Apostila 1 Cultura, Memória e Patrimônio

Prévia do material em texto

Cultura & Patrimônio Histórico 
Memória e Identidade 
Apostila Prof. Kadu Guimarães 
 
Conceito de Cultura 
 Para Edward Tylor (1871) “Cultura é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as 
crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões 
adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. 
 Herskovitz (1948) conceitua cultura como sendo “a parte do ambiente feita pelo 
homem”. 
 Cultura é “comportamento cultivado, ou seja, a totalidade da experiência adquirida e 
acumulada pelo homem e transmitida socialmente...” (KEESING, 1958) 
 Geertz (1973) propõe que “a cultura deve ser vista como um conjunto de mecanismos de 
controle – planos, receitas, regras, instituições – para governar o comportamento”. 
 A cultura, portanto, pode ser analisada, ao mesmo tempo, sob vários enfoques: 
 
 * Idéias (conhecimento e concepções mentais); 
 * Crenças (religião e superstições); 
 * Valores (ideologia e moral); 
 * Normas (costumes e leis); 
 * Atitudes (preconceito e respeito ao próximo); 
* Padrões de conduta (monogamia, tabu); 
* Abstrações do comportamento (símbolos e significados); 
* Instituições (famílias e sistemas sociais / econômicos); 
* Folclore (lendas e festividades; 
* Técnicas (artes e habilidades); 
 * Artefatos (instrumentos de utilidade e decoração) 
 Em uma síntese, podemos entender a cultura como todo o legado construído pelo 
homem ao longo de sua existência. 
Isso inclui BENS TANGÍVEIS e BENS INTANGÍVEIS que representam valores materiais e 
imateriais assim definidos pela sociedade. 
Cultura, História & Identidade 
 Esse conjunto de bens representa a História e a Identidade de um povo, que se expressa 
na língua, nas crenças, nas práticas cotidianas, na memória e no imaginário coletivo. 
 O patrimônio é a face visível da memória coletiva. 
Esta memória, por ser singular e específica de cada país, região ou lugar, merece ser 
preservada e continuada. 
Esta originalidade é um fator determinante para o desenvolvimento turístico. 
 É pelo patrimônio 
Natural, Histórico, Artístico e Linguístico 
 que um país 
 
o se reencontra com seu passado, 
o se reconhece no presente 
o busca alternativas para seu futuro 
 
O que é Patrimônio Cultural ? 
 É considerado patrimônio cultural : 
* As formas de expressão; 
* Os modos de criar, fazer, viver; 
* As criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
* As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais; 
* Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico 
 Para Simon Thurley, o Patrimônio são as PESSOAS 
 Para ele existem 2 erros comuns no que diz respeito ao patrimônio. 
1) Pensar que trata-se de edifícios - é sobre as pessoas e o que elas investem nos tijolos. 
2) Pensar que é sobre o passado - é sobre o futuro, o que ficará depois de nós 
desaparecermos. 
 Em outras palavras, o Patrimônio é aquilo que uma dada geração considera que deva ser 
deixado para as gerações seguintes. 
 
Assim, é evidente que as responsabilidades não dizem respeito apenas a entidades 
publicas, dizem respeito a todos. 
 
 A utilização da palavra Patrimônio para definir aquilo que consideramos herança cultural 
tem sofrido alterações significativas : o que era considerado patrimônio ontem poderá 
não o ser hoje ou deixar de vir a ser amanhã, tal como o que ontem não era tido nesse 
conceito pode hoje nele estar incluído ou vir a sê-lo no futuro. 
 Em resumo : Podemos dizer que Patrimônio é o conjunto de bens tangíveis e/ou 
intangíveis que contam a história de um povo e sua relação com o meio ambiente. É o 
legado que herdamos do passado e que transmitimos a gerações futuras. 
 De acordo com a UNESCO (Organização para a Educação, Ciência e Cultura das Nações 
Unidas) o patrimônio pode ser organizado em 2 grandes categorias significativas para a 
Memória Social de um povo ou uma nação: 
1) Patrimônio Natural 
2) Patrimônio Cultural. 
 O Patrimônio Natural engloba elementos da natureza e do meio ambiente: 
* Características físicas, biológicas e geológicas extraordinárias; 
* Habitats de espécies animais ou vegetais em risco; 
* Áreas de grande valor do ponto de vista científico e estético ou do ponto de vista da 
conservação. 
 O Patrimônio Natural é a inter-relação do homem com seus semelhantes e tudo o que o 
envolve, como o meio ambiente, fauna, flora, ar, minerais, rios, oceanos, manguezais, e 
tudo o que eles contêm. Esses elementos estão em contato com o homem, e acabam 
interagindo, e até mesmo interferindo no seu cotidiano. 
 O Patrimônio Cultural é composto por bens culturais. 
Estes podem ser : 
 
1) Produtos concretos: monumentos, um conjunto de edifícios ou sítio de valor histórico, 
estético, arqueológico, científico, etnológico e antropológico. 
 
2) Produções intelectuais que representem a acumulação de conhecimento e saberes por 
um grupo social no decorrer de sua história. São práticas, representações, técnicas e 
expressões artísticas e culturais. 
 Tipologia mais utilizada para definições de Patrimônio Cultural : 
 
1) Patrimônio Material 
• Patrimônio Móvel : que pode ser transportado de um lugar a outro 
• Patrimônio Imóvel : que não podem ser mudados de lugar 
 
2) Patrimônio Imaterial. 
 
PATRIMÔNIO MATERIAL 
 O Patrimônio Material está divididos em : 
* Bens imóveis : núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais. 
* Bens móveis: coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, 
bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos. 
 Exemplos de Patrimônio Material Móvel : Objetos de arte como : 
 • Pintura, 
• Escultura, 
• Ourivesaria, 
• Tapeçaria, 
• Porcelana e Cerâmica, 
• Mobiliário, 
• Trajes, 
• Manuscritos, 
Enfim … tudo que é guardado habitualmente em museus 
O QUE SÃO MUSEUS ? 
 Museu é uma instituição de caráter permanente, com ou sem personalidade jurídica, 
sem fins lucrativos, dotada de uma estrutura organizacional que lhe permite: 
 
 Finalidades 
1) Garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e valorizá-los através da 
investigação, incorporação, inventário, documentação, conservação, interpretação, 
exposição e divulgação, com objetivos científicos e educativos; 
 
2) Facultar acesso regular ao público e fomentar a democratização da cultura, a 
promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade. 
 
 
 Consideram-se museus as instituições, com diferentes designações, que apresentem as 
características e cumpram as funções museológicas previstas, ainda que o respectivo 
acervo integre espécies vivas, tanto botânicas como zoológicas, testemunhos resultantes 
da materialização de ideias, representações de realidades existentes ou virtuais, assim 
como bens de patrimônio cultural imóvel, ambiental e paisagístico. 
 
PATRIMÔNIO IMATERIAL 
 
 A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial : “As práticas, representações, 
expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e 
lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns 
casos, os indivíduos reconhecemcomo parte integrante de seu patrimônio cultural." 
 O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado 
pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a 
natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, 
contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade 
humana. 
 Bens imateriais podem ser tombados em 4 livros de registro: 
 
1) Livro de Registro dos Saberes 
Conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades 
 
2) Livro de Registro das Formas de Expressão 
Manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas 
 
3) Livro das Celebrações 
Rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do 
entretenimento e de outras práticas da vida social 
 
4) Livro dos Lugares 
Mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se 
reproduzem práticas culturais coletivas 
 
 Na lista de bens imateriais brasileiros estão dentre outros: 
 SABERES 
* Roda de capoeira e Ofício do Mestre de Capoeira 
* Ofício de Sineiro - MG 
* Ofício das Baianas de Acarajé 
* Modo artesanal de fazer queijo - MG 
* Bolo de Rolo - Nordeste 
 FORMAS DE EXPRESSÃO 
* Frevo - PE 
* Arte Kusiwa : Pintura Corporal e Arte Gráfica dos índios Wayapi - AP 
* As matrizes do Samba no RJ : Partido-alto, Samba de Terreiro e Samba-enredo 
 LUGARES 
* Feira de Caruaru – PE 
* Teatro de Nova Jerusalém e a Peça da Paixão de Cristo - PE 
 CELEBRAÇÕES 
* Festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré – PA 
* Bloco carnavalesco Galo da Madrugada – PE 
 
POR QUE PRESERVAR UM BEM CULTURAL ? 
 Uma das principais razões para a preservação dos bens culturais é a melhoria da 
qualidade de vida da comunidade e a garantia do exercício da memória e da cidadania. 
 A preservação garante a continuidade das manifestações culturais. 
 Quando se preserva o patrimônio cultural, não apenas legalmente mas de forma prática, 
conserva-se a memória do que fomos e fomenta-se o que somos - a identidade da 
nação. 
 São diversas as formas de proteção do patrimônio cultural, desde o inventário e cadastro 
até o TOMBAMENTO, passando pelo estabelecimento de normas urbanísticas 
adequadas, consolidadas nos planos diretores e leis municipais de uso do solo e, até, por 
uma política tributária incentivadora da preservação da memória. 
O QUE É TOMBAMENTO DE BENS ? 
 Tombar não seria sinônimo de derrubar ? Por que então a palavra está ligada à 
preservação ? 
 
• O nome tombamento advém da Torre do Tombo, arquivo público português criado em 
1385 e onde são guardados e conservados documentos importantes. 
 O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, 
estadual ou municipal para garantir a integridade de um bem cultural e a perpetuação 
da memória. 
 • Os tombamentos federais são da responsabilidade do IPHAN (Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) 
 • Os tombamentos estaduais (no caso de RJ) ficam a cargo do INEPAC (Instituto 
Estadual de Patrimônio Cultural) 
 • No município, o processo está sob tutela do DGPC (Dpto Geral de Patrimônio 
Cultural); 
do CMPC (Conselho Municipal de Patrimônio Cultural) e do Escritório Técnico do 
Corredor Cultural. 
 O objetivo é preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, artístico, científico 
ou ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo a destruição e/ou 
descaracterização de tais bens. 
 • Pode ser aplicado aos bens materiais móveis e imóveis mas o tombamento de bens 
imóveis não significa desapropriação; o direito de propriedade não é alterado. 
 
• Um bem tombado não pode ser destruído e qualquer intervenção neste deve ser 
analisada e autorizada por órgãos competentes. 
COMO É O PROCESSO DE TOMBAMENTO ? 
 
• O processo de tombamento, após avaliação técnica preliminar, é submetido à 
deliberação das unidades técnicas responsáveis pela proteção aos bens culturais 
brasileiros. 
 
• Caso seja aprovada a intenção de proteger um determinado bem, seja cultural ou 
natural, é expedida uma notificação ao seu proprietário. 
 
• Essa notificação significa que o bem já se encontra sob proteção legal, até que seja 
tomada a decisão final, depois de o processo ser devidamente instruído, ter a aprovação 
do tombamento pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e a homologação 
ministerial publicada no Diário Oficial. 
 
• O processo finalmente termina com a inscrição no Livro do Tombo e a comunicação 
formal do tombamento aos proprietários. 
 
 Segundo a Unesco, o patrimônio cultural material é classificado segundo sua natureza 
nos 4 Livros do Tombo: 
1) Arqueológico, paisagístico, urbanístico e etnográfico 
* Monumentos, cidades, edifícios, sítios arqueológicos conjuntos urbanos e rurais. 
2) Histórico e Iconográfico 
* Acervos de Bibliotecas, Arquivos, Museus, Coleções, Objetos e Documentos de 
propriedade de pública e privada. 
3) Belas artes 
Refere-se ao conjunto formado por : 
* Arquitetura 
* Pintura 
* Escultura 
* Música 
* Teatro e Dança 
* Literatura 
* Cinema 
4) Artes aplicadas 
• Termo usado para determinar um tipo de "arte" que seja útil. 
• Modalidades da produção artística que se orientam para o mundo cotidiano, pela 
criação de objetos e peças úteis ao homem em sua vida diária. 
• Artesanato, Artes decorativas, Design, Artes Gráficas, Mobiliário etc. 
 
COMO PRESERVAR UM BEM TOMBADO ? 
 A primeira condição para a preservação de um patrimônio tombado é a consciência de 
seu valor histórico, artístico, científico e/ou afetivo, pela coletividade envolvida. 
 Outra condição fundamental é seu uso efetivo. Nada contribui tanto para a degradação 
de um prédio como a sua não utilização. 
 Assim, a manutenção sistemática, preventiva ou corretiva é a melhor maneira de se 
preservar um patrimônio, tombado ou não. 
 A restauração faz-se necessária quando a degradação dos materiais chegou aos limites 
de comprometimento da integridade de um determinado bem cultural. 
 
 
OS 15 MANDAMENTOS PARA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO 
 Nem tudo pode ser tombado e o processo de tombamento pode ser muito lento. 
Como fazer para se obter um ambiente favorável para políticas preservacionistas e uma 
participação efetiva da sociedade nessa questão ? 
1) Associar a preservação do patrimônio cultural e da memória social 
ao desenvolvimento urbano e inclusão social; 
 
2) A implementação de políticas patrimoniais deve partir dos anseios da comunidade e 
pela delimitação democrática dos bens reconhecidos; 
3) Adotar medidas conjuntas envolvendo os setores público e privado ; 
 
4) A reabilitação dos centros históricos potencializa a identidade coletiva dos povos e 
promove a preservação de seus bens culturais, incrementando a indústria turística ; 
5) Incentivos fiscais para o restauro de imóveis relevantes para a História do local ; 
 
6) Atribuição de novos usos a ambientes antigos transformando-os em espaços de 
convívio social, cultural, escolas, etc ; 
 
7) Oferta de cursos de Educação Patrimonial ; 
 
8) Organização de oficinas-escola ; 
 
9) Serviços de restauro em mutirão ; 
 
10) Estímulo à responsabilidade coletiva ; 
 
11) Realização de inventários pelos órgãos de preservação, em conjunto com as 
comunidades ; 
 
12) Realização de oficinas de resgate da memória por meio da história oral e fotográfica ; 
 
13) Criação de Conselhos de Defesa do Patrimônio local ; 
 
14) Criação de espaços e eventos culturais para a apresentação de manifestações 
culturais locais; 
 
15) Busca de incentivos financeiros à manutenção de grupos folclóricos e culturais; 
 
E PRINCIPALMENTE 
A Comunidade deve 
• Cobrardas autoridades medidas efetivas para que seu patrimônio seja preservado. 
• Denunciar abusos e depredação do patrimônio ao poder público. 
 
 
PATRIMÔNIO CULTURAL – LINHA DO TEMPO 
 Origens 
• Patrimonium: pertencer ao pai, pater, ou pater famílias (Roma antiga). Tudo que podia 
ser legado por testamento (escravos, bens móveis e imóveis, mulher e filhos); 
• Valor aristocrático e privado da elite patriarcal romana. Não havia conceito de 
patrimônio público; 
• No Cristianismo (século IV) e na Idade Média (séculos VI-XV) acrescentou-se o caráter 
religioso (simbólico e coletivo). Legado: valorização de lugares, objetos e rituais e 
monumentalização das igrejas; 
• No Renascimento (séc. XV-XVI) houve o combate ao teocentrismo e os humanistas 
buscaram inspiração na Antiguidade grega e romana (coleção de objetos e vestígios da 
Antiguidade) ; 
• Antiquariado – catalogação pelos humanistas de moedas, inscrições em pedra, 
cerâmica, estátuas e valorização dos monumentos clássicos (orgulho cultural); 
 O Estado nacional e a invenção do Patrimônio 
• Até o séc. XVIII, a Monarquia dominou a Europa cujos reinos eram formados por 
regiões heterogêneas e com tradições variadas; 
• O patrimônio ainda assim continuava privado e aristocrático, na forma de coleções de 
antiguidade. 
• O surgimento dos Estados Nacionais era o que faltava para desencadear uma 
transformação radical no conceito de patrimônio. 
• Na França pós-revolucionária a partir de 1789, desenvolve-se o moderno conceito de 
patrimônio com base na criação do conceito de Estado Nacional ; 
• A Revolução Francesa destruiu os fundamentos do antigo regime. A República criava a 
igualdade e precisava compartilhar valores e costumes comuns; 
• O Estado Nacional surge a partir da formação de cidadãos com língua, cultura, origem e 
território comuns; 
• Assim, o conceito de patrimônio que temos hoje, não é mais no âmbito privado ou 
religioso, mas de todo um povo, com uma única língua, origem e território. 
• Colégios passam a ser mecanismos de reprodução social (idéia de pertencimento) 
onde promove-se a naturalização inconsciente de valores e crenças. 
• A ênfase no patrimônio nacional atinge seu ápice no período de 1914 e 1945, quando 
duas guerras mundiais eclodem; 
• Vestígios monumentais de antepassados justificavam reivindicações territoriais e 
invasões militares (nacionalismo imperialista); 
 
O Patrimônio Mundial e a Diversidade 
• 1945 - Com o fim da Segunda Guerra Mundial criou-se a ONU (Organização das 
Nações Unidas) e UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura); 
• O pós-guerra caracterizou-se pelo reconhecimento da diversidade em vários aspectos 
(grupos e interesses distintos contra a homogeneidade social imposta pela idéia de 
unidade nacional); 
• Fim da década de 1950 : a legislação de proteção ao patrimônio ampliava-se para o 
meio ambiente e para os grupos sociais e locais; 
 
• A diversidade humana e ambiental passa a ser valor universal a ser promovido; 
• Com o despertar para a importância da diversidade já não se valorizava apenas o belo, 
o mais precioso e o mais raro. A noção de preservação passava a incorporar um conjunto 
de bens que se repetem, que são comuns. 
 
• É nesse contexto que se desenvolve a noção de imaterialidade do patrimônio. 
 
 
 
 
 
 
Políticas Patrimoniais – Datas Importantes 
 1972 / UNESCO – Convenção referente ao Patrimônio: os sítios declarados como 
PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE passaram a pertencer a todos os povos do mundo, 
compondo-se de: 
• Monumentos: obras arquitetônicas, esculturas, pinturas; 
• Conjuntos: grupos de construções; 
• Sítios: obras humanas e naturais de valor histórico, estético, etnológico ou científico; 
• Monumentos naturais: formações físicas e biológicas; 
• Formações geológicas ou fisiográficas: habitat de espécies animais e vegetais 
ameaçadas de extinção; 
• Sítios naturais: áreas de valor científico ou de beleza natural. 
 1982 / ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) definiu como 
patrimônio: 
 
 “O patrimônio cultural de um povo compreende as obras de seus artistas, 
arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas surgidas da 
alma popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida. Ou seja, as obras materiais 
e não materiais que expressam a criatividade desse povo: a língua, os ritos, as crenças, os 
lugares e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos e bibliotecas”. 
 
 1988 – O Conceito da Unesco influenciou os legisladores na elaboração do art. 216, da 
Constituição Federal: 
• Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, 
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, 
à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se 
incluem: 
 I – as formas de expressão; 
 II – os modos de criar, fazer e viver; 
 III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
 IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais; 
 V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
 
 
 
Políticas Patrimoniais no Brasil 
 1937 - A Constituição de 1937 submeteu o instituto da propriedade privada ao interesse 
coletivo (sob a chancela do SPHAN) no caso dos monumentos das cidades históricas de 
Minas Gerais e da evasão de obras artísticas. 
 
1937 - A primeira concepção conceitual de patrimônio no Brasil como sendo “conjunto 
de bens móveis e imóveis existente no país e cuja conservação seja de interesse público, 
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por excepcional 
valor arqueológico ou etimológico, bibliográfico ou artístico”. 
• O Decreto-lei nº 25/1937 autoriza os processos de tombamento no país pelo IPHAN 
que se encarrega da identificação, catalogação, restauração, conservação, preservação, 
fiscalização e difusão dos bens culturais em todo o território nacional; 
• Marcas desta política de preservação nos anos 1930-1940, pelo SPHAN/IPHAN: 
* Seleção de edifícios do período colonial (barroco) e palácios governamentais 
neoclássicos e ecléticos. 
* Arquitetura elevada à condição de marca nacional 
* Bens culturais da elite 
 
 1967 - A Constituição de 1967 criou novas categorias: jazidas e sítios arqueológicos; 
• Na ditadura militar (1964-1970), as obras passaram a sofrer intervenções e proibições 
(artes plásticas, exposições, teatro, cinema e televisão); 
• Nos anos 1970 ocorre a inclusão de matérias relacionadas ao patrimônio nacional nos 
currículos de diversos níveis; 
 
1973 – Programa de Reconstrução das Cidades Históricas (além da articulação entre a 
preservação patrimonial e o fomento turístico); 
 • 1975 - O governo Médici criou o Programa de Ação Cultural (PAC) e a Política Nacional 
de Cultura. 
 1979 - criou-se a Fundação Nacional Pró-Memória, visando financiamentos para 
programas e projetos na área de cultura. A concepção de patrimônio se amplia na 
diversidade cultural, étnica, religiosa e no saber popular (renovação das políticas 
culturais do país); 
 Na década de 1980, a preservação dos espaços de convívio e recuperação de modos de 
viver, muda a política de preservação do Estado (Tombamento do Terreiro da Casa 
Branca do Engenho Velho); 
 
 1986 – Essa ampliação da noção de bens a serem preservados foi reforçada pelas 
políticas de incentivo fiscal - LEI SARNEY, 1986). 
• A lei constituiu de um lado, um significativo impulso na proteção do patrimônio, e 
propiciou o desenvolvimento do marketing cultural (patrimônio = produto cultural), 
consolidadonos anos 1990; 
 1988 - Pela Constituição democrática de 1988 (art. 216), a ação em prol do patrimônio 
deveria se desenvolver independentemente da ação de tombamento e devia basear-se 
na referencialidade dos bens. Reiteram-se aí a proteção às 
manifestações populares de quaisquer segmentos étnicos nacionais; 
• 1988 - A Constituição de 1988 e Decreto nº 3.551/2000 possibilitou o Registro de Bens 
Culturais de Natureza Imaterial no Livro de Registro dos saberes (Mestres de capoeira, 
Paneleiras de Goiabeiras, Acarajé), Livro de Registro das Formas de Expressão (Frevo, 
Jongo, Samba de Roda), Livro das Celebrações (Círio de Nazaré - PA, Festa do Divino - GO) 
e no Livro dos Lugares (Feira de Caruaru - PE, Cachoeira do Iauareté – AM). 
 1991- É sancionada a LEI ROUANET que institui o PRONAC – Programa Nacional de 
Apoio à Cultura, para incentivar projetos culturais por intermédio do FNC – Fundo 
Nacional da Cultura. 
 Características do período : 
* Proteção de manifestações indígenas e afro-brasileiras 
* Defesa do meio-ambiente 
* Associação de bens culturais à “cidade-espetáculo” (consumo cultural) 
* Simulacro de preservação (fachada) 
* Exclusão da população residente (gentrificação – Centro do RJ, Praça da Sé– SP) 
* Homogeneidade dos centros históricos como “cenários” da industria cultural; 
* Comercialização de “produtos da cultura local” 
* Redução do investimento público. 
* Ausência de gestão associada à políticas ambientais, urbanísticas e habitacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
TURISMO & PATRIMÔNIO CULTURAL 
 
Exemplos de atrações turísticas 
 Sítios Históricos. 
 Monumentos. 
 Zoológicos e Aquários. 
 Museus. 
 Galerias de arte. 
 Jardins Botânicos. 
 Edifícios e estruturas (castelos, bibliotecas, antigos presídios, arranha-céus, pontes, etc.) 
 Parques nacionais e florestas. 
 Parques temáticos. 
 Trens históricos. 
 Miradouros. 
 Comunidades de diferentes etnias. 
 Símbolos históricos. 
 Eventos culturais. 
 Fenômenos Inexplicáveis 
 
Embora muitas das atrações turísticas tivessem origem no valor histórico, cultural ou natural 
em si, há casos em que a origem é dada por um fenômeno inexplicável como sendo o local 
perto de Roswell (Novo México, E.U.A.) que se tornou uma atração turística após da queda 
dum suposto OVNI na área, ou o Lago Ness, na Escócia, a partir do avistamento de um suposto 
monstro no curso de água. Também casas ou locais "mal assombrados" dão lugar a visitas. 
 
 
Classificações 
Os atrativos turísticos classificam-se como: 
 EVENTOS PROGRAMADOS : Artísticos (festival de cinema, etc ), carnavais, eventos 
esportivos e multi-esportivos (jogos olímpicos), exposições e feiras. 
 FOLCLORE: Artesanato e arte popular (arte naif), crenças populares e manifestações 
religiosas, dança e música, feiras e mercados, gastronomia (bebidas e comidas típicas) 
arquitetura popular e espontânea. 
 MUSEUS e MANIFESTAÇÕES HISTÓRICO CULTURAIS : galerias de arte e museus, obras de 
arte e técnicas, sítios históricos, ruínas e sítios arqueológicos. 
 REALIZAÇÕES ARTÍSTICAS, CIENTÍFICAS ou TÉCNICAS CONTEMPORÂNEAS : Áreas 
agrícolas, áreas industriais, mineração, obras de arte, centros científicos e técnicos; 
técnica. 
 SÍTIOS NATURAIS : Praias e costas, montanhas, zonas rurais, cachoeiras, lagos, lagoas e 
estuários, rios e riachos; cavernas e grutas; sítios de caça e pesca, locais de observação 
de flora e fauna: estradas e trilhas pitorescas, parques nacionais e reservas de vida 
selvagem.