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O uso Politico do Jogos Escolares do Paraná entre 2008 a 2013 LUZ, Felipe Pereira, 2014.

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL 
ESCOLA DE SAÚDE 
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
FELIPE PEREIRA DA LUZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO POLÍTICO DOS JOGOS ESCOLARES DO PARANÁ ENTRE 2008 A 2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2014 
 
 
 
 
 
 
FELIPE PEREIRA DA LUZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO POLÍTICO DOS JOGOS ESCOLARES DO PARANÁ ENTRE 2008 A 2013 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para a obtenção de grau de Bacharel em Educação 
Física, Escola de Saúde, Faculdades Integradas do 
Brasil - Unibrasil 
Orientador: Prof. Dra. Ana Leticia Padeski Ferreira 
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Pastre 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2014 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
FELIPE PEREIRA DA LUZ 
 
 
O USO POLÍTICO DOS JOGOS ESCOLARES DO PARANÁ ENTRE 2008 A 2013 
 
 
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel no 
Curso de Graduação em Educação Física, Escola de Saúde, Faculdades Integradas 
do Brasil – UniBrasil, pela seguinte banca examinadora: 
 
Orientador: 
 Prof. Dra. Ana Leticia Padeski Ferreira 
 Curso de Educação Física – UniBrasil 
 
Co-orientador: 
 Prof. Dr. Marcelo Pastre 
 Curso de Educação Física – UniBrasil 
 
Membros: 
 Prof. Ms. Taís Pastre 
 Curso de Educação Física - Unibrasil 
 
 
 Prof. Ms. Camile Silva 
 Curso de Educação Física - Unibrasil 
 
 
CURITIBA, 22 de Maio de 2014. 
 
IDENTIFICAÇÃO UNIBRASIL 
 
FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL 
Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumâ 
Curitiba-PR 
 
PRESIDENTE 
Prof. Dr.Clemerson Merlin Cléve 
 
DIRETOR GERAL 
Prof. Dr. Sérgio Ferraz de Lima 
 
DIRETOR ACADÊMICO 
Prof. Me.Jairo Marçal 
 
COORDENADOR DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
Profa.Me.Taís Glauce Fernandes de Lima Pastre 
 
COORDENADORA ADJUNTA DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
Profa.Me. Camile L.S. Nagornni 
 
PROFESSOR DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
Prof. Dr. Marcelo Pastre 
 
ACADÊMICO 
Felipe Pereira da Luz 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Durante toda minha caminhada, aprendi que devemos sempre agradecer por 
tudo que acontece em nossas vidas, pois a gratidão é uma das maneiras mais simples 
e diretas de entramos em harmonia com as vibrações do alto. 
Agradeço primeiramente a Deus pela vida, pela saúde e pela família que me 
concedeu, pois foram meu alicerce na construção de minha personalidade, me criando 
com muita dedicação e amor incondicional. São valores como respeito, humildade e 
honestidade que pretendo transmitir aos meus filhos tão bem assim quanto vocês o 
fizeram comigo. Vocês são meu exemplos... 
A minha esposa Juliana, que se manteve tranquila, paciente e compreensiva 
nas minhas obrigações acadêmicas, mesmo em algumas ausências para a realização 
dessa graduação, e por contribuir na tradução do resumo desse trabalho. Você é muito 
especial na minha vida, e sem você ela não teria graça. Você me dá sorte na vida! 
A todos os professores da Unibrasil, em especial aos professores da 
licenciatura Rodrigo Navarro, Carmela Bardin e Thiago Pimenta que me apresentaram 
uma outra perspectiva de Educação Física, me tornando um professor preocupado 
com os alunos, e capaz de compreender a importância dessa disciplina na formação 
humana e na construção de um mundo melhor. 
Não podendo esquecer também dos professores que contribuíram para minha 
formação técnica, enquanto bacharel em Educação Física, Sergio Andrade, Ricardo 
Souza e André Brauer, seus ensinamentos foram essenciais, e suas aulas ficarão 
eternizadas em minha memória. Muito obrigado. 
As coordenadoras do curso de Educação Física, Tais Pastre e Camile Silva, 
que não hesitaram de me ajudar nos momentos que tive dificuldades com as grades 
horárias e pelo apoio que me deram na continuação da graduação em bacharel. 
A professora Ana Leticia Ferreira que me orientou na execução desse trabalho, 
sempre com um olhar exigente, com ricas contribuições na qualificação do mesmo. 
Agradeço por todas as conversas, que enriqueceram meu olhar sociológico. Sem você 
nada disso seria possível. Mais uma vez, obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; 
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; 
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; 
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis. 
 
Bertold Brecht 
 
 
O USO POLÍTICO DOS JOGOS ESCOLARES DO PARANÁ ENTRE 2008 A 2013 
 
 Acadêmico: Felipe Pereira da Luz 
Orientador: Prof. Dra. Ana Leticia Padeski Ferreira 
 Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Pastre 
 
 
 
RESUMO 
Ao analisar o esporte como um fenômeno social podemos compreendê-lo por meio 
das três dimensões sociais: o esporte educação, esporte participação e esporte de 
rendimento (Tubino, 2001). Embora, pareça ser algo aceito pela comunidade 
acadêmica, essas diferentes dimensões sociais muitas vezes são confundidas entre 
as pessoas, no sentido de reduzir o fenômeno esportivo apenas aos moldes de 
esporte de alto rendimento, o que pode acontecer devido a hegemonia dessa 
dimensão em relação as outras, principalmente através da espetacularização da 
mídia. O presente trabalho é resultado de uma pesquisa descritiva realizada através 
de análise documental, que procurou analisar por meio dos discursos políticos 
presentes nos documentos oficiais do jogos escolares do estado do paraná há 
presença do uso desse evento como ferramenta política entre os anos de 2008 a 2013. 
O que ficou evidenciado em todas as análises dos discursos realizados ao longo dos 
anos de 2008 a 2013 é que todas as ações estiveram concentradas em promover a 
disseminação da prática esportiva como uma ferramenta salvadora das mazelas 
sociais. Além disso, foi possível perceber a má utilização da abrangência do esporte 
escolar, reafirmando as características do esporte de alto rendimento, assim como a 
responsabilização da instituição escolar na descoberta de novos talentos esportivos 
para alavancar o estado do Paraná no cenário esportivo nacional, tornando-se 
também reconhecido mundialmente, como a principal competição escolar da América 
Latina. A compreensão da pratica esportiva escolar deve assumir um lugar de 
destaque nas discussões de políticas públicas, e os professores de educação física 
que estão alocados em escolas devem compreender as dimensões sociais do esporte, 
afim de oferecer atividades que estejam compatíveis com os objetivos educacionais, 
minimizando dessa maneira, o equívoco causado pela apropriação do esporte 
performance no ambiente escolar. 
 
 
PALAVRA-CHAVE: Jogos Escolares do Paraná. Políticas Públicas, Dimensões 
sociais do esporte 
 
 
 
 
 
O USO POLÍTICO DOS JOGOS ESCOLARES DO PARANÁ ENTRE 2008 A 2013 
 
 Acadêmico: Felipe Pereira da Luz 
Orientador: Prof. Dra. Ana Leticia Padeski Ferreira 
 Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Pastre 
 
 
ABSTRACT: 
By analyzing the sport as a social phenomenon it is indispensable that we do so to 
understand it through the three social dimensions: the sport education, sport 
participation and sport performance (Tubino, 2001). Although, it seems to be 
something extremely accepted by the academic community, these different social 
dimensions are often confused among people, in order to reduce the phenomenon of 
sports just to mold high performance sport,which can happen due to the hegemony of 
this dimension in comparison to the others, mainly by the media spectacularization. 
This study is the result of a descriptive survey conducted by documentary analysis, 
making it by analyzing political discourse of Paraná’s school games’ official documents 
looking at the existence of this event as a political tool between the years 2008-2013. 
There were evidences in all analyzes of the discourses made along the years from 
2008 to 2013 that all actions were focused on promoting the spread of sports practicing 
as a saving tool of the social illness. Furthermore, it was possible to realize the extent 
of misuse of school sport, reasserting the high performance sport’s characteristics, as 
well as the school’s accountability in finding new athletic talents to leverage the state 
of Paraná in the national sports scene, making it also recognized worldwide as the 
leading school competition in Latin America. The understanding of the school sports 
practicing must take a prominent place in discussions of public policy, and physical 
education teachers that are allocated in schools must understand the sport’s social 
dimensions in order to provide activities that are consistent with the educational 
objectives, minimizing this way, the misunderstanding caused by the appropriation of 
the sport performance at school. 
 
KEYS WORDS: Paraná’s School Games. Public Policy, Social dimensions of Sport 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1) INTRODUÇÃO......................................................................................... 09 
1.1) Introdução............................................................................................ 09 
1.2) Problematização.................................................................................. 13 
1.3) Hipoteses............................................................................................ 17 
1.4) Justificativa.......................................................................................... 17 
1.5) Objetivo Geral...................................................................................... 20 
1.6) Objetivos Especificos........................................................................... 20 
2) REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 21 
2.1) Esporte: Procurando uma definição........................................................ 21 
2.1.1) Dimensões Sociais do Esporte............................................................. 23 
2.1.2) Esporte Educação................................................................................ 27 
2.1.3) Esporte Participação............................................................................. 30 
2.1.4) Esporte Performance............................................................................ 31 
2.2) Jogos entre Estudantes do Estado do Paraná......................................... 33 
2.2.1) Aspectos Históricos.............................................................................. 33 
2.2.2) Aspectos Administrativos...................................................................... 36 
2.2.3) Regulamentos...................................................................................... 39 
3) ANALISES DOS DISCURSOS................................................................. 42 
4) METODOLOGIA....................................................................................... 50 
5) CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 54 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 56 
 
 
 
 
9 
 
 
1) INTRODUÇÃO 
 
O esporte ao longo do tempo teve uma contribuição na formação da cultura 
corporal historicamente produzida pelo homem. 
O esporte é um fenômeno que sempre chamou atenção da humanidade, 
apresentando-se de diferentes maneiras e, em diversos momentos históricos foi se 
consolidando na sociedade permeado por interesses da mesma. 
O esporte moderno surgiu na Inglaterra em fins do século XVIII e início do 
século XIX, como resultado de um processo de renovação dos jogos populares, numa 
sociedade que passava por importantes transformações em plena revolução 
industrial. 
 Nesse sentido, todas as transformações que ocorriam na sociedade, 
influenciavam diretamente nas práticas de atividades esportivas, uma vez que 
começou a ocorrer um processo de modernização dos jogos populares, que nada 
mais era que uma espécie de “civilização” dessas práticas, que ocorreram no interior 
das escolas aristocráticas para recriar e atender os interesses da sociedade burguesa, 
que pretendia estabelecer uma nova identidade aos seus membros. 
 É possível dizer que o esporte estava fortemente atrelado aos interesses do 
Estado, uma vez que sua relação estava vinculada ao contexto histórico, político e 
econômico. 
 A exemplo da utilização política do esporte segundo SIGOLI e DE ROSE 
JUNIOR (2004.p.112) é a ideia de nação poderosa constituída por cidadãos fortes e 
saudáveis fez com que os estados totalitários utilizassem o esporte como veículo 
publicitário de seus regimes políticos, fato ocorrido nos Jogos Olímpicos de Berlim, 
em 1936, que foram usados como propaganda do Estado nazista alemão, servindo 
para unir os alemães em torno do sentimento ultranacionalista do nazismo, divulgando 
também a suposta superioridade da raça Ariana, ideais estes de Adolf Hitler. 
 Segundo o mesmo autor, a facilidade da utilização política pelo esporte ocorre 
porque esse fenômeno é altamente instrumentalizado politicamente pelo poder 
institucionalizado, ou seja, pelo conjunto de regras de fácil compreensão como 
instrumento de comunicação de massa portador de uma linguagem simples, o Estado 
por meio dessa linguagem utiliza o elemento de tensão emocional do Esporte para 
veicular seus objetivos e ideologias. 
10 
 
 Podemos perceber a centralidade do Estado no processo de organização do 
esporte em diferentes momentos históricos, em especial, em sua gênese, quando 
utilizaram das escolas aristocráticas para disseminação das práticas esportivas, o que 
parece ter sido algo essencial para seu aprimoramento, pautado nos ideias da 
sociedade burguesa. 
 No entanto, nossa indagação se relaciona com as razões que pretendeu e/ou 
pretende o Estado propor programas de esporte na escola e, procurando responder a 
esta problemática, Vago e Linhales1 (2003) realizaram um estudo no sentido de 
analisar de que maneira a instituição esporte adentra nas escolas, apontando ambas 
como papel central na organização da sociedade contemporânea, pois tais instituições 
estão presentes na infância e juventude da maioria das pessoas, além de serem 
extremamente valorizadas como parte do processo civilizador2 e estarem 
relacionadas aos direitos sociais. (p.01) 
 
[...] parece razoável especular que o processo de 
expansão experimentado pelo esporte só foi possível 
pelo fato dos sujeitos e grupos nele envolvidos terem 
assumido a "forma escolar" como uma estratégia de 
socialização tanto na escola como fora dela. (VAGO e 
LINHALES apud Guy Vicent, Bernard Lahire & Daniel 
Thin (2001) 
 
 Nesse sentido, as políticas apresentadas pelo Estado no Brasil, foi 
desencadeando uma cultura esportiva na escola, tendo como principal origem a 
Campanha Nacional de Esclarecimento Desportivo, a partir da década de 70, 
promovida pelo departamento de Educação Física e Desporto do Ministério da 
Educação, produzindo um ideário da justiça social pautado no “caráter democrático 
inerente à ascensão do talento esportivo que encontra condições de revelar-se..”, 
como destacado na Política Nacionalde Educação Física e Desporto (VAGO e 
LINHALES apud Brasil, DED-MEC, 1975, p. 27) que de certa forma, vêm se 
disseminado até os dias atuais. 
 
1 VAGO, Tarciso Mauro. LINHALES, Meily Assbú. Esporte Escolar: O direito como Fundamento de 
Políticas Públicas.publicado no CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 13., 2003, 
Caxambu. 25 anos de história: o percurso do CBCE na educação física brasileira. Anais... Caxambu: 
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, 2003. 
2 ELIAS, Norbert. O processo civilizador. 2 volumes. Ed. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1992. 
 
11 
 
 Vago e Linhales (2003) analisaram como segundo período, o governo de 
Fernando Henrique Cardoso que, também pautado nos interesses do esporte escolar, 
constituiu Câmeras Setoriais elitizadas e tratou esse direito social com políticas de 
assistência combinados com apelos voluntaristas. Nestes termos, e com o aval do 
Estado, o setor esportivo reforçou o trânsito de interesses particularistas do mercado 
e de corporações profissionais, especialmente da Educação Física. 
 Nesse projeto as escolas recebiam diversos materiais, remuneravam 
estagiários e faziam investimentos em infraestrutura e, em troca as escolas deveriam 
estabelecer um núcleo esportivo. 
 
 Vulnerável em sua execução por ausência de dotação 
orçamentária, dentre outros problemas, este Programa 
vinculou de forma direta e indireta o esporte escolar ao esporte 
de alto rendimento, merecendo uma análise cuidadosa de suas 
consequências no sistema de ensino. (VAGO e LINHALES, 
2003. p. 05) 
 
 Outros projetos esportivos foram criados e adentraram o ambiente escolar, 
como foi o caso do Programa Esporte Brasil, cujo objetivo era a detecção de talentos 
esportivos, que escolhe a escola e, utilizava como justificativa social a saúde dos 
estudantes. 
 Ao analisar tais políticas voltadas ao esporte escolar, nos deparamos segundo 
Vago e Linhales (2003) com dois grandes eixos argumentativos que tem justificado 
socialmente a formulação de políticas públicas para o esporte escolar no Brasil: o 
primeiro diz respeito, ao pensamento que a escola é um “celeiro esportivo” e o 
segundo se justifica na tentativa de tornar o esporte uma “panaceia para os males 
sociais”, atribuindo-lhe um poder solucionador dos diversos problemas sociais, o que 
acaba sendo internalizado pelos indivíduos de forma acrítica, surgindo os jargões 
como esporte é educação, esporte livra das drogas, da violência... (p.07) 
 Nesse sentido, a promoção de eventos competitivos esportivos entre os 
estudantes começa no Brasil a partir de 1969, com a criação de um evento esportivo 
que envolveu estudantes de escolas públicas e particulares do território nacional, que 
em sua primeira edição contou com a participação de 315 atletas escolares- os Jogos 
Escolares Brasileiros. 
 Esse evento passou por diversas transformações em suas concepções, o que 
marcou uma série de modificações, classificadas em quatro fases segundo Arantes, 
12 
 
Martins e Sarmento (2012)3 sendo a primeira fase, denominada como início entre os 
anos 1969 e 1984, marcado pelo intercambio social e esportivo, além de possibilitar o 
surgimento de talentos esportivos; a segunda fase recebeu o nome de esporte 
educacional ocorrida entre os anos de 1985 a 1989, nesse período importantes 
transformações ocorreram na estruturação do programa, merecendo destaque a 
proibição de atletas federados, procurando se desvincular das características do 
esporte de alto rendimento; a terceira fase do evento começa a passar por uma crise 
de identidade entre os anos de 1990 a 2004, pela primeira vez o comitê olímpico 
brasileiro participa da organização, onde a maior preocupação estava relacionada 
com a descoberta de talentos esportivos; a quarta fase compreendida entre os anos 
de 2005 a 2010 fica estabelecido que a organização dos jogos será definitivamente 
responsabilidade do COI juntamente com o ministério do Esporte, e o principal objetivo 
continua sendo a descoberta de talentos esportivos. 
A exemplo desse evento, os jogos entre estudantes, começaram a fazer parte 
dos Jogos Oficiais do Estado Paraná a partir do momento que o Governo de Estado 
começou a patrociná-lo com maior ênfase a partir da década de 40, e a partir daí, esse 
evento começa a se tornar uma ferramenta política do governo paranaense. 
Partindo desse pressuposto, procuraremos através dessa pesquisa identificar 
no discurso dos políticos presente nos documentos oficiais dos Jogos Escolares do 
Estado do Paraná quais foram as mudanças que ocorreram na percepção e 
concepção dos Jogos Escolares entre os anos de 2008 a 2013, procurando identificar 
nesses discursos como o esporte praticado pelos estudantes paranaenses tem se 
tornado uma importante ferramenta política e ideológica no Estado do Paraná. 
 
 
3 Arantes, A.; Martins, F.; Sarmento, P. Jogos Escolares Brasileiros: Reconstrução histórica 
Motricidade, vol. 8, núm. Supl. 2, 2012, pp. 916-924 Fundação Técnica e Científica do Desporto Vila 
Real, Portugal 
 
13 
 
1.2) PROBLEMATIZAÇÃO 
 
Inusitado diálogo... 
Os jogos escolares servem para a fraternidade! Para a 
socialização dos participantes! Para a prática salutar 
das atividades gimnodesportivas! Para a Educação, 
enfim... 
- Seu Diretor, a sua escola participa dos Jogos 
Escolares? 
- Claro! Somos uma instituição educacional. 
 - E quais foram os resultados educacionais da 
participação do seu colégio? 
- Duas medalhas de ouro, cinco de prata, três terceiros 
lugares, e o nosso time de basquete tava massacrando 
o inimigo quando foi desclassificado por um juiz ladrão. 
-Ah!!! (BRACHT, 2000) 
 
 
O esporte ao longo do tempo teve uma grande contribuição na formação da 
cultura corporal historicamente produzida pelo homem. 
Contribuindo com a constituição da identidade e formação da cultura corporal, 
é possível dizer que o esporte influencia e sofre influências das modificações que 
ocorrem na sociedade. E hoje em dia, faz-se necessário uma reflexão sobre as 
questões intrínsecas e extrínsecas relacionadas ao esporte, principalmente no que se 
diz respeito a esporte de rendimento e esporte educação. 
O esporte educação vêm atraindo atenção de muitos pesquisadores, afim de 
diagnosticar a analisar a aplicabilidade de conceitos teóricos em relação a prática, 
como a exemplo, o professor Valter Bracht4, no seu estudo: “esporte na escola, e 
esporte de rendimento”, onde o autor demonstra as diferenças entre o esporte 
educação e o esporte de alto rendimento, orientando os professores de Educação 
Física da escola a refletir sobre esse conteúdo e sua real aplicabilidade no ambiente 
escolar. 
Esporte educação é aquele praticado nos sistemas de ensino e em outras formas 
assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de 
seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo 
e sua formação para o exercício da cidadania e prática do lazer. (BRASIL, decreto nº 
2574, de 29 de Abril de 1998.Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 
Poder Executivo, Brasília, DF, 30 Abr. de 1998) 
 
4 BRACHT, Valter. Esporte na Escola e Esporte de Rendimento. Movimento, ano VI. n.12. 2000 
14 
 
 Contudo, é possível perceber que a realidade encontrada no ambiente escolar, 
não condiz com o referencial teórico, nem tampouco com a própria constituição, 
quando se diz respeito a condição que o esporte vem se apresentando no decorrer do 
tempo nessas instituições. O esporte veiculado pela mídia, se tornou a mais visível 
referência para a prática do esporte, inclusiveno âmbito escolar, sendo esse o modelo 
mais popular entre os professores de Educação Física. 
 
O esporte foi adotado como parte da Educação Física a partir 
da década de 60, principalmente na era militarista. Desde 
então, a Educação Física ficou subordinada ao esporte 
passando muitas vezes a ser confundida e mesmo entendida 
como somente uma prática esportiva ou o ensino dos esportes. 
Há, no entanto, uma diferença essencial entre o esporte 
rendimento, que é um trabalho no qual o seu resultado é o 
importante e o esporte educacional em que ele é utilizado como 
meio para a educação das crianças que deveria ser discutido 
na escola. (SANTOS, 2008, p.9) 
 
 
 A exemplo dessa problemática, citamos os eventos competitivos realizados 
entre estudantes, onde seus objetivos vão de encontro aos do esporte de alto 
rendimento. 
 
As Olimpíadas escolares também deveriam ser adotadas 
numa perspectiva educacional, em que se valorizam a 
aprendizagem de valores e a contribuição na formação dos 
alunos. Entretanto, é normalmente utilizada para atender ao 
mercado esportivo, “encontrando” novos talentos, trabalhando 
com a seletividade e exclusão, ou seja, com fins 
completamente diversos daqueles adequados a uma 
instituição educacional. (SANTOS, 2008, p.9) 
 
 
 Os jogos escolares do Paraná é o principal evento estudantil do país, com a 
participação de alunos de escolas públicas e privadas de todo Estado. O grande 
número de participantes vem ao longo do tempo sendo o principal celeiro de atletas 
no Brasil, como os medalhistas olímpicos Giba e Emanuel do vôlei. 
 Além disso, vale ressaltar que os Jogos Escolares do Paraná, é patrocinado 
pelo Governo com maior ênfase a partir da década de 40, e utilizado como uma 
importante ferramenta política de alta representativa no cenário político nacional. 
 
Além do patrocínio oficial, diversas autoridades participavam 
das aberturas solenes e demais cerimônias de premiação. 
Cabe ainda o registro de que os troféus entregues aos 
15 
 
vencedores das competições, a partir de 1946, foram 
designados com nomes de políticos e representantes civis e 
militares. (MEZZADRI, 2000, p.06) 
 
 Essa representatividade comprova o caráter altamente político implícito no 
discurso do plano de ação governamental, utilizando do esporte para adquirir status 
diante do país. Dessa forma, o evento realizado anualmente passa diante de 
diferentes interesses entre os agentes sociais inseridos nesse contexto, ressaltamos 
a ideia do esporte como um fenômeno polissêmico5. Como nos aponta Pierre Bourdieu 
(1994), todas as realizações pressupõem necessariamente uma gama de interesses 
em jogo, que podem ser os mais diversos (MEZZADRI, 2000 p.06) 
 Ainda com relação ao financiamento dos Jogos Escolares pelo governo do 
Estado do Paraná, através de recursos da Secretária de Educação utilizamos os 
preceitos teóricos apresentados por Castellani Filho (1985) 
 
 [...] desde o Estado Novo, o esporte escolar e comunitário 
justificam-se, na estrutura do sistema esportivo brasileiro, 
como fomentadores do esporte de alto rendimento. Desta 
forma, alocar recursos para o esporte educação e esporte 
participação – como determina a Constituição Brasileira – 
significa, em última instância, destinar recursos públicos para 
o esporte performance (CASTELLANI, 2001, p. 588, 1985). 
 
 Dentro dessa perspectiva, compreendemos que a efetivação e realização 
desse evento ao longo dos anos esteve sempre relacionada com interesses e 
intenções do Governo do Estado, que muitas vezes perpassavam os objetivos 
propostos pelos regulamentos do evento, e que nesse sentido, devem ser analisados 
através dos discursos apresentados pelos gestores nos documentos oficiais, afim de 
recolher informações que estejam implícitas. O Esporte e a Educação Física tiveram 
em diversos momentos da história uma função ligada aos interesses políticos e 
estratégicos das instituições sociais e dos Estados (SIGOLI, DE ROSE JR,2004, 
p.112) 
 
 
5MARCHI JUNIOR, Wanderley. VLASTUIN, Juliana. FERREIRA, Ana Leticia Padeski. Produção 
acadêmica sobre a sociologia do Esporte no Brasil: um olhar sobre as dissertações e teses. 
Anais do Seminário Nacional de Sociologia e Política. Universidade Federal do Paraná. Curitiba:2011. 
Entendemos esporte como um fenômeno sociocultural contemporâneo e polissêmico, ampliado em 
suas perspectivas e possibilidades, passível de análises em abordagens históricas, sociológicas, 
antropológicas, políticas, filosóficas, econômicas, etnográficas entre outras. Sendo possível, dessa 
maneira, ser compreendido através de diferentes abordagens. 
16 
 
 Partindo desse pressuposto, apresentamos como problema de pesquisa 
analisar quais são as percepções e concepções referentes aos Jogos Escolares ao 
longo tempo por meio da análise de documentos oficiais, em especial, no discurso 
político apresentado no mesmo. 
 De acordo com o dicionário Aurélio, percepção vem do latim perceptione e 
significa ato ou efeito de perceber. Perceber, vem do latim percipere, que quer dizer, 
apoderar-se de, adquirir conhecimento de, por meio dos sentidos; formar ideia de; 
abranger com a inteligência; entender, compreender; conhecer, distinguir, notar; ouvir, 
ver ao longe; divisar, enxergar 
Para tal efeito, não é suficiente apenas analisar os documentos oficiais, mas 
sim procurar estabelecer distanciamentos e proximidades entre os interesses que 
estão implícitos nesses discursos com objetivo de proporcionar uma leitura mais clara 
e objetiva do objeto em questão. 
 O emprego da palavra “concepção” está relacionada a priori na necessidade 
de compreender como se estabelece o evento na sua origem, procurando verificar 
quais as influências que o mesmo recebe no aspecto político e social ao longo dos 
anos. 
 Nossa pesquisa não se resume apenas na crítica “batida” que eventos 
escolares estão seguindo os mesmos modelos do esporte de alto rendimento, mas 
sim compreender por meio das análises como os jogos escolares são desenvolvidas, 
partindo dos interesses e necessidades de quem? Assim como, compreender os 
interesses que permeiam as relações de poder público e a escola, no sentido de 
participar ativamente na construção de políticas públicas que realmente estejam 
comprometidas com o desenvolvimento do esporte na escola de uma forma 
democrática e critica. 
 
 
17 
 
1.3) HIPÓTESES 
 
- O Governo do Estado do Paraná utiliza os Jogos Escolares como ferramenta política, 
em outras palavras, se existe intencionalidade com relação ao uso político dos Jogos 
Escolares do Estado do Paraná por parte do Governo de Estado; 
- Não há intencionalidade política com relação ao uso político dos Jogos Escolares do 
Estado do Paraná por parte do Governo do Estado; 
 
 
1.4) JUSTIFICATIVA 
 
 
Os jogos escolares do Estado do Paraná acompanharam a formação de muitos 
jovens e adolescentes. Sempre ficávamos ansiosos para a participação nesse evento 
que ocorria anualmente. A expectativa permeava durante toda a preparação para 
jogos, no entanto, não era somente pela busca de vitórias, mas sim, para encontrar 
amigos de outras cidades que fazíamos a cada edição. 
Os jogos escolares acabavam assumindo características muito peculiares, o 
que o diferenciava dos Jogos da Juventude, outro evento que também fazia e faz parte 
dos Jogos oficiais do Estado, porque esse evento era dividido por fases regionais, o 
que o deixava mais longo, e quanto mais competíssemos, melhor... 
Podemos dizer que no ano de 2005 o evento assumia duas vertentes, a 
categoria B, de 11 a 14 anos, a competição existia em segundo plano, e a prioridade 
eram as relações que se estabeleciampor meio do evento, entretanto, na categoria A 
(15 a 17 anos) as prioridades iam se modificando, já de encontro para à valorização 
da competição, o desejo de ser o melhor do Estado, e representa-lo a nível nacional. 
Nesse sentido, os jogos iam se tornando um verdadeiro campo de batalha, e 
valia tudo pela vitória, a preparação começava a se tornar mais intensa, preparação 
física e tática exaustiva, treinamento diário e, inclusive, muitas vezes duas sessões 
por dia. 
 Aquilo que era uma grande diversão na categoria B, começava a se tornar algo 
extremamente sério e responsável, profissional. Agradeço por fazer parte de uma 
equipe que obtinha uma infraestrutura adequada, com ginásio coberto e confortável, 
dispúnhamos de material sofisticado, tínhamos uma equipe técnica formada por 
18 
 
professores de Educação Física, psicólogos e fisioterapeutas, ou seja, éramos quase 
uma equipe de alto rendimento. 
Porém, não eram todos que tinham a mesma “sorte” de estar numa equipe bem 
estruturada, tinham algumas equipes que era perceptível as más condições de 
treinamento, e ficava explicito tanto visualmente, através do uniforme de jogo, aquele 
típico patrocinado por vereador... quanto tecnicamente, era perceptível que aqueles 
sujeitos não eram submetidos ao mesmo treinamento que nós obtínhamos, e isso se 
evidenciava através dos resultados, 25x02, 25X04, “fora o baile...” na linguagem 
popular. 
 Aquele evento era capaz de medir competências e demonstrar hegemonias, 
tanto aos alunos atletas, quanto seus professores técnicos, o que trazia muito prestigio 
para a instituição escolar que representávamos, o que de educacional somente o 
nome levávamos, porque todo o treinamento ocorria no ambiente de formação 
esportiva formal e, não competia ao nosso professor de Educação Física da escola 
participar, nem tampouco, aos outros alunos que quisessem compartilhar desse 
evento, era tudo fechado, esquematizado... 
 A classificação aos antigos Jogos Escolares Brasileiros, era para poucos, 
algumas escolas tinham um poder maior sobre as outras, porque tinham maiores 
condições financeiras de “contratar” os melhores atletas do estado, formando 
verdadeiras seleções, o que no fundo ia de encontro aos propósitos do Governo do 
Estado, para melhor representa-lo nacionalmente. 
 O tempo de escola passou, e fui buscar minha formação em Educação Física, 
onde obtive contato com o conhecimento sistematicamente elaborado, e através de 
reflexões, adquiri um conceito sobre esporte muito diferente daquele que tinha quando 
estava no ensino médio. 
 Comecei a ter um olhar diferente sobre os Jogos Escolares, a enxergar o 
caráter político presente no evento, e me indagar sobre o motivo que o leva a estar 
ligado a instituição escola. 
 Esse evento foi marcado por continuidades e rupturas, e ainda referente a 
época de atleta, me recordo quando os Jogos Escolares foram cancelados, pelo 
governo de Jaime Lerner (1998-2002), na época todos nós ficamos irritados, mas 
ainda não tínhamos competência para compreender os motivos que levaram aquela 
decisão, no entanto, agora que passei pela formação em Educação Física, percebo 
que a intenção daquele governo estava realmente relacionado a aspectos 
19 
 
econômicos, tendo como justificativa já existir um evento esportivo que atendesse 
aquele mesmo público, os Jogos da Juventude. 
 No entanto, em 2003, os jogos foram retomados em grande estilo, sua estrutura 
voltava a ser como um grande evento profissional, inclusive nas aberturas com shows 
de bandas famosas e pirotecnia, presença de autoridades, numa grande festa 
novamente com a chancela do Governo do Estado, sob uma nova denominação Jogos 
Colegiais do Estado do Paraná - JOCOP´s. 
 Desde então, os jogos entre estudantes do Estado do Paraná estão 
consolidados no plano político, e utilizados como uma ferramenta ideológica, que 
expressa intrinsecamente os interesses do Estado. 
 Pretendemos por meio dessa pesquisa, analisar através dos discursos políticos 
presentes nos documentos oficiais do Estado, quais são as concepções e percepções 
dos gestores referente aos Jogos, buscando elementos que permitam identificar o uso 
político do evento. 
 A análise por meio do viés sociológico, permite que identifiquemos 
características que encontram-se implícitas nas relações de poder que se 
estabelecem entre o evento, a política e a sociedade. 
 Nesse sentido, buscamos compreender de que maneira que as políticas 
públicas voltadas ao esporte escolar no Estado do Paraná se estabelecem, 
procurando identificar de forma crítica seus reais interesses e necessidades. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
1.5) OBJETIVO GERAL 
-Analisar por meio dos discursos políticos presentes nos documentos oficiais dos 
Jogos Escolares do Estado do Paraná há presença do uso do esporte como 
ferramenta política. 
 
 
1.6) OBJETIVOS ESPECIFICOS 
- Analisar os documentos oficiais dos Jogos Escolares do Estado do Paraná. 
- Identificar os fatores implícitos que levam a criação de eventos no ambiente escolar 
- Compreender de que maneira o Estado do Paraná utilizou Jogos Escolares como 
ferramenta política e ideológica entre os anos de 2008 a 2013 
- Discutir de que forma vêm se desenvolvendo as políticas públicas voltadas aos Jogos 
Escolares no Estado do Paraná entre os anos de 2008 a 2013 
- Detectar como estava o cenário político no Estado do Paraná entre os anos de 2008 
a 2013 
 
 
 
21 
 
2) REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1) ESPORTE: PROCURANDO UMA DEFINIÇÃO 
 
 O esporte é um fenômeno que sempre chamou atenção da humanidade, 
apresentando-se de diferentes maneiras e, em diversos momentos históricos foi se 
consolidando na sociedade permeado por interesses da mesma. No entanto, a busca 
pela definição do conceito esporte vai além da simples sistematização da atividade 
física, regulada por meio de regras fixas pré estabelecidas, o esporte consegue atingir 
uma profundidade que merece maior atenção. 
 O esporte está presente em nossa sociedade, recebendo uma importante 
atribuição a ponto que acabou tornando-se um jargão quase sempre associado a ideia 
de promoção de saúde ou qualificação pessoal, como por exemplo: Esporte é saúde! 
O esporte promove a educação! No entanto, devemos analisar com cuidado essas 
atribuições feitas ao esporte, no sentido de aprofundar a discussão por meio do 
conhecimento elaborado sistematicamente, nos afastando do senso comum. 
Segundo GEBARA (2002) o esporte deve ser compreendido como um objeto 
em constituição, portanto, não é possível compreende-lo baseado em modelo de 
análises preconcebidos. Nesse sentido, o esporte como um fenômeno em constante 
movimento, não deve ser analisado apenas por uma ótica, e a partir daí, considerado 
um fenômeno polissêmico. 
 
Entendemos esporte como um fenômeno sociocultural 
contemporâneo e polissêmico, ampliado em suas 
perspectivas e possibilidades, passível de análises em 
abordagens históricas, sociológicas, antropológicas, 
políticas, filosóficas, econômicas, etnográficas entre 
outras. Sendo possível, dessa maneira, ser 
compreendido através de diferentes abordagens. 
(MARCHI JUNIOR, Wanderley. VLASTUIN, Juliana. 
FERREIRA, Ana Leticia Padeski. (p. 2011) 
 
 Para considerar uma conceituação de esporte, segundo Barbanti (2006) 
devemos analisar três condições: 
1- O esporte refere-se a tipos específicos de atividades; 
2- Esporte depende das condições sob as quais as atividades acontecem; 
3- Esporte depende da orientação subjetiva dos participantes envolvidos na 
atividade. 
22 
 
Algumas definições de esporte pautadas apenas pela atividade específica 
incluem a noção de que ele é uma atividadefísica, ou seja, que dispende de 
habilidades motoras e capacidades físicas que são constantemente aprimoradas 
através do treinamento físico. Porém, através dessa simples definição pautada na 
atividade meramente física, colocamos como problemática a questão de esportes 
que não exigem nada ou quase nenhum esforço físico, como o xadrez por 
exemplo, a partir daí essa delimitação dada ao conceito por meio do simplismo da 
atividade motora cai por terra, por isso buscar uma definição de esporte apenas 
pelo tipo especifico de atividade não é suficiente para defini-lo. 
Já com relação a segunda condição apresentada por Barbanti (2006), temos a 
questão que para que a atividade seja considerada esporte devemos analisar em 
quais condições as atividades acontecem. Segundo o mesmo autor, a participação 
de atividades pode acontecer em situações formais e organizadas, e informais e 
desestruturadas. Em outras palavras, atividades praticadas sob a situação formal, 
é aquela que exige um cumprimento de regras pré estabelecidas, a presença de 
alguma entidade regulamentadora, como por exemplo árbitros, num ambiente 
competitivo. 
Nesse sentido, o esporte é caracterizado por alguma forma de competição 
institucionalizada. A competição passa a ser um instrumento ou processo de 
avaliação ou mensuração do sucesso, diante uma série de regras e padrões 
aceitos previamente pelos sujeitos participantes. 
Os elementos da institucionalização geralmente incluem a questão da 
padronização das regras feito ser cumpridas através de instituições oficiais, como 
a FIFA por exemplo. A valorização de aspectos técnicos e organizacionais por 
meio do treinamento desportivo, tornando a atividade cada vez mais racionalizada 
e formalizada, aumentando as chances de ter sucesso nos eventos competitivos. 
 
[...] a transformação de uma atividade física competitiva em 
esporte, geralmente envolve a padronização e imposição de 
regras e o desenvolvimento formal de habilidades. Em outras 
palavras, a atividade se torna padronizada e regularizada. Em 
termos sociológicos, ela passa por um processo de 
institucionalização. (BARBANTI, 2006 p.56) 
 
 
 Já com relação a terceira questão relevante para buscar uma definição de 
esporte, a orientação subjetiva do sujeito envolvido na atividade, diz respeito aos 
23 
 
interesses extrínsecos e intrínsecos presentes na inserção em atividades esportivas, 
como por exemplo, a participação esportiva em busca da representatividade na mídia 
(fama), a busca de rendimentos financeiros, entre outros. 
 Portanto, o esporte compreendido pelo viés sociológico pode ser definido como 
uma atividade institucionalizada, cuja participação é motivada pela combinação de 
interesses intrínsecos e extrínsecos dos indivíduos envolvidos. 
De acordo com Bourdieu (1983) o termo institucionalização é um conceito 
sociológico que diz respeito a um conjunto de comportamentos normatizados ou 
padronizados. Para que uma atividade física possa ser classificada como esporte, ela 
deve passar por diversos fatores que o caracterizam, que pode acontecer em 
situações que vão do formal ao informal, do estruturado ao desestruturado 
 O esporte é um fenômeno cultural e social que sofre e influencia a sociedade 
que cada vez mais se relaciona com a educação, política e economia, fazendo 
necessário seu estudo para compreender de que maneira podemos usufruir desse 
fenômeno de forma positiva. 
 
2.1.1) DIMENSÕES SOCIAIS DO ESPORTE 
 
Segundo Tubino (2001) após a aceitação da abrangência do conceito de 
esporte, esse fenômeno passou a oferecer um elenco maior de aspectos socialmente 
relevantes, o que gerou uma série de estudos sociológicos, acompanhados da 
valorização do fenômeno pela sociedade através da especulação da mídia em seus 
diferentes aspectos, e, além disso o crescente número de praticantes do esporte ao 
redor do mundo, o que levou a especulação e criação de diferentes modalidades 
esportivas, que em cada ambiente social acaba carregando características culturais e 
históricas marcantes, e tornou-se um dos mais importantes fenômenos do século XX. 
Essa valorização do esporte pode ser expressa através dos estudos realizados 
por meio do viés sociológico onde destaca-se Cotta (1981) que separou o esporte em 
diferentes segmentos afirmando que ele é a) um meio de socialização; b)favorece pela 
atividade coletiva, o desenvolvimento da consciência comunitária; c) é uma atividade 
de prazer, ativa para os praticantes e passiva para os que assistem aos espetáculos 
esportivos; d) exerce uma função de coesão social, ora favorece a identificação social, 
ora representando simbolicamente o corpo esportivo da nação; e)desempenha um 
papel de compensação pelo prazer, contra o excesso de industrialização. Além de 
24 
 
Cotta (1981) Tubino classifica como essencial as contribuições realizadas pelo autor 
Cazorla Prieto (Cazorla, 1979), que fundamenta a relevância social do fenômeno 
esportivo através da dupla perspectiva esportiva, como fenômeno social universal e 
como instrumento de equilíbrio social; b)pelo consumismo esportivo, ou seja através 
do consumo de todos os produtos esportivos, desde da venda do próprio espetáculo 
através da mídia televisa até o consumo de produtos vinculados aos atletas e grandes 
equipes, como tênis, bonés, roupas, etc.; c)pelos espetáculos esportivos; d)pelos 
valores que o esporte leva a sociedade; e) pelo impacto social do associacionismo 
social; f) pela difusão do esporte através dos meios de comunicação. (TUBINO, 2001, 
p.17) 
Partindo das contribuições realizadas por esses autores, é possível perceber 
que o esporte enquanto fenômeno social, consegue assumir importantes função na 
sociedade contemporânea, a ponto de estabelecer significados distintos em diferentes 
momentos e situações, e que, ao mesmo tempo estão inter-relacionadas. 
Procurando sistematizar a compreensão do fenômeno esportivo Tubino (2001) 
achou conveniente desenvolver uma justificação da relevância social do esporte 
através de interpretações e abordagens nos aspectos sociológicos deste fenômeno 
(TUBINO, 2001, p.17) 
 
1º) O associacionismo no esporte; 2º) o esporte enquanto instituição 
social; 3º) o envolvimento social do esporte e o aparecimento do Homo 
Sportivus; 4º) a interdependência do Bem-Estar Social com a relação 
Estado-Sociedade-Esporte; 5º) o esporte como meio de 
democratização; 6º) o esporte e o compromisso do homem com a 
Natureza; 7º) a relevância sociocultural da relação jogo-esporte; 8º) o 
direito à prática esportiva: fator de novas dimensões sociais para o 
esporte (TUBINO, 2001, p. 18) 
 
Após essa sistematização o autor procurou definir cada um desses elementos, 
reafirmando a importância de cada um deles na justificação da relevância social do 
fenômeno esportivo. 
O associacionismo possui uma imensurável qualificação do ponto de vista 
sociológico, pois expressa a pluralidade presente no fenômeno esportivo, o que 
expressa motivações, características e objetivos diferentes. 
 
Pereira (1974) explica que a necessidade de associação no esporte 
pressupõe um esforço no sentido de reunir condições materiais 
necessárias para que seja apresentado um sentido de democracia 
interna na organização esportiva (TUBINO, 2001, p. 18) 
25 
 
O processo de associacionismo do esporte, traz a ideia de associar valores e 
ideais implícitos na prática esportiva aos seus praticantes, ou seja, procura através de 
sua prática realizar uma transferência de valores e ideais implícitos no fenômeno 
esportivo, como por exemplo, o indivíduo que pratica esporte carrega consigo os 
valores como honestidade, lealdade, dedicação, entre outros inerentes a essa pratica. 
O esporte,para ser compreendido como uma instituição social segundo Mc 
Pherson, Cutis e Loy (1989) citado por Tubino (2001) deve ser organizado 
socialmente, por meio dos agentes sociais, promovendo identificações e resgate de 
valores sociais e, ao mesmo tempo, ao constituir-se num problema social e num 
problema humano, devendo promover valores. Nesse sentido, o esporte inserido na 
sociedade confronta-se com os mesmos problemas que a sociedade enfrenta e, suas 
soluções pressupõe a resolução coletiva. 
Prosseguindo com a sistematização realizada por Tubino (2001) o esporte 
como um dos principais fenômenos do século XX é consequência da grande 
participação dos indivíduos nesse fenômeno, o que levou a origem da criação do 
termo Homo Sportivus, seja como usuário ativo, aquele que propriamente usufrui do 
esporte enquanto pratica real, os jogadores, que podem ainda ser divididas de acordo 
com o objetivo pessoal implicado na pratica esportiva como de aprendizagem 
(educação), de treino, de competição (performance/rendimento), de prática regular, 
de recreio (participação) e de tantas outras identificadas na abrangência das 
dimensões sociais do esporte; e os usuários passivos, os meros expectadores e 
admiradores do espetáculo esportivo. Contudo, além dessas duas categorias de 
usuários esportivos o autor cita outro tipo: os que têm uma relação de trabalho com 
o esporte, como os treinadores, administradores, atletas profissionais, jornalistas, 
entre outros. (TUBINO, 2001, p.20) 
O autor segue as explicações referentes a justificação da relevância social do 
esporte, comentando sobre a relação estabelecida entre esporte e o Estado, no 
sentido de tornar-se ancora para a criação de políticas públicas que assegurem o 
esporte como direito social, garantindo o bem estar e qualidade de vida dos cidadãos. 
 
[...] a Conferencia Internacional de Ministros e Altos 
Funcionários responsáveis pela Educação Física e Desportos, 
promovida pela UNESCO, em 1976 (UNESCO), ao reconhecer 
a relevância social da cultura física e do esporte como 
fundamentos da educação permanente dos povos, 
recomendou que os Estados se responsabilizem pelas 
26 
 
estratégias político-esportivas relacionadas com a população 
em geral. [...] O papel do Estado no fomento do esporte, como 
meio de bem estar social é aceito em restrições, não porque 
esteja, de um modo crescente, sendo inserido na constituição 
dos países, mas porque os Estados parecem mais sensíveis 
nas suas ações políticas, refletindo as inevitáveis diversidades 
internas nações. Na verdade, é o Estado que possui 
capacidade institucional e política de tratar de forma 
interdisciplinar a imensa variedade de problemas sociais 
existentes nas suas delimitações de responsabilidade pública. 
(TUBINO, 2001, p. 22) 
 
O esporte como direito social assegurado através da constituição, traz ao 
Estado a responsabilidade de garantir aos cidadãos a prática esportiva, no entanto, o 
que se percebe que muitas vezes os programas criados pelo Estado, não obtém 
sucesso devido a conflitos nas realidades que são inseridos. 
 
No caso especifico do esporte, constata-se que muitos 
programas do esporte popular, ligados a ações 
governamentais, tem fracassado, devido as indisposições 
causadas pelas contradições internas dos seus conteúdos em 
relação as populações ou grupos a que são direcionados. 
(TUBINO, 2001, p. 23) 
 
 Esse insucesso nas políticas públicas relacionadas ao esporte, diz respeito 
também a incoerência de ordem teórica com relação as dimensões do esporte, como 
por exemplo, a promoção do esporte participação nas bases teóricas dos programas 
governamentais, no entanto, na realidade prática estimula os preceitos do esporte de 
rendimento, tais como a seletividade, a exclusão e a busca de títulos, o que ocasiona 
numa incoerência da prática em relação a teoria. 
 O esporte como meio de democratização vai de encontro a obrigatoriedade do 
Estado de fomentar o esporte como direito social, pois o termo democratização quer 
dizer assegurar a prática esportiva numa condição de igualdade de acesso a todas as 
pessoas, independente de raça, credo ou classe social. E, para garantir esse acesso 
é preciso que o Estado pense em iniciativas que atendam todos os interesses da 
população, principalmente através do esporte participação. 
 
Nesta perspectiva, o reconhecimento do esporte como um 
direito de todos foi um passo importantíssimo para a percepção 
das possibilidades do fenômeno esportivo como meio de 
democratização. É possível afirmar que as discussões sobre o 
uso do esporte como meio de democratização iniciaram-se 
quando ele foi consolidado com um direito de cada pessoa, 
27 
 
pela UNESCO, na sua celebre carta Internacional de Educação 
Física e Esporte, de 1978. (TUBINO, 2001, p. 26) 
 
 Ainda sobre a democratização do esporte, encontramos um problema a ser 
superado relacionado aos custos encontrados em algumas modalidades esportivas, 
que não chegam na população menos favorecidas, como o caso do tênis, do squash, 
do paddle, hipismo ou golfe. Nesse sentido, as ações governamentais, pautados os 
aspectos de democratização do esporte, devem procurar levar essas modalidades a 
todos os cidadãos e, isso tem se observado acontecer, principalmente através das 
aulas de Educação Física no ambiente escolar. 
 Segundo Tubino (2001) o direito a prática esportiva e a valorização do esporte 
na sociedade, fez crescer a necessidade de procurar novos conhecimentos e 
caminhos, de modo que o esporte agora mais ampliado e abrangente no seu conceito, 
pudesse atender as necessidades das três dimensões sociais: esporte educação, 
esporte participação e esporte performance. 
 
2.1.2) ESPORTE EDUCAÇÃO 
 
Ao analisar o esporte como um fenômeno social podemos compreendê-lo de 
modo que levara compreende-lo por meio das três dimensões sociais: o esporte 
educação, esporte participação e esporte de rendimento. 
Embora, pareça ser algo aceito pela comunidade acadêmica, essas diferentes 
dimensões sociais muitas vezes são confundidas entre as pessoas, no sentido de 
reduzir o fenômeno esportivo apenas aos moldes de esporte de alto rendimento, o 
que pode acontecer devido a hegemonia dessa dimensão em relação as outras, 
principalmente através da espetacularização da mídia. 
Esse equívoco histórico e cultural no entendimento das dimensões sociais do 
esporte faz crescer a incoerência teórica em relação a prática do fenômeno esportivo 
no ambiente escolar por exemplo. E nesta, perspectiva equivocada, as competições 
escolares, que deveriam ter um sentido educativo, acabam reproduzindo em todas as 
suas características os princípios do esporte de rendimento. Esse mesmo equívoco, 
também está relacionado aos problemas enfrentados pelos Estados na 
democratização do Esporte comentado no tópico anterior. 
Para Teotonio Lima (1987) citado por Tubino (2001) uma orientação esportiva 
educativa terá que estar vinculada obrigatoriamente a três áreas de atuação 
28 
 
pedagógica: a de integração social, a de desenvolvimento psicomotor e das atividades 
físicas educativas. 
Na área de integração social, deverá ser assegurada uma 
participação autentica, oferecendo aos educandos as 
oportunidades de decisões nas próprias organizações das 
atividades, acrescido de uma possibilidade crescente de 
intervenção nas atividades extraescolares, visando chegar 
esta atuação na própria comunidade em que se situa o 
ambiente escolar. (TUBINO, 2001, p.35) 
 
Neste sentido, as ações educativas devem estar pautadas nas necessidades e 
interesses dos alunos, com o objetivo de fornecer subsídios para que a pratica 
esportiva seja incorporada em outros ambientes fora da escola. Partindo dessepressuposto, o conhecimento prévio sobre o esporte deve ser valorizado, e através 
das necessidades dos indivíduos envolvidos possa acontecer mudanças significativas 
no entendimento do esporte além dos padrões estabelecidos pelo esporte de alto 
rendimento. 
Na área de desenvolvimento psicomotor, deverão ser 
oferecidas as oportunidades de participações que atendam 
principalmente as necessidades de movimento, como também 
situações de juízo crítico, auto avaliação, tudo isto, livre de 
descriminações de qualquer tipo. (TUBINO, 2001, p.35) 
 
A pratica esportiva baseada no desenvolvimento psicomotor deve promover 
aos educandos possibilidades de resolução de problemas tanto individuais quanto 
coletivos, de ordem física e cognitiva. Instrumentalizar os alunos no sentido de 
desenvolver habilidades e competências físicas através do esporte, sem a 
necessidade da valorização da técnica perfeita, mas sim, da realização do movimento 
pelo movimento, e através dele a aquisição ou aprimoramento de competências 
físicas. E situações de jogo, que levam a tomada de decisões em respeito à 
coletividade. Nessa área de conhecimento o professor, deve ficar atentos a situações 
que ocorrem durante o jogo, e tornar-se mediador de conflitos que possam ocorrer, 
oferecendo ferramentas contundentes para a resolução dos problemas apresentados. 
 
Na área de atividades físicas educativas, a orientação deve 
direcionar-se para a concretização das aptidões em 
capacidades e na aquisição de níveis superiores nestas 
capacidades. (TUBINO, 2001, p.36) 
 
 A ação da atividade física educativa, deve ser realizada no decorrer das 
práticas esportivas com o objetivo de promover a melhoria das capacidades físicas 
29 
 
relacionadas a saúde6 dos educandos, diferentemente do trabalho físico realizado no 
esporte de alto rendimento que condizem com o treinamento das capacidades físicas 
relacionadas a performance. 
A pratica esportiva no ambiente escolar, costuma ser justificada pela 
instrumentalização como a formação da cidadania. O esporte vem como um 
instrumento da educação, para formar pessoas que sejam capazes de compreender 
sua função na sociedade e, o esporte nesse sentido, consegue realizar essa tarefa 
por meio do jogo. 
Segundo a recomendação nº 01/89 (Brasil, 1989), a conceituação produzida 
pela professora Vera Lucia Menezes Costa, passou a considerar o desporto 
educacional dentro das responsabilidades do Estado, no sentido de democratizar o 
esporte, e enfatizar as diretrizes educacionais presentes nesse fenômeno no sentido 
de formar cidadãos críticos e participativos entendedores de sua função na sociedade. 
 
O desporto educacional, responsabilidade pública assegurada pelo 
Estado, dentro ou fora da Escola, tem como finalidade democratizar e 
gerar cultura através de modalidades motrizes de expressão de 
personalidade do indivíduo em ação, desenvolvendo este indivíduo 
numa estrutura de relações sociais reciprocas e com a Natureza, a sua 
formação corporal e as próprias potencialidades, preparando-o para o 
lazer e o exercício crítico da cidadania, evitando a seletividade, a 
segregação social e a hipercompetitividade, com vistas a uma 
sociedade livremente organizada, cooperativa e solidária. (TUBINO, 
2001, p.38) 
 
 
Devido a inúmeras contribuições que o esporte educação oferece aos 
indivíduos no sentido de contribuir para a formação da cidadania, faz-se necessário 
uma apreciação mais profunda relacionada aos seus preceitos, uma vez que, há uma 
necessidade de reformulação da estruturação de eventos que envolvam estudantes, 
para que esses tornem-se mais coerentes com os objetivos apresentados pelo esporte 
educacional, distinguindo-o das outras dimensões sociais. 
 
 
 
 
6 Segundo o ACSM (1996) os componentes que englobam a aptidão física relacionada à saúde 
compreendem os fatores motores (flexibilidade e força/resistência muscular localizada), funcionais 
(aptidão cardiorrespiratória), morfológicos (análise da composição corporal), fisiológicos e 
comportamentais. 
30 
 
2.1.3) ESPORTE PARTICIPAÇÃO 
 
Esta dimensão social do esporte está relacionada com os preceitos de lazer, 
onde a participação deve ser livre de preocupações externas e, que acima de tudo 
deva promover o bem estar social e o prazer lúdico de todos os participantes. De 
acordo com a constituição o esporte participação ou popular tem relações intimas com 
o lazer e o tempo livre (Brasil, 1985). 
De acordo com Pinho (2007) apud Sobral (2004, p.10), 
 
A origem etimológica do termo lazer está no latim licere, 
significando “ser permitido” ou “ser lícito. ” A palavra tem os 
seus correspondentes no francês loisir e no inglês leisure e, em 
todos os casos, evoca a noção de tempo livre – isto é, livre das 
obrigações sérias do trabalho ou das ocupações decorrentes 
de um certo estatuto social. 
 
É possível perceber a associação de palavras chaves a conceituação de lazer 
que geralmente está associado a tempo livre, desobrigação. Essa observação traz à 
tona ao espaço e tempo que o esporte participação acontece, em outras palavras, o 
esporte participação deve ocorrer num espaço assistemático realizado num tempo 
livre, buscando a liberação de tensões e o bem estar. 
Nesse sentido, assim como as práticas de lazer, o esporte participação deve 
ter fim em si mesmo, sem a necessidade a nenhum fim lucrativo, utilitário, ideológico 
como os deveres profissionais, domésticos ou políticos por exemplo. 
A pratica do esporte participação pode então, ter inúmeros objetivos 
dependendo de cada indivíduo, mas segundo Camargo (1992) até mesmo as 
atividades de lazer sofrem influencias de determinantes sociais, culturais, sociais, 
políticos e econômicos. Porém, no lazer há uma maior liberdade de escolhas. 
Baseado nisso, embora as práticas de esporte sejam influenciadas por outras esferas 
da vida social, ela ainda permita uma maior flexibilidade, no sentido de garantir o bem 
estar de todos os participantes, o que não ocorre no esporte de alto rendimento. O 
esporte participação tem como proposito garantir a descontração, a diversão, o 
desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas (TUBINO, 2001, p.38) 
O lazer relacionado a ideia de emancipação e liberdade, inicia-se no esporte 
participação pela própria participação na atividade, que ocorre de forma voluntária. O 
indivíduo participa de atividades esportivas por livre e espontânea vontade, através 
da ocupação de seu tempo livre. 
31 
 
Além disso, o esporte participação ou popular é a atividade humana que está 
intimamente relacionada com caminhos democráticos, pois ele é capaz de fortalecer 
as inter-relações estabelecidas nos grupos sociais. Os sujeitos inseridos na pratica de 
esporte participação assumem uma postura ativa e democrática, no sentido de ampliar 
a compreensão sobre diferentes aspectos da vida social, pois através dos jogos 
tornam-se protagonistas e organizadores de suas próprias atividades. 
Como o próprio nome diz o esporte participação apresenta notável relevância 
social na questão participação, onde não existe restrições técnicas, ou a seletividade 
como no esporte de alto rendimento. O esporte participação é democrático e permite 
a todos, independentemente do grau de habilidade técnica ou física, desfrutar das 
sensações proporcionadas pela pratica do esporte, favorecendo o prazer de todos os 
participantes. 
 
2.1.5) O ESPORTE PERFORMANCE 
 
O esporte performance ou esporte de alto rendimento vêm sendo ao longo dos 
anos a principal referência na conceituação do esporte na sociedade contemporânea, 
pois ele exerce importante função nas relações sociais, tornando-se um importantemercado, numa sociedade que valoriza o capital. 
De certa forma, o esporte de alto rendimento se assemelha muito ao sistema 
social, econômico e político, que carrega consigo a ideia de vitória sobre os 
adversários sobre a qualquer custo, a sobrepujança, a aquisição de capital, entre 
outros. 
Nesse sistema altamente complexo, burocrático e organizado o esporte de alto 
rendimento se coloca na sociedade como um mecanismo altamente lucrativo que 
possui regras pré estabelecidas, e supervisionadas por órgãos competentes. 
O esporte performance é uma dimensão social que não pode ser compreendida 
como democrática, uma vez que não permite a participação de todos, pelo contrário, 
poucas pessoas são merecedoras de estarem entre os talentos esportivos. É a 
dimensão social do esporte responsável pelo espetáculo esportivo, onde segundo 
Tubino (2001) exerce diversas influências negativas e positivas. 
O esporte de alto rendimento é o mais criticado pelos autores contrários ao 
capitalismo, que consideram o esporte de competição e suas instituições vinculados 
32 
 
a negócios financeiros multibilionários, sintomas evidentes de um capitalismo 
exacerbado. 
Embora exista inúmeros de aspectos negativos relacionados ao esporte 
performance, há de se considerar aspectos positivos no sentido de compreende-lo 
como uma atividade cultural, utilizada como ferramenta de intercâmbios 
internacionais, nesse sentido, o esporte torna-se uma linguagem universal. 
Com a criação do mercado esportivo, outro aspecto esportivo diz respeito a 
promoção de empregos e a especialização de mão de obra qualificada em esporte, 
favorece o aquecimento do mercado mundial, através da venda e promoção de 
diferentes produtos de diversos segmentos. 
Além disso o esporte de competição favorece a indústria de hotelaria e turismo, 
por meio da aquisição de prestação de serviços aos expectadores de espetáculos 
esportivos, que não medem esforços em se deslocar para acompanhar seus clubes. 
Percebe-se que os maiores benefícios ocasionados pelo esporte performance 
estão intimamente relacionados com o desenvolvimento econômico dos Estados, mas 
que, em alguns momentos já foram ideário olímpico, utilizado com fins ideológico 
políticos, e hoje é um rentável negócio. 
Prosseguindo com os efeitos negativos relacionados ao esporte de alto 
rendimento Tubino (2001) afirma alguns desses efeitos que merecem atenção: a) a 
reprodução compulsória do esporte performance na educação; b) as violências do 
esporte-performance; c) a discriminação da mulher no esporte; d) o uso ideológico 
político do esporte; e) a preponderância da lógica do mercantilismo no esporte. 
Para tal estudo daremos nos próximos tópicos atenção especial a reprodução 
compulsória do esporte performance na educação e o uso ideológico político do 
esporte, meramente por mais se aproximarem com o problema de pesquisa 
apresentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
2.2) JOGOS ENTRE ESTUDANTES NO ESTADO DO PARANÁ 
 
2.2.1) ASPECTOS HISTÓRICOS 
 
A história dos jogos que envolvem estudantes no Estado do Paraná é um 
assunto que ainda gera alguns conflitos, pois alguns autores afirmam que esse evento 
teve início a partir de 1953 (MEZZADRI, 2000) no entanto, outros autores como 
Chaves Junior (2004) por meio de suas considerações com relação ao aumento da 
representatividade da Educação Física no Estado do Paraná, propõe que os jogos 
envolvendo estudantes no Estado ocorreu no ano de 1938, sob a organização do 
professor José Heredita Navarro que naquela ocasião ministrava aulas no Colégio 
Estadual do Paraná. No entanto, a pesquisa de Martines (2007) que tratava das 
políticas públicas voltadas para o esporte escolar no Estado do Paraná aponta como 
primeira edição dos jogos o ano de 1953, que tem como marco histórico a 
comemoração do centenário de emancipação política do Estado. Segundo a autora, 
o evento contou com a participação de 52 instituições de ensino ginasiais e colegiais 
realizada na cidade de Curitiba. 
Segundo Mezzadri somente a partir de 1950 que o esporte o governo começa 
a inserir a prática esportiva, que até então era restringida apenas para clubes. Nesse 
sentido, o esporte passa a ser um importante instrumento para a formação dos alunos, 
e começou a se tornar prioridade do Estado. 
Embora exista uma discordância entre os autores relacionado a origem dos 
eventos esportivos entre estudantes no Estado do Paraná, podemos verificar que 
possa acontecer um processo de rupturas e continuidades, onde segundo Martins e 
Chaves Junior (2008) ocorre no âmbito que os Jogos Colegiais possam ser uma 
continuidade das Olímpiadas Colegiais proporcionadas pelo Colégio Estadual do 
Paraná desde a década de 1930 ou ainda que os Jogos Colegiais de 1953 marcam 
uma ruptura com as competições até então realizadas. 
Partindo desse pressuposto, os autores colocam em questão a possibilidade 
do evento realizado em 1953 ser algo novo no Estado do Paraná, ou seja, um evento 
totalmente reformulado no sentido de não promover a mesma integração entre os 
estudantes com uma proposta diferente da apresentada pela versão promovida pelo 
Colégio Estadual do Paraná a partir de 1930. 
34 
 
Para responder essas inquietações os autores buscaram na base de dados do 
centro de documentação do Museu Guido Straube, localizado no Colégio Estadual do 
Paraná, procurando documentos que pudessem comprovar a origem de eventos 
esportivos que envolvessem estudantes no Estado. E a partir dessa pesquisa, 
mostram incialmente a chamada Olimpíadas Colegiais, realizada no ano de 1938, que 
tornaram-se um importante evento entre as instituições escolares entre a década de 
1940 até 1950. E os chamados Jogos Escolares, iniciado a partir de 1953. No entanto, 
é importante salientar que as fontes oficiais do Estado, ou seja, os dados registrados 
nos documentos dos órgãos competentes, como a Secretária de Educação registra 
como a primeira edição dos Jogos Escolares a realizada no ano de 1953. 
As Olimpíadas Colegiais realizada no ano de 1938, contou com a participação 
de algumas instituições escolares apenas da Cidade de Curitiba. Os jogos foram 
organizados pela Associação Ginasiana de Educação Física do Colégio Estadual do 
Paraná sob a responsabilidade do professor José Heredita Navarro e a colaboração 
de diversos clubes, para o empréstimo de suas quadras, uma vez que naquela época 
o Colégio Estadual do Paraná, não contava com a infraestrutura necessária para a 
realização do evento. 
O evento foi realizado nos anos seguintes nos mesmos moldes que o primeiro, 
e foi ganhando adeptos, com destaque a terceira edição que contou com a 
participação de 7 instituições escolares da cidade de Curitiba e um de Paranaguá, que 
levou a contingente de 268 participantes, competindo nas modalidades de futebol, 
voleibol, basquetebol, natação e atletismo. 
A cada edição realizada o evento ia atingindo maiores dimensões de 
participantes, e logo, fora se tornar um importante evento estudantil no Estado do 
Paraná, chamando a atenção de políticos e autoridades em suas solenidades. 
Embora a competição estivesse atingindo a cada edição um número maior de 
participantes e mobilizando a atenção dos governantes, nos anos de 1941 até o ano 
de 1945, as Olimpíadas Colegiais não foram realizadas segundo Martines e Chaves 
Junior (2008) devido ao decurso da Segunda Guerra Mundial. 
A partir de 1946 foram retomadas as ações para a retomada das Olimpíadas 
Colegiais ou Ginasiais como eram chamadas com a participação de diversas escolas 
da capital e do interior, com participação jovens e adolescentes entre 13 a 21 anos. 
Com a crescente valorização da prática esportiva no Estado doParaná, o governo 
passou a concentrar suas ações no sentido de colaborar para a organização e 
35 
 
desenvolvimento dos jogos a partir de 1946. Corrobando essa afirmação Martines e 
Chaves Junior (2008) destacam um trecho do regulamento do evento. 
 
Art. 2º - A Olimpíada Colegial e Ginasial, terá o patrocínio oficial 
do Estado, pela Secretaria de Educação e Cultura, ficando a 
cidade de Curitiba, Capital do Estado, designada para sede da 
mesma. 
Art. 3º - A Olimpíada Colegial e Ginasial será organizada e 
dirigida pelo Departamento de Educação Física do Colégio 
Estadual do Paraná e por uma “Comissão Organizadora” 
composta por professores de educação física e dois alunos 
devidamente credenciados por cada Estabelecimento de 
Ensino inscrito para a competição (RELATÓRIO E 
REGULAMENTO DA OLIMPÍADA COLEGIAL E GINASIAL DE 
1946, s/p) 
 
Nesse cenário, as relações estabelecidas entre o Governo do Estado e os 
eventos esportivos entre estudantes parece se fortalecer a cada edição das 
Olímpiadas por meio do patrocínio e da participação de governantes e autoridades em 
solenidades de abertura e entrega de premiação. Inclusive, o que reforça o caráter 
político expresso nas Olimpíadas Colegiais foi o nome dado as premiações sempre 
relacionadas a nome de políticos e autoridades militares e civis da época. 
Porém, apesar de toda essa trajetória histórica, os dados do Governo ainda 
utilizam o evento realizado no ano de 1953 como referência para eventos esportivos 
que envolvem estudantes Estado do Paraná devido ao forte apelo político propiciado 
pelas comemorações do centenário de emancipação política. 
 
Desse entendimento, emerge a ideia de que as ações 
efetivadas em 1953 são decorrentes da intenção do governo 
do Paraná em afirmar uma identidade paranaense, o que 
incluía também a criação de uma identidade esportiva entre a 
juventude estudantil. (MARTINES, CHAVES NETO, 2008, 
p.07) 
 
 A partir dessas contribuições é possível afirmar que as Olimpíadas Colegiais 
ou Ginasiais, cuja primeira edição ocorreu no ano de 1938, e os Jogos Colegiais do 
Paraná, iniciados no ano de 1953, representam a mesma competição esportiva que 
envolviam estudantes do Estado do Paraná. Contudo, com diferentes intenções e 
atribuições, que foram sendo reformuladas de acordo com os interesses do Estado de 
se fortalecer diante do cenário Nacional. 
36 
 
A partir de então, os Jogos Colegiais do Paraná tornaram-se um tradicional 
evento esportivo no cenário nacional, realizado todos os anos, com a participação de 
escolas públicas e privadas de todo o Estado. 
Segundo Mezzadri, em 1975, o evento passa novamente por uma 
reestruturação e passa ser chamado de Jogos Escolares e, posteriormente, Jogos 
Estudantis, a autora não precisa exatamente a data que ocorreu essa última mudança 
na nomenclatura do evento. 
Após décadas de Jogos Colegiais, tivemos cinco ou seis 
edições com o nome Jogos Escolares (advindos do período 
militar), e duas com o nome Jogos Estudantis. 
(MARTINES,2008, p. 735) 
 
 O crescente aumento no número de participantes no evento fez com que 
alcançasse nos anos 90 o título de principal evento esportivo realizado entre 
estudantes no Brasil. 
 Apesar da popularidade, os Jogos Escolares do Paraná não ocorram durante 
os anos de 1999 a 2002, em virtude do cancelamento ocasionado pelo governo 
estadual, segundo a justificativa de já pleitear um evento esportivo que envolvesse os 
adolescentes e jovens do Estado – os Jogos da Juventude. 
 Os Jogos Colegiais do Paraná retornaram ao calendário esportivo paranaense 
no ano de 2003, sob o governo de Roberto Requião, tendo como política central a 
integração da comunidade paranaense através da realização do evento. 
 
 
2.2.2) ASPECTOS ADMINISTRATIVOS 
 
A partir de 2003, com o início do mandato do Governador Roberto Requião os 
jogos foram retomados, e inclusive, utilizado como uma importante ferramenta política 
para o esporte escolar, rebatizado como Jogos Colegiais do Paraná – JOCOP´s, 
organizado, dirigido e supervisionado pelo Governo do Estado do Paraná, através da 
secretária de Estado da Educação e da autarquia Paraná Esporte, além da 
participação dos Núcleos Regionais de Educação e da coparticipação das prefeituras 
das cidades que recebiam as fases regionais do evento. 
Nesse sentido, podemos observar que a organização do evento estava 
centralizada por meio da destinação de verbas da Secretária de Educação (SEED) e 
37 
 
sua autarquia Paraná Esporte, que por sua vez, recebe verbas do Ministério da 
Educação (MEC). Visto que o Estado ainda não possuía uma secretária especializada 
para tratar de assuntos relacionados ao esporte. 
A saber, o mesmo ocorreu a nível nacional, onde durante um período 
compreendido entre 1937 a 1994, o Ministério da Educação (SEED/MEC) recebeu a 
responsabilidade pelo setor de Esportes, por meio da Secretária de Desporto do 
Ministério da Educação sendo o principal financiador de eventos estudantis e 
esportivos no pais. Posteriormente, em 1995, fora criado o Ministério do Esporte, pelo 
então presidente da república Fernando Henrique Cardoso, que passou a ter 
responsabilidade por assuntos inerentes ao esporte no Brasil. 
Os jogos Escolares do Paraná são financiados por recursos da Secretária de 
Educação, e a partir da gestão do Governador Carlos Alberto Richa, no ano de 2011 
foi criada oficialmente através da lei nº 17.014 de 16 de Dezembro de 2011 a 
Secretária de Esporte e Turismo, que passou a ser mais uma entidade organizadora 
do então Jogos Colegiais do Paraná. 
Buscando a responsabilidade de execução e organização dos Jogos nos anos 
de 2008 a 2010 apresentamos a frente a Secretária de Educação, representada pelos 
seus funcionários, precedida da autarquia Paraná Esporte, além da contribuição dos 
Núcleos Regionais de Educação. Já a partir de 2011, assim como citamos 
anteriormente, além da Secretária de Educação, aparece como órgão gestor dos 
Jogos Escolares (JEP´s) a recém criada Secretária Especial de Esporte em 2011, e 
nos anos seguintes já pela Secretária de Estado do Esporte. 
Ainda sobre a responsabilidade de cada órgão, buscamos nos documentos 
oficiais indicativos que pudessem explorar a estruturação administrativa e logística da 
realização do evento. Para efeitos didáticos, optamos pela criação de um quadro para 
exemplificar as atribuições de cada órgão público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
QUADRO 1 – ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DOS JOGOS ESCOLARES DO 
PARANÁ 
ORGÃO ATRIBUIÇÕES 
SEED/PRES Administração, organização e 
supervisão dos Jogos 
 
Comissão Técnica SEED/PRES Coordenação Técnica (PRES); 
Coordenação de Modalidade; Equipes 
de Arbitragem (Árbitros) e IES 
(Acadêmicos). Assessoria de Imprensa; 
Coordenação Administrativa (PRES); 
Coordenação Alojamento (NRE); 
Coordenação de Alimentação 
(PRES/NRE); 
Comissão de Ética. 
Coordenação Técnica Assessoria Técnica; 
Supervisão de Modalidade; 
Coordenação de Modalidade; 
Equipes de Arbitragem e IES 
(Acadêmicos). 
Coordenação Administrativa Assessoria de Controle; 
Assessoria de Resultados; 
Assessoria de Informática; 
Coordenação Financeira Administração Financeira geral dos 
jogos 
Coordenação de Infraestrutura 
Esportiva 
Verificação de locais de competição e 
alojamento e material esportivo 
Coordenação de Alojamentos Assessoria de Manutenção (limpeza e 
segurança); Assessoria de Serviços 
Gerais (eletricista, encanador 
Coordenação de Transportes Realização de transporte de atletas e 
comissão técnica 
Coordenação de Alimentação Compra de Alimentos 
Fiscalização de refeitórios 
Gerenciamento do Cardápio 
Coordenação de Divulgação Assessoria de

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