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ATIVISMO JUDICIAL E O EFEITO ERGA OMNES NO CONTROLE DIFUSO (INCIDENTAL) DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

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CURSO DE DIREITO
ATIVISMO JUDICIAL E O EFEITO ERGA OMNES NO CONTROLE DIFUSO (INCIDENTAL) DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL.
PEDRO PAULO PINHEIRO BENJAMIM
NITERÓI, 
2015.
PEDRO PAULO PINHEIRO BENJAMIM
ATIVISMO JUDICIAL E O EFEITO ERGA OMNES NO CONTROLE DIFUSO (INCIDENTAL) DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL.
 
Artigo Científico Jurídico apresentado como exigência final do curso de graduação em Direito na Universidade Estácio de Sá.
Professor Orientador: Marcos Vicente Pereira da Silva
			
NITEROI, 
2015.
ATIVISMO JUDICIAL E O EFEITO ERGA OMNES NO CONTROLE DIFUSO (INCIDENTAL) DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL.
PEDRO PAULO PINHEIRO BENJAMIM
RESUMO
 O artigo analisa a controvérsia instalada na doutrina constitucional com relação à abstrativização do controle difuso de constitucionalidade, abordando a implicação do ativismo judicial no direito brasileiro, em especial, a implicação do ativismo judicial na doutrina do controle de constitucionalidade, demonstrando que a modulação de efeitos praticada pelos tribunais pátrios desvirtua, de certa forma, a “teoria pura do controle de constitucionalidade”, gerando decisões vinculativas em discussões superficiais, engessando a aplicações de leis e atos normativos.
Palavras chave: Trabalho. Monografia. Constitucional. Controle de Constitucionalidade.
ABSTRACT
The article analyzes the controversy regarding the constitutional doctrine regarding abstrativização diffuse control of constitutionality, addressing the implication of judicial activism in Brazilian law, in particular the implication of judicial activism in the judicial review of the doctrine, showing that the modulation effects practiced by patriotic courts distorts, in a way, the "pure theory of judicial review", generating binding decisions on superficial discussions, plastering the application of laws and normative acts.
Keywords: Work. Monograph. Constitutional. Judicial Review.
SUMÁRIO: 
1 Introdução 2 Desenvolvimento 2.1 Ativismo judicial 2.2 Controle de constitucionalidade e suas formas 2.3 Espécies de controle de constitucionalidade 2.3.1 Controle concentrado/abstrato 2.3.2 Controle difuso/incidental 2.4 Controle de constitucionalidade no Brasil 2.5 Abstrativização do controle difuso de constitucionalidade e suas consequências 3 Considerações finais 4 Referências.
1 INTRODUÇÃO	
O presente trabalho aborda a controvérsia constitucional no que concerne à implementação pelos tribunais pátrios de efeitos gerais (erga omnes) em sede de controle difuso de constitucionalidade.
O tema se mostra dos mais importantes, pois está diretamente relacionado com a aplicação e interpretação de leis no ordenamento jurídico brasileiro, bem como com a participação do Poder Judiciário na sociedade.
Não há dúvidas de que a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade deriva de maneira direta da teoria do ativismo judicial. Contudo, faz-se necessária a análise da linha tênue entre a implementação de políticas públicas pelo Poder Judiciário e o rompimento da harmonia entre os poderes pela inobservância à separação de competências.
Então, o que nos resta é observar em até que ponto o ativismo judicial se mostra válido e eficaz e, a partir de que momento, constitui-se em uma maneira “arbitrária”, quiçá inconstitucional, de se assegurar a constitucionalidade. 
2 DESENVOLVIMENTO
O tema do presente estudo é o resultado da fusão de duas teorias constitucionais, uma contemporânea e outra mais antiga. A primeira, se trata do ativismo judicial e suas consequências práticas no direito constitucional; a segunda refere-se ao controle de constitucionalidade em sua definição mais pura.
Desta forma, é necessário dissecarmos um pouco acerca do conceito de ativismo judicial e de controle de constitucionalidade. 
2.1 ATIVISMO JUDICIAL
Hodiernamente, o ativismo judicial encontra frequência na jurisprudência mundial. As cortes superiores dos mais importantes e tradicionais países deixaram de lado a figura do positivismo – juiz aplicador da Lei, ou do “submissionismo” – juiz submisso à vontade do Monarca, para agirem de modo a conferir efetividade aos direitos dos jurisdicionados.
	
Então, a preocupação maior do julgador não mais é garantir o interesse do Estado ou simplesmente cumprir as Leis por ele ditadas, mas sim a de garantir a aplicação e observância dos princípios e normas basilares que compuseram a criação daquele Estado.
		
Não é incomum que, ao longo da história, com o passar do tempo e com diversas alterações ideológicas e políticas, o Estado perca o compromisso com alguns princípios estabelecidos em sua fundação, enterrando e abandonando velhos paradigmas e implementando novos, o que, de maneira primária é válido e necessário, pois tanto o direito quanto a sociedade estão em constante metamorfose, mas que torna-se perigoso a partir do momento em que o Estado deixa de dar a devida ênfase àqueles (princípios) mais importantes e inerentes à sua própria fundação.
E é em razão da possibilidade de distanciamento do Estado com seus compromissos irrevogáveis (garantia aos direitos fundamentais e humanos, entre outros), que o Poder Judiciário tomou para si o exercício da função que já lhe é conferida como Órgão Julgador, de garantir ele mesmo a efetividade do pacto constituinte.
 
Tal postura mais ofensiva de Poder Judiciário ganhou o nome de ativismo judicial, e possui importância ímpar no mundo contemporâneo, pois tem sido a principal responsável pelos avanços nas garantias até então esquecidas, desprezadas ou censuradas.
		
Veja-se que se pode aferir o ativismo judicial em questões atuais que tocam assuntos polêmicos como eutanásia, pesquisas de células-tronco, união homoafetiva, aborto, entre outros. Assuntos estes que obtiveram “regulamentação” e/ou tratamento mesmo antes da edição de leis específicas ou de posicionamento explicito do Estado à respeito.[1: .	BRASIL. Supremo Tribunal Federal. HC nº 104963. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=156871>. Acesso em: 28 maio 2015.][2: .	 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI nº 3510. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=89917>. Acesso em: 28 maio 2015.][3: .	BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI nº 4277 e ADPF nº 132. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931>. Acesso em: 28 maio 2015.][4: .	BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF N° 54. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=204863>. Acesso em: 28 maio 2015.]
	
Ao analisarmos a doutrina das gerações dos direitos fundamentais, é possível perceber que o caráter ativo do Poder Judiciário perpassa por todos os marcos do direito constitucional, responsabilizando-se por garantir em assuntos distintos a liberdade (1ª geração), a igualdade (2ª geração) e direitos coletivos (3ª geração).
Desta forma, trata-se o ativismo judicial de uma nova postura do Poder Judiciário, de garantir efetividade à normas constitucionais que asseguram os direitos e garantias mais importantes ao cidadão e/ou coletividade, implementando verdadeiras políticas públicas por meio de seus julgados.
2.2 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E SUAS FORMAS
Se de um lado, a teoria do ativismo judicial constitui uma mudança de paradigma da própria postura do Poder Judiciário, o controle de constitucionalidade, por sua vez, é sua função talvez mais importante e também a ferramenta mais utilizada para a concretização do ativismo judicial.O controle de constitucionalidade existe desde de que a constituição se tornou Norma Superior e instituidora do Estado, conforme idealizado pelo doutrinador Hans Kelsen em sua famosa “teoria da pirâmide”.
De acordo com o pensamento do jus-doutrinador Austríaco (Hans Kelsen), os atos normativos que compunham o ordenamento jurídico de determinado Estado deveriam se submeter a uma Lei Maior, soberana, ou seja, a Constituição. 
Nas palavras do Professor Ministro Gilmar Ferreira Mendes, 
O reconhecimento da supremacia da Constituição e de sua força vinculante em relação aos Poderes Públicos torna inevitável a discussão sobre formas e modos de defesa da constituição e sobre a necessidade de controle de constitucionalidade dos atos do Poder Público, especialmente das leis e atos normativos[5: . MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 9.ed. – São Paulo: Saraiva, 2014. p. 1028.]
	
Logo, havendo hierarquia entre normas superiores e inferiores, se faz necessária a existência de meios para se averiguar o desrespeito/incompatibilidade de uma em relação à outra, de onde surgiu a teoria do controle de constitucionalidade. 
O conceito de proteção à Constituição do Estado já era, inclusive, abordado pelo Eminente Doutrinador Pontes de Miranda, onde argumentava que “A grande lição dos nossos dias é a de que as Constituições precisam ter aparelho de defesa. Um dos mais eficazes, se não suficientes, necessário, é o da verificação judicial dos atos legislativos e de execução, bem como da própria justiça”.[6: . MIRANDA, Pontes de. Democracia, Liberdade e Igualdade: Os três Caminhos. – Campinas: Bookseller, 2002. p. 86 e 87.]
A doutrina clássica do controle de constitucionalidade, ensinada em cursos introdutórios de direito, diferencia-o em controle concentrado e/ou abstrato e em controle difuso e/ou incidental.
		
As características básicas das modalidades de controle são simples e explicadas por seus próprios nomes.
2.3 ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
2.3.1 Controle concentrado/abstrato
O controle de constitucionalidade concentrado é aquele encontrado com facilidade nos países que utilizam o sistema da Civil Law (vasta existência de Leis escritas e Códigos).
		
Inaugurado em 1920, através da constituição austríaca também idealizada pelo doutrinador Hans Kelsen, o controle concentrado de constitucionalidade pressupõe a existência de uma corte constitucional superior, que terá a função precípua de proteger os princípios e normas constitucionais ante a existência de leis inferiores que os confrontem ou ainda em caso de omissão legislativa na elaboração de dispositivos legais constitucionalmente previstos.
		
É necessário destacar que a doutrina básica do controle de constitucionalidade concentrado, corriqueiramente ensinada nas universidades, não diferencia aquele instituído na Áustria daquele presente no direito francês.
Na Áustria, questões atinentes à inconstitucionalidade de leis ou atos normativos deveriam ser sujeitas pelo magistrado de primeiro grau à Corte Constitucional, que seria a única competente para dirimir tal controvérsia. 
		
Não obstante, é na França que se verifica o controle de constitucionalidade concentrado em sua forma mais refinada.
		
No sistema jurídico francês, ao Conselho Constitucional competia a análise da constitucionalidade de leis ou atos normativos em seu grau de abstração, ou seja, não era necessária a aplicação da norma em determinado caso concreto (como ocorria na Áustria), mas o simples fato desta existir no ordenamento jurídico já autorizaria a análise constitucional de seu teor ou de sua forma, daí o nome controle “abstrato”.
		
Então, na realidade duas modalidades distintas de controle de constitucionalidade concentrado emergem se compararmos o sistema Austríaco com o francês.
		
Enquanto no primeiro (austríaco), seria imprescindível a existência de uma lide para a análise da constitucionalidade de uma lei pelo “Tribunal Máximo”, no segundo (francês) bastaria a implementação de uma lei ou ato normativo no ordenamento jurídico para que a questão constitucional já pudesse ser debatida.
		
Veja-se, desta forma, que o controle de constitucionalidade concentrado somente ganhou a nomenclatura de “abstrato” posteriormente ao sistema de fiscalização constitucional implementado no ordenamento jurídico francês.
		
Como decorrência lógica de sua formalização, o controle concentrado de constitucionalidade produz (francês e austríaco), em relação à sua decisão, efeitos gerais, também chamados de erga omnes, pois a conclusão pela inconstitucionalidade de uma lei pelo órgão constitucional acarretará a exclusão desta (lei) do ordenamento jurídico, influenciando todos os indivíduos a ela submetidos. 
2.3.2 Controle difuso/incidental
Derivado dos países que comungam do sistema jurídico da Commom Law (direito criado ou aperfeiçoado por decisões/precedentes judiciais), o controle difuso de constitucionalidade não pressupõe a existência de uma corte constitucional para a averiguação da constitucionalidade de leis e atos normativos.
Aqui a verificação de questões constitucionais pode ser realizada por qualquer Juízo (de primeira ou última instância), e serão sempre enfrentadas diante de casos concretos.
		
Sendo assim, no controle difuso, a discussão acerca da (in)constitucionalidade de uma lei ou ato normativo jamais se fará de forma abstrata, mas sempre será um incidente ao processo principal, daí o porquê do nome “controle incidental”.
	
Também de maneira lógica, por se tratar a discussão constitucional de um mero incidente em um processo judicial individual, o controle difuso de constitucionalidade não possui como característica a geração de efeitos erga omnes como no controle concentrado, mas, pelo seu caráter singular, produz efeitos apenas em relação aos litigantes, fenômeno denominado efeito inter partes.
		
Ressalte-se que a diferenciação nos efeitos entre os controles de constitucionalidade concentrado e difuso se justifica, na medida em que no primeiro a questão constitucional será apreciada por um órgão constituído unicamente para tal finalidade, e a análise da norma impugnada (lei ou ato normativo) se dará em seu grau de abstração, diferentemente do que ocorre no segundo, onde qualquer Juízo poderá decidir a questão constitucional em um determinado caso singular.
2.4 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
No ordenamento jurídico brasileiro, com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi contemplado o instituto do controle de constitucionalidade misto, ou seja, poderá ser concentrado ou difuso dependendo da hipótese.
O controle de constitucionalidade misto adotado no Brasil advém do sistema constitucional português, como ensina do Professor Ministro Gilmar Mendes:
Desenvolvido a partir de diferentes concepções filosóficas e de experiências históricas diversas, o controle judicial de constitucionalidade continua a ser dividido, para fins didáticos, em modelo difuso e modelo concentrado, ou, às vezes, entre sistema americano e sistema austríaco ou europeu de controle. Essas concepções aparentemente excludentes acabaram por ensejar o surgimento dos modelos mistos, com combinações de elementos dos dois sistemas básicos (v.g., o sistema brasileiro e o sistema português)	[7: . MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 9.ed. – São Paulo: Saraiva, 2014. p. 1030.]
Em relação ao controle concentrado no Brasil, seu julgamento é de competência do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, inciso I, alínea “a”, da CRFB/88), que o fará em sede de ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual ou em sede ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
Nas ações acima mencionadas, como ocorre normalmente no controle concentrado, o STF (Tribunal Constitucional), analisará a questão constitucional em abstrato, cuja decisão de seu plenário será eivada de efeitos erga omnes,atingindo todos os sujeitos de direitos e deveres que se submetam à lei impugnada.
		
Sem prejuízo, tratam-se a ADC e ADI de ações restritas aos sujeitos legitimados no rol taxativo do artigo 103 e seus incisos, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.[8: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.]
	
Entretanto, inobstante ser o Supremo Tribunal Federal o órgão competente para o exercício do controle de constitucionalidade concentrado, também poderá debater questões constitucionais em sede de controle difuso, o que fará em ação por descumprimento de preceito fundamental, recurso extraordinário, mandado de injunção, habeas corpus, mandado de segurança, habeas data, entre outros previstos no artigo 102 da CRFB/88.
Continuando, além do Supremo Tribunal Federal, o controle de constitucionalidade difuso no Brasil também pode ser exercido pelos Juízos de 1º grau, que poderão afastar a aplicação de leis inconstitucionais de maneira incidental em demandas judiciais, proferindo decisões com efeitos inter partes.
 Já os Tribunais Estaduais estão submetidos, na forma do artigo 97 da CRFB/88, ao voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial para exercer o controle de constitucionalidade difuso, fenômeno a que se denomina “reserva de plenário”.
2.5 ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Após esclarecermos o instituto do ativismo judicial e do controle de constitucionalidade, chegamos ao cerne deste artigo científico, qual seja, a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade.
Como já exposto em outro parágrafo, o controle difuso de constitucionalidade possui a característica de que suas decisões apenas produzem efeitos entre as partes envolvidas em determinada lide onde se suscitou uma questão constitucional.
Entretanto, ao acompanharmos a aplicação mais atual do direito contemporâneo, percebemos a existência de decisões judiciais em sede de controle difuso, emanadas de cortes superiores ou não, produzindo efeitos além daquele inter partes.
		
Da análise das mais recentes decisões judiciais, é possível extrairmos que os Tribunais pátrios têm implementado modulação nos efeitos das decisões em sede de controle difuso de constitucionalidade, a fim de que seus julgados atinjam terceiras pessoas não envolvidas naquele específico processo judicial.[9: . BRASIL. Supremo Tribunal Federal.RE 699535 RG / RS - RIO GRANDE DO SUL REPERCUSSÃO GERAL NO RE Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento: 14/02/2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28modulacao+efeitos%29&base=baseRepercussao&url=http://tinyurl.com/p7hsnus>. Acesso em: 03 jun 2015.]
Veja-se, então, que há uma verdadeira desvirtuação da natureza conceitual do controle difuso de constitucionalidade, onde suas decisões passam a influenciar pessoas estranhas à lide principal em que se debateu uma questão constitucional.
A grande problemática com a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade é que este, por constituir um incidente ao processo principal, tem por natureza apresentar uma análise constitucional mais superficial sobre a aplicação ou não de determinada lei em um caso concreto específico.
Sendo assim, é bem possível que a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade ocasione o engessamento da aplicação/interpretação de determinadas leis e, consequentemente, do ordenamento jurídico, sem que haja para isso uma discussão constitucional exaustiva e satisfatória sobre o assunto. 
Ademais, no controle difuso o Juízo irá analisar eventual (in)constitucionalidade de determinada lei em um caso concreto específico envolvendo dois ou mais indivíduos integrantes de uma mesma relação processual, o que não impede que em hipóteses distintas, onde se discuta a aplicação da mesma lei, esta venha a receber tratamento diferenciado. 
Ressalte-se que atualmente muitos tribunais estaduais implementam em seus regimentos internos a possibilidade de seus órgãos especiais considerarem determinadas leis inconstitucionais, conferindo a estas decisões, de acordo com o quórum, caráter vinculante de aplicação no âmbito estadual.
Ora, basta imaginarmos que determinada lei seja declarada inconstitucional em um determinado estado e não em outro para termos uma perfeita noção de insegurança jurídica gerada pela abstrativização do controle difuso de constitucionalidade em âmbito nacional.
A natureza do controle concentrado e sua característica de produzir efeitos erga omnes pressupõe a existência de uma corte constitucional por questões óbvias: Em um primeiro momento, busca-se garantir que um órgão exclusivamente constitucional (com domínio pleno sobre a doutrina constitucionalista) aborde as questões de maneira exaustiva e satisfatória; em segundo plano, também se pretende garantir a um único Tribunal Constitucional a prolação de decisão com aplicação em âmbito nacional, assegurando assim a segurança jurídica, o que não ocorre no controle difuso. 
Somente para fins de ilustração, os artigos 103, caput e 109, caput, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que regulamentam o incidente de inconstitucionalidade e a representação por inconstitucionalidade de lei estadual frente à Constituição Estadual, chegam a prever que, de acordo com o quórum de votação que declare uma determinada lei (in)constitucional, a decisão do órgão especial terá o condão de vincular todos os órgãos do Poder Judiciário Estadual e toda a Administração Pública Estadual.[10: . BRASIL. Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://cgj.tjrj.jus.br/consultas/legislacao/regimento-interno-do-tjrj>. Acesso em: 05 jun 2015. ]
Nos termos como exposto no regimento interno, instaurou-se uma miscelânea entre o controle de constitucionalidade difuso e o concentrado, onde o Tribunal Estadual atuará ora como Órgão Especial, ora como Corte Constitucional, proferindo em ambas hipóteses decisões com efeitos erga omnes e vinculativas (no âmbito estadual).
		
Deixando-se de lado o regimento interno do TJ/RJ, o STF também vem se utilizando reiteradamente da figura da abstrativização do controle difuso de constitucionalidade, amparando-se no disposto no artigo 52, da CRFB/88.[11: . BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.]
O entendimento atual do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, uma vez considerada inconstitucional determinada lei em sede de controle difuso, a corte constitucional já poderá afastar a aplicação daquele dispositivo em âmbito nacional, comunicando ao Senado Federal para que suspenda seus efeitos, não estando subordinada, contudo, à votação prevista no dispositivo constitucional. [12: .	BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Reclamação n° 4335-5-AC. Disponível em: <http://www.jurisciencia.com/noticias/stf-conclui-julgamento-sobre-reclamacao-4335-5ac-mutacao-constitucional/2348/>.]
Tal entendimento, por óbvio, não agrada parte da doutrina constitucionalista, que preleciona ser de competência exclusiva do Senado Federal conferir suspensão à eventual lei declarada inconstitucional em sede de controle difuso de constitucionalidade.
O doutrinador Professor Lênio Luiz Streck elaborou interessante artigo científico sobre o assunto, discordando veementemente do posicionamento da Suprema Corte, onde observa,
Mas o modelo de participação democrática no controle difuso também se dá, de forma indireta, pela atribuição constitucional deixada ao Senado Federal. Excluir a competência do Senado Federal — ou conferir-lhe apenas um caráter de tornar público o entendimento do Supremo Tribunal Federal — significa reduzir as atribuições do Senado Federal à de uma secretaria de divulgação intra-legistativa das decisões do SupremoTribunal Federal; significa, por fim, retirar do processo de controle difuso qualquer possibilidade de chancela dos representantes do povo deste referido processo, o que não parece ser sequer sugerido pela Constituição da República de 1988 [13: . STRECK, Lênio Luiz. A nova perspectiva do STF sobre controle difuso. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2007-ago-03/perspectiva_stf_controle_difuso>. Acesso em: 08 jun 2015. ]
Sendo assim, a parcela da doutrina que discorda da posição esposada pela Suprema Corte, afirma que o dispositivo constitucional tratado (artigo 52, x, da CRFB/88) é expresso ao conferir ao Senado Federal a competência exclusiva para suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e, ao ampliar os efeitos de suas decisões, estaria o STF usurpando função que não lhe é conferida, desrespeitando o princípio da separação dos poderes.
Por outro lado, há ainda os que sustentam que a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade é responsável por violar até mesmo os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, como bem salienta o Professor Streck, 
Dito de outro modo, atribuir eficácia erga onmes e efeito vinculante às decisões do STF em sede de controle difuso de constitucionalidade é ferir os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (artigo 5.º, LIV e LV, da Constituição da República), pois assim se pretende atingir aqueles que não tiveram garantido o seu direito constitucional de participação nos processos de tomada da decisão que os afetará.[14: . STRECK, Lênio Luiz. A nova perspectiva do STF sobre controle difuso. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2007-ago-03/perspectiva_stf_controle_difuso>. Acesso em: 08 jun 2015.]
De fato, ao analisarmos o que roga o artigo 52, inciso X, da CRFB/88, não há dúvidas de que a suspensão dos efeitos da lei porventura declarada inconstitucional, deveria ser realizada por meio de votação no Senado Federal e não por decisão deliberada do Supremo Tribunal Federal.
Também se afigura razoável o posicionamento doutrinário no sentido de que a ampliação dos efeitos da decisão que considera (in)constitucional determinada lei em sede de controle difuso é apta a gerar um engessamento do ordenamento jurídico, causando violação às garantias processuais constitucionalmente previstas. 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o abordado no presente estudo, a abstrativização dos efeitos do controle difuso de constitucionalidade pelo Poder Judiciário se mostra como uma nova tendência, mas que deve ser vista com cautela. 
Não se nega que o ativismo judicial tem trazido avanços incalculáveis à sociedade, e a modulação dos efeitos em sede de controle difuso de constitucionalidade tem sido uma grande ferramenta nesta empreitada. Contudo, é preciso observar sobre até que ponto o Judiciário poderá tomar para si o poder de implementar políticas públicas sem ultrapassar a tênue e confusa linha da separação dos poderes, pois, poderá acontecer que, sob o escopo de proteger sua Constituição, o Braço Julgador do Estado atue ele mesmo com resquícios de inconstitucionalidade.
4 REFERÊNCIAS
Livros:
MIRANDA, Pontes de. Democracia, Liberdade e Igualdade: os três caminhos. São Paulo: BookSeller, 2002.
STRECK, Lenio Luiz. Constituição Sistemas Sociais e Hermenêuticas. São Paulo: Livraria do Advogado, 2006.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 9.ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.
Artigos científicos eletrônicos:
STRECK, Lênio Luiz. A nova perspectiva do STF sobre controle difuso. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2007-ago-03/perspectiva_stf_controle_difuso>. Acesso em: 08 jun 2015.

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