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Aula 01 Direito ambiental

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Noções introdutórias sobre a questão ambiental
Os grandes problemas ambientais, que atualmente enfrenta a humanidade, estão relacionados diretamente com nosso modo de vida, com os valores que fundamentam e caracterizam as sociedades contemporâneas e com as respostas da natureza ao comportamento industrial/ consumista insustentável, gerado pelo modelo de globalização econômica.
Nesse sentido, a gravidade da questão ambiental, em face do uso incontrolável e depredatório dos recursos naturais pelo homem requer uma postura consciente e ética dos governos estaduais, de todos os setores da sociedade, de cada um de nós, parte integrante da natureza, no sentido de defender e preservar o meio ambiente como direito fundamental à vida.
iniciamos o estudo de nossa disciplina salientando a importância de adquirirmos uma maior consciência da realidade sobre a questão ambiental, ciente de que o meio ambiente não é estudado apenas dentro das normas estabelecidas no Direito Ambiental, mas é uma matéria interdisciplinar estudada com foco, também, em outros ramos do saber como a Sociologia, Biologia, Antropologia, Geografia e Engenharia Florestal.
 É da realidade que defluem os conceitos e fundamentos da disciplina Direito Ambiental: do meio ambiente como objeto do Direito, um bem jurídico protegido no sistema jurídico brasileiro, ao longo do tempo, considerando as mais importantes normas legais em vigor.
 
Para começar a nossa aula, leia o texto Noções introdutórias sobre a questão ambiental. Esse tema é necessário para uma maior compreensão dos conteúdos que serão desenvolvidos em nossa disciplina Direito Ambiental.
Qual é a realidade do meio ambiente em que você se insere? E a de sua cidade, de seu estado, do nosso país?
É da realidade que defluem os conceitos e fundamentos da disciplina Direito Ambiental: do meio ambiente como objeto do Direito, um bem jurídico protegido no sistema jurídico brasileiro, ao longo do tempo, considerando as mais importantes normas legais em vigor.
 
Para começar a nossa aula, leia o texto Noções introdutórias sobre a questão ambiental. Esse tema é necessário para uma maior compreensão dos conteúdos que serão desenvolvidos em nossa disciplina Direito Ambiental.
Fundamentação do Direito Ambiental
A questão ambiental está relacionada
aos seguintes valores:  
ÉTICOS; CULTURAIS; HISTÓRICOS; POLÍTICOS; ECONÔMICOS; POLÍTICOS;JURÍDICOS;FATORES SOCIAS.
Portanto, requer uma postura ética e consciente: dos governos, das sociedades, de cada um de nós: de defender e preservar o meio ambiente como direito. 
Dando continuidade à nossa aula 1, passamos a desenvolver o conteúdo propriamente dito, no que concerne à fundamentação do Direito Ambiental, à conceituação de meio ambiente e de direito ambiental .
A busca pelos conceitos
Existem inúmeras conceituações sobre o que é “meio ambiente”, a partir de aspectos considerados como os mais significativos a serem analisados pelos diferentes autores.
Como leciona o mestre José Afonso da Silva, “o meio ambiente é a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.
O conceito legal de meio ambiente   -   Art. 3º da Lei 6.938/81
O conceito de meio ambiente adquiriu relevância especial no momento em que foi transposto ao mundo jurídico e se tornou um bem a ser protegido, como bem ambiental constitucional.
Pela complexidade de seu significado, a doutrina tratou de criar uma forma de proteger as interações entre todos os elementos, em uma visão totalizadora, mas também cada elemento individualmente considerado como bem ambiental.
O conceito de meio ambiente não está previsto na Constituição Federal de 1988. O conceito legal de meio ambiente, para fins jurídicos, está expresso na lei nº. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA.
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
De acordo com Marcelo Abelha Rodrigues, a expressão “meio ambiente” não retrata apenas a ideia de espaço, de simples ambiente. 
Ela vai além, significando ainda o conjunto de relações (físicas, químicas e biológicas) entre os fatores vivos (bióticos) e não vivos (abióticos,) ocorrentes nesse ambiente, e que são responsáveis pela manutenção, pelo abrigo e pela regência de todas as formas de vida existentes nele.
Em suma, o meio ambiente corresponde a uma interação de tudo que situado neste espaço, é essencial para a vida com qualidade em todas suas formas, resguardando, pois, o equilíbrio do ecossistema.
Nessa interação, o ser humano, como ser vivo, é natureza e parte integrante da mesma, dependente dos elementos e recursos naturais para sua sobrevivência e qualidade de vida.
 
O homem, como ser vivo, é regido por todas as leis naturais e sofre todas as influências e interações como os outros seres. A natureza do homem é como a dos outros seres. Ele também é um elo nesta cadeia de equilíbrio.
Aspectos classificatórios do meio ambiente
O nosso direito positivo indicou como elemento caracterizador do meio ambiente, a vida em geral, ou seja, não apenas a humana, mas de todas as espécies, animais e vegetais.
Contudo, o meio ambiente não corresponde apenas ao ambiente natural. Embora, tradicionalmente, se estude o meio ambiente sob o ponto de vista antropocêntrico (o ser humano como o centro do interesse do direito ao meio ambiente), a partir da classificação de seu estudo em quatro aspectos, essa visão não exclui a biocêntrica, que abrange outras perspectivas em que se insere a vida, em todas suas formas.
Alguns autores incluem também a visão holística, que integra e interliga tudo que se refere à vida, em seu equilíbrio e complexidade. É preciso deixar claro que não é possível, contudo, conceituar o meio ambiente apartando-se da visão antropocêntrica, até porque sua proteção jurídica depende da ação humana. Portanto, passamos a classificar o meio ambiente tendo em vista seus 4 aspectos para análise, embora estejam interligado.
ARTIFICIAL
Constitui-se pelo espaço Urbano construído, consubstanciando no conjunto de edificações( espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos( praças, ruas, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto).
O artigo 182 da CF/88 dispõe o seguinte:
A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
A partir desse preceito e do artigo 183 da CF/88, foi estruturada a lei 10.257/01, denominada estatuto da Cidade, que estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem estar dos cidadãos, bem como do equilibrio ambiental.
CULTURAL
É integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagistico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere do anterior( que também é cultural) pelo sentido do valor cultural que adquiriu ou de que se impregnou.
NATURAL
É constituído pelo solo, água, ar atmosférico, flora; enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente fisíco que ocupam.
É este o aspecto conceitual de meio ambiente que a lei 6.938/81, determina em seu artigo 3° .
O meio ambiente natural tem proteção ambiental na CF/88 , em decorrência do que determina o artigo 255, que assegura a proteção jurídica da fauna, flora, como dos demais recursos naturais .
Tutela jurídica prevista também em diversas legislação de proteção ao meio ambiente natural.
TRABALHO
 ambiente do local em que se desenolve boa parteda vida do trabalhador, portanto, sua sadia qualidade de vida, está em intima dependência a qualidade desse ambiente.
Embora o meio ambiente de trabalho esteja inserido também no aspecto artificial do meio ambiente, tem proteção ambiental constitucional em decorrência do que determinam o artigo 225, e os art 200 VIII, e art 7°, XXII* da CF/88, diante do foco preventivo em face da proteção a saúde da pessoa humana, conforme disposto no artigo 220, VIII; 
Ao sistema único de saúde compete além de outras atribuições ,nos termos da lei;
VIII, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Art 7°- São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição social:XXII- redução dos riscos inerentes ao trabalho, pro meios de normas de saúde, higiene e segurança.
O CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL
Doutrinariamente, existem diferentes conceituações sobre Direito Ambiental, em que cada autor aborda aspectos, diferentes ou semelhantes, de forma mais detalhada ou mais objetiva, sobre os conteúdos.
No entanto, todos expõem uma definição importante sobre os conteúdos do Direito Ambiental a serem analisados a partir do conceito apresentado.
É imprescindível relembrar um ponto, da mesma forma que a Constituição Federal não conceitua meio ambiente, também não define o conceito de direito ambiental.
 
Passamos a analisar alguns conceitos e orientações sobre este novo ramo do direito: o Direito Ambiental.
SIRVINKAS-“O Direito Ambiental é uma ciência jurídica que estuda, analisa e discute as questões e os problemas ambientais e sua relação com o ser humano, tendo por finalidade a proteção do meio ambiente e a melhoria das condições de vida no planeta” 
“O Direito Ambiental consiste no conjunto de princípios e normas jurídicas que buscam regular os efeitos diretos e indiretos da ação humana no meio, no intuito de garantir à humanidade, presente e futura, o direito fundamental a um ambiente sadio” (BELTRÃO, Antonio F. G. Curso de Direito Ambiental. São Paulo: Método, 2009)
É um Direito que tem como objetivo restaurar, conservar e preservar o bem ambiental, e para tanto, é preventivo, reparador e repressivo;
É denominado por alguns autores como um Direito de Risco, por atuar na esfera preventiva e de precaução;
É um Direito revolucionário, pois incentiva a participação da coletividade e uma tomada de consciência pelos direitos à vida com qualidade e dignidade;
O Direito Ambiental atua na esfera preventiva (administrativa), reparatória (civil) e repressiva (penal).
Como já analisamos, a Constituição Federal de 1988, no Título VIII, da Ordem Social, Capítulo VI, do Meio ambiente, o Art. 225, não conceitua meio ambiente, e sim recepciona o conceito apresentado no Art.3º da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981.
 
Dessa forma, o bem ambiental é juridicamente reconhecido como o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
CF. Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
A identificação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, como o bem a ser protegido pelo direito ambiental, é de suma importância, porque qualquer dano ao meio ambiente agride o equilíbrio ecológico.
 
É esse meio ambiente ecologicamente equilibrado o responsável pela conservação de todas as formas de vida; da sadia qualidade de vida.
 
É conveniente observar que os bens ambientais tutelados no Art. 225 da CF, em sua maioria, são relativos ao bem ambiental natural.
O BEM AMBIENTAL E SUA TUTELA COMO MACROBEM E MICROBEM AMBIENTAL.
Para uma maior compreensão sobre o bem ambiental, tendo em vista o conceito expresso no art 225 da CF/88, é improtante analisarmos os conceitos de macrobem e microbem.
MACROBEM- Por macrobem ambiental, entende-se o meio ambiente como um todo, o bem de uso comum do povo, expresso no caput do Art. 225 da CF.O macrobem ambiental é, portanto, o conjunto de interações de seus aspectos (natural, artificial, cultural e do trabalho).O meio ambiente, em sua máxima complexidade, em sua máxima extensão: todas as formas de vida interagindo entre si e com todas suas manifestações e criações. A partir deste entendimento, o meio ambiente como macrobem e objeto da função ambiental é sempre público, um direito fundamental do homem, um bem de interesse difuso, cuja proteção jurídica pertence a toda a coletividade.O macrobem ambiental, desta forma, como um direito difuso, é incorpóreo e imaterial e, em consequência, insuscetível de apropriação exclusiva, pois indivisível.A noção de macrobem se confunde, deste modo, com tudo o que influencia diretamente a harmonia do meio ambiente. Considera-se atentatório ao macrobem qualquer ação que vitima o equilíbrio ecológico e, necessariamente, danifica o meio ambiente.
MICROBEM- A compreensão de meio ambiente, como macrobem, não se incompatibiliza com a constatação de que o complexo ambiental é composto de entidades singulares (coisas materiais) que constituem bens jurídicos em si mesmos, como um rio, a água, um sítio histórico, entendidas como microbem ambiental.Desta forma, os microbens, ao interagirem, formam o meio ambiente e, consequentemente, o macrobem ambiental. Os recursos naturais possuem uma função ambiental específica e juridicamente estabelecida, já que desempenham o papel de microbens inseridos na complexidade dinâmica do meio ambiente, enquanto macrobem ambiental.Por serem individualmente considerados, muitos bens (microbens) possuem tratamentos legislativos próprios, tornando-os verdadeiros bens ambientais individuais, que podem ter a titularidade dominial pública ou privada.
Fundamentos do direito ambiental : o meio ambiente, como direito fundamental de natureza juridica difusa, direito de terceira geração.
A Constituição Federal, conforme previsão do Art. 225, eleva o meio ambiente à categoria de direito fundamental constitucional, bem de uso comum, de natureza jurídica difusa.
Um direito ao meio ambiente saudável, ecologicamente equilibrado como direito fundamental indispensável à vida, à saúde individual, social e pública, à segurança, ao bem-estar da pessoa humana, um direito de todos à sadia qualidade de vida (visão antropocêntrica).
 Exemplos: um parque estadual; uma mata de propriedade privada.
O DIREITO AO MEIO AMBIENTE COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL 
A Constituição Brasileira introduz o princípio da dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República Federativa, Constituída em Estado Democrático de Direito, em seu Art.1º, III.
 A ordem jurídica vigente erige o meio ambiente saudável à condição de direito humano fundamental – e, portanto, indisponível – de natureza difusa.
Portanto, a proteção do meio ambiente torna-se indispensável para a garantia da vida e da dignidade das pessoas. De onde se entende que o gozo do direito à vida é uma condição necessária ao gozo de todos os demais direitos humanos.
Ao fundamentar a proteção do meio ambiente na dignidade da pessoa humana, mediante a consagração dos direitos fundamentais, fica devidamente reconhecida a visão ética jurídica das questões ambientais. 
Na visão de Paulo de Bessa Antunes, “a atitude de respeito e proteção às demais forma de vida ou aos sítios que as abrigam é uma prova de compromisso do ser humano com a própria raça e, portanto, consigo mesmo”.
O Direito Ambiental é um Direito de terceira geração, de titularidade coletiva, que se fundamenta no princípio da solidariedade e da fraternidade.
Destarte a importância em ressaltar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, pertence a esta geração e às gerações futuras.
Um direito subjetivo de caráter intergeracional e sua defesa constitui dever jurídico de natureza objetiva, previsto explicitamente no Art. 225: “(...) o dever de defendê-loe preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
A autonomia do direito ambiental 
Embora uma pequena parte da doutrina não reconheça a autonomia do Direito Ambiental, nossos estudos apontam para esta autonomia, porque é um ramo da Ciência Jurídica com um próprio regime jurídico, objetivos, princípios, procedimentos, instrumentos próprio e dotado de características e peculiaridades novas e incomuns.
Desta forma, o Direito Ambiental é autônomo, em relação a outras áreas de conhecimento, como a Engenharia, a Biologia, a Ecologia, a Química, a Física em suas especificidades, que fomentam a tutela jurídica do bem ambiental, mas transversal em relação aos outros ramos do direito, em razão da constante interação entre os mesmos.
 
Em uma constante simbiose, perpassam os ramos do Direito Ambiental Constitucional,
Direito Ambiental Penal,
Direito Ambiental Administrativo,
Direito Ambiental Civil,
Direito Ambiental Tributário,
Direito Ambiental Econômico,
Direito Urbanístico.
Podemos inferir também que a autonomia do Direito Ambiental advém de seus princípios orientadores presentes no artigo 225 da Constituição Federal.
 Isso porque seu objetivo é a tutela de interesses difusos: direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
Fontes do Direito Ambiental: fontes formais e fontes materiais
Fontes formais -Decorrem do ordenamento jurídico nacional, ou seja, da Constituição Federal, das leis infraconstitucionais, das convenções, dos pactos ou dos tratados internacionais, dos atos, normas e resoluções administrativas, da jurisprudência etc.
Fontes materiais- são provenientes de manifestações populares (individuais ou coletivas), de descobertas científicas, da doutrina jurídica, de fatos ou questões ambientais que passam a ter relevância, nacionais ou internacionais etc.
HISTORICO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Direito Internacional do Meio Ambiente é o conjunto de regras e princípios que regulam a proteção da natureza na esfera internacional.
 Não apenas cuida dos temas que atingem vários estados simultaneamente, tais como a poluição transfronteiriça ou as mudanças climáticas, mas também tem como objetos certos elementos de proteção da natureza no âmbito interno dos estados.
 Ele se constrói, em diversos temas, no contexto da preocupação global com a proteção da natureza, independentemente do território onde se encontre.
O Direito Ambiental é um ramo recente do Direito, surgido na metade do século XX, diante das consequências das atividades humanas sobre o meio ambiente, tendo como objetivo conduzir e organizar as atividades humanas, de modo a evitar a degradação ambiental e a limitar os impactos negativos sobre os bens ambientais.
 Para tanto, é imprescindível identificar e compreender a crescente preocupação mundial com a proteção ambiental; acontecimentos, manifestações e consequências, que ao longo do tempo contribuíram para a criação e evolução do Direito Ambiental Internacional.
Principais marcos da legislação ambiental brasileira e do Direito Ambiental brasileiro
O bem ambiental sempre esteve protegido através de legislações diversas, consubstanciadas não somente em nosso Ordenamento Jurídico, mas também em outros ordenamentos, fundamentalmente, no da Coroa Portuguesa ou sob influência desta, por praticamente quase 400 anos.
 Posteriormente, a partir de diversas legislações e acontecimentos internacionais, como os já analisados, influenciando a questão ambiental, surgem, internamente, novas tendências de ação que resultam em legislações, políticas ambientais e movimentos da sociedade organizada e na consolidação do Direito Ambiental Brasileiro.
O Direito ambiental forma-se alicerçado em valores e princípios holísticos, éticos e democráticos. Seus fundamentos passam a constituir as raízes, a base, o alicerce sobre os quais se assenta toda a estrutura das normas protetoras do meio ambiente.
 São regras básicas, princípios, conceitos, noções e institutos de ordem geral, cuja compreensão é fundamental para o correto entendimento e a adequada interpretação e aplicação da legislação ambiental*, a partir de sua evolução, considerada uma das mais completas do mundo.
Reino de Portugal
A tutela do meio ambiente não é matéria que surgiu com os tempos modernos. A preocupação é longínqua e já existiam nas Ordenações do Reino de Portugal alguns artigos protegendo as riquezas florestais.Naquela época, era comum a extração indiscriminada de madeira, principalmente do pau-brasil, por Portugal.Foi com as Ordenações Afonsinas, seguida pelas Manuelinas, que surgiu a preocupação com a proteção à caça e às riquezas minerais, mantendo-se como crime o corte de árvores frutíferas, entre outros.
1605
Em 12 de dezembro de 1605, é editada a primeira Lei protecionista florestal brasileira, o Regimento sobre o Pau-Brasil, que dispunha sobre a proibição do corte de pau-brasil sem expressa licença real ou do provedor-mor da fazenda da capitania, em cujo distrito estivesse a mata em que se houvesse de cortá-lo, sob pena de morte e confiscação de toda a fazenda do infrator.
A partir da edição deste Regimento, a preocupação com o desmatamento é uma constante e foi inserida no Regimento da Relação e Casa do Brazil, de março de 1609, que foi o primeiro tribunal brasileiro instalado na cidade de Salvador, com jurisdição em toda a Colônia.
1824 e 1830
Com a vinda da Família Real, a proteção ao meio ambiente intensificou-se, mediante a promessa da liberdade do escravo que denunciasse o contrabando de pau-brasil.
Com a Constituição de 1824 e o Código Criminal de 1830, na Monarquia, previam o crime de corte ilegal de árvores e a proteção cultural (posteriormente, na Lei nº 601, de 1850, foram estabelecidas sanções administrativas e penais para quem derrubasse matas e realizasse queimadas).
1850
Editada a Lei nº 601, Lei de Terras, com sanções contra o poluidor, que adota o princípio da responsabilidade objetiva. Registra as terras ocupadas e pune o dano por derrubada e queimada de matas. Proíbe a exploração florestal em terras descobertas.
1916
Código Civil, Lei nº 3.071, de 1/1/1916, indiretamente, através dos direitos de vizinhança, trata da questão ambiental.
1930 a 1940 	
Instituídos em 1934, o Código Florestal, o Código de Águas e o Código de Caça, dentre inúmeras outras legislações infraconstitucionais disciplinando regras para a proteção do meio ambiente.
Em 1937, a Lei de Proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é regulamentada pelo Decreto-Lei 25, de 30/11/1937. Em 1940, é regulamentado o Código de Mineração.
1940 a 1950
Em 1942, o Código Penal tipifica crimes contra a saúde pública e outras hipóteses em relação à vida e à saúde das pessoas, cominando com severas sanções.
Em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho- CLT tem numerosas normas de proteção ao trabalhador em seu ambiente de trabalho.
Em 1945 encerra-se a 2ª Guerra Mundial. Lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. A energia nuclear é apresentada ao mundo.
1965
Lei nº 4.717, de 29 de junho, institui a Ação Popular, um dos instrumentos processuais de defesa do cidadão. A Lei nº 4.771 de 15 de setembro substitui o Código Florestal de 1934.
1967
Proteção da Fauna Silvestre – Lei nº 5.197, dispõe sobre a proteção à fauna, especificamente à fauna silvestre.
1968
Convenção Internacional da Biosfera, em Paris.
1972
Conferência de Estocolmo, Suécia. Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.
Reunindo 113 países, é consagrada mundialmente como o marco principal da questão ambiental. Estocolmo desperta o mundo para uma consciência ecológica e estabelece, entre outros princípios, o benefício das gerações atuais e futuras, a preservação dos recursos naturais da terra, incluindo o ar, a água, o solo, a fauna e a flora.
O mundo apercebe-se de que o meio ambiente não conhece fronteiras entre Estados e que as soluções ultrapassam os limitesgeopolíticos, ensejando a necessidade de se adotar mecanismos de cooperação, prevenção no combate à poluição, bem como introduzir em seu direito interno muitos dos preceitos internacionais pactuados.
Seus princípios são incorporados, posteriormente, na legislação brasileira.
1973
O governo brasileiro cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), que posteriormente, passa a ser o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
1977
Realizada em Tblisi, Geórgia, a 1ª Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental estabelece os princípios e estratégias da Educação Ambiental.
1981
Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981 institui a Política Nacional de Meio Ambiente com diretrizes para orientação da ação dos governos na preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico.
Inicia-se a fase holística de proteção integral e sistêmica do meio ambiente. Considerada como o marco inicial do direito ambiental brasileiro, torna-se o mais importante instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no país.
Cria a sua estrutura de organização e funcionamento: SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), que inclui o conjunto de instituições governamentais que se ocupam da proteção e da gestão da qualidade ambiental, em nível federal, estadual e municipal, e também os órgãos da Administração Pública federal e o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente).
1985
Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio (regulamentada pelo Decreto nº 99.280/90). 43 países, inclusive o Brasil, fixaram as primeiras metas para redução do uso de produtos nocivos para a camada de ozônio.
Lei nº 7.347, de 24 de julho, institui a Ação Civil Pública, de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor histórico, artístico, estético e paisagístico.
1987
O Relatório da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), conhecido como Relatório Brundtland, publicado com o nome de Nosso futuro comum.
Através desse relatório, foi introduzido o conceito de desenvolvimento sustentável, definido nos seguintes termos: “a humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável – de garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também às suas”.
O Acordo de Proteção à Camada de Ozônio - Protocolo de Montreal: as nações devem tomar providências para evitar a destruição da camada de ozônio, reduzindo a fabricação e o uso dos CFC’S (clorofluorcarbono).
1988
Lei 7.661, institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro- PNGC, que define a Zona Costeira como espaço geográfico de interação do ar, mar e terra, incluindo os recursos naturais, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. A Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988, traz enormes mudanças na política social e econômica e implanta o Estado Democrático de Direito. A Constituição de 1988 promove a incorporação do meio ambiente ao texto constitucional em capítulo especial, através do art. 225 e trata, diretamente, em diversos outros dispositivos da matéria ambiental.
Com ampla previsão constitucional sobre a competência, o meio ambiente é elevado à categoria de direito fundamental, bem de uso comum, de natureza jurídica difusa.
Além de estabelecer os direitos do homem ao meio ambiente, a Constituição também impõe os deveres: tanto da comunidade quanto do Poder público, em defender e preservar o equilíbrio ambiental, visando não só ao bem ambiental em si, mas ao próprio homem em poder viver uma vida digna e saudável.
1989
Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seus Depósitos.
A Lei nº 7.735 cria o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente.
Ao IBAMA compete executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente, atuando para conservar, fiscalizar, controlar e fomentar o uso racional dos recursos naturais (Lei 6.938/81).
1991
O decreto nº 133 promulgada a Emenda à Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagem, ameaçadas de extinção, de 1973
1992
A cidade do Rio de Janeiro abriga a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) com o objetivo de analisar, discutir e aprovar documentos sobre as questões ambientais. Dentre eles, destacam-se:
A Declaração do Rio de Janeiro, contendo princípios fundamentais de ação;
Agenda 21, um programa de ações preservadoras do meio ambiente que resume o que fazer para reverter a destruição da Terra e instalar um modelo de desenvolvimento sustentável ao longo do século XXI;
O Tratado de Biodiversidade Princípios de Preservação dos Recursos Florestais e a Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças do Clima, sobre os efeitos da emissão de gás carbônico.	
O conceito de desenvolvimento sustentável passa a ser considerado como um dos princípios fundamentais e universais do direito ambiental, sendo adotado pelo direito interno da maioria dos países.
A Declaração do Rio introduz princípios fundamentais de ação, preceitos básicos de conduta indispensáveis à conciliação do desenvolvimento, em todos os seus aspectos, com a proteção ambiental, tanto internacional e regional, como nacional em prol das gerações presentes e futuras.
1997
Reunidos no Japão, um total de 166 países participa da criação do Protocolo de Kyoto, resultado da III Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, com o objetivo de diminuir a emissão de gases, causadora do efeito estufa, responsável pelo aquecimento da atmosfera terrestre.
O acordo expiraria no final de 2012. Contudo, cerca de 200 países concordaram, na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 18), em 2012, no Qatar, em estender a validade do Protocolo de Kyoto para 2020.
Os países pretendem pôr em ação um novo acordo, que estabeleça metas para todas as nações. Essa será a pauta da próxima grande reunião, que acontecerá em 2015, em Paris, na França.
O maior desafio dos negociadores será incluir os dois maiores poluidores do planeta: a China e os Estados Unidos.
A Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433 em 8 de janeiro, institui o Sistema Nacional de Recursos Hídricos e define a água como recurso natural limitado dotado de valor econômico. Adota o sistema de gestão por bacia e convoca a participação de toda a sociedade.
1998
Lei nº 9.605 – “Lei de Crimes Ambientais: que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”. A lei trata dos crimes contra a fauna, a flora, o ordenamento urbano, o patrimônio cultural e outras agressões ambientais e das infrações administrativas. Responsabiliza administrativa, civil e penalmente as pessoas físicas jurídicas.
1999-Sancionada a Lei nº 9.795 de 27 de abril, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental.
2000
Direito Internacional Ambiental: dispõe sobre a implementação da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagem em Perigo de Extinção – CITES –, medidas adotadas no sentido de assegurar o cumprimento da Convenção devido ao comércio excessivo e assegurar a sobrevivência de certas espécies.
2001
Direito Internacional Ambiental: Assinado o Protocolo de Cartagena de Segurança Biológica, que regula o comércio dos organismos geneticamente modificados.
A Lei 10.257, de 10 de julho, regulamenta os art. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais de política urbana, denominada Estatuto da Cidade, através de normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança, do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
2002
O Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002, instituiprincípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade, considerando os compromissos assumidos pelo Brasil ao assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica em 1992.
Realizada entre 26 de agosto e 4 de setembro a Cúpula sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Cúpula da Terra, ou Rio+ 10, pela ONU, em Joanesburgo, África do Sul, com o objetivo de avaliar os compromissos firmados na Rio-92.
2005
A Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades e dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revogando a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995.
2006
Lei Nº 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a Gestão de Florestas Públicas para a Produção Sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro – SFB.
2009
Criada a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC, Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009.
2010
Instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
2011
A Lei complementar nº 140/2011 dispõe sobre o artigo 23, parágrafo único e incisos III, VI e VII da Constituição Federal e trata da competência para o licenciamento ambiental.
2012
Novo Código Florestal - A Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, estabelece normas gerais com o fundamento central da proteção e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa e revoga o Código Florestal de 1965.
RIO + 20 – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.
A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.

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