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Constitucional II Gabriel Marques

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Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 1 
 
Direito Constitucional II – Gabriel Marques 
Prova I 
 
Aula 1 - 05/08/2016 
 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E FEDERAÇÃO: 
Dentre as formas de Estado, nós temos a Federação X Estado Unitário. Isso não quer dizer que necessariamente 
o Estado Unitário vá se tornar uma Federação. Há, hoje ainda, alguns países que optaram por um Estado Unitário 
e que não tem interesse em se tornar Federação, assim como há outros que preferem a Federação. 
 
1. ETIMOLOGIA: 
A palavra Federação tem uma etimologia que nos ajuda a entender o seu significado, deriva de Fedus, que 
significa pacto ou aliança. Em outras palavras, a forma Federativa de Estado é marcada pelo pacto ou pela 
aliança celebrados por diversos entes constitutivos de uma Federação, ou seja, é um acordo feito entre os entes 
que nela convivem para necessariamente mantê-la estável. 
Diferentemente de um Estado Unitário, na Federação é reconhecida a autonomia política de cada um dos entes 
constitutivos. 
Entes constitutivos da nossa Federação: União, estados, municípios e Distrito Federal. 
2. HISTÓRICO: 
 Comparação Estados Unidos X Brasil: 
Estados Unidos: 
 Independência em 04 de julho de 1776 
 1781 - Nesse ano as antigas 13 colônias americanas, experimentaram uma tentativa de organização, 
formularam aquilo que foi considerado os Artigos da Confederação. Essa foi a primeira tentativa de organização 
de um Estado Nacional recém independente, que foi um grande fracasso. E a partir desse fracasso foi que eles 
conseguiram construir a Federação norte-americana. 
 1787 - Ano que marcou a criação da Constituição da Federação americana. 
 Diferenças entre uma Confederação e uma Federação: 
 Na Confederação há o direito de secessão, que é o direito que determinado Estado possui de se retirar. 
Já na Federação não existe esse direito. 
 Em uma Confederação temos Estados Soberanos, vários Estados Soberanos que se reúnem em uma 
Confederação. Enquanto na Federação não temos essa pluralidade, só se pode falar apenas em UM Estado 
Soberano. 
 Outra diferença é o documento que as estrutura. O que estrutura uma Confederação é um Tratado 
Internacional, já a Federação é estruturada por uma Constituição. 
 
- Os americanos experimentaram a tentativa de uma Confederação, e essa Confederação reuniu as antigas 13 
Colônias. Há relatos de que algumas das antigas colônias tinham marinhas próprias e até moedas próprias e que 
colocava em risco a própria unidade nacional, e por conta dessas divergências a Confederação ficou 
enfraquecida. E a partir dos fracassos da Confederação eles chegam a conclusão de que precisam ter uma união 
mais perfeita e a fim de formá-la, avançam de uma Confederação para uma Federação. 
Brasil: 
 Independência em 07 de setembro de 1822 (formalmente) – 02 de julho de 1823 (materialmente) 
 Constituição de 1824 – Nesse ano, o Brasil não possuía uma Federação, escolheu um outro caminho 
profundamente diferente, optando por um Estado Unitário. 
O Brasil recém independente tinha um território muito grande e havia uma personalidade que tinha 
grande influência sobre o imperador, que foi José Bonifácio, e aconselhava-o que o melhor para o Brasil, seria o 
Estado Unitário, com poder concentrado. Então, a ideia que prevaleceu nessa época foi a de um Estado Unitário 
com poder centralizado, uma monarquia constitucional só que com um poder centralizado. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 2 
 
 Em 15 de novembro de 1889 acontece a Proclamação da República. 
 É com a República que o Brasil se insere na órbita(?) de inspiração norte americana, graças a um jurista 
chamado Ruy Barbosa, que foi redator da Constituição de 1891. Nessa Constituição o Brasil passou a ser 
chamado de República dos Estados Unidos do Brasil. Um dos pontos dessa Constituição foi a adoção de uma 
forma federativa de Estado, então a nossa Federação passou a ser aclamada a partir da Constituição de 1891. 
A Federação do Brasil que surge em 1891, é diferente da Federação dos Estados Unidos, pois na Federação norte 
americana eles tiveram a experiência de passar por uma Confederação, depois os Estados que já eram fortes 
sentiram a necessidade... (não deu para entender no áudio). No caso do Brasil foi o contrário, o nosso poder era 
muito concentrado na mão do Imperador. E dessa concentração na mão do Imperador, nós dissipamos esse 
poder em prol da formação de novos Estados. 
 Costuma-se dizer que a nossa Federação é centrífuga, porque nós tínhamos um poder concentrado nas 
mãos do Imperador na época imperial, e com a República, as antigas províncias se transformam em estados, 
fazendo um poder concentrado espalhar-se pelos estados, ou seja, de um centro de poder nós passamos a ter 
estados que possuíam uma certa autonomia (não é a mesma de hoje). 
 Na lógica norte americana, acontece o contrário, não se fala em um poder central que se dissipa em prol 
das partes, mas em diversos Estados que já tinham o seu poder e que cedem uma parte desse poder em prol de 
uma união mais frequente, e por isso é uma Federação centrípeta. 
 
 
3. TRAÇOS PRINCIPAIS: 
 Em 05 de outubro de 1988 foi promulgada a nossa Constituição atual. 
 Dois artigos da CF/88 são pilares da nossa Federação Art 1º combinado com o art. 18: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição. 
- Nesse artigo não se fala em secessão, fala sobre o contrário, sobre a indissolubilidade do vínculo federativo o 
que proíbe o direito de secessão. 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. (...) 
Essa parte “todos autônomos nos termos dessa Constituição” talvez seja a parte mais importante para a gente 
perceber a separação entre Estado Unitário e Federação, pois todos são autônomos, logo, possuem sua própria 
autonomia política. 
3.1 - Dentro dos traços principais da nossa Federação, o número 1 é a diferença entre Soberania e Autonomia 
política. A primeira grande diferença entre uma Federação e um Estado Unitário é que nós temos um Estado 
soberano, a nossa República Federativa do Brasil é soberana versus a autonomia das partes. Há a soberania (art 
1º) do todo e a autonomia das partes (art. 18). 
 Soberania X Autonomia 
Autonomia: 
Essa autonomia política, possui 4 capacidades: auto-organização, autogoverno, auto legislação e 
autoadministração. Cada ente possui essas 4 capacidades. 
3.1.1 Auto-organização – Cada ente possui sua normatividade superior própria. Terão sua própria lei 
maior. Isso reflete sua autonomia. 
União – Constituição Federal 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 3 
 
Estados – Constituição Estadual *A Constituição Estadual da Bahia foi criada em 1989. 
Municípios – Lei Orgânica 
Distrito Federal – Lei Orgânica 
 
3.1.2 Autogoverno – Cada um possui seus próprios poderes. Enquanto há a tripartição na União, nos 
estados e no Distrito Federal, nos municípios são bem peculiares pois só tem legislativo e executivo. 
União: 
Legislativo - seu órgão é o Congresso Nacional que é composto por duas casas: Câmara dos Deputados 
e Senado Federal; 
Executivo - exercido pelo Presidente daRepública auxiliado pelos seus ministros de Estado; 
Judiciário - dentro do judiciário, temos um Supremo Tribunal Federal que é o mais importante, é o guia 
de todo sistema judiciário do Brasil, que tem 11 ministros presidido por Ricardo Lewandowski, que 
depois será substituindo pela ministra Carmem Lucia. 
 
Estados: 
Legislativo – seu órgão é a Assembleia Legislativa, exercido pelos deputados estaduais. 
Executivo – é exercido pelo Governador e seus secretários. 
Judiciário – o Tribunal de Justiça é o mais importante. Todo estado tem um TJ. 
 
Municípios: 
Legislativo – Câmara de Vereadores 
Executivo – é exercido pelo prefeito. 
 
Distrito Federal: 
Legislativo – por ser híbrido, junta um pouco do estado com um pouco do município, e é chamado de 
Câmara Legislativa, onde trabalham os deputados distritais 
Executivo – exercido pelo Governador e seus secretários distritais. 
Judiciário – esse judiciário é bem peculiar, porque tem uma clara influência da União em sua 
organização, embora ele exista lá, quem estrutura esse poder judiciário é a União, podemos dizer assim, 
que o judiciário do DF é parcialmente tutelado pela União. O Tribunal mais importante é o TJDFT 
(Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios). 
 
3.1.3 Auto legislação – Cada ente tem suas próprias leis. 
União: Leis Federais 
Estados: Leis estaduais 
Municípios: Leis Municipais 
Distrito Federal: Leis Distritais. Por ser híbrido, no DF, haverá leis distritais em competência estadual e 
haverá leis distritais em competência municipal. 
Se falamos em lei, falamos de poder e para dividir o poder, a nossa Constituição tem toda uma sistemática 
de repartição de competências, o que fala quem tem poder para falar de cada assunto. 
- Há uma diferença entre lei nacional e lei federal: Quando houver uma lei nacional, ela será criada pela 
União e aplicada para todos os entes. A lei Federal é aplicada só para a União. 
 
3.1.4 Autoadministração – Todos tem sua própria administração, com seus próprios servidores, 
próprios órgãos competências... 
União: Adm. Federal 
Estados: Adm. Estadual 
Municípios: Adm. Municipal 
Distrito Federal: Adm. Distrital 
 
Aula 2 - 12/08/2016 
3.2 – Indissolubilidade do Vínculo Federativo: 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 4 
 
 É o segundo traço principal da nossa Federação. 
 Como já foi visto, há diferenças entre a Federação e a Confederação. A nossa Federação tem um vínculo 
que não pode ser dissolvido, o qual já é citado no artigo 1º da CF/88 em seu caput: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal (...) 
I - a soberania; 
Podendo ser conectado também ao importante inciso I, porque o primeiro dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil é a soberania do nosso Estado Federal. Essa soberania nos conduz àquela divisão que já 
conhecemos da autonomia política dos entes que integram a nossa República (soberania do todo, da nossa RFB 
+ a autonomia das partes). Todo esse conjunto tem um linhame tão forte, que é uma ligação que possui natureza 
indissolúvel para nossa Constituição. 
 
 Artigo 60, §4º - Esse artigo trata das cláusulas pétreas, ou seja, limites materiais ao exercício do Poder 
Constituinte Derivado Reformador, o que quer dizer que o poder reformador pode mudar a Constituição, mas 
ele não pode tender, com essas mudanças, a abolição das cláusulas pétreas. A Constituição consagra 4: 
 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
 A primeira delas é a forma federativa de Estado, o que mostra o quanto é protegida a nossa Federação 
no Brasil e o quanto existe uma força por trás dessa indissolubilidade. Essa não é só a primeira como uma 
cláusula pétrea muito comum. Ao longo de toda a nossa história, em várias Constituições, a partir da 
Constituição Republicana foi adotada a forma federativa de Estado como uma cláusula pétrea. É bem verdade 
que em outras Constituições falava-se em “República e Federação”, mas na Constituição atual nós optamos por 
consagrar “forma federativa” como a nossa primeira das cláusulas pétreas. Em outras palavras, as emendas 
constitucionais podem mudar um pouco do perfil da Federação, mas a grande discussão é se haverá tendência 
ou não para abolição. 
 
 E se por acaso houver uma ameaça à essa indissolubilidade? É impossível que isso aconteça, não apenas 
por questões constitucionais, mas há também uma questão penal, pois há uma lei extravagante (Lei 7.716/89, 
art. 20) que diz que é crime a propositura de ações voltadas para a separação do vínculo nacional. A sanção mais 
grave de todas, reservada pela Constituição é a Intervenção Federal, disposta no artigo 34, apontando 7 casos 
que levaria o Estado a intervir: 
 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos 
estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 5 
 
 
 Alguns desses incisos são muito preocupados com a nossa integridade nacional, como por exemplo os 
incisos I e III . 
Na prática: Se há um decreto da Presidenta de intervenção federal no estado de São Paulo, por exemplo, é 
retirada temporariamente a sua autonomia política. Essa intervenção dura enquanto a situação persistir, 
resolvido o problema, o Estado tem de volta a sua autonomia. 
*A União que decreta a Intervenção Federal. 
 
 Dizer que não podemos ter a indissolubilidade, não significa dizer que não podemos mudar o retrato da 
nossa Federação. 
 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
§ 1º Brasília é a Capital Federal. 
 Ela se situa no DF, que é um ente híbrido. 
 
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado 
de origem serão reguladas em lei complementar. 
 Havia uma época que nós tínhamos Territórios Federais, os quais eram vinculados diretamente à União. 
Esses Territórios não têm autonomia política em hipótese alguma. Existiam por uma razão estratégica das 
constituições antigas. A nossa Constituição atual de com que esses Territórios deixassem de ser, por exemplo, 
Amapá e Roraima eram territórios e viraram estados. Fernando de Noronha também já foi um território federal 
e hoje é um distrito vinculado ao estado de Pernambuco. 
Hoje não temos mais Territórios Federais, mas nada impede que tenhamos novamente, embora não haja muitaviabilidade nisso, mas pode existir via lei complementar. 
 
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou 
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, 
através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
 Fala sobre novos estados. Nós temos muitos estados bem antigos como a Bahia, desde estados bem 
recentes como Tocantins. 
 O que é necessário para criar novos estados no Brasil? Recentemente, o Pará passou por essa discussão 
para criar os estados de Carajás e Patajós. 
1) Tudo depende primeiro da população diretamente interessada. No caso do Pará, o Pará fez essa 
consulta e a resposta foi negativa. 
2) Aprovação do Congresso Nacional mediante lei complementar. O CN só vai criar lei 
complementar se primeiramente houver aprovação da população interessada. 
 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro 
do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, 
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados 
e publicados na forma da lei 
 Fala sobre a criação de novos municípios. O Brasil tem mais de 5.000 municípios, e a imensa maioria 
depende financeiramente da União. Para criar municípios somos mais cautelosos. 
1) Por lei estadual; 
2) Dentro de um período determinado por lei complementar; 
3) Aprovação da população envolvida por meio de plebiscito; 
4) Estudo de viabilidade municipal, que é uma análise técnica para saber se esse futuro município 
tem condições de pagar suas contas. Depois desses estudos pode ser possível desengajar todo 
o processo. 
 Na prática brasileira, nem todos os municípios seguem todos esses critérios, como por exemplo, Luiz 
Eduardo Magalhães que é um dos municípios que mais crescem, conseguiu desrespeitar quase todos os 
critérios, e o CN convalidou a criação desse município. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 6 
 
 
3.3 – Participação dos entes na formação da vontade Nacional: 
 Já dizia George Scelle que uma Federação é marcada por duas leis: leis de autonomia e leis de participação. 
Esse autor é clássico citado por Paulo Bonavides em seu livro Ciência Política. 
Quando falamos em autonomia já sabemos do que se trata. Mas quando falamos em participação quer dizer 
que nossos entes possam interferir na vontade nacional, ou seja, essa participação dos entes da federação na 
formação da vontade nacional, ela é concretizada a partir da noção de que os entes da federação possam 
participar nas decisões políticas nacionais. 
 Nós sabemos que temos a União, os estados, os municípios e o DF como entes da federação. A gente quer 
que haja participação dos nossos entes na vontade nacional. A União, naturalmente já toma decisões nacionais. 
Foi então criado um órgão buscando materializar a participação dos entes, que é o Senado Federal, uma casa 
legislativa mais madura, pois a idade mínima para ser senador é de 35 anos, com mandato maior que os demais, 
já que quem é senador exerce o mandato por 8 anos, e ainda por cima é composto por representantes da nossa 
Federação, ou seja, os nossos estados e o nosso DF, cada um vai escolher 3 representantes para o Senado, 
somando assim 81 senadores. Essa casa foi pensada para que fosse a casa da Federação, para que os estados e 
o DF tivessem seus interesses representados. Essa casa divide com a Câmara dos Deputados o chamado 
Congresso Nacional. O Art. 52 da nossa CF é todo dedicado às competências do Senado. 
 Os municípios não escolhem representantes, e essa foi uma opção jurídica brasileira. Como temos muitos 
municípios, se cada município escolhesse 3 senadores, a casa ficaria grande demais e não seria conveniente por 
várias razões quantitativas. Logo, os nossos municípios não participam diretamente, e esse é um problema que 
alguns autores usam como crítica, pois há quem diga no Brasil, que os municípios não integram a nossa 
Federação, e um dos argumentos daqueles que acham isso é que município não escolhe senador, logo não 
integra a nossa federação. Mas a grande maioria de nossos doutrinadores é que integra sim, pois tem autonomia 
política e o fato de ter autonomia políticas já é suficiente. 
 
3.4 – Sistemática Constitucional de Repartição de Competências: 
 Repartição de competência é repartição de poder. 
 Artigos 21, 22, 23 e 24. 
 A primeira preocupação quando se quer repartir poder é o fato de não poder atribui-los a qualquer 
pessoa, e por isso nosso país escolheu alguns critérios para a repartição de competências. 
A federação foi criada na Constituição de 1891, nos inspirando na Constituição norte-americana, e por 
conta disso podemos perceber uma nítida influência norte-americana também nesses critérios, mesmo não 
sendo uma influência exclusiva. 
1) Predominância de interesses – Para distribuirmos competência, vamos dizer que cada ente da 
Federação terá uma predominância de interesse. Em outras palavras, as matérias que tem um interesse mais 
geral, são entregues para a União. Aquilo que tiver interesse regional, são entregues aos estados. Já as matérias 
de interesse local, ficam para os municípios. A matérias de interesses do Distrito Federal, por ser híbrido, é 
regional e local. 
2) Poderes enumerados v. Poderes reservados (remanescentes ou residuais) – Os poderes 
enumerados irão conviver com os poderes reservados. A nossa Constituição vai dizer expressamente algumas 
competências, e outras que ela não disser ficam reservadas ou remanescentes para os outros entes. Então a 
diferença é que os poderes enumerados são explicitados pela própria Constituição. E do outro lado, os poderes 
reservados, remanescentes ou residuais, que são aqueles que não são falados na Constituição, e se não é falado 
entende-se que é de competência residual de outros entes. A diferença básica aqui, é a previsão textual ou não. 
 Para nossa União nós entregamos poderes enumerados, por isso a União tem diversas competências. Nos 
artigos 21 e 22 CF/88, nós temos uma série de poderes enumerados. Ex: 
Art. 21. Compete à União: 
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; 
 
É um poder enumerado da União, pois é um interesse geral (somado ao primeiro critério). 
 Para os estados, fica aqueles poderes que não são da União, como se fosse a sobra. Exemplo: 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios 
desta Constituição. 
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 7 
 
 
O Brasil, entregou também poderes enumerados aos estados, isso acontece eventualmente, pois em regra, 
para os estados ficam os poderes reservados. Por exemplo o art. 25, §2º: 
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na 
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
 
 Os municípios também possuem poderes enumerados, e estão dispostos nos artigos 29, 30, 31. Exemplo: 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
(...) 
 V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de 
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
 
Ambos associam-se ao primeiro critério. 
 Os poderes do Distrito Federal são em alguns casos enumerados, em outros reservados por conta de suas 
peculiaridades de ente híbrido. Exemplo: 
Art. 32. O Distrito Federal, vedadasua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois 
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. 
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. 
 
3) Poderes implícitos - Mais uma inspiração americana. Lembrando que a Constituição norte 
americana é de 1787, a qual possui apenas 7 artigos, o que a torna uma Constituição sintética por não ser 
detalhada, diferente da nossa CF/88 que é analítica. Se a Constituição dos EUA é tão sintética, possui tão poucos 
artigos, o poder de interpretação fica com uma intensidade ainda maior nas mãos dos tribunais porque eles têm 
um texto constitucional que fala sobre poucos assuntos, então praticamente a construção jurídica da 
interpretação norte-americana é capitaneada pelo poder judiciário, e no judiciário norte-americano, o órgão 
mais importante do judiciário é a Suprema Corte norte-americana, que é a guia de todo o poder judiciário de lá, 
e foi também inspiração do nosso Supremo Tribunal Federal, só que a Suprema Corte tem apenas 9 juízes e 
esses 9 juízes são os que determinam a interpretação final da Constituição americana. É então um poder 
judiciário que tem uma grande margem de intepretação que tem na Suprema Corte americana as decisões mais 
importantes, o que a Suprema Corte disser, vincula por todo o sistema judiciário. Isso funciona da seguinte 
forma: lá no sistema americano, eles tem uma lógica de casos concretos decididos pelos tribunais, e esses casos 
que foram decididos transformam-se em precedentes e os casos futuros são julgados à luz dos casos passados. 
 O caso Marbury vs. Madison, decidido em 1803, foi o caso que deu poder ao judiciário norte-americano 
de declarar as leis inconstitucionais ou não. 
 Hoje, nos Estados Unidos, para declarar uma lei inconstitucional, basta invocar o precedente. 
 Nada impede que o precedente seja alterado, mas se trata de um processo muito lento em homenagem 
à segurança jurídica. 
 Com base nos casos e na expressão “stare decisis etnon quieta movere” (força vinculante dos 
precedentes), os precedentes são obrigatórios. 
 Isso integra o sistema jurídico conhecido com common low, um sistema que tem como base casos que 
vão ajudando a construir interpretações jurídicas. 
 Como os Estados Unidos tinha uma Constituição pequena, vários casos de competência, não tinham uma 
resposta constitucional, então começaram a desenvolver uma teoria, a Teoria dos Poderes implícitos, a partir 
do caso “Mc Culloch vs. Mary Land” de 1819. Os americanos perceberam, assim, que sua Constituição realmente 
era sintética, mas afirmaram que quando a Constituição diz os fins das competências, ela também assegura os 
meios necessários para o alcance desses fins, ou seja, se nós temos uma Constituição pequena que fala sobre 
os fins que devem ser alcançados na competência, é porque implicitamente, a Constituição também consagra 
os meios necessários para o alcance desses fins. É uma lógica que podemos associar ao raciocínio jurídico de 
que “quem pode mais, pode menos”, podendo usar também a frase maquiavélica que diz que “os fins justificam 
os meios”. 
 Teoria implícita no Brasil - Mesmo nossa Constituição sendo grande, ainda há espaço para a teoria dos 
poderes implícitos. E começamos a ver isso analisando o artigo 129. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 8 
 
 O artigo 129 é dedicado a uma das instituições mais importantes do Brasil, que é o Ministério Público, o 
qual tem muitas funções importantes. 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados 
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos 
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; 
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; 
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e 
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo 
anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos 
jurídicos de suas manifestações processuais; 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe 
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 
 
 Dentre as funções do MP citadas no artigo, nenhuma delas afirma função direta de investigação criminal 
pelo MP. Mas temos um inciso mais severo que é o inciso da ação penal, o inciso I, que fala que cabe ao MP 
promover privativamente ação penal pública, que lá no Processo Penal, se trata de um processo mesmo, e 
quando ele promove essa ação penal pública, é porque ele pode oferecer denúncia contra alguém e quando ele 
oferece denúncia contra alguém, vai gerar um processo penal contra essa pessoa. Se ele pode oferecer uma 
denúncia contra alguém e essa denúncia se tornar um processo penal, é porque quem pode mais, pode menos 
(processar é mais, investigar é menos = se pode processar, pode investigar), é a mesma lógica. Ou seja, se eu 
posso processar penalmente alguém é porque eu posso investigar também diretamente, pois primeiro vai 
investigar para depois processar. O que significa, que se o MP pode processar uma pessoa, implicitamente, ele 
pode também investigá-la. Isso não quer dizer que a polícia não possa investigar, a polícia pode já que é sua 
função, mas é como se o STF desse a permissão também pro MP. 
 A nossa Constituição, às vezes, não fala de todas as competências, mas ao falar de algo mais ampliado, 
mas extenso, acaba implicitamente, assegurando competências que são meio para isso. 
 
 Nós temos Competências exclusivas, privativas, comuns e concorrentes: 
 
 Competência Exclusiva vs. Competência privativa – Alguns autores acham que não haveria 
diferença, mas grande parte da nossa doutrina separa essas duas categorias. A diferença entre elas, de acordo 
com a doutrina, é que as exclusivas são indelegáveis, já as privativas são delegáveis. Então o que for competência 
exclusiva da União, ela não pode entregar para ninguém, já as privativas, são da União, mas ela pode entregar 
para outro ente. Exemplo: 
 
 Art. 21. Compete à União: 
(...) 
II - declarar a guerra e celebrar a paz; 
 Não faz sentido um município ou estado declarar a paz em nome do Brasil, por exemplo. Essa é uma 
competência exclusiva da União. 
 
 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 9 
 
 No caput já percebemos a diferença entre as competências exclusivas e privativas. Temos então um 
dispositivo que traz várias competências privativas, mas com a possibilidade de serem delegadas. Exemplo de 
uma das competências delegáveis: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 São de competênciada União, mas esta pode, se quiser, delegar para os estados, questões específicas 
relacionadas com esses incisos. Se a União não fizer isso, a legislação estadual que vale sobre essa competência, 
sem delegação da União, é inconstitucional. 
 
 Competências comuns – Temos todos os entes federativos em um patamar de igualdade, ou seja, 
nós temos assuntos que são de interesse de todos os entes da Federação ao mesmo tempo. Esses interesses são 
tão importantes que só faz sentido que todos protejam ao mesmo tempo. Exemplo: 
 
 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; 
(...) 
 
 Competências concorrentes – Podemos chamar de Condomínio legislativo, expressão consagrada 
pela doutrina, pela jurisprudência. Quando a gente pensa em condomínio, sabemos que cada um tem sua 
função, ocupam o mesmo espaço. Então, nas matérias de competência concorrente nós temos o condomínio 
legislativo, os entes portanto, no mesmo espaço a ocupar, mas cada um com um papel, e é vital que saibamos 
as 4 regras que são aplicadas nessa competência: 
1) Normas gerais – se estivermos em um caso concreto em um assunto de competência concorrente, 
cabe à União expedir normas gerias. Ela fará uma espécie de (pegar) daquilo que é mais importante sobre aquele 
assunto uma regra geral, só que a competência da União de fazer norma geral não exclui a competência 
suplementar dos estados. 
2) Normas suplementares – competem aos estados. É como se a União fizesse a moldura, e os 
estados, com suas normas suplementares, compusessem essa moldura com suas próprias características. Os 
estados exercem suas funções suplementares dentro da moldura criada pela União. 
3) Competência Plena - Imaginemos que a União não fez a norma geral, isso não pode impedir o 
estado de atuar, a própria Constituição fala que diante da ausência de norma da União, os estados exercerão 
uma competência plena para atender às suas peculiaridades. 
4) Superveniência de normas gerais da União – pode ser que haja a superveniência das normas gerais 
da União. A Constituição fala que a superveniência de norma geral da União, suspende a eficácia da legislação 
estadual no que for contrária. 
 Não confundir “suspensão de eficácia” com “revogação”. Comparando com a suspensão da eficácia, em 
um primeiro momento os efeitos são muito parecidos, porque na revogação, imaginemos que temos uma lei 1 
vs. a lei 2, a lei 2 revoga a lei 1 e na prática a lei 2 é que está valendo. Na suspensão da eficácia, se colocar uma lei 
2 vs. uma lei 1, pensamos na prática, nos mesmos efeitos, mas há uma pequena diferença: na revogação, a lei 2 
revogou a lei 1, na suspensão de eficácia, a lei 2 suspendeu a eficácia da lei 1, mas imaginemos que a lei 2 da 
revogação tenha algum problema, que seja inconstitucional, por exemplo, ou que foi revogada por uma lei 3, o 
que aconteceria seria a repristinação da lei, o que não é permitido em nosso sistema, a não ser que seja expresso. 
Já na segunda situação, a da suspensão, se a lei 2 for considerada inconstitucional, ou tiver outro problema, a lei 
1 volta a funcionar, volta a gerar seus efeitos, pois sua eficácia estava suspensa. 
 As regras 1 e 2 vão conviver com uma situação, e as regras 3 e 4 em outra. 
 Em matéria de competência concorrente, esperamos que a União faça a norma geral e o estado 
suplemente, se a União não fez nada, o estado não pode ser prejudicado, e faz tudo para atender as suas 
peculiaridades, se houver superveniência de normas gerais da União, ela suspende a eficácia daquilo que for 
contrário. 
 
 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 10 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
(16 incisos) 
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer 
normas gerais. 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos Estados. 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa 
plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no 
que lhe for contrário. 
 
 Na prática nós usamos dois critérios: o critério objetivo associado ao critério subjetivo. No critério objetivo 
nós separamos as competências legislativas de competências materiais. Legislativas são competências para 
criarmos leis, materiais são competências administrativas. Por exemplo o que dispõe o artigo 22 ( Art. 22- 
Compete à União legislar privativamente sobre...), onde temos uma competência legislativa, assim como aparece 
também no artigo 24 (Art. 24 – compete aos entes legislar concorrentemente sobre...). Onde não foi citado a 
legislativa, temos a material que é a administrativa, e portanto, as competências exclusivas são vinculadas à 
dimensão material, assim como as comuns. No critério subjetivo, vai se pensar em quem exerce a competência, 
no objetivo vai pensar qual é enfim o objeto dessa competência. Na prática, usamos a soma de um critério objetivo 
a um critério subjetivo. Objetivamente falando quanto ao objeto em si o exercício da competência legislativas, 
assim como materiais. Subjetivamente falando quem exerce essa competência de forma indelegável a União, de 
forma delegável a União também, todos os entes, ou certos entes. 
 
 Caso UBER – Camila Spósito e Carolina Garcia 
O assunto estudado na última aula, tem tudo a ver com o caso, já que para falar da inconstitucionalidade ou não 
do Uber, fala-se primordialmente das competências, se a regulação do aplicativo está envolvendo um abuso de 
competência de cada ente da Federação. 
 Citam as competências já estudadas (exclusiva, concorrente, comum e privativa). 
 Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IX - diretrizes da política nacional de 
transportes; XI - trânsito e transporte. Já no art. 30, inciso I, está disposto que cabe aos municípios legislar 
sobre o interesse local, e no inciso V diz que cabe ao município organizar e prestar, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte 
coletivo, que tem caráter essencial. Há então a discussão se cabe à União legislar sobre o Uber, ou aos 
municípios. 
 As nossas leis não acompanham as mudanças na tecnologia, portanto a questão do Uber não se enquadra 
em nenhum dos artigos presentes na Constituição ou em qualquer lei extravagante. Então fica a 
dificuldade de estabelecer a quem compete legislar, e de permitir o trânsito do Uber. 
 Em Salvador, ACM Neto sancionou uma lei em 02/06/2016, proibindo o Uber em Salvador, além de 
estabelecer multas altíssimas para os motoristas, o que nos leva novamente à discussão se compete ao 
município legislar. E por conta disso, o Ministério Público entrou com uma ADI contra essa lei, por não ser 
competência do município e por conta da discrepância da multa. 
 Em São Paulo, o Uber não foi proibido, mas foram criadas medidas para que os taxistas não fossem tão 
prejudicados. O prefeito de SP criou uma lei (lei 349/2014) que diz respeito não só ao aplicativo do Uber, 
mas também estabelece requisitos para os próprios carros, como por exemplo, que o carro seja preto, o 
que leva a um grande número de motoristas a saírem das ruas por não responder a essas exigências. Além 
do mais, se o motorista não possuir licença, não funciona. 
 Os taxistas alegam que eles pagam impostos e o Uber não, são regidos por uma série de exigências, 
oferecem segurança... Sendo que o Uber também é seguro, até mais com relação aos taxistas. 
 Pareceres contrários:Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 11 
 
 Ex-Ministro Eros Grau do STF – Para ele, o Uber faz o serviço de transporte público individual, 
assim na visão do ministro a empresa oferece serviço público, portanto não pode ser feita por 
uma empresa privada sem regulamentação. 
 Pareceres favoráveis: 
 Canotilho – Diz que os taxistas e o Uber podem conviver. (Não deu para entender) 
 Ainda não possui decisão judicial. 
Aula 3 - 19/08/2016 
3.5 – Intervenção Federal: 
 É o último dos traços da Federação e o mais drástico excepcional de todos. É um instrumento de garantia 
da própria integridade da Federação. 
 A nossa Constituição diz que somente em casos excepcionais ocorrerá a Intervenção Federal. 
 
a) Conceito e princípios – A Intervenção realiza um procedimento de supressão temporária de um traço 
essencial dos entes da federação que é justamente a sua autonomia política. A lógica é sempre o ente maior 
realizar a intervenção sobre o ente menor, o que significa que a União nunca sofre intervenção. 
 Como isso é algo muito excepcional, como só pode acontecer em casos bem específicos a doutrina elenca 
alguns princípios que marcam a intervenção sendo o primeiro deles o Princípio da excepcionalidade, ou seja, a 
Intervenção Federal só acontece em último caso; Princípio da taxatividade, ou seja, só se pode decretar em 
casos expressamente consagrados pela própria Constituição (o rol é “numero clausus” – rol taxtativo), há rol 
exemplificativo; Princípio da temporariedade, que aconteçam pelo menor tempo possível. 
 Art. 60, §1° (ESSA PARTE O ÁUDIO CORTOU) 
 
b) Modalidades de Intervenção – Há duas modalidades de intervenção no Brasil: 
 Intervenção Federal – Quem faz a Intervenção Federal. Quem pode sofrer essa intervenção são os 
Estados, Distrito Federal e municípios situados em Território Federal (situação peculiar, pois o Brasil não possui 
Territórios Federais, mas ainda pode ter, e caso volte a existir, pode ser que exista municípios dentro dos 
territórios, e nesses municípios, a União poderá intervir). 
 O artigo 18, § 2° dispõe sobre a criação de Territórios. O fato de integrar a União significa que esses 
Territórios não possuem autonomia política, e já que não possuem autonomia, não sofrem intervenção. 
 
 
 
 
 
 Intervenção estadual – É feita pelos estados. Podem intervir em seus municípios. A União não pode fazer 
essa intervenção. 
 
c) Hipóteses e Procedimento de Intervenção – Análise do artigo 34 associando-o com o artigo 36. A doutrina 
fala de duas hipóteses básicas de Intervenção. 
 Existe uma única autoridade que exerce a intervenção em todos os casos, que é o Presidente da 
República. 
 Intervenção espontânea – O Presidente da República sozinho verifica a hipótese constitucional e decreta 
a intervenção. Ele não pode fazer isso sem hipótese constitucional, e uma vez presente essa hipótese, ele 
decreta sozinho. Exemplos: 
 Art. 34, I – manter a integridade nacional; 
 Não faz sentido o Presidente da República esperar a situação ficar pior, então ele toma logo a atitude 
de intervir. 
II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade de uma Federação em outra; 
 No Brasil há várias rixas regionais, geográficas, e caso haja uma briga mais intensa, caso haja a invasão 
de um estado em outro, a presidência precisa tomar providências nesse sentido. 
 
III – pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
Art. 18, §2° Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou 
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 12 
 
 É uma expressão aberta, mais genérica, e foi colocada dessa forma pela Constituição, justamente para 
acomodar casos emergenciais: pôr termo (encerrar, finalizar), grave comprometimento à ordem pública 
(foi colocada de forma genérica de propósito, justamente para acomodar as variadas possibilidades que 
isso poderia acontecer). 
 
V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) Suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força 
maior; 
b) Deixar de entregar aos municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição dentro dos prazos 
estabelecidos em lei; 
 É um inciso profundamente financeiro. (Pesquisar sobre dívida fundada). 
 
 Intervenção provocada – Nesse caso, alguém estimula o Presidente da República a decretar a 
Intervenção. A provocação, por sua vez, permite duas submodalidades: 
 A doutrina diz que há casos de provocação presidencial a partir do que é chamado de solicitação. 
Exemplos: 
 
 Art. 34, Inciso IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
 É parcial, porque essa solicitação virá ou do legislativo ou do executivo que venha sofrer algum tipo de 
coação ou de impedimento, e se isso acontecer, eles fazem a solicitação de intervenção pro Presidente 
da República. 
 
 Art. 36, Inciso I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto 
ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; 
 A base para isso é justamente o início do inciso IV, art. 34 combinado com o art. 36, inciso I. A palavra 
solicitação foi empregada pela Constituição em se tratando de legislativo executivo. 
 
 Assim como haverá casos de provocação presidencial por meio de requisição. Exemplos: 
 Art. 34, Inciso IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
 
• Art. 36, Inciso I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto 
ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; 
 Inciso IV do art. 34 novamente parcial, associado também ao artigo 36, inciso I. Porque se houver coação 
ou impedimento contra o legislativo ou executivo, eles solicitam ao Presidente que decrete intervenção. 
Os mesmos dispositivos são invocados porque se houver coação ou impedimento contra o Poder 
Judiciário, o Judiciário requisita ao presidente que decrete intervenção. 
 
 
 
 
 
 
 Art.34 (...) 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
 Parcialmente é requisição, pois aqui envolve ordem ou decisão judicial. Esse inciso é combinado com o 
artigo 36, inciso II, ou seja, se houver desobediência à ordem ou à decisão judicial, vai haver a requisição 
ou do STF, ou do STJ, ou do TSE dirigida ao Presidente da República para o cumprimento dessa ordem 
ou dessa decisão judicial. 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
Diferença entre solicitação e requisição – Requisição dá uma ideia de obrigatoriedade que a solicitação não traz. 
Quando a gente fala na requisição o ponto da requisição soa mais pesado que a solicitação, a solicitação é uma 
expressão um pouco mais aberta, mais genérica. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 13 
 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
 Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: 
(...) 
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do 
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; 
 Como a Constituição já falou,aqui é requisição. 
 
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na 
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. 
 Artigo 34, inciso XII + o início do inciso VI do mesmo artigo (“de recusa à execução de lei federal”). 
 Mais citada pela nossa doutrina, a modalidade de ADI Interventiva. 
 
 REVISÃO – Temos duas grandes hipóteses de intervenção: espontânea ou provocada. A espontânea é o 
Presidente da República que decreta intervenção por si só. Na provocada ele espera alguém provocá-lo a tomar 
essa atitude. Na Constituição temos 4 situações de intervenção espontânea: incisos I, II, III e V do artigo 34. 
Nesses 4 casos, o Presidente da República verifica uma situação que gera intervenção e a decreta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
d) ADI Interventiva – De todos os 7 casos de intervenção, esse é o caso mais citado. 
 ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade. Existem várias modalidades de ADI: Existe a ADI genérica, que é 
a mais citada, a mais comum; existe a ADI por omissão; e a ADI interventiva. 
 É uma ação que foi criada no Brasil em 1934. 
 Alguns autores a chamam de Representação Interventiva. 
 A única autoridade no Brasil que pode propor uma ADI Interventiva é o Procurador Geral da República, não 
é qualquer procurador. Essa Ação vai ser proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e deve haver alguma 
razão que o leve a essa propositura, isso não pode ocorrer sem nenhum motivo. Motivos que pode leva-los à 
propositura dessa Ação: 
 A primeira situação é o desrespeito a alguns princípios constitucionais. Esses princípios são os dispostos 
no Art. 34, inciso VII. 
Art.34 (...) 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema 
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação 
de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante 
de impostos estaduais, compreendida a 
 Exemplo de provocação por solicitação – Vamos imaginar que aqui na Bahia a nossa Assembleia não 
consiga funcionar por algum motivo, daí o Poder Legislativo solicita ao Presidente que decrete a intervenção, 
vemos aqui o artigo 36, inciso I conectado a uma parte do 34, porque o 34 fala em qualquer dos poderes, e 
36 fala em legislativo e o executivo. 
 Exemplos de provocação por requisição: 
Ex1 - Maria, Juíza da Comarca de Salvador diz ao STF que não consegue trabalhar pelo fato de estar havendo 
coações e ameaças ao Poder Judiciário. Maria, portanto, pede ao Supremo, que requisita ao Presidente da 
República, para que haja intervenção. (Art.36, inciso I + o art. 34, inciso IV) 
Ex2 – Vamos supor que Marina determine alguma medida judicial qualquer, e imponha ao prefeito que se 
afaste do seu cargo por ter cometido um ato de corrupção, essa é uma ordem judicial. O prefeito da comarca 
de SSA, por exemplo, praticou um ato de improbidade, tem que se afastar do seu cargo, e o mesmo afirme 
que não vai se afastar, não vai cumprir a ordem judicial. Essa inobservância da ordem judicial faria com que 
o STJ, o DTF ou o TSE (depende da competência), eles requisitariam ao Presidente da República que 
decretasse a intervenção. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 14 
 
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos 
de saúde. 
 
 Exemplo – imaginemos que Matheus seja Presidente da República, e que Maria seja governadora, e Ana 
Julia seja a prefeita de Salvador. A governadora desrespeita a autonomia municipal, não repassando verba, de 
Salvador. O PR pode ser provocado pelo STF, porque houve uma ofensa à autonomia municipal (Art. 34, VII, c). 
Ou seja, se o estado desrespeita autonomia municipal, ele pode sofrer uma intervenção a partir desse tipo de 
processo. 
 Há mínimos constitucionais para a saúde e para a educação, ou seja, todos os estados precisam aplicar o 
mínimo em saúde e em educação, podendo aplicar mais se quiserem. Se ele não aplica esses mínimos 
constitucionais, podem sofrer o processo cm base na alínea “e” do art. 34, inciso VII. 
 Imaginemos que a Bahia resolva criar uma monarquia. Isso é permitido? Não. A Constituição proíbe isso 
na alínea “a” do art. 34, inciso VII. 
 Esses princípios constitucionais são tão importantes que eles ganham nome próprio. Esse conjunto de 
princípios constitucionais são conhecidos como conjunto de princípios constitucionais sensíveis, embora essa 
expressão não apareça na Constituição. Essa construção teórica é do jurista alagoano, Francisco Cavalcante 
Pontes de Miranda. Ele escreveu isso antes da nossa Constituição atual, ele os chamou assim por serem 
princípios considerados por ele tão delicados e importantes, porque se forem desrespeitados geram uma 
intervenção a partir de uma ADI interventiva. 
 
 A segunda hipótese é a recusa à execução de lei federal. Essa é a parte remanescente do art. 34, inciso 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
 Nós temos então duas possibilidades: o STF julga a ação procedente, ou julga a ação 
improcedente. Se por acaso o STF julga a Ação improcedente, a Ação é arquivada. Se ele julga procedente, ele 
requisitará ao Presidente da República para que decrete a Intervenção. 
 Se o STF julga procedente, o Presidente da República é obrigado a decretar intervenção? 
Depende. Há autores que defendem que o Presidente é obrigado, outros acham que o Presidente não é 
obrigado. Pode-se separar isso em duas teses: 
1. Quanto aos autores que defendem que o PR é obrigado, vamos chamar de tese da 
obrigatoriedade. O argumento é que nós estamos diante de uma decisão judicial, e não é uma decisão 
judicial qualquer, é uma decisão do mais importante tribunal brasileiro, então se o Presidente está 
diante de uma decisão judicial, ele é obrigado a cumprir, porque se ele não cumprir, ele pode sofrer uma 
consequência drástica, pois nesse caso se trata da prática de um rim de responsabilidade, como está 
disposto no art. 85, inciso VII (Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República 
que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (...) VII - o cumprimento das leis e 
das decisões judiciais.) 
 
2. A segunda tese se refere à discricionariedade do Presidente. Discricionariedade é uma margem 
de liberdade, ou seja, a lei concede à autoridade uma margem de liberdade para tomar a melhor decisão. 
Aqui o Presidente tem a liberdade de escolher se decreta a intervenção ou não. 
 
 Enquanto na tese 1, o princípio que embasa é o princípio da obrigatoriedade, na tese 2, é o princípio da 
separação de poderes, ou seja, com o amparo na separação de poderes o PR não precisaria cumprir 
obrigatoriamente o que determinasse o STF. A tese majoritária é a tese da obrigatoriedade, a qual foi reforçada 
ainda mais, mesmo depois de já ser muito falada doutrinariamente, depois da nova lei 12.562 de 23 de dezembro 
de 2011, a nova lei que passou a regulamentar a ADI interventiva, e em um de seus artigos há o reforço à essa 
obrigatoriedade: 
 
Art. 11. Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou aos órgãos responsáveis pela prática 
dos atos questionados, e, se a decisão final for pela procedência do pedido formulado na representação 
interventiva, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, publicado o acórdão, levá-lo-á ao conhecimento do 
Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar cumprimento aos §§ 1o e 
3o do art. 36 da Constituição Federal. 
Taciana Souto – 3º Semestre | Dir. Constitucional II 
Professor Gabriel Marques | 2016.2 15 
 
 
 Na experiência do Brasil nunca houveintervenção, o máximo que já chegou foi até o STF. 
 
 REVISÃO – A base da ADI interventiva é o art. 34, VII + o 34, VI na sua parte inicial, leia-se recusa à execução 
de lei federal e a inobservância de alguns princípios constitucionais. Podemos associar isso ao art. 36, inciso III, 
como foi visto anteriormente. A lei 12.562 citas alguns parágrafos do art. 36, onde temos 4 parágrafos: 
 
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, 
nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do 
Estado, no prazo de vinte e quatro horas. 
 Fala sobre um controle que é feito sobre o decreto de intervenção. Esse controle é feito pelo Congresso 
Nacional. Esse parágrafo segue para as intervenções em geral. Se o Congresso derruba o decreto, acaba 
intervenção. 
 
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação 
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. 
 Está conectado com o parágrafo 1º. 
 
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela 
Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar 
ao restabelecimento da normalidade. 
 Na ADI interventiva não há controle do CN, porque já houve um controle que foi feito pelo STF. 
 
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo 
impedimento legal. 
 
 
 Caso Interrogatório por videoconferência – Maria Antônia e Ana Julia 
Aula 4 - 26/08/2016 
3.6 – Vedações para os entes federativos: 
 Corresponde ao artigo 19 da Constituição combinado com o artigo 5°, inciso VI e VIII: 
 
 Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles 
ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público; 
 Em suma, em inciso diz que nenhum ente da Federação deve estabelecer uma igreja. Existe uma clara relação 
com a previsão constitucional do Estado laico. No final há uma ressalva, pois nada impede que alguma atividade 
de interesse público seja realizada por uma igreja, um templo, por algum segmento religioso e tenha apoio do 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
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Estado, o que não quer dizer que o Estado esteja apoiando uma igreja em detrimento de outra, o apoio não é à 
igreja, mas à atividade. 
 
 O nosso preâmbulo da Constituição faz menção à proteção de Deus. Como o STF afirmou que o preâmbulo 
não tem força normativa, e portanto não obriga nenhum Estado a seguir a sua mensagem, e dessa forma essa 
menção à Deus quanto à ideia de Estado laico foi um problema resolvido. 
 
 Curiosidades relativas ao Estado laico no Brasil: O Brasil passou a ser Estado laico na Constituição de 1891. 
 
1) A primeira curiosidade envolve moeda. A nossa moeda possui a expressão “Deus seja louvado”, e é um 
ato oficial do Estado brasileiro. Então alguns dizem que para que o Estado fosse 100% laico, teria que 
tirar essa expressão. 
2) A segunda curiosidade é o caso dos crucifixos nas repartições públicas. Nada impede que tenhamos 
essas coisas em casa, mas na repartição pública cria uma desigualdade entre aquelas pessoas que 
acreditam e aquelas que não acreditam. Aqui no Brasil já houve a tentativa de tirar os crucifixos dos 
tribunais. 
3) O terceiro debate é quanto aos feriados religiosos. Para sermos justos, ou não haveria o feriado religioso, 
ou haveria o dia do ateu. A ideia aqui é o princípio da igualdade. 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
 Essa recusa de fé não tem nada a ver com crença religiosa. Recusar fé aqui é recusar autenticidade. O 
documento público já traz em si uma presunção de autenticidade, uma presunção de autenticidade. Na vida 
jurídica nacional, os entes da Federação não podem recusar fé aos documentos públicos. 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
 O Princípio da Igualdade embasa essas vedações. Um ente da Federação não pode fazer distinções, é o 
famoso ‘todos são iguais perante a lei’. Isso é para termos uma Federação homogênea, e essa ideia de 
homogeneidade federativa está amparada nessa proibição desse tipo de distinção. Nessa parte entre brasileiros 
é uma dimensão humana, e as preferências entre si é uma dimensão federativa. Por isso esse artigo está 
combinado com o artigo 5°, pois apenas no art. 5° a Constituição fala em igualdade duas vezes em seu caput. 
 
 
 
 
 
 PODERES: 
 O autor mais famoso que fala sobre a separação de poderes é Montesquieu. Não foi ele quem criou, mas 
foi um tema disseminado e sistematizado por ele. Ele se baseia em uma divisão de três poderes, Legislativo, 
Executivo e Judiciário, essa acabou se tornando a divisão consagrada. Já existia ates de Montesquieu, autores 
como John Locke, em seu livro O segundo tratado sobre o governo civil, e Aristóteles, em seu famoso livro 
Política que também trataram da separação de poderes, mas isso antes dele. Então percebemos que nós temos 
duas importantes construções teóricas que antecederam Montesquieu que são sempre lembradas. 
 A grande preocupação de Montesquieu em sua famosa obre Espírito das leis é combater o abuso do 
poder, porque segundo ele “todo aquele que possui poder tende a dele abusar” 
 Nem sempre o Brasil falou em apenas 3 poderes. A primeira Constituição que trouxe a tripartição de 
poderes foi a Constituição de 1891, antes dela havia a Constituição de 1824, a qual falava do poder moderador 
(4 poderes, teoria de Benjamim Constant). 
 Trazendo um contexto atual da separação de poderes, a nossa CF/88, percebemos esse importante 
princípio em dois artigos constitucionais: 
 
 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 A independência é mais favorecida com um sistema de governo e a harmonia com outro sistema de 
governo. A independência é mais enfatizada no sistema presidencialista, e a harmonia no sistema 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
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parlamentarista. Isso em tese, nem sempre isso vai acontecer. É quase impossível viver com as duas 
ao mesmo tempo. Nossa CF não proibiu o parlamentarismo. 
 No Brasil já houveram duas experiências parlamentares. Uma era chamada de parlamentarismo 
às avessas (ao contrário da Inglaterra), na época do Império, e tivemos uma segunda que 
acontece de 1961 a 1963, um pouco antes da Ditadura Militar, na presidência de João Goulart. 
 A separação dos poderes é um dos nossosprincípios fundamentais. 
 A separação de poderes fundamentais está também em nosso artigo 60: 
 
 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
III - a separação dos Poderes; 
 É uma das nossas cláusulas pétreas. Não é possível que haja nenhuma proposta de emenda tendente a 
abolir a separação de poderes. 
 A nossa Constituição torna a separação de poderes ao mesmo tempo um dos princípios fundamentais e 
cláusula pétrea. 
 
 O que há hoje em dia é uma separação de funções e não uma separação de poderes. Essa frase está 
presente em todos os manuais de Constitucional do Brasil. 
 Os Poderes legislativo, executivo e judiciário exercem dois tipos de funções, funções típicas e funções 
atípicas. Sendo as típicas a função principal, e as atípicas funções secundárias. Por exemplo: Agora estamos 
assistindo a uma situação em relação aos nossos poderes. A gente espera do legislativo uma função típica 
normativa. Mas nesse momento exato, nós estamos assistindo a uma função atípica do legislativo, que também 
é prevista na Constituição, o Impeachment, que é um julgamento de profundo caráter político. Os deputados 
admitiram a acusação, o senado julga e quem preside o senado é o mesmo presidente do STF. 
 
 
1. PODER EXECUTIVO: 
 Art. 76 da Constituição. O último artigo que fala do Poder Executivo é o art. 91. 
 O exercício se dá pelo Presidente da República, auxiliado pelos ministros de Estado: 
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. 
 
 Presidente da República: 
 O exercício do PR se dá pelo art. 76, e se conjuga no art. 14. 
 As condições de elegibilidade do PR, os requisitos necessários para exercer um cargo eletivo, estão 
expressas no artigo 14: 
 
 
 
 
 
 
 
 O presidente da República só pode ser nato. Tem a ver com o art. 14, mas também tem a ver com o art. 
12, porque no art. 12, no § 3º, ele fala de alguns cargos privativos de brasileiros natos, e dentre os cargos 
privativos de brasileiros natos, está o de Presidente da República: 
 
Art. 12. São brasileiros: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da 
República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro 
do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro 
de Estado da Defesa 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor 
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos 
direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação 
partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e 
Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um 
anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito 
anos para Vereador. 
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 O fato de ser nato não quer dizer, necessariamente, que a pessoa tenha nascido no Brasil. Pois há casos 
na nossa Constituição que fala de pessoas que nasceram fora do Brasil e são natos assim mesmo. Isso 
está disposto no art. 12. 
 Para ser presidente, é necessária uma idade específica, a idade mínima é de 35 anos. 
 É necessária também uma filiação partidária, ou seja, ser vinculado a algum partido político. 
 Outro critério é o domicílio. Domicílio eleitoral na circunscrição. Esse domicílio eleitoral é diferente 
daquele que vimos no Direito Civil. Em Civil, domicílio é a residência com ânimo definitivo. Aqui é um 
conceito mais flexível, é mais aberto que o conceito domicílio civil. A doutrina fala o seguinte: para a 
configuração desse domicílio de caráter eleitoral, a gente precisa de algum vínculo mesmo que distante, 
com a circunscrição, qualquer vínculo que se projete com a circunscrição. Exemplo: José Sarney que é 
senador pelo estado de Amapá, mesmo ele tendo a vida vinculada a Maranhão, ele conseguiu provar 
vínculo político com o Amapá, se candidatou e ganhou. 
 O Presidente da República é escolhido por um sistema eleitoral específico, que é o sistema majoritário, 
ou seja, ganha quem tem maioria dos votos válidos. Assim acontece com prefeito, senador, governador, 
vereador. Em outros casos acontece pelo sistema proporcional. 
 Há um mandato de 4 anos, sendo permitida uma reeleição para o período subsequente. 
 
 Ministro de Estado: 
 Ocupam cargos demissíveis ad nutum (são cargos de livre nomeação e livre exoneração). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A Constituição fala que os Ministros de Estado, quanto a sua nacionalidade, devem ser brasileiros no 
gozo dos direitos políticos. Temos que combinar com o art. 12, §3°. Quando se trata de Ministros, eles 
são brasileiros natos ou naturalizados no gozo dos direitos políticos, mas se tratando do Ministro da 
Defesa precisa ser brasileiro nato. A nossa CF escolheu assim com base na seguinte ideia: o Ministro da 
Defesa comanda as três forças, do exército, da marinha e da aeronáutica, e por uma questão estratégica, 
uma questão de soberania nacional, ele deveria ser nato. 
 A idade mínima para que alguém seja Ministro no Brasil é de 21 anos. 
 As atribuições do Ministro estão atribuídas no parágrafo único do art. 87. 
 Importantes funções do Presidente da República: 
 Art. 84 fala das funções do PR. 
 O parágrafo único cita as autoridades para as quais o Presidente da República pode delegar suas funções. 
Mas são apenas 3 funções passíveis de delegação pelo PR. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e 
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos 
órgãos instituídos em lei; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;Parágrafo único. O Presidente da 
República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao 
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no 
exercício dos direitos políticos. 
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta 
Constituição e na lei: 
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área 
de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República; 
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; 
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; 
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da 
República. 
 
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 O inciso VI fala da organização da administração pública federal. O Presidente pode ter interesse em 
delegar uma parte da organização. 
 No XXV, é passível de delegação somente o provimento dos cargos públicos federais e não a sua extinção. 
 
 Ausência do Presidente da República: 
 A ausênciapode ser ou temporária (uma viagem ou doença, por exemplo) ou definitiva (morte ou 
impeachment, por exemplo). A ausência temporária gera impedimento, o que demanda uma substituição a 
ausência definitiva gera vacância, que demanda sucessão presidencial. 
 A nossa Constituição determinou um Sucessor Natural do Presidente da República, o qual também é 
substituto natural, que é o Vice-Presidente da República. 
1) Vamos imaginar que tenhamos um impedimento simultâneo e esse impedimento simultâneo 
contemplou tanto o Presidente, quanto o vice-presidente, para o caso de nenhum dos dois poderem ocupar o 
cargo no momento, por motivo de viagem de um e doença de outro, por exemplo. Nossa presidência nunca 
pode ficar vazia. A Constituição criou então uma sequência de substituição: Depois do PR e seu sucessor natural 
o Presidente da Câmara dos Deputados  Presidente do Senado  Presidente do STF. É uma escala passo a 
passo, só se passa para outra autoridade se a anterior não puder. Aqui é uma presidência interina por conta da 
temporariedade. 
2) Imaginemos agora, uma vacância simultânea, um caso de comoriência, ou uma morte e um 
impeachment por exemplo. 
 É necessário responder em que momento aconteceu essa vacância simultânea. Como já vimos, o 
mandato aqui no Brasil tem duração de 4 anos, a nossa CF separou esse mandato em duas partes, 
os dois primeiros e os dois últimos anos, e aí a depender do momento em que momento 
aconteceu essa vacância simultânea se terá soluções diferentes: 
2.1 – Se acontece nos dois primeiros anos, haverá, portanto, novas eleições dentro de 90 dias 
contados da última vaga. A lógica é o fato de estar ainda no começo do mandato e possuir tempo 
ainda. 
2.2 – Se acontece nos dois últimos anos, o mandato está acabando, então teremos eleições 
indiretas, feita pelo Congresso Nacional, dentro do prazo de 30 dias contados da abertura da 
última vaga. 
 Em ambos os casos não começa um mandato novo, termina o tempo que resta daquele mandato, 
chamado de mandato tampão. 
 Na atualidade do Brasil, a Presidenta foi afastada por conta da instauração do processo de 
Impeachment, e como foi temporariamente afastada ela está impedida, e o vice-presidente 
tornou-se substituto, como substituto natural. Caso ela seja definitivamente afastada, gera uma 
vacância, e a substituição se torna sucessão. 
 Quem exerce um mandato como substituto não exerce o mandato, mas como sucessor sim, então 
já contaria para eleição. 
 
 Caso de intervenção federal do Matupá MT – IF 114 22.11.90 – Raquel e Gabriele 
 Origem: Mato Grosso Relator: Ministro Néri da Silveira Requerente: PGR - Aristides Junqueira 
Alvarenga Requerido: Estado do Mato Grosso 
 Violações a princípios constitucionais permitem que STF analise pedidos de intervenção federal 
 O caso ocorreu em Matupá em um assalto a uma casa onde se encontravam 2 mulheres e 5 
crianças. A polícia foi acionada e chegou quando os criminosos ainda se encontravam no interior da 
residência, o que os levou a fazer a família refém por 16 horas. 
 Após negociação com a polícia, onde foi garantido pela polícia aos criminosos que esses seriam 
levados em segurança ao aeroporto, local onde teria uma aeronave disponível para fuga sem 
perseguição policial. A família foi liberada e os três tiveram um carro à disposição, que era do prefeito 
e foi escoltado por policiais que os levariam até o local de fuga. A população enfurecida estava do lado 
de fora da residência clamando por vingança e queriam o linchamento dos criminosos. No meio do 
caminho o carro parou, pois, o prefeito havia acionado um dispositivo de segurança que faria o carro 
parar, outro carro foi utilizado para dar continuidade à fuga. No caminho para o aeroporto a população 
conseguiu alcançar o carro onde se encontravam os ladrões e os policiais se viram obrigados a soltar 
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Professor Gabriel Marques | 2016.2 20 
 
as algemas, tendo em vista que nada poderiam fazer pela proteção dos três. Assim eles foram soltos e 
correram, porém, alcançados pela multidão foram espancados, um deles tomou um tiro e por fim 
atearam fogo nos três. 
 O PGR solicitou IF no Estado do Mato Grosso em face do ato criminoso de extrema crueldade que 
indicava que o Estado não possuía “condição mínima” de “assegurar o respeito ao primordial direito 
da pessoa humana, que é o direito à vida”. O fato ocorreu em Matupá cerca de 700 km de Cuiabá. 
Alegação de inobservância pelo Estado-membro do princípio constitucional sensível previsto no art. 
34, VII b c/c art. 36 III CF. Legitimidade ativa PGR CF art. 36 III. Hipótese em causa: direito da pessoa 
humana. Ofensa do Estado aos princípios constitucionais sensíveis art. 34 VII. 
 Agravantes: MP informou gravíssima situação vivida pelo Estado em face da paralisação total do 
poder judiciário, PC, PM trazendo desassossego, insegurança e intranquilidade generalizada agravada 
pela proximidade da chegada dos festejos carnavalescos. Funcionário públicos não recebiam salários 
há 3 meses. O próprio secretário de justiça e segurança pública estadual requereu imediata 
interferência para que tropas federais garantissem a paz no Estado, principalmente em virtude do 
governador encontrar-se hospitalizado em SP. As informações solicitadas a esse foram respondidas por 
dois secretários que alegavam a retomada do exercício normal das policias c e m, o pagamento parcial 
dos salários atrasados do judiciário e a tomada de medidas necessárias para solucionar o caso trágico 
da chacina, sendo assim não consideravam a necessidade de IF. O Estado MT alegava estar 
prosseguindo com as apurações do crime e instaurou de imediato o inquérito policial e afirmou que 
embora houvesse extrema gravidade dos fatos não se tratava de situação concreta que por si só 
configurasse causa bastante para decretar IF. Autonomia do Estado art. 25 § 1°, 125 e 144 § 4°. A 
representação foi conhecida, mas julgada improcedente. 
 Ministro Néri da Silveira considerou a matéria inédita na corte por ser um pedido de IF em um 
município do interior da unidade da federação. Embora não houvesse dúvida da gravidade do fato cruel 
não entendia como viável no caso concreto em face da CF não configurar causa que viabilizasse IF. 
Assim o ministro disse pensar que um só episódio como esse não seja suficiente para a União intervir 
no Estado-membro. O equilíbrio federativo deve ser posto em primeiro plano no exame de pedidos de 
IF. Seu voto foi no sentido de julgar improcedente a representação. Todos os que votaram na 
integralidade com o relator pensam que se trata de fato isolado que não caracteriza permanente 
omissão da administração do estado de MT em face do dever constitucional de preservar a observância 
dos direitos no âmbito de sua jurisdição. 
 Decisão: preliminarmente, o tribunal, por maioria de votos conheceu o pedido de IF, vencidos os 
ministros Celso de Mello e Moreira Alves, no mérito, o tribunal por unanimidade indeferiu o pedido. 
 O julgamento ocorreu em 13 de março de 1991. 
 Dado o princípio da autonomia dos Estados, a intervenção federal é excepcional e visa “preservar 
a integridade política (não se manteve inerte), jurídica (tomou devidas providências) e física (mesmo 
diante de tal ato de crueldade não se alastraram atos posteriores) da federação”. 
 
 
Aula 5 - 02/09/2016 
 Responsabilidade do Presidente: 
 
 Crime de Responsabilidade X Crime comum 
1) Conceito: 
 Crime de Reponsabilidade – Não é crime. Não o crime que estamos acostumados lá no Direito penal, não 
é crime no sentido penal. É uma infração político-administrativa. A própria Constituição tenta esclarecer isso a 
partir do artigo 85: 
 
 
 
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Professor Gabriel Marques | 2016.2 21 
 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente

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