no momento da formalização do auto e manifeste a vontade de ver apurada a infração penal. Caso não seja representado o crime deverá ser posto o indicado em liberdade, sob pena de constrangimento ilegal, passível de habeas corpus.
d) Requisição do Ministro da Justiça – ocorrem nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, §3º, “b” do CP), crimes cometidos contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art. 141, I, c/c o art. 145, parágrafo único, ambos do CP) e determinados crimes praticados por meio da imprensa contra o Presidente da República, Presidente do Senado e da Câmara dos Deputados, e outras autoridades (art. 23, I, c/c art. 40, I, “a” da Lei nº 5250/67). 
3) Crimes de ação penal privada – nestes tipo de crimes o inquérito inicia-se através:
a) Requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente (art. 5º, §5º) – a autoridade policial somente poderá instaurar o inquérito mediante requerimento de quem tenha qualidade para o ajuizamento da queixa-crime, vale dizer, o ofendido, seu representante legal, e, em caso de morte, qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP (cônjuge, ascendente, descendente, irmão), estando tal requerimento sujeito ao prazo decadencial de 06 meses, contados do dia em que a vítima veio a saber quem é o autor do fato.
b) Requisição do Juiz e do Ministério Público – a despeito de estar corretaa posição doutrinária segundo a qual o MP e a autoridade judiciária não poderão requisitar a instauração de inquérito policial nos crimes de ação penal privada, ressalva-se a hipótese de ter o ofendido requerido a estes providências no sentido de ser desencadeada a investigação pela delegacia de polícia.
c) Auto de prisão em flagrante – também só podem ser instaurados caso tenha vítima ido até a delegacia e autorizado a lavratura do auto.
9. Diligências investigatórias
Os arts. 6º e 7º do CPP, indicam as providências a serem tomadas pela autoridade policial na condução das investigações, quais sejam:
I – Dirigir-se ao local dos fatos, isolando a área para atuação dos peritos;
II – Apreender objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III – Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV – Ouvir o ofendido (não é compromissado a dizer a verdade, respondendo pelo crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP);
V – Ouvir o indiciado na presença de 2 testemunhas, obedecendo as regras do interrogatório judicial no que lhe for aplicável;
VI – Proceder ao reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII – Realização do exame de corpo de delito e outras perícias (o exame pericial é prescindível, podendo ser suprido pela prova testemunhal);
VIII – Ordenar a identificação datiloscópica e fotográfica do indiciado e fazer juntar a sua folha de antecedentes (o art. 5º da CF chancelou que o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos em lei).
IX – Averiguar a vida pregressa do indiciado, e quaisquer outros elementos que contribuam para a apreciação do seu temperamento e caráter;
X – Reprodução simulada.
IMPORTANTE – Com o advento da Lei nº 12.037/2009 que revogou a disciplina da Lei nº 10.054/2000 passou a se considerar civilmente identificados aqueles que apresentarem:
Carteira de identidade;
Carteira de trabalho;
Carteira profissional;
Passaporte;
Carteira de identificação funcional ou outro documento público que permita a identificação do indiciado;
Documentos de identificação militar, que foram equiparados a documentos de identificação civil.
Deste modo, a nova lei passou autorizar a identificação criminal de quem já tenha sido identificado civilmente apenas nas situações descritas em seu art. 3º, que são:
 O documento de identidade civil apresentar rasura ou tiver indício de falsidade;
O documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
O indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
 A identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;
 Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
 O estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
10. Prazos de conclusão do inquérito policial
Inquérito Policial (Estadual):
Réu preso – 10 dias, improrrogável.
Réu solto – 30 dias, prorrogável pelo tempo que se fizer necessário.
Inquérito Federal:
Réu preso – 15 dias, prorrogável por mais 15.	
Réu solto – 30 dias, prorrogável pelo tempo que se fizer necessário.
Inquérito nos crimes contra a economia popular: 10 dias, improrrogável, independendo se solto ou preso.
Inquérito Lei de Drogas: 
Réu preso – 30 dias, prorrogável por mais 30 dias.
Réu solto – 90 dias, prorrogável por mais 90 dias.
Inquérito Militar: 
Réu preso – 20 dias, improrrogável.
Réu solto – 40 dias, prorrogável por mais 20 dias.
11. Valor probatório do inquérito policial
	As provas colhidas na fase policial possuem valor relativo, devem ser renovadas em juízo, sob o crivo do contraditório, excetuando-se as provas periciais que, em regra, não há como ser renovada.
	O STF posicionou entendimento no sentido de que: “não se justifica decisão condenatória apoiada exclusivamente em inquérito policial”, bem como “eventuais nulidades ocorridas no inquérito policia, não contaminam o processo”. (STF. HC 73271/SP)
 	
12. Encerramento do inquérito policial
	O inquérito policial se encerra quando forem concluídas as diligências ou pelo esgotamento do prazo legal para a sua conclusão, no entanto, o art. 10, § 3º do CPP prevê a possibilidade da autoridade policial requerer ao juiz a devolução dos autos para outras diligências em casos de difícil elucidação.
	Impende ressaltar, que se o magistrado conceder a devolução dos autos para nova diligência deverá o indicado ser posto em liberdade imediatamente, caso esteja preso, sob penal de constrangimento ilegal.
	O art. 10, § 1º, determina que quanto o inquérito for concluído a autoridade policial (Delegado) fará um minucioso RELATÓRIO do que houver sido apurado, encaminhando os autos do procedimento ao juiz, acompanhado os instrumentos e objetos que interessem à prova, mencionando eventuais testemunhas, caso não tenham sido inquiridas, e o local onde possam ser encontradas.
IMPORTANTE – o Relatório da autoridade policial não poderá conter qualquer juízo de valor com relação aos fatos apurados, limitando-se a declinar as providências realizadas, resumindo os depoimentos prestados, mencionar o resultado das diligências perpetradas e, a partir de tudo isso, classificar o crime, apontando o dispositivo penal violado. Não esta o autor da ação vinculado a essa classificação.
	A ausência de tal relatório não tem o condão de gerar a nulidade o inquérito policial, lembrando-se que eventuais vícios no procedimento não têm o condão de contaminar o processo judicial. 
	O relatório também possui dentro do seu bojo o INDICIAMENTO do investigado, que consiste no ato pelo qual o delegado atribui a determinada pessoa a condição de provável autor de uma infração penal, que será registrado nos assentamentos pessoais do indiciado, nos termos do art. 23 do CPP.
	Após a efetiva conclusão do inquérito policial, este deve ser encaminhado pela autoridade policial ao Juiz competente, que deverá agir de acordo com a espécie da ação penal, senão vejamos:
Em se tratando de ação penal pública, deverá o magistrado determinar vista ao Ministério Público, que terá três opções:
1) oferecer a denúncia;
2) pedir o arquivamento
3) requerer a realização das diligências que se fizerem necessária.
Em se tratando de ação privada, o juiz aguardará a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, até o final do prazo decadencial (art. 38 do CPP), caso ultrapassado este prazo o juiz determinará, após ser ouvido o Ministério Público, o arquivamento do inquérito. 
Concluindo o parquet pelo oferecimento da denúncia ou pretendendo a vítima ajuizar queixa-crime, deverão tais peças ser confeccionadas de acordo com as formalidades dispostas no art. 41 do CPP, sob pena de ser considerada inepta.
 
13. Arquivamento do inquérito policial
	O inquérito policial só pode ser arquivado por decisão judicial, mediante requerimento fundamentado do Ministério Público, não podendo nem o delegado requerer, nem o juiz arquivá-lo ex officio.
Discordando o juiz do pedido de arquivamento, aplica-se a regra do art. 28 do CPP, a qual permite que o magistrado, no âmbito da Justiça Estadual, remeta os autos de inquérito ao Procurador Geral de Justiça, para deliberar sobre o assunto, podendo ocorrer daí para o Procurador três situações:
I – Insistir com o arquivamento, devolverá os autos ao juízo, estando o magistrado obrigado a homologar o arquivamento;
II – Oferecer diretamente a denúncia, ou 
III – designar, por delegação, outro promotor para fazê-lo, o qual não poderá se recusar, sob pena de responsabilização administrativa.No âmbito da Justiça Federal, a regra do art. 28 do CPP é aplicada de outra forma, pois caso o juiz federal discorde do pedido de arquivamento do Procurador da República, os autos não são encaminhados ao Procurador Geral de Justiça, mas sim a um órgão colegiado denominado Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, composta por três membros do MPF.
IMPORTANTE – De regra, a decisão que arquiva o inquérito policial a pedido do Ministério Público é irrecorrível, porém existem duas exceções:
No caso dos crimes contra a economia popular ou saúde pública, que exige o reexame necessário (recurso ex officio), a teor do art. 7º da Lei nº 1521/51, devendo o magistrado remeter, independente de qualquer provocação, os autos do inquérito ao tribunal, podendo este manter ou reformar a decisão de arquivamento.
No caso de contravenções relacionadas ao jogo do bicho, previstas no art. 58 e 60 do Decreto-lei nº 6259/44, o qual a decisão de arquivamento enseja no cabimento de recurso em sentido estrito, por força do art. 6º, parágrafo único da Lei nº 1508/51.
13.1. Espécies de arquivamento
A doutrina classifica o arquivamento do inquérito policial em algumas espécies, que são:
Arquivamento direto – é o arquivamento determinado pelo juiz ou pelo Procurador Geral de Justiça. Para Nestor Távora quando o arquivamento parte diretamente do Procurador Geral de Justiça pode se chamar de arquivamento originário.
Arquivamento implícito – quando embora haja no inquérito policial prova da participação de mais de um indiciado ou o cometimento de mais de um crime, o representando do Ministério Público denúncia apenas um deles ou apenas um delito e o juiz concorda, sem remeter os autos ao Procurador Geral de Justiça para aditar a denúncia. (Afrânio Jardim)
Arquivamento indireto – ocorre quando os autos do inquérito são remetidos a outro juízo, em razão do Ministério Público não denunciar por entender que a competência para julgar é de outro juízo. Caso o magistrado discorde, poderá aplicar, analogicamente, o art. 28 do CPP.
Arquivamento por trancamento do inquérito – ocorre quando pedido de habeas corpus para trancamento do inquérito policial por falta de justa causa para instauração do procedimento é deferido por magistrado ou tribunal. São alguns casos em que não há justa causa:
Quando a punibilidade já estiver extinta (prescrição, etc.)
Quando o fato descrito na portaria não constituir crime
Quando não houver qualquer indício de ser ele o autor ou participe da infração apurada no inquérito. 
14. Desarquivamento 
O Desarquivamento do inquérito somente ocorrerá se surgirem novas provas, a teor do art. 18 do CPP e da Súmula 524 do STF.
Entende-se por nova prova não só as constituídas por novos depoimentos de testemunhas já inquiridas, por novas declarações do autor do fato ou por novos exames ou documentos ainda não submetidos ao conhecimento do juiz, mas também aquelas que não chegaram a ser apreciadas. 
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