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TRABALHO DE VT MULTIPARENTALIDADE

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
 Centro de Ciências Humanas
 Departamento de Direito
 Campus – Recife-PE
	 Multiparentalidade 
“Nem sempre a paternidade socioafetiva está vinculada à paternidade biológica, haja vista que muitas vezes o homem toma para si a paternidade daquele que crê ser seu filho, mesmo sem tem a certeza da consanguinidade.” 
 
Recife
2017
Alane Cicera Conceição De Araújo
Alef Tiago Da Silva
Carlos André Leão Santos
Dayana Rafaela Leite Da Silva
Lucas Lira Gomes
Julyana De Melo
Mikaella Marjuly De Arruda
 Trabalho Interdisciplinar apresentado ao Docente Zé Maria da Universidade Salgado de Oliveira do Departamento de Direito, para obtenção da nota nas disciplinas Direito Processual Penal I; Direito Civil V; Direito Processual Civil III e Direito Do Trabalho I.
 
Recife
2017
 
INTRODUÇÃO
Trata-se de breve estudo acerca da “multiparentalidade”, assunto que vem sendo muito discutido no âmbito do Direito de Família, principalmente quando se comenta em famílias reconstituídas, nas quais nem sempre a paternidade socioafetiva está ligada à paternidade biológica.
Nesses casos, deve o intérprete do Direito realizar um esforço na interpretação dos textos legais a fim de garantir a proteção dos direitos fundamentais das menores mediante a harmonização das normas constitucionais, levando em consideração o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, focado na proteção dos direitos da personalidade e da dignidade humana. O sistema jurídico brasileiro e dos demais Estados Democráticos que asseguram a proteção dos direitos fundamentais reclama, forçosamente, a modalidade de cognição normativa, visando apurar sua validade, mediante juízo de valor acerca das normas postas. Em nosso ordenamento jurídico, certos valores conferem validade às normas, que devem ser aplicadas a partir de uma interpretação crítica, voltada à garantia dos direitos fundamentais, acolhendo-se as minorias e os ‘novos direitos’ analisados sob o prisma da igualdade, liberdade e dignidade. Como se demonstrará, o direito dos menores quanto à multiparentalidade assume especial relevância, porquanto tem o condão de identificá-los, de conferir-lhes referências familiares e de vida.
Para tanto, o desenvolvimento do trabalho se deu por meio de revisão bibliográfica, descritiva e exploratória, onde, por ser tema ainda incipiente no Direito de Família, foram colhidos os recentes julgados exibidos pelos Tribunais brasileiros, os quais revelam uma tendência ao acolhimento deste novel modelo de arranjo familiar. Assim, tendo seus sustentáculos firmados nos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da afetividade e do melhor interesse da criança e do adolescente, bem como na teoria tridimensional do Direito de Família, a multiparentalidade emerge como forma de solução dos litígios judiciais, consagrando a simultaneidade dos liames biológico e afetivo, pondo fim, as discussões que muitas vezes se arrastam anos a fio.
DESENVOLVIMENTO
2.1 A evolução da família na multiparentalidade
2.2. Conceito atual de multiparentalidade
2.3 Quadro esquematizado de família
2.4 A influência da religião
2.5 Espécies
2.6 Parentalidade socioafetiva: Direito ou dever dos pais?
2.7Dos princípios norteadores
2.8 Efeitos jurídicos
2.9 No parentesco 
2.10 No nome
2.11 Obrigação alimentar
2.12 Na guarda dos filhos menores
2.13 Na visita
2.1 A evolução da família na multiparentalidade
A ideia que temos de família hoje não é a mesma de tempos atrás, vez que estamos em um momento de desenvolvimento social e jurídico sobre o tema, onde o conceito do que vem a ser família está sendo ampliado. Antigamente, o modelo familiar predominante era o patriarcal, patrimonial e matrimonial. Em tal modelo tínhamos a figura do “chefe de família”, era o líder, o centro do grupo familiar e responsável pela tomada das decisões. Era tido como o provedor e suas decisões deveriam ser seguidas por todos.
Além disto, a ideia de família era patrimonial e imperialista, prova disso estava no fato de que as uniões entre pessoas não se davam pela afeição entre as mesmas, mas sim pelas escolhas dos patriarcas, com o interesse de aumentar o poder e o patrimônio de suas famílias. Em tal modelo, muitas vezes os nubentes nem sequer se conheciam, mas se viam obrigados a contrair núpcias para honrar o bom nome da família e contribuir para seu fortalecimento econômico. A família era constituída unicamente pelo casamento, não havia que se falar em nenhum outro meio de constituição familiar, como a união estável. Como consequência de tais fatos, a figura do divórcio era inimaginável, vez que a felicidade dos membros não era mais importante do que a predominância da família como instituição, afinal, o divórcio representaria uma quebra no poderio econômico concretizado pelo casamento.
Temos então, que em tal modelo, a família é vista como uma instituição, onde a felicidade e a liberdade de seus membros é um ideal secundário e que somente era levado em conta se atendido o ideal primário, que era o fortalecimento econômico/patrimonial da instituição familiar. Ora, resta claro que tal ideia de família é tida como inconcebível atualmente, uma forma arcaica e, de certo modo, repudiada na atualidade. Porém, isto somente se deu pela evolução a que passou a sociedade ao lutar pela igualdade entre os indivíduos e pela valorização da dignidade da pessoa humana, conquistas estas que encontram-se estabelecidas hoje em nosso mais alto regramento jurídico, a Constituição Federal de 1988.
Portanto, é errôneo não reconhecer à influência das conquistas sociais na elaboração do conceito de família, sendo, inclusive, este o motivo de tal conceito ser mutável ao longo do tempo. Maioria da população brasileira (integrante do país que se transformou em ‘campeão mundial' das desigualdades sociais), sabemos que padecem especialmente as nossas crianças e adolescentes, vítimas frágeis e vulneradas pela omissão da família, da sociedade e, principalmente, do Estado, no que tange ao asseguramento dos seus direitos fundamentais.
 Com o decorrer do tempo e a evolução a que passou a sociedade, o padrão familiar mudou, fora influenciado pela ideia da democracia, do ideal de igualdade e da dignidade da pessoa humana.
A família passou a ser mais democrática, o modelo patriarcal fora abandonado, sendo colocado um modelo igualitário, onde todos os membros devem ter suas necessidades atendidas e a busca da felicidade de cada indivíduo passou a ser essencial no ambiente familiar. Porém, o maior passo a que o ideal de família passou fora no elemento que a constitui, hoje, as pessoas se unem por haver uma atração entre elas, um querer. A união das pessoas possui um fim egoísta, porém no melhor sentido do termo, vez que se dá pelo fato de a outra pessoa lhe trazer prazer, felicidade e crescimento. Esse novo elemento para a formação da família é de grande importância, principalmente para compreendermos as mudanças à que passa a família.
Como se percebe, não há mais que se falar em casamento como objeto de criação da família, afinal é o sentimento que une seus membros, o anelo de cada um em se unir ao outro, por isso, hoje é possível enxergamos que uniões estáveis podem constituir família, que há a família monoparental (mãe ou pai solteiro) e que há família na união de pessoas do mesmo sexo. Tudo isto porque o elemento responsável pela constituição da família é subjetivo e decorre da vontade dos indivíduos.
A família passou a ser vista como um pressuposto de desenvolvimento pessoal de cada indivíduo,e não mais como uma instituição. Essa mudança filosófica e institucional ainda não está completamente difundida na sociedade atual, porém encontra-se em crescente consolidação.
Tal mudança se deu principalmente pelo princípio da dignidade da pessoa humana, uma vez que hoje há um acolhimento maior à pessoa, à sua felicidade e a seus direitos particulares. Não há mais que se falar em cumprimento matrimonial, hoje as pessoas podem se divorciar de forma direta caso queiram, inclusive, sem o consentimento do outro cônjuge ou da família, não há mais a figura do líder de família, sendo cada sujeito responsável por suas escolhas, possuindo o livre arbítrio e não há mais que se falar em uma família patrimonializada, vez que a via que cria os laços familiares é subjetiva e depende do elemento da vontade das partes.
Por conseguinte, temos que a imagem de família já avançou positivamente, contudo ainda há vestígios de um conceito antigo de família na sociedade atual, no final, não se trata de um conceito modelo padrão, sendo a família composta por indivíduos, cada qual com uma maneira exclusiva de pensar. Porém, em um contexto generalizado, percebemos que o ideal de família evoluiu juntamente com a sociedade, evolução esta que ainda não se concluiu, vez que, como já dito, o conceito e a ideia de família é inconstante, ou seja, está em constante alteração.
2.2. Conceito atual de multiparentalidade
Em princípio, o debate que surge é se a paternidade biológica se sobrepõe ou não a socioafetiva, mas algumas decisões admitem soma de filiação, sem qualquer hierarquia entre o afeto e a biologia, ou seja, a possibilidade de uma pessoa ter mais de um pai e/ou mais de uma mãe com reconhecimento jurídico legal, restando assim configurada a multiparentalidade. A multiparentalidade é uma forma de reconhecer no campo jurídico o que ocorre no mundo dos fatos. Afirma a existência do direito a convivência familiar que a criança e ao adolescente exercem por meio da paternidade biológica em conjunto com a paternidade socioafetiva.
A multiparentalidade efetiva o princípio da dignidade da pessoa humana e da afetividade, reconhecendo no campo jurídico a filiação – amor, afeto e atenção - que já existe no campo fático. Diverge da adoção unilateral, pois não substitui nenhum dos pais biológicos, mas acrescenta no registro de nascimento o pais ou mãe socioafetivo. Por meio dele se estabelece entre o filho e o pai/mãe socioafetivo(a) todos os efeitos decorrentes da filiação. Assim a tendência é que cada vez mais o sistema jurídico brasileiro reconheça mais situações de multiparentalidade como forma de efetivação dos direitos dos sujeitos envolvidos, quando estes, em função da omissão do direito são prejudicados.
A Multiparentalidade é uma tese do Direito de Família que tem empolgado uma geração de inovadores do Direito.  Esse fenômeno vem crescendo atualmente, em face do aumento do número de separações, divórcios e dissoluções de união estável. Muitas vezes, essas pessoas que formam a nova família, já vem com filhos da relação anterior. Essa relação padrasto, madrasta e enteado, muitas vezes podem ser afetuosas gerando um vínculo socioafetivo bastante relevante, criando sentimentos e laços muitas vezes tão quanto ou até maior que o biológico. A multiparentalidade é uma forma de reconhecer no campo jurídico o que ocorre no mundo dos fatos. Afirma a existência do direito a convivência familiar que a criança e o adolescente exercem por meio da paternidade biológica em conjunto com a paternidade socioafetiva. Deve ser entendida como a possibilidade de uma pessoa possuir mais de um pai e/ou mais de uma mãe, simultaneamente, produzindo efeitos jurídicos em relação a todos eles, inclusive, no que tange o eventual pedido de alimentos e herança de todos eles.
No Brasil já existem decisões que permitem a multiparentalidade, tratando-a como uma nova concepção de família, porém não é questão pacificada, dividindo-se a opinião de nossos principais juristas e tribunais. O dever jurídico com a sociedade mudou, sendo necessário que a jurisprudência seja o maior aliado das mutações pelo qual a sociedade está passando, seja no âmbito da família, da adoção ou até mesmo de sucessões. A multiparentalidade garante aos filhos menores que, na prática, convivem com múltiplas figuras parentais a tutela jurídica de todos os efeitos que emanam tanto da vinculação biológica como da socioafetiva, que, como demonstrado, em alguns casos, não são excludentes, e nem haveria razão para ser. Assim, o menor terá mecanismos jurídicos capazes de proteger seus direitos fundamentais, especialmente enumerados para preservar a possibilidade de seu desenvolvimento pleno. Não há, a priori, nenhum tipo de prevalência ou hierarquia do parentesco biológico sobre o socioafetivo e vice-versa. O que ocorre é que em muitos casos ambos são fundamentais na vida e na edificação da identidade e da personalidade da pessoa, devendo ser preservados em nome da dignidade da pessoa humana, da afetividade e do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
2.3 Quadro esquematizado do conceito atual de família
2.4 A influência da religião
 O núcleo familiar é umas das mais antigas instituições sociais existentes. É protegida pelos grandes sistemas jurídicos vigentes, e, pode-se dizer, é considerado o responsável pela perpetuação da própria sociedade de maneira que a tutela estatal visa exatamente garantir a transmissão do patrimônio imaterial (valores, princípios, cultura) e material (herança) imanente a cada família que emerge do matrimônio.
Nota-se, igualmente, que as principais origens e a continuidade dessa instituição aliam-se ao elemento religioso, de maneira que este se relaciona intensamente à maneira como se dá a formação da família e dos demais aspectos que a caracterizam. Mesmo em Estados ditos laicos, é possível perceber fortes traços de influência religiosa na delimitação do que se entende por ‘família’. Entretanto é essencial questionar se essa regulação do Estado, que muitas vezes possui como bases diretrizes que emanam de fontes religiosas, não tolhe ou limita a livre formação de núcleos familiares a partir do livre exercício do afeto, de maneira desarraigada da moral de determinada religião.
Nesse sentido, a maneira como a figura da família é desenhada dentro de cada sistema jurídico diz respeito não apenas à produção legislativa do Estado, mas evidentemente a como essa produção irá interferir nas relações privadas dos indivíduos que desejam formar uma família ou se definem como tal. A maneira como os sistemas jurídicos recepcionam o instituto da família, se a partir de um arcabouço religioso ou não, pode afetar direta e indiretamente a forma como esse núcleo será desenvolvido e conduzido no transcorrer do tempo. Isso pode afetar inclusive a liberdade de escolha de indivíduos, pois podem se sentir compelidos a ser família de acordo como os padrões e formatos definidos pelo Estado.
Assim, busca-se compreender como os principais sistemas jurídicos concebem a instituição familiar, mediante as questões culturais e religiosas adjacentes a esses sistemas e os impactos que o tratamento dispensado à família pode gerar nas esferas públicas e, principalmente, privadas.
A função social da família diz respeito à sua reprodução no espaço e no tempo, por meio da transmissão de bens materiais e imateriais. No livro de Gênesis, o preceito ensinado é “crescei e multiplicai-vos”. Nessa óptica, compreende-se, inicialmente que a reprodução da família se conecta ao relacionamento heterossexual, que é aquele garante a reprodução biológica, os futuros herdeiros, por meio de quem o patrimônio material e imaterial, recebidos da figura paterna, se perpetuará. 
 
2.5 Espécies de família 
Como bem sabemos a família surge de necessidades humanas e de alterações políticas, econômicas e sociais. O Estado procura intervir e regular essasrelações por meio de moldes do que seja certo, ético, aceitável e lícito; criando a família matrimonial alicerçada no casamento, porém, prevê e regularizar todas as relações sociais seria impossível pois, a sociedade caminha em passos largos enquanto que o direito está sempre na busca de acompanhar esse ritmo e de trazer a maior quantidade de respostas possíveis. A Constituição de 1988 por exemplo, além da família matrimonial, reconhece como família a união estável e a família monoparental (art. 226, CF/88). Vale salientar que estes são modelos apenas exemplificativos já que existem várias espécies de famílias que merecem a tutela do Estado, tais como: parental, paralela, mosaica, poli afetiva, homo afetiva, eudemonista etc.
Matrimonial
É a família constituída de modo voluntário pelo casamento, ato solene celebrado entre pessoas de sexo opostos que se unem para viver uma vida em comum, no domicilio conjugal, com mútua assistência, sustento guarda e educação dos filhos, respeito considerações múltiplas e fidelidade como preceitua o art. 1.566, CC/2002. Até 88 está era a única forma de família existente no nosso ordenamento. 
União Estável
É a união de pessoas por afeto mutuo sem formalidades, mas, com direitos legalmente reconhecidos, desde que vivam no interesse de instituição familiar e a relação seja duradoura, conforme 
art. 1. 723, CC/2002. 
Monoparental 
A família monoparental é aquela constituída por um dos pais e seus filhos, ou seja, o pai e os filhos ou a mãe e os filhos. Este tipo de família pode surgir por diversos motivos, tais como: divorcio, viuvez, abandono do pai/mãe, adoção etc. Embora a Constituição fale de pais, a doutrina também considera como monoparental a família formada um adulto e uma criança, (Ex. Tios, avós e etc).
Homoafetiva
Palco de várias discussões e recusas a família ou união homoafetiva é aquela composta por pessoas do mesmo sexo, baseada na afetividade de ambos. Em virtude da confusão entre valores sociais e religiosos presentes no Brasil os homoafetivos encontram barreiras para viver e constituir famílias livremente, inclusive as conquistas estão apenas em esfera jurisprudencial. 
Mosaica
É aquela constituída por fragmentos de uma outra família em virtude de divórcio, viuvez etc. Em outras palavras a família mosaica é constituída por membros vindos de outros laços familiares. 
Ex. 
 - A é casado com B, e tem 1 filho (A fica viúvo)
 - C é casado com D, e tem 2 filhos (D fica viúva)
A e D se conhecem e decidem se unir. Assim A e D terão agora 3 filhos. Dois vindos da relação anterior de D e um vindo da de A. 
 
Parental 
É aquela formada por parentes adjacentes, ou seja, parentesco sem ser ascendente e descendente. Ex: Tios, primos, cunhados, nora etc. 
Poliafetiva 
É aquela constituída por mais de duas pessoas, vivendo no mesmo teto, com comunhão de desígnios e não se confundindo com orgia; embora muito polêmica já teve a união estável reconhecida na cidade de Tupã interior de São Paulo, onde um homem oficializou a união que tinha por 3 anos com duas mulheres. A formação pode ser:
- Dois homens e uma mulher
- Duas mulheres e um homem
- Dois casais onde todos se relacionam 
E todas as modalidades possíveis. 
Paralela 
Também conhecida como família simultânea ocorre quando alguém se coloca ao mesmo tempo como parte de duas famílias distintas. 
Eudemonista 
É aquela composta por pessoas que não estão necessariamente ligadas por laços biológicos mas, que buscam a felicidade individual de cada membro, ou seja, todos são importantes e cuidados. Por isso o eudemonismo é entendido como um valor presente em todas as formas de famílias.
2.6 Parentalidade socioafetiva: Direito ou dever dos pais?
Será que a filiação socioafetiva, que gera essa modalidade de parentalidade, é um direito do filho, que assim sempre foi tratado, ou do pai, que sempre tratou como filho a pessoa? Na grande maioria dos julgados, temos que os filhos possuem o direito da manutenção da parentalidade socioafetiva se, em uma ação negatória de paternidade ou maternidade, ficar comprovada uma filiação biológica, que não irá prevalecer se restar demonstrada a existência de laços de afeto entre pai e filho.
Contudo, questão que nos instiga investigar é: não teria o pai ou a mãe, que possui laços afetivos com seus filhos, o direito de não perderem a paternidade ou maternidade no caso desse filho desejar investigar sua origem genética, descobrindo ser filho biológico de outra pessoa, mediante exame de DNA realizado no trâmite de um processo judicial, que em razão disso acaba sendo julgado procedente? Acreditamos que tal direito tenha que ser de mão dupla, haja vista que reconhecê-lo somente aos filhos seria dar uma interpretação inconstitucional ao instituto, em decorrência do princípio da isonomia, consagrado como uma garantia fundamental, insculpida no caput do art. 5º da Constituição Federal, que trata do princípio da isonomia, ao estabelecer que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Se todos são iguais perante a lei, não podemos fazer distinção entre pais e filhos, tentando valorar a importância do afeto para um ou outro, já que existe importância desse valor jurídico para ambos. Não podemos esquecer que o direito à igualdade é uma garantia fundamental, prevista em cláusula pétrea, e que qualquer interpretação contrária a isso afrontaria nossa Constituição Federal. Isso sem contar a maior cláusula geral da nossa constituição, prevista no art. 1º, inciso III, que criou o princípio da Dignidade da Pessoa Humana, e que fundamentará, também, que os pais também possuem direito de valorização da relação afetiva que formam com seus filhos do coração. Verifica-se, com isso, a importância da aplicação dos princípios constitucionais nas relações privadas, em especial, as de Direito de Família.
Assim sendo, a família moderna possui proteção estatal, ou seja, um direito subjetivo público oponível erga omnes, e que é adotado na grande maioria dos países, independentemente de questões políticas e ideológicas. Com isso, podemos afirmar que a família moderna possui amparo no princípio da solidariedade, insculpido no art. 3º, inciso I, da Constituição Federal, que fundamenta a existência da afetividade em seu conceito e existência e dá à família uma função social importante, que é a de valorizar o ser humano. Dessa forma, quando a família passa a realizar e concretizar a afetividade humana, ela desloca as funções econômica, política e religiosa para a afetiva, para determinar a repersonalização das relações civis, que valoriza mais o interesse humano do que as relações patrimoniais, em que a pessoa humana está no centro do Direito, no lugar do patrimônio. São esses os argumentos que embasam o nosso pensamento de que as relações consanguíneas são menos importantes na sociedade do que as que possuem origem na afetividade e na convivência familiar, que embasarão a constituição do estado de filiação, pela posse do estado de filho. É por isso que a família moderna é sempre socioafetiva, já que é um grupo social unido pela convivência afetiva, e que transformou o afeto numa categoria jurídica, por ser um fato gerador de efeitos jurídicos. Desta feita, a título de sugestão de lege ferenda, sugerimos a modificação do art. 1.606 do Código Civil, para incluir nele um parágrafo único com tal possibilidade, nos seguintes termos: Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo único. Havendo parentalidade socioafetiva, a ação declaratória de paternidade e/ou maternidade poderá ser proposta, também pelo pai ou mãe que comprove a sua existência. Assim sendo, pelos motivos acima expostos,entendemos que não é possível acreditar que apenas os filhos possuem o direito de ver reconhecida a parentalidade socioafetiva, mas também os pais.
2.7 Dos princípios norteadores
Superada essa evolução histórica do conceito de família, é relevante uma breve explicação dos principais princípios aplicáveis no tema abordado para melhor compreensão do tema.
Princípio da dignidade da pessoa humana: Ao se discorrer sobre os princípios no Direito de Família, principalmente no âmbito da multiparentalidade, não é possível deixar de fazer referência, em primeiro lugar, ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Tal princípio, está diretamente e simbioticamente relacionado com os anseios mais primitivos de todo o ser humano, ou seja, o sentimento de “ser pai e de ser mãe” e de “ser filho”, como são expostos nos artigos art.1º, III e 226, § 7º, ambos da Constituição de 1988. A integralidade do Ordenamento Jurídico contempla suas implicações, sendo ele o alicerce constitucional principal de toda a relação social e humana. Nesta linha de pensamento cita-se Rodrigo da Cunha Pereira que afirma: “o princípio da dignidade humano é o mais universal de todos os princípios. É um macro princípio do qual se irradiam todos os demais: liberdade, autonomia privada, cidadania, igualdade e solidariedade, uma coleção de princípios éticos”.
Princípio da vedação ao Retrocesso Social: Esse princípio é de fundamental influência no enfoque na exploração dos direitos de família, uma vez que é por seu intermédio a impossibilidade ao retrocesso, diante das obrigações não reconhecidas legalmente, ao patamar anterior ao do reconhecimento. Diante disso, este princípio é de suma importância, porque o ordenamento jurídico pátrio procurará abarcar e amparar as famílias nas quais passem a existir novas formas de configuração como a pluriparentalidade. O postulado dogmático almeja proteger certos alicerces familiares que a constituição e a evolução social estabeleceram como fundamentais, tais como, o da igualdade entre homens e mulheres na convivência familiar (art.5º e art. 226 da CRFB, ambos caputs), o da diversidade das entidades familiares e o do tratamento igualitário entre todos os filhos. A sociedade brasileira, ao longo de sua formação, foi constituída por várias culturas, sendo esse um dos pilares para o nascimento de modernas formas e tipos de famílias. É primordial retirar desse multiculturalismo as perspectivas para esclarecer a necessidade de o Estado Brasileiro fornecer, para essas novas formas de configuração familiar, uma proteção fundamental.
Princípio da Afetividade: O princípio da afetividade deve ser visto, conjuntamente com o princípio da proteção integral, como os dois pilares jurídicos dogmáticos capazes de justificar a multiparentalidade e consequentemente a possibilidade do registro civil dessa nova configuração familiar que passa a surgir a cada dia mais em nossa sociedade. A determinação e o protagonismo do fator biológico e consanguíneo, principalmente após a evolução cientifica ter tornado possível o exame de DNA, impediram, em grande parte, que esse princípio almejasse ao patamar de coercitividade jurídica hábil para se tornar um postulado jurídica, embora sociedades clássicas já perfilhassem a afetividade como princípio norteador essencial para o desenvolvimento familiar. Nada obstante a isso, a evolução doutrinaria e jurisprudencial passou a refrear esses e outros fatores para alavancar a afetividade ao seu atual lugar de destaque. A motivação primordial da obrigação estatal é aceitar a afetividade como não apenas um vínculo que abarca os membros da família, mas sim de um importante postulado retirado da própria cultura humana, nascido do sentimento do homem em relação tanto do dever de dedicação, como também do amor e do companheirismo. Logo, os tribunais brasileiros devem aceitar que o afeto transcendeu a mera figura aglutinadora da família para se tornar um valor jurídico capaz de fundamentar as decisões judiciais.
2.8 Dos efeitos jurídicos
Nesse contexto em que observamos a prevalência da multiparentalidade com foco na filiação socioafetiva, temos como legitimação o padrasto e/ou madrasta que ama, cria e cuida de seu enteado (a) como pai/mãe fosse, sem que para isso seja desconsiderado o pai ou mãe biológicos. A proposta apresentada pela jurisprudência é a da inclusão no registro de nascimento filho o nome do pai ou da mãe socioafetiva permanecendo assim o nome de ambos os pais biológicos. 
Essa atitude é uma forma de reconhecer no campo jurídico o que ocorre no fundo real, dando a quem é de fato o que é de direito. Afirmando o direito a convivência familiar que a criança e o adolescente exercem por meio da paternidade biológica em conjunto com a paternidade socioafetiva. 
2.9 No parentesco
Um dos primeiros efeitos do reconhecimento da multiparentalidade se dá na própria relação de filiação / parentesco. Ressaltando que embora haja uma constante menção somente do termo paternidade ou maternidade, sócio afetiva, a criação do vínculo se estende aos demais graus e linhas do parentesco, passando os efeitos a se estenderem aos demais graus em linha reta. Produzindo efeitos patrimoniais e jurídicos pertinentes a toda cadeia familiar. 
Sendo assim, os filhos teriam parentesco em linhas retas e colaterais com a família do pai mãe afetivo (a)e os biológicos, fazendo assim com que sejam válidas todas as disposições expressas em lei quanto ao direito de família, incluindo assim os impedimentos matrimoniais e sucessórios.
2.10 No nome
Conforme entendimento já pacificado na doutrina e na jurisprudência, o direito ao nome dos pais pelo filho é um direito fundamental decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana, não podendo, portanto, o mesmo ser vedado por qualquer motivo que seja. 
Depois de reconhecida a existência da multiparentalidade, o nome do filho, poderá, portanto, ser composto sem qualquer impedimento legal pelo prenome e o apelido da família de todos os genitores. Vale ressaltar que a lei que regular os registros públicos em seu artigo 54 não impossibilita isso, portanto, a alteração do nome em decorrência da multiparentalidade não gera conflito com nenhuma disposição expressa em nosso ordenamento jurídico. 
Por fim destacamos que existe entendimento através da teoria do direito individual ou da personalidade, onde afirma que o nome é um dos atributos da personalidade, compreendidos no sistema de proteção desta, sendo assegurado o direito a ações contra terceiros que tentam suprimi-lo. 
2.11 Na obrigação alimentar
A obrigação alimentar gerada pelo reconhecimento da multiparentalidade é a mesma que já é aceita e utilizada nos casos da biparentalidade, aplicando tanto aos pais biológicos quanto aos afetivos o que está no disposto do artigo 1696 do Código Civil. 
Ou seja, os pais biológicos bem como os afetivos são credores e devedores de alimentos em ralação aos filhos, respeitando a obrigatoriamente, o binômio possibilidade / necessidade estabelecidos no artigo 1694, § 1º do Código Civil. 
Também é importante ressaltar que a legislação vigente assegura que a prestação alimentar é recíproca entre pai e filho, portanto, todos os pais poderão prestar alimentos aos filhos, como também poderá os filhos prestarem aos pais. 
2.12 Na guarda dos filhos menores
Em tese, juridicamente não há dificuldades em resolver o problema da guarda de filhos ainda que a multiparentalidade seja aceita. O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente está previsto na CF/88 em seu artigo 227, caput, e no estatuto da criança e do adolescente em seu artigo 4º, caput e artigo 5º. 
Nesse sentido é necessário analisar caso a caso com o intuito de sempre observa o melhor interesse da criança. Nos casos em que a criança seja considerada madura o suficiente para decidir, os tribunais tendem a considerar sua preferência na escolha. Todavia esse fato nem sempre foi assim, uma vez que antes a prioridade de interesses em determinadoconflito decorrente da posse do estado de filho, entre a filiação biológica e a socioafetiva, o que pesava era o vínculo sanguíneo e biológico. 
Dessa forma hoje temos decisões jurisprudenciais que levam ao entendimento de que o melhor para criança seja levado sempre em consideração. Ressalvando que a guarda do menor não impede o direito de visita daquele que teve a pretensão negada.
2.13 Direito de visita
Com a promulgação da Lei nº 12.398/2011, o direito de visita, que antes era permitido apenas aos genitores, hoje é estendido aos avós. Dessa forma foram acrescentados um parágrafo único ao artigo 1589 do Código Civil.
Tendo o direito de visita como única finalidade o de estreitar vínculos afetivos, deve ser conferida não só como um direito dos pais biológicos, como também do socioafetivo. Dessa forma o direito de supervisionar e fiscalizar a educação e o desenvolvimento do menor deve ser também garantido aos não detentores da guarda. 
5. CONCLUSÃO
 Completando, é prescindível que exista a paternidade jurídica ou biológica, para que sobrevenha a paternidade socioafetiva, esta se perfaz com a presença da vontade livre e consciente de querer ser pai, assumindo as suas responsabilidades paternais, diante de seus atos. Vale ressaltar que, a presença do afeto, para caracterizar a relação sociológica, é de sua importância na formação do vínculo familiar.
A afetividade gera uma verdade social e a lei precisa garantir o respeito para com as relações estabelecidas livremente pelos indivíduos proporcionando assim, a liberdade de amar, mantendo-se a dignidade humana. Por isso, é o afeto que orienta a paternidade e forma a família.
E, finalmente, o que se vê atualmente é uma flexibilização do sistema familiar, através do reconhecimento do valor jurídico do afeto, enquanto fator relevante da composição familiar, e fundamento basilar de uma relação de parentesco.
Os operadores do Direito se viram diante da necessidade de reconhecimento da afetividade, bem como, e, principalmente, da singularidade de cada caso em particular. Isto é, não há como se criar uma fórmula rígida a ser seguida pela sociedade em se tratando de família. Isto porque, o Direito de Família vem para regulamentar e proteger a Família, que é base da sociedade, independentemente de sua fonte.
Desta forma, é natural que o direito positivado não seja eficaz em prever cada uma das modalidades de família, tão logo tenham sido reconhecidas, isto porque o sistema não é capaz de acompanhar as evoluções sociais. Deste modo, é dever dos magistrados aplicarem as normas e, principalmente, as garantias constitucionais, às formas de família que lhes são apresentados nos casos concretos.
Assim, diante de todas as divergências e controvérsias existente em cada caso particular, posto que as relações familiares são singulares, cabe ao Estado tutelar os interesses das pessoas envolvidas, sempre com vista no princípio da dignidade humana e à proteção da família.
Conclui-se, portanto, que independe de vínculo sanguíneo a condição de filiação. Injusto seria entendimento contrário, diante de todas as formações familiares contemporâneas, onde temos que a função exercida, intrínseca da maternidade/paternidade, qual seja, de cuidado, de formação psicológica, de educação, e mesmo a doação da pessoa à outra, emocionalmente, proporciona às crianças, muitas vezes rejeitadas por seus pais biológicos, não só uma família estruturada, mas conforto e segurança necessários para seu desenvolvimento.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Carmela Salsamendi de. Filiação Socioafetiva E Conflitos De Paternidade Ou Maternidade. 1ª ed. São Paulo: Editora Juruá, 2012
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito de família. 28. ed. v.5. Sao Paulo: Saraiva, 2013.
CASSETTARI, Christiano de Multiparentalidade e Parentalidade Socioafetiva. 2ª ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2015
ALMEIDA, João Ferreira de. Trad. A Bíblia Sagrada (revista e atualizada no Brasil) 2ª ed. São Paulo. Sociedade Bíblica Brasileira, 1993

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