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HTFRR 7 relacao igreja e nobreza no periodo medieval

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Relação igreja e nobreza no período medieval 
Não é de se estranhar, pois, que igreja e nobreza tenham 
mantido uma estrita relação durante o período medieval. Mais tarde, 
na era moderna, a igreja ainda será parte fundamental do próprio 
estado, tendo muitas vezes atribuições que caberiam somente a 
instancia politica, em uma clara herança do medievo. 
Clero e nobreza irão se manter, por séculos, no topo da pirâmide 
social. Essa configuração terá fim somente com as revoluções 
burguesas. Mas, diferente da nobreza, o clero conseguiu manter quase 
intacto o patrimônio obtido durante seu apogeu. Os nobres dividiam 
seu patrimônio entre os filhos, obedecendo ao direito de 
primogenitura: o filho mais velho herdava as posses e o titulo. Mas esse 
patrimônio estava sujeito a politica de cada período. A igreja não 
enfrentou o mesmo problema, pois seu patrimônio pertencia a 
instituição, é não aos clérigos. Ainda que tenha combatido firmemente 
as burlas constantes do celibato eclesiástico – denuncias de padres e 
bispos que mantinham famílias, eram constantes – o patrimônio 
eclesiástico jamais foi dividido, o que permitiu a igreja passar por eras 
em plena prosperidade econômica. 
A igreja já detinha, por sua natureza, o oder espiritual. Mas, 
durante a idade média, ela passa também a deter o poder temporal, 
que é o poder de governar e interferir em questões de estado. Essa 
dupla função da igreja será sempre motivo de controvérsia, mesmo 
entre os reinos declaradamente católicos, já que o poder temporal 
pertence ao estado e por sua vez, aos imperadores. 
Nesta discussão, temos argumentos dos dois lados: os 
imperadores entendem que a igreja deve ser submissa ao império, já 
que o estado a adota e protege. A igreja, por sua vez, entende que 
todo o poder emana de Deus estando, portanto, acima das estruturas 
imperais. É esse dialogo muitas vezes conflituoso, que dá o tom da 
transição entre a igreja medieval e a moderna. 
 
 
Mesmo quando os imperadores entendiam a igreja submissa ao 
estado, essa separação nunca foi muito clara. Uma prova dessas 
fronteiras estreitas é que cabia ao papa coroar os imperadores e estes, 
por sua vez, detinham, em diversas regiões, o direito de nomear os 
cargos mais altos da igreja em seu domínio, como é o caso dos bispos. 
Assim, a disputa pelas nomeações se tornou uma questão politica, e 
não se baseada no mérito, na santidade ou na experiência, tornando a 
igreja uma instituição afim ao estado. 
A estreita aproximação da igreja e do estado concedeu aos reis o 
poder divino. Essa expressão causa alguns equívocos, já que pode ser 
confundida com teocracia, o que não é, de forma alguma, o caso da 
igreja católica. Vejamos a diferença: 
Na antiguidade, civilizações como a egípcia eram governadas por 
regimes teocráticos. O farão era considerado um deus na terra e assim, 
o Egito era governado por um Deus personificado. Nos estados 
medievais e moderno, o rei não é deus e por isso, esta não é uma 
teocracia, mas possui poder divino, ou seja, ele é rei por vontade de 
Deus. 
O poder real está portanto, fundamentado em uma teoria 
politica, a teoria do direito divino dos reis. A teoria do direito divino 
será peça fundamental para a consolidação dos estados nacionais e do 
poder absoluto. 
Dois teóricos se destacaram na elaboração dos princípios do 
direito divino: Jean Bodin e Jacques Bossuet. 
Bodin teve formação eclesiástica, mas dedicou sua vida aos 
escritos jurídicos. Sua obra, produzida no século XVI, influenciou 
diversos iluministas. É importante analisarmos as teorias de Bodin a 
partir de seu lugar de fala, ou seja, de quem ele era e de quando e 
onde escrevia. Neste caso, estamos falando de um teórico familiarizado 
com os princípios religiosos, que escrevia em um momento de intensos 
conflitos religiosos entre católicos e huguenotes na França, onde vivia. 
 
 
Neste contexto de crise, Bodin produziu diversos escritos dos 
quais se destacam Método para a fácil compreensão da história e Os 
seis livros da República. Em suas obras, ele procura fazer uma distinção 
entre forma de estado e forma de governo. Nesta perspectiva, existem 
três formas de estado: monárquico, aristocrático e democrático. No 
estado monárquico, um único individuo detém o poder, numa 
aristocracia, um grupo de indivíduos e numa democracia, a maioria dos 
cidadãos. Já a forma de governo é a maneira como os governantes 
exercem o poder e pode ser legitima, despótica ou tirana. 
O estado deve ser sempre soberano pois a alternativa seria a 
anarquia, o que neste caso, corresponderia ao estado de caos. Bodin 
defende a monarquia a partir da ideia de lei natural. Deus escolheu um 
individuo para deter o poder e governar a maioria tendo em vista o 
bem comum. Esta monarquia deve ser hereditária e o poder passaria ao 
filho mais velho, sendo, entretanto, negado as mulheres. Essas teorias 
legitimam o poder real, no momento em que este está se constituindo 
como unitário e absoluto. 
Jacques Bossuet viveu depois de Jean Bodin, também na França. 
Uma de suas principais obras é O Discurso sobre a história universal 
mas, diferente de Bodin, que buscou no direito as formas de justificar a 
legitimidade real, Bossuet era ortodoxo e defendia a monarquia 
absoluta e a autoridade eclesiástica. Suas teorias foram fundamentais 
para legitimar o reinado de Luís XIV e sua defesa veemente dos poderes 
temporal e secular torna-o um dos mais ortodoxos religiosos e 
pensadores de seu tempo. 
A partir do momento em que o poder real passa a derivar de 
Deus – e não dos homens – ele perde a capacidade de ser questionado. 
Questionar ou se opor ao rei seria, nesse caso, questionar-se e se opor 
a vontade de Deus. Fica clara aí a ligação entre estado e igreja, mas o 
que devemos lembrar é que esta é uma relação de dependência mutua. 
A igreja legitima o rei e valida seu poder absoluto, o rei, por sua vez, 
protege e dá amplos poderes ao papado, que muitas vezes interfere 
 
 
diretamente nas questões do estado. 
Com base nesse minucioso arcabouço teórico, não e de se 
espantar que a França tenha sido o modelo de estado absoluto dentre 
os demais países europeus e Luís XIV, seu melhor exemplo. Em todas as 
instancias de sua vida, tanto social como politicamente, o rei utilizou-
se dos princípios de seu direito divino. Mesmo na arte, o rei era 
retratado tanto com luxo e opulência, quanto com a serenidade e 
virtude característica das divindades 
 
 
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Fa965589b0.jpg 
 
Esta é, por exemplo, a perspectiva do retrato de Luís XIV e sua família, 
pintado por Joseph Werner. Neste obra, vemos que o rei assume o aspecto 
divino, a maneira como foi exposto pode ser comparado a pinturas dos deuses 
da antiguidade.

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