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SUSTENTABILIDADE 
AULA 1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E OBJETIVOS 
Introdução 
O rastro deixado pela humanidade sobre a Terra está por toda parte. É particularmente visível 
e não deixa dúvidas quando observado desde o céu com o efeito smoog nas grandes cidades 
e chaminés de indústrias esfumaçadas, até a terra firme, com 40% das florestas naturais da 
superfície do planeta convertidas em áreas de criação de gado e cultivo de agricultura. 
As estatísticas de conversão e desmatamento são frequentemente contestadas, pois o falso 
orgulho nacional quase sempre distorce esses dados para que as coisas pareçam melhores do 
que na realidade estão, tanto para o público interno como para o externo (Dourojeanni e 
Pádua, 2007). 
Será que através de mudanças nas políticas públicas unidas e a prática do desenvolvimento 
sustentável poderemos reverter este cenário para melhor um dia? 
Então, o mundo dá voltas? E para que continue a dar voltas com as pessoas dentro dele, 
precisaremos tomar algumas atitudes agora. Essas atitudes têm de estar ligadas a um uso do 
meio natural sem excessos e com responsabilidade ambiental, para que tenhamos a 
sustentabilidade dos recursos e a sobrevivência humana, ou seja, o desenvolvimento 
sustentável. 
Mas, o que é desenvolvimento sustentável? 
Para entendermos o significado de desenvolvimento sustentável, vamos ler uma história: 
A preocupação com os problemas ambientais ganhou escala e maior repercussão no final da 
década de 60 e início da década de 70. Tal preocupação parecia ter foco local, e sua solução 
resumia-se à criação de regulamentações relacionadas ao controle das fontes de poluição. 
Discussões formais sobre os impactos ambientais causados pelo desenvolvimento e pela 
industrialização aconteceram com a criação do Clube de Roma, em 1968, na Itália, formado 
por cientistas preocupados com os impactos provocados pelo crescimento econômico e com a 
disponibilidade de recursos naturais do planeta. Foi fundado por Aurélio Peccei, industrial e 
acadêmico italiano, e Alexander King, cientista escocês (Hernandez, 2009). 
Esses dois vocábulos (desenvolvimento sustentável) ainda não tinham formado a parceria que 
hoje se tornou sobejamente conhecida de todos. Isso porque o principal objeto das discussões 
ocorridas nesse evento estava centrado na defesa do meio ambiente humano, no bojo de um 
problema global mais amplo: os ditames do modelo de desenvolvimento econômico dos países 
de Primeiro Mundo. 
Estes, num determinado estágio de sua industrialização, se viram na perspectiva da escassez 
dos recursos naturais, surpreendendo-se diante das limitações do meio ambiente no que dizia 
respeito à destinação final dos rejeitos – sólidos, líquidos e gasosos – tanto do processo 
industrial quanto dos hábitos de consumo da população (Brunacci e Philippi Junior, 2009). 
Ainda segundo os mesmos autores, tal ênfase na defesa do meio ambiente humano, perante a 
questão ambiental do modelo de desenvolvimento de cunho predatório, foi resultado de um 
despertar da consciência ecológica em nível global, que buscou além das questões de âmbito 
local ou regional, as quais, nas décadas de 1950 e de 1960, já incomodavam as agências 
estatais de controle ambiental das nações industrializadas e incrementavam as atividades dos 
movimentos ambientalistas. 
O começo dos estudos do relacionamento entre o meio ambiente e o crescimento econômico 
foi marcado pelo relatório Os limites do crescimento, escrito por Jay Forrest e Dennis 
Meadows, do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT). O trabalho enfatiza que a 
exploração e degradação dos recursos naturais limitariam o crescimento da economia mundial. 
Elaborado pelo Clube de Roma, esse relatório vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 
idiomas, tornando-se o livro sobre meio ambiente mais vendido da história. Tratava 
essencialmente de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade. 
Utilizando modelos matemáticos, o estudo chegou à conclusão de que o planeta Terra não 
suportaria mais o crescimento populacional por causa da pressão sobre os recursos naturais e 
energéticos e do aumento da poluição, mesmo considerando o avanço das tecnologias 
(Hernandez, 2009). 
A concepção de desenvolvimento sustentável tem suas raízes fixadas na Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, capital da Suécia, em 
julho de 1972, segundo Brunacci e Philippi Junior (2009). 
Segundo Funiber (2009), o termo desenvolvimento sustentável, como é, foi estabelecido pela 
International Union for The Conservation of Nature (IUCN), embora sua popularidade tenha 
origem no relatório “Nosso futuro comum” ou relatório Bruntland (WCED, 1987), preparado 
pela Comissão Bruntland das Nações Unidas, no qual se lê: 
“O desenvolvimento sustentável satisfaz às necessidades atuais sem comprometer a 
capacidade de futuras gerações satisfazer suas próprias necessidades”. 
Analisemos que os componentes substantivos nesta definição são as questões de equidade, 
tanto entre uma mesma geração como entre diferentes gerações, a fim de que todas as 
gerações, presentes e futuras, aproveitem o máximo sua capacidade potencial. Porém, a 
maneira como as atuais oportunidades estão distribuídas não é, na realidade, indiferente. 
Seria estranho que estivéssemos preocupados profundamente com o bem-estar das futuras 
gerações e deixássemos de lado a triste sorte dos pobres de hoje. 
No entanto, atualmente, nenhum desses dois objetivos tem assegurada a prioridade que 
merece. Consequentemente, talvez uma reestruturação, das pautas concernentes à 
distribuição de renda, à produção e ao consumo em escala mundial seria uma condição prévia 
necessária a toda estratégia viável de desenvolvimento sustentável. 
Vemos que o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em um contexto de crise 
econômica e da revisão de paradigmas de desenvolvimento. A crise econômica na maior parte 
do mundo, a instabilidade, o aumento da pobreza, etc., colocavam em dúvida a viabilidade 
dos modelos convencionais, inclusive, a própria ideia de “desenvolvimento” havia sido sustada 
das políticas ante a urgente necessidade de estabilizar as economias e recuperar o 
crescimento econômico (Funiber, 2009). 
O surgimento da ideia do desenvolvimento sustentável teve repercussões importantes em 
todos os meios – graças aos esforços da Comissão das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento (CNUMAD) – devido à necessidade de renovar concepções e estratégias, 
buscando o desenvolvimento das nações pobres e reorientando o processo de industrialização 
dos países mais avançados. 
O conceito convencional de desenvolvimento se referia ao processo de melhoria das condições 
econômicas e sociais de uma nação. O enfoque da Comissão buscou ir além da dimensão 
econômica e social, tratando de incluir a questão ambiental como um dos elementos centrais 
da concepção e da estratégias de desenvolvimento, ainda segundo Funiber (2009). 
Ainda segundo o mesmo autor, ao qualificar o desenvolvimento como o adjetivo “sustentável”, 
incorpora-se um conceito de capacidade de subsistir ou continuar. A sustentabilidade expressa 
uma preocupação com o meio ambiente para que as gerações futuras o utilizem e o 
desfrutem da mesma forma que a presente. Neste caso, “desenvolvimento” não é sinônimo de 
“crescimento”. Crescimento econômico é entendido como aumentos na renda nacional. Em 
contrapartida, o desenvolvimento implica algo mais amplo, uma noção de bem-estar 
econômico que reconhece componentes não monetários. Estes podem incluir a qualidade do 
meio ambiente. 
É importante ressaltar que o desenvolvimento sustentável exige que se definam prazos, com 
qual ordem de prioridades, aque níveis e escalas e quais recursos econômicos utilizar para 
obter a sustentabilidade. Essa tarefa é muito complexa, dados os aspectos sociais, políticos e 
elementos técnicos implicados, por exemplo, na superação da pobreza, em que a 
sustentabilidade pode ser inalcançável, mesmo em prazos relativamente longos (Funiber, 
2009). 
Outro problema a ser considerado é o da interpretação. Na bibliografia sobre o tema excedem 
as definições de desenvolvimento sustentável incorretas ou distorcidas que, frequentemente, 
alteram a ideia original. 
Por exemplo, uma grande parte da literatura disponível tende reduzir o conceito a uma mera 
sustentabilidade ecológica ou a um desenvolvimento ecologicamente sustentável, 
preocupando-se apenas com as condições ecológicas necessárias para manter a vida humana 
ao longo das gerações futuras, segundo Bifani (1997 apud Funiber, 2009). Esse enfoque, 
embora útil, é claramente reducionista, por não considerar as dimensões social, econômica e 
política do termo. 
Para concluirmos a aula, vamos atentar para o que coloca Genebaldo Freire Dias (2004): 
 Desenvolvimento Ambientalmente Sustentável 
O desenvolvimento econômico e o bem-estar do ser humano dependem dos recursos da 
Terra. O desenvolvimento sustentável é simplesmente impossível se for permitido que a 
degradação ambiental continue. 
Os recursos da Terra são suficientes para atender às necessidades de todos os seres vivos do 
planeta se forem manejados de forma eficiente e sustentada. Tanto a opulência quanto a 
pobreza podem causar problemas ao meio ambiente. 
O desenvolvimento econômico e o cuidado com o meio ambiente são compatíveis, 
interdependentes e necessários. A alta produtividade, a tecnologia moderna e o 
desenvolvimento econômico podem e devem coexistir com um meio ambiente saudável. 
 Desenvolvimento Socialmente Sustentável 
A chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o 
fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentado não é centrado na produção, é 
centrado nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao meio ambiente, mas 
também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele ocorre. Deve ser equitativo, 
agradável. 
Nenhum sistema social pode ser mantido por um longo período quando a distribuição dos 
benefícios e custos – ou das coisas boas e ruins de um dado sistema – é extremamente 
injusta, especialmente quando parte da população está submetida a um debilitante e crônico 
estado de pobreza. 
Vemos que há diversas formas de interpretar o conceito de desenvolvimento sustentável, mas 
todas têm as mesmas características e devem derivar para um consenso quanto ao conceito 
básico e quanto às estratégias necessárias para sua consecução. De acordo com Ignacy 
Sachs, a adjetivação deveria ser desdobrada em socialmente inclusivo, ambientalmente 
sustentável e economicamente sustentado pelo tempo. Dessa forma, destaca-se que o 
conceito de desenvolvimento sustentável não é único, mas converge para um consenso. Sua 
essência é cada vez mais difundida e assimilada pelas organizações, o que possibilita um 
direcionamento em suas atitudes e na definição de suas estratégias (Hernandez, 2009). 
AULA 2 – A PRÁTICA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Introdução 
Uma sociedade sustentável do ponto de vista ambiental atende às necessidades atuais de sua 
população em relação a alimentos, água e ar limpos, abrigo e outros recursos básicos sem 
comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades. Viver de 
forma sustentável significa sobreviver da renda natural fornecida pelo solo, pelas plantas, pelo 
ar e pela água e não exaurir ou degradar as dotações de capital natural da Terra, que 
fornecem essa renda biológica (Miller Junior, 2007). 
Imagine que você ganhou na loteria R$ 1 milhão. Se investir esse dinheiro e obter 10% de 
juros ao ano, terá uma renda anual sustentável de R$ 100 mil sem exaurir seu capital. Então, 
qual seria o seu estilo de vida se você gastar R$ 110 mil ao ano? 
Se gastar R$ 110 mil ao ano, seu capital acabará em cerca de alguns anos. 
Segundo Miller Junior (2007), a lição aqui é conhecida: proteja seu capital e viva da renda que 
ele oferece. Exaura, desperdice ou esbanje seu capital e você sairá de um estilo de vida 
sustentável para um insustentável. 
Níveis de Existência Físico, Biológico e Social 
Há três níveis ou sistemas distintos de existência que obedecem às suas próprias leis (Dias, 
2004). São eles: 
Físico: O planeta físico, sua atmosfera, hidrosfera e litosfera (rocha e solos), que seguem as 
leis da física e da química. 
Biológico: A biosfera, com todas as espécies de vida, que obedecem às leis da física, química, 
biologia e ecologia. 
Social: A tecnosfera e a sociosfera, o mundo das máquinas e construções criadas pelo homem, 
governos e economias, artes, religiões e culturas, que seguem leis da física, da química, da 
biologia, da ecologia e também das leis criadas pelo homem. 
Um exemplo de uma lei física seguida por todos os níveis de existência é a lei da entropia – a 
Segunda Lei da Termodinâmica -, segundo a qual todas as máquinas se desgastam. 
Um exemplo da lei biológica aplicável a todas as formas de vida é que a composição química e 
organização de qualquer indivíduo são determinadas pelo código genético encerrado em 
longas moléculas de DNA dentro de cada célula, segundo o mesmo autor. 
As leis geradas pelo homem, que regulam sociedades e economias, são muito variáveis de 
acordo com as circunstâncias e com o tempo. Uma vez que o fenômenos ambientais 
obedecem às mesmas leis físicas, eles se comportam, em sua maioria, da mesma forma, em 
qualquer lugar, embora sua complexidade possa levar a enormes variações locais (Dias, 
2004). 
Similaridades e diferenças, leis físicas comuns e grande variedade de manifestação dessas leis 
caracterizam o planeta Terra (Dias, 2011). 
A Relação da Sociedade, Impacto Ambiental e Sobrevivência, Às Vistas do 
Desenvolvimento Sustentável 
A busca de um modelo de desenvolvimento sustentável e de sua consequente implantação já 
ocorre em algumas décadas, alicerçada na visão crítica da organização da sociedade humana 
e impulsionada pelos diversos problemas de caráter ambiental e social, tais como o 
aquecimento global, a ocorrência de grandes desastres ecológicos, a existência de grandes 
populações que vivem em condições de profunda pobreza e a má distribuição de riqueza 
natural humana. 
Um resultado importante desta discussão é a crescente conscientização sobre as significantes 
interferências que sistemas humanos impõem aos sistemas naturais, sobre o desequilíbrio 
ambiental resultante das mesmas sobre os impactos irreversíveis que tal desequilíbrio pode ter 
sobre os referidos sistemas humanos e naturais (Reis, Fadigas e Carvalho, 2005). 
Neste contexto, o modelo de desenvolvimento sustentável deve ser capaz não só de contribuir 
para a superação dos atuais problemas, mas também de garantir a própria vida, por meio da 
proteção e manutenção dos sistemas naturais que a tornam possível. Esses objetivos implicam 
na necessidade de profundas mudanças nos atuais sistemas de produção, organização da 
sociedade humana e de utilização de recursos naturais essenciais à vida no planeta, ainda 
segundo os mesmos autores. 
Vemos que a questão do desenvolvimento sustentável está presente em nossa sociedade, 
representada por um amplo conjunto de discussões e pela produção de textos e projetos, no 
âmbito internacional e local. Por exemplo, no Brasil, a Constituição de 1988 reflete esse 
quadro, com a inserção dessa questão em seu art. 225 (Philippi Junior, Malheiros e Aguiar, 
2005): 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” 
Para aprofundarmos o assunto, vamos ler o texto abaixo dos mesmos autores: 
O documento do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2011) cita que uma pesquisa do Conselho 
Internacional de Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI – International Council for Local 
Environmental Initiatives) revelou que: 
Até novembro de 1996, mais de 1.800 cidades em 64 países, envolveram-se em atividades de 
Agenda 21 local – A21L. Entre elas, o ICLEI constatou que: 933 cidades em 43 países já 
tinham estabelecido um processo de planejamento para o desenvolvimento sustentável, e 
outras 879 estavam apenas iniciando (p.12). 
O setor industrial também demonstra seu interesse nessa questão, refletido pelas mais de 2 
mil certificações em Sistemas Integrados de Gestão em todo o país. 
A complexidade da questão da sustentabilidade aumenta a necessidade e importância de 
ações de todos os setores da gestão do meio ambiente para busca de soluções integradas e 
sustentáveis. 
O entendimento da existência de limites no que se refere aos padrões de consumo e 
produção, e a necessidade de promoção de justiça social encerram questões de revisão e 
mudanças na forma de planejar; do melhor entendimento do funcionamento e da inter-relação 
dos espaços naturais e antrópicos e da promoção do envolvimento da comunidade no 
processo de gestão. 
Portanto o processo de construção do desenvolvimento sustentável deve priorizar estudo e 
compreensão das questões sociais, econômicas, ambientais, tecnológicas e políticas, presentes 
na sociedade humana e no meio ambiente no qual se insere. 
Diversos trabalhos vêm sendo elaborados no campo do assunto, na busca de princípios 
metodologias e ferramentas de avaliação. Eles têm como objetivo colaborar para a reversão 
dos processos de degradação ambiental1, consumo elevado de recursos naturais e 
desigualdade socioeconômica, alcançando assim melhoria da qualidade de vida os seres do 
planeta de forma sustentável. 
1 É a degeneração do meio ambiente, onde as alterações biofísicas do meio provocam uma 
alteração na fauna e flora naturais, existindo a possibilidade de perda de biodiversidade. A 
degradação ambiental é normalmente associada à ação de poluição com causas humanas, 
contudo, no decorrer da evolução de um ecossistema, pode ocorrer degradação ambiental por 
meios naturais. 
É preciso, portanto, contribuir na construção de políticas e processos de planejamento e 
gestão que direcionem o desenvolvimento em patamares sustentáveis. Aqui, percebe-se que 
entre os principais problemas no processo de gestão ambiental, se verifica que, em geral, não 
há um pleno reconhecimento da importância das políticas ambientais, como também ocorre 
um despreparo de órgãos públicos de gestão e sociedade, frente à complexidade dos assuntos 
ambientais. 
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 
Segundo Funiber (2010), uma forma de medir o desenvolvimento é através de indicadores, os 
quais normalmente estão relacionados apenas com questões econômicas. Contudo, quando se 
busca um caminho para o desenvolvimento sustentável, os indicadores devem ter de 
considerar as dimensões econômica, social e ambiental: 
Econômicos Sociais Ambientais 
Crescimento Participação Proteção 
Equidade Equidade Restauração 
Eficiência Organização Conservação 
 Identidade Cultural Autorregulação 
 Desenvolvimento Institucional Biodiversidade 
 Educação Emissões Globais 
 
É necessário, entretanto, que se busque formas de comunicação desses indicadores, de modo 
que possam ser compreendidos por todos os atores da comunidade, onde, então, a educação 
ambiental assume papel vital nesse processo. Para tornar isso possível, será preciso rever 
formas de comunicação dos indicadores ou mesmo fazer uma reavaliação daqueles 
atualmente em uso (Philippi Junior, Malheiros e Aguiar, 2005). 
Para concluirmos a aula: 
Pense que todas as coisas estão conectadas. O mundo é organizado em sistemas que são 
formados por três componentes: elementos, interconexões e funções. Os sistemas são mais 
do que a soma de suas partes. São dominados pelas inter-relações e seus propósitos, e 
organizados segundo uma hierarquia, segundo Dias (2011). 
Será que ainda podemos ter esperança para a prática do desenvolvimento sustentável na 
atual cultura social que vivemos, assim preservando o meio para presentes e futuras 
gerações? 
AULA 3 – DA QUESTÃO AMBIENTAL PARA O CAMPO DO CONSUMO 
Introdução 
O crescimento populacional vem causando sérios impactos degradadores sobre o meio 
ambiente neste século. O desenvolvimento da indústria, comércio bem como os diversos 
ramos do meio rural e urbano são considerados determinantes para as mudanças ambientais 
(Crescimento populacional e desenvolvimento sustentável). 
Segundo o mesmo site, o crescimento populacional ou demográfico vem sendo analisado por 
cientistas como razão do uso intensivo dos recursos naturais. Os estudos demonstram que os 
países com um rápido crescimento demográfico vêm enfrentando dificuldades para gerar um 
desenvolvimento econômico sustentável. 
Percebemos que a conscientização ambiental também está relacionada ao controle da 
natalidade e ao consumo desenfreado que estamos nos impondo culturalmente como fator de 
status social. Que tal começarmos a pensar nesses fatores para fazermos nossa parte na 
proteção ao meio ambiente de modo sustentável. 
Vamos analisar esse estudo de caso feito por Miller Junior (2007) para começarmos a refletir 
sobre o processo de: 
O Mundo Está Superpovoado? CONSUMO x CRESCIMENTO POPULACIONAL 
Prevê-se que a população humana aumentará de 6,5 bilhões a 8-9 bilhões ou mais entre 2005 
e 2050, com um crescimento particularmente rápido nos países em desenvolvimento, como a 
China. Esse fato levanta uma questão importante: O mundo pode fornecer um padrão de vida 
adequado para 2,4 bilhões de pessoas a mais sem que haja um vasto dano ambiental? 
Alguns argumentam que o planeta já está lotado, e em especial os países desenvolvidos, 
como os Estados Unidos, onde taxas de consumo de recursos ampliam o impacto ambiental 
de cada pessoa. Outros encorajam o crescimento populacional como uma forma de estimular 
o crescimento econômico. 
Conheça dois pontos de vista à respeito do crescimento populacional: 
 Eu não acredito que a Terra está superpovoada. O mundo pode suportar mais alguns 
bilhões de habitantes. 
 Precisamos diminuir o crescimento populacional! Já estamos falhando em suprir as 
necessidades básicas de cerca de um a cada cinco habitantes. 
Aqueles que não acreditam que a Terra está superpovoada apontam que a expectativa de vida 
média de 6,5 bilhões de pessoas é maior hoje do que já foi em qualquer época do passado, e 
está previsto que aumentará ainda mais. De acordo com essas pessoas, o mundo pode 
suportar mais alguns bilhões de habitantes. Também acreditam que o crescimento 
populacional representa o recurso mais valioso do mundo para solucionar problemas 
ambientais e outros, e para estimular o crescimento econômico em razão do aumento de 
consumidores. 
Alguns consideram qualquer forma de regular a população uma violação de créditos religiosos. 
Outros veem isso como uma invasão da privacidade e liberdade pessoal para se ter um 
número de filhos que quiserem. Determinados países em desenvolvimento e alguns membros 
das minorias de países desenvolvidos consideram o controle populacional uma forma de 
genocídio, cujo intuito é impedir que sua economia e suas forças políticas cresçam. 
O aumento da população e o conseqüente crescimento do consumo podem elevaros 
estresses ambientais, com doenças infecciosas, danos na biodiversidade, desmatamento de 
florestas tropicais, redução da pesca, escassez de água, poluição dos mares e mudanças 
climáticas. 
Os que defendem esse ponto de vista reconhecem que o crescimento populacional não é a 
única causa desses problemas. No entanto, eles argumentam que a adição de centenas de 
milhões de pessoas em países desenvolvidos e de bilhões em países em desenvolvimento só 
pode intensificar os problemas ambientais e sociais existentes. 
Esses analistas acreditam que as pessoas devem ter liberdade de gerar quantos filhos 
quiserem, mas somente se isso não reduzir a qualidade de vida das pessoas agora e no 
futuro, seja pelo enfraquecimento da capacidade da Terra de sustentar a vida, seja por 
rupturas sociais. De acordo com o ponto de vista deles, a limitação da liberdade dos indivíduos 
– um esforço de proteger a liberdade de outros indivíduos – é a base da maioria das leis nas 
sociedades modernas. 
Continuando nossa discussão, segundo Paul Hawken (2007), os problemas a serem 
enfrentados são vastos e complexos, mas se resumem a isto: 6,5 bilhões de pessoas estão 
procriando exponencialmente. O processo de atender a seus desejos e suas necessidades está 
privando a Terra de sua capacidade biótica de produzir vida; uma explosão de consumo por 
uma única espécie está afetando os céus, a terra, as águas e a fauna. 
Para discutir a relação entre os homens e o meio ambiente, é fundamental uma reflexão sobre 
o cenário em que essas questões emergiram: a modernidade. Com o termo modernidade, 
pretende-se incluir ou definir um processo que se inicia por volta do século XV, na Europa, 
marcado por profundas transformações em todas as dimensões da vida humana – da 
produção, da sociabilidade, da representação simbólica do mundo, das relações sociais e de 
poder -, fenômeno que, ao longo de 500 anos, se estendeu por todo o planeta, transformando 
os diferentes contextos (físicos e sociais) em que, progressivamente, foi acontecendo (Zioni, 
2009). 
Segundo a mesma autora, esse processo tem maior visibilidade na organização capitalista das 
relações 
de produção e consumo, mas não pode ser confundido com ela. Ainda que contemporâneos e 
bastante relacionados, a modernidade não os reduz ao curso de expansão capitalista, mesmo 
que esta venha moldando todos os campos da atividade humana. Por modernidade, entende-
se algo maior que o ethos de uma sociedade marcada pela apropriação privada da produção, 
pelo uso intensivo de energia e de tecnologia, pela racionalização da vida. 
1 Ethos é uma espécie de síntese dos costumes de um povo. O termo indica, de maneira geral, 
os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de 
outros. Seria assim, um valor de identidade social (Dicionário Aurélio, 2003). 
Por modernidade, entende-se, ainda, um projeto histórico de construção e representação da 
vida social que se desenvolveu a partir de dois pilares: o pilar da emancipação e o pilar da 
regulação (Santos, 2000 apud Zioni, 2009), projeto esse criador e criatura não só das 
sociedades modernas e contemporâneas, como também das formas hegemônicas de 
conhecimento e representação do mundo – social e natural – dessas sociedades, o 
conhecimento científico, a razão. 
Não podemos discutir sobre sociedade e meio ambiente e deixar de falar sobre população. O 
papel dado à população, segundo vários autores, reflete menos conflitos de evidências do que 
de interpretação da mesma evidência. Os estudos de caso com populações regionais têm 
sugerido cautela nas associações “população – transformação”. Isso, porém, não solapa o 
papel da população como importante força indutora de mudanças ambientais, mas acentua 
seu significado no contexto da organização tecnológica e sociocultural (Dias, 2004). 
Segundo o mesmo autor, quando esses estudos foram conduzidos regionalmente e em áreas 
que exibiam condições socioambientais similares, foram encontradas correlações fortes. 
Muitos estudos comparativos ofereceram evidências estatísticas que sustentavam correlações 
diretas entre crescimento populacional e desflorestamento. Bilsborrow e Okhoto-Ogendo 
(1999) citam diversos estudos que comprovaram tais correlações (Brasil, Haiti e Bolívia); 
entretanto, caracterizam-nas como “casuais”. Um estudo mais acurado foi desenvolvido na 
Guatemala, e a correlação direta foi estabelecida. No nosso estudo sobre a região de 
Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, em 1996-1999 (Dias, 1999), essa correlação foi muito 
clara, inclusive com outros vetores sociais, como a violência, o desemprego, o aumento da 
emissão de gases estufa e outros. 
O mesmo autor acredita que essa correlação será diminuída com a redistribuição de terras e 
diminuição do crescimento populacional. Acrescentam uma dura crítica ao governo brasileiro 
pela sua omissão no “Sexto Encontro Ministerial sobre o Ambiente na América Latina e Caribe” 
(Brasília, março de 1989), por não fazer constar na “Carta de Brasília” uma palavra sequer 
sobre crescimento populacional, apesar de tê-lo considerado “of the highest priority”, citam. 
Aqui, cria-se um impasse: 
 Os países ricos criticam os países pobres e em desenvolvimento pelo crescimento 
populacional desregrado. 
 Enquanto os países ricos são criticados por exibirem padrões de produção e consumo 
insustentáveis. 
Um outro estudo relevante, buscando a compreensão dessas inter-relações, foi conduzido por 
Myers (1995 apud Dias, 2004). Esse autor, enfatiza, falando sobre biodiversidade, que existem 
muitos elos que fazem o quadro muito mais complexo do que uma simples equação 
população/biodiversidade. 
Acrescenta que o crescimento populacional não é o único fator que está produzindo as 
mazelas ambientais conhecidas, não sendo mais que uma variável dentre as demais. São 
também importantes os tipos de tecnologia, o suprimento de energia, os sistemas 
econômicos, as relações comerciais, as persuasões políticas, as estratégias políticas e um 
conjunto de outros fatores que podem reduzir ou agravar o impacto do crescimento 
populacional (é óbvio que os padrões de produção e consumo estão por trás disso tudo, via 
“modelo de desenvolvimento”). 
Esse crescimento passa a ser significativo, em termos de produção de pressão ambiental, 
quando ele excede à capacidade de oferta de recursos naturais de um país aos seus 
habitantes ou quando excede a capacidade dos seus planejadores de desenvolvimento. 
Falando em população, não podemos deixar de entrar no contexto político. A palavra política, 
derivada do grego polis (cidade), tem sido empregada ao longo do tempo para designar o 
conjunto de atividades exercidas sobre a vida coletiva, assim como as reflexões sobre essas 
atividades e a instituição encarregada de sua implementação, o Estado. 
Atos políticos podem ser definidos como aqueles que dizem respeito à regulação de 
determinadas ações, que proíbem ou permitem à totalidade dos membros de um grupo, ou 
parte deles, uma determinada forma de ser. A palavra política, assim, designa não somente 
atos relacionados à conquista e à manutenção do poder, mas também uma série de atividades 
inerentes à vida coletiva (Zioni, 2008). 
Segundo a mesma autora, por poder entende-se a capacidade de, em uma relação social, um 
indivíduo ou grupo impor sua vontade a outros e, assim, determinar a forma de 
comportamento dos que se submetem a esse indivíduo ou grupo. Ao longo da história várias 
formas de conquista e manutenção do poder foram desenvolvidas no interior de diferentes 
sociedades visto que essa relação assimétrica vincula-se necessariamente a uma desigualdade 
social preexistente. 
 Poder Econômico: repousa na capacidade quea posse dos bens considerados vitais em 
determinadas situações, confere a quem os possui, no sentido de determinar o 
comportamento alheio. 
 Poder Ideológico: por sua vez, consiste na propriedade que determinados grupos 
possuem para criar e difundir valores – que lhes são próprios – para o conjunto da 
sociedade. 
 Poder Político: enfim, consiste na posse dos instrumentos mediante os quais se podem 
coagir outros indivíduos (Zioni, 2008). 
Ainda conforme a mesma autora, nas sociedades antigas, de pouca complexidade tecnológica 
e/ou posse comunal dos bens de produção, o poder ideológico representava a estratégia 
predominante de dominação. 
Nas sociedades modernas, de maior complexidade tecnológica e diferenciação social, o poder 
econômico passou a impor-se sobre as outras formas; em situações extremas, passou a 
ocupar lócus específico dos outros poderes como o Estado (poder político), a arte, a cultura, a 
ciência, a educação (poder ideológico). 
Nas sociedades contemporâneas, extremamente complexas, esses três tipos de poderes 
coexistem e se desenvolvem no sentido de que “fundamentam e mantém uma sociedade de 
desiguais” (Bobbio e Bovero, 1994 apud Zioni, 2008). Desde o período moderno da história 
ocidental, a noção de sociedade está compreendida na noção de Estado-Nação, termo que 
designa um conjunto de indivíduos que compartilham uma identidade cultural e, na maioria 
das vezes, um espaço geográfico. 
Para concluir a aula: 
A verdade é que tem gente demais no mundo! 
A população de 2017 está em cerca de 7,3 bilhões e está projetada para crescer em cerca de 
1 bilhão na próxima década. Deve alcançar 9,6 bilhões de pessoas até 2050. 
Os problemas que conhecemos hoje, serão apenas pequenas demonstrações do que pode 
acontecer com a nossa qualidade de vida, se os rumos da escalada humana não sofrerem 
redirecionamentos. Além de redirecionamentos, precisamos de controle na questão do 
consumo e melhor consciência ambiental. 
AULA 4 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
Introdução 
A sociedade humana, empurrada por padrões de consumo insustentáveis, impostos por 
modelos de desenvolvimento insanos, completados por um mórbido e renitente crescimento 
populacional, tornou-se mais injusta, desigual e insensível de poucas décadas para cá. Agora 
experimenta um profundo colapso de ética e de valores humanísticos, verificável em suas 
atitudes diárias, permitindo o crescimento da corrupção, a corrosão da democracia e o 
alargamento do fosso entre ricos e pobres (Dias, 2004). 
Vamos acrescentar a essa fala de Genebaldo Freire Dias todas as alterações ambientais 
globais, induzidas por dimensões humanas: poluição atmosférica, poluição das águas, dos 
solos, perda da biodiversidade, entre outros. 
Em nenhum período conhecido da história humana, ela precisou tanto de mudança de 
paradigma, de uma EDUCAÇÃO renovadora, libertadora. Mais do que produzir painéis solares 
mais baratos, reciclar e dotar os carros de células de combustível, em vez de petróleo, 
precisamos de um processo mais completo, que promova o desenvolvimento de uma 
compreensão mais realista do mundo. No século XX, o ser humano involuiu, ética e 
espiritualmente (Dias, 2004). 
O papel da educação ambiental nesse contexto torna-se mais urgente. Precisamos oferecer 
mais formação. A educação ainda “treina” o estudante, para ignorar as consequências 
ecológicas dos seus atos. 
Educação 
Educação, do vocábulo latino educere, significa conduzir, liderar, puxar para fora. Baseia-se na 
ideia de que todos os seres humanos nascem com o mesmo potencial, que deve ser 
desenvolvido no decorrer da vida. O papel do educador é, portanto, criar condições para que 
isso ocorra, criar condições para que levem o desenvolvimento desse potencial, que estimulem 
as pessoas a crescerem cada vez mais (Pelicioni, 2009). 
Segundo Paulo Freire, famoso educador brasileiro, hoje reconhecido internacionalmente: 
 ninguém educa ninguém 
 ninguém conscientiza 
 ninguém se educa sozinho. 
Isso significa que a educação depende de adesão voluntária, depende de quem a incorpora e 
não de quem a propõe. 
No Relatório para a UNESCO de 1996, da Comissão Internacional sobre Educação para o 
século XXI, a educação aparece como indispensável à humanidade na construção dos ideais 
de paz, da liberdade e da justiça social como também para o desenvolvimento contínuo, tanto 
das pessoas como das sociedades, do século XXI em diante (Pelicioni, 2009). 
Aqui, vemos que para falar de educação ambiental, temos que admiti-la como processo de 
educação política que busca formar para que a cidadania seja exercida e para uma ação 
transformadora, a fim de melhorar a qualidade de vida da coletividade. A abordagem 
sociocultural permite a ação pró-ativa e transformadora, proposta pela educação ambiental, se 
efetive, já que implica em formação para uma reflexão crítica (Pelicioni, 2009). 
A educação ambiental se coloca numa posição contrária ao modelo de desenvolvimento 
econômico vigente no sistema capitalista selvagem, em que os valores éticos, de justiça social 
e solidariedade não são considerados nem a cooperação é estimulada, mas prevalecem o lucro 
a qualquer preço, a competição, o egoísmo e os privilégios de poucos em detrimento da 
maioria da população (Pelicioni e Philippi Junior, 2005). 
Mas, enfim, qual é a definição de educação ambiental? 
Educação ambiental é um instrumento que pode proporcionar mudanças na relação do 
homem com o ambiente e surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da 
vida. 
A educação ambiental também pode ser chamada de EA, sua abreviação, e tem como 
proposta principal a superação da dicotomia entre natureza e sociedade, através da formação 
de uma atitude ecológica nas pessoas. Um dos seus fundamentos é a visão socioambiental, 
que afirma que o meio ambiente é um espaço de relações, é um campo de interações 
culturais, sociais e naturais (a dimensão física e biológica dos processos vitais). Ressalte-se 
que, de acordo com essa visão, nem sempre as interações humanas com a natureza são 
daninhas, porque existe um copertencimento, uma coevolução entre o homem e seu meio. 
Coevolução é a ideia de que a evolução é fruto das interações entre a natureza e as diferentes 
espécies, e a humanidade também faz parte desse processo. 
Histórico da Educação Ambiental 
1965 - Keele Conference on Education and Countryside 
1969 – Conferência da Biosfera 
1972 – Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano 
1977 – A primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental 
1987 – Congresso Internacional em Educação e Formação Ambientais 
1992 - Congresso Internacional em Educação e Formação Ambientais 
A educação ambiental (EA) na década de 1960, ainda não estava bem delineada e, por vezes, 
era confundida com educação conservacionista, aulas de ecologia ou atividades propostas por 
professores de determinadas disciplinas, que ora privilegiavam o estudo compartimentalizado 
dos recursos naturais e as soluções técnicas para os problemas ambientais locais, ora visavam 
despertar nos jovens um senso de maravilhamento em relação à natureza (Pelicioni, 2002 
apud Pelicioni, 2009). 
Vários autores apontam a Keele Conference on Education and Countryside, realizada em 1965, 
na Universidade de Keele (Inglaterra), como um marco a partir do qual o termo Environmental 
Education (educação ambiental), que circulava em meios específicos, alcançou ampla 
divulgação (Martin e Wheeler, 1975 apud Pelicioni, 2009). 
Pouco tempo depois, na Grã-Bretanha, implantou-se o Conselho para Educação Ambiental, 
voltado para a coordenação de organizações envolvidas com os temas educação e meio 
ambiente. Já em 1970, segundo Pelicioni(2009), o Conselho para EA fazia o seguinte alerta 
por meio de um relatório: 
... pessoas diferentes atribuem diversos significados {à EA}, e também muitos dos que usam o 
termo não têm certeza do que querem dizer. Parte da confusão emerge da tendência de 
ministrantes de diversas disciplinas em se apropriar do termo “ambiental” para sua área, qual 
seja ecologia, geografia, história, arqueologia, arquitetura, planejamento, sociologia ou 
estudos rurais. Alguns pensam exclusivamente em termos de ambientes naturais, outros em 
ambiente urbano ou em qualquer estágio do ambiente construído. 
No Brasil, durante a década de 1960, ocorreu uma nova onda de produção legislativa – o novo 
Código Florestal, a nova Lei de Proteção aos Animais e a criação de vários parques nacionais e 
estaduais. Entretanto, continuavam não sendo discutidos problemas fundamentais como o 
estilo de desenvolvimento que o país deveria adotar, a poluição, o zoneamento das atividades 
urbano-industriais, entre outros. Como observa Drummond (1997): 
... a disseminação da consciência ambientalista no Brasil foi muito prejudicada pelos altos e 
baixos da democratização do país. A ditadura de 1964 desmobilizou a cidadania, resultando 
numa atuação estatal tímida e particularmente voltada para a preservação do chamado 
ambientalismo geográfico, naturalista, ou seja, ainda voltado para a criação de áreas naturais 
protegidas. 
No final da década de 1960, percebemos que a problemática ambiental suscita debates no 
mundo: A UNESCO (em colaboração com outras entidades) organiza a Conferência 
Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação 
Racionais dos Recursos da Biosfera, ou simplesmente, a Conferência da Biosfera. Esse evento, 
em Paris, deu continuidade ao tema da cooperação internacional em pesquisas científicas, que 
havia sido inicialmente abordado, em 1949, na Conferência Científica das Nações Unidas sobre 
a Conservação e Utilização de Recursos (Pelicioni, 2009). 
Após Estocolmo e seguindo sua recomendação de número 96, que atribuiu grande 
importância estratégica à EA, dentro dos esforços de busca da melhoria de qualidade 
ambiental, foram realizados diversos encontros nacionais, regionais e internacionais, dentro os 
quais, destacaremos o de Tbilisi, o de Moscou e o do Rio de Janeiro (Brasil). 
Para conhecermos estes encontros, vamos ler as informações de Genebaldo Freire Dias 
(2004): 
Tbilisi, 1977: 
A primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi) 
foi realizada em Tbilisi na capital da Geórgia, CEI (ex-URSS), de 14 a 26 de outubro de 1977, 
organizada pela UNESCOA, em cooperação com o Pnuma, e constituiu-se num marco histórico 
para a evolução da EA. 
Até o presente, a Conferência de Tbilisi é a referência internacional para o desenvolvimento de 
atividades de educação ambiental. 
Esta Conferência produziu um documento, publicado em 1980, chamado “Livro Azul”, que até 
hoje é uma importante fonte de consulta para ações em EA. 
De uma forma sintética, o documento explica que: 
1. Mediante a utilização dos avanços da ciência e da tecnologia, a educação deve 
desempenhar uma função capital com vistas a criar a consciência e a melhor 
compreensão dos problemas que afetam o meio ambiente. Essa educação há de 
fomentar a elaboração de comportamentos positivos de conduta com respeito ao meio 
ambiente e à utilização de seus recursos pelas nações. 
2. O EA deve dirigir-se a pessoas de todas as idades, a todos os níveis, na educação 
formal e não formal. Os meios de comunicação social têm a grande responsabilidade 
de por seus enormes recursos a serviço dessa missão educativa. 
3. A EA, devidamente entendida, deveria constituir uma educação permanente, geral, que 
reaja às mudanças que se produzem em um mundo em rápida evolução. Essa 
educação deveria preparar o indivíduo, mediante a compreensão dos principais 
problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e 
qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva, com vistas a 
melhorar a vida e proteger o meio ambiente, prestando a devida atenção aos valores 
éticos. 
4. Ao adotar um enfoque global, sustentado em uma ampla base interdisciplinar, a EA cria 
uma perspectiva dentro da qual se reconhece a existência de uma profunda 
interdependência entre o meio natural e o meio artificial, demonstrando a continuidade 
dos vínculos dos atos do presente com as consequências do futuro, bem como a 
interdependência entre as comunidades nacionais e a solidariedade necessária entre os 
povos. 
Moscou, 1987: 
Dez anos depois da Conferência de Tbilisi, trezentos especialistas de cem países e 
observadores da IUCN, reuniram-se em Moscou, CEI (17 a 21 de agosto de 1987) para o 
Congresso Internacional em Educação e Formação Ambientais, promovido pela Unesco/ 
Unep/IEEP, conhecido como o Congresso de Moscou. 
O Congresso objetivou a discussão das dificuldades encontradas e dos progressos alcançados 
pelas nações, no campo da EA, e a determinação de necessidades e prioridades em relação ao 
seu desenvolvimento, desde Tbilisi. Fez uma análise da situação ambiental global e não 
encontrou sinais de que a crise ambiental houvesse diminuído. Ao contrário, o abismo entre as 
nações aumentou e as mazelas dos modelos de desenvolvimento econômico adotados se 
espalharam pelo mundo, piorando as perspectivas para o futuro. 
Concordou-se que a EA deveria, simultaneamente, preocupar-se com a promoção da 
conscientização, transmissão de informações, desenvolvimento de hábitos e habilidades, 
promoção de valores, estabelecimento de critérios e padrões, e orientações para resolução de 
problemas e tomada de decisões. Portanto, deveria objetivar modificações comportamentais 
nos campos cognitivos e afetivos. 
Rio-92: 
A Conferência do Rio, ou Rio-92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced ou Earth Summit), veio contrariar os que 
gostam de tornar as coisas mais complicadas. Através do capítulo 4, Seção IV da Agenda 21, a 
Rio-92 corroborou as recomendações de Tbilisi para a EA. 
Ficou patente a necessidade do enfoque interdisciplinar e da prioridade das seguintes áreas de 
programas: 
 Reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável. 
 Aumentar os esforços para proporcionar informações sobre o meio ambiente, que 
possam promover a conscientização popular. 
 Promover o treinamento. 
Mas a Agenda 21, um programa de ação de 800 páginas, não restringe a EA à Seção IV. A EA 
está presente em quase todos os 39 capítulos do documento, prevendo ações até o século 
XXI. 
A Rio-92 também endossou as recomendações da Conferência sobre Educação para Todos, 
realizada na Tailândia (1990), que incluiu o tratamento da questão do analfabetismo 
ambiental. Esse tipo de analfabetismo foi classificado como o mais cruel, pernicioso e letal 
para a perda contínua e progressiva da qualidade de vida no planeta. 
No capítulo 36 da Agenda 21 sugere-se a implantação de Centros Nacionais ou Regionais de 
Excelência especializados em Meio Ambiente. 
Para Concluir a Aula: 
É importante termos a percepção de que a discussão da educação ambiental transcende a 
educação formal e os próprios encontros especializados no assunto, mas parte também da 
educação familiar e social. Somente através da união desses fatores é que poderemos ter 
esperança de que a preservação ambiental, para nosso presente e futuro no planeta, 
realmente aconteça, assim gerando a tão almejada sustentabilidade. 
AULA 5 – PREOCUPAÇÃO MUNDIAL 
Introdução 
Como podemos relacionar a sociedade e a natureza de uma forma harmônica e não 
depreciativa?Esta é uma questão polêmica a qual ainda hoje o homem tem muita dificuldade em 
responder. 
Segundo Hammes (2004), algumas das paisagens mais admiradas são produtos da 
degradação ambiental ocasionada pela própria natureza. 
A erosão provocada pelos ventos ou pela água contorna esculturalmente as rochas, 
contribuindo para a formação dos solos. Já, a intervenção nas regiões selvagens pelo ser 
humano, ocorre à custa de grande prejuízo ecológico. 
Será que o homem é o grande vilão da alteração maléfica do meio ambiente? Isso tem 
solução? A gestão ambiental pode ajudar nisso? 
Política e o Meio Ambiente 
Para começarmos a falar sobre gestão ambiental, temos, obrigatoriamente, que falar sobre 
política. 
Ao instituir uma política ambiental, é necessário que o governo estabeleça os objetivos, defina 
as estratégias de ação, crie as instituições e estruture a legislação que a contém e que orienta 
sua aplicabilidade. 
Esse universo de implementação da política constitui o sentido da gestão ambiental. 
Com isso, a gestão ambiental é, portanto, a implementação pelo governo de sua política 
ambiental, pela administração pública, mediante a definição de estratégias, ações, 
investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de garantir a qualidade 
do meio ambiente, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável (Philippi 
Junior e Maglio, 2009). 
Segundo os mesmos autores é preciso salientar que existem outras definições para gestão 
ambiental, mas o conceito original, segundo a Lei 6.938/81, diz respeito à administração, pelo 
governo, do uso de recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, 
investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou 
recuperar a qualidade do meio ambiente, assegurar a produtividade dos recursos e 
desenvolvimento social. 
A Encyclopedia Britannica (1978 apud Verocai, 1997) realça a visão de gestão relacionando-a 
ao uso racional de recursos naturais: o controle apropriado do meio ambiente físico, para 
propiciar seu uso com o mínimo abuso, de modo a manter as comunidades biológicas, para o 
benefício continuado do homem. 
Já Hurtubia (1980 apud Philippi Junior e Maglio, 2009) coloca a perspectiva da gestão 
ambiental relacionada ao uso produtivo de recursos naturais em atividades primárias. A tarefa 
de administrar o uso produtivo de um recurso renovável sem reduzir a produtividade e a 
qualidade ambiental, normalmente em conjunto com o desenvolvimento de uma atividade. 
Suporte dos Ecossistemas 
Outro enfoque relaciona a gestão ambiental ao conceito de capacidade de suporte dos 
ecossistemas. 
Tentativa de avaliar valores-limites das perturbações e alterações que, uma vez excedidos, 
resultam em recuperação bastante demorada do meio ambiente, e a tentativa de manter os 
ecossistemas dentro de suas zonas de resiliência1, de modo a maximizar a recuperação dos 
recursos do ecossistema natural para o homem, assegurando sua produtividade prolongada e 
de longo prazo (Interim Mekong Committee, 1982 apud Philippi Junior e Maglio, 2009). 
1 Capacidade de um ecossistema retornar ao seu estado de equilíbrio dinâmico, após sofrer 
uma alteração ou agressão. 
Gestão Ambiental 
Numa visão mais moderna, a gestão ambiental desenvolve-se com base na formulação de 
uma política ambiental, em que estejam definidos os instrumentos de gestão a serem 
utilizados (controle ambiental, avaliação de impactos ambientais, planejamento ambiental, 
objetos de conservação ambiental, planos de gestão etc.). Como elementos dessa política, 
devem ser também definidos os critérios de uso, de manejo e de controle da qualidade dos 
recursos ambientais (Philippi Junior e Maglio, 2009). 
Nos últimos anos, o conceito de gestão vem sendo utilizado para incluir, além da gestão 
pública do meio ambiente, os programas de ação desenvolvidos por empresas e instituições 
não-governamentais para administrar suas atividades dentro dos modernos princípios de 
proteção do meio ambiente. 
Estes podem complementar a ação pública em aspectos não relacionados com a ação 
normativa e de controle, que é exclusiva da instância governamental. Dessa forma o conceito 
de gestão ambiental tem evoluído na direção de uma perspectiva de gestão compartilhada 
entre os diferentes agentes envolvidos e articulados em seus diferentes papéis, segundo os 
mesmos autores. 
Gestão ambiental é, portanto, um processo político-administrativo de responsabilidade do 
poder constituído, destinado a, com participação social, formular, implementar e avaliar 
políticas ambientais a partir da cultura, realidade e potencialidade de cada região, em 
conformidade com os princípios de desenvolvimento sustentável. 
Qualidade Ambiental 
A preocupação com a qualidade ambiental vem crescendo com a evolução da sociedade, 
paulatinamente, à medida que os problemas se tornam cruciais e exigem soluções. 
Soluções essas que vêm sendo tomadas pelo poder público em seus códigos e nas demais 
legislações, muitas vezes exigindo intervenções diretas nos diferentes níveis de governo. 
O conhecimento de situações como essas, não só pelos cidadãos locais, mas especificamente 
por viajantes de outros estados e países, observa-se no século XIX como a oportunidade de 
troca de experiências, levando a inovações e ao aperfeiçoamento das tecnologias usuais 
(Bruno, 2009). 
Conforme o mesmo autor, essa troca de experiências ganhou maior amplitude no século XX, 
destacando-se sua última década, quando as conferências internacionais assumem o papel 
dos viajantes do século anterior, tornando-se mais que pontos de troca de experiências, à 
medida que passam a ser também os locais de assinaturas de convenções e de protocolos 
internacionais. 
É por esses documentos que os países signatários desses acordos se comprometem com o 
propósito firme de cuidar do meio ambiente, com a finalidade de criar condições propícias à 
qualidade de vida de suas populações. 
Preservação Ambiental 
Em sua evolução, a sociedade volta-se globalmente para preservar o meio ambiente em prol 
das gerações futuras. Com decisões socioeconômicas tomadas em prol da manutenção dos 
recursos ambientais, as repercussões se fazem sentir especialmente nas atividades urbanas, 
pois é nas cidades que hoje se concentra a maioria da população mundial, cerca de 80%. 
Nesse panorama de encontros e discussões sobre o meio ambiente, destaca-se a importância 
da formação de profissionais que saibam compreender as diferentes dificuldades de suas 
sociedades, podendo então contribuir com soluções adequadas, não predatórias e voltadas 
para a conservação, a preservação e o controle dos recursos da natureza (alterado de Philippi 
Junior, Roméro e Bruna, 2009). 
AULA 6 – LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
Introdução 
Desde o princípio, o homem interage com o meio ambiente esforçando-se em descobrir as 
charadas da natureza. A condição rude do homem primitivo não o impediu de ser criativo para 
melhor viver. Os registros da pré-história revelam sua enorme capacidade organizativa e 
coordenação motora diferenciada. Fazendo uso desses talentos, no afã de evitar seu próprio 
aniquilamento ante a natureza selvagem, o homem conquistou o mundo (Pedro e Frangetto, 
2009). 
Segundo os mesmos autores, não se pode negar que a disputa homem versus natureza 
mostra, a princípio, instintiva atitude do ser inteligente em busca de um equilíbrio de forças 
com tudo que na imensidão o circunda. 
A harmonia com o meio ambiente, porém, é obstruída pelo aumento do número de pessoas, 
bem como pelo consumo em larga escala dos recursos ambientais. Sem a administração 
desses recursos, é impossível tê-los acessíveis a todos. 
Com isso surgeas políticas públicas, que deveriam regular o uso desses recursos, necessários 
para a vida da sociedade, de forma justa e com igualdade. 
Será que é isso que observamos das políticas públicas atuais do Brasil? 
Políticas Públicas Relacionadas ao Meio Ambiente 
Segundo Sorrentino et al. (2005), a palavra política origina-se do grego e significa limite. 
Dava-se o nome de ao muro que delimitava a cidade do campo. Só depois se passou a 
designar polis o que estava contido no interior dos limites do muro. O resgate desse 
significado, como limite, talvez nos ajude a entender o verdadeiro significado da política, que 
é a arte de definir os limites, ou seja, o que é o bem-comum (Gonçalves, 2002, p. 64). 
Para Arendt (2000), a pluralidade é a “condição pela qual” (conditio per quam) da política, 
implica e tem por função a conciliação entre pluralidade e igualdade. Quando entendemos 
política a partir da origem do termo, como limite, não falamos de regulação sobre a 
sociedade, mas de uma regulação dialética sociedade-Estado que favoreça à pluralidade e a 
igualdade social e política. 
Por seu turno, o ambientalismo coloca-nos a questão dos limites que as sociedades têm na 
sua relação com a natureza, com suas próprias naturezas como sociedades. Assim, resgatar a 
política é fundamental para que se estabeleça uma ética da sustentabilidade resultante das 
lutas ambientalistas (Sorrentino et al., 2005). 
Munidos desses preceitos, entenderemos melhor o histórico das políticas públicas de meio 
ambiente em nosso país (não que a mesma seja justificável em seus erros e acertos, mas está 
hoje da forma como se apresenta por determinantes históricos). 
Política Ambiental 
Até o início do século XX, o campo político e institucional brasileiro não se sensibilizava com 
os problemas ambientais, embora não faltassem problemas e nem vozes que os apontassem. 
A abundância de terras férteis e de outros recursos naturais, enaltecida desde a Carta de 
Caminha ao rei de Portugal, tornou-se uma espécie de dogma que impedia enxergar a 
destruição que vinha ocorrendo desde os primeiros anos da colonização. 
A degradação de uma área não era considerada um problema ambiental pela classe política, 
pois sempre havia outras a ocupar com o trabalho escravo. As denúncias sobre o mau uso dos 
recursos naturais não encontravam ecos na esfera política dessa época, embora muitos 
denunciantes fossem políticos ilustres, como José Bonifácio, Joaquim Nabuco e André 
Rebouças. 
Nenhuma legislação explicitamente ambiental teve origem nas muitas denúncias desses 
políticos, que podem ser considerados os precursores dos movimentos ambientalistas 
nacionais e que, já nas suas origens, apresentavam uma tônica socioambiental dada pela luta 
contra a escravatura, a monocultura e o latifúndio. 
Somente quando o Brasil começa a dar passos firmes em direção à industrialização, inicia-se o 
esboço de uma política ambiental. A adesão do Brasil aos acordos ambientais multilaterais das 
primeiras décadas do século XX, praticamente não gerou nenhuma repercussão digna de nota 
na ordem interna do país. Tomando como critério a eficácia da ação pública e não apenas a 
geração de leis, pode-se apontar a década de 1930 como o início de uma política ambiental 
efetiva (Barbieri, 2010). 
Evolução da Política Ambiental 
Conforme Barbieri (2010), uma data de referência é o ano de 1934, quando foram 
promulgados os seguintes documentos relativos à gestão de recursos naturais: 
 Código de Caça. 
 Código Florestal. 
 Código de Minas. 
 Código de Águas. 
Outras iniciativas governamentais importantes desse período foram: criação do Parque 
Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil e a organização do patrimônio histórico e artístico 
nacional. As políticas públicas dessa fase procuram alcançar efeitos sobre os recursos naturais 
por meio de gestões setoriais (água, florestas, mineração, etc), para as quais foram sendo 
criados órgãos específicos, como o Departamento Nacional de Recursos Minerais, 
Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica e outros. 
Os problemas relativos à poluição só seriam sentidos em meados da década de 1960, quando 
o processo de industrialização já havia se consolidado. No início dessa fase, na década de 
1930, o rio Tietê, por exemplo, era usado para lazer de muitos paulistanos, que se tornaria 
inviável algumas décadas depois. Até meados da década de 1970, a poluição industrial ainda 
era vista como um sinal de progresso e, por isso, muito bem-vinda para muitos políticos e 
cidadãos. 
Política de Comando e Controle 
Enquanto as mudanças ocorriam no Brasil, no mundo iniciava-se uma política de comando e 
controle (Command and Control Policy), que assumiu duas características muito definidas, 
segundo Lustosa, Cánepa e Young (2003): 
 A imposição pela autoridade ambiental, de padrões de emissão incidentes sobre a 
produção final (ou sobre o nível de utilização de um insumo básico) do agente poluidor. 
 A determinação da melhor tecnologia disponível para abatimento da poluição e 
cumprimento do padrão de emissão. 
A razão de ser dessa política é perfeitamente compreensível. Dado o elevado crescimento das 
economias ocidentais no pós-guerra, com a sua também crescente poluição associada, é 
necessária uma intervenção maciça por parte do Estado. 
Este não pode mais se apoiar simplesmente na disputa em tribunais, caso a caso (esfera do 
Direito Civil), sendo necessário dispor de instrumentos vinculados ao Direito Administrativo, 
mais adequados a essa atuação maciça. 
Entretanto, essa política “pura” de comando e controle apresenta uma série de deficiências, 
como a morosidade de sua implementação, segundo os mesmos autores. 
Política Ambiental no Mundo 
Tentando solucionar os problemas, de certo modo acumulados e agravados ao longo do 
tempo, os países desenvolvidos encontram-se hoje numa terceira etapa da política ambiental 
e que, à falta de melhor nome, poderíamos chamar de política “mista” de comando e controle. 
Nessa modalidade de política ambiental, os padrões de emissão deixam de ser meio e fim da 
intervenção estatal e passam a ser instrumentos, dentre outros, de uma política que usa 
diversas alternativas e possibilidades para a consecução de metas acordadas socialmente. 
Temos assim, a adoção progressiva dos padrões de qualidade dos corpos receptores como 
metas de política e a adoção de instrumentos econômicos – em complementação aos padrões 
de emissão – no sentido de induzir os agentes a combaterem a poluição e a moderarem a 
utilização dos recursos naturais, ainda conforme Lustosa, Cánepa e Young (2003). 
O Brasil, após a Conferência de Estocolmo de 1972, quando as preocupações ambientais se 
tornam mais intensas, embora nessa ocasião o governo militar brasileiro não reconheceu a 
gravidade dos problemas ambientais e defendeu sua ideia de desenvolvimento econômico, na 
verdade um maldesenvolvimento, em razão da ausência de preocupações com o meio 
ambiente e a distribuição de renda. 
Porém, os estragos ambientais mais do que evidentes e a colocação dos problemas ambientais 
em dimensões planetárias exigiram do poder público uma nova postura. Em 1973, o Executivo 
Federal cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente e diversos estados criaram sua agências 
ambientais especializadas, como a Cetesb no Estado de São Paulo e a Feema no Estado do Rio 
de Janeiro (Barbieri, 2010). 
Política Ambiental no Brasil 
O mesmo autor também mostra que, em matéria ambiental, o Brasil também seguiu uma 
tendência observada em outros países. Onde os problemas ambientais são percebidos e 
tratados de modo isolado e localizado, repartindo o meio ambiente em solo, ar e água, e 
mantendo a divisão dos recursos naturais: água, florestas,recursos minerais e outros. Só no 
início da década de 1980 é que passariam a ser considerados problemas generalizados e 
interdependentes, que deveriam ser tratados mediante políticas integradas. 
A legislação federal sobre matéria ambiental nessa fase procurava atender problemas 
específicos, dentro de uma abordagem segmentada do meio ambiente e percebe-se isso 
através dos textos legais abaixo 
 Decreto-lei 1.413 de 14/8/1975 sobre medidas de prevenção da poluição industrial. 
 Lei 6.453 de 17/10/1977 sobre responsabilidade civil e criminal relacionada com 
atividades nucleares. 
 Lei 6.567 de 24/9/1978 sobre regime especial para exploração e aproveitamento das 
substâncias minerais. 
 Lei 6.766 de 19/12/1981 sobre o parcelamento do solo urbano. 
 Lei 6.902 de 27/04/1981 sobre a criação de estações ecológicas e áreas de proteção 
ambiental. 
Foi com o advento da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política 
Nacional do Meio Ambiente, que conhecemos uma definição legal e passamos a ter uma visão 
global de proteção ao meio ambiente. 
Ela foi editada com o fito de estabelecer a política nacional do meio ambiente, seus fins, 
mecanismos de formulação, aplicação, conceitos, princípios, objetivos e penalidades devendo 
ser entendida como um conjunto de instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e 
econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentado da sociedade e da 
economia brasileira. 
Embora tenha sido editada no início da década de 1980, continua sendo de fundamental 
importância para o meio ambiente (Funiber, 2009). 
Políticas Públicas de Educação Ambiental 
Para compreendermos as políticas públicas de educação ambiental, vamos ler o texto de 
Sorrentino et al. (2005), que fala sobre “A questão da educação ambiental como política 
pública”. 
Com esse texto, podemos perceber a discussão da educação ambiental nas políticas públicas 
no Brasil, que ainda está em fase de amadurecimento e também é muito polêmica. 
Segundo Ferreira (apud Tavolaro, 1999) "As políticas públicas estão hoje a meio caminho 
entre um discurso atualizado e um comportamento social bastante predatório: por um lado, as 
políticas públicas têm contribuído para o estabelecimento de um sistema de proteção 
ambiental no país; mas, por outro, o poder público é incapaz de fazer cumprir aos indivíduos e 
às empresas uma proporção importante da legislação ambiental" (p. 107). 
Tal quadro parece repetir-se no momento em que descemos ao nível estadual. A mesma 
autora coloca que a implementação dessas políticas restringiu-se ao caráter preservacionista 
da questão, além das agências estaduais de meio ambiente atuarem de forma marginal, com 
poucos recursos, e desconectadas das demais políticas. 
Vista desse ângulo, por que apostar tantas fichas na internalização da questão ambiental pelas 
políticas públicas municipais no caso brasileiro? 
Temos que ter em mente que: “a sociedade não é o lugar da harmonia, mas, de conflitos e de 
confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, das relações 
sociais, dos valores, etc.).” A diversidade de opções ambientalistas resulta numa certa 
conflituosidade que necessariamente conduz ao campo político da negociação dos valores e 
interesses na condução democrática de políticas públicas, tornando o processo de gestão 
ambiental inequivocamente participativo (Quintas, 2000 apud Layrargues, 2003). 
AULA 7 – SUSTENTABILIDADE 
Introdução 
Algumas pessoas acreditam que temos a responsabilidade ética de não degradar os 
ecossistemas, a biodiversidade e a biosfera para todas as formas de vida, assim como 
acreditam que qualquer visão do mundo centrada no ser humano falhará no final, pois ela 
assume, de forma errada, que agora temos ou podemos ter conhecimento suficiente para nos 
tornarmos gerentes ou administradores efetivos da Terra (Miller Junior, 2007). 
O mesmo autor afirma que esses críticos, apontam que não sabemos como muitas espécies 
vivem na Terra, muito menos quais são seus papéis, como interagem umas com as outras e 
como é seu ambiente não vivo. Temos apenas uma suspeita do que acontece em um punhado 
de solo, em uma campina ou em qualquer outra parte da Terra. 
A partir dessa informação, surge uma questão: Se não conhecemos o suficiente a Terra e nem 
temos a capacidade de reproduzir esse grande sistema, por que, então, a estamos destruindo 
(mesmo sabendo que ela é um recurso esgotável)? 
Visões de Mundo 
Antes de entrarmos nos conceitos e objetivos da sustentabilidade, tal qual ela o é, vamos 
continuar lendo o texto de Miller Junior (2007) para podermos entender melhor as explicações 
da aula: 
Alguns críticos acreditam que as visões de mundo ambientais centradas no ser humano 
deveriam ser expandidas para reconhecer o valor intrínseco ou inerente de todas as formas de 
vida, independentemente de seu uso potencial ou real para os seres humanos. A maioria das 
pessoas que têm essa visão de mundo acredita que temos responsabilidade ética de evitar a 
extinção prematura de espécies por meio de nossas atividades por três razões. 
 Cada espécie é depósito único de informações genéticas e deveria ser respeitada e 
protegida simplesmente porque existe (valor intrínseco). 
 Cada espécie é um bem econômico potencial para uso humano (valor instrumental). 
 Populações de espécies são capazes, por meio da evolução e da especiação, de se 
adaptar às mudanças das condições ambientais. 
Alguns acreditam que devemos ir além de focar nas espécies. De acordo com essas pessoas, 
temos responsabilidade ética de não degradar os ecossistemas, a biodiversidade e a biosfera 
para esta e para as futuras gerações de seres humanos e de outras espécies. Essa visão de 
mundo ecocêntrica é dedicada à preservação da biodiversidade e do funcionamento de 
sistemas de suporte à vida para todas as vidas. 
Uma das visões de mundo centradas na Terra é chamada visão de mundo de sabedoria 
ambiental. Em muitos aspectos, ela é o oposto da visão de mundo de gestão planetária. 
De acordo com essa visão de mundo, somos parte – não estamos isolados – da comunidade 
de vida e dos processos ecológicos que sustentam todas as formas vivas. 
Manejo Planetário Gerenciamento Sabedoria Ambiental 
Nós estamos afastados do 
restante da natureza e 
podemos utilizá-la para 
satisfazer nossas 
necessidades e desejos 
crescentes. 
Temos responsabilidade ética 
de sermos os gerentes ou 
administradores cuidadosos 
da Terra. 
Nós somos uma parte da 
natureza e dependemos dela; 
a natureza existe para todas 
as espécies. 
Por causa de nossa 
inventividade e tecnologia 
não haverá falta de recursos. 
Provavelmente não ficaremos 
sem recursos, mas eles não 
devem ser desperdiçados. 
Os recursos são limitados, 
não deveriam ser 
desperdiçados e não são 
exclusividade nossa. 
O potencial para o 
crescimento econômico é 
ilimitado. 
Deveríamos encorajar formas 
benéficas de crescimento 
econômico e desencorajar as 
formas prejudiciais ao meio 
ambiente. 
Deveríamos encorajar formas 
sustentáveis de crescimento 
econômico e desencorajar as 
formas degradantes. 
Nosso sucesso depende de 
quão bem utilizaremos os 
sistemas de suporte à vida 
principalmente em nosso 
benefício. 
Nosso sucesso depende de 
quão bem utilizaremos os 
sistemas de manutenção da 
vida em nosso benefício e do 
restante da natureza. 
Nosso sucesso depende de 
aprender como a natureza se 
sustenta e integrar essas 
lições ao nosso modo de 
pensar. 
 
Agora ficou mais claro como podemos ter visões de mundo diferentes. Nosso desafio é 
tentarmos focar naquela que se reverta em benefícioconjunto: Terra, homem e outras formas 
de vida. 
Mas, e as definições de sustentabilidade, o que é afinal sustentabilidade? 
Miller Junior (2007), coloca que sustentabilidade é a capacidade dos diversos sistemas da 
Terra, incluindo as economias e sistemas culturais humanos, de sobreviverem e se adaptarem 
às condições ambientais em mudança. 
Segundo o mesmo autor, a primeira etapa é conservar o capital natural da Terra – os recursos 
e serviços naturais que mantêm a nossa e outras espécies vivas e que dão suporte às nossas 
economias. 
Renda Natural 
O primeiro passo em direção à sustentabilidade é entender os componentes e a importância 
do capital natural e da renda natural ou biológica que ela fornece. 
Para os economistas, capital é a riqueza para sustentar uma empresa e gerar mais riqueza. O 
capital financeiro pode gerar renda financeira. Por exemplo, suponha que você invista R$ 
10.000,00 e obtenha 10% de retorno sobre o valor aplicado ao ano. Em um ano você terá R$ 
1.000,00 de rendimento e aumentará seu capital para R$ 11.000,00. 
Por analogia, os recursos renováveis que compõem parte do capital natural da Terra, podem 
nos fornecer uma renda biológica indefinidamente renovável, desde que não usemos esses 
recursos mais rápido do que a natureza o renova. Por exemplo, os serviços naturais, como a 
reciclagem de nutrientes e o controle do clima (incluindo a precipitação), renovam os recursos 
naturais, como a superfície do solo e os depósitos de água subterrâneos (aquíferos). A 
sustentabilidade significa sobreviver com essa renda biológica sem exaurir ou degradar o 
capital natural que a fornece (Miller Junior, 2007). 
Sustentabilidade na Sociedade Atual 
Vamos ler agora, o texto modificado de Reis, Fadigas e Carvalho (2009) para entendermos os 
objetivos da sustentabilidade na sociedade atual: 
Desde as primeiras discussões relacionadas ao meio ambiente, nas quais é possível ressaltar o 
papel coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU), vários acordos ambientais têm 
sido negociados e inúmeros fóruns de discussão criados com o objetivo de repensar o modelo 
economicista adotado para o desenvolvimento e de conter o encaminhamento para a exaustão 
dos recursos naturais. 
Embora ocorram grandes discussões, a implementação de ações objetivas tem sido muito 
lenta, em grande parte devido à complexidade do cenário multifacetado das nações, ao 
desequilíbrio da organização institucional do mundo e aos interesses políticos e econômicos 
específicos. 
É percebido, que nos últimos 20 anos, a agenda ambiental internacional e a busca pela 
sustentabilidade têm evoluído tanto no sentido de implementar os acordos já assinados, 
como no sentido de encontrar formas de proteger outros recursos naturais essenciais como, 
por exemplo, mananciais de água. Muito trabalho tem sido feito principalmente em nível 
político e científico. No setor econômico nota-se ainda cautela no sentido de adotar formas de 
produção sustentáveis, mas muitas empresas e setores já se posicionaram progressivamente 
nesse sentido. 
Muitas companhias internacionais não mais ignoram o fato de que padrões de sustentabilidade 
irão afetar mais e mais os padrões de consumo da sociedade e as formas de produção e de 
relação com os consumidores que dominarão o século XXI, sendo, portanto, condicionantes 
significativos de competitividade. 
Para que se alcancem os objetivos de sustentabilidade é importante que o trabalho iniciado 
prossiga em diversas frentes, em âmbito global e local, com a modificação dos sistemas 
produtivos e das práticas de uso dos recursos naturais. 
Para a pesquisadora Elisete Batista da Silva Medeiros, o objetivo da sustentabilidade é 
colocado sob forma de três restrições que vêm enquadrar a função utilidade intertemporal: 
 Os recursos naturais devem ser extraídos procurando fazer a substituição por recursos 
equivalentes. 
 A exploração dos recursos renováveis deve ser feita respeitando a sua renovação. 
 A emissão de rejeitos deve ser compatível com a capacidade de assimilação do 
ambiente. 
Segundo a mesma autora, o fator determinante da sustentabilidade é a rede de relações entre 
cinco componentes que configuram um determinado modelo de ocupação territorial, a partir 
de então pode se propor que a sustentabilidade depende das inter-relações entre seu/sua: 
população, referente a seu tamanho, sua composição e dinâmica demográfica; organização 
social, referente aos padrões de produção e de resolução de conflitos, e estratificação social; 
entorno, refere-se ao ambiente físico e construído, processos ambientais, recursos naturais; 
tecnologia, no que tange à inovação, ao progresso técnico, ao uso de energia; aspirações 
sociais, quanto aos padrões de consumo, os valores e a cultura. 
Novo Estilo de Desenvolvimento 
Quando o ser humano constitui a razão de ser do processo de desenvolvimento significa 
defender com razões e argumentos um novo estilo de desenvolvimento que seja: 
 Ambientalmente sustentável no acesso e no uso de recursos naturais conjuntamente 
com a preservação da biodiversidade. 
 Socialmente sustentável na redução da pobreza e das desigualdades sociais e 
promovendo a justiça e a equidade. 
 Culturalmente sustentável na conservação de valores, práticas e símbolos de 
identidade. 
 Politicamente sustentável ao aprofundar a democracia e garantir o acesso e a 
participação efetiva da população no processo de decisão de ordem pública, ainda 
segundo Medeiros. 
Esse estilo é guiado por uma nova ética de desenvolvimento, ética essa na qual os objetivos 
econômicos do progresso estão subordinados às leis de funcionamento dos sistemas naturais 
e aos critérios de respeito e dignidade humana e de melhoria da qualidade de vida das 
pessoas. 
Essa interpretação reflete um paradigma de desenvolvimento. Além disso, a sustentabilidade 
do desenvolvimento é resultado da preservação da integridade dos processos naturais que 
garantem os fluxos de energia e de materiais na biosfera, e que se consiga preservar a 
biodiversidade do planeta (Medeiros, 2007). 
Conclusão 
Nós precisamos entender que a Terra não precisa que a manejemos para que ela avance, mas 
nós precisamos da Terra para sobreviver. Não podemos salvar o planeta porque ele não 
precisa ser salvo (Miller Junior, 2007). 
O que precisamos salvar é a existência da nossa e de outras espécies que podem se tornar 
extintas por causa de nossas atividades, essa é a lição pregada pela sustentabilidade. 
AULA 8 – AÇÕES SUSTENTÁVEIS 
Introdução 
Desde o aparecimento da forma mais primitiva de vida na Terra, o planeta vem sofrendo 
alterações. Aquele pequeno e rudimentar ser unicelular que evoluiu no rico meio de cultura 
representado pela enorme massa líquida que hoje constitui os oceanos, ao encontrar 
condições favoráveis, por meio de um processo de divisão simples, multiplicou-se até dominar 
praticamente todo o meio hídrico. Tal processo, embora aparentemente simples, deu origem a 
uma cadeia de alterações no ambiente físico, químico e biológico, tornando-o cada vez mais 
adequado para organismos mais complexos que, por meio da seleção natural, sobreviveram 
ou desapareceram ao longo do processo evolutivo (Mucci, 2005). 
Segundo o mesmo autor, se a própria evolução biológica é responsável por alterações 
consideráveis na estrutura do planeta, por que o aparecimento da espécie humana é 
considerado como o marco do início da degradação ambiental? 
O que tem o Homo sapiens sapiens que aparece nesse cenário há apenas alguns milhões de 
anos, no pleistoceno, de tão especial que, ao mesmo tempo que o torna apto a sobreviver em 
todas as regiões da Terra, faz dele o maior poluidor entre todos os seres vivos?

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