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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Rua Baraúnas, 351 - Bodocongó - Bairro Universitário - Campina Grande-PB - CEP 58429-500 Fone/Fax: (83) 3315-3381 - http://eduepb.uepb.edu.br - email: eduepb@uepb.edu.br Editora da Universidade Estadual da Paraíba Diretor Cidoval Morais de Sousa Coordenação de Editoração Arão de Azevedo Souza Conselho Editorial Célia Marques Teles - UFBA Dilma Maria Brito Melo Trovão - UEPB Djane de Fátima Oliveira - UEPB Gesinaldo Ataíde Cândido - UFCG Joviana Quintes Avanci - FIOCRUZ Rosilda Alves Bezerra - UEPB Waleska Silveira Lira - UEPB Universidade Estadual da Paraíba Antonio Guedes Rangel Junior Reitor José Ethan Vice-Reitor Pró-Reitor de Ensino de Graduação Eli Brandão da Silva Pró-Reitoria de Ensino Médio, Técnico e Educação à Distância Secretaria de Educação a Distância – SEAD Eliane de Moura Silva Cecília Queiroz Assessora de EAD Coordenador de Tecnologia Ítalo Brito Vilarim Projeto Gráfico Arão de Azevêdo Souza Revisora de Linguagem em EAD Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG) Revisão Linguística Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB) Diagramação Arão de Azevêdo Souza Gabriel Granja 150 T185p Targino, Magnólia de Lima Sousa. Psicologia da Aprendizagem - Licenciatura em letras – Português./ Magnólia de Lima Sousa Targino./ Pró-Reitoria de Ensino Médio, Técnico e Educação a Distância.- Campina Grande: EDUEPB, 2013. 176 p.: il.: Color. ISBN 978-85-7879-162-9 1. Psicologia. 2. Freud. 3. Aprendizagem psicologia para a educação. I. Título. II. EDUEPB/Coordenadoria Institucional de Programas Especiais. 21. ed.CDD Psicologia da Aprendizagem Magnólia de Lima Sousa Targino Campina Grande-PB 2013 Sumário I Unidade O contexto histórico da psicologia e a sua importância para a formação de professores.........................................................7 II Unidade Aprendizagem por Condicionamento Clássico..................................29 III Unidade Aprendizagem por Condicionamento Operante. Aprendizagem por Observação.......................................................49 IV Unidade Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel...............................69 V Unidade Bruner : Teoria da Instrução................................................................91 VI Unidade A Teoria Genética da Aprendizagem de Piaget............................111 VII Unidade A Teoria Histórico Cultural de Vygotsky.............................................133 VIII Unidade As Inteligências Múltiplas de Howard Gardner..............................155 Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 7 I UNIDADE O contexto histórico da psicologia e a sua importância para a formação de professores 8 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Apresentação Caro(a) aluno(a), Seja bem vindo(a) a sua primeira jor- nada de estudo no mundo da Psicolo- gia neste curso de Letras a Distância. É um prazer imenso fazer parte desta ca- minhada, que considero uma tarefa di- fícil e desafiadora. Indubitavelmente nessa jornada, nos debateremos com conceitos, idéias e teorias complexas, do ponto de vista científico, mas que ao mesmo tempo expli- cam situações práticas, que fazem parte do dia a dia das pessoas dos mais diversos espaços e, mais especificamente na sala de aula, lugar onde você se propõe a trabalhar futu- ramente e para isso, investe na sua formação. A jornada que iniciaremos agora será cheia de desco- bertas e experiências novas, e o mais importante é o desejo de crescer. Para isso, algumas precauções já podem ser to- madas como assumirmos o compromisso de que estaremos juntos. Nesse sentido, elaborei um trabalho visando fornecer os subsídios básicos necessários considerando o contexto no qual estamos inseridos, através dos diversos instrumentos disponíveis que se articulam e se complementam entre si, quer sejam sugestões de leituras complementares, filmes, ví- deos, fotos e os diferentes recursos da internet, entre outros. Acima de tudo, espero que esse material lhe sirva como um desafio à reflexão e instigue a se aprofundar mais na prazerosa aventura do mundo do conhecimento da Psicolo- gia, sobretudo na área da Educação. Desejo que você mergulhe no tempo e no espaço e tire o máximo de proveito dessa disciplina para sua formação como professor(a). O nosso estudo inicial se dará a partir do surgimento da Psicologia para introduzirmos os conteúdos específicos da “Psicologia de Aprendizagem”. É importante ressaltar que, por uma questão de aplicação prática, abor- daremos essencialmente a aprendizagem humana e temas que dizem respeito a educação. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 9 Objetivos Tenho a plena certeza de que ao desenvolver o presente estudo, você irá sentir a necessidade de traçar os seus próprios objetivos de acordo com a sua experiência de vida. Isso será de grande valia para a sua prática profissional. Entretanto, devemos partilhar de alguns objeti- vos comuns, para que alcancemos as metas do Curso. Destarte, espero que ao final dessa primeira unidade você seja capaz de: • Distinguir a psicologia das outras áreas do conhecimento; • Identificar os pontos comuns e divergentes das diferentes abor- dagens iniciais no processo de construção da psicologia como ciência independente; • Nomear os principais representantes das abordagens históricas da psicologia; • Justificar a importância da psicologia da aprendizagem para a formação de professores. 10 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Para Reflexão Convido você a pensar um pouco na clientela que você irá se depa- rar nos diferentes contextos da sua prática profissional. Analise a letra da música abaixo: Quero falar de uma coisa Advinha onde ela anda? deve estar dentro do peito ou caminha pelo ar pode estar aqui do lado bem mais perto que pensamos a folha da juventude é o nome certo desse amor (...) Coração de estudante há que se cuidar da vida há que se cuidar do mundo tomar conta da amizade alegria e muito sonho espalhados no caminho verde: plantas e sentimento folhas, coração, juventude e fé. Coração de Estudante Milton Nascimento e Wagner Tiso Pense nisso... Estudante, vida, mundo, amizade, sonho, caminho, senti- mento, coração, juventude e fé. Psicologia. o que tem a ver com tudo isso? Diferentes Áreas do Conhecimento Tenho certeza de que mesmo se você ainda não estudou, já ou- viu falar com frequência no seu dia a dia, no termo “Psicologia”. Há, inclusive, um dito popular muito utilizado pelas pessoas que diz: “de psicólogo e de louco todo mundo tem um pouco”, considerando, desta forma, que cada pessoa tem sua própria “psicologia”. Como se vê, esse termo é utilizado com vários sentidos. Especifi- camente, no processo de ensino aprendizagem, é comum ouvirmos Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 11 comentários como por exemplo “o professor de matemática não tem psicologia para ensinar” ou “a professora de língua portuguesa tem psicologia para entender os alunos”, como também, se faz sempre presente no nosso meio, afirmações como: “é preciso ter psicologia para motivar os alunos a aprender”. Observe então que as pessoas geralmente utilizam o termo Psico- logia para se referir as diferentes situações, nas quais se faz necessária a compreensão dos problemas cotidianos a partir de um ponto de vista psicológico, embora, na maioria das vezes, os autores de situações como as acima descritas tenham por base a “psicologia do senso comum”. Porém, é preciso ficar atento, pois embora a psicologia do senso comum expresse um certo domínioem relação ao conhecimento da psicologia dita científica, não é suficiente para as exigências do desen- volvimento da humanidade e para que o homem domine a natureza em seu próprio proveito. Por uma questão de sobrevivência, os gregos antigos já dominavam cálculos matemáticos, que ainda hoje são con- siderados difíceis pela maioria dos jovens do ensino médio. Com o passar do tempo, o conhecimento científico foi se especializando cada vez mais, atingindo um nível altíssimo de sofisticação, como a ida do homem a Lua, e mais recentemente, as descobertas com as células do genoma humano. É importante que você saiba que chamamos de ci- ência, esse tipo de conhecimento, que definiremos com mais detalhes, um pouco mais adiante. Entretanto, você deve estar estranhando, pois já ouviu falar em ou- tros tipos de domínios do conhecimento humano como a filosofia1, a arte2 e a religião3 que são também domínios do conhecimento humano. E eu posso lhe assegurar que você está coberto (a) de razão, mas o que vai nos interessar daqui por diante é o conhecimento científico, pois é ele vai subsidiar o estudo da presente disciplina. Atividade I 1) Cotidianamente, você se depara com situações que mostram conhecimentos da psicologia apropriados pelo senso comum. Cite exemplos: 2) O conhecimento humano não é produzido exclusivamente através dos critérios científicos. Quais são os demais conhecimentos do domínio humano e o que cada um deles abrange? 1 Filosofia - tipo de conhecimento que surgiu a partir dos questionamentos do homem so- bre a sua origem e o seu significado, a partir dos estudos dos pais desse corpo de saber: Sócrates, Platão e Aristóteles. 2 Arte – atividade humana ligada a mani- festações de valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que parte da percepção, das emoções , das ideias, da cultura e da história e dá um significado úni- co e diferente para cada obra. A expressão da arte ocorre através de uma grande varie- dade de meios e materiais, como a pintura, a escrita, a música, a dança, a fotografia, o cinema,o teatro, o desenho, a arquitetura e outros. 3 Religião - crenças, tradições e modelos de condutas. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 12 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem A Evolução da Psicologia Científica Quero propor que antes de iniciarmos o estudo sobre a Psicologia propriamente dita, façamos uma revisão do que entendemos por ciên- cia, e, só então depois, nos dedicaremos ao estudo da Psicologia, que hoje é considerada uma de suas áreas. O que é ciência? De acordo com Bock (2009, p. 19) : a ciência compõe-se de um conjunto de conhe- cimentos sobre os fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso através de uma lin- guagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, siste- mática e controlada, para que se permita a verifi- cação de sua validade... o saber pode assim ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Como você vê, a continuidade da produção científica só é possível se as características acima descritas que são definições rigorosas de um objeto de estudo, construído de forma programada, com controle e sistematização. Isso vai permitir que outra pessoa interessada, seguin- do os mesmos critérios do cientista chegue as mesmas conclusões por ele alcançadas. Desta forma, esse conhecimento, depois de testado e comprovado, é aprovado e passa a servir de alicerce para novas des- cobertas, o que caracteriza a ciência como um processo. Já estudamos que, a história da Psicologia se confunde com a histó- ria das próprias pessoas em busca de um melhor entendimento sobre si mesmas. Ela teve o seu surgimento a partir das especulações filosóficas a respeito da mente e houve todo um desenvolvimento até chegar a ser considerada a ciência comportamental moderna. Weiten (2010, p.04), ressalta que: o termo psicologia origina-se de duas palavras gre- gas: psique, que significa a alma, o espírito ou a mente, e logos, que se refere ao estudo de um as- sunto. Essas duas raízes gregas foram inicialmente colocadas lado a lado para definir um tópico de es- tudo no século XVI, quando psique era usado para se referir a alma, espírito ou mente em contraposição ao corpo (Boring, 1966 apud Weiten,2010). Mas foi somente no início do século XVIII que o termo psi- cologia tornou-se mais comum entre os estudiosos. Foi quando passou a significar ‘o estudo da mente’. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 13 Essa evolução se deu a partir dos pais intelectuais da psicologia, que foram a fisiologia e a filosofia. Aproximadamente em 1870, nesses dois campos de estudo, o interesse se voltava para questões sobre a mente. Cada campo de saber explorava o estudo da mente de acordo com a sua ótica, diferenciando o seu foco. A essa altura, a pergunta que você deve estar se fazendo é em relação a como se deu a superação desta dicotomia, dessas visões separadas. Pois, foi um professor alemão chamado Wilhelm Wundt (1832-1920) que conseguiu fundar o primeiro laboratório formal para pesquisas em psicologia na University of Leipzig, em 1879 – ano de “nascimento” da psicologia. Já em 1881, Wunt lançou o primeiro periódico para publicações de pesquisas em psicologia. A luta dele foi reconhecida e ele passou a ser chamado o “pai” da psicologia. Por conta de sua formação em fisiologia, ele considerou que o objeto de estudo da psicologia era a consciência. Essa concepção dominou o campo por duas décadas e continuou influenciando por muitas outras e teve como foco a mente, sendo que os métodos utilizados para explorá-la eram tão rigorosos como os dos físicos e os dos químicos. Embora a psicologia tenha surgido na Alemanha, foi nos Estados Unidos onde se deu o crescimento rápido dessa nova ciência. Entre os anos de 1883 e 1893, surgiram 23 novos laboratórios de pesquisa psicológica, berços das primeiras abordagens ou escolas. Agora você pode achar que a partir daí, como a psicologia se trans- formou em uma ciência independente tornou-se unificada e seus adep- tos tinham uma única ótica de estudo. Se você pensa assim, está redon- damente enganado(a), pois a partir de então, surgiram as divergências internas. Como aliás, há na grande maioria das disciplinas científicas e que acabam por favorecer um terreno profícuo para o desenvolvimento da nova ciência , também com a psicologia não foi diferente. Vejamos: As primeiras abordagens científicas: O Funcionalismo, o Estrutura- lismo, o Associacionismo. Figura 1 – Wilhelm Wundt (1832-1920) 14 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem O Estruturalismo Esta escola foi inaugurada por Wundt, mas foi o seu discípulo, o in- glês Edward Titchener, que emigrara para os Estados Unidos em 1892, quem utilizou o termo estruturalismo pela primeira vez e encarregou-se de fundar um novo laboratório de psicologia experimental na Univer- sidade de Cornell. Grande admirador de Wundt e tendo se graduado no laboratório de Leipzig, que foi fundado pelo “pai” da psicologia, desenvolveu uma visão própria da psicologia na América e tornou-se o líder do movimento. (Hilgard, 1987, Thorne e Henley, 1997 apud Weiten, 2010). Para os estruturalistas, a psicologia deveria estudar a consciência nos seus elementos básicos, tais como as sensações, os sentimentos e as imagens, bem como a relação entre eles. O método de observação dos estruturalistas era o da introspecção, ou o da siste- mática e cuidadosa observação da própria experiência consciente. Para que o participante fosse mais objetivo e consciente na sua introspecção era necessário que passasse por treinos no laboratório. Depois de trei- nada, a pessoa que estava sendo estudada era exposta a sons, ilusões de ótica e estímulos visuais,e era solicitada para analisar o que havia experimentado. Figura 2 – Edward Titchener Davidoff (2001) enumera algumas limitações no movimento estru- turalista: • a introspecção formal era um método de estudo obscuro e não confiável; • considerava os fenômenos complexos como o pensamento, lin- guagem, moralidade e anormalidade como impróprios para es- tudos introspectivos e desta forma, fora do alcance da ciência; • era contra a orientação para assuntos práticos. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 15 O Funcionalismo Os funcionalistas tinham uma visão diferente dos estruturalistas para a psicologia. O grande líder desse movimento foi o psicólogo americano William James (1842-1910), professor de filosofia e de psi- cologia na Universidade de Harvard, durante trinta e cinco anos. Figura 3 – William James (1842-1910) Willian James se opunha ao estruturalismo porque o via como arti- ficial, limitado e inexato. Ele defendia o ponto de vista de que a cons- ciência era “pessoal e única”, estava “continuamente em mudança”, evoluía com o tempo e era “seletiva” na escolha dentre os estímulos que a bombardeiam. A função primordial da consciência, segundo W. James era de ajudar as pessoas a se adaptarem aos seus ambientes. (DAVIDOFF, 2009) Esta visão influenciou diversos psicólogos da Universidade de Chi- cago, inclusive o famoso filosofo e educador John Dewey, no início dos anos 1900. O interesse maior destes estudiosos se dava por investigar como funcionavam os processos mentais para ajudar os homens a sobrevive- rem num mundo perigoso. Apesar de discordarem entre si em muitos pontos, se solidificaram em sua oposição ao estruturalismo. Entretanto, como você sabe, a diversidade e a flexibilidade são atraentes, mas causam grandes dificuldades para a sobrevivência de qualquer movimento. Então, aos poucos os espaços foram sendo ocu- pados pelo Associacionismo. 16 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem O Associacionismo Teve como principal representante Edward L. Thorndike, que foi o primeiro formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na psico- logia. Seu trabalho tinha por base uma visão de utilidade do conheci- mento, muito mais do que por questões filosóficas. Figura 4 – Edward L. Thorndike (Lei do Efeito) Como dá pra você deduzir o termo “associacionismo” originou-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de asso- ciação das idéias, sendo essas das mais simples as mais complexas. De acordo com esse ponto de vista, para o aluno aprender um conteúdo mais complexo, precisa passar primeiro por uma aprendizagem mais simples, associando as idéias. E. Thorndike quem formulou a Lei do Efeito, que teve grande utilida- de para a psicologia behaviorista. Essa Lei considera que todo compor- tamento de um organismo vivo tende a se repetir se for recompensado (efeito) assim que ele o emitir, da mesma forma que se castigado (efeito) após a sua ocorrência, tenderá a não acontecer. Desta forma, o orga- nismo irá associar essas situações com outras semelhantes. Atividade II 1) Para adquirir o status de ciência a psicologia teria que atender alguns critérios. Quais foram esses? 2) Caracterize os movimentos funcionalista, associacionista e estruturalista. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 17 3) Diferencie a Psicologia como ramo da Filosofia e a Psicologia Científica. 4) Analise os possíveis objetos de estudo da psicologia, explicitando os motivos responsáveis pela diversidade de objetos para a psicologia. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! As principais teorias da Psicologia a partir do século XX Já vimos que a psicologia iniciou como um ramo da filosofia e tinha como objeto de estudo a alma. No século XX, a psicologia científica surgiu com Wundt que defende a psicologia sem alma de acordo com os padrões de ciência do século XIX. A psicologia fica ligada a medici- na, assumindo o método de investigação das ciências naturais com o critério rigoroso da construção do conhecimento. Segundo Bock (2009) as três escolas da psicologia científica – fun- cionalismo, estruturalismo e associacionismo – foram substituídas, no século XX, por novas teorias. Neste período as três mais importantes tendências teóricas consideradas por inúmeros autores (como Politzer e Japiassú, apud: Bock, 2009) são: Behaviorismo ou Teoria Estímulo- -Resposta, Gestalt e Psicanálise. O Behaviorismo John Watson fez doutorado no campo da psicologia animal na Uni- versidade de Chicago sob a orientação de um professor funcionalis- ta. Entretanto, passou a criticar o funcionalismo e o estruturalismo por considerar que a introspecção consistia em um sério obstáculo ao pro- gresso da psicologia, pois dependia das impressões e idiossincrasias de cada pessoa treinada para desenvolvê-la. 18 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Figura 8 – John Watson (1879-1958) Davidoff (2009) assinala que o behaviorismo começou como um movimento forte que ampliou a sua filosofia à medida que foi evoluin- do. O enfoque behaviorista continua a exercer muita influência sobre a moderna psicologia. Por isso, as idéias behavioristas serão estudadas com mais aprofundamento posteriormente. A Gestalt A psicologia da Gestalt teve seu berço na Europa. Gestalt é a pa- lavra alemã que se refere a forma, padrão ou estrutura. Assim, os psi- cólogos da Gestalt defendem que as experiências trazem consigo uma característica de totalidade ou de estrutura. Essa Teoria surgiu, em parte como um protesto contra o estruturalismo, contrapondo-se a prática de se reduzir experiências complexas a elementos simples. Alguns defensores da Gestalt foram: Wolfgang Kohler, Kurt Koffka e Max Wertheimer, sendo o último considerado o precursor da Teoria, quando publicou pela Universidade de Frankfurt um relatório sobre os estudos de “movimento operante”, um movimento percebido, quando na realidade nada esta acontecendo. O slogan adotado foi que “o todo era claramente diferente da soma de suas partes”. Essa filosofia direcionou a psicologia na Alemanha e também in- fluenciou a psicologia Norteamericana. A psicologia da Gestalt tem a sua marca em dois enfoques contemporâneos da psicologia, o huma- nismo e o cognitivismo. Figuras 9 – Imagens Gestalt Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 19 A Psicanálise Freud é tão falado na psicologia que mesmo se você nunca tivesse estudado essa ciência, possivelmente ainda não tivesse ouvido falar em Wundt, Watson, Wertheimer e William James. Mas, muito provavelmen- te já ouviu falar em Freud, o médico vienense que se interessou pelo tratamento dos problemas do sistema nervoso e, mais particularmente, das desordens neuróticas. Ele postulou o inconsciente como objeto de estudo, quebrando a tradição da Psicologia como ciência da consciên- cia e da razão. Figura 10 – Sigmund Freud (1856-1939) A teoria psicanalítica é uma teoria psicológica. Mas, o nome e as idéias de Freud são tão conhecidos para as pessoas que a psicologia é muitas vezes confundida com a teoria psicanalítica. O movimento psicanalítico não se assemelhou aos outros porque o seu precursor nunca quis influenciar a psicologia acadêmica. Ele ti- nha como objetivo primordial levar ajuda para pessoas com sofrimento psíquico. Entretanto, a influência desta abordagem foi tamanha que ela passou a ser considerada um movimento da psicologia. Entretanto, como não se trata de uma teoria da aprendizagem não faremos um aprofundamento aqui dos seus postulados. Como você percebe, até aqui fizemos um estudo histórico do sur- gimento da Psicologia e das principais correntes teóricas desta ciência. De agora por diante, iremosnos focar nas teorias psicológicas mais importantes que contribuíram (e continuam contribuindo) para que a aprendizagem atinja um nível de relativa satisfação. Antes de prosseguir, responda as questões seguintes para recaptular. 20 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Atividade III 1)Qual a importância de se conhecer a história da psicologia? 2)Quem foi Wundt e qual o seu papel na história da psicologia? 3)Imagine que você tenha que optar por qualquer uma das tendências teóricas da psicologia. Qual você escolheria? Por quê? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! A contribuição da psicologia da aprendizagem para a educação Através do conhecimento inicialmente apresentado sobre a origem e contextualização histórica da Psicologia, você pode perceber que desde a antinguidade, filósofos, psicólogos e demais pensadores já se preocupavam com a aprendizagem verbal e ideativa. É especificamente sobre a aprendizagem e questões específicas a ela, que convido você a se dedicar a partir de agora nos nossos estu- dos. Para facilitar a compreensão dos importantes conceitos que serão estudados a partir de agora, elaborei para você algumas questões que apresento a seguir em termos de perguntas e respostas e lhe convido para refletir um pouco sobre elas: Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 21 O que é aprendizagem? Quais são as suas características? Na verdade, essas questões suscitaram diferentes conceitos e defi- nições de acordo com as diversas teorias de aprendizagem que se fo- ram organizando na base dos fatos investigados. Entretanto, um ponto comum nas diferentes concepções teóricas, é que a aprendizagem diz respeito a uma mudança duradoura no indivíduo vivo, que não seja marcada pela herança genética. Essa mudança pode ser de “insights”, de comportamento, de percepção ou de motivação, e, ainda pode se dá também pela combinação de todos esses elementos. Faço questão de enfatizar o destaque que o autor Bigge( 1977,p.1) faz ao citar Hilgard e Marquis, em sua obra clássica, “Teorias da Aprendizagem para Professores”: “a aprendizagem é básica para o desenvolvimento da habilidade atlética, da preferência por alimen- tos e roupas, da apreciação pelas artes e pela mú- sica. Contribui para a formação do preconceito ét- nico, para o vício em drogas, para o aparecimento do medo e para o desajustamentos patológicos. Produz o miserável e o filantropo, o hipócrita e o patriota. Em resumo, a aprendizagem influencia nossas vidas a todo momento, sendo responsável, em parte, pelo que há de melhor e pior nos seres humanos e em cada um de nós.” Assim sendo, a aprendizagem nem sempre leva a um crescimento pessoal ou social. Pois, não se aprende somente os comportamentos que favoreçam a um crescimento pessoal, mas também comportamen- tos inúteis ou prejudiciais à vida do aprendiz, como por exemplo, fumar ou fazer uso de drogas. Qual a influência dos professores sobre os alunos? Sem dúvida, a área de atuação mais efetiva de atuação dos profes- sores é a aprendizagem, já que em relação a maturação dos alunos , eles só podem acelerá-la ou retardá-la, mesmo assim, até certo ponto. Qual a importância da aprendizagem para o ser humano? Diferentemente dos animais inferiores, para o homem a aprendiza- gem é crucial na sua vida. É notório que nós, enquanto seres humanos, somos os animais que mais possuimos potencial para aprender. Somos a espécie mais evoluída, temos o menor número de comportamentos inatos, fixos e invariáveis. Desta forma, a aprendizagem possui um pa- 22 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem pel mais importante para nós, do que para qualquer outra espécie ani- mal, ao ponto de que se nós não aprendêssemos não sobreviveríamos. Através da aprendizagem é que gerações tiram proveito das ex- periências e descobertas das gerações anteriores, dão a sua própria contribuição e repassam para as gerações futuras. Por que estudar as teorias da aprendizagem? Antes de respondermos essa questão, vejamos os seguintes exem- plos de fala de professores em sala de aula: Situação 1: “Esse aluno não tem jeito. Como diz o ditado popular: ‘pau que nasce torto, morre torto`, não vou mais perder tempo, ele já está re- provado mesmo.” Situação 2: “ Me dê um aluno que não passe fome, nem sede e com condições ambientais favoráveis, que eu farei ele aprender tudo rapidinho, inde- pendente de qualquer outra coisa.” Na verdade, situações como essas transparecem a concepção de aprendizagem do professor, quer seja uma concepção inatista, ambien- talista, de interação entre elas, ou outra. Destarte, é importante que você, enquanto professor em formação, conheça as teorias da aprendizagem para que saiba como conduzir o processo ensino aprendizagem de forma mais coerente com a sua escolha teórica e, também, o que fundamenta afirmações como as acima descritas. O fato é que toda ação está ligada a uma teoria, caso contrário, é uma ação sem objetivo, portanto, não se sabe aonde se quer chegar. Assim, todo professor tem uma teoria da aprendizagem, às vezes, ele não consegue descrever sua teoria explicitamente, mas através de sua atuação se deduz a teoria que ele ainda não é capaz de verbalizar. Desta forma, nem é preciso frisar que o professor que não tem uma orientação teórica sólida, não vai além do passar ocupações despro- positais para os alunos, com o intuito mantê-los ocupados para “pas- sar o tempo”. Infelizmente, não é difícil encontrar na nossa realidade, sobretudo na educação pública, professores que não fazem uso de um corpo teórico sistemático em suas ações diárias e utilizam uma mistura de métodos, sem uma orientação teórica. Sem dúvida, esses são um dos principais fatores responsáveis pelos maiores gargalos da educa- ção do nosso país: a repetência escolar e a aprovação automática sem aprendizagem satisfatória. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 23 Desta forma, não é difícil para você perceber que a fundamentação da prática do professor(a) numa boa teoria científica é crucial para que ele (a) tenha uma prática diferenciada no cotidiano. Ainda nos referindo a obra clássica de Bigge (1977) o autor assina- la que desde épocas remotas, o homem não só quis aprender, mas teve curiosidade de aprender como se aprende. Já no século XVII, surgiram as primeiras teorias sistemáticas da aprendizagem, desafiando terias existentes. Atualmente, as teorias4 da aprendizagem são referências básicas quando se desejar trabalhar no processo de ensino-aprendizagem. Elas procuram sistematizar e organizar os conhecimentos sobre a aprendi- zagem. Considero também muito pertinente a afirmação do autor Lefran- çois (2008 p. 29): “são úteis para explicar, prever e controlar o comporta- mento e podem gerar novas informações.” Desta forma, é através do estudo dessas teorias que se torna mais fácil identificar os métodos e técnicas para facilitar a aprendizagem dos alunos; o porquê de alguns alunos obterem mais sucesso na aprendizagem do que outros e, diversos ou- tros fatores que interferem neste processo. Entretanto, não esqueça que nenhuma teoria pode ser, em termos absolutos, considerada superior a todas as demais. As divergências sobre a aprendizagem oferecem diferentes respostas para muitas das questões que possam ser levantadas, não significa dizer que uma deter- minada teoria X seja superior a outra Y. Por outro lado, é muito comum, e isso você já deve ter percebido, que os professores adotem aspectos conflitantes das diferentes teorias da aprendizagem, sem perceber que são basicamente contraditórias em sua natureza. Isso é catastrófico e traz prejuízos muito sérios para a Educação! Por isso, para se ter coerência na adequação educacional é preciso conhecer as teorias da aprendizagem.Como avaliar uma teoria da aprendizagem? Na psicologia, as boas teorias, além de ser úteis apresentam as seguintes características de acordo com Lefrançois (2008): • refletem os fatos de modo claro e compreensível; • são úteis para prever e para explicar; • tem aplicação prática; • são consistentes; • possuem como base poucas presunções não verificáveis; • são satisfatoriamente convincentes; • instigam pesquisas mais avançadas. 4 Teorias – conjunto de afirmações que são relacionadas entre si, com o objetivo de ex- plicar e resumir observações importantes. 24 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Quais são as teorias da aprendizagem? Há um número considerável de teorias da aprendizagem. Vamos fundamentar os nossos estudos na classificação de Bock (1999) ao considerar que genericamente essas teorias poderiam ser reunidas em duas categorias: as teorias do condicionamento e as teorias cognitivas. É o que vamos estudar a partir do próximo módulo. Atividade IV Chegamos ao final da primeira unidade e está na hora de você se questionar até que ponto os conhecimentos adquiridos até o momento, são uteis para a sua vida profissional em formação. Por quê? ( Faça um texto de 10 a 15 linhas). Foi muito bom estarmos juntos nessa fase inicial do processo de construção de conhecimento. Por enquanto, ficamos por aqui. Até a nossa próxima aula. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 25 Leituras Indicadas Teorias da Aprendizagem para Professores; M. L. Bigge.trad: José Augusto da Silva Pontes Neto e Marcos Antonio Rolfini. São Paulo, EPU, Editora da Universidade de São Paulo, 1977. Esta obra apresenta muitas teorias divergentes sobre a aprendiza- gem, constituindo diferentes respostas para muitas das questões que possam ser levantadas, oferecendo um aprofundamento em relação às “correntes de pensamento” existentes atualmente em Psi- cologia e a compreensão das diferentes abordagens feita a cada uma delas. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia., A. M.B. Bock, , M.de L. T. Teixeira e O. Furtado, 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. “Psicologias” é uma introdução ao estudo da Psicologia, que apre- senta sua história, as abordagens teóricas, os temas básicos, as áreas de conhecimento, as principais características da profissão do psicólogo e temas relativos ao cotidiano desse profissional . Introdução à Psicologia. Linda L Davidoff. 3ª ed. São Paulo. Trad. Auriphebo Berrance e Mª da Graça Lustosa. McGraw-Hill do Brasil, 2001. Recomendo pricipalmente a primeira parte da obra por abordar temas do interesse da presente disciplina. Ela trata do presente e passado da Psicologia; a abordagem científica; O começo: a he- reditariedade, o meio ambiente e o desenvolvimento da criança na primeira infancia; O cérebro, o comportamento e a cognição; Os processos fundamentais de aprendizagem; A percepção; A consci- ência; A memória; Pensamento e linguagem; Motivação; A emo- ção; Inteligencia e criatividade. Teorias da Aprendizagem. Guy R. Lefrançois. Traduzido por Vera Magyar. 5ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Este livro aborda algumas das mais importantes teorias e descober- tas da psicologia da aprendizagem. Ele traz uma visão histórica do desenvolvimento das teorias behavioristas e cognitivas, com clareza da apresentação, na relevância e implicação prática dos tópicos. O texto é criativo e de fácil compreensão, apresentado através de um relato de uma Velha Senhora, que guia o leitor de forma sábia a temas complexos da aprendizagem. 26 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Filmes indicados “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989): Este filme apresenta a história de uma tradicional escola/ internato preparatório masculino, Welton Academy, no ano de 1959, na qual predominavam valores tradicionais e conservadores, onde um ex-aluno se torna o novo professor de litera- tura, e logo seus inovadores métodos de incentivar os alunos a pensa- rem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a “Sociedade dos Poetas Mortos”- grupo que ele fez parte quando era estudante daquela escola,que reunia os seus membros para recitar poesias, tocar músicas, expressar-se, enfim, aproveitar o dia –“Carpe Dien”. Com a influência do professor, os alunos vão se soltando e aderindo cada vez mais a fi- losofia de aproveitar o dia. Muitos deles vão se libertando das amarras e correndo atrás de seus sonhos e desejos. Destaca a importância da figura do professor para a aprendizagem dos alunos. “O Enigma de Kasper Hauser” (1974): É a história de um jovem que foi trancado a vida inteira num cativeiro, desconhecendo toda a existência do mundo exterior.O isolamento trouxe muitas conseqüências graves em sua formação pessoal. Quando ele é solto nas ruas, as pessoas querem ensinar a Kaspar comportamentos básicos no processo de hu- manização, como falar ou andar. Baseado em uma história real, enfa- tiza a importância da aprendizagem na vida social. Resumo Nesta unidade vimos que a construção da Psicologia como ciência tem seu marco original, a partir da instalação do primeiro laboratório formal para pesquisas em Psicologia na Universidade de Leipzig, na Alemanha, em 1879. Com mais de um século de estudos, a história desta ciência é marcada por diferentes concepções que estão direta- mente relacionadas com o contexto sócio-histórico e a concepção de homem que o(a) pesquisador(a) possui. Estudamos também a contri- buição da psicologia da aprendizagem para a educação, através de questionamentos chaves sobre o conceito de aprendizagem e suas características; a influência dos professores sobre os alunos; a impor- tância da aprendizagem para o ser humano; o motivo do estudo das te- orias da aprendizagem e fechamos o módulo, classificando as teorias da aprendizagem que iremos nos dedicar a partir de então. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 27 Autoavaliação Após o presente estudo, faça uma análise sobre a importância da psicologia da aprendizagem na sua formação como professor (a). (10 a 15 linhas). Referências BIGGE, M. L. Teorias da Aprendizagem para Professores; trad: José Augusto da Silva Pontes Neto e Marcos Antonio Rolfini. São Paulo, EPU, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1977. BOCK, A. M. B., TEIXEIRA, M.de L. T., FURTADO, O. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. 3ª ed. São Paulo. Trad. Auriphebo Berrance e Mª da Graça Lustosa. McGraw-Hill do Brasil, 2009. LEFRANÇOIS, Guy R. Teorias da Aprendizagem. Traduzido por Vera Magyar. 5ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. WEITEN, Wayne. Introdução à Psicologia: temas e variações. Edição Concisa. Vários tradutores. São Paulo: Cengage Learning, 2010. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 28 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 29 II UNIDADE Aprendizagem por Condicionamento Clássico 30 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Apresentação A presente aula inicia o estudo de um conjunto de teo- rias relacionadas entre si que modificam o comportamento dos seres humanos e de outros animais: o condicionamento respondente, o condicionamento operante e a aprendizagem por observação. São processos fundamentais de aprendizagem que geralmente ocorrem no nosso dia a dia e que, muitas vezes, nem nos damos conta. O ponto inicial do nosso es- tudo será o Condicionamento Respondente, a partir de uma cena comum apresentada, ocorrida no cotidiano. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 31 Objetivos Aofinal, esperamos que você tenha condições de: • Apresentar argumentos a respeito da importância da aprendiza- gem na vida dos animais, principalmente para o ser humano; • Conceituar e explicar o conceito de aprendizagem; • Explicar e exemplificar a aprendizagem por condicionamento respondente; • Definir os termos estudados do condicionamento respodente; • Explicar a importância dos experimentos com outros animais para o ser humano. 32 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Aprendizagem no cotidiano Veja a seguir uma cena cotidiana: Socorro Silva sorriu para o pequeno Eduardo de cinco anos, depois olhou nervosa e ligeiramente ao resto da família - o marido João, Mar- cela de sete anos, e Fernando de onze. Ultimamente os jantares vinham sendo tensos, ninguém mais sorria. João serviu o prato de todos com sopa de carne e legumes. No centro da mesa havia pão e manteiga, umas fatias de inhame e um prato de carne que sobrou do almoço. A família começou a comer. -“A comissão da pelada de futebol tem uma reunião esta noite e eu tenho que sair desta casa dentro de vinte minutos”anunciou João de repente. “-Socorro, se você quiser que eu lhe dê uma carona até a casa de sua mãe como você pediu, não temos tempo para continuar sentados esperando por Eduardo e por Fernando. Temos que terminar em quinze minutos. Ouviram todos? ... Como que a casa está uma bagunça – brinquedos, livros e agasalhos para todo lado”. -“É que eu hoje não tive tempo de arrumar“. Socorro fulminou o marido com um olhar e murmurou . -“Você nunca tem tempo”, falou João“. -Que injustiça , às vezes eu arrumo... Na verdade, levei uma por- ção de tempo apanhando as sua coisas. Você deixou duas toalhas, uma cueca e uma camisa no chão do banheiro.” -“E os cigarros“, replicou Marcela animada. -“Quem lhe pediu?... Eu estava com pressa”. (A defesa de João foi sem nenhum entusiasmo.) Socorro continuou a atacar: “- Apanhei dois pares de calças e quatro camisas no quarto de dormir. Duas cami- sas dá para entender. Mas quatro? E a cozinha estava um caos. Você não é capaz ao menos de pôr os pratos na pia e abrir as torneiras em cima deles?”. Socorro se preparava para o que estava para vir, e veio mesmo. -“Eu trabalho duro o dia inteiro, dez onze horas por dia, seis dias por semana. Quero paz e tranqüilidade quando volto para casa. E quero a casa arrumada. Você tem que apanhar o que eu deixo atrás de mim. Foi para isso que eu casei com você. È para isso que servem as esposas. O que mais você tem a fazer?... Fernando, por que não está comendo? Eduardo também não. Comam! Vocês tem dez minutos”. -”Eu não sei cortar a carne”, choramingou Eduardo. -“Corte para ele”, ordenou João à filha. A voz de Socorro tremia quando ela disse: -“Oh, eu não tive nada que fazer hoje! Depois que acabei de lim- par o que você sujou, fiz dois almoços, despachei dois garotos para a escola, lavei os pratos , limpei a cozinha, fiz as camas, tomei conta de Eduardo, lavei duas máquinas de roupa, passei a ferro, apanhei Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 33 os meninos, levei o Fernando ao dentista, levei Marcela a lanchonete, apanhei o Fernando, apanhei a Marcela, comprei verduras, fiz o jan- tar... Nada vezes nada!” João não estava ouvindo, berrou para o Eduardo: -“Como você quer algum dia jogar futebol se não come carne nem legumes? Quero ver você acabar todos os pedacinhos que estão no seu prato. Todos eles”. -“É muito”, protestou. -“Você andou chupando pirulito o dia inteiro hoje. Também mas- tigou chiclete antes do jantar, não foi?”, ajudou Socorro a interpelar. -“Corte essa carne em pedaços menores”, ordenou João à mulher. “Marcela, não cortou como devia. Ela nunca faz as coisas direito... Marcela, vá buscar seus cadernos”. “- “Não posso. Esqueci”, -“É a quarta vez esta semana”, gritou João. Quero ver esses deve- res. Traga-os para casa amanhã – todos eles – ou você passará todo o fim de semana no quarto. Sem TV, nem vídeo games”. João olhou o relógio, viu que era tarde e começou a comer rapi- damente. A conversa mudou de assunto; o monte de legumes do prato de Fernando. -“O Fernando não está comendo os legumes da sopa“, anunciou Marcela. -“Detesto legumes”. Respondeu ele. -“Desde quando?”, desafiou João. -“Fizeram-me mal a semana passada”, explicou Fernando. -“Que ridículo!”, exclamou o pai. -“Não é ridículo”, interrompeu Socorro, continuando: “Lembre-se de que você o forçou a comer na – acho que foi 6ª feira passada, quando ele teve aquela virose e vomitou.” -“Legumes parecem vômito, só olhar me faz vomitar”. -“Coma todas os legumes desse prato”, ordenou João. “Você não sairá desta mesa enquanto não tiver comido até o último. Não me interessa se você fica entalado”. Fernando olhou súplice pra a mãe, que não ofereceu ajuda, embo- ra parecesse querer fazê-lo. -“Tenho cinco minutos”, protestou; -“Quantos minutos?” trovejou João. Fernando cruzou as mãos e olhou-o com raiva. Após cerca de um minuto e meio, juntou os legumes lentamente numa colher de chá, levantou a colher até os lábios, jogou a cabeça para trás, foi deixando cair os legumes dentro da boca, poucos de cada vez, e tentou engolir tudo. O menino engasgou e tomou um gole d’água. A façanha foi repetida uma segunda vez: 34 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem -“Vou vomitar”, gritou Fernando de repente. E partiu como um raio em direção ao banheiro. João acompanhou-o. Socorro virou-se para Eduardo: “-Coma, Duduzinho”. Animou-o afetuosamente: -“Vou ficar contente. Isto, coma para mim!” Eduardo tentou passar manteiga num pedaço de pão. Socorro tomou-o das mãos dele. -“Deixa que eu faço”, disse. Depois cortou o inhame dele e enfa- tizou: -“Coma querido, coma para a mamãe.” Embora não haja ninguém ensinando deliberadamente, está ocor- rendo muita aprendizagem durante o jantar da família Silva (supondo que este seja um jantar típico). Apenas observando os outros, as pessoas aprendem muitas lições. As crianças estão aprendendo que jantar é uma ocasião de fermentar ressentimentos, e que os problemas são dissolvidos ignorando-os, insultando os outros, acusando e contra- -acusando. As pessoas também aprendem a partir das conseqüências de seu comportamento. Tendemos a repetir atos que têm resultados agradáveis e a evitar os que conduzem aos desagradáveis. Eduardo está aprendendo a mostrar-se desamparado, pois desperta a atenção. Marcela dominou a arte de deixar os deveres na escola porque mini- miza comentários desagradáveis sobre sua nem sempre sentiu náusea à vista de legumes. Recentemente, a náusea fora “transferida” de uma doença (e de engolir muito de uma vez) para os legumes, de modo que agora é o própria comida que provoca um mal-estar semelhante com- petência. Para evitar a cólera do pai, todas as crianças estão aprenden- do a comer depressa demais, e talvez a comer demais. Antes de explorar esses tipos de aprendizagem com maiores deta- lhes, consideraremos algumas questões preliminares. (Texto adaptado de Davidoff, 2001) Aprendizagem: Questões preliminares Agora vamos retomar algumas questões que já foram exploradas na aula anterior, mas devido a importância que tem para o atual assun- to, proponho a você revisá-las: Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 35 O que é aprendizagem? Na aula passada vimos que a aprendizagem é uma mudança du- radoura no comportamento resultante da experiência. Os cientistas do comportamento medem o que as pessoas e outras espécies de animais fazem para conferir a aprendizagem. Mas você não pode esquecer que as mudanças do comportamento não ocorrem só por conta da experiência, mas, outros fatores como a maturação, as emoções, a motivação, o cansaço também interferem no comportamento dos animaisde forma geral. Se você fizer uma comparação, vai constatar que os efeitos das drogas, do cansaço, da motivação e das emoções são bem mais breves que os resultantes da experiência. Outra questão que deve ser levada em consideração é que há também os padrões fixos de atuação, anteriormente denominados “com- portamentos instintivos”, que de acordo com Davidoff (2001), incluem reações com as seguintes características: 1. Especificidade da espécie (considerando todos os membros di- tos normais e de mesmo sexo de uma mesma espécie); 2. Altamente esteriotipadas (muito semelhantes cada vez que exe- cutadas); 3. Sempre completadas, uma vez iniciadas; 4. Que não foram aprendidas por treino específico; 5. Resistente à modificação; 6. Provocada por um estímulo ambiental muito específico. De modo geral, quanto mais complexa a espécie animal, mais a aprendizagem contribui para sua formação. Daí, porque a experiência é tão importante para mim e você. Após a revisão do conceito de aprendizagem, vejamos uma outra questão: se ela tem tanta importância para o ser humano, como pode- mos medi-la? Como medir a aprendizagem? Esse é um ponto muito importante na Psicologia. Os comportamentalistas medem a aprendizagem, observando o desempenho do homem e de ou- tros animais. Entretanto, sabemos que unicamen- te a observação não é satisfatória, pois muito da aprendizagem acontece sem que seja observável, tornando-se evidente apenas quando utilizada. Por 36 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem exemplo: você trabalha com seus alunos um texto sobre o preconceito, mas só saberá se as informa- ções contidas afetarão ou não o comportamento deles no futuro. Por outro lado, medir o desempe- nho pode nem sempre refletir sua aprendizagem com precisão. Basta você se lembrar de quantas vezes deu um branco na hora da prova, mesmo você tendo estudado muito. Assim, fica eviden- te que muitos fatores interferem no desempenho, como o cansaço, a ansiedade e a motivação. Des- ta forma, utilizar o desempenho como medida da aprendizagem não é satisfatório. Outra questão que veremos diz respeito ao vocabulário utilizado por essa abordagem: é o mesmo para cientistas do comportamento é o mesmo? Os adeptos dessa abordagem, geralmente concordam em relação aos princípios básicos da aprendizagem, mas utilizam termos e defini- ções distintas. Então, preste a atenção porque a partir de agora vamos estudar os três processos fundamentais da aprendizagem, e muitas ve- zes, a terminologia utilizada entre eles, ás vezes se difere, embora se refira a mesma coisa. Atividade I Antes de prosseguir responda: 1) A aprendizagem sempre ocorre de forma consciente? 2) Quando se afirma que ocorreu uma aprendizagem o que foi constatado? 3) Cite uma reação humana que seja um “padrão fixo de atuação”: 4) Quais são outras formas de medida de aprendizagem que os professores podem empregar no lugar do desempenho em prova? Destaca-se que os princípios que se consolidaram na Análise Expe- rimental do Comportamento são a base para três tipos de aprendiza- gens associativas: o Condicionamento Clássico; o Condicionamento Operante e a Aprendizagem por Observação, que tem como princi- pais influentes Ivan Pavlov; B.F.Skinner e Albert Bandura, respectivamen- te. Nesse módulo veremos o primeiro, e no próximo módulo, os dois últimos citados. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 37 Condicionamento clássico/ Pavloviano ou respondente Todo aluno já passou pela experiência de estar assistindo aula com a barriga roncando de fome e tocar a campainha do final da aula. Após repetidas vezes de sentir fome e tocar a campainha, a pessoa passa a sentir fome só ao ouvir o toque da campainha. Pois bem, esse foi o estudo de foi Ivan Petrovich Pavlov (1849 – 1936) que observou o comportamento de cães e concluiu que poderia provocar um apren- dizado no qual um estímulo passasse a evocar uma resposta que era originalmente evocada por outro estímulo. Quem foi Pavlov? Pavlov foi um eminente fisiologista russo que provinha de uma famí- lia muito pobre na Rússia. O pai dele era pastor e todos achavam que ele seguiria os passos do genitor. Ao terminar o ensino médio, Pavlov foi mandado para o Seminário Eclesiástico de Riazan. Mas, ele foi tão influenciado pelas traduções russas dos antigos científicos ocidentais, e particularmente pelas implicações darwinianas, que acabou abando- nando a educação religiosa. Foi quando ele ingressou na Universidade de São Petersburgo, onde se especializou em fisiologia animal. Quando formou-se em Medicina, foi para Alemanha, onde estu- dou fisiologia e medicina por mais 2 anos e voltou para São Peter- sburgo para trabalhar como assistente num laboratório de fisiologia. Logo depois, foi nomeado professor de farmacologia e, aos 41 anos, já chefiava o departamento de fisiologia, prosseguindo os trabalhos com os processos digestivos. Depois dos 50 anos é que Pavlov come- çou a estudar o condicionamento clássico, fase que se prolongou por 30 anos. Ele tinha uma reputação internacional tão grande que foi um dos únicos cientistas soviéticos que podia defender, sem ser punido, os direitos humanos. Pavlov se considerava um fisiologista, e não psicólogo, a ponto de chamar a atenção de qualquer um dos seus assistentes terminologia de laboratório psicológica em vez de fisiológica (Watson, 1971 apud Lefrançois,2008, p.35). Mesmo assim contribuiu muito para o desen- volvimento das primeiras teorias da aprendizagem e escreveu muitos artigos e explicações teóricas sobre temas psicológicos, como hipnose e paranóia. Ele continuou estudando o condicionamento respondente até o dia de sua morte, aos 87 anos de idade. 38 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem O Experimento Você já deve conhecer o experimento de Pavlov com o cachorro, no qual foi provocado o reflexo de salivação, produzido em presença dos alimentos, que foi chamado se “salivação psicológica”. Sintetizando, a experiência consistia em fazer um cão salivar antes de ter a comida na boca, ao ouvir tocar um som de uma campainha que marcava o sinal da comida. A partir do reflexo da salivação, reação do organismo que ocorre em resposta a presença de alimento na boca e se caracteriza como espontânea, Pavlov fez relação entre o estímulo comida e a reação salivação, designando-a como incondicional ou resposta incondicionada. Esse eminente fisiologista provocou a partir de um estímulo incon- dicionado de um sinal, a mudança no comportamento do cão, como vemos, a aprendizagem. O sinal escolhido foi um som fraco para mar- car seu papel de “anunciador”. Naturalmente, sons não provocam a salivação em cães, esse estímulo foi designado como neutro em relação à reação de salivação. Após muitas repetições da associação estímulo neutro mais estímulo incondicionado, o som concomitante a comida, ele viu que o primeiro sozinho já provocava a reação de salivação. Desta forma, deixou de ser neutro e passou a ser chamado de estímulo condi- cionado, pois o salivar ao ouvir o som é uma reação condicionada. A condição para que passe a ocorrer é a associação repetida dos dois estímulos. Experimento de Pavlov com cães (figura 1)1 Podemos fazer uma representação esquemática da seguinte forma: Estímulo neutro + estímulo incondicionado________reação incondicionada Estímulo condicionado__________________ reação condicionada Som + comida____________________ salivação Som____________________________ salivação 1Disponível em: http://www.google.com. br/search?sourceid=navclient&aq=1&oq =fotos+de+experimentos+de+&hl=pt- BR&ie=UTF-8&rlz=1T4SNNT_pt-BR___BR 445&q=fotos+de+experimentos+de+pa vlov&gs_upl=0l0l1l476635lllllllllll0&aqi= s2&pbx=1 Psicologia da AprendizagemI SEAD/UEPB 39 As contribuições de Pavlov A partir dos experimentos realizados com os animais irracionais, Pavlov e os demais behavioristas consideram que o condicionamento ocorre não só com os animais conforme se comprovou no experimento com o cão, mas também com o ser humano. Assim, torna-se evidente uma série de possibilidades nos seres vivos, que terão consequencias no entendimento de determinados fenômenos, como as emoções, a ansiedade, os processos psicossomáticos, etc. No nosso dia a dia, con- tinuamente coisas se associam a coisas, de forma que umas passam a provocar o efeito de outras, assim, o condicionamento pode ser usado para produzir mudanças de comportamento. É possível que esta ca- pacidade de alguns animais e dos seres humanos esteja na base das adaptações ao ambiente físico e social. Treino de bebes humanos (figura 2)2 Davidoff (2001) relata que a utilização dos princípios básicos do condicionamento respondente foi realizada por comportamentalistas no treino de bebês humanos no uso do toalete. Um ruído forte era apresentado sempre que uma gota de umidade tocava um sensor cos- turado dentro da fralda da criança. O ruído, estímulo incondicionado, acaba associado ao estímulo neutro, que é a tensão da bexiga ou intes- tino cheio ( ou estado físico que a precede logo a seguir). O ruído pro- duz uma resposta incondicionada, o susto, que é um alerta para o bebê para as sensações relacionadas à bexiga e ao intestino. Eventualmente, a criança aprende a atender à tensão urinária e intestinal sem o ruído. Essa atenção é a resposta condicionada. Ao sentirem as sensações que assinalam a necessidade de eliminar, ela tende a utilizar o toalete. Quando Pavlov estabeleceu a possível conexão entre estímulos am- bientais neutros e atividade fisiológica, deu uma grande contribuição no conhecimento das relações entre o organismo e o ambiente que o rodeia, relação que tem sua origem psicológica e que supera o deter- minismo biológico. O grande achado de Pavlov demonstra que um comportamento de natureza fundamentalmente psicofisiológica, como a salivação, a secreção hormonal e outros comportamentos chamados involuntários ou de resposta, e que pareciam ser regulados exclusiva- mente por mecanismos fisiológicos, podiam ser controlados por aspec- tos ambientais, nos animais superiores e no homem ( COLL,1996). 2 Disponível em: http://www.google. com.br/search?q=fotos+de+ bebe+com+chocalho&hl=pt- BR&qscrl=1&nord=1&rlz=1T4SNNT_pt- BR___BR445&prmd=imvns&tbm=isch&tb o=u&source=univ&sa=X&ei=fvh8T5TAIo mo8QTRrqCKDQ&sqi=2&ved=0CDAQsA Q&biw=1192&bih=514 40 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem É muito comum na escola nos depararmos com situações, nas quais os processos emocionais, de ansiedade e outros dessa natureza, afetam o aluno e prejudicam o seu desempenho escolar. É importante observar para que se compreenda melhor a atividade geral da criança na escola e que se tenha, ao menos, conhecimento dos processos de condicio- namento clássico que possam estar ocorrendo e condicionando alguns aspectos da atividade deste aluno. Esse conhecimento irá propiciar condição para modificar ou pelo menos, para entender a natureza do comportamento. Principais termos e conceitos chave Os respondentes (Reflexos) Reflexo dilatação e contração da pupila (figura 3)3 São reações automáticas que os animais, inclusive o homem, pos- suem por sua herança genética. Os respondentes são atos provocados por eventos que lhe são imediatamente antecedentes. O evento de- sencadeante é o estímulo elicitante. Por exemplo, são comportamentos reflexos: tremer quando se está com frio; transpirar no calor; salivar na presença de um alimento que agrade o paladar; sobressaltar-se ao ouvir ruído forte inesperadamente. São respostas filogeneticamente instaladas no indivíduo, sendo assim, estão no DNA; existem desde a origem e contribuem para a sobrevivência da espécie. A transferência do comportamento No condicionamento respondente há a transferência de um com- portamento reflexo de uma situação para outra. A “transferência” se refere a capacidade que um novo estímulo adquire para evocar o res- pondente. A eficácia do antigo estímulo elicitante permanece. Você se lembra da náusea apresentada por Fernando no exemplo apresentado anteriormente, não e? Pois bem, a náusea ( comportamento responden- te) foi transferida de uma virose para os legumes que foram associados àquela experiência. Nesse exemplo, houve uma aversão condiciona- 3 Disponível em: http://www.google.com.br/ search?q=fotos+de+olhos+dilatados&hl =pt-BR&qscrl=1&nord=1&rlz=1T4SNNT_ pt-BR___BR445&prmd=imvns&tbm=isch &tbo=u&source=univ&sa=X&ei=ygZ9T6 fYBYLO9QT1obmRDQ&sqi=2&ved=0C CcQsAQ&biw=1192&bih=514#hl=pt- BR&qscrl=1&nord=1&rlz=1T4SNNT_pt- BR___BR445&tbm=isch&sa=1&q=fotos+ de+olhos+com+dilata%C3%A7%C3%A3 o+e+contra%C3%A7%C3%A3o+da+pu pila&oq=fotos+de+olhos+com+dilata% C3%A7%C3%A3o+e+contra%C3%A7%C 3%A3o+da+pupila&aq=f&aqi=&aql=& gs_l=img.12...109148l112511l2l154295l 5l5l0l5l0l0l0l0ll0l0.frgbld.&bav=on.2,or.r_ gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&fp=bd00d935e4dc8e e&biw=1192&bih=514 Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 41 da de Fernando aos legumes. Uma determinada virose de estômago (estímulo incondicionado) produz náusea (resposta incondicionada). Supõe-se que os legumes iniciaram como estímulos neutros. Depois de ter sido associada a enjôo durante a virose, a simples visão dos legu- mes evoca uma sensação condicionada de enjôo. Nesse caso, o con- dicionamento aumenta a probabilidade de uma determinada resposta. O uso do reforço: aquisição Para que se obtenha a “aquisição” ou “treinamento de aquisição”, os pesquisadores apresentam o estímulo neutro concomitante ao estí- mulo incondicionado, ou logo a seguir, e terminam ambos ao mesmo tempo. Esse procedimento, chamado de condicionamento simultâneo tem como resultante uma resposta condicionada confiável, sendo o méto- do de treinamento mais eficaz para os seres humanos e animais me- nos complexos. O termo, reforço, a grosso modo, significa aumentador. Trata-se de um evento que aumenta a probabilidade de uma resposta ser dada em circunstâncias semelhantes, devido às conseqüências que tem essas mesmas respostas sobre o contexto e sobre o próprio sujeito. Os reforçadores são as conseqüências especificas que aumentam as probabilidades de que um determinado tipo de resposta seja produzida novamente no futuro, em condições similares. É importante lembrar que os reforçadores não existem isoladamente, e que nenhum obje- to ou ação é um reforçador, nem prêmio algum. O reforçador está sempre relacionado ao individuo e seu meio, de forma que torna mais provável determinado tipo de ação. O reforço é fundamental para que ocorra o fenômeno do condicionamento. Ele tanto pode ser positivo como negativo. No reforço positivo, acrescenta-se um evento e ele aumenta a pro- babilidade do comportamento desejável ocorrer. O reforço negativo é um processo, que assim como o positivo, tam- bém aumenta a probabilidade de aparição de uma resposta. Ao con- trário do que muitos pensam, não é um castigo. A retirada do reforço negativo fortalece a resposta. No experimento de Pavlov, o estímulo que garante a salivação no cão é o estímulo reforçador da reação – a comida. No condicionamen- to clássico, reforçar é apresentar o estímulo incondicionado ao mesmo tempo, ou logo depois do estímulo neutro (sinal). Na maioria das escolas, é comum se adotar uma campainha para ”sinalizar” o horário do intervalo para o lanche. Ocorre que, como essa é uma prática diária, a maioria dos alunos fica condicionada a “ficar alegre” ao ouvir a campainha. Mediante a condição de associar por algumas vezes o estímulo neutro “o som da campainha”, ao estí- mulo incondicionado “intervalo”, o primeiro “perdeu a neutralidade”, passandoa deixar os alunos “alegres”. 42 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Vamos ver como ficaria aqui o mesmo esquema utilizado para descrever o que ocorreu com o cão de Pavlov: EN + EI -------RI campainha + intervalo ---------- alegria EC ------------RC campainha -----------------------alegria O experimento pavloviano também identificou que o condiciona- mento pode ser desfeito. Sendo assim, como se poderia extinguir a reação de salivar ao som no experimento de Pavlov? Vejamos... A EXTINÇÃO. Para extinguir a reação condicionada de salivação no cão, Pavlov retirou o estímulo reforçador. Parece óbvio: sem reforço o condicionamento acaba; sem a comida, a campainha não mais provo- ca a salivação. O condicionamento existirá enquanto persistir a condi- ção para sua existência. A GENERALIZAÇÃO. Ao utilizar determinado som para o seu cão aprender, Pavlov observou posteriormente que sons semelhantes pro- duziam também a reação salivar. A DISCRIMINAÇÃO. Pavlov fez a seguinte experiência: ao emitir o som original, o verdadeiro sinal da comida, era sempre reforçado; outro som foi apresentado após o condicionamento, pela primeira vez produzira salivação, passou a ser apresentado sem a comida e o cão não salivou mais. Isso mostra que a generalização pode ser extinta, se não for reforçada, em contraste com o regular reforço do condiciona- mento original. Mariana, de 6 anos, começou a ir para a escola e passou a gene- ralizar para a professora o bem querer que ela sente pela mãe. Entre- tanto, não teve da parte da professora a atenção que é fundamental para provocar esse gosto., enquanto a mãe continua dispensando-lhe a mesma atenção. Com a continuidade a criança discriminará/ dife- renciará a mãe da professora, passando a gostar da mãe e não mais da professora. É importante destacar como assinala Falcão (1988) que, em se tratando de condicionamento clássico ao comportamento humano, grande parte dos casos se refere a reações emocionais ou afetivas tais como: medo, satisfação, insatisfação, gosto, desgosto, simpatia, anti- patia, ódio, amor, repulsa, raiva... Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 43 Experimentos Clássicos com Humanos O pequeno Albert (figura 4) Uma experiência clássica realizada pelos behavioristas Watson e Rayner, em 1920, mostra a utilização do condicionamento no compor- tamento humano. Os citados psicólogos se utilizaram do reflexo incondicionado da criança de sobressaltar-se ao ouvir barulho forte e inesperado. Então, utilizaram um ratinho branco como sinal para um barulho forte, no caso uma martelada, na presença de Alberto, menino de cerca de um ano, que anteriormente não tinha medo do ratinho. A presença do rati- nho branco passou a ser estímulo neutro em relação à reação de medo do barulho. Desta forma, por várias vezes, foi realizada a associação entre o estímulo neutro ratinho com o estímulo incondicionado baru- lho, ao ponto de que aquele perdeu neutralidade e passou a provocar medo na criança. Desta forma, Alberto ficou condicionado a ter medo do rato, isto é, aprendeu a ter medo do rato, mudando o comportamento anterior. O medo que era antes apresentado diante um barulho forte e repentino passou também a ser provocado pelo ratinho branco. Posteriormente, Watson e Rayner procuraram o pequeno Alberto para desfazer o condicionamento, conforme a proposta de extinção de Pavlov, mas o menino já havia sido liberado do hospital onde estava, quando participou da experiência. Assim, não ficou mais nada registra- do sobre Alberto e o seu medo de rato. Contracondicionamento Alguns anos depois, outro psicólogo, chamado Jones deparou-se com Pedro, uma criança de três anos, que apresentava violento medo de coelho. Jones então, se propôs a extinguir o medo de Pedro. Então, planejou associar o coelho a algo que desse satisfação ao menino e para isso, escolheu a hora da alimentação. A proposta era de tornar o coelho um sinal para a chegada da comida para que provocasse satisfação ao invés de medo. Entretanto, 44 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem havia um complicador pois, na experiência de Pavlov o sinal escolhido era fraco, só pra marcar o anúncio da presença da comida. No caso do menino Pedro, o coelho era estímulo fortemente desencadeador de medo, o que poderia provocar medo da comida e não satisfação pelo coelho. Então, a proposta foi de minimizar o caráter de estímulo forte representado pelo animal. Assim, escolheu-se um coelhinho branco e pequeno para ficar pre- so em uma gaiola, numa distância que desse para Pedro vê-lo, mas não fosse assustador. Aos poucos a gaiola foi sendo aproximada ao ponto de, no final, a criança aceitar o coelhinho em seu colo. Dessa forma, foi realizado o contracondicionamento, que, como sugere o nome, trata-se em condicionar uma resposta contrária aquela produzida pelo estímulo condicionado. No caso de Pedro, o condi- cionamento realizado foi para que ele passasse a sentir pelo coelho a satisfação que tinha ao ver a comida. O resultado foi favorável e o menino perdeu o medo do coelho. Atividade II 1. Dê exemplos pessoais de extinção de comportamento e de generalização e discriminação de estímulo. 2. Considere que Mateus, criança de seis anos, quase se afogue nadando e fique com terror a piscinas. Como reduzir esse medo através de técnicas de condicionamento respondente? dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 45 Leituras Recomendadas Teorias da Aprendizagem para Professores; livro de Morris L. BIGGE, . trad: José Augusto da Silva Pontes Neto e Marcos Antonio Rolfini. São Paulo, EPU, Ed. da Universidade de São Paulo, 1977. Esta é uma obra que apresenta muitas teorias sobre a aprendiza- gem, constituindo diferentes respostas para muitas das questões que possam ser levantadas; oferece um aprofundamento em relação às “correntes de pensamento” existentes atualmente em Psicologia e a compreensão das diferentes abordagens feita a cada uma delas. A Origem das Espécies, de Charles Darwin,Editora Martin Claret,2004 Darwin foi um dos grandes influenciadores do Behaviorismo, de forma que essa obra chega a ser considerada como o primeiro marco na história dessa corrente. O presente livro é historicamente reconhecido como o tratado mais importante de Biologia já escri- to , marcado por uma linguagem coloquial e acessível para um leitor iniciante. O conteúdo do livro tem tanta afinidade com o Behaviorismo, ao ponto de se considerar que o que Skinner fez foi dar continuidade ao Evolucionismo para além da Biologia. Só por esse motivo, essa é uma leitura imprescindível para o estudo do Behaviorismo. Teorias da Aprendizagem. Livro de Guy Lefrançois, Traduzido por Vera Magyar. 5ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Esse livro versa sobre as mais importantes teorias e descobertas da psicologia da aprendizagem. Ele traz uma visão histórica do desenvolvimento das teorias behavioristas e cognitivas, com clareza da apresentação, na relevância e implicação prática dos tópicos. O texto é criativo e de fácil compreensão, apresentado através de um relato de uma Velha Senhora, que guia o leitor de forma sábia a temas complexos da aprendizagem. É uma obra que cada capítulo, além do texto base, consta de ques- tões para trabalhar o texto, leitura suplementar e comentários que facilitam o desenvolvimento do programa de Psicologia da Apren- dizagem; utiliza a abordagem da aprendizagem pela reflexão, tor- nando-se indispensável para cursos de formação de professores. 46 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Resumo Como vimos na Unidade I, a aprendizagem associativa já era dis- cutida há muito tempo, entretanto, foi o fisiologista russo, Ivan Pavlov, quedemonstrou o fenômeno, em seus experimentos clássicos sobre o condicionamento. Nesta unidade vimos que Pavlov em seus experimentos constatou que ao apresentar um estímulo neutro (campainha) um pouco antes de um estímulo condicionado (alimento) provocar uma reação condi- cionada (salivação) por repetidas vezes, a campainha passava a ser o estímulo condicionado que desencadeava uma reação condicionada (salivação). Pode haver generalização de estímulos adicionais seme- lhantes ao estímulo condicionado original. Pode haver também, a dis- criminação, o oposto da generalização, que envolve a não resposta aos estímulos que se assemelham ao estímulo condicionado original. O trabalho de Pavlov consolidou a posição de Watson ao defender que a Psicologia só deveria estudar os comportamentos observáveis e não deveria considerar a atividade mental que não se podia observar. Essa posição foi denominada de behaviorismo. Pode-se afirmar que Pavlov deu grandes contribuições ao conside- rar que os princípios da aprendizagem aplicam-se através das espécies e que o condicionamento tem importante aplicação prática no dia a dia; e, também, que os fenômenos psicológicos podem ser estudados em termos objetivos. Nesta aula fizemos inicialmente uma revisão das questões prelimi- nares sobre a aprendizagem. Depois discutimos o arcabouço teórico do condicionamento clássico e apresentamos um caso cotidiano para identificar como a aprendizagem ocorre no dia a dia a partir desse processo. Sugestões de filme http://www.youtube.com/watch?v=C40cXKi4c3Y&feature=related O Cão de Pavlov (legendado) tempo: 3:35 Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 47 Indicação de site http://olharbeheca.blogspot.com.br/2011/01/coercao-e-suas-implicacoes- parte-8-de-8.html Autoavaliação No nosso dia a dia, comumente condicionamos nosso comportamento. Cite dois exemplos pessoais de condicionamento respondente e discrimine os elementos de acordo com a nomenclatura adotada nesse modelo. dica. utilize o bloco de anotações para responder as atividades! 48 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Referências COLL,C., PALACIOS, J. & MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. trad. Angélica Mello Alves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.460p. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. Trad. Auriphebo Berrance e Mª da Graça Lustosa. 3ª ed. São Paulo .McGraw-Hill do Brasil, 2001.732p FALCÃO G. M. Psicologia da Aprendizagem. São Paulo.Editora Ática, 1988.237p. FERREIRA, S. F. Skinner e a Máquina de Ensinar. Curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Simonsen. Rio de Janeiro, 1998. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per07.htm. Acesso em: 03abr.2012. MYERS, D. Introdução a Psicologia. Rio de janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos Editora S.A,1998.533p. WEITEN, Wayne. Introdução à Psicologia: temas e variações. Edição Concisa. Vários tradutores. São Paulo: Cengage Learning, 2010.605p. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 49 III UNIDADE Aprendizagem por Condicionamento Operante Aprendizagem por Observação 50 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem Apresentação Para os comportamentalistas a aprendizagem ocor- re tanto por Condicionamento Respondente, visto na aula passada, como também por Condicionamento Operante, e ainda, por meio da Observação ou Aprendizagem Social. O condicionamento operante, ocorre quando a resposta do organismo se torna freqüente por ser seguida de um estímu- lo reforçador. A outra modalidade de aprendizagem men- cionada ocorre quando as respostas dos animais, inclusive o homem, são influenciadas pela observação de outros, que fazem o papel de modelos. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 51 Objetivos Ao término da presente unidade você deverá ser capaz de: • Diferenciar o condicionamento simples do condicionamento operante; • Explicar e exemplificar a aprendizagem por condicionamento operante e a aprendizagem por observação; • Conceituar os principais termos estudados nos dois tipos de aprendizagem por condicionamento e por observação. 52 EAD/UEPB I Psicologia da Aprendizagem O condicionamento operante1 ou instrumental Você já sabe que quando se quer ensinar um animal a salivar ao som de uma campainha, um organismo associa diferentes estímulos que não controla, através do condicionamento clássico. Agora vamos conhecer o condicionamento operante, no qual o organismo associa seus comportamentos com as consequências. Se um operante for re- petidas vezes acompanhado de resultados agradáveis para o sujeito, terá mais probabilidade de ser realizado mais vezes em condições se- melhantes. Se, por outro lado, for geralmente acompanhado de con- sequências desagradáveis, o comportamento tem probabilidade de ser repetido menos frequentemente em circunstâncias semelhantes. O princípio central desta concepção é que os comportamentos seguidos por reforços aumentam; os que são seguidos por punição diminuem. Desta forma, através do condicionamento operante a associação é en- tre comportamentos e conseqüências. De forma prática, digamos que uma nova técnica de estudo provoque um melhor aproveitamento nos seus estudos; através dela você passe a aprender mais. Evidentemente, você irá utilizá-la toda vez que for estudar. Assim, o condicionamento operante, como o clássico, envolve: a aquisição; a extinção; a recuperação espontânea, a generalização e a discriminação. Mas, há distinções evidentes: enquanto o condi- cionamento clássico, forma associações entre estímulos (um Estímulo Condicionado- EC- e o Estímulo Incondicionado -EI- que sinaliza) e o comportamento respondente ( ex. salivar em reação a comida e depois a campainha), o condicionamento operante envolve o comportamento operante, que já é chamado assim, porque o ato opera no ambiente para produzir estímulos de recompensa ou punição. Myers (1999, p.180) propõe uma questão para se fazer a distinção do condicionamento simples para o condicionamento operante: o or- ganismo está aprendendo associações entre eventos que não controla ( condicionamento clássico)? Ou está aprendendo associações entre seu comportamento e eventos resultantes (condicionamento operante)? A História do Condicionamento Operante Muitos estudiosos contribuíram para aprimorar o estudo do Con- dicionamento Operante. Vamos conhecer o trabalho de dois pioneiros que tiveram especial destaque: 1 Condicionamento operante- já é chamado assim porque o comportamento opera no ambiente para produzir estímulos de recom- pensa ou punição. Psicologia da Aprendizagem I SEAD/UEPB 53 THORNDIKE e a importância das consequências O psicólogo americano, EDWARD LEE THORNDIKE (1874-1949), foi um dos primeiros estudiosos do comportamento a dar ênfase ao fato de que as consequências são importantes para a aprendizagem. Ele observou gatos famintos para saber como eles resolviam seus pro- blemas. Então, privava os animais de comida e colocava em gaiolas, chamadas ”caixas quebra-cabeças” ou “de segredos”, de onde os ani- mais podiam fugir através atos simples, como: manobrar uma corda, movimentar uma alavanca ou pisar uma plataforma. Logo à saída da gaiola havia alimento, em lugar onde pudesse ser visto e cheirado, como incentivo para a resolução do problema. Esse cientista do com- portamento observou como muitos gatos aprenderam a fugir de várias caixas. A conclusão que Thorndike chegou foi que os animais, inclu- sive o homem, resolvem problemas pela aprendizagem por ensaio e erro. Inicialmente, o animal experimenta várias respostas ‘instintivas’. Os comportamentos exitosos tornam-se mais freqüentes e os atos frus- trados passam a ser menos prováveis. Ilustração 1 caixa quebra-cabeça ou de segredo de Thorndike Skinner
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