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ECA AULA - 4

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ECA AULA – 4
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho; e Prevenção, Produtos e Serviços
Introdução
Dando continuidade ao estudo dos direitos fundamentais previstos pelo ECA, passamos agora à análise dos direitos à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à proteção no trabalho.
Você verá que esses direitos são importantes para o bom desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, razão pela qual não só o ECA, mas também outras normas pertinentes dedicam-se a regulamentá-los, como será visto mais adiante nesta aula.
Além desses direitos, o ECA prevê regras referentes à prevenção, aos produtos e aos serviços, reafirmando a intenção do legislador no sentido de propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento sadio de crianças e adolescente nos aspectos físico, psíquico e moral.
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o legislador constitucional utilizou-se da educação como instrumento de transformação social e, deste modo, destinou um capítulo para regulamentá-la (arts. 205 a 214, CRFB).
O art. 205, da CRFB, demonstra a preocupação do legislador em esclarecer que a Educação não se constitui apenas em uma obrigação do Estado, e sim em uma obrigação conjunta do Estado e da família.
É importante destacar que as regras sobre a Educação encontram-se previstas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação — Lei 9.394/96) e que o ECA, ao tratar deste tema, apenas enfatiza alguns aspectos lá contidos. Cabe destacar que a Lei 13010/14 incluiu o parágrafo 9º, no artigo 26, da LDB, dispondo que:
Artigo 53
De acordo com o artigo 53 do ECA, a criança e o adolescente têm direito à Educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando:
ATENÇÃO
É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Artigo 54
O artigo 54 elenca, dos deveres do Estado, de assegurar à criança e ao adolescente:
SAIBA MAIS
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. O não oferecimento do ensino obrigatório, pelo poder público ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.
Os pais ou o responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. A desobediência a este dever acarretar crime de abandono intelectual, previsto no Código Penal.
Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
No processo educacional, respeitar os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão o destino de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.
Ao elencar a Educação como um direito fundamental da criança e do adolescente, visa-se assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo assim, reconheceu-se uma nova concepção constitucional da Educação na formação do ser em desenvolvimento.
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
O legislador, ao abordar o direito ao trabalho no ECA (arts. 60 a 69), procurou regulamentá-lo de forma a garantir o seu efetivo exercício, em concomitância com os demais direitos, sem pretender alterar as regras já existentes. Deste modo, questões referentes ao contrato de trabalho do adolescente são reguladas pela CLT (arts. 402 a 441).
16 ou 18 anos?
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
O ECA não foi adequado à Emenda Constitucional nº 20 de 1998, que fixou a idade de trabalho do menor para 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Assim, a leitura deste assunto, no ECA, deve ser adaptada de acordo com o previsto no art. 7º, XXXIII da CF. Ou seja, não vale mais o que está previsto no art. 60 do ECA. Desta forma, quanto ao trabalho do menor, podemos afirmar que, ao menor de 18 anos, é vedado o trabalho noturno, insalubre e perigoso e que, ao menor de 16 anos, é vedado qualquer trabalho, salvo a partir dos 14 anos na condição de aprendiz.
A lei que dispõe sobre o estágio de estudantes é a Lei 11.788/08.
ATENÇÃO
Outra observação relevante sobre este direito é a vedação ao trabalho em certas atividades de diversas áreas, inclusive o trabalho doméstico, para menores de 18 anos. Esta proibição e suas implicações estão contidas no Decreto 6.481, de 12.09.08.
Segundo o ECA, o exercício do direito à profissionalização e à proteção no trabalho deve necessariamente respeitar a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento do adolescente, e promover a sua capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
A formação técnico-profissional do adolescente deverá:
Garantir o acesso e a frequência obrigatória ao ensino regular.
Ser compatível com a etapa do desenvolvimento na qual se encontre o adolescente.
Possuir horário especial para o exercício das atividades e assegurar condições adequadas para o desenvolvimento do adolescente.
Desta forma, é vedado:
O trabalho noturno (realizado entre as 22 horas de um dia e as 05 horas do dia seguinte);
Perigoso, insalubre ou penoso;
Realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
E/ou realizado em horários e locais que inviabilizem a frequência à escola.
Com a entrada em vigor da Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13146/15), denominada por alguns de Estatuto da Pessoa com Deficiência, passa a haver a inclusão obrigatória em estabelecimentos públicos e privados de ensino, não se podendo separar crianças e adolescentes obrigando-os a estudar em escolas especiais. Além disso, qualquer custo com profissional de apoio dentro da escola não poderá ser cobrado dos pais.
Prevenção
Os artigos 70 a 80 do ECA visam prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. Evitar tais situações consiste em um dever de todos. Deste modo, o legislador estatutário colocou a sociedade na função de garantidora.
Considerando que tais disposições objetivam impedir que se prejudique o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes, o descumprimento das normas de prevenção sempre importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica.
Vale lembrar que o rol de obrigações referentes à prevenção previstas pelo ECA não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Prevenção Especial: Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
As regras referentes à prevenção especial visam tutelar o acesso adequado de crianças e adolescentes à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos, e encontram-se previstas nos artigos 74 a 80 do ECA.
A função de regulamentar programas, produtos, diversões e espetáculos públicos é do Poder Público conforme estabelece o artigo 74 do ECA e os artigos 220, § 3º, I e 21, XVI, ambos da CRFB, cabendo aos pais o poder de escolha dos programas televisivos que entendam ser adequados.
O legislador determinou que se fixasse informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária no certificado de classificação, sob pena de infringirem o disposto no art. 252 do ECA. A própriaConstituição instituiu regras e princípios, nos artigos 220 e 21, XVI, que restringem os abusos dessa natureza.
ART. 75
O art. 75 do ECA garante o acesso de qualquer criança ou adolescente às diversões e aos espetáculos públicos considerados adequados, desde que acompanhados de seus pais ou responsáveis.
ART. 76
O art. 76 do ECA, na esteira da CRFB, preceitua que as emissoras de rádio e TV somente exibirão ao público infanto-juvenil programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. E prevê também, instrumentos jurídicos capazes de coibir violações a esta prevenção, como a Ação Civil Pública, Mandado de Segurança e imposição de penalidade pecuniária, por exemplo.
ART. 77
Quanto à venda ou locação de fitas de programação em vídeo, o legislador, preocupado com o risco de sua utilização indevida, determinou, no art. 77, que esses produtos exibam, em seus invólucros, informações sobre a natureza da obra e a faixa etária a qual se destinam, sob pena de responsabilidade, nos termos do art. 256 do ECA.
SAIBA MAIS
Por conta dessa determinação, muitas locadoras de fitas e vídeos se adequaram criando um espaço privativo para as obras consideradas eróticas ou obscenas.
A preocupação do legislador é tamanha que, no parágrafo único, desse artigo, determina que a revista seja vendida em embalagem opaca, quando, na capa da obra, houver mensagem obscena ou pornográfica, ou seja, material com conteúdo impróprio para a criança ou o adolescente.
O art. 79 veda a inserção de fotografias, legendas, crônicas, anúncios de bebidas alcoólicas, cigarros, armas e munições nas publicações destinadas ao público infanto-juvenil, ressaltando que essas obras não poderão se afastar dos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Por fim, o legislador, no art. 80, proíbe a entrada e permanência de criança ou adolescente em locais onde haja exploração comercial como bilhares, sinuca ou congênere etc. (Art. 247 do Código Penal). É importante lembrar que o Estatuto não faz qualquer proibição quanto aos fliperamas, jogos eletrônicos similares em face do caráter lúdico, ausente a ideia de jogo de azar.
Além destes artigos, a prevenção especial é regulada também através de leis e Portarias, como, por exemplo:
Produtos e Serviços
Ao tratar dos produtos e serviços, nos artigos 81 e 82 do ECA, o legislador visou preservar a integridade física e moral de crianças e adolescentes. Para isto, criou algumas restrições com o objetivo de evitar que certos produtos considerados perigosos e inadequados possam ser por eles adquiridos.
Assim, o ECA veda expressamente a venda à criança ou ao adolescente de:
Armas, munições e explosivos
Leia mais: 01
A inobservância deste artigo gera a prática de crime previsto no artigo 16, do Estatuto do desarmamento — Lei 10826/03, quanto à arma de fogo, ao explosivo ou à munição ou crime do artigo 242 do ECA quanto à arma branca.
Bebidas alcoólicas
Leia mais: 02
A Lei 13.106/15 entrou em vigor no dia 18/03/2016 e tornou crime previsto no artigo 243, do ECA, a venda de bebida alcoólica a menor. Antes dela, o STJ considerava a existência de mera contravenção penal.
Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida
Leia mais: 03
Esta proibição possui caráter complementar. A lei 11.343, de 23 de agosto de 2006, que regula as condutas envolvendo as drogas é uma norma penal em branco que depende de portaria do Ministério da Saúde para estabelecer a lista de substâncias que são consideradas entorpecentes e assim permitir a aplicação da referida lei. Deste modo, serão consideradas drogas somente aquelas elencadas como tal por portaria do Ministério da Saúde. Esta lista, entretanto, não abrange todos os produtos nocivos à saúde não mencionando, por exemplo, a cola de sapateiro, o tinner etc. Por essa razão, esta vedação contida no ECA é de suma importância, tendo em vista que abrange substâncias tóxicas não entorpecentes, que estão sujeitas à tipificação quando ocorrer inobservância dessa norma importando, inclusive, na prática do crime previsto no art. 243 do ECA.
Fogos de estampido e de artifício
Leia mais: 04
Exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida, como por exemplo, estalinho. O descumprimento dessa norma importa no crime previsto no artigo 244 do ECA.
Revistas e publicações mencionadas no art. 78 do ECA
Bilhetes lotéricos e equivalentes
O art. 82, do ECA, traz uma norma acauteladora que veda a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, sendo esta permitida somente quando a criança ou adolescente:
A restrição à hospedagem prevista por este artigo visa impedir que crianças ou adolescentes venham a se evadir de suas residências ou mesmo que ocorram situações ainda mais graves que envolvam, por exemplo, a prostituição infantil. Entretanto, como se verá a seguir, o legislador permitiu que o adolescente viaje desacompanhado, mas não permitiu que este se hospede sozinho, gerando uma situação contraditória.
Os artigos 83, 84 e 85 tratam da autorização para viajar. Destacaremos as observações mais relevantes:
ART. 83
O artigo 83, que trata de viagem dentro do território nacional, aplica-se tão-somente às crianças. Dessa maneira, o adolescente pode viajar para outra comarca sem autorização judicial e sem a presença dos pais ou de responsável, sendo desnecessário até mesmo autorização formal dos pais.
Um adolescente não pode ser impedido de embarcar em transporte viário ou aéreo de uma para outra comarca. Muito embora ele não possa se hospedar em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. Quem hospedar o adolescente desacompanhado dos pais ou responsável ou sem a autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, pratica infração administrativa prevista no artigo 250 do ECA.
Quanto à viagem de criança, é necessária, em regra, a autorização judicial, sendo essa dispensável quando a viagem se realizar para comarca contígua à da residência da criança, desde que a comarca esteja incluída na mesma unidade da Federação ou na mesma região metropolitana, ou que a criança esteja acompanhada de ascendente ou colateral maior, até terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco, ou de pessoa maior expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
Ocorrendo a necessidade de autorização para viagem nacional, é parte legítima para requerer o pai, a mãe ou o responsável legal da criança, cabendo ressaltar que o responsável legal é aquele que detém o termo de guarda ou tutela. A Justiça da Infância e Juventude de diversas comarcas estabelecem, por portaria, a regulamentação de viagem de crianças e adolescentes, sempre em obediência ao disposto no ECA.
ART. 84
Quando se tratar de viagem para o exterior, são aplicáveis as normas do artigo 84, tanto às crianças quanto aos adolescentes. É exigida autorização judicial, exceto quando a criança estiver acompanhada de ambos os pais ou responsável ou quando viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro por documento com firma reconhecida.
A vedação da viagem ao exterior em companhia de apenas um dos pais sem autorização do outro visa evitar a prática de descumprimento de decisão judicial que estabelece a guarda do menor. Alguns pais, inconformados com a determinação de guarda em favor do outro, poderia tentar se ausentar do país com o filho, impedindo ou dificultando o cumprimento da decisão judicial, assim como sua punição.
A eventual recusa de genitor a autorizar a viagem pode ser suprimida por autorização judicial, nos termos da lei civil, que estabelece que, em caso de discordância entre os pais, caberá a decisão ao juiz.
Dessa maneira, se injustificável a negativa e se a viagem atender ao real interesse do menor, poderá o juiz autorizar a viagem em companhia de um dosgenitores. Se a recusa, entretanto, for legítima, o juiz não concederá autorização. Exemplifiquemos com o caso de suprimento do direito de visitação do genitor, que não poderia voltar a ver seu filho. Com esse fundamento, já foi negada autorização judicial para viagem do menor ao exterior para moradia.
ART. 85
O artigo 85 determina a prévia e expressa autorização judicial para que adolescente ou criança, nascidos em território nacional, possam sair do país em companhia de estrangeiro residente e domiciliado no exterior. Vimos, anteriormente, que o Estatuto não permite a guarda de menor nacional por casal estrangeiro; dessa maneira, a autorização mencionada no artigo 85 se refere, principalmente, à adoção efetivada por casal estrangeiro.
Cabe indagar se poderia a autoridade judiciária conceder autorização para que criança ou adolescente viajasse ao exterior acompanhado de estrangeiro apenas para visita, como, por exemplo, para estudo durante determinado período, sem caracterização de adoção pelo estrangeiro. Pensamos que não há nenhuma vedação legal, desde que tal medida atenda ao real interesse da criança ou do adolescente.
Em caso de descumprimento do disposto nos artigos 84 e 85, que se referem à autorização para viajar para o exterior, o agente incide na infração administrativa prevista no artigo 251, ou até mesmo na conduta criminosa descrita no artigo 239 (se existe a finalidade de tráfico da criança ou adolescente, com ou sem intuito de lucro).
A Resolução nº 131 do CNJ complementa o disposto no ECA sobre o tema viagem internacional e dispõe que:
ART. 1º
É dispensável autorização judicial para que crianças ou adolescentes brasileiros residentes no Brasil viajem ao exterior, nas seguintes situações:
I) em companhia de ambos os genitores;
II) em companhia de um dos genitores, desde que haja autorização do outro, com firma reconhecida;
III) desacompanhado ou em companhia de terceiros maiores e capazes, designados pelos genitores, desde que haja autorização de ambos os pais, com firma reconhecida.
ART. 2º
É dispensável autorização judicial para que crianças ou adolescentes brasileiros residentes fora do Brasil, detentores ou não de outra nacionalidade, viajem de volta ao país de residência, nas seguintes situações:
I) em companhia de um dos genitores, independentemente de qualquer autorização escrita;
II) desacompanhado ou acompanhado de terceiro maior e capaz designado pelos genitores, desde que haja autorização escrita dos pais, com firma reconhecida.
§ 1º A comprovação da residência da criança ou adolescente no exterior far-se-á mediante Atestado de Residência emitido por repartição consular brasileira há menos de dois anos.
§ 2º Na ausência de comprovação da residência no exterior, aplica-se o disposto no art. 1º.
ART. 3º
Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente brasileiro poderá sair do país em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput deste artigo, aplicando-se o disposto no art. 1º ou 2º:
I) se o estrangeiro for genitor da criança ou adolescente;
II) se a criança ou adolescente, nascido no Brasil, não tiver nacionalidade brasileira.
ART. 4º
A autorização dos pais poderá também ocorrer por escritura pública.
ART. 5º
O falecimento de um ou ambos os genitores deve ser comprovado pelo interessado mediante a apresentação de certidão de óbito do(s) genitor(es).
ART. 6º
Não é exigível a autorização de genitores suspensos ou destituídos do poder familiar, devendo o interessado comprovar a circunstância por meio de certidão de nascimento da criança ou adolescente, devidamente averbada.
ART. 7º
O guardião por prazo indeterminado (anteriormente nominado guardião definitivo) ou o tutor, ambos judicialmente nomeados em termo de compromisso, que não sejam os genitores, poderão autorizar a viagem da criança ou adolescente sob seus cuidados, para todos os fins desta resolução, como se pais fossem.
ART. 8º
As autorizações exaradas pelos pais ou responsáveis deverão ser apresentadas em duas vias originais, uma das quais permanecerá retida pela Polícia Federal.
§ 1º O reconhecimento de firma poderá ser por autenticidade ou semelhança.
§ 2º Ainda que não haja reconhecimento de firma, serão válidas as autorizações de pais ou responsáveis que forem exaradas na presença de autoridade consular brasileira, devendo, nesta hipótese, constar a assinatura da autoridade consular no documento de autorização.
ART. 9º
Os documentos mencionados nos arts. 2º, § 1º, 4º, 5º, 6º e 7º deverão ser apresentados no original ou cópia autenticada no Brasil ou por repartição consular brasileira, permanecendo retida com a fiscalização da Polícia Federal cópia (simples ou autenticada) a ser providenciada pelo interessado.
ART. 10º
Os documentos de autorizações dadas pelos genitores, tutores ou guardiões definitivos deverão fazer constar o prazo de validade, compreendendo-se, em caso de omissão, que a autorização é válida por dois anos.
ART. 11º
Salvo se expressamente consignado, as autorizações de viagem internacional expressas nesta resolução não se constituem em autorizações para fixação de residência permanente no exterior.
Parágrafo único. Eventuais modelos ou formulários produzidos, divulgados e distribuídos pelo Poder Judiciário ou órgãos governamentais, deverão conter a advertência consignada no caput.
Art. 12. Os documentos e cópias retidos pelas autoridades migratórias por força desta resolução poderão, a seu critério, ser destruídos após o decurso do prazo de dois anos.
ART. 12º
Os documentos e cópias retidos pelas autoridades migratórias por força desta resolução poderão, a seu critério, ser destruídos após o decurso do prazo de dois anos.
ART. 13º
O Ministério das Relações Exteriores e a Polícia Federal poderão instituir procedimentos, conforme as normas desta resolução, para que pais ou responsáveis autorizem viagens de crianças e adolescentes ao exterior quando do requerimento da expedição de passaporte, para que deste conste a autorização.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, a Presidência do Conselho Nacional de Justiça poderá indicar representante para fazer parte de eventual Grupo de Trabalho a ser instituído pelo Ministério das Relações Exteriores e/ou Polícia Federal.
ART. 14º
Fica expressamente revogada a Resolução CNJ nº 74/2009, assim como as disposições em contrário.
Estudo de caso
João é pai de Anita, de 10 anos e de Claudia, de 15 anos. Nas férias escolares, o pai decide permitir a viagem de ambas. Anita irá para Disney com a mãe, enquanto Claudia viajará com a tia para um resort na Bahia.
Como deve se dar a autorização dessas viagens? 
GABARITO
A viagem da criança para território estrangeiro, na companhia da mãe, dependerá de autorização por meio de documento com firma reconhecida pelo pai. Já a viagem da filha adolescente dentro do território nacional, independe de qualquer autorização, seja judicial ou dos pais.
Atividades
Questão 1: Joana, mãe de Júlio, criança com deficiência, procura a Secretaria Municipal de Educação para obtenção de vaga para seu filho, no 1º ano do Ensino Fundamental, da rede pública municipal. Ao indagar sobre a existência de vagas, na rede regular de ensino, recebe imediatamente a resposta de que deverá matricular seu filho na única escola especial da cidade, que fica muito distante de sua residência.
Considerando o desejo de Joana, a conduta adotada pelo município:
Não está correta, pois Júlio possui preferencialmente o direito de receber atendimento especializado na rede regular de ensino, ainda que a escola seja distante de sua residência.
Está correta, pois Júlio deverá se matricular na escola pública especial indicada, desde que o município lhe forneça o transporte.
Não está correta, pois Júlio deverá ser matriculado em uma escola especial próxima de sua residência.
Está correta, pois Júlio deverá se matricular na escola pública especial indicada,ainda que o município não lhe forneça o transporte.
Não está correta, pois Júlio possui preferencialmente o direito de receber atendimento especializado na rede regular de ensino próxima de sua residência.
Questão 2: Alice, de 10 anos de idade, moradora de Goiânia (GO), irá viajar para Salvador (BA) e, posteriormente, para o exterior.
Nessa situação hipotética, conforme a Lei n.º 8.069/1990, se estiver acompanhada de um:
Dos pais, Alice precisará de autorização judicial para viajar para Salvador (BA) e para o exterior.
Tio que apresente documento comprovando o parentesco, Alice não precisará de autorização judicial para viajar para Salvador (BA).
Irmão maior de 18 anos que apresente documento comprovando o parentesco, Alice não precisará de qualquer tipo de autorização para viajar para o exterior.
Primo adolescente, Alice poderá viajar para Salvador (BA), independentemente de qualquer tipo de autorização.
Dos pais, Alice não precisará de qualquer tipo de autorização para viajar para o exterior.
Questão 3: De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a autorização judicial para criança viajar será exigida quando:
Tratar-se de viagem para comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana.
A criança viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável.
A criança viajar acompanhada de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco.
A criança viajar acompanhada de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
Questão 4: Um brasileiro com dez anos de idade pode viajar para:
Comarca contígua a da sua residência, localizada em outra unidade da federação, sem a necessidade de autorização judicial ou do representante legal.
Fora da comarca onde reside, sem a necessidade de autorização judicial, desde que acompanhado de colateral até o 3.º grau maior de idade, comprovando-se documentalmente o parentesco.
Fora da comarca onde reside, desde que acompanhado de pessoa maior de idade, sendo necessária a autorização judicial.
O exterior, desde que acompanhado de estrangeiro residente em outro país, sendo necessária apenas a autorização expressa do pai e da mãe.
O exterior, na companhia de um dos pais, sendo necessária a autorização judicial.

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