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Semana 7

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DOS BENS
Semana 7 e 8 - Prof. Alysson
Para um melhor esclarecimento acerca da classificação adotada no Código Civil brasileiro, é importante diferenciar "coisa" e "bem". 
Segundo Teixeira de Freitas, coisa tem por definição tudo aquilo que possui existência material, seja suscetível de valoração e, consequentemente, possa ser objeto de apropriação. Conclui-se que a noção de coisa conecta-se, a priori, à de substância. 
Tudo o que tem valor e, por esse motivo, adentra no universo jurídico como objeto de direito, é um bem. Evidencia-se, portanto que a utilidade e a possibilidade de apropriação são o que dão valor às coisas, transformando-as em bens.
Na terminologia jurídica, bens corresponde à res dos romanos, porém...
 
há bens que não se entendem como coisas, e
 há coisas que não se entendem como 	bens.
Na compreensão jurídica, somente como bens podem ser compreendidas as coisas que tenham dono, isto é, as coisas apropriadas. Escapam, pois, ao sentido de bens, as coisas sem dono (res nulius).
Desse modo, toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio de alguém e passível de apreciação monetária, pode ser designado como “bem”.
Difere-se também de patrimônio, que é o conjunto de bens de que alguém é titular, abrangendo todas as relações jurídicas passíveis de avaliação pecuniária e imputável a mesma pessoa. Fazem parte do patrimônio tanto os direitos como os deveres, tanto ativo, como o passivo. 
Bem é tudo aquilo que pode ser pecuniariamente estimável, isto é, precificado, avaliado em dinheiro, traduzido em quantia monetária. Consideram-se bens, assim, a casa, automóvel, energia elétrica, entre outros.
CONCEITO
 Bem tem o sentido de valor, utilidade ou interesse de natureza material, econômico ou moral, ou, em outras palavras, é tudo aquilo que é protegido pelo Direito, tendo ou não conteúdo ou valoração econômica.
 Ainda conceituando “BEM”
As pessoas procuram nos bens, materiais ou imateriais, a satisfação de seus desejos e a realização de suas necessidades, em torno dos quais gravitam os interesses e os conflitos.
OS  Bens 
Corpóreos: São aqueles que tem existência física, material, e podem ser tangidos pelo homem.
Incorpóreos: São os que tem existência abstrata ou ideal, mas valor econômico, como o direito autoral.
Bens Corpóreos e Incorpóreos
Das diferentes classes de bem
Observa-se três grupos: 
1) os bens considerados em si mesmos (móveis e imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos); 
4 – Classificação dos Bens.
2) os bens reciprocamente considerados (principais e acessórios); e 
3) os bens conforme a natureza das pessoas de seus titulares (públicos e privados, disponíveis ou indisponíveis). 
 
 DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
a) DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS: 
	Analisando-se os bens em si mesmos, o legislador ordinário os distinguiu em: móveis, imóveis, fungíveis, consumíveis, divisíveis, singulares e coletivos.
1.1– Bens Imóveis
O Código Civil encarregou-se de definir os bens imóveis, com base em três critérios:
a) natural; 
b) artificial; e 
c) ficcional ou legal. 
1. Os Bens Considerados em si mesmos
Estabelece o Código Civil que são bens imóveis o solo e tudo quanto lhe incorporar natural ou artificialmente, numa combinação de dois critérios: o natural e o artificial. (Art. 79)
Bens Imóveis
BENS IMÓVEIS: 
Sob o critério legal ou ficcional, o Código Civil considerou, ainda, bens imóveis: (Art. 80)
a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; e b) o direito à sucessão aberta. 
 
Ressalta o legislador que não perdem o caráter de bens imóveis: (Art. 81)
a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; e 
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
Imóveis por sua natureza
Trata-se do solo e tudo o que lhe for incorporado de forma natural, como a árvore, frutos, pedra, compreendendo também o espaço aéreo e o subsolo. Acerca destes últimos, importante destacar a existência de limitações. 
Imóveis por acessão física artificial
São todos os bens que as pessoas incorporam ao solo de forma artificial e permanente – não podem ser retirados, em regra, sem destruição, modificação ou dano.
Ex. Casa.
Não perde a característica a casa retirada para ser levada a outro local, ou ainda material retirado da casa para ser recolocado.
Imóveis por acessão intelectual ou destinação do proprietário
Trata-se de uma ficção albergada pela legislação civil vigente, pois, num primeiro momento os bens em análise poderiam ser considerados móveis, mas, por vontade do agente, acabam adquirindo a condição e a qualidade de bens imóveis.
*Existência de 02 correntes*
São todos os bens móveis que o proprietário mantém empregado de forma duradoura e intencional na exploração industrial ou “embelezamento” ou ainda na comodidade do bem imóvel.
Ex. Máquinas agrícolas, animais e materiais utilizados exclusivamente na plantação; Ex2. Aparelhos de ar condicionado e escadas de emergência; Ex3. Vasos e estátuas de jardins.
1ª Corrente entende que os bens imóveis por acessão intelectual e as pertenças são sinônimos – Ex. Maria Helena Diniz e livro base.
2ª Corrente entende que os bens imóveis por acessão intelectual deixou de existir, tendo em vista que o dispositivo era expresso no código civil de 1916 e agora foi retirado (CC/02). Há dispositivo semelhante em outro tópico, tratando das pertenças, o que, para essa corrente, não deve ser confundido.
Imóveis por definição da lei: 
São os bens considerados imóveis por força da lei para receber maior proteção jurídica. (Art. 80).
Ex. Herança, mesmo que os bens nela compostos sejam todos móveis. – Há necessidade de escritura pública.
Bens Móveis
São aqueles que podem ser movidos de um lugar para o outro sem que seja alterada a substância ou a destinação econômico-social.
A remoção pode ocorrer por força própria (semoventes / animais) ou por força alheia, ex. livro, fruta, caneta...
1. Natureza: São aqueles que, sem deterioração na substância, podem ser transportados de um lugar para outro por força própria ou estranha.
1.1 Semoventes: Suscetíveis de movimento próprio, como os animais.
1.2 Móveis propriamente ditos: São aqueles que admitem remoção por força alheia, sem dano, como os objetos inanimados.
Classificação dos bens móveis
2. Por antecipação: São aqueles mobilizados transformados em móveis pelo ser humano em atenção a sua finalidade econômica. Ex. fruta colhida; madeira cortada.
3. Por determinação legal:
3.1. Energia que tem valor econômico (solar, térmica, elétrica...);
3.2. Direitos reais sobre bens móveis (direito de propriedade, usufruto...)
3.3. Direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações: direitos obrigacionais;
3.4. Direitos autorais;
3.5. Propriedade industrial.
 Desta distinção resultam os importantes efeitos jurídicos abaixo, entre outros:
1- a propriedade dos bens móveis se transfere com a tradição (1.267 CC), enquanto que a transferência da propriedade dos imóveis se faz por escritura pública (1.245  CC);
2- os bens móveis podem ser alienados livremente, enquanto que os imóveis, ressalvado o regime de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis (1.647 CC).
Os Bens móveis dividem-se em:
Bens fungíveis e não fungíveis (ou infungíveis)
a) Bens fungíveis - são aqueles que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Fungível = substituível - art. 85 do CC.
		O dinheiro é o bem fungível por excelência, dado que quando se empresta uma quantia a alguém (por exemplo, R$100,00), não se está exigindo de volta aquelas mesmas cédulas, mas sim um valor, que pode ser pago com quaisquer notas de Real (moeda).
Classificação quanto a Fungibilidade
Se a utilização de um bem fungível implica na sua destruição ou transformação em outra substância (como uma xícara de açúcar emprestada para se fazer um bolo), este bem é denominado consumível.
	Como os bens fungíveis podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade, esse predicativo da permuta, sem prejuízo da essência ou natureza, favorece a faculdade que se confere ao devedor no cumprimento da obrigação. 
	Decerto, pela propriedade da equivalência, admite-se que o devedor entregue ao credor uma coisa em substituição à outra, situação mediante a qual se tem como adimplida a obrigação, se observadas, evidentemente, as particularidades referentes ao gênero, à qualidade e à quantidade.
Bens fungíveis e infungíveis (artigo 85 do NCC): 
Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros de mesmo gênero (espécie), quantidade e qualidade, conforme o disposto no artigo 85 do NCC, 
Exemplos: café, soja, minério de carvão, dinheiro etc.. 
De outra parte, temos que os chamados bens infungíveis são aqueles de natureza insubstituível, como, por exemplo, uma obra de arte, uma edição rara de um livro, etc.
** O automóvel, enquanto em estado de zero km, é considerado fungível. Contudo, após emplacado, passa a
 ser infungível. **
Classificação quanto a Consuntibilidade
Bens consumíveis e inconsumíveis (artigo 86 do NCC): 
Bens consumíveis são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, bem como aqueles destinados à alienação, como bem se depreende da redação ofertada ao artigo 86 do NCC, sendo divididos em :
consumíveis de fato (naturalmente ou materialmente consumíveis – ex: alimentos)
 
e consumíveis de direito (juridicamente consumíveis – ex: dinheiro). 
Já os bens inconsumíveis são aqueles que suportam uso continuado, sem prejuízo do seu perecimento ou destruição progressiva e natural (exemplo – automóvel). 
Bens divisíveis e indivisíveis (artigos 87/88 do NCC): 
Para o artigo 87 do NCC, temos que “bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se
destinam”. 
Classificação quanto a Divisibilidade
São divisíveis, portanto, os bens que podem partir em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito.
Ex. 1 tonelada de soja.
Já os bens indivisíveis são aqueles em que não se verifica a possibilidade de fracionamento ou divisão, valendo ressaltar, por oportuno, que referida indivisibilidade pode resultar:
1. Da própria natureza do bem em questão (exemplo: um animal); 
2. Determinação legal, ou seja, por imposição da lei (exemplo: fracionamento de lote/terreno – Plano diretor); e,
3. Convenção, isto é, por manifestação da vontade das partes interessadas (exemplo: em uma obrigação de dinheiro que deva ser satisfeita por vários devedores, estipulou-se a indivisibilidade do
pagamento).
Classificação quanto a Materialidade
1. Bens materiais (corpóreos): Chamados ainda de “tangíveis”. São aqueles que tem existência material, podendo ser percebidos por nosso sentido. Ex. Armário, TV...
2. Bens imateriais (incorpóreos): Chamados também de “intangíveis”. São todos aqueles que tem existência abstrata, não podendo ser tocados/sentidos pelo ser humano. São bens que consistem em direitos. Ex. Direitos autorais, invenções ...
Classificação quanto a Individualidade
Bens singulares e coletivos (artigos 89/91 do NCC): 
Podemos definir bens singulares como sendo aqueles que são considerados em sua individualidade, representado por
uma unidade autônoma. 
Os bens singulares são a regra.
Os bens singulares podem ser simples quando as suas partes componentes formam um todo homogêneo e estão agrupadas em razão de sua própria naturezas (árvore).
ou compostos quando a coesão de seus componentes decorre do engenho humano (um avião, um relógio). 
Já, os bens coletivos são aqueles que sendo compostos de vários bens singulares, acabam por formar um todo homogêneo (gado, frota, biblioteca), podendo os mesmos serem divididos em:
bens coletivos de fato (conjunto de bens singulares simples ou compostos, agrupados pela vontade da pessoa, tendo destinação comum, como um rebanho ou uma biblioteca, permitindo-se a sua desconstituição pela manifestação de vontade do seu titular)
e bens coletivos de direito (complexo de direitos e obrigações a que a ordem jurídica atribui caráter unitário, dotadas de valor econômico, como a massa falida, o espólio).
Caso Concreto
Os irmãos José e Pedro receberam por doação de seus pais um terreno loteado com área de 210 m2. Pretendendo cada qual construir uma residência no terreno, firmaram escritura pública de divisão, em que ficou localizada a parte de cada um, com 105m2, sendo levada ao Serviço de Registro de Imóveis. Ocorre que, pelo art. 4°, II, da Lei 6.766/79, a área mínima exigida é de 125 m2.
Com base na disciplina jurídica dos bens, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE:
A) Levando em consideração a classificação dos bens considerados em si mesmos, classifique o bem em questão. 
B) Você, na qualidade de funcionário do Serviço de Registro de Imóveis, faria o registro? Justifique a sua resposta com base no princípio da autonomia privada e na disciplina dos bens considerados em si mesmos. 
a) Trata-se de bem imóvel e indivisível. A indivisibilidade do terreno decorre de imposição legal.
b) Não. Há lei impondo área mínima para loteamento, de maneira que se o bem for fracionado, ficará com área inferior à permitida na lei. Dessa maneira, correta a atitude do Cartório em negar o registro de divisão.
a) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídicas dotadas de valor econômico.
b) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento, muito embora possam se tornar indivisíveis por vontade das partes.
c) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças.
d) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demolição de algum prédio.
e) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam ao aformoseamento de outro.
(Procurador do Estado - PGERS/2015) Assinale a alternativa INCORRETA.
Leia os itens abaixo:
I- Um livro pode ser considerado bem consumível.
II- Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
 
Assinale a alternativa CORRETA:
A) Apenas o item I é correto.
B) Apenas o item II é correto.
C) Ambos os itens são corretos e o item II justifica o item I.
D) Ambos os itens são corretos, mas o item II não justifica o item I.
E) Ambos os itens são incorretos.

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