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DIREITO CIVIL I 1ª parte1

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CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (PARTE GERAL) 
 
DISCIPLINA: Direito Civil I 
DOCENTE: Joniel Abreu 
TURMA: 2º Semestre do Curso de Direito 
 
1. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS 
O Código Civil Brasileiro é a Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Disponível: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. 
No estudo do Direito Civil é importante o conhecimento de alguns conceitos para melhor 
compreensão dos princípios gerais que norteiam esse ramo do direito, assim como sua classificação, tradicionalmente falando, na grande área do ensino jurídico. 
Por DIREITO de forma lato senso deve ser entendido como o princípio de adequação do homem 
à vida social. DIREITO POSITIVO é o conjunto de normas que pautam a vida social de determinado povo em determinada época. É o conjunto de normas que está em vigor num povo determinado, e compreende toda a disciplina da conduta, abrangendo as leis votadas pelo poder competente. São as leis postas à vida em sociedade. 
O SUJEITO deve ser entendido como o titular do direito. É aquele a quem a ordem jurídica 
assegura a faculdade de agir. É o destinatário da norma jurídica. Não há direito sem sujeito. 
O DIREITO OBJETIVO (norma agendi) é a norma posta. É ele que estabelece as normas de 
conduta social que deve ser observadas pelos indivíduos. 
O DIREITO SUBJETIVO (facultas agendi) é a prerrogativa, faculdade que para o indivíduo 
decorre da norma objetiva, quando ele é o titular do direito. É sempre permissão que tem o ser humano de agir conforme o direito objetivo. O fato de uma pessoa ter direito a algo refere-se ao direito subjetivo que tal pessoa possui. O direito subjetivo consiste numa relação jurídica que se estabelece entre um sujeito ativo (titular desse direito) e um ou vários sujeitos passivos, que ou são responsáveis pelo cumprimento de uma obrigação para com o primeiro ou devem abster-se de qualquer comportamento que lhe possa prejudicar um direito. 
Silvio Rodrigues expõe como exemplo de direito subjetivo: [1: Direito Civil – Parte Geral, Volume 01. Editora Saraiva, 2009. ]
 
No campo das obrigações, o fenômeno aparece com enorme clareza. Por meio do contrato, por exemplo, surge um liame a vincular o devedor (sujeito passivo) ao credor (sujeito ativo), em virtude do qual este pode exigir daquele uma prestação cujo conteúdo é dar, fazer ou não fazer qualquer coisa, p. 34. 
 
Discorrendo sobre o Direito Subjetivo, diz Maria Helena Diniz, que também são exemplos a [2: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. 3 Novo Curso de Direito Civil – parte geral. Editora Saraiva, 2009. ]
permissão de casar e constituir família, de adotar pessoa como filho de vender seus pertences, de gozar e dispor da propriedade, de alugar uma casa sua, de exigir pagamento do que é devido, entre outros. É considerado direito subjetivo porque as permissões, com base na norma jurídica e em face dos demais membros da sociedade, são próprias das pessoas que as possuem, podendo ser ou não usadas por elas. 
A dicotomia clássica do direito objetivo positivado entre DIREITO PÚBLICO e PRIVADO tambem 
merece esclarecimento. Mesmo se tendo atualmente ciência que essa divisão não tem sustentabilidade teórica no campo jurídica por não ter como dissociar o interesse público do particular/privado, por direito como um todo objetiva a interação em sociedade, é importante seu entendimento devido parte de doutrinadores tradicionais utilizarem em seus escritos. 
Por DIREITO PÚBLICO deve ser entendido como a área do direito destinada a disciplinar os 
interesses gerais da sociedade. Trata-se dos ramos do direito objetivo positivado, voltados a relação dos indivíduos com o ente Estatal ou de regulação do Estado em si. Pablo Stolze Gagliano3 diz que nessa esfera enquadram-se os ramos do direito voltados à sociedade política, estruturando-lhe organização, serviços, tutela dos direitos individuais e repressão dos delitos. Nesse ramo estão: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Ambiental, Direito Penal, Direito Previdenciário, etc. 
O DIREITO PRIVADO objetiva disciplinar entre os particulares. É o ramo do direito objetivo 
positivado que regula as relações entre os indivíduos como tais. Pablo Stolze Gagliano diz que nessa esfera enquadram-se os ramos do direito: Direto Civil, Direito Comercial/Empresarial, Direito do Consumidor, Direito do Trabalho. A inclusão do Direito do Trabalho como pertencente ao direito privado é devido sua atuação nas relações entre particulares em geral, embora tenha grande atuação do Estado. [3: Novo Curso de Direito Civil – parte geral. Editora Saraiva, 2009. ]
 
 
1.1. Direito Civil 
O DIREITO CIVIL que é o objeto deste material defini-se etimologicamente como “Direito do Cidadão”. O Direito Civil é o ramo do Direito Privado destinado a reger relações comuns entre as pessoas. Maria Helena Diniz define o Direito Civil como: [4: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
 
Direito comum a todas as pessoas, por disciplinar o seu modo de ser e de agir, sem quaisquer referencias às condições sociais ou culturais. Rege as relações mais simples da vida cotidiana, atendo-se às pessoas garantidamente situadas, com direitos e deveres, na sua qualidade de marido e mulher, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro. Como se vê toda vida social está impregnada do direito civil, que regula as ocorrências do dia a dia, pois, como exemplifica Ferrara, a simples aquisição de uma carteira de notas é contrato de compra e venda; a que se dá a um pedinte é doação; o uso de um ônibus é contrato é contrato de transporte; o valerse de restaurante automático no qual se introduz uma moeda para obter alimento é aceitação de oferta ao público, p. 47. 
 
Fica explícito que o Direito Civil disciplina todas as relações dos sujeitos, seja uma com as outras – envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com as coisas – propriedade e posse. 
 
 
1.2. Princípios do Direito Civil 
Os princípios norteadores do direito civil são: 
 
1.2.1. Personalidade ou personificação jurídica do homem 
Com base nesse princípio se diz que todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações pelo 
simples fato de ser homem. 
 
1.2.2. Autonomia da vontade 
Esse princípio leva em conta a capacidade da pessoa humana de praticar ou abster-se de 
praticar certos atos de acordo com sua vontade. 
 
1.2.3. Liberdade de estipulação negocial 
Neste princípio garante-se o livre arbítrio do indivíduo quanto à permissão de outorga de direitos 
e aceite de deveres, nos limites legais, dando início a um negócio jurídico qualquer 
 
1.2.4. Propriedade individual 
O princípio da propriedade individual defende a ideia de que o homem, devido ao seu trabalho 
ou pelos meios permitidos a ele pela letra da lei tem o direito de exteriorizar a sua personalidade em bens móveis e imóveis que passam a constituir o seu patrimônio. 
 
1.2.5. Intangibilidade familiar 
Tal princípio reconhece a importância da existência do núcleo familiar para o desenvolvimento 
humano. 
 
1.2.6. Legitimidade da herança e do direito de testar 
Este princípio garante a faculdade do indivíduo de dispor de seus bens do modo como assim 
determinar, planejando a maneira como este será transmitido a seus herdeiros. 
 
1.2.7. Solidariedade social 
Este princípio atenta para a importância da função social da propriedade e dos negócios 
jurídicos, conciliando as necessidades da coletividade e dos interesses particulares. 
 
 
1.3. O Código Civil/2002 
O Código Civil Brasileiro (CC) publicado em 11/01/2002 entrou em vigor no ano de 2003 
conforme o período de vacância (vacatio legis) previsto no Art. 2.044. 
Como o próprio termo já deixa claro é um código. A codificação é o processo de organização do 
direito positivo em um único diploma com diferentes regras jurídicas, todavia da mesma natureza.
É um agrupamento de normas segundo o critério sistemático. 
Quando se menciona “Código Civil brasileiro” deve-se entender como a unidade orgânica de 
normas (normas reunidas num único diploma) aplicáveis a relação particular dos cidadãos. 
O Código Civil brasileiro contém DUAS partes: PARTE GERAL e PARTE ESPECIAL. 
A Parte Geral elenca preceitos aplicáveis aos institutos disciplinados na Parte Especial. Expõe 
um conjunto de normas para regrar sobre relações abstratas e genéricas sobre as pessoas, bens, fatos jurídicos em sentido amplo. 
Maria Helena Diniz diz que a Parte Geral fundamenta-se nos elementos do direito subjetivo para [5: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
apresentar normas concernentes às pessoas, aos bens, aos fatos jurídicos, atos e negócios jurídicos, desenvolve teoria das nulidades e princípios reguladores da prescrição e decadência, p. 46. 
Essa primeira parte divide-se em TRÊS livros. O LIVRO I (Arts. 1º a 78 do CC) cuida da teoria 
das pessoas, isto é, do sujeito do direito; define a personalidade civil, a capacidade para o exercício dos direitos, a personalidade jurídica e o domicílio e a ausência. O LIVRO II (Arts. 79 a 103 do CC) trata da classificação dos bens, isto é, do objeto do direito. O LIVRO III (Arts. 104 a 232 do CC) elenca sobre a teoria dos fatos e atos jurídicos, isto é, a relação jurídica (relação da vida social regulada pelo direito). 
A Parte Especial contem normas relativas ao vínculo entre sujeito e objeto onde serão aplicados 
os institutos da parte geral diante de uma relação jurídica (sua validade, existência, modificação, extinção) 
A segunda parte é composta por CINCO livros e mais um livro sobre as disposições finais e 
transitórias. O LIVRO I (Arts. 233 a 965 do CC) regula o direito das obrigações. Sobre direitos e obrigações se tem no livro: Modalidades, Transmissão, Quitação e Extinção das Obrigações, Inadimplemento, Contratos em Geral, Espécies de Contratos, Atos Unilaterais, Títulos de Crédito, Responsabilidade Civil e Preferências e Privilégios Creditórios. O LIVRO II (Arts. 966 a 1.195 do CC) trata do direito da empresa envolvendo: Do Empresário, Da Sociedade, Do Estabelecimento, dos Institutos das Coisas. O LIVRO III (Arts. 1.196 a 1.510 do CC) cuida do direito das coisas como: Posse, Direitos Reais, Propriedade, Superfície, Servidões, Usufruto, Uso, Habitação, Direito do Promitente Comprador, Penhor, Hipoteca e da Anticrese. O LIVRO IV (Arts. 1.511 a 1.783 do CC) regra o direito de família. Nesse livro encontra-se: Direito Pessoal, Direito Patrimonial, Da União Estável, Da Tutela e da Curatela. O LIVRO V (Arts. 1.784 a 2.027 do CC) elenca o direito das sucessões: Sucessões em Geral, Sucessão Legitima, Sucessão Testamentária, Inventário e Partilha. 
Livro Complementar sobre as disposições finais e transitórias (Arts. 2.028 a 2.046 do CC) serve 
para disciplinar as questões genéricas de aplicabilidade do CC e também foi usado nas questões relativas à fase de transição do antigo para o novo Código Civil brasileiro. 
 
 
1.4. Princípios do Código Civil/2002 
São considerados princípios norteadores do Código Civil brasileiro: 
 
1.4.1. Princípio da eticidade 
Princípio da Eticidade se manifesta na PROIBIÇÃO do abuso do direito (Art. 187), do 
locupletamento ilícito (Art. 184), e positiva o Princípio da Boa Fé (Art. 113 e 422). 
Esse princípio fundamenta que o homem deve ser reto, honesto, leal, ter integridade. Leva-se 
em consideração os fatores concretos do caso, tais como o status pessoal e cultural dos envolvidos. Esse princípio atua no Código Civil para guiar o Direito com o correto ideal exemplar de coibir estas condutas não éticas, ou seja, tudo que está CONTRA ao justo, ideal, correto, tudo que ofenda os valores de uma sociedade justa. 
 
1.4.2. Princípio da socialidade 
Esse princípio leva em consideração a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, 
respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana. Ex: A função social do contrato Art. 421 do CC e da propriedade Art. 1.228, § 1º e § 3º do CC. 
O Código Civil trouxe com o princípio da sociabilidade, a busca pela justiça social e regional e 
acima de tudo a dignidade da pessoa humana. O contrato passa a ter função social onde é defeso conter elementos que estabeleçam vantagens exageradas de uma parte em prejuízo a outra. O contrato deve conter regras implícitas ou explícitas que promovam o bem comum, o equilíbrio contratual, a justiça social, igualdade material, sempre buscando a materialização da dignidade da pessoa humana. O direito a propriedade deixou de ser absoluto, podendo ser desapropriada. 
Percebe-se que os princípios da eticidade e sociabilidade guardam íntima relação entre si, sendo 
certo que a distinção feita entre eles é meramente metodológica devido as regras dotadas de conteúdo social são fundamentalmente éticas e as normas éticas têm afinidade com a socialidade. 
Assim, com base no princípio da socialidade, os valores coletivos e o individual hão sempre de 
ser confrontados em ângulo macro, impondo a relação concreta e dinâmica dos valores coletivos com os individuais, para que a pessoa humana seja preservada sem privilégios e exclusivismos, numa ordem global de comum participação. 
 
1.4.3. Princípio da operabilidade 
Esse princípio é exercido pelo aplicador do direito. Ao magistrado é obrigatório maior elastério (força moral, maior importância) para que, em busca de solução mais justas, a norma possa, na análise de caso por caso, ser efetivamente aplicada. 
Pelo princípio da operabilidade, busca-se uma atuação mais efetiva, realista, sensata, uma 
atuação justa por parte do aplicador do Direito, permitindo que a Lei se aproxime da realidade e concretize a sua finalidade, já que se objetiva alcançar é o Direito em sua concreção, ou seja, em razão os elementos de fato e de valor que devem ser sempre levados em conta na enunciação e na aplicação da norma. 
 	 
Continuação 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (PARTE GERAL – Livros I, II e III) 
 
DISCIPLINA: Direito Civil I 
DOCENTE: Joniel Abreu 
TURMA: 2º Semestre do Curso de Direito 
 
2. DAS PESSOAS 
O Livro I da Parte Geral versa sobre a matéria “Das Pessoas”. O livro encontra-se organizado 
em TRÊS Títulos. No primeiro Título o foco é “as pessoas naturais” contendo três capítulos: 1º da personalidade e capacidade; 2º dos direitos da personalidade; 3º da ausência. No segundo Título o foco é “Pessoas Jurídicas” com quatro capítulos: 1º disposições gerais; 2º das associações; 3º das fundações. O terceiro Título discorre sobre “Domicílio”. 
 
2.1. Definição de personalidade jurídica 
O conceito lato senso de personalidade é de interesse da psicologia que a define em linhas 
gerais como um termo abstrato utilizado para descrever e dar uma explicação teórica do conjunto de peculiaridades de um indivíduo que o caracterizam e diferenciam dos outros. 
Para o Direito Civil o foco não é a personalidade lato senso, mas a personalidade jurídica. Por 
personalidade jurídica entende-se a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres (obrigações). Esta aptidão é hoje reconhecida a todo ser humano, o que exprime uma conquista da civilização jurídica. Assim, todo sujeito de direito é dotado de personalidade jurídica. [6: Sujeito de Direito é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não-cumprimento do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial. ]
 
 
2.2. Pessoa Natural 
 
2.2.1. Definição 
Por pessoa natural deve ser entendido o ser humano considerado como sujeito de direitos e 
obrigações. 
O dissenso em volta do termo é revelado com base na nomenclatura usada na França e Argentina. Na França a designação é “pessoa física”, todavia a terminologia desnatura o homem ao realçar somente o aspecto material, sem considerar suas qualidades morais e espirituais.
Na Argentina, sob influencia do jurista brasileiro Teixeira de Freitas, utiliza-se o termo “ser de existência real” para designar o homem, em contraposição aos entes coletivos, denominado “seres de existência ideal”. 
No Brasil aderiu-se a denominação “pessoa natural”, que designa o ser humano tal como ele é. 
 
 
2.2.2. O inicio da personalidade jurídica/ civil 
 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Esse ponto busca responder o questionamento: “Em que momento a pessoa natural adquire 
personalidade jurídica?” 
O grande ponto que nos apresenta nesse início é o momento em que a pessoa natural adquire 
personalidade jurídica. Tema profundo, complexo, que requer maior atenção. 
O Código Civil elencou no Art. 2°, em sua primeira parte, que o nascimento com vida (ainda que 
o recém-nascido venha a falecer instante depois) determina o inicio da personalidade jurídica. Isso significa dizer que no instante em que principia o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame de Docimasia Hidrostática de Galeno, o recém-nascido, adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer minutos depois. [7: Trata-se de medida pericial, de caráter médico-legal, aplicada com a finalidade de verificar se uma criança nasce viva ou morta e, portanto, se chega a respirar. Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados numa vasilhame com água, flutuam; não acontecendo o mesmo com os pulmões que não respiram. Se afundarem, é porque não houve respiração; se não afundarem é porque houve respiração e, conseqüentemente, vida. Daí, a denominação docimasia pulmonar hidrostática de Galeno. ]
A importância de saber o nascimento com vida tem grande repercussão nos direito sucessórios. Exemplifica-se: 
 
Suponhamos o caso de um homem que, recentemente casado, pelo regime de separação de bens, faleça num desastre, deixando pais vivos e viúva grávida. Se nascer morto, o bebê não adquire personalidade jurídica e, portanto, não recebe nem transmite a herança de seu pai, que ficará com os avós paternos, pois em nosso direito a ordem da vocação hereditária é: descendentes em concorrência com cônjuge sobrevivente, ascendentes em concorrência com consorte, cônjuge sobrevivente, colaterais até o 4º grau (CC, Art. 1.829, I a IV) e o município, Distrito Federal ou União havendo declaração de vacância da herança (CC, Art. 1.822). Se nascer vivo, receberá a herança e, se acaso vier a falecer logo em seguida, a herança passará a sua mãe, provando-se o seu nascimento com vida pela demonstração de presença de ar nos pulmões. (DINIZ, 2009, p. 205, 206). 
 
É necessário destacar que todo nascimento deve ser registrado em Cartório. 
Criança que tenha nascido morta ou morreu durante o parto (natimorto) será feito o registro no livro “C Auxiliar”, Art. 33, V da Lei 6.015/1973, contendo os elementos arrolados no art. 54 da lei como nome e prenome, etc. 
Caso a criança tenha morrido na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos dois registros: o de nascimento e o de óbito (Art. 53, §§1º e 2º do CC). 
 
Aparentemente, se teria a resposta para o Art. 2°, todavia, a segunda parte do artigo em 
questão, ao garantir desde a concepção os direitos do nascituro, traz consigo todo um dissenso doutrinário, situação que leva a indagação: “teria também o nascituro personalidade jurídica”? 
 
a) Nascituro 
É definido como o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno. Nascituro é igual a embrião? Na essência é um embrião, mas com vida intrauterina. Quando se referir ao embrião conservado em laboratório (congelado), nunca diga nascituro. O embrião está na geladeira. Não se usa a expressão nascituro para embrião congelado, criopreservado. 
O NASCITURO não se confunde com o CONCEPTURO e NATIMORTO. 
CONCEPTURO, tambem chamado de prole eventual é aquele que nem concebido ainda foi, embora haja a esperança de que venha a ser, Art. 1.799, I do CC. Tem importância no Direito Sucessório. 
NATIMORTO é aquele nascido morto que deverá ser registrado em livros próprios no cartório de pessoas naturais. Na “I Jornada de Direito Civil” ao natimorto atribuiu-se no enunciado 1 sobre o Art. 2°: 
 
1 – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. (realizada em Brasília, entre 11 a 13 de dezembro de 2003) 
 
b) Teorias sobre a personalidade jurídica do nascituro 
As teorias que repousam sobre o assunto buscam responder o questionamento: “o nascituro tem personalidade jurídica? 
As propostas de resposta ao questionamento são feitas com base: Teoria Natalista; Personalidade Condicional; e Concepcionista. 
 
1) Teoria Natalista defendida por Silvio Rodrigues, Vicente Ráo, Silvio Venosa, Caio Mário, outros. 
Tal teoria defende que o nascituro detém apenas uma mera expectativa de direito já que seria uma “mera expectativa de pessoa”. Trata-se de uma teoria tradicional em nosso direito. Sustenta que a personalidade jurídica só seria adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro não seria considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direito. 
Seguindo o fundamento constitucional sobre a dignidade da pessoa humana não se pode exigir, mesmo os natalistas conservadores, que além do nascimento com vida, se tenha tempo mínimo de sobrevida e forma humana, conforme expresso na antiga redação do Art. 30 do Código Civil Espanhol. 
Desta forma concluem-se os defensores da teoria natalista, que a personalidade jurídica é adquirida após o nascimento com vida, mesmo que venham a falecer segundos posteriores ao fato, sendo doravante produzidos os efeitos jurídicos da aquisição da personalidade. 
Para Caio Mário da Silva Pereira, defensor dessa teoria, resume o pensamento ao dizer: [8: Instituições de Direito Civil – Volume I. Introdução ao Direito Civil, 23 ed. Editora Forense, 2009. ]
 
A personalidade jurídica, no nosso ordenamento jurídico, continuamos a sustentar, tem começo no nascimento com vida. Dois requisitos de sua caracterização: o nascimento e a vida. (...) A partir deste momento afirma-se a personalidade civil. (...) assentado o começo da personalidade no nascimento com vida, somente a partir de então existe uma pessoa em que se integram direitos e obrigações. Até ai o que há são direitos meramente potenciais, para cuja constituição dever-se-á aguardar o fato do nascimento e a aquisição da personalidade. Nascendo com vivo, ainda que morra em seguida, o novo ente chegou a ser pessoa, adquiriu direitos, e com sua morte os transmite. (PEREIRA, 2009, p. 187, 188). 
 
 
Teoria da Personalidade Condicional defendida por Miguel Maria de Serpa Lopes 
Defende que o nascituro é dotado de personalidade apenas para direitos existenciais (Exemplo: 
direito à vida), mas apenas consolidaria a personalidade para aquisição de direitos econômicos ou materiais sob a condição de nascer com vida. 
Em outras palavras, a lei assegura direitos ao nascituro durante o período da gestação, tutelandolhes alguns direitos personalíssimos e patrimoniais, entretanto estariam eles sujeitos a uma condição suspensiva, qual seja, o nascimento. 
O nascimento com vida leva os mesmo a realizarem a condição suspensiva e desta forma consolidar os direitos que adquirira desde a concepção, tendo em vista que sua eficácia estava atrelada a condição do nascimento com vida, e desta forma integrarão definitivamente o patrimônio do nascituro, mesmo que venha a falecer segundos após ter vindo ao mundo. 
proteção ao nascituro explica-se, pois há nele uma personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver. 
Em síntese, o nascituro tem direitos resguardados como: direito à vida, proteção pré-natal, impedimento ao abordo, outros. Não se aplica ao
nascituro personalidade jurídica plena que será conquistada com o nascimento com vida. 
Maria Helena Diniz se aproxima dessa teoria ao afirmar que o nascituro teria uma personalidade formal, mas somente adquiriria direitos materiais sob a condição de nascer com vida. 
 
O embrião, ou nascituro, tem resguardados, normativamente, desde a concepção, os seus direitos, porque a partir dela passa a ter existência e vida orgânica e biológica própria, independente da de sua mãe. Se as normas o protegem é porque tem personalidade jurídica. Na vida intra-uterina, ou mesmo in vitro, tem personalidade jurídica formal, relativamente aos direitos da personalidade, consagrados constitucionalmente, adquirindo personalidade jurídica material após nascer com vida, ocasião em que será titular dos direitos patrimoniais, que se encontravam em estado potencial, e do direito às indenizações por dano moral e patrimonial por ele sofrido. [9: DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito, 2ª Ed.:São Paulo, Saraiva, 2002, p. 114. ]
 
 
Teoria Concepcionista defendida por Teixeira de Freitas. 
Afirma que o nascituro é dotado de personalidade jurídica, desde a concepção, inclusive para efeitos patrimoniais. Diante do caminho seguido pela jurisprudência é mostrado, que essa teoria tem ganhado maior espaço nos tribunais, inclusive na própria legislação brasileira (Lei de Alimentos Gravídicos – Lei 11.804/2008) e de recentes rescisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que admitiu “dano moral ao nascituro” (Resp. 3999/SP) e até pagamento de DPVAT pela morte do nascituro. 
teoria Concepcionista surge como uma brusca inovação no pensamento de alguns doutrinadores. O nascituro passou a ser interpretado como pessoa humana, tendo direitos resguardados pela lei. 
A conclusão pela teoria Concepcionista também consta do Enunciado nº 1 do Conselho da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça, aprovado da I Jornada de Direito Civil, cujo teor segue: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança também o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. 
A síntese da teoria Concepcionista é que o nascituro é considerado pessoa inclusive para efeitos patrimoniais. 
 
ATENÇÃO. Mesmo aparentemente o Código Civil adotando a teoria Natalista, a jurisprudência vem recebendo influencia em vários casos (dano moral, pagamento de DPVAT, entre outros) da teoria Concepcionista. 
 
c) Alimentos ao Nascituro 
 
LEI Nº 11.804, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2008. 
Disciplina o direito a alimentos gravídicos e a forma como ele 
será exercido e dá outras providências 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido. 
Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. 
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. 
Art. 3º (VETADO) 
Art. 4º (VETADO) 
Art. 5º (VETADO) 
Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. 
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão. 
Art. 7o O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias. 
Art. 8º (VETADO) 
Art. 9º (VETADO) 
Art. 10º (VETADO) 
Art. 11. Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos 5.478, de 25 de julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 5 de novembro de 2008; 187o da Independência e 120o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Tarso Genro 
José Antonio Dias Toffoli 
Dilma Rousseff 
Este texto não substitui o publicado no DOU de 6.11.2008 
 
 
ATIVIDADE 
Desenvolva um levantamento de julgados em tribunais sobre: 
Indenização ao nascituro por dano moral; 
Pagamento de Indenização de Seguro DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) por morte do nascituro. 
 	 
Continuação 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (PARTE GERAL – Livros I, II e III) 
 
DISCIPLINA: Direito Civil I 
DOCENTE: Joniel Abreu 
TURMA: 2º Semestre do Curso de Direito 
 
2.2.3. Capacidade 
Sobre a personalidade jurídica ficou esclarecido que é atribuída a todo ser humano, já que se 
trata da aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. 
Aliada a ideia de personalidade jurídica, o sistema normativo pátrio reconhece a todos indivíduos 
a capacidade para aquisição dos direitos e para exercê-los por si mesmo, diretamente, ou por intermédio de representação, ou com a assistência de outrem conforme elenca o Art. 1º do Código Civil (CC). 
 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. (Código Civil) 
 
A capacidade é reconhecida a toda pessoa fulcro no Art. 1º do CC, situação que deixa explícito 
que a lei nacional atende a todos sem distinção. 
Conforme diz Caio Mário da Silva Pereira, personalidade jurídica e capacidade se completam: [10: Instituições de Direito Civil – Volume I. Introdução ao Direito Civil, 23 ed. Editora Forense, 2009. ]
 
De nada valeria a personalidade sem a capacidade jurídica que se ajusta assim ao conteúdo da personalidade, na mesma e certa medida em que a utilização do direito integra a ideia de ser alguém titular dele. Com este sentido genérico não há restrições à capacidade, porque todo direito se materializa na efetivação ou está apto a concretizar-se. Quem tem aptidão para adquirir direitos deve ser hábil a gozá-los e exercê-los, por si ou por via de representação, não importando a inércia do sujeito em relação ao seu direito, pois deixar de utilizá-los já é, muitas vezes, uma forma de fruição. A privação da capacidade implicaria a frustração da personalidade: se ao homem, como sujeito de direito, fosse negada a capacidade genérica para adquiri-lo, a conseqüência seria o seu aniquilamento no mundo jurídico. Como toda pessoa tem personalidade jurídica, tem tambem a faculdade abstrata de gozar os seus direitos. (PEREIRA, 2009, p. 225 – grifo meu). 
 
A aptidão para adquirir direitos na vida civil decorrente da personalidade jurídica é denominada 
de CAPACIDADE DE DIREITO. Já a aptidão para utilizar e exercer por si mesmo os direitos adquiridos dar-se o nome de CAPACIDADE DE FATO. 
Diante do texto legal no Art. 1º sua menção é para a capacidade de direito, uma vez que toda 
pessoa possui direitos na vida civil por meio da personalidade jurídica. 
A CAPACIDADE DE DIREITO proporcionar a todas as pessoas aptidão para tornar-se titular de 
direitos civis, convencionou-se utilizar também a nomenclatura de CAPACIDADE DE GOZO. A CAPACIDADE 
DE FATO relacionar-se ao poder de usar e transmitir os direitos a outrem, utiliza-se o termo CAPACIDADE DE EXERCÍCIO. 
De acordo com Caio Mário da Silva Pereira, os termos jurídicos não são felizes já que toda [11: Instituições de Direito Civil – Volume I. Introdução ao Direito Civil, 23 ed. Editora Forense, 2009. ]
capacidade é uma emanação do direito. Numa tentativa de vincular as nomenclaturas ao seu real sentido, o autor relaciona a capacidade de direito a CAPACIDADE
DE AQUISIÇÃO e a capacidade de fato a CAPACIDADE DE AÇÃO. 
 
 
 
 
 
	
	Capacidade de Direito = 
Capacidade de 
Aquisição 
	Toda a pessoa tem aptidão para tornar-se titular de direitos civis. 
	Capacidade de Fato = 
Capacidade de Ação 
	Poder de uma pessoa em usar e/ou transmitir/outorgar os direitos a outrem. 
	
Tem-se a CAPACIDADE CIVIL PLENA 
 
 
A Capacidade de Direito/Gozo/Aquisição deve ser entendida como a aptidão para ser sujeito 
de direitos e obrigações, enquanto condição intrínseca a personalidade jurídica. A Capacidade de Fato/Exercício/Ação deve ser entendida no sentido de uma pessoa poder exercer por si e plenamente os direitos e deveres correspondentes à capacidade de direito (negociar; cometer delitos; votar e ser eleito votado, casar, etc.), conforme circunstâncias previstas no ordenamento jurídico. Enquanto essas circunstâncias não ocorrem, o exercício de alguns desses direitos e deveres requerem representação (os pais, os tutores etc.). Mesmo entre sujeitos com plena capacidade de ação, pode a pessoa capaz designar alguém que a represente no exercício de seus direitos e deveres. 
Assim, quando uma pessoa reúne a capacidade de direito e a capacidade de fato atinge a CAPACIDADE CIVIL PLENA por se encontrar apta a praticar validamente todos os atos da vida civil. Destarte, quando existe uma restrição legal ao exercício dos direitos civis, isto é, ausência da capacidade de fato/exercício, se tem a INCAPACIDADE CIVIL da pessoa. 
 
a) Noções da Incapacidade Civil 
A regra é que toda pessoa tem capacidade (de direito e fato), sendo a incapacidade civil exceção 
decorrente de lei. O que gera a INCAPACIDADE CIVIL é a ausência da capacidade de fato. Nesse mesmo diapasão Maria Helena Diniz diz: [12: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
 
A incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, devendo ser sempre encarada estritamente, considerando-se o princípio de que “capacidade é a regra e a incapacidade a exceção”. (...) O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção que para os absolutamente incapazes (CC, Art. 3°) assume a feição de representação, uma vez que estão completamente privados de agir juridicamente, e para os relativamente incapazes (CC, Art. 4º) o aspecto de assistência, já que tem o poder de atuar na vida civil, desde que autorizados. Por meio da representação e da assistência, supre-se a incapacidade, e os negócios jurídicos realizam-se regularmente. (DINIZ, 2009, p. 154, 155). 
 
 
A incapacidade civil não pode ser confundida com IMPEDIMENTO. Os impedimentos são 
previsões expressas no Código por razão de ordem moral ou pública. Exemplificando se tem os casos: 
Anulabilidade de venda entre ascendente e descendente, sem o consentimento expresso dos demais descendentes, Art. 496 do CC. 
Para o Casamento os listados no Art. 1.521 do CC. 
 
Quando o Código Civil instituiu o regime da incapacidade, seu propósito não é de prejudicar 
pessoas que dela padecem, mas, ao contrário, com o intuito de lhes oferecer proteção, atendendo a que 
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JONIEL ABREU, Advogado, Teólogo e Pedagogo. Especialista em Direito pela UFPA. Especialista em Ciências Sociais pela UFPA. 
	Mestre em Educação pela UFPA. E-mail: jonielabreu@hotmail.com. 	 (93) 99131-1517 
JONIEL ABREU, Advogado, Teólogo e Pedagogo. Especialista em Direito pela UFPA. Especialista em Ciências Sociais pela UFPA. 
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uma falta de discernimento, de que sejam portadoras, aconselha tratamento especial, por cujo intermédio o ordenamento jurídico procura restabelecer um equilíbrio psíquico, rompido em conseqüência das condições peculiares dos mentalmente deficitários. 
O Código Civil deixa expresso nos Arts. 3º e 4º os ABSOLUTAMENTE e RELATIVAMENTE 
incapazes. 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
- os menores de dezesseis anos; 
- os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; 
- os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
- os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
Segundo Maria Helena Diniz os Arts. 3º e 4º do Código em questão são de natureza imperativa [13: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
absoluta ou impositiva, já que determinam o estado da pessoa com a convicção de que certas relações de determinados estados da vida social não podem ser deixadas ao arbítrio individual, o que acarretaria graves prejuízos para a ordem social. 
 
b) Incapacidade Absoluta (são representados) 
São pessoas inaptas, com proibição total para o exercício do direito. Os absolutamente incapazes tem direitos, porém não poderão exercê-los diretamente ou pessoalmente, não participando assim de qualquer negócio jurídico. 
Por serem completamente impedidos de agir juridicamente, nos atos que se relacionam com seus direitos e interesses procedem por via de REPRESENTANTES. Os REPRESENTANTES agem em nome dos absolutamente incapazes, falam, pensam e querem por eles (Pátrio Poder exercido pelos pais, Art. 1.630 do CC; Tutela; Curatela). Os pais, tutores e curadores praticam o ato em benefício ou em nome do incapaz. [14: A Tutela visa a integral proteção do menor fulcro no Art. 1.728s. Ocorre nos casos em que os pais daqueles estejam falecidos, ausentes ou foram destituídos do poder familiar. A tutela extingue com o alcance da maioridade ou emancipação ][15: A Curatela consiste no encargo de se cuidar de uma pessoa maior de idade que não pode gerir seus bens em virtude de uma incapacidade. Essa pessoa incapaz deve ser interditada, ou seja, através de um processo judicial é averiguada a sua incapacidade e a impossibilidade dessa pessoa praticar, autonomamente, os atos da vida civil (vender ou comprar um bem, firmar contratos, etc). ]
A incapacidade absoluta gera nulidade de pleno direito dos atos jurídicos praticados por ela, Art. 166, I do CC. 
As causas da incapacidade absoluta expressa no Código são: idade; enfermidade ou deficiência mental; impossibilidade, mesmo que temporária de discernimento. 
 
1) Os menores de 16 anos 
São também chamados de MENORES IMPÚBERES. Para o legislador brasileiro o único fator de caracterização da incapacidade absoluta do menor é a idade (fator etário), não havendo quaisquer discriminações relacionadas ao sexo. 
Aplica-se a incapacidade absoluta com base no fator etário por entender que trata-se de pessoas que ainda não atingiram o discernimento para distinguir o que podem ou não fazer, o que lhes é conveniente ou prejudicial. Dado seu desenvolvimento mental incompleto carecem de autodeterminação, sendo facilmente influenciáveis por outrem. 
 
2) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos 
O que se pretende com o inciso II do Art. 3º do Código é a proteção a qualquer estado de insanidade. A causa da incapacidade absoluta é a deficiência mental congênita ou adquirida. 
A incapacidade com base neste inciso opera-se por meio do procedimento de interdição. Esse procedimento deve ser oficialmente reconhecido (Art. 1.177 a 1.186 do Código de Processo
Civil – CPC) com fundamento no Art. 1.767 e 1.768 do Código Civil. [16: A Ação de Interdição é uma ação intentada no âmbito cível e tem por fim a declaração da incapacidade de determinada pessoa, em razão, da falta de discernimento para cuidar dos atos da vida civil. ]
Pronunciando o decreto judicial de interdição, ao interdito é recusada a capacidade de exercício, e, por conseguinte, nulo qualquer ato por ele praticado. 
Diante da situação vem o questionamento: “É válido o ato praticado pelo incapaz ainda não interditado”? 
Em resposta ao questionamento, o Código Civil é omisso sobre a matéria. Já a doutrina diz que o ato praticado pelo incapaz poderá ser invalidado caso ocorra os requisitos: [17: GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007. ]
Incapacidade de entendimento; 
Prejuízo do incapaz; 
A má-fé do outro contraente. Essa má-fé pode ser circunstancialmente aferida. 
 
3) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade 
Trata-se de pessoas que, sem serem portadores de doença ou deficiência mental, encontrem-se em estado de paralisia mental total e temporária. 
A informação elencada pelo inciso repousa sobre hipótese de “inaptidão” para manifestar a vontade, independente da causa orgânica. São as hipóteses de embriaguez fortuita, traumatismo, estado de coma, intoxicação fortuita. 
 
 
c) Incapacidade Relativa (são assistidos) 
Entre a absoluta incapacidade e a plena capacidade civil, figuram pessoas situadas em zona intermediária, por não gozarem de total capacidade de discernimento e autodeterminação. Trata-se dos relativamente incapazes. 
Os relativamente incapazes não são privados de ingerência ou participação na vida jurídica. Ao contrário, o exercício de seus direitos se realiza com a sua presença. Os mesmos têm o poder de atuar na vida civil, porém sob a condição de serem autorizados, isto é, ASSISTIDOS. 
Nos efeitos, a incapacidade relativa gera a anulabilidade do ato jurídico, Art. 171, I do CC. O Código elenca as causas da incapacidade relativa: 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
- os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. 
 
 
1) Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos 
São tambem chamados de MENORES PÚBERES. Figuram nos atos jurídicos, mas a validade destes requer a assistência de seu pai ou de sua mãe, conforme estejam sob o poder familiar. 
Em alguns casos, o menor relativamente incapaz procede independentemente da presença de um assistente. Exemplifica-se: Aceitar mandato (procuração), Art. 666; fazer testamento, Art. 1.860; ser testemunha em atos jurídicos, Art. 228. 
 
2) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido 
Baseado em posição fundada em subsídios mais recentes da ciência, o Código Civil alarga os casos de incapacidade relativa decorrente de causa permanente ou transitória. 
Assim, os que têm impulsão irresistível para beber ou os dependentes do álcool, os viciados em tóxicos (crak, heroína, maconha, etc.) ou portador de deficiência mental sofram uma redução na capacidade de entendimento, não poderão praticar atos na vida civil sem a assistência de curador, Art. 1.767, II do Código. 
 
3) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo 
Abrangem os fracos de mente, os surdos-mudos sem educação apropriada e os portadores de anomalia psíquica genética ou congênita (caso de síndrome de Down). Deve ser comprovado e declarado em sentença de interdição. 
 
4) Os pródigos 
É aquele que desordenadamente gasta e destrói a seu patrimônio, reduzindo-se à miséria por sua culpa. 
Conforme diz Pablo Stolze Gagliano: [18: Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral. Editora Saraiva, 2009. ]
Trata-se de um desvio comportamental que, refletindo-se no patrimônio individual, culmina por prejudicar, ainda que por via obliqua, a tessitura familiar e social. Notese que o individuo que desordenadamente dilapida o seu patrimônio poderá, ulteriormente, bater às portas de um parente próximo ou do próprio Estado para buscar amparo. Por isso a lei justifica a interdição do pródigo, reconhecendo-lhe relativa capacidade. (GAGLIANO, 2009, p. 98). 
 
A interdição incide sobre sua incapacidade de decisão sobre o patrimônio (preservação patrimonial). Não suporta restrição a prática de atos pessoais da vida civil (casamento, fixação do domicílio, autorização para que seus filhos menores contraiam matrimônio, etc.). A prodigalidade tambem deve ser comprovada e declarada em sentença de interdição. 
 
OBS1: Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo. [19: FACHIN, Luiz Édson. Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo. Rio de Janeiro: Renovar, 2001 ]
Para justificar a inserção do Ministério Público em Ação de Interdição patrimonial criou-se a 
teoria “Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo”. 
Essa teoria tem por finalidade demonstrar a legitimidade da garantia do próprio patrimônio 
mínimo resultante da intervenção estatal na autonomia privada do indivíduo com a finalidade a um fim maior, qual seja, a proteção à dignidade humana. Procura garantir um mínimo de patrimônio com base no ordenamento jurídico, ou seja, deve o indivíduo ter o mínimo existencial como forma de garantir-lhe a sua dignidade. Esta teoria não tem o interesse de atacar a propriedade privada, mas afasta o caráter patrimonial das relações jurídicas privadas. 
O intuito é remodelar estes institutos e adequá-las às novas premissas do Direito Civil, 
determinando que os mesmos não se sobreponham à dignidade do indivíduo. 
 
OBS2: A Capacidade o índio será regulada por legislação especial 
O Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) é a atual legislação dos povos indígenas. Todavia é uma lei 
que sofre diversas restrições após a Constituição de 1988 (CF88). 
O Estatuto do Índio elenca para indígenas fundamentando-se no “instituto da integração” onde 
os povos indígenas estariam fadados a extinção, uma vez que a regra seria sua incorporação a sociedade nacional, isto é, a desindianização. 
Já a CF88 reconheceu os povos indígenas pelo “direito à diferença” (Art. 231) inaugurando com 
isso o “instituto da interação”. O critério positivado pelo legislador constitucional foi ser o sujeito indígena. 
Nesse caso tem por parte do Estado um tratamento diferenciado em respeito a sua diferença cultural. 
Diante desse conflito entre a Lei 6.001/73 e a Constituição de 1988 partes do Estatuto encontra-
se derrogado. Tramita no Congresso um Projeto Lei nº 2.057/1991 (PL) – “Estatuto das Sociedades Indígenas”, que tem como fundamento a Constituição. 
Na realidade jurídica pátria a aplicação do direito a casos envolvendo indígenas tem sua base 
interpretativa na Constituição, sendo recorrido em último caso, a fundamentos da Lei 6.001/73 que não conflitam com a Carta Maior. Na ausência segue o Art. 4º da LINDB (Decreto-Lei nº 4.657/1942). 
 	 
Continuação 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (PARTE GERAL – Livros I, II e III) 
 
DISCIPLINA: Direito Civil I 
DOCENTE: Joniel Abreu 
TURMA: 2º Semestre do Curso de Direito 
 
2.2.4. Emancipação 
A incapacidade termina, em regra, ao desaparecerem as causas que a determinaram. 
A Lei 6.015/73 (Dispõe sobre os registros públicos), no Art. 104, elenca que deverá ser feita a 
averbação, da sentença que puserem termo à interdição, da cessação dentre outras. 
 
Art. 104. No livro de emancipações, interdições e ausências, será feita a averbação das sentenças que puserem termo à interdição, das substituições dos curadores de interditos ou ausentes, das alterações dos limites de curatela, da cessação ou mudança de internação, bem como da cessação da ausência pelo aparecimento do ausente, de acordo com o disposto nos artigos anteriores. (Lei 6.015/73) 
 
Em relação ao fator etário o Código
Civil deixa explícito como REGRA que aos dezoito anos, 
completo, a pessoa fica habilitada a praticar todos os atos da vida civil. 
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
- pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
- pelo casamento; 
- pelo exercício de emprego público efetivo; 
- pela colação de grau em curso de ensino superior; 
- pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
O fator etário apresentado pelo Código para se aferir a capacidade civil plena a uma pessoa, é 
simples manifestação da vontade legislativa. 
 
PERGUNTA: A maioridade é adquirida no dia do aniversário que se completa 18 anos ou somente após 24h o dia do aniversário? 
Expondo essa mesma matéria, Maria Helena Diniz exemplifica: [20: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
 
O CC argentino (Art. 126) e o português prescrevem 18 anos; o suíço (art. 14) estabelece o limite de 20 anos; o espanhol, 23 anos (Art. 320); o chileno, 25 anos (art. 266). O italiano (art. 2°) estatui a idade de 21 anos para que o indivíduo seja plenamente capaz. O novo Código Civil antecipa a maioridade para 18 anos, com isso os jovens passarão a ter responsabilidades perante terceiros pelos danos que lhes causarem, além de poderem, por si só, praticar validamente atos da vida civil, sem qualquer assistência do representante legal. (DINIZ, 2009, p. 200). 
 
Destarte, os parágrafos únicos do Art. 5° e incisos, apresentam casos de aquisição da 
capacidade civil antes da idade legal que é a EMANCIPAÇÃO. 
A EMANCIPAÇÃO é a possibilidade do menor púbere de aquisição da CAPACIDADE CIVIL PLENA. 
Maria Helena Diniz exemplifica alguns dos efeitos da emancipação, como o direito de não [21: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
receber pensão alimentícia; assunção de responsabilidades como o dever de auto sustento; pagamentos dos débitos assumidos e dever de reparar os danos causados a terceiros, morais e patrimoniais, etc. Deve-se ressaltar que a emancipação só terá efeitos no direito privado, tendo em vista que o fato do menor adquirir a capacidade plena não ensejará na maioridade penal. 
As formas de emancipação são três: VOLUNTÁRIA; JUDICIAL; E LEGAL. 
 
a) Emancipação Voluntária 
 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; (GRIFO MEU). 
 
É a concessão dos pais em ato conjunto, ou de um deles na falta do outro (óbito, suspensão ou destituição do poder familiar), mediante instrumento público inscrito no Registro Civil competente, independentemente de homologação judicial e desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos, ou sentença do juiz. 
Em regra a emancipação concedida pelos pais é irrevogável a qualquer título. Uma vez atingida, garantirá o menor a capacidade de fato. Caso apresentado pela doutrina para revogação da emancipação decorre da comprovação que a mesma distorceu o princípio basilar do melhor interesse do menor (exemplifica-se com o caso de conceder a emancipação para se desobrigar do dever de prestar alimentos). Ou caso os pais permitam a emancipação do menor que ainda não tem maturidade suficiente para gerir seus negócios e o fazem apenas com o intuito de se exonerarem de qualquer responsabilidade civil pelos atos do filho. Também é caso anulável da emancipação. 
Com a comprovação de que a emancipação foi concedida com finalidade de se esquivar de possíveis danos a ser causado pelo menor, há entendimento pela responsabilização dos pais, mesmo sendo o filho emancipado. 
O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que a emancipação do menor não elide a responsabilidade dos pais (RTJ 62/108, RT 494/92). A emancipação é ato voluntário em benefício do menor; não tem o condão de obliterar a responsabilidade dos genitores. 
 
 
PERGUNTA - 01: “Pais podem ser responsabilizados pelos danos causados pelo emancipado de forma voluntária”? 
 
PERGUNTA – 02: “Somente o pai ou somente a mãe, sendo detentor da guarda do filho menor púbere, pode ceder sozinho a emancipação voluntária”? 
 
 
b) Emancipação Judicial 
Trata-se da emancipação cedida pelo juiz. São duas as hipóteses em que ocorre a emancipação judicial: 
 
1) Menor sob tutela 
O tutor não pode emancipar voluntariamente o pupilo através de escritura pública, pois a lei nesse caso exige sentença judicial, Art. 5º, P. Único, I – segunda parte do CC. 
 
2) Havendo divergência dos pais 
Se o pai quer emancipar o filho e a mãe se opõe ou vice-versa, será necessário que o conflito seja dirimido por sentença judicial. 
Nesse caso o processo de emancipação será contencioso, ao passo que, na hipótese anterior, o procedimento é de jurisdição voluntária, Art. 1.631, P. Único do CC. 
 
O juiz nesses casos deverá comunicar a emancipação ao oficial de registros, de ofício, se não constar dos autos haver sido efetuado este em oito dias. Antes do registro, a emancipação, em qualquer caso, não produzirá efeitos, Art. 91, P. Único da Lei 6.015/73. 
 
c) Emancipação Legal 
Se dar independentemente da idade em qualquer dos casos seguintes: 
 
1) Pelo Casamento 
Uma vez que o Código possibilita uma pessoa formar família, não seria plausível que fique após o casamento (responsabilidade matrimonial) sob autoridade de outrem. Para surgirem efeitos, tanto a emancipação voluntária como a judicial, deve haver o registro. 
A letra da lei é clara que o casamento é causa da emancipação legal. A doutrina se diverge no caso do casamento inválido, anulado. 
Para Maria Helena Diniz, mesmo que haja anulação do matrimonio o emancipado pelo casamento, não retornará à incapacidade. [22: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
Caio Mário da Silva Pereira diz que somente o casamento válido pode gerar a emancipação legal. Consequentimente invalidado o casamento, volta-se ao estado anterior de incapacidade, pois inexistiu o ato matrimonial. [23: Instituições de Direito Civil – Volume I. Introdução ao Direito Civil, 23 ed. Editora Forense, 2009. ]
Já Pablo Stolze Gagliano defende que em caso de o matrimonio ser contraído de boa-fé (casamento putativo), mesmo sendo inválido, matem-se a emancipação. Caso contrário, retorna-se à situação de incapacidade. [24: Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral. Editora Saraiva, 2009. ]
Não se pode confundir a invalidade do casamento com os casos de viuvez ou divórcio, pois ocorrendo um dos dois casos, se mantêm a emancipação. 
 
 
PERGUNTA - 01: “Pode existir situações excepcionais de casamento com idade inferior a 16 anos”? O Art. 1.520 do CC expõe os casos de casamento abaixo da idade núbil. 
 
PERGUNTA - 02: “O divórcio prejudica o ato emancipatório”? 
O divorcio não retorna a situação de incapacidade da pessoa. No caso de casamento invalidado (nulo ou anulado), diz a doutrina, que se retorna a situação anterior – estado de incapacidade. 
 
2) Exercício de emprego público efetivo 
O objetivo inciso III, conforme diz Pablo Stolze Gagliano, é que a causa especial de emancipação diz respeito às hipóteses de provimento efetivo em cargo ou emprego público, não importando a atecnia27. Desde que haja nomeação em caráter efetivo, o agente adquire plena capacidade civil, emancipando-se. [25: Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral. Editora Saraiva, 2009. 27 Ausência ou falta de arte ou de técnica. ]
 
Ademais, não se justifica
a resistência da doutrina civilista em aceitar a vinculação a autarquia ou entidade paraestatal como causa de emancipação. Isso porque são considerados servidores públicos, em sentido amplo, os estatutários e os empregados públicos da administração pública indireta, de maneira que, não sendo temporário o vinculo, justifica-se plenamente a emancipação. A par dessas considerações, cumpre reconhecer que, a partir da vigência do Novo Código Civil, essa hipótese restou esvaziada, perdendo importância prática. Tal conclusão se dá pela circunstancia de que dificilmente a lei admitirá o provimento efetivo em cargo ou emprego público antes dos dezoitos anos, até mesmo porque esta é a idade mínima admitida para a capacidade plena trabalhista. E, como se sabe, atingido esse patamar de dezoito anos, já estará adquirida a plena capacidade civil. (GAGLIANO, 2009, p. 108 – grifo Meu). 
 
 
3) Colação de grau em curso de ensino superior 
A definição do que seja estabelecimento de ensino superior é objeto da legislação especial. Não tem o mesmo efeito a conclusão de curso de outra natureza, em grau médio, técnico ou profissionalizante. 
Nos dizeres de Maria Helena Diniz essa dificilmente alguém se emancipará por essa forma, dada a extensão do ensino fundamental, médio e superior. Caso consiga-se concluir o ensino superior antes de completar 18 anos será reconhecida a emancipação. [26: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
 
REPORTAGEM DE CASO: Jovem de 17 anos é aceito no mestrado da UFSCar: Aldo Vieira Pinto entrou na faculdade matemática aos 14 anos e aos 17 está matriculado no mestrado na UFSCar - 
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL392601-5604,00-JOVEM+DE+ANOS+E+ACEITO+NO+MESTRADO+DA+UFSCAR.html 
 
 
4) Estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria 
A alusão feita pelo legislador é a “economia própria” resultante de atividade autônoma realizada pelo menor. 
O menor púbere consegue mostrar que se mantêm com seus rendimentos próprios, situação que o Código entendeu ser injustificável a manutenção de sua incapacidade e de um poder familiar, porque é sinal de que a pessoa tem amadurecimento e experiência, podendo reger sua própria pessoa e patrimônio. 
 
 
2.2.5. Individualização da pessoa natural 
A identificação da pessoa se dá pelo NOME, que a individualiza; pelo ESTADO, que define a sua 
proposição na sociedade política e na família, como individuo; e pelo DOMINCÍLIO, que é o lugar de sua atividade social. 
 
a) Nome 
O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade; daí ser inalienável, imprescritível e protegido juridicamente, Arts. 16-19 do CC. 
 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
 
Em regra são DOIS os elementos do nome: 
1) Prenome 
Trata-se do primeiro nome que corresponde ao chamado “nome de batismo”. É o nome próprio da pessoa. 
O prenome pode ser SIMPLES e COMPOSTO. 
Exemplo1: Carlos, Maria, João, etc. 
Exemplo2: José Antonio, Maria Gabriela, etc. 
 
O pronome pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo, caso em que os oficiais do Registro Público poderão recusar-se a registrá-lo. Casos os pais não se conformarem com a recusa, deverá submeter por escrito o caso a decisão do juiz competente, Art. 5º da Lei 6.015/73. 
 
2) Sobrenome 
É tambem chamado de patronímico, nome de família. É comum a todos os que pertencem a certa família. 
Pode ser SIMPLES ou COMPOSTO. 
Exemplo1: Santos, Silva, Borges, Abreu, etc. 
Exemplo2: Araújo Mendes, Souza Mello, etc. 
 
3) Outras expressões relacionadas ao nome das pessoas - Partícula: Exemplo. da, de, dos, etc. 
Agnome: Exemplo: Junior, Neto, Sobrinho, etc. 
Alcunha ou epíteto: apelido atribuído a alguém devido a uma particularidade sua como trabalho exercido, características da personalidade, defeito físico ou mental, aparência física, local de nascimento. Exemplo: Tiradentes, Pelé, 
Pseudônimo ou codinome: nome escolhido pelo próprio individuo para o exercício de uma atividade especifica, como é muito comum no meio artístico e literário. Exemplo: Mirosmar José de Camargo mais conhecido como Zezé di Camargo. 
Hipocorístico: É o nome que se dá a uma pessoa para exprimir carinho. Exemplo: Gabi (Gabriela), Zé (José). 
 
4) Alteração do nome 
Embora o princípio da inalterabilidade do nome seja de ordem pública, sobre exceções se tem os principais: 
Quando expuser o seu portador ao ridículo. 
Houver erro de grafia evidente. Exemplos: Ulice = Ulisses; iii) Mudança de sexo. Caso de transexual operado. 
 
b) Estado da pessoa 
Indica sua situação jurídica nos contextos individual, familiar e político. 
 
1) Estado individual 
Também conhecido como estado físico. É a maneira de ser da pessoa quando a idade (maior ou menor), sexo (feminino e masculino), saúde mental (são de espírito, alienado, surdo-mudo), capaz ou incapaz. 
Essa categoria baseia-se na condição física do individuo influente em seu poder de agir. 
 
2) Estado familiar 
Indica sua situação na família: Exemplo - casado, solteiro, viúvo, separado, divorciado em relação ao matrimonio. 
Indica o parentesco consanguíneo: Exemplo - pai, mãe, filho, avô, neto, irmão. 
Indica o parentesco quanto à afinidade Art. 1.595: Exemplo - sogro, sogra, nora, cunhada. 
 
3) Estado Político 
É a qualidade jurídica que advêm da posição da pessoa na sociedade política, caso em que se classifica em estrangeira ou nacionais. 
 	 
Continuação 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (PARTE GERAL – Livros I, II e III) 
 
DISCIPLINA: Direito Civil I 
DOCENTE: Joniel Abreu 
TURMA: 2º Semestre do Curso de Direito 
 
2.2.6. Extinção da pessoa natural 
Termina a existência da pessoa natural com a morte. 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
A morte corresponde ao término das funções vitais do indivíduo. Logo morta a pessoa natural, 
extingue-se, automaticamente, a sua personalidade jurídica. Com base no Código pode-se falar em: morte real, morte civil, morte presumida e morte simultânea (comoriência). 
 
a) Morte Real 
Deverá ser atestada por profissional da medicina, ressalvada a possibilidade de duas 
testemunhas o fazerem se faltar o especialista conforme prever o Art. 3º da Lei n° 9.434/97 que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. 
 
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. 
§ 1º Os prontuários médicos, contendo os resultados ou os laudos dos exames referentes aos diagnósticos de morte encefálica e cópias dos documentos de que tratam os arts. 2º, parágrafo único; 4º e seus parágrafos; 5º; 7º; 9º, §§ 2º, 4º, 6º e 8º, e 10, quando couber, e detalhando os atos cirúrgicos relativos aos transplantes e enxertos, serão mantidos nos arquivos das instituições referidas no art. 2º por um período mínimo de cinco anos. § 2º Às instituições referidas no art. 2º enviarão anualmente um relatório contendo os nomes dos pacientes receptores
ao órgão gestor estadual do Sistema único de Saúde. § 3º Será admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato da comprovação e atestação da morte encefálica. 
 
Reconhecida a morte segue os ditames da Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) fulcro nos Arts. 77 a 88. 
 
Art. 77 - Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. 
§ 1º Antes de proceder ao assento de óbito de criança de menos de 1 (um) ano, o oficial verificará se houve registro de nascimento, que, em caso de falta, será previamente feito. § 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária. 
Art. 78. Na impossibilidade de ser feito o registro dentro de 24 (vinte e quatro) horas do falecimento, pela distância ou qualquer outro motivo relevante, o assento será lavrado depois, com a maior urgência, e dentro dos prazos fixados no artigo 50. 
Art. 79. São obrigados a fazer declaração de óbitos: 
1°) o chefe de família, a respeito de sua mulher, filhos, hóspedes, agregados e fâmulos; 
2º) a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas indicadas no número antecedente; 
3°) o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a respeito dos irmãos e demais pessoas de casa, indicadas no nº 1; o parente mais próximo maior e presente; 
4º) o administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento público ou particular, a respeito dos que nele faleceram, salvo se estiver presente algum parente em grau acima indicado; 
5º) na falta de pessoa competente, nos termos dos números anteriores, a que tiver assistido aos últimos momentos do finado, o médico, o sacerdote ou vizinho que do falecimento tiver notícia; 
6°) a autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas. 
Parágrafo único. A declaração poderá ser feita por meio de preposto, autorizando-o o declarante em escrito, de que constem os elementos necessários ao assento de óbito. 
Art. 80. O assento de óbito deverá conter. 
1º) a hora, se possível, dia, mês e ano do falecimento; 
2º) o lugar do falecimento, com indicação precisa; 
3º) o prenome, nome, sexo, idade, cor, estado, profissão, naturalidade, domicílio e residência do morto; 
4º) se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo quando desquitado; se viúvo, o do cônjuge pré-defunto; e o cartório de casamento em ambos os casos; 
5º) os nomes, prenomes, profissão, naturalidade e residência dos pais; 
6º) se faleceu com testamento conhecido; 
7º) se deixou filhos, nome e idade de cada um; 
8°) se a morte foi natural ou violenta e a causa conhecida, com o nome dos atestantes; 
9°) lugar do sepultamento; 
10º) se deixou bens e herdeiros menores ou interditos; 11°) se era eleitor. 
12º) pelo menos uma das informações a seguir arroladas: número de inscrição do PIS/PASEP; número de inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, se contribuinte individual; número de benefício previdenciário - NB, se a pessoa falecida for titular de qualquer benefício pago pelo INSS; número do CPF; número de registro da Carteira de Identidade e respectivo órgão emissor; número do título de eleitor; número do registro de nascimento, com informação do livro, da folha e do termo; número e série da Carteira de Trabalho. 
Art. 81. Sendo o finado desconhecido, o assento deverá conter declaração de estatura ou medida, se for possível, cor, sinais aparentes, idade presumida, vestuário e qualquer outra indicação que possa auxiliar de futuro o seu reconhecimento; e, no caso de ter sido encontrado morto, serão mencionados esta circunstância e o lugar em que se achava e o da necropsia, se tiver havido. 
Parágrafo único. Neste caso, será extraída a individual dactiloscópica, se no local existir esse serviço. 
Art. 82. O assento deverá ser assinado pela pessoa que fizer a comunicação ou por alguém a seu rogo, se não souber ou não puder assinar. 
Art. 83. Quando o assento for posterior ao enterro, faltando atestado de médico ou de duas pessoas qualificadas, assinarão, com a que fizer a declaração, duas testemunhas que tiverem assistido ao falecimento ou ao funeral e puderem atestar, por conhecimento próprio ou por informação que tiverem colhido, a identidade do cadáver. 
Art. 84. Os assentos de óbitos de pessoas falecidas a bordo de navio brasileiro serão lavrados de acordo com as regras estabelecidas para os nascimentos, no que lhes for aplicável, com as referências constantes do artigo 80, salvo se o enterro for no porto, onde será tomado o assento. 
Art. 85. Os óbitos, verificados em campanha, serão registrados em livro próprio, para esse fim designado, nas formações sanitárias e corpos de tropas, pelos oficiais da corporação militar correspondente, autenticado cada assento com a rubrica do respectivo médico chefe, ficando a cargo da unidade que proceder ao sepultamento o registro, nas condições especificadas, dos óbitos que se derem no próprio local de combate. 
Art. 86. Os óbitos a que se refere o artigo anterior, serão publicados em boletim da corporação e registrados no registro civil, mediante relações autenticadas, remetidas ao Ministério da Justiça, contendo os nomes dos mortos, idade, naturalidade, estado civil, designação dos corpos a que pertenciam, lugar da residência ou de mobilização, dia, mês, ano e lugar do falecimento e do sepultamento para, à vista dessas relações, se fazerem os assentamentos de conformidade com o que a respeito está disposto no artigo 66. Art. 87. O assentamento de óbito ocorrido em hospital, prisão ou outro qualquer estabelecimento público será feito, em falta de declaração de parentes, segundo a da respectiva administração, observadas as disposições dos artigos 80 a 83; e o relativo a pessoa encontrada acidental ou violentamente morta, segundo a comunicação, ex oficio, das autoridades policiais, às quais incumbe fazê-la logo que tenham conhecimento do fato. Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrarse o cadáver para exame. 
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito. 
 
Maria Helena Diniz mostra alguns casos exemplificadores dos efeitos decorrentes da extinção [27: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. ]
da pessoa natural: 
Dissolução do vinculo conjugal, Art. 2º, I da 6.515/77; CC Art. 1.571, I; 
Extinção do poder familiar, CC Art. 1.635, I; 
Cessação da obrigação de alimentos, com o falecimento do credor, pois, com o devedor seus herdeiros assumirão os ônus até as forças da herança, Art. 23 da Lei 6.515/77; CC Art. 1.700; 
 
b) Morte Civil ou Fictícia 
Trata-se de uma pessoa que está viva, mas que recebe tratamento na relação jurídica como se estivesse morta. Nosso ordenamento jurídico pátrio não reconhece essa espécie. O Código Comercial de 1850 em seu Art. 157, ao discorrer sobre a extinção do mandato mercantil, fazia alusão à morte civil, entretanto, nunca vigorou no Brasil. 
Nos dizeres de Maria Helena Diniz pode ser apresentado como resquícios da morte civil presente no ordenamento jurídico brasileiro o caso de exclusão da sucessão por indignidade conforme prever o Art. 1.816 do CC – “São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão”. [28: Curso de Direito Civil Brasileiro – teoria geral do direito civil. Editora Saraiva, 2009. 31 É aquele para quem alguém deixou algum bem por meio de testamento. ]
 
OBS: Indignidade e Deserdação não são sinônimas. 
	INDIGNIDADE 
	DESERDAÇÃO 
	1. A indignidade é ato reconhecido mediante uma ação de indignidade, prevista no art. 1.815 CC 
	1. A deserdação se manifesta por ato de vontade do autor da herança por meio do testamento, logo, somente o autor da herança pode deserdar 
	2. Qualquer sucessor (seja herdeiro ou legatário31) pode ser indigno 
	2. Somente o herdeiro necessário pode ser deserdado 
	3. A indignidade é reconhecida por ato praticado antes ou depois da abertura da sucessão. 
	3. A deserdação se dá por ato praticado antes da abertura da sucessão 
	4. As causas de indignidade estão previstas no art. 1.814 
	4. As causas de deserdação são as mesmas de indignidade (art. 1.814) e também as previstas nos arts.
1.962 e 1.963 
 
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1 
30 
JONIEL ABREU, Advogado, Teólogo e Pedagogo. Especialista em Direito pela UFPA. Especialista em Ciências Sociais pela UFPA. 
Mestre em Educação pela UFPA. E-mail: jonielabreu@hotmail.com. (93) 99131-1517 
JONIEL ABREU, Advogado, Teólogo e Pedagogo. Especialista em Direito pela UFPA. Especialista em Ciências Sociais pela UFPA. 
	Mestre em Educação pela UFPA. E-mail: jonielabreu@hotmail.com. 	 (93) 99131-1517 
JONIEL ABREU, Advogado, Teólogo e Pedagogo. Especialista em Direito pela UFPA. Especialista em Ciências Sociais pela UFPA. 
	Mestre em Educação pela UFPA. E-mail: jonielabreu@hotmail.com. 	 (93) 99131-1517 
 
c) Morte Presumida 
As hipóteses são: com declaração de ausência e sem declaração de ausência. 
 
Com declaração de ausência (Art. 6° - segunda parte; Art. 9°, IV; Arts. 1.161, 1.168 do CPC): 
Ausente é aquele que desaparece de seu domicilio sem se ter noticias de seu paradeiro. Não basta, portanto, que apenas não esteja presente; deve-se não se ter noticias da pessoa para que reste caracterizada a ausência. 
Pablo Stolze Gagliano diz que: [29: Novo Curso de Direito Civil 	Parte Geral. Editora Saraiva, 2009. ]
 
A ausência é antes de tudo um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicilio sem deixar qualquer noticia. O Código Civil reconhece a ausência como morte presumida no Art. 6°, a partir do momento em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. 
 
Para que ocorra a sucessão definitiva pela ausência a forma a ser seguida expressa nos Arts. 
1.159 a 1.168 do CPC: curadoria dos bens do ausente; sucessão provisória; e sucessão definitiva. 
 
Art. 1.159. Desaparecendo alguém do seu domicílio sem deixar representante a quem caiba administrar-lhe os bens, ou deixando mandatário que não queira ou não possa continuar a exercer o mandato, declarar-se-á a sua ausência. 
Art. 1.160. O juiz mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhe-á curador na forma estabelecida no Capítulo antecedente. 
Art. 1.161. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais durante 1 (um) ano, reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens. 
Art. 1.162. Cessa a curadoria: 
I - pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente; II - pela certeza da morte do ausente; III - pela sucessão provisória. 
Art. 1.163. Passado 1 (um) ano da publicação do primeiro edital sem que se saiba do ausente e não tendo comparecido seu procurador ou representante, poderão os interessados requerer que se abra provisoriamente a sucessão. 
(...) 
Art. 1.165. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito 6 (seis) meses depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, se procederá à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
(...) 
Art. 1.167. A sucessão provisória cessará pelo comparecimento do ausente e converter-se-á em definitiva: 
- quando houver certeza da morte do ausente; 
- dez anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória; III - quando o ausente contar 80 (oitenta) anos de idade e houverem decorrido 5 (cinco) anos das últimas notícias suas. 
Art. 1.168. Regressando o ausente nos 10 (dez) anos seguintes à abertura da sucessão definitiva ou algum dos seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes só poderão requerer ao juiz a entrega dos bens existentes no estado em que se acharem, ou sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos alienados depois daquele tempo. 
 
A curadoria dos bens é requerida por qualquer interessado (cônjuge, companheiro, parente sucessível) ou Ministério Público, Art. 22 do CC. Declarada a ausência o juiz nomeará curador que, passará a gerir os negócios do ausente até seu eventual retorno. 
O Art. 23 do CC elenca que se enquadrará também como ausente e será nomeado curador quando mesmo existindo mandatário, este se encontre impossibilitado, física ou juridicamente (quando seus poderes outorgados forem insuficientes), ou simplesmente não tenha o interesse em exercer o múnus. 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. (CÓDIGO CIVIL) 
 
Pelos Arts. 1.160 e 1.161 do CPC dever-se-á publicar de DOIS em DOIS MESES Editais até perfazer um ano, convocando o ausente para entrar na posse dos bens. 
A sucessão provisória é feita depois de decorrido UM ano de arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando TRÊS anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão (Arts. 26 a 36 do CC). 
 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. (CÓDIGO CIVIL) 
 
Determinada a abertura da sucessão provisória por sentença, que só produzirá efeito 180 dias depois de publicada pela imprensa, mas logo que passe em julgado, se procederá à abertura do testamento, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido (Art. 28 do CC). Os bens serão entregues aos herdeiros e legatários (se houver), procedendo-se à abertura de testamento (se houver) e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido (art. 28 - CC) 
Nos dizeres de Pablo Stolze Gagliano a ideia de provisoriedade da sucessão é uma cautela que se exige, ainda que se anteveja o provável falecimento real do ausente, uma vez que não se tem, realmente, ainda, certeza de tal fato. [30: Novo Curso de Direito Civil 	Parte Geral. Editora Saraiva, 2009. ]
A sucessão provisória marca o inicio do processo de inventário e partilha de seus bens, ocasião em que a ausência do desaparecido passa a ser considerada presumida, tendo efeitos semelhantes ao do falecimento. 
Feita a partilha, os herdeiros deverão administrar os bens, prestando caução real, garantindo a restituição no caso de o ausente aparecer. Forte no art. 33 do CC, os herdeiros empossados, se descendentes, ascendentes ou cônjuges, terão direitos subjetivos a todos os frutos e rendimentos dos bens que lhes couberem, o que não acontecerá com os demais sucessores, que deverão, necessariamente, capitalizar metade desses bens acessórios, com prestação anual de contas ao juiz competente. 
Cessará a sucessão provisória pelo comparecimento do ausente. Por outro lado, converter-se-á em sucessão definitiva (Art. 1.167 do CPC): 
Quando houver certeza da morte do ausente; 
10 anos depois de transitada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória. 
Quando o ausente contar com 80 anos de idade e houverem decorrido 5 anos das últimas notícias

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