Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 6ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE JUÍZ DE FORA/MG Processo n° ISABEL PIMENTA, brasileira, solteira, médica, portadora da carteira de identidade n°, expedida pelo, inscrita no CPF/MF sob o n°, residente e domiciliada na Rua, n°, bairro, Juiz de Fora, MG, CEP, endereço eletrônico, nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO, pelo rito comum, que lhe move REGINA SILVA, vem por seu advogado legalmente constituído que, para fins do artigo 106, inciso I do Código de Processo Civil, informa seu endereço profissional situado à Rua, n°, bairro, Cidade, Estado, CEP, endereço eletrônico, vem, perante Vossa Excelência apresentar sua CONTESTAÇÃO Pelos fatos e fundamentos jurídicos que a seguir expõe: DAS PRELIMINARES DA ILEGITIMIDADE PASSIVA A autora tem como objetivo a declaração de nulidade de um negócio jurídico de compra e venda realizado entre seu ex companheiro e a ré. Contudo, a autora acionou judicialmente apenas a ré devidamente qualificada. É certo de que a declaração de nulidade de um negócio atinge a ambas as parte envolvidas na relação jurídica. Logo, devem ambos compor o polo passivo da presente demanda, formando litisconsórcio passivo necessário e unitário, nos termos dos artigos 114 e 116 do Código de Processo Civil, respectivamente. “Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.” “Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.” Neste contexto faz-se necessária a inclusão no polo passivo de André das Neves, residente e domiciliado a Rua, n°, bairro, Cidade, Estado, CEP, endereço eletrônico, para, então, compor a legitimidade passiva. DA PEREMPÇÃO Deve ser esclarecido ao nobre juízo que esta não é a primeira ação promovida pela autora em face da ré com a mesma causa de pedir e pedido. Contudo, nas vezes anteriores, que somam três, foram encerrados os processor por abandono da parte autora. Havendo, por parte da autora, a conduta de abandono processual consecutivamente. O que, permite notar a caracterização da perempção nos termos do artigo 337, inciso V e o artigo 486, § 3°, ambos da lei processual civil vigente. “Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) V- Perempção;” “Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. (...) §3° Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.” Pelo suporte legal indicado não pode a autora acionar a ré novamente pelo mesmo objeto, o que gera a esta demanda a extinção sem resolução de mérito por perempção. Indicadas as preliminares da demanda a serem analisadas por este juízo, passa-se a observância do mérito. DO MÉRITO DOS FATOS: A autora busca a declaração de nulidade do negócio jurídico de compra e venda realizado entre seu ex-companheiro e a ré, sendo o objeto do negócio um imóvel situado na Rua Bucólica, n° 158, no município de Belo Horizonte, MG, firmado em 10 de Outubro de 2016. A autora alega que o negócio mencionado foi simulado de forma a encobrir uma doação feita por seu ex-companheiro a ré, por haver, entre eles, um relacionamento extraconjugal. Ocorre que a ré apenas conheceu quem é, atualmente, o ex-companheiro da autora na época da negociação, não havendo relacionamento anterior, consequentemente, não havendo justificativa a uma doação realizada por àquele a esta. Além disso a autora dissolveu a união estável por sentença judicial em 23 de Agosto de 2016, ou seja, 2 meses antes da celebração do negócio jurídico. Havendo na dissolução, partilha de todos os bens adquiridos na constância da união estável, encontrando-se, entre eles, o imóvel objeto da compra. Deve ser observado que a ré realizou um negócio jurídico perfeito pagando o preço do imóvel, qual seja, R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais), descrito na escritura de compra e venda. A autora demonstra insistência em desfazer o negócio jurídico firmado entre a ré e André das Neves, tendo em vista não ser a primeira ação promovida pela autora em busca da declaração de nulidade, sendo notada até uma perseguição da autora à ré. Deve ficar claro, que as acusações da autora acerca da nulidade do negócio, objeto desta lide, beira o absurdo por preencher, corretamente, os requisitos, não havendo vício de simulação. DOS FUNDAMENTOS: A lei civil brasileira vigente ampara e regulamenta as relações jurídicas celebradas pela sociedade, havendo requisitos a serem preenchidos para que a relação seja juridicamente perfeita. O negócio jurídico firmado entre a ré e André das Neves respeita aos requisitos necessários à validade descritos no artigo 104 do Código Civil brasileiro de 2002. “Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei.” Quando firmado um negócio sem a presença de um dos requisitos do artigo acima transcrito será passível de anulação ou de nulidade, a depender do vício existente. Havendo requerimento pela declaração de nulidade do negócio jurídico faz-se necessária a observância e existência de um dos requisitos de nulidade previstos nos incisos do artigo 166 Código Civil. “Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II – for ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto; III – o motivo determinante, comum a ambas as parte for ilícito; IV – não revestir forma prescrita em lei; V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para sua validade; VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem comunicar sanção.” Dos requisitos arrolados nenhum se faz presente no negócio jurídico, objeto da lide. Baseando-se a autora na alegação de ser o negócio jurídico uma simulação com objetivo de encobrir uma doação feita a ré. Para tanto, no caso, não há simulação no que se compreende o entendimento de Carlos Roberto Gonçalves: “simulação é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar um negócio diverso do efetivamente desejado. Consiste em um desacordo intencional entre a vontade interna e a declarada, para criar aparentemente um ato negocial, sob determinada aparência, o negócio quando, enganando terceiro, acarreta a nulidade do negócio. A simulação é produto de um conluio entre os contratantes visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta ter realmente. É um vício social porque objetiva enganar terceiros e fraudar a lei.” Contextualizando o pensamento de Carlos Roberto Gonçalves fica nítida a inexistência de simulação de negócio jurídico, uma vez que além de ter comprado um imóvel que já havia sido arrolado na partilha de bens, a ré ainda pagou o preço do imóvel descrito na escritura, qual seja, R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais). Caso fosse uma situação de negócio simulado não teria a ré desembolsado tal quantia. Além disso, por não conhecer o vendedor, que também é ex-companheiro da autora, antes do negócio jurídico, não havendo, portanto, justificativa a uma doação. Resta demonstrado, então, nobre julgador, a ausência de requisito à nulidade do negócio jurídico em questão, bem como a descaracterização de negócio simulado. Sendo assim, não há base para o deferimento dos pedidos autorais. DOS PEDIDOS: Diante do exposto, vem perante Vossa Excelência requerer: 1 – Seja acolhida a primeira preliminar de ilegitimidade passiva, chamando ao processo André das Neves, residente e domiciliado à Rua, n°, bairro,Cidade, Estado, CEP, endereço eletrônico, para compor o polo passivo, ou extinguindo-se o processo sem análise de mérito, com fulcro no artigo 485 do Código de Processo Civil; 2 – Seja acolhida a segunda preliminar arguida de perempção extinguindo-se o processo sem resolução de mérito nos termos do artigo 485 do Código de Processo Civil; 3 – Sejam julgados IMPROCEDENTES todos os pedidos formulados pelo autor e declarados por sentença; 4 – Seja o autor condenado ao pagamento de honorários advocatícios e despesas processuais na base de 20% sobre o valor da causa. DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial documental, documental superveniente, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor, na amplitude do artigo 369 e seguintes do Código de Processo Civil. Nestes termos Pede deferimento ___________,___, ___ de ___________ de ________ Advogado OAB