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APOSTILA AGRAVO DE INSTRUMENTO E RECURSOS 2017

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1 
 
1 
 
SUMÁRIO 
 
PARTE I – DO PROCESSO NOS TRIBUNAIS ...................................................................................... 4 
1 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS .....................................................................................................................4 
2 COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS ......................................................................... 7 
3 DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL (PROCEDIMENTO) ........................................................... 9 
 
PARTE II - SISTEMA RECURSAL DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO .................................... 12 
1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS ....................................................................................................... 12 
1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................................................... 12 
1.2 CONCEITO ................................................................................................................................................................ 12 
1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS ........................................................................................................................... 13 
1.4 FORMA DE INTERPOSIÇÃO ..................................................................................................................................... 16 
1.5 AUTORIDADE A QUEM O RECURSO É DIRIGIDO .................................................................................................. 16 
1.6 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO ................................................................................................ 16 
1.7 PRESSUPOSTOS RECURSAIS .................................................................................................................................... 17 
1.8 EFEITOS DOS RECURSOS ........................................................................................................................................ 25 
2 DOS RECURSOS EM ESPÉCIE ............................................................................................................. 31 
2.1 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ....................................................................................................... 31 
2.1.1 CONCEITO .............................................................................................................................................................. 31 
2.1.2 NATUREZA JURÍDICA ......................................................................................................................................... 32 
2.1.3 EFEITOS ................................................................................................................................................................. 32 
2.1.4 PROCEDIMENTO ................................................................................................................................................... 33 
2.1.5 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS .............................................................................................. 34 
2.1.6 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA DECISÃO QUE JULGA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ............................. 34 
2.2 APELAÇÃO ............................................................................................................................................ 35 
2.2.1 CONCEITO ............................................................................................................................................................. 35 
2.2.2 CABIMENTO .......................................................................................................................................................... 35 
2.2.3 FORMA DE INTERPOSIÇÃO .................................................................................................................................36 
2.2.4 PROCEDIMENTO .................................................................................................................................................. 37 
2.2.5 EFEITOS ................................................................................................................................................................. 38 
2.3 AGRAVO ................................................................................................................................................ 42 
2.3.1 NOÇÕES GERAIS E ESPÉCIES ............................................................................................................................... 42 
2.3.2 AGRAVO DE INSTRUMENTO .......................................................................................................................... 43 
a) Conceito .................................................................................................................................................................. 43 
2 
 
b) Cabimento .............................................................................................................................................................. 43 
c) Forma de interposição ......................................................................................................................................... 46 
d) Juntada de documentos ...................................................................................................................................... 46 
e) Preparo ..................................................................................................................................................................... 47 
f) Juízo de retratação ................................................................................................................................................ 47 
g) Procedimento/processamento ........................................................................................................................... 48 
h) Efeitos ...................................................................................................................................................................... 49 
2.4 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL (ROC) .............................................................. 49 
2.4.1 PREVISÃO LEGAL E CABIMENTO ........................................................................................................................ 49 
2.4.2 FORMA DE INTERPOSIÇÃO ................................................................................................................................. 51 
2.4.3 EFEITOS ................................................................................................................................................................. 51 
2.4.4 PROCEDIMENTO .................................................................................................................................................. 51 
2.5 RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO ........................................................................... 52 
2.5.1 GENERALIDADES (CONCEITO, NATUREZA E PREVISÃO LEGAL) .................................................................. 52 
2.5.2 CABIMENTO .......................................................................................................................................................... 53 
2.5.3 PRESSUPOSTOS RECURSAIS ............................................................................................................................... 55 
2.5.4 PROCEDIMENTO ................................................................................................................................................. 59 
2.5.4.1 RESp e RE repetitivos ................................................................................................................................. 602.5.5 EFEITOS ................................................................................................................................................................ 62 
2.6 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ..................................................................................................... 63 
2.6.1 CABIMENTO ..........................................................................................................................................................63 
2.6.2 PROCEDIMENTO ..................................................................................................................................................63 
 
PARTE III - DAS AÇÕES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO TRIBUNAL ........................ 64 
3.1 HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E CONCESSÃO DO EXEQUATUR ÀS 
CARTAS ROGATÓRIAS .......................................................................................................................... 64 
3.1.1 CONCEITO E CABIMENTO (OU OBJETO DE HOMOLOGAÇÃO) ....................................................................... 64 
3.1.2 REQUISITOS .......................................................................................................................................................... 64 
3.1.3 PROCEDIMENTO .................................................................................................................................................. 65 
3.2 AÇÃO RESCISÓRIA ............................................................................................................................ 66 
3.2.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................................... 66 
3.2.2 CABIMENTO .......................................................................................................................................................... 67 
3.2.3 PROCEDIMENTO ................................................................................................................................................... 71 
 
 
 
3 
 
PARTE IV - INCIDENTES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DE TRIBUNAL ...................... 75 
4.1 INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA – IAC ........................................................................................ 75 
4.2 INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS – IRDR ............................................................... 75 
4.3 INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE – IAI .................................................................... 76 
4 
 
PARTE I – DO PROCESSO NOS TRIBUNAIS 
 
1 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS 
 
 A competência do Tribunal pode ser exercida em grau de recurso; duplo grau obrigatório ou 
necessário; e na forma originária. 
 
1.1 em grau de recurso (última instância) 
 Nesse caso, o processo chega ao tribunal através de um instrumento denominado recurso, a 
fim de que a decisão do juízo inferior seja reexaminada, diminuindo, em regra, a margem de erro e 
de injustiça. 
 Isso se dá em virtude do princípio do duplo grau de jurisdição, a que passaremos estudar agora. 
 A Constituição do Império garantia expressamente o duplo grau de jurisdição, mediante a 
interposição de recurso ao chamado Tribunal de Relação (depois de Apelação,e, hoje, de Justiça). As 
Constituições que se seguiram, no entanto, apenas previram a existência de tribunais, dando-lhes 
competência recursal, sem garantir de forma explícita o referido princípio. 
 Em virtude dessa omissão, permitiu-se a possibilidade de o legislador infraconstitucional 
vedar ou limitar o direito de recurso em alguns casos (Exemplo: não cabe apelação nas execuções 
fiscais de valor igual ou inferior a 50 OTN’s1 - art. 34 da Lei n. 6.830/81; não cabe recurso de 
despachos – art. 1.001, NCPC), sem que se possa imputar inconstitucionalidade. 
 O mesmo não se pode dizer quanto aos recursos especial e extraordinário cujo cabimento 
não pode ser limitado, salvo por emenda constitucional.[Exemplo: a EC 45/04, que deu nova 
redação ao §3º do art. 102, da CF, no sentido de exigir do recorrente, em recurso extraordinário, a 
demonstração da “repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (...)”, criando 
mais um requisito de admissibilidade, como veremos mais adiante], pois os requisitos já estão no 
próprio texto constitucional e somente eles devem ser exigidos do recorrente. 
 Por outro lado, embora o princípio do duplo grau de jurisdição não se encontre 
expressamente previsto na Constituição Federal de 1988, é ele consectário direto do princípio do 
devido processo legal (art. 5º, inc. LIV), segundo a doutrina mais balizada. Outro argumento que 
justifica o caráter constitucional, ainda que implícito, do referido princípio é a previsão na nossa 
Constituição Federal da competência recursal dos tribunais, bem como a sua própria existência e 
organização hierarquizada. Ademais, o Código de Processo Civil o adota como regra geral. 
 
1 Conforme orientação do STJ, a atualização deve ocorrer pela conversão sucessiva da OTN em BTN e UFIR. Da 
exegese jurídica da evolução desses índices resulta a seguinte fórmula, a ser considerada quanto ao valor de alçada 
recursal, a ser apurado na data da distribuição da execução fiscal: 50 OTN = 440,30 BTN = 444,85 UFIR. 
5 
 
 José Frederico Marques (2000, p. 5-6) sustenta a existência não do duplo grau, mas da 
pluralidade dos graus de jurisdição face à previsão constitucional dos recursos especial e 
extraordinário, cujo julgamento compete ao STJ e STF, respectivamente, aludindo a um suposto 3º 
grau de jurisdição, o que, com a devida vênia, não existe. 
 São, na verdade, juízos extraordinários, pois não reapreciam matéria de fato, mas tão 
somente matéria de direito, com o fim de velar pelo direito objetivo, garantindo a ordem jurídica. 
 Não obstante as críticas, principalmente diante da aparente contradição com o princípio 
constitucional da celeridade (art. 5º inc. LXXVIII), pois que tende a perpetuar a marcha processual, 
o princípio do duplo grau de jurisdição consiste na possibilidade de provocar reapreciação e o 
julgamento de matéria já decidida, mediante recurso, por órgão hierarquicamente superior. 
 E é com base nesse princípio que se estruturou o atual sistema recursal previsto no NCPC 
(art. 994), garantindo uma dualidade da jurisdição, em nítida observância extensiva ao princípio da 
acessibilidade ao Judiciário. 
 
1.2 em duplo grau obrigatório ou necessário (reexame necessário – art. 496, NCPC) 
 
Entretanto, o processo não sobe ao tribunal apenas em razão de um recurso interposto pela 
parte vencida. Independentemente da vontade e iniciativa das partes, a matéria decidida pelo juízo 
de 1º grau, em alguns casos, pode ser reexaminada pelo tribunal por força do interesse público. 
 É o caso do chamado duplo grau obrigatório ou necessário; ou remessa, reexame necessário; ou para 
alguns, ainda, simplesmente recurso de ofício, previsto no art. 496 do NCPC. 
 Mas não se trata propriamente de recurso, pois veremos que este pressupõe provocação, 
decorrendo do princípio do dispositivo. Portanto, é contraditório dizer recurso de ofício. 
 A remessa ou o reexame necessário é, na verdade, um ato administrativo vinculado e 
complexo do juiz de remeter a sentença, quando desfavorável à Fazenda Pública, ao órgão 
hierarquicamente superior para reexame, ficando seus efeitos condicionados à confirmação deste, 
por motivo de interesse público, sob pena de, não havendo apelação interposta no prazo legal pelo 
vencido, o presidente do tribunal avocá-lo (§1º, art. 496). 
 Segundo Nelson Nery Júnior, o reexame necessário ou a remessa obrigatória, por independer 
da provocaçãodas partes, é manifestação do efeito translativo no processo civil (e não decorrência do 
efeito devolutivo), o que autoriza a interposição concomitante e independente do recurso de 
apelação pela parte vencida, e até mesmo a reforma para piorar (reformatio in pejus) a situação da 
Fazenda Pública, em confronto com a Súm. 45 do STJ. 
6 
 
 E é em razão dessa Súmula, que estende a proibição da reformatio in pejus para a Fazenda 
Pública no reexame necessário, e da Súmula 253, da mesma Corte, que prevê, também no reexame 
necessário, a aplicação do art. 557, do CPC (art. 932, NCPC), destinado exclusivamente para 
recursos, que faz com o STJ posicione-se de forma contrária à doutrina majoritária que não 
reconhece o caráter recursal da remessa ou do duplo grau obrigatório. 
 A par de toda essa discussão, remetemo-nos à leitura do art. 496: 
 
“Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo 
tribunal, a sentença:” 
 
A interpretação dada pela doutrina é restritiva, no sentido de que se trata de sentença de 
mérito, o que implica dizer que não se sujeita ao duplo grau necessário às sentenças terminativas. 
Mas não são quaisquer sentenças de mérito, mas tão somente aquelas proferidas contra o Poder 
Público, conforme os incisos que se seguem: 
I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e 
fundações de direito público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. 
 
Vale lembrar que, nesse último caso do inciso II, os embargos julgados procedentes 
implicam em decisão contrária à Fazenda, já que ela é exequente da execução fiscal. 
Mas o legislador previu, nos §§ 3º e 4º do art. 496, hipóteses de dispensa do reexame 
necessário. 
Nos termos do §3º, não se aplica o art. 496 quando a condenação ou o proveito econômico 
obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: 
- 1.000 salários mínimos para a União e suas respectivas autarquias e fundações públicas; 
- 500 salários mínimos para os Estados, o DF e suas respectivas autarquias e fundações públicas, 
bem o s Municípios-capitais de Estados; 
- 100 salários mínimos para todos dos demais Municípios e suas respectivas autarquias e fundações 
públicas. 
 Vê-se que há uma diferenciação expressa entre os diversos entes federados. 
 Já o §4º dispensa a remessa necessária quando a sentença estiver fundada em “precedentes 
do NCPC”, ou seja, em: 
- súmula de tribunal superior; 
- acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; 
7 
 
- entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; 
- entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do 
próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. 
 
1.3 na forma originária (ou única instância) 
 
Nesse caso, o processo inicia-se diretamente no tribunal, sendo, portanto, excluído da 
competência dos juízes de 1º grau. Tais processos de única instância assim o são em função de: 
a) natureza especial da lide: é o caso da ação rescisória, que visa anular ou desconstituir uma sentença 
já transitada em julgado; 
b) condição da pessoa em litígio: mandado de segurança, por exemplo, que a depender da autoridade 
coatora, será de competência originária do tribunal. Ex: MS contra ato de governador de Estado. 
c) razões de ordem política: ações criminais contra prefeitos. 
Os processos de competência originária dos tribunais não estão sujeitos ao princípio do 
duplo grau de jurisdição; eles são de única instância (≠ última instância – após interposição dos 
recursos ordinários, quais sejam, daqueles cabíveis quando houver mera sucumbência). Portanto, 
não desafiam esse tipo de recurso, mas tão-somente recursos extraordinários em sentido amplo 
(que incluem o recurso extraordinário em sentido estrito – RE; e o recurso especial – REsp), posto 
que a remessa destes ao órgão superior dá-se não apenas em virtude de mera sucumbência, mas 
também em função de se resguardar o direito objetivo (normas constitucional e infraconstitucional, 
respectivamente). É por isso que mais uma vez que o STF e o STJ, quando do julgamento destes 
recursos, não constituem um 3º grau de jurisdição, mas graus extraordinários. 
 
 
2 COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS 
 
 Sabe-se que o modo de julgar ou de exercer a competência do tribunal difere completamente 
em relação ao juízo de 1º grau ou singular, pois que, neste caso, a decisão será fruto de uma 
manifestação unilateral do juiz, enquanto que, no outro, haverá uma conjugação de opiniões de seus 
vários membros. Por isso, diz-se acórdão, pois deriva do verbo “acordar”. 
 Mas nem sempre todos os membros do tribunal participam, conjuntamente, dos 
julgamentos. Na prática, há uma divisão de trabalhos e funções que, tendo por parâmetro o 
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, conforme sua Lei de Organização Judiciária (Lei 9.129/81, 
8 
 
modificada pela Lei 13.644/00) e seu Regimento Interno (Resolução n. 2, de 23.06.82), podem ser 
assim explicitados: 
a) Plenário (art. 8º, RITJ/GO) – 36 desembargadores (des.), que se reúnem apenas em sessões 
solenes para decidir questões administrativas e por ocasião de datas festivas (eleição e posse do 
Presidente, Vice e Corregedor Geral; comemorações cívicas; indicação e agraciamento com o colar 
do Mérito Judiciário etc). 
b) Corte Especial (arts. 9º e 9º-A, RITJ/GO) – 17 des. mais antigos, com atribuições ou funções 
atípicas (legislativas – aprovar seu RI; administrativas – organizar e realizar concursos, organizar 
lista de promoção dos magistrados etc) e típicas (processar e julgar). Antes da Lei n. 13.644/00, 
todas estas atribuições pertenciam ao Plenário, inexistindo no TJ/GO Corte Especial. 
c) Seção (art. 10, RITJ/GO) – composta por 12 des., veio substituir às chamadas Câmaras Reunidas, 
tanto Cíveis como Criminais. Elas só podem decidir com a presença da maioria absoluta de seus 
membros, incluídos os Presidentes, que são eleitos, por votação secreta, para um mandato de dois 
anos, na penúltima sessão do biênio findante (mandato). 
 1ª Câmara Cível – 4 des. distribuídos, pela ordem de antiguidade e 
 1ª Seção Cível – 12 des. de forma alternada, em 4 Turmas, com 3 des. cada. 
 (art. 10, RITJ/GO) 2ª Câmara Cível – 4 des. – 4 Turmas, com 3 des. cada. 
 3ª Câmara Cível – 4 des. – 4 Turmas, com 3 des. cada. 
 
 2ª Seção Cível – 12 des. 4ª Câmara Cível – 4 des. – 4 Turmas, com 3 des. cada. 
 (art. 10, RITJ/GO) 5ª Câmara Cível – 4 des. – 4 Turmas, com 3 des. cada. 
 6ª Câmara Cível – 4 des. – 4 Turmas, com 3 des. cada. 
 
 
 Seção Criminal – 10 des. 1ª Câmara Criminal – 5 des. – 5 Turmas, com 3 des. cada. 
 (art. 10, RITJ/GO) 2ª Câmara Criminal – 5 des. – 5 Turmas, com 3 des. cada. 
 
a) Câmara Cível (arts. 12 a 15, RITJ/GO) – 4 des. distribuídos em 4 Turmas, por ordem 
decrescente de antiguidade, alternativamente. Cada Câmara funciona com a presença mínima 
de 3 membros, incluído o Presidente, devendo este ser eleito dentre seus membros, também por 
votação secreta, para um mandato de dois anos, na penúltima sessão do biênio findante 
(mandato). 
 
e) Turma (art. 12, §1º, RITJ/GO) – 3 des., sendo um relator, dois vogais (ordem decrescente de 
antiguidade – art. 12). 
9 
 
Exemplo: 1ª Câmara (4 des. => A, B, C, D) 
1ª Turma = A (relator), B (1º vogal), C (2º vogal) 
2ª Turma = B (relator), C (1º vogal), D (2º vogal) 
3ª Turma = C (relator), D(1º vogal), A (2º vogal) 
4ª Turma = D (relator), A (1º vogal), B (2º vogal) 
 
 Percebe-se que os desembargadores revezam-se nas Turmas, ora atuando como relator, ora 
como 1º vogal e ora como 2º vogal. 
 Importante lembrar que em qualquer dos órgãos fracionados, quais sejam, Seções, Câmaras 
(exceto Turmas), possuem: 
 
a) Presidente: 
 O Presidente do Plenário e da Corte Especial é o presidente do Tribunal. No caso do 
Plenário, na falta do presidente do tribunal, assume o desembargador mais antigo. Antes da lei de 
2000 não era assim. 
 Em cada Câmara e Seção o respectivo presidente é fixo, eleito por votação secreta para 
mandato de 2 anos na penúltima sessão do biênio findante. 
 
b) Relator (arts. 175 a 178, RITJ/GO) 
 O relator é o desembargador mais importante, pois é ele quem conduz os trabalhos, 
competindo-lhe ordenar as intimações; receber as contrarrazões; despachar os requerimentos das 
partes; delegar competência ao juízo de 1º grau para oitiva de testemunhas ou realização de perícia; 
e fazer o relatório geral do processo. 
 
c) Vogal (art. 179, 2ª parte, RITJ/GO) - É o desembargador imediato ao relator. Ele profere o seu 
voto apenas na sessão de julgamento, embora possa pedir vista dos autos e votar na sessão 
subsequente. Caso apenas um dos vogais concordar com o relator, o julgamento dar-se-á por 
maioria (2 a 1); do contrário, se ambos concordarem, o julgamento dar-se-á por unanimidade (3 a 0). 
 
3 DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL (procedimento)– arts. 929 a 946, NCPC. 
 
 A) autos recebidos e registrados no protocolo (art. 929); 
 B) distribuição para Câmara (se for o caso) e relator pelo princípio da publicidade, 
alternatividade (1º processo – 1ª Câmara; 2º processo – 2ª Câmara e assim por diante) e sorteio 
eletrônico (art.930), para não haver abarrotamento de processos numa só Câmara. Cada Câmara 
10 
 
tem uma Secretaria, que realiza a parte administrativa, tendo o seu presidente, eleito de 2 em 2 
anos; 
 C) conclusão dos autos ao relator, que, em 30 dias (art. 931, NCPC), depois de, analisar as 
razões e contrarrazões, elabora o voto, restituindo-os, com o RELATÓRIO à Secretaria. De acordo 
com o art. 932, NCPC, incumbe ao relator: 
- dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, 
quando for o caso, homologar autocomposição das partes; 
- apreciar pedido tutela provisória nos recursos e nos feitos de competência originária do 
tribunal; 
- NÃO CONHECER de recurso inadmissível, prejudicado (antigo art. 557), ou que não tenha 
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
- NEGAR PROVIMENTO a RECURSO QUE FOR CONTRÁRIO a súmula do STF, STJ ou do 
próprio tribunal, acórdão do STF e do STJ em recursos repetitivos, e a entendimento firmado 
em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência (antigo art. 
557 alterado); 
- depois de facultada as contrarrazões, DAR PROVIMENTO ao recurso se a DECISÃO 
RECORRIDA TAMBÉM FOR CONTRÁRIA àquelas mesmas decisões acima descritas (antigo 
art. 557 alterado); 
- decidir incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado 
originariamente perante o tribunal; 
- determinar a intimação do MP, quando for o caso; 
- exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. 
- conforme o art. 933, se o relator constatar fato superveniente à decisão recorrida ou de 
questão conhecível de ofício ainda não examinada, que devam ser considerados no julgamento 
do recurso, intimará as partes para que se manifestem em 5 dias. Se a constatação for durante a 
sessão de julgamento, este será imediatamente suspenso a fim de sejam ouvidas as partes. 
 D) em seguida, os autos serão apresentados ao presidente do órgão fracionado , que designará 
dia de julgamento, ordenando a publicação da pauta no órgão oficial (art. 934, NCPC). Entre a 
publicação da pauta e a sessão decorrerá, pelo menos, 5 dias (art. 935, NCPC), incluindo-se em nova 
pauta os processo que não tenham sido julgados; 
 E) após a publicação da pauta, será permitida vista dos autos em cartório às partes (§1º, art. 935, 
NCPC); 
 F) ordem de julgamento dos recursos, das remessas necessárias e dos processos de competência 
originária (art. 936, NCPC): 1º) aqueles nos quais houver sustentação oral; 2º) os requerimentos de 
11 
 
preferência apresentados até o início da sessão; 3º) aqueles cujo julgamento tenha iniciado em 
sessão anterior; 4º) os demais casos. 
 G) na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a 
palavra para a realização da SUSTENTAÇÃO ORAL, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido, e, 
nos casos de sua intervenção, ao MP, pelo prazo improrrogável de 15 minutos para cada um. A 
sustentação oral só é cabível: nos recursos de apelação, de AI contra decisão interlocutória que 
versem sobre tutelas provisórias; recurso ordinário, REsp, RE, embargos de divergência, e ação 
rescisória (art. 937). É cabível sustentação por videoconferência ao advogado com domicílio 
profissional em cidade diversa do tribunal; 
 H) após a sustentação oral, procede-se à votação dos desembargadores, podendo qualquer deles 
pedir VISTA, pelo prazo máximo de 10 dias, após o qual o recurso será reincluído em pauta para 
sessão subsequente, se não estiver habilitado a proferir imediatamente o seu voto (art. 940, NCPC). 
Persistindo tal situação, convoca-se o seu substituto para proferir voto. 
 I) São etapas de julgamento da matéria (art. 939, NCPC): 
1º) as questões preliminares (se sanáveis, o relator determinará a realização/renovação do ato 
processual, prosseguindo no julgamento quando cumprida a diligência). Reconhecida a 
necessidade de produção de prova, o relator converterá o julgamento em diligência. 
2º) se rejeitada a preliminar ou sendo ela compatível com o mérito, prosseguirá normalmente o 
julgamento da questão principal, pelo que se diz ter sido o recurso conhecido, ou seja, está 
pronto para ser julgado. A partir de então, poderá ele ser provido, caso em que o acórdão 
substituirá a decisão do juízo de 1º grau (se houver reforma; pois se houver anulação, será o caso 
de cassação e devolução dos autos ao a quo para proferir nova decisão), ou improvido, não 
ocorrendo tal substituição. 
 J) O primeiro voto é do relator, que é proferido após a leitura do relatório. Segue-se os demais 
julgadores. O julgamento da Turma ou Câmara será tomado apenas pelo voto de 3 
desembargadores, se tratar de apelação ou agravo (§2º, art. 941). Todo voto tem que ser 
fundamentado, salvo se um acompanha o voto do outro; 
 J) proferidos os votos, o presidente anuncia o resultado do julgamento, devendo o acórdão ser 
redigido pelo relator. Se for vencido, designa-se o autor do primeiro voto vencedor para fazê-lo (art. 
941); 
 K) o acórdão conterá ementa, ou seja, o resumo do que ficou decidido (§1º do art. 943); 
 L) lavrado o acórdão, sua ementa será publicada no órgão oficial (DJ) em 10 dias (§2º do art. 
943). As partes serão intimadas através desta publicação. 
12 
 
PARTE II - SISTEMA RECURSAL DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
 
1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
1.1 Justificativa 
 Ainda que dotado de imparcialidade, é impossível conferir às decisões do juiz o caráter de 
imutabilidade, posto que, pela sua condição de ser humano, está sujeito à falibilidade e à má-fé. 
 Alia-se a essa circunstância, pelo mesmo fundamento, o fato de a parte vencida 
naturalmente inconformar-se com o ato decisório, fazendo-se necessária a disposição de um 
instrumento capaz de possibilitar-lhe o reexame. 
 
1.2 Conceito 
 Tal instrumento ou mecanismo revela-se no institutodo recurso, cuja origem etimológica 
vem do latim recursus, que significa a repetição de um mesmo caminho, podendo ser conceituado, 
como "ato processual por meio do qual o interessado busca o reexame de uma decisão judicial pela mesma 
autoridade judiciária que a proferiu, ou por outra hierarquicamente superior, objetivando o seu esclarecimento, a sua 
integração, a sua reforma ou a sua invalidação". 
 É, portanto: 
a) ato processual: o recurso é uma extensão do direito de ação, pois não inaugura uma nova relação 
processual; é apenas seu prosseguimento em nível de 2º grau. 
 O recurso, portanto, não é uma ação distinta, mas um ato processual. É um simples aspecto 
do direito de recorrer. Como ato voluntário do interessado, trata-se de um ônus processual, pois, se 
não praticado, pode acarretar uma risco para a parte. 
 Andou bem, assim, o NCPC, que, em seu art. 203, §1º, define a sentença como “(...) o 
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase 
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.” Isso significa que o processo 
não termina com a sentença, mas apenas a fase cognitiva, sendo possível ainda a fase recursal, ou até 
mesmo a fase do cumprimento de sentença. 
 
b) por meio do qual o interessado: diz-se interessado, pois nem sempre é manejado pelo autor ou 
pelo réu, vencido no procedimento de 1º grau. Se um terceiro provar que tem um interesse jurídico 
no julgamento do recurso, poderá interpô-lo (art. 996, parágrafo único, NCPC), ou até mesmo o 
MP, seja como autor ou fiscal da ordem jurídica (art. 996, caput). 
 
c) busca o reexame de uma decisão judicial pela mesma autoridade que a proferiu: quando se tratar 
13 
 
de embargos de declaração, cujo efeito será, em razão de serem apreciados pelo mesmo juízo que 
proferiu a decisão, iterativo ou não devolutivo. Aliás, este é um dos motivos pelos quais se questiona 
a natureza recursal dos embargos declaratórios. 
 
d) ou por outra hierarquicamente superior: pressupõe-se, dessa forma, em geral, a reapreciação por 
um órgão superior, composto por um corpo de magistrados supostamente mais experientes e 
dotados de um maior saber jurídico, organizados em colegiados, com o fito de se alcançar maior 
segurança na entrega da prestação jurisdicional. 
 Trata-se de mais um dos fundamentos ou justificativas dos recursos, a par da falibilidade e 
má-fé do julgador, bem como do natural inconformismo do vencido. 
 Essa ordem escalonada em que se encontra o Poder Judiciário, cabendo aos órgãos 
superiores o julgamento de recursos, decorre do princípio do duplo grau de jurisdição, cuja análise 
já foi realizada. 
 
e) objetivando o seu esclarecimento, a sua integração, a sua reforma ou a sua invalidação: esclarecer 
ou integrar quando o objetivo não é modificar a decisão, mas apenas suprir obscuridades, 
contradições ou omissões nela existentes. É o que acontecesse nos embargos de declaração. Mas o 
recurso pode ter por fim também a reforma da decisão, substituindo-a por outra, no caso de error in 
iudicando (vício na sua essência); ou a sua invalidação, apenas cassando-a quando eivada de error in 
procedendo (vício processual). Em todos os casos visa-se impedir a formação da coisa julgada. 
 Error in procedendo - quando houver vícios que se apontam no processo e que são suscetíveis 
de afetar a decisão. 
Error in iudicando - se refere à injustiça da sentença, em virtude erro cometido pelo juiz na 
solução das questões de fato ou de direito. 
A doutrina clássica de Chiovenda já traçava a distinção entre errores in procedendo ou vício de 
atividade, compreendendo os vícios referentes ao desrespeito pelo juiz (ou da parte contrária, 
tornando este co-responsável) de normas de procedimento, causando um gravame à parte, 
invalidando o ato judicial, pois não relaciona ao seu conteúdo; e errores in iudicando ou vício de juízo, 
de natureza substancial, de conteúdo, provocando injustiça do ato judicial; refere-se ao próprio 
mérito da causa. 
 
1.3 Classificação dos recursos: Não há uma unanimidade a despeito da classificação dos recursos, 
utilizando cada autor de critérios diferenciados, sendo alguns coincidentes e outros não. Em razão 
disso, proveitoso parece açambarcar de todos aqueles dispostos na doutrina pátria, sem parcimônia, 
a fim de que subsidie, ou pelo menos, nos situe no estudo a ser esposado posteriormente. 
14 
 
Os recursos podem ser classificados: 
 
1.3.1 Quanto à natureza: os recursos podem ser comuns e excepcionais, dizendo estes respeito ao 
direito objetivo,2 e aqueles ao direito subjetivo.3 
 
a) comuns (quanto ao direito subjetivo): comuns são os que objetivam a reapreciação da decisão 
por ter havido mera sucumbência; têm por fim o reexame da matéria tanto de fato quanto de direito. 
São eles: apelação (art. 1.009); agravo de instrumento (art. 1.015); e recurso ordinário (art. 1.027). 
 
b) excepcionais (quanto ao direito objetivo): são aqueles cuja reapreciação da decisão objetiva 
uniformizar a aplicação do direito objetivo (a norma). Por terem finalidade especial, não reapreciam 
matéria de fato , somente a matéria de direito. São eles: recurso especial (dirigido ao STJ, é cabível 
quando a questão versar sobre lei infraconstitucional – art.. 105, III, CF); recurso extraordinário 
(dirigido ao STF, é cabível quando a questão versar sobre matéria constitucional – art. 102, III, CF); 
os embargos de divergência (cabíveis quando houver divergência do julgamento do REsp ou do RE - 
art. 1.043); e o agravo em REsp e RE (serve para destrancar o REsp ou RE inadmitido pelo 
presidente ou vice presidente do tribunal a quo, desde que não tenham sido submetidos ao regime de 
recursos repetitivos – art. 1.042). 
Os embargos de declaração, por sua natureza sui generis, enquadram-se em qualquer das 
hipóteses supra, assim como o agravo interno (art. 1.021). 
 
1.3.2 Quanto à importância: 
 
a) principal: é o que, havendo sucumbência total ou parcial, foi interposto por uma ou ambas as 
partes no prazo estabelecido pela lei. No último caso, os dois recursos são independentes (art. 997, 
NCPC). 
 
b) adesivo ou dependente: recurso adesivo (ou dependente) é aquele que, havendo sucumbência 
parcial ou recíproca (vencidos autor e réu), pode ser interposto pela parte no prazo de que dispõe 
para responder o recurso principal, a este aderindo (art. 997, §1º). 
Isso é possível quando a parte perdeu o prazo do seu recurso principal, ganhando agora uma 
nova chance de recorrer na ocasião das contrarrazões do recurso principal da outra parte (art. 997, 
§2º, I). 
 
2 Direito objetivo: norma agendi. 
3 Direito subjetivo: facultas agendi. 
15 
 
Nos termos do art. 997, §§ 1º e 2º, NCPC, o recurso adesivo não é um recurso autônomo, pois 
fica subordinado ao recurso principal, devendo submeter às mesmas regras deste quanto aos 
requisitos de admissibilidade (preparo, tempestividade etc) e julgamento no tribunal. 
A dependência é notável, inclusive, pois que o recurso adesivo não será conhecido caso o 
recorrente do recurso principal dele venha desistir, ou se for ele considerado inadmissível (art. 997, 
§2º, III). Por isso, para os doutrinadores, não é uma espécie de recurso, mas um modo de 
interposição, assim como é também o meio independente. 
Aliás, nem todo recurso é interposto pela forma adesiva, mas tão-somente a apelação, os 
recursos especial e extraordinário (art. 997, §2º, II). 
 
1.3.3 Quanto à iniciativa recursal: 
 
a) voluntários: iniciativa da parte vencida, do terceiro prejudicado ou do MP, seja quando estiver 
atuando como parte ou como fiscal da ordem jurídica (art. 996). 
b)necessários: iniciativa do juiz, de ofício, nos casos expressamente previstos em lei (art. 496). 
Por ser a remessa necessária mero ato administrativo vinculado do juiz, como manifestação 
do princípio do inquisitivo, devolvendo o conhecimento ao tribunal de decisão proferida contra a 
Fazenda, em atendimento ao interesse público, pode-se dizer, tecnicamente, que ela não é recurso. 
Dessa forma, existe apenas recurso voluntário, manejável, como visto, pela parte vencida, 
Ministério Público e terceiro prejudicado. 
 
1.3.4 Quanto à extensão (art. 1.002, NCPC): 
 
a) totais: quando a extensão da irresignação abrange toda a sucumbência. 
b) parciais: quando se impugna apenas parte ou capítulo da decisão que tenha sido desfavorável. 
Não se pode confundir com sucumbência recíproca, quando ambas as partes são vencedoras e 
vencidas em parte da decisão, o que não obsta de recorrerem totalmente ou parcialmente, porém, 
nos limites da sucumbência de cada uma. 
 
1.3.5 Quanto ao juízo para o qual se recorre: 
 
a) iterativos: se devolve a matéria para reexame ao mesmo órgão que proferiu a decisão recorrida, 
como nos embargos de declaração; 
b) reiterativos: se para órgão imediatamente superior, como na apelação e nos recursos ordinário, 
especial e extraordinário; 
16 
 
c) mistos: se houver devolução tanto para o órgão a quo quanto para o ad quem, como no agravo de 
instrumento. 
 
1.4 Forma de interposição: será mencionado quando falarmos do pressuposto recursal objetivo 
“forma” ou regularidade formal (letra “g”, item 1.8.2, infra). 
 
1.5 Autoridade a quem o recurso é dirigido: a petição do recurso, normalmente, é dirigida ao juízo 
a quo, ou seja, aquele que proferiu a decisão recorrida, salvo no agravo de instrumento que é 
interposto diretamente no juízo ad quem (tribunal), pois o processo continuará a tramitar na origem. 
Apesar desta situação excepcional, o juízo a quo tomará conhecimento da interposição do agravo em 
tempo oportuno para, se quiser, exercer o juízo de retratação (art. 1.018). 
Via de regra, interposto o recurso, cabe ao juízo a quo apenas intimar a parte contrária para 
oferecer as contrarrazões e, em seguida, remeter os autos ao juízo ad quem, independentemente de 
juízo de admissibilidade. É o ocorre com a maioria dos recursos, exceto nos recursos especial e 
extraordinário que, por força da alteração dada ao art. 1.030 do NCPC pela Lei n. 13.256/16, após a 
oportunidade dada ao recorrido às contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente ou vice 
presidente do tribunal de origem que fará o juízo de admissibilidade. 
 
1.6 Juízo de admissibilidade e Juízo de mérito 
 
 Durante a sua apreciação, o recurso submete-se a dois tipos de exame: 
 
 juízo de admissibilidade: onde se verifica, até mesmo de ofício (por se tratar de matéria de 
ordem pública), o atendimento a todos os requisitos formais do recurso (pressupostos recursais), os 
quais, se presentes, autorizam o posterior conhecimento do mérito do recurso pelo órgão julgador, 
ou seja, o juízo de mérito. 
 Valer lembrar que o juízo de admissibilidade não é realizado pelo juízo a quo, salvo nos 
recursos especial e extraordinário, quando então o presidente ou vice-presidente do tribunal a quo 
poderá dar ou negar seguimento ao recurso (art. 1.010). 
 Sendo assim, regra geral, quem o faz é apenas o juízo ad quem, o qual conhecerá ou não o 
recurso. Importante lembrar que o órgão ad quem poderá realizar mais de um juízo de 
admissibilidade: 1º) monocraticamente pelo relator; e 2º) pelo colegiado em sessão de julgamento. O 
segundo juízo não se vincula ao primeiro, sendo possível o colegiado não conhecer do recurso, ainda 
que o relator tivesse já o conhecido anteriormente. 
17 
 
Da decisão do relator que não conhece do recurso cabe agravo interno; e da decisão do 
colegiado pode caber recurso especial ou extraordinário se houver violação da norma. 
 
 juízo de mérito: momento em que o órgão ad quem, depois de conhecer do recurso (juízo positivo 
de admissibilidade), verificará se assiste ou não razão ao recorrente, dando-lhe o provimento ou 
negando-lhe o provimento. 
 Portanto, o juízo de admissibilidade é sempre e necessariamente preliminar ao juízo de 
mérito. 
 O julgamento do recurso é geralmente de competência do colegiado, porém 
excepcionalmente o juízo de mérito pode ser realizado monocraticamente pelo relator, negando 
provimento a recurso contrário a precedentes judiciais, ou dando provimento a recurso quando a 
decisão recorrida é que estiver contrário a tais precedentes. Isto está previsto, respectivamente, nos 
incisos IV e V do art. 932, NCPC. 
 Excepcionalmente também o juízo de mérito pode ocorrer no juízo a quo, quando este, por 
exemplo, retrata-se e reconsidera a decisão. É o que se chama de juízo de retratação, previsto na 
apelação (art. 331) e no agravo de instrumento (art. 1.018). 
 Vale registrar que, dando o tribunal provimento ao recurso, não poderá haver a reforma da 
sentença para piorar a situação da parte que recorreu, ou seja, não se admite a reformatio in pejus. Por 
outro lado, e aí não há que se falar em reformatio in pejus, se houver a interposição de recursos por 
ambas as partes, como no caso de sucumbência parcial, pois poderá haver a reforma da sentença 
para pior quando o tribunal dar provimento a um recurso e negar em relação ao outro. 
 
1.7 Pressupostos recursais 
 
 Como ato postulatório que é, viu-se que o recurso submete-se, preliminarmente, a um exame 
de admissibilidade, via regra pelo órgão ad quem, verificando-se a satisfação das condições e 
pressupostos dos quais depende a análise da pretensão ou do objeto do reexame pleiteado pelo 
recorrente. 
 Tais pressupostos têm natureza processual, assemelhando-se àqueles da relação processual 
pelo fato de ambos condicionarem o prosseguimento do respectivo procedimento. Assim, entende-
se por pressupostos recursais os requisitos de existência jurídica e de validade formal do recurso. 
 Também chamados de requisitos de admissibilidade, os pressupostos podem estar 
relacionados com o próprio meio impugnativo ou com a pessoa do recorrente, gerando a corrente 
classificação em pressupostos recursais objetivos e subjetivos. 
18 
 
 Outras classificações há, com a que os divide em requisitos intrínsecos, ou seja, aqueles 
afetos exclusivamente à faculdade de recorrer; e extrínsecos, pois que relativos à forma de seu 
exercício. Assim, seriam requisitos intrínsecos o cabimento, a legitimação para recorrer, o interesse 
recursal e a inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer (renúncia ao direito 
de recorrer, desistência do recurso e aceitação da decisão); e extrínsecos, a tempestividade, a 
regularidade formal e o preparo. 
 Entretanto, ater-se-á considerar e acompanhar a classificação proposta pela maioria da 
doutrina pátria, a qual elenca entre os pressupostos objetivos a recorribilidade, a adequação, a 
singularidade, a tempestividade, o preparo e a regularidade formal; e entre os subjetivos, a 
capacidade, a legitimidade e o interesse de recorrer em razão da sucumbência. 
 E, por fim, é oportuno lembrar a lição de OVÍDIO BAPTISTA : 
Tais requisitos dizem-se pressupostos genéricos, pois são exigidos para todos os recursos, cada um 
dos quais, por sua vez, ficará ainda submetido a outras exigências especiais de admissibilidade que 
apenas a ele digam respeito. Deve-se igualmente observar que mesmo os requisitos genéricos às 
vezes não são exigidos com condição de admissibilidade para certos recursos 
 
1.7.1 Subjetivos: se referem à pessoa do recorrente. São eles: 
 
a) Capacidade: a capacidade pode ser dividida em capacidade de ser parte da relaçãojurídica de 
direito material, o qual se confunde com a personalidade civil (arts. 1º e 2º do CC/02); capacidade 
postulatória, exercida exclusivamente por advogado devidamente inscrito nos quadros da OAB; e 
capacidade processual, ou seja, de estar em juízo, que pressupõe a capacidade civil (art. 5º, CC/02; e 
arts. 70, 71 e 72, NCPC). 
 
b) Legitimidade: 
 Segundo o art. 999, caput, do NCPC, "o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo 
terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica". 
 Com exceção do terceiro e do MP, percebe-se que o pressuposto para se ter legitimidade 
recursal é a sucumbência, ou seja, é necessária a existência de um prejuízo ou gravame proveniente 
da decisão para que se justifique a interposição do referido meio impugnativo. 
 Conclui-se, assim, que tanto o autor quanto o réu têm legitimidade para interpor o recurso; é 
preciso apenas aferir se houve prejuízo para uma ou ambas as partes (sucumbência recíproca), 
quando, então, apenas uma ou ambas poderão recorrer nos limites de sua sucumbência (neste 
último caso, se apenas uma recorrer, ao recurso deste a outra parte poderá aderir no prazo de que 
dispõe para oferecer-lhe as contrarrazões, como já visto em item anterior). 
19 
 
 Portanto, somente aquele que sofreu um prejuízo está legitimado a praticar o ato . 
 Em razão da sucumbência, presume-se que a parte legítima para recorrer é aquela que 
figurou na relação processual de 1º grau, seja no pólo ativo ou passivo, a qualquer título, como o 
revel, o substituído processual e o terceiro interveniente. . 
 Todavia, não se deve confundir o terceiro interveniente (que, alias, quando intervém no 
processo, normalmente ocupa o lugar de parte, sucedendo a original ou com ela se consorciando) 
com o terceiro prejudicado que, embora pudesse ingressar em qualquer momento do procedimento 
até a sentença, só ingressou para interpor o recurso por estar sujeito a algum reflexo danoso da 
decisão recorrida, alcançando-lhes, portanto, a legitimidade recursal. 
 Assim, o terceiro prejudicado deve demonstrar ser titular de um interesse ligado à relação 
jurídica submetida à apreciação judicial por intermédio de um nexo de interdependência, segundo 
dispõe o art. 996, parágrafo único, NCPC. Ademais, o prejuízo deve ser jurídico, e não de ordem 
fática, conforme a doutrina dominante. 
 Quanto ao Ministério Público, nunca houve dúvidas a respeito da legitimidade do parquet 
quando presente no processo como parte ou substituto processual, ocasião em que se submetia 
normalmente à exigência da sucumbência. O ponto de discórdia, hoje superado no NCPC, era 
quando atuava como fiscal da ordem jurídica, ou seja, como custos legis. Porém, o novo CPC, como 
dito, em seu art. 996, deixa clara a ampla possibilidade do membro do MP interpor recurso, seja 
quando tenha atuado como parte, seja como “fiscal da ordem jurídica”. Lembrando que o MP, ao 
interpor recurso, goza da prerrogativa de prazo em dobro (art. 180, NCPC). 
 Assim, excepcionalmente, permite-se a extensão, quanto à legitimidade, ao Ministério 
Público e ao terceiro prejudicado. 
 
c) Interesse: 
 Da mesma forma que o interesse processual, para a propositura das ações em geral, é 
entendido pelo binômio "utilidade-necessidade", o interesse recursal pressupõe também a utilidade 
do recurso, ou seja, deve o mesmo ser apto a gerar uma situação mais vantajosa para o recorrente 
que aquela alcançada na decisão recorrida, e a necessidade de se obter o resultado mais vantajoso, o 
que exige a via mais adequada. 
 Para que tenha interesse, deve então o recorrente ter de efetivamente sofrido um prejuízo 
(sucumbência), ainda que parcialmente. 
 Na verdade, considerando a sucumbência, que é "a desconformidade entre o pedido e o 
resultado prático obtido com a decisão", como pressuposto lógico para o interesse recursal, não 
poderiam ser considerados interessados o Ministério Público, quando atuou como custos legis , e o 
20 
 
terceiro prejudicado. Porém, estes, como se viu, são considerados legítimos para recorrer por força 
da lei, o que, segundo a maioria da doutrina, justificaria implicitamente o seu interesse. 
 Por outro lado, careceria de interesse também o embargante de declaração, pois visa tão-
somente suprir omissão, obscuridade, contradição ou erro material na decisão, que pode lhe ter sido 
até mesmo favorável, não padecendo de nenhum prejuízo. Mas trata-se, in casu, também de uma 
excepcionalidade. 
 Cumpre lembrar que não basta o prejuízo, para que o recurso seja necessário, é 
preciso que o recorrente não tenha à sua disposição outro meio impugnativo mais rápido e efetivo. 
 
1.7.2 Objetivos: os pressupostos recursais, que dizem respeito ao recurso em si mesmo, 
objetivamente considerado, são: 
 
a) Recorribilidade: 
 Também conhecida como cabimento, refere-se à perquirição de qual ato ou pronunciamento 
do juiz é passível de impugnação, tendo em vista que o mesmo classifica-se, segundo o art. 203, 
caput, do NCPC, em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 
 De acordo ainda como o art. 204 do mesmo diploma legal, também será considerado ato do 
juiz a decisão proferida pelos tribunais, que se chama acórdão, cujo termo é amplo, abrangendo 
tanto os acórdãos de mérito, ou seja, decisões do tribunal resolvem o mérito da causa (Ex: acórdão 
que julga o mérito do recurso, dando-lhe ou não provimento), como os acórdãos interlocutórios, os 
quais, não obstante sejam proferidos pelo colegiado, não adentram ao mérito da causa (Ex: acórdão 
que não conhece do recurso). 
 Não se pode ignorar também a possibilidade de, no âmbito do tribunal, serem proferidas 
decisões monocráticas (Ex: decisão do relator que não conhece do recurso; que decide tutela 
provisória no âmbito de um recurso ou de uma ação originária; decisão do presidente ou do vice do 
tribunal de origem que nega seguimento ao REsp ou ao RE). 
 No nosso sistema recursal, são recorríveis todas as decisões de 1º e 2º graus, de mérito ou 
não, EXCETO os despachos, pois que não são dotados de conteúdo decisório (art. 1.001, NCPC) e a 
decisão do presidente ou do vice do tribunal de origem que inadmite o REsp ou o RE, fundada na 
aplicação de entendimento fundado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos 
repetitivos (art. 1.042, 2ª parte, NCPC, com redação dada pela Lei n. 13.256/16). 
 Importante observar que, na prática, o termo "despacho" é equivocadamente utilizado para 
decisões ou acórdão que, são, na verdade, interlocutórios, como, por exemplo, quando o juiz profere 
despacho saneador, indeferindo provas; ou quando o presidente ou vice-presidente do tribunal 
21 
 
inadmite recurso especial ou extraordinário fora da exceção acima referida. Nesses casos, os 
“despachos” são perfeitamente recorríveis. 
 
b) Adequabilidade: 
Não basta que decisão seja recorrível, é preciso também que o recorrente faça uso do recurso 
correto ou adequado, sob pena de sê-lo inadmitido. Isso, pois que o sistema recursal, a depender da 
natureza da decisão, destinou um recurso específico, estabelecendo prazos e procedimentos 
singulares. 
É o princípio da taxatividade, segundo o qual são admissíveis apenas aqueles denominados e 
regulados no art. 994 do NCPC e nas leis extravagantes. 
Estão excluídos, portanto, a correição parcial, a remessa necessária, o pedido de 
reconsideração, a ação rescisória, o mandado de segurança, a reclamação constitucional etc. A 
propósito, convém fazer uma diferenciação entre os chamados “meios impugnativos” existentes no 
nosso sistema, a saber: 
 Recursos – remédio voluntário, previsto em lei, para no mesmo processo, invalidar, reformar, 
integrar e esclarecera decisão. 
 Ações autônomas de impugnação: é o meio de se impugnar decisão, dando origem a uma 
processo novo só para isso. Ex: ação rescisória, reclamação constitucional, habeas corpus, 
mandado de segurança, embargos de terceiro, querela nullitatis insanabilis (ação de 
nulidade de vício insanável). 
 Sucedâneos recursais: é tudo o que não for ação autônoma, nem se encaixe no conceito de 
recurso. Ex: pedido de reconsideração, correição parcial, pedido de suspensão de segurança 
(art. 4º, Lei n. 8.437/92; arts. 338 a 340 do RITJ/GO – tem por objetivo suspender a eficácia 
de qualquer decisão proferida contra o Poder Público e seus agentes, antes do trânsito em 
julgado. É apreciado, monocraticamente, pelo Presidente do Tribunal, o qual fará um 
controle político, pois a análise não é pela justiça ou injustiça da decisão, mas atendimento 
ao interesse público). 
 
Da análise dos arts. 1.009 e 1.015 do NCPC conclui-se que da sentença cabe apelação e de 
algumas decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento. Partindo desta premissa, ter-se-á por 
inadequado o recurso de agravo de instrumento contra uma sentença ou de apelação contra uma 
decisão interlocutória, carecendo o recorrente de interesse por não corresponder a decisão ao meio 
impugnativo. 
22 
 
Apesar de o NCPC, a exemplo do CPC de 73, não ter previsto o princípio da fungibilidade 
recursal, é possível o órgão julgador realizar a devida adequação, recebendo um recurso por outro, 
desde que não se trate de erro grosseiro ou má-fé. 
 Já contra os acórdãos não cabe, em regra, nenhum recurso comum (como apelação e o 
agravo), mas sim os recursos excepcionais, como o REsp ou o RE, em caso de violação na norma 
infra ou constitucional, e os embargos de divergência. Excepcionalmente dos acórdãos caberá 
recurso comum, como recurso ordinário constitucional para o Supremo Tribunal Federal ou 
Superior Tribunal de Justiça. 
 Em se tratando de decisão monocrática de tribunal, caberá o agravo interno ou o agravo em 
REsp ou RE, nas hipóteses do art. 1.042, 1ª parte, do NCPC. 
 Os embargos de declaração, pelas suas particularidades, são cabíveis contra qualquer 
decisão, de 1o ou 2o grau, desde que nela contenha obscuridade, contradição, omissão ou erro 
material. 
 Desta feita, podemos visualizar melhor a adequabilidade no seguinte esquema: 
 
 - Sentença (mérito ou terminativa) => apelação. 
- decisões do 1º grau 
 - Decisões interlocutórias previstas no art. 1015 => agravo de instrumento. 
 
 - relator => agravo interno, exceto em MS (S. 622, STF). 
- decisões do 2º grau - monocráticas 
 - Pres./Vice trib => agravo em REsp/RE (art. 1.042, 1ª parte). 
 
 - Acórdãos => ROC; REsp; RE; Embargos de Divergência. 
 
Obs:. Os embargos de declaração são cabíveis contra qualquer decisão que esteja contraditória, 
obscura, omissa ou que contenha erro material. 
 
c) Singularidade ou unirrecorribilidade: 
 É a proibição de interposição simultânea de mais de um recurso contra o mesmo ato 
decisório; também chamado de princípio da unirrecorribilidade. 
 A única exceção ao princípio da singularidade é a interposição simultânea dos recursos 
especial e extraordinário quando na mesma decisão houver violação à lei federal e constitucional. 
 
 
23 
 
d) Tempestividade: 
 Com o intuito de proporcionar aos jurisdicionados maior segurança, garantindo a 
estabilidade das relações jurídicas, o legislador achou por bem estipular prazo para a interposição 
dos recursos, evitando, assim, que as demandas se prolongassem indefinidamente. 
 Os prazos dos recursos são, em regra, legais e peremptórios. Assim, a lei prevê o prazo de 15 
dias para a maioria dos recursos, excetuando apenas os embargos de declaração, que deverão ser 
opostos em até 5 dias. 
 Passado em branco o prazo, precluso torna-se o direito ao recurso, operando coisa julgada 
material e o consequente trânsito em julgado. 
 Todavia o prazo será contado em dobro (tanto para recorrer quanto para oferecer as 
contrarrazões), quando se tratar das seguintes pessoas: 
 - Fazenda Pública (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e suas respectivas 
autarquias e fundações públicas – art. 183, NCPC), salvo quando a lei específica fixar-lhe prazo 
próprio; 
 - Ministério Público (art. 180, NCPC), salvo quando a lei específica fixar-lhe prazo próprio; 
 - Litisconsortes com procuradores de escritórios de advocacia distintos (art. 229, NCPC); 
 - Defensor Público (art. 5º, § 5º, Lei nº 1.060/50). 
 
 O prazo inicia-se a partir da intimação da decisão, que poderá ocorrer em audiência, quando 
foi prolatada, ou pelo Diário Oficial, se proferida fora de audiência (ressalvam-se as hipóteses de 
intimação que deve ser feita pessoalmente, por carga, remessa ou meio eletrônico, como no caso do 
membro do MP, Advogado da União, Procurador da Fazenda Nacional e Defensor Público). 
 Uma grande questão que por muito tempo foi discutida na doutrina e, principalmente, em 
sede de jurisprudência do STJ e do STF, é se o recurso interposto por quem ainda não foi intimado é 
considerado intempestivo por prematuridade. Atualmente, por força de decisões proferidas nos 
idos anos de 2004 e 2005, ambas as Cortes consideram tempestivo recurso prematuro, sob o 
argumento de que não se pode penalizar o recorrente que se deu por comunicado antes da 
publicação oficial da decisão, cujo recurso apenas garantiu celeridade processual. 
 
e) Preparo: 
 O preparo consiste num ônus processual a que se sujeita o vencido, devendo pagar 
previamente as despesas do processamento do recurso (abrange custas, se houver; e os valores de 
remessa e de retorno, se fizer necessário o deslocamento dos autos), quando de sua interposição, 
sob pena de deserção e, consequentemente, do seu não conhecimento pelo órgão ad quem. 
24 
 
 A nossa lei processual, portanto, adota o sistema de preparo imediato ou simultâneo, já que 
se deve comprovar o pagamento do preparo NO ATO DE INTERPOSIÇÃO do recurso (art. 1.007, 
NCPC), exceto nos recursos interpostos perante os Juizados Especiais, que, segundo o art. 42, §1º, 
da Lei 9.099/95, poderá ser após 48 horas da interposição; e perante a Justiça Federal, que, conforme 
o art. 14, II, Lei 9.289/95, se o recurso for contra sentença, poderá ser comprovado o preparo até 5 
dias após a interposição. 
 Importante notar que, sob a égide do NCPC, a pena de deserção não será mais aplicada 
imediatamente, uma vez que, nos termos do §4º do art. 1.007, o recorrente será antes intimado, na 
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sendo vedada a sua 
complementação (§5º). 
 Por outro lado, se o preparo for insuficiente (§2º), ou caso haja equívoco no preenchimento 
da guia de custas (§7º), também não será aplicada a deserção se o recorrente, intimado, não suprir o 
vício em 5 dias. 
 Por fim, caso o recorrente prove justo impedimento (§6º), a pena de deserção pode ser 
relevada pelo relator, que, por decisão irrecorrível, fixará um prazo de 5 dias para o recolhimento do 
preparo. 
 Caso o relator conclua por aplicar a pena de deserção em qualquer caso, com a consequente 
inadmissão do recurso, de sua decisão caberá agravo interno. 
 Não são todos os casos que se exige o preparo e/ou o recolhimento do porte de remessa e de 
retorno. Estão dispensados: os embargos de declaração; os processos em autos eletrônicos (§3º do 
art. 1.007,NCPC); os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, Estados, DF, 
Municípios, e respectivas autarquias e os que gozam de isenção legal (como os beneficiários da 
justiça gratuita), conforme preceitua o art. 1.007, §1º, NCPC. Excluem-se, obviamente, as empresas 
públicas e as sociedades de economia mista. 
 
f) Motivação: a motivação diz respeito à necessidade de fundamentação do recurso, as razões pelas 
quais se pleiteia nova decisão. 
 Dizem respeito, portanto, à causa de pedir do recurso, consistente no error in procedendo, 
caso se busque a invalidação da decisão recorrida; ou no error in judicando, caso a pretensão 
recursal seja a reforma da decisão recorrida. Lembrando, ainda, que no caso específico dos embargos 
de declaração, é necessário que se fundamente o pedido de esclarecimento ou da integração na 
eventual obscuridade, contradição, omissão ou erro material da decisão embargada. 
 A impugnação do recurso se faz mediante as contrarrazões. Porém, estas não são 
obrigatórias, não gerando qualquer ônus. 
 
25 
 
g) Forma: 
 Para sua interposição, os recursos em geral submetem-se a determinadas regras 
procedimentais e formais previstas em lei. 
 Deve ser interposto mediante petição escrita e dirigida à autoridade judiciária prolatora da 
decisão recorrida - juízo a quo (salvo no agravo de instrumento que deve ser diretamente ao 
tribunal), devidamente fundamentada com as razões de fato e de direito, ou seja, do inconformismo, 
e com o pedido de reforma ou invalidação. 
 Por ser o recurso extensão do direito de ação, deve a petição do recurso conter os três 
elementos da ação, quais sejam: as partes (recorrente e recorrido), devidamente qualificadas, a 
causa de pedir (razões do inconformismo) e o pedido (de reforma ou de invalidação; ou de 
esclarecimento ou integração, no caso de embargos de declaração). 
 
h) Pressupostos negativos (ou da inexistência de causas impeditivas ou extintivas): 
São fatos que NÃO PODEM ocorrer para que o recurso seja conhecido, tais como: 
 Renúncia: proferida a decisão, a parte sucumbente poderá renunciar, sem a anuência da 
outra parte, ao direito de recorrer, conforme o art. 999 do NCPC. A renúncia pode ser expressa 
(quando a parte, mediante petição, expressamente abre mão ao direito de recorrer), ou tácita 
(qualquer conduta que revele a intenção de não recorrer, como, por exemplo, deixar o prazo 
recursal fluir em branco). 
 Desistência: embora seja um instituto diferente da renúncia, a desistência do recurso 
também beneficia a outra parte, daí por que o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência 
do recorrido, desistir do recurso (art. 998, NCPC). A desistência, ao contrário da renúncia, 
pressupõe um recurso já interposto, razão pela qual deverá ser sempre expressa (salvo no REsp e 
RE retidos, quando, da interposição do principal, não se reiterar a irresignação via de preliminar). 
 Aceitação: não é desistência, nem renúncia, mas uma preclusão lógica (perda da 
faculdade de recorrer por ter praticado um ato incompatível com tal intenção). É ato pelo qual a 
parte adere, expressa ou tacitamente, à decisão recorrida, simplesmente cumprindo-a 
espontaneamente (art. 1.000 do NCPC). 
 
1.8 Efeitos dos recursos: de fundamental importância é o estudo dos efeitos do recurso, sendo o 
principal deles obstar o trânsito em julgado da sentença. Secundariamente têm-se também os 
efeitos devolutivo e suspensivo, propiciando o primeiro a devolução da matéria impugnada ao 
tribunal ad quem, enquanto o segundo, a suspensão dos efeitos da decisão recorrida. Assim, podem 
ser classificados, quanto aos efeitos, em principal e secundários. 
 
26 
 
1.8.1 Efeito principal: IMPEDIR O TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO 
 
Um dos fundamentos do recurso é o inconformismo natural da parte vencida com uma 
decisão que lhe é desfavorável. Sendo assim, buscar-se-á, mediante o recurso, a sua reforma ou 
anulação, de modo que, pela reapreciação, poderá a decisão recorrida ser modificada. 
Portanto, diz-se que o efeito principal do recurso, quando interposto, é impedir a formação 
da coisa julgada, é retardar o trânsito em julgado da decisão recorrida. Por óbvio, pois que, pendente 
o recurso, a decisão é ainda modificável. 
Porém, vozes uníssonas, como de José Carlos Barbosa Moreira e de seu discípulo Alexandre 
Freitas Câmara, ecoam dizendo que apenas os recursos admissíveis (ou seja, naqueles em que houve 
um juízo positivo de admissibilidade, autorizando, agora, um novo juízo: o de mérito) impedem o 
trânsito em julgado da decisão recorrida, pois que esta será ainda passível de modificação (anulação 
ou reforma). Nesse caso, o trânsito só se dará quando esgotada toda a via recursal (e nisso corrobora 
o art. 502 do NCPC, que define coisa julgada como sendo “a autoridade que torna imutável e 
indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”). 
Com esse raciocínio, os renomados autores excluem os recursos inadmissíveis, ou seja, 
entendem que se houve um juízo negativo de admissibilidade (ausência de quaisquer pressupostos 
recursais) não há que se cogitar em modificação da decisão recorrida, posto que não será feito o 
juízo de mérito, razão pela qual não há que se falar, por consequência, em impedimento à formação 
da coisa julgada. Esta operará, em tese, de imediato. 
Porém, essa doutrina, que, diga-se de passagem, é minoritária, vai mais além, afirmando que 
a decisão que proferiu o juízo negativo de admissibilidade terá efeitos meramente declaratórios e, 
portanto, retroativos (ex tunc), o que significa que o trânsito em julgado operará sempre antes da 
decisão que deixou de admitir o recurso. 
Entretanto, a maioria da doutrina e da jurisprudência assim não entende. Para eles, tal 
decisão terá efeitos meramente constitutivos (modificou a situação do recorrente, que não verá o 
mérito de seu recurso reexaminado pelo juízo ad quem), portanto, não retroativos (ex nunc), 
operando, a partir dela, o trânsito em julgado. 
Sendo assim, no período compreendido desde a interposição do recurso até a sua 
inadmissão, o trânsito em julgado estará impedido. 
E é, por isso, que tem prevalecido o entendimento de que o referido efeito de impedir o 
trânsito em julgado é extensível a TODOS os recursos, inclusive aos inadmissíveis. Dentre estes, 
porém, colocam a salvo (e nisso a doutrina majoritária é concorde com a minoritária) os recursos 
intempestivos, cujo trânsito em julgado retroage e opera no dia seguinte à data final do prazo 
27 
 
recursal (16º dia em diante p/ apelação intempestiva, p. ex.), e os manifestamente incabíveis (ex: 
recurso contra despacho), transitando em julgado a decisão desde a data de sua intimação. 
É importante se perquirir a exata data do trânsito em julgado da decisão recorrida para fins 
de contagem do biênio (prazo de 02 anos) para a ação rescisória, bem como para dar início à 
execução definitiva (cumprimento de sentença). 
 
1.8.2 Efeitos secundários: objetivam, como regra geral, devolver ao conhecimento do juízo ad quem o 
exame da matéria impugnada, ou ainda, no caso de efeito suspensivo, como o próprio nome diz, 
impedir a execução da decisão proferida pelo magistrado. 
 
1.8.2.1 Devolutivo (reiterativo): é aquele em que se devolve ao juízo hierarquicamente superior o 
conhecimento da matéria impugnada. 
 Há que se fazer duas observações: 
 
1ª) de forma mais simples, pode-se afirmar que efeito devolutivo é a possibilidade de reabertura de 
discussão (lembre-se da origem latina da expressão recurso – recursus, que significa repetir o 
mesmo caminho ou o mesmo curso). Portanto, a rigor, todo recurso tem efeito devolutivo, pois em 
todos há reabertura de discussão. 
 Mas a doutrinadiz que, nos embargos de declaração, não há efeito devolutivo, pois a 
devolução é para o mesmo órgão que decidiu a causa. Dessa forma, excepcionando a regra do efeito 
devolutivo, a legislação prevê para este recurso o efeito não-devolutivo (ou iterativo), e misto, no 
caso do recurso de agravo de instrumento (onde se devolve a discussão primeiramente ao tribunal e, 
após três dias da interposição, comunica-se o juízo inferior para fins de retratação). 
 
2ª) quando se diz que “pelo efeito devolutivo devolve-se o conhecimento da matéria impugnada”, 
conclui-se que este efeito é manifestação do princípio do dispositivo (art. 141, NCPC), na medida 
em que o conhecimento do juízo ad quem está limitado ao requerimento da parte. É o recorrente 
quem determinará O QUE o tribunal reexaminará no recurso, impugnando a matéria dentro dos 
limites de sua sucumbência, sob pena de faltar-lhe interesse recursal. 
 Dessa forma, pode-se dizer que, quanto à extensão, a devolução pode ser total ou parcial, a 
depender do que for impugnado pelo recorrente. Diz-se que, nesse caso, a devolutividade é vista sob 
o aspecto ou dimensão horizontal, dando margem à já estudada classificação dos recursos em totais 
ou parciais (vide classificação dos recursos quanto à extensão). 
28 
 
 PORÉM, dentro dos limites estabelecidos pela impugnação do recorrente, poderá o tribunal 
conhecer de questões COM AS QUAIS irá julgar o pedido do recurso, independentemente de 
requerimento. 
 Estas questões, processuais ou de mérito, consistentes nos fundamentos do autor e do réu, 
bem como aquelas conhecíveis de ofício em qualquer grau de jurisdição (v.g. pressupostos 
processuais, enfim, as chamadas questões de ordem pública), sofrem uma espécie de transladação, 
pois chegam ao conhecimento do juízo ad quem independente de impugnação do recorrente. É o 
que Nelson Nery Júnior chama de efeito translativo, o qual decorre diretamente do princípio do 
inquisitivo. 
 Diz-se, nesse caso, que a devolutividade é vista sob o aspecto ou dimensão vertical, ou 
quanto à profundidade, sendo sempre integral. 
Convém lembrar que a principal consequência do efeito devolutivo, desacompanhado do efeito 
suspensivo (a ser estudado a seguir), é a permissão do cumprimento de sentença provisório (art. 
520, NCPC), pois a decisão produzirá, desde logo, seus efeitos. A disciplina legal a respeito do 
cumprimento se sentença provisório será estudada em outro semestre. 
 
1.8.2.2 Suspensivo: é aquele que obsta ou suspende a eficácia ou os efeitos naturais da decisão, seja 
ela condenatória, declaratória ou constitutiva, impedindo o seu cumprimento, ainda que provisório. 
Barbosa Moreira critica os autores que resumem este efeito à mera impossibilidade de 
cumprir a decisão recorrida, pois que decisões há, como as declaratórias e constitutivas, que, por 
sua natureza, não comportam execução. Para ele, o impedimento atinge toda a eficácia da decisão, e 
não apenas o efeito executivo. 
Apesar disso, é corrente o entendimento de que, mediante o efeito suspensivo, não é possível 
à parte sucumbida ou vencedora tomar medidas tendentes à promoção da execução ou satisfação do 
objeto reconhecido no processo de conhecimento, ainda que provisoriamente, até que o recurso seja 
julgado. 
Assim, interposto o recurso, sendo este recebido no efeito suspensivo, a decisão proferida 
não poderá ser cumprida nem mesmo provisoriamente, devendo-se aguardar o seu trânsito em 
julgado para tanto. 
Curiosidade: havendo impugnação parcial de decisão que comporta recurso com efeito 
suspensivo, este limitar-se-á a tanto, permitindo o cumprimento definitivo apenas da parte não 
impugnada da decisão por ter transitada em julgado. 
Mas, qual é o termo inicial do efeito suspensivo? 
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As decisões, pelo simples fato de estarem sujeitas a recurso com efeito suspensivo, já não 
produzem efeitos desde o momento em que são proferidas, e não apenas quando do momento da 
interposição do recurso, que pode ocorrer até 15 dias depois. 
Se assim não fosse, dever-se-ia admitir que a decisão produz efeitos entre a sua publicação e 
a interposição do recurso, admitindo-se nesse interregno o início do seu cumprimento, o que não é 
aceito em nosso ordenamento. 
Por isso, é incorreto dizer que se trata de um efeito decorrente da interposição do recurso, 
mas sim um efeito decorrente da recorribilidade, ou seja, pela simples potencialidade de se interpor 
um recurso cujo efeito sabe-se ser o suspensivo. 
Vale registrar que a regra geral é o recebimento do recurso apenas no efeito devolutivo, pois, 
segundo o art. 995 do NCPC, “os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal 
ou decisão judicial em sentido diverso”. 
Desta feita, o recurso só será dotado do duplo efeito, ou seja, do devolutivo e também do 
suspensivo, excepcionalmente se a lei prever (é o chamado efeito suspensivo ope legis, previsto só 
para o recurso de apelação em algumas hipóteses - art. 1.021, NCPC), ou se o relator o conferir (é o 
chamado efeito suspensivo ope iudicis, nos termos do parágrafo único do art. 995, NCPC). 
 
1.8.2.3 Outros efeitos 
 Há, ainda, outros três efeitos dos recursos: como o expansivo e o substitutivo. 
- Substitutivo: não seria ele propriamente um efeito do recurso, mas um efeito do julgamento do seu 
mérito, que pode consistir em: 
a) negar provimento; 
b) dar provimento, reformando a decisão recorrida em casos de error in iudicando; 
c) dar provimento, invalidando a decisão recorrida em casos de error in procedendo. 
 Não é difícil verificar que, na hipótese de anulação, por estar a decisão eivada de vício, deva 
ela ser extirpada do mundo jurídico, sendo outra proferida para o caso; e que, na hipótese de 
reforma, ocorre substituição da decisão recorrida pela proferida pelo ad quem, quando do 
julgamento do recurso, prevalecendo esta sobre aquela. 
 O que pode gerar dúvidas é acerca da substitutividade da decisão do ad quem que nega 
provimento, parecendo haver uma coexistência de decisões - recorrida e o acórdão, sendo uma mera 
confirmação da outra. Esta confirmação, porém, não ocorre. Neste caso, a nova decisão, de teor 
idêntico ao da decisão recorrida, substitui aquela, pela simples razão de que não podem conviver 
duas decisões sobre a mesma questão no mesmo processo. 
 Em suma, o efeito substitutivo consiste em substituir a decisão impugnada pelo acórdão do 
tribunal quando este, nas apelações contra sentença de mérito, negar provimento, ou dar 
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provimento em caso de error in iudicando (pois se houver error in procedendo a decisão do juízo a quo é 
anulada e não substituída). 
 Sabe-se que, de acordo com o art. 1.008, NCPC, a decisão a respeito do mérito do recurso 
substitui integralmente a decisão recorrida. Porém, em se tratando de apelo parcial ou de 
conhecimento parcial pelo tribunal, haverá substituição apenas da parte impugnada ou conhecida, 
permanecendo intacta a outra. 
 
- Expansivo: Ocorre efeito expansivo quando a decisão do juízo ad quem é mais abrangente do que 
o reexame da matéria impugnada, alcançando e modificando o ato impugnado (objetivo interno), 
outros atos praticados no processo (objetivo externo) ou a situação das partes que não apelaram 
(subjetivo). 
 Cita-se como exemplo de efeito expansivo objetivo interno o caso de o tribunal ao apreciar a 
apelação, dá-lhe provimento, mas acolhe preliminar de litispendência, o que invalidará a sentença 
pois que extingue o processo sem julgamento do mérito. 
 Seria hipótese de efeito expansivo objetivo externo a ineficácia dos atos do cumprimento 
provisório quando a apelação, recebida excepcionalmente só no efeito devolutivo, reforma a decisão 
impugnada por ter sido julgada procedente

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