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Plano de Aula: Postulados, Princípios e Convenções da Teoria Contábil. TEORIA DA CONTABILIDADE - GST1221 Título Postulados, Princípios e Convenções da Teoria Contábil. Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 4 Tema Postulados, Princípios e Convenções da Teoria Contábil. Objetivos Identificar a base da teoria da contabilidade sob a perspectiva doutrinária. Identificar a base da teoria da contabilidade sob a perspectiva normativa. Estrutura do Conteúdo Até agora você já identificou a importância da Teoria da Contabilidade, seus objetivos e os vários enfoques ao desenvolvimento de teorias, suas classificações, bem como os métodos de verificação das teorias da contabilidade. Além disso, pode revisitar a origem e evolução da teoria da contabilidade. Para que você possa compreender o Núcleo Fundamental da Teoria da Contabilidade, faz-se necessário o entendimento de Postulados, Princípios e Convenções da Teoria Contábil. Para tanto, veremos como se diferenciam os Postulados, Princípios e Convenções da Teoria Contábil, sob a perspectiva doutrinária (científica) e normativa (CFC). Além disso, trataremos como estes conceitos contribuíram para a evolução da contabilidade. SOB A PERSPECTIVA DOUTRINÁRIA A Teoria da Contabilidade como fundamento para pesquisas e estudos validados perante à comunidade científica aderente à filosofia do Modelo Contábil de Mercado, e não à visão Legalista (normativa somente) vai muito além de Normas (leis). Há hoje uma confusão muito grande entre o que é teoria e o que é norma contábil. Precisamos, contudo, entender que a doutrina contábil se apresenta sustentação conceitual da essência própria da ciência contábil. Assista o vídeo a seguir: Vídeo 1 - Sérgio de Iudícibus - Teoria da Contabilidade - Parte 1 (cortado) Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=IHGkKJ0LBEk Podemos dizer então que a teoria da contabilidade sob a perspectiva doutrinária, isto é, decorrente da construção científica deste ramo de conhecimento, pode ser analisada em decorrência dos seus postulados, princípios e convenções. Podemos simplificar o entendimento deste conhecimento pela ilustração a seguir: Fonte: http://images.slideplayer.com.br/7/1734741/slides/slide_24.jpg Na nossa ilustração, observamos dois pilares que correspondem ao alicerce, a base de sustentação da teoria da contabilidade, os postulados contábeis. As paredes da construção, apoiadas nos alicerces, representam os princípios contábeis, que serão os preceitos básicos orientadores dos registros contábeis. As convenções contábeis estabelecem o tet?, ou seja, os limites no procedimento de atuação do profissional contábil. Os postulados representam a base sobre a qual se desenvolve todo o raciocínio contábil (o ambiente e as condições em que a contabilidade deve atuar). São comumente chamados de "Pilares da Contabilidade", por serem a base de toda a teoria contábil. Subdividem-se em: Postulado da Entidade: admite-se que as entidades possuem um patrimônio, diferente dos sócios, nos aspectos qualitativo e quantitativo, logo, a contabilidade deve efetuar separadamente os registros dos sócios da empresa; Postulado da Continuidade: admite-se a entidade como algo em continuidade, cuja principal finalidade é gerir e utilizar ativos não para serem vendidos, mas para servirem à entidade no esforço de produzir receita. Em síntese, os postulados da entidade e da continuidade admitem que a Contabilidade é mantida para entidades, como pessoas distintas dos sócios que as integram e que, se supõe, continuarão operando por um período indefinido de tempo. Já os princípios, além de qualificar o campo de atuação da Contabilidade, servem de suporte aos postulados. Os princípios básicos, doutrinariamente essenciais ao exercício da Contabilidade são: Princípio do custo com base no registro inicial: descarta a possibilidade do uso de valores subjetivos para o registro dos bens, estabelecendo que seja utilizado para registro o valor que a entidade sacrifico u no momento de sua aquisição. Princípio da realização da receita e confrontação da despesa: determina que as receitas são consideradas realizadas no momento da entrega do bem ou do serviço para o cliente e neste momento, independentemente do recebimento, e que todas as despesas necessárias à obtenção daquelas receitas devem ser computadas (confrontadas) na apuração do resultado. Princípio do denominador comum monetário: estabelece que a Contabilidade seja processada em uma única moeda, oferecendo maior consistência aos registros e maior confiabilidade às informações constantes nos relatórios contábeis. As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta adequada que deve ser observada no exercício profissional da contabilidade. São: Convenção da objetividade deve-se primar pela neutralidade, não se deixando levar por expectativas que venha a influenciar no seu trabalho, e verificabilidade, sempre que possível, em documentos que comprovem a ocorrência dos fatos. Convenção da materialidade (relevância) a informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade. Convenção do conservadorismo (prudência) estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais conservadora em relação aos resultados que serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários. Convenção da consistência (uniformidade) deve-se utilizar critérios consistentes, semelhantes para mesmas classes de elementos e períodos distintos, quando do registro e evidenciação, para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários. Quando houver necessidade de adoção de outro critério ou método de avaliação, o profissional deve informar a modificação e apresentar os reflexos que a mudança poderá causar se não for observada pelo usuário. Como cita Iudícibus (2015), o mundo da teoria nem sempre é totalmente coincidente com a realidade das normas e procedimentos emanados de órgãos reguladores. Na estruturação dos Postulados, Princípios e Convenções apresentados preferimos manter o formato já exaustivamente testado e que vem da formulação original, com adaptações, de Hendriksen e Van Breda (2015). Entretanto, outros autores e os órgãos reguladores seguem uma formação diferenciada, mais detalhada em alguns itens e menos em outros. Nem todas as estruturas conceituais do tipo FASB, IASB e CPC/CVM contem todos os postulados, princípios e convenções estudados nos capítulos passados. O profissional precisa adotar as normas legais e, portanto, a ninguém é licito desconhece -las, mas se quiser se aprofundar no entendimento dos conceitos subjacentes, é necessário estudar Teoria, conforme a abordagem doutrinária. SOB A PERSPECTIVA NORMATIVA De acordo com o dicionário Michaelis linguagem é o conjunto de sinais falados (glótica), escritos (gráfica) ou gesticulados (mímica), de que se serve o homem para exprimir suas ideias e sentimentos. No que cerne à linguagem contábil, o que se verifica é que, mesmo estando sobre uma base sólida de práticas geralmente aceitas, princípios e postulados contábeis e sob uma exigência globalizada acerca da evidenciação contábil, a harmonização dessa linguagem depende de alguns fatores. Dentre todos, o que mais se destaca é o sistema legal. Para entendermos as características sob a perspectiva normativa, é preciso compreender o que cada sistema legal e como podem influenciar a teoria contábil e o financial reporting. Em países como a Alemanha, de regime code law, a teoria contábil tende a se confundir com a legislação contábil. A contabilidade não possui corpo teórico próprio e estruturasconceituais básicas são inexistentes. Países que possuem o modelo common law possuem profissões contábeis auto regulamentadas com enorme impacto social e prestígio. Nestes países, a contabilidade está fora da esfera de influência governamental. Mesmo quando órgãos públicos possuem a autoridade para regulamentar a profissão e as práticas contábeis, estes transferem tal autoridade para órgãos privados que acomodam membros da profissão e do mercado em seus quadros decisórios. O que se precisa ter em mente é que a norma ou a legislação contábil não significa exatamente a teoria contábil. A norma configura-se em parte da teoria, como vimos nos diversos enfoques da teoria da contabilidade (Aula 1), mas não exprime a completude da teoria. A teoria não é norma, em essência. É a construção do conhecimento contábil. Imaginando a Teoria da Contabilidade como um grande muro de conhecimento, cada estudo realizado acrescenta um tijolo a essa muralha. Sob a perspectiva normativa não é diferente. Com os diversos estudos pelos Comitês responsáveis pela emissão de normas internacionais (IASB, FASB, etc.) e no Brasil (CPC, e os órgãos reguladores), podemos acrescentar várias contribuições à Teoria da Contabilidade. As entidades mais atuantes no campo contábil tem sido, tradicionalmente, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (de cujas normas técnicas trataremos mais adiante), o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assinam, talvez, os melhores pronunciamentos e contribuições mais recentes para a Contabilidade. A partir de 2007, com a promulgação da Lei 11.638, que veio alterar em alguns aspectos a Lei 6.404/76, a Lei das Sociedades por Ações, foi constituído o Comitê ^de Pronunciamentos Contábeis (CPC), com membros de diversas entidades relevantes a` Contabilidade no Brasil, e que vem divulgando alguns pronunciamentos relevantes e que estão se tornando Instruções da CVM e Normas Brasileiras de Contabilidade. O Banco Central e a Receita Federal também têm tido atuação nas legislações contábeis. Podemos destacar inicialmente a Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, emitida pelo CPC, e aprovada pela Resolução CFC 1.374/11 NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, como uma das maiores contribuições sob a perspectiva normativa. Esta Estrutura Conceitual aborda: O objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil -financeiro; As características qualitativas da informação contábil-financeira útil; A definição, o reconhecimento e a mensuração dos elementos a partir dos quais as demonstrações contábeis são elaboradas; e Os conceitos de capital e de manutenção de capital. Indo de encontro ao que a teoria da contabilidade já previa, a Estrutura Conceitual estabelece como objetivo do Relatório Contábil-Financeiro de propósito geral fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity), que sejam úteis aos usuários externos (investidores e credores), quando da tomada decisões econômicas. Mas a principal contribuição da Estrutura Conceitual à Teoria da Contabilidade foi o estabelecimento das características qualitativas da informação contábil-financeira útil. De acordo com o CPC, se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil - financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. As características qualitativas fundamentais são: Relevância - aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários, sendo provida de valor confirmatório ou preditivo, bem como o conceito de materialidade (convenção). Representação fidedigna - a realidade retratada precisa ser completa, neutra e livre de erro. A informação contábil-financeira precisa concomitantemente ser relevante e representar com fidedignidade a realidade reportada para ser útil. Nem a representação fidedigna de fenômeno irrelevante, tampouco a representação não fidedigna de fenômeno relevante auxiliam os usuários a tomarem boas decisões. As características qualitativas que melhoram a utilidade da informação que é relevante e que é representada com fidedignidade são: Comparabilidade - é a característica qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. Utiliza a convenção da consistência para atingir seu objetivo, mas não é a mesma coisa. Comparabilidade é o objetivo; a consistência auxilia a alcançar esse objetivo. Verificabilidade - ajuda a assegurar aos usuários que a informação representa fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe representar. Tempestividade - significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Compreensibilidade - classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a compreensível. A aplicação das características qualitativas de melhoria é um processo iterativo que não segue uma ordem preestabelecida. Algumas vezes, uma característica qualitativa de melhoria pode ter que ser diminuída para maximização de outra característica qualitativa. Por exemplo, a aplicação prospectiva de uma nova norma contábil-financeira pode reduzir temporariamente a comparabilidade em função do aprimoramento da relevância ou da representação fidedigna no longo prazo. A única limitação imposta à contabilidade reside na análise custo-benefício, e deve sempre ser levada em consideração. O custo de gerar a informação é uma restrição sempre presente na entidade no processo de elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. A definição, o reconhecimento e a mensuração dos elementos a partir dos quais as demonstrações contábeis são elaboradas também é outra grande contribuição da Estrutura Conceitual, que utiliza o conhecimento já estabelecido na teoria contábil doutrinária para um refinamento nas normas contábeis. Este ponto será tratado nas aulas 5 e 6. Sem exaurir os esforços, o CFC também inseriu outro tijolo no muro do conhecimento contábil muito importante quando da emissão da Resolução CFC nº 750/93, tornando obrigatória a observância dos Princípios de Contabilidade no exercício da profissão, constituindo condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade, sob pena de multa e de suspensão do exercício profissional. De acordo com o art. 2º, da Resolução CFC nº 750/93, os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, em sua redação original adotava a denominação Princípios Fundamentais de Contabilidade. Todavia, com a edição da Resolução CFC nº 1.282, de 28 de maio de 2010, essa denominação foi substituída por Princípios de Contabilidade, expressão que, segundo o CFC, é suficiente para o perfeito entendimento dos usuários das demonstrações contábeis e dos profissionais da Contabilidade. Nessa nova redação, continuaram como Princípios de Contabilidade: Da Entidade destacando a necessidade da autonomia patrimonial, isto é, diferenciar o patrimônio particular de uma pessoa física, independentemente dos patrimônios das pessoas jurídicas individuais, do conjunto de pessoas jurídicas, sem considerar se a finalidade é ou não a obtenção de lucro. O patrimônio de uma pessoa física não se confunde, nem se mistura com o patrimônio da pessoa jurídica em que fizer parte. Por exemplo: despesas particularesde pessoas físicas (administradores, funcionários e terceiros) não devem ser consideradas como despesas da empresa; bens particulares de administradores não devem ser confundidos ou registrados na empresa. Continuidade - Assume que os negócios da empresa continuarão a existir por um tempo longo e indeterminado tempo no futuro (salvo boa evidência do contrário). Por exemplo: se uma empresa entra em liquidação, como regra, o valor apurado por seus ativos é significativamente menor que o valor normal de realização dos bens, em virtude das circunstâncias em que estão sendo vendidos. O passivo também pode ser afetado. Oportunidade - Exige o registro de todas as variações sofridas pelo patrimônio da entidade no momento em que elas ocorrerem, ainda que considerados valores estimados, com integridade e tempestividade. A informação divulgada fora do momento adequado e/ou que não seja confiável normalmente deixa de ser importante para o público nela interessado. Por exemplo: no mercado de ações o investidor não pode esperar um relatório contábil por muito tempo antes de tomar decisões. Portanto, é preciso haver agilidade na divulgação da informação, sem se perder de vista a segurança quanto a sua veracidade. Registro pelo Valor Original - O registro inicial dos elementos deve ser baseado nas quantias contratadas nessas transações (custo histórico), podendo sofrer variações (custo corrente, valor realizável, valor presente, valor justo ou atualização monetária). Por exemplo: No caso de aquisição de um ativo, deve-se adotar o seu custo histórico para efeito de registro, ou seja, o valor pago ou a pagar em dinheiro ou o valor justo dos recursos a serem transferidos ao fornecedor na data da aquisição. Competência - As receitas e despesas devem ser registradas no período ao qual pertencem, ainda que não tenham sido recebidas ou pagas. Por exemplo: a receita de venda é realizada quando da efetiva entrega da mercadoria e a receita de serviço, quando da sua efetiva prestação; os valores, por conta da entrega de mercadoria ou prestação futura de serviço, recebidos antecipadamente, devem ser registrados no passivo exigível. Prudência - Cabe precaução na avaliação das hipóteses de incerteza é necessária para se evitar a superavaliação de ativos e receitas, bem como a subavaliação de passivos e despesas. Não é o caso da aplicação da opção que resulte em menor ou maior valor, e sim da mais provável. Por exemplo: se a companhia é acionada judicialmente, isso não é suficiente para seu contabilista constituir provisão. Caso se conclua que a Justiça tende a dar ganho de causa para a empresa, não deverá ser la nçada provisão. Observe que há uma forte relação entre o aspecto doutrinário e normativo da teoria da contabilidade. A doutrina termina servindo de fundamentação para a norma, e a norma ao refinar os achados científicos, auxilia também no processo de evolução da teoria. Aplicação Prática Teórica ATIVIDADE PROPOSTA 01 Sobre a Teoria da Contabilidade Doutrinária, descreva sua estrutura básica, classificando cada um de seus elementos. ATIVIDADE PROPOSTA 02 Descreva a estrutura básica do CPC 00 (R1) e que novidades principais traz à Teoria Contábil Normativa.
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