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Técnicas de Necropsia em pequenos animais

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INTRODUÇÃO
Necropsia ou exame post mortem é o exame externo e interno de um cadáver, com a finalidade de determinar a causa mortis (do grego nekrós = cadáver e ópsis = visão). O exame post mortem de um animal é também designado tanatopsia (do grego thanatos = morte), mortópsia e, erroneamente, autópsia, que significa "visão de si mesmo" (Silva, 1994). 
Entende-se por causa mortis do ponto de vista veterinário, as doenças, os estados mórbidos e as lesões que produziram a morte ou contribuíram para sua ocorrência. Portanto, necropsia é o capítulo da Medicina Veterinária que estuda a morte e todas as alterações com ela relacionadas: tendo como centro o cadáver e, como objetivo, descobrir a causa da morte. A necropsia consiste em apenas uma das várias etapas do chamado "exame tanatológico", que é um conjunto de exames realizados separadamente, mas intimamente coordenados, que têm por finalidade responder à uma multiplicidade de indagações que constituem verdadeiro processo diagnóstico. O exame tanatológico consiste de uma primeira etapa chamada de perinecropsia, onde se enquadram o histórico clínico e histológico do rebanho, da necrospia completa, que consiste na segunda etapa, e de exames complementares como histológico, microbiológico, parasitológico, toxicológico e outros, que constituem a terceira e última parte do exame (Moura, 2012).
Através de um exame tanatológico detalhado e um processo diagnóstico bem conduzido, o médico veterinário poderá obter êxito e a conclusão final almejada. No entanto, nem sempre é possível alcançar o diagnóstico da causa mortis: há os exames denominados "brancos", das chamadas "mortes sem rastro". Entende-se por "necropsias brancas" aqueles casos que não fornecem elementos suficientes para o diagnóstico. Nestes casos, o patologista deve declarar no relatório que não foi possível determinar a causa da morte, que é a única atitude coerente e defensável do ponto de vista científico. Com uma certa freqüência, não se consegue determinar o diagnóstico anátomo-patológico (macroscópico) porque:
a) Não há lesão macroscópica em razão-de exclusiva ação protoplasmática, enzimática ou sobre mediadores químicos do agente;
b) As lesões são inespecíficas e comuns a muitos agentes químicos, físicos, biológicos e até mesmo mecânicos.
Para a realização de um exame necroscópico em condições adequadas, é necessário que certos requisitos sejam preenchidos:
1) O tempo decorrido entre a morte do animai e a necropsia deve ser o "menor possível, para as alterações que ocorrem no cadáver após a morte não se desenvolvam a ponto de dificultar ou mascarar a interpretação das lesões que ocorreram no animal ainda vivo;
2) O ideal é que as necropsias sejam realizadas (de preferência em mesas com escoamento de líquidos e munidas de pias com torneiras de água corrente), embora possam ser realizadas em qualquer local que for possível, dadas as circunstâncias;
3) É imprescindível que as necropsias sejam realizadas em condições de boa iluminação (luz natural ou luz artificial adequada);
4) O veterinário (técnico) e seu auxiliar devem ser adequadamente protegidos;
5) O local e o material empregado devem ser rigorosamente higienizados durante e após a necropsia;
6) A necropsia deve ser sempre realizada em sua plenitude (evitar a realização de "necropsias induzidas") (Silva, 1994).
MATERIAL PARA NECROPSlA
O material a se utilizar em uma necropsia é variável de caso para caso, considerando-se as características das diferentes espécies animais e a própria disponibilidade do material. No entanto, deve-se contar com uma lista mínima de materiais para se realizar uma necropsia adequada, que são:
a) luvas de látex e botas de borracha
b) aventais de plástico ou de pano;
c) facas e tesouras bem amoladas;
d) pinças;
e) enterótomo;
f) costótomo;
g) machadinha;
h) serra manual ou elétrica;
i) fios;
j) réguas métricas;
k) vidros de boca larga com líquidos fixadores (normalmente formol) (Moura, 2012).
PREPARO DO MÉDICO VETERINÁRIO E DO SEU ASSISTENTE
O veterinário e seu assistente devem-se preparar para a realização de uma necropsia de maneira conveniente, para evitar seu possível contágio com algum agente infeccioso e evitar acidentes. Para isso devem, em primeiro lugar, verificar se possuem alguma solução de continuidade na pele que poderá entrar em contato com humores do cadáver em questão (feridas, escoriações, etc.). Se houver, deve-se ter o máximo de cuidado em se proteger ou então, se possível, deixar que outra pessoa pratique a necropsia. Os profissionais envolvidos deverão usar luvas, botas de borracha, macacões, aventais longos e até mesmo máscara, se julgarem necessário, para se proteger. As luvas utilizadas devem ser preferencialmente de látex, justas e finas, para que interfira o mínimo possível no tato de quem as usar. O final da necropsia, o veterinário e seu auxiliar devem realizar uma rigorosa higiene das mãos e, se possível, tomar um banho de chuveiro. As roupas e aventais utilizados devem ser lavados separadamente e de preferência, em soluções anti-sépticas (por exemplo em água sanitária). Por esse motivo, o ideal é que as roupas utilizadas sejam preferencialmente brancas e de uso exclusivo para esse fim.
IMPORTÂNCIA DA NECROPSIA NA MEDICINA VETERINÁRIA
 Auto-avaliação
A necropsia pode ser utilizada pelo médico-veterinário como meio de avaliação do seu desempenho clínico, esclarecendo dúvidas quando o paciente vem aóbito (mortui vivos docent = os mortos ensinam os vivos). Os achados post mortem juntamente com os sintomas clínicos podem confirmar um diagnóstico duvidoso ou fechar o diagnóstico em casos onde o paciente apresentou sintomas inespecíficos, comuns a várias doenças. Nesses casos, a análise histopatológica de material coletado durante a necropsia, muitas vezes é imprescindível para chegar-se ao diagnóstico. Como forma de auto-avaliação, a necropsia constitui uma das maiores e mais despercebidas fontes de aprendizado (UFMG, 2013).
Conduta profilática
A necropsia toma-se imperiosa é uma ferramenta através da qual se obtêm informações anatomo-patológicas e epidemiológicas importantes, que permite ao médico-veterinário traçar medidas sanitárias para evitar a propagação de doenças (UFMG, 2013).
Elevação do conceito profissional
Um profissional capaz de conduzir adequadamente uma necropsia e interpretar corretamente seus achados, tem seu conceito elevado perante o proprietário do animal e perante seus colegas de profissão, por demonstrar interesse, técnica e conhecimento (UFMG, 2013).
 Medicina veterinária legal
O médico-veterinário multas vezes é solicitado para dar seu parecer em situações litigiosas, especialmente quando há suspeita de intoxicações criminosas. Nesses casos, a necropsia é uma ferramenta de grande auxílio, e durante sua execução, deve ser colhido material para exame toxicológico, devendo-se ter cuidado para não tirar conclusões precipitadas (UFMG, 2013).
TÉCNICA DE NECROPSlA
Procedimentos Preliminares
Antes do inicio da necropsia, deve-se fazer a descrição completa do animal de maneira que não haja risco de contestação sobre sua identidade. Essa etapa deve ser realizada antes que a dissecação modifique o aspecto externo característico do animal, e consiste de identificação completa constando espécie, raça, sexo, idade, aspecto de pêlos ou penas quando houver, nome e/ou número de registro, proprietário, procedência, endereço, telefone, data e hora da morte e do início da necropsia. Igualmente, antes de iniciar a dissecação, deve-se recolher com a maior precisão possível, dados referentes ao histórico clínico do animal (início dos sintomas, tipos de sintomas, evolução, número de animais afetados, número de animais ainda sadios, características dos animais doentes, tratamentos utilizados etc.) (Silva, 1994).
 Exame externo
Toda necropsia deve iniciar pelo exame externo, que possui o mais alto valor, independentemente do objetivo final da necropsia. Multas vezes o exame externo fornece orientações,que o exame interno apenas confirma. No campo da anatomia patológica, a presença marcante de alguns tipos de ectoparasitos e o estado ictérico da pele e mucosas, por exemplo, fornecem preciosas indicações. Todos os detalhes observados no exame externo devem ser levados consideração e, em determinados casos, podem responder a questões importantes para elucidar o diagnóstico (Moura, 2012).
A metodologia para execução do exame externo inicia-se por uma inspeção geral do corpo, observando o estado e características da pele e mucosas, o estado nutricional, fazendo-se uma estimativa da musculatura e da adiposidade e o estado da rede ganglionar e do esqueleto. Após esse exame geral, deve-se então proceder ao exame regional, anotando os caracteres observados. Costuma-se adotar a seguinte seqüência: cabeça (boca, narinas, olhos pavilhão auricular), pescoço, tórax, abdome, região genital, região anoperineal e membros. O perito rodeia o corpo do animal e examina a superfície corporal cranial, caudal, ventral, dorsal, lateral esquerda e direita, parte por parte, observando o aspecto, a coloração, as cicatrizes, feridas, manchas, os nódulos e as anomalias e os defeitos anatômicos, atentando também para as alterações cadavéricas. É importante observar a posição do animai após a morte, para diferenciar a congestão ante mortem de livor mortis. As alterações cadavéricas devem ser cuidadosamente observadas e permitem que seja feita uma estimativa da hora da morte, quando esse dado não constar na ficha clínica do animal (Moura, 2012).
Abertura do cadáver e exame das vísceras
A melhor posição do cadáver para abertura é em decúbito dorsal, pois permite a observação dos dois antímeros do animal e a comparação in situ das vísceras. A cabeça do animal deve estar sempre à esquerda do necropsista, a não ser que este seja canhoto. Em primeiro lugar, visando maior estabilidade da carcaça, deve-se incisar as regiões axilares, liberando ligamentos, vasos, nervos e músculos escapulares e costais e logo em seguida as regiões inguinais, desarticulando a cabeça do fêmur do acetábulo. Abrir os membros, equilibrando o animal em decúbito dorsal, se necessário com a ajuda de calços. Se o animal for macho, o próximo passo é a abertura da bolsa escrotal, exteriorizando os testículos e dissecando os funículos espermáticos com a ajuda de uma tesoura, até sua entrada na cavidade abdominal, no forame inguinal (Moura, 2012).
Pele e tecido subcutâneo
Para a retirada da pele, fazer uma incisão longitudinal mediana, da região mentoniana à sínfise isquiática, passando em torno das mamas, nas fêmeas e em torno do prepúcio e escroto nos machos. Nos machos, deve-se rebater o pênis caudalmente. A pele deve ser, então, rebatida com cuidado até o ponto mais distante possível em direção ao dorso, devendo ser totalmente dissecada do cadáver quando for necessário o exame da coluna vertebral. Neste momento, observam-se as alterações do tecido subcutâneo, seus vasos, músculos e linfonodos superficiais (Moura, 2012).
Cavidade abdominal 
Após a retirada da pele, inicia-se a abertura da cavidade abdominal no plano sagital mediano. Pinçar a linha branca, tracionando-a para cima e incisar cuidadosamente a parede abdominal ventral da cartilagem xifóide ao umbigo, ocasião em que se observa eventual presença de líquido ascítico, que, quando presente, deve ser avaliado no que diz respeito ao seu volume, coloração e turgidez. Prossegue-se coma abertura da cavidade prolongando a incisão até a sínfise púbica e completando a abertura com uma incisão da parede abdominal rente ao último arco costal, cranialmente, e na região inguinal, caudalmente, com cuidado para evitar a perfuração de algum segmento gastrintestinal ou da bexiga e para não seccionar o funículo espermático no forame inguinal. Concluída a abertura, deve-se ter o cuidado de observar a posição normal ou anormal dos órgãos (os deslocamentos ocorridos ante mortem, em geral, são acompanhados de hemorragias e, ou, necrose de segmentos deslocados), o aspecto da serosa peritoneal (alterada nos casos de peritonite), as aderências e eventuais perfurações ou rupturas ante mortem. Deve-se ter em mente que as perfurações ou rupturas post mortem têm geralmente bordas definidas, não hemorrágicas, com pequena dispersão de conteúdo e sem inflamação peritoneal. As vísceras abdominais devem ser manuseadas e retiradas com cuidado, evitando ruptura (Silva, 1994).
Retirar o epíploo juntamente com o baço (separadamente apenas nos ruminantes, onde o baço é retirado com o rúmen) com cuidado para não retirar o pâncreas. Separá-los e examinar o epíploo, verificando-lhe a cor o aspecto e a transparência. Deposição de fibrina e cistos parasitários. Observar o volume, a cor, a consistência e o aspecto geral do baço. A seguir, realizar cortes transversais e notar a disposição das polpas branca e vermelha. Retirar o conjunto estômago-fígado-duodeno-pâncreas.
Seccionar o estômago seguindo a curvatura maior. Observar, na serosa, cor, aspecto, forma e estado dos vasos. Na mucosa, observar cor, aspecto, espessura da parede, e, no conteúdo, cor, aspecto, viscosidade, parasitas e corpos estranhos.
Fazer ligaduras duplas no duodeno, ao nível da porção caudal do pâncreas e no reto. Seccionar entre as ligaduras e separar o intestino do mesentério em todo seu comprimento, cortando rente às alças com uma tesoura de ponta romba (cuidado com a porção espiralada do cólon). Retirar os intestinos, dispondo-os sobre a mesa em ziguezague, e observar, na serosa, a coloração, aspecto e forma dos vasos intestinais, e na secção, cor e aspecto da mucosa, espessura da parede e conteúdo (cor, aspecto, parasitas e corpos estranhos).
Seccionar longitudinalmente o duodeno, sem separá-lo do fígado. A seguir, comprimir a vesícula biliar e examinar se existe obstrução do colédoco (se a bile flui no duodeno).
Seccionar o f[gado nos diversos lobos, observando o volume do órgão como um todo, a coloração, o aspecto das bordas e a superfície, de corte. Seccionar a vesícula biliar e observar-lhe o contendo e a mucosa, assim como a espessura de sua parede.
Abrir a veia cava caudal e a veia porta com o auxílio de uma tesoura.
Seccionar o pâncreas transversalmente e examiná-lo pormenorizadamente (Moura, 2012).
Aparelho geniturinário
Separar os rins e adrenais do tecido adiposo periférico por dissecação romba, individualizando os ureteres com cuidado para não seccioná-los e seccionando os vasos renais. Posteriormente, e com muito cuidado, abrir a artéria mesentérica cranial e suas ramificações. Utilizando costótomo ou machadinha, seccionar o ramo acetabular da púbis, alcançando o forame obturador. Seccionar, então, o arco isquiático, possibilitando assim a retirada do arcabouço ósseo do assoalho da pelve. Outra alternativa é a desarticulação da sínfise isquiática com o auxílio de uma faca ou serra. Retirar o conjunto geniturinário e o reto, inclusive com a genitália externa, ânus e região perineal. Seccionar longitudinalmente os órgãos ocos e tubulares (reto, ureteres, uretra, bexiga, vagina, cérvix, útero, cornos uterinos e tubas uterinas) e, transversalmente, os órgãos maciços. Os rins devem ser cortados longitudinalmente pela sua parte convexa, retirando-se, em seguida, a cápsula Observar pormenorizadamente cada órgão quanto à cor, volume, consistência, aderência da cápsula, renal, aspectos das superfícies externa e de corte, etc (Moura, 2012).
Cavidade oral e região cervical
Seccionar o assoalho da cavidade oral, rente à face interna da asa da mandíbula. Tracionar a língua, desarticular os ossos hióides, identificar as tonsilas e realizar um corte em "V" no palato mole para retira-las. Em seguida, identificar a tireóide e as paratireóides e rebater todo o conjunto•línguaesôfago-traquéia até a entrada desta na cavidade torácica (Moura, 2012).
Cavidade torácica
Seccionar as articulações costocondrais, retirar o externo e observar, na cavidade torácica, a ocorrência de distopias, aderências e líquidos na cavidade pleural e pericárdica.No plastrão esternal pode se observar o timo, em animais jovens, e ainda deposição de fibrina e exsudatos, quando ocorre pleurite exsudativa. Seccionar os ligamentos mediastínicos anteriores e tracionar o conjunto línguaesôfago-traquéia pulmão-coráção, retirando-os da cavidade torácica. Separar o esôfago da traquéia até sua posição inicial e abrir cada órgão, seccionando a traquéia longitudinalmente até os brônquios. A língua, as tonsilas, a tireóide e as paratireóides devem ser seccionadas transversalmente. Observar pormenorizadamente cada órgão com relação ao aspecto, volume, cor, forma, consistência, etc. Verificar com atenção os pulmões. Se sua superfície externa estiver muito lisa e brilhante, suspeita-se que ele não tenha retraído normalmente à abertura da cavidade torácica (congestão e edema pulmonar? Pneumonia?) Observar também a coloração, a consistência e a crepitação. Seccionar atentamente os lobos pulmonares e os linfonodos mediastínicos e bronquiais. Pinçar a extremidade do pericárdio, na região do ápice cardíaco, e fazer um corte com uma tesoura romba observando o conteúdo do saco pericárdico. Em seguida, retirar o coração do saco pericárdico e seccionar os grandes vasos. Comparar o diâmetro longitudinal do coração com seu diâmetro transversal e verificar cor e consistência. A dilatação e a insuficiência cardíacas tomam o diâmetro longitudinal do coração menor ou igual ao transversal, além de deixa-lo flácido e globoso (Moura, 2012).
Abertura do Coração: 
Com o uso de uma faca, efetuar um corte passando pela base das aurículas até o ápice do coração. Com tesoura, prosseguir o corte até as veias pulmonar (átrio esquerdo) e cava (átrio direito) e até as extremidades das aurículas. Em seguida, ainda com tesoura, seccionar a parede dos ventrículos do ápice do coração até a emergência das artérias aorta (ventrículo esquerdo) e pulmonar (ventrículo direito), seguindo o sulco paraconal (por onde passam os vasos cardíacos e para onde as extremidades das aurículas apontam). Com o coração corretamente aberto, verificar a espessura das paredes em relação ao tamanho das câmaras cardíacas; observar coágulos, manchas ou granulações no endocárdio e nas válvulas. Examinar, também, os septos interatrial e interventricular, procurando-localizar anomalias (intercomunicações). Quebrar uma ou mais costelas para a avaliação da resistência óssea. Seccionar uma costela longitudinalmente, próximo à articulação costocondral, a fim de examinar a cartilagem de crescimento, a medula óssea e a espessura do periósteo (Silva, 1994).
Articulações 
Desarticular as articulações, particularmente aquelas relacionadas com algum distúrbio de locomoção porventura mencionado na história clínica. Observar o líquido sinovial, a cápsula articular e as superfícies das cartilagens epifisárias dos ossos envolvidos (MOURA, 2012)
Cavidade craniana e encéfalo
Realizar a desarticulação atlantoccipital, localizando o ponto exato da articulação colocando o dedo na região e mexendo a cabeça do animal.
Seccionar os músculos e ligamentos e promover a extensão da articulação, empurrando o focinho do cadáver de encontro às suas costas. No momento da desarticulação, escoa espontaneamente o liquido cefalorraquidiano que deve ser examinado prontamente (Moura, 2012)
Seccionar a pele no sentido longitudinal, da nuca ao focinho, rebatendo-a lateralmente. Remover os músculos e tecidos moles. Traçar urna linha imaginária imediatamente após as apófises supra-orbitárias dos ossos frontais, unindo o extremo caudal de um olho ao outro e seccionar utilizando um escopro e um martelo ou uma serra. Seccionar os ossos temporais e o occipital, unindo lateralmente as extremidades da secção anterior ao forame magno. Retirar a calota craniana, puxando com um pequeno gancho ou fazendo o escopro de alavanca. Utilizando pinça e tesoura, seccionar longitudinalmente e rebater lateralmente a dura-máter, certificando-se de que a porção de meninges entre o cérebro e o cerebelo tenha sido retirada (Moura1012)
Virar a cabeça do animal, de modo que o encéfalo fique por baixo. Assim, aproveitando a força da gravidade, seccionar cautelosamente a emergência dos nervos cranianos, retirando o encéfalo da cavidade craniana.
Fazer cortes transversais no cérebro, bulbo e cerebelo. Se houver suspeita de raiva, colher fragmentos do cérebro, cerebelo e, mais especificamente, do hipocampo. Deve-se colher também, na oportunidade, o gânglio trigeminal, localizado na fosseta de Meckel e recoberto pelo pericrânio que forma o diafragma hipofisário (Silva, 1994).
Canal medular e medula espinhal
Em casos com suspeita de lesão medular (paralisia de posteriores, por ex.) torna-se necessário o exame da medula espinhal. Para a abertura do canal medular, deve-se desarticular todos os membros, posicionar o cadáver em decúbito ventral, retirar os tecidos moles que envolvem a coluna vertebral e seccionar as costelas próximo às vértebras, isolando dessa forma a coluna vertebral do resto da carcaça. Seccionar as vértebras, paralela e longitudinalmente, de maneira que possam ser retirados o processo espinhoso e o teto do arco vertebral (o ideal é que se utiliza serra manual nesse procedimento). Seccionar cautelosamente a saída dos nervos espinhais, próximo aos forames intervertebrais e retirar a medula. No exame externo da medula, observar presença de manchas, hemorragias, aumentos de volume, amolecimentos, cor e aspecto. Observar o canal medular quanto à presença de hemorragias e estreitamento. Seccionar transversalmente a medula, observando na superfície de corte, a ocorrência ou não de manchas, amolecimentos, hemorragias, etc (Silva, 1994).
RELATÓRIO DE NECROPSIA
O relatório de necropsia deve ser escrito de maneira mais objetiva possível, de modo a fornecer uma visão aproximada das lesões encontradas. Ao relatório de necropsia, deve ser anexada a ficha clinica ou um sumário do quadro clínico e os resultados de exames laboratoriais, se estes forem realizados. A necropsia deve ser realizada de tal modo que órgãos ou lesões não sejam omitidos. É importante que se descreva toda e qualquer lesão encontrada à medida que o órgão ou sistema esteja sendo observado, justamente para se evitar descrições incorretas ou incompletas ou até mesmo as omissões (Nogueira, 2011).
 Importância do relatório de necropsia
O relatório de necropsia é importante para o médico-veterinário pelas seguintes razões, entre outras:
1) Estimula a continuação da educação profissional. Os registros contidos no relatório podem ser utilizados para relembrar aspectos interessantes de casos anteriores e ajudar na correlação entre os achados clínicos e post mortem.
2) Um bom relatório de necropsia serve como base para trabalhos científicos e pode acrescentar muito no valor das publicações relacionadas com a experiência clinica e também no registro de casos individuais.
3) Trata-se de informação oficial no requerimento do prêmio de seguro do animal morto, em casos de animais segurados, e no processo judicial, quando há suspeita de envenenamento criminoso.
4) O relatório serve como informação essencial para a interpretação dos achados histológicos, especialmente se a leitura das lâminas for realizada por um patologista que não teve acesso à necropsia. A descrição acurada dos achados macroscópicos pode ser decisiva no estabelecimento do diagnóstico ou mesmo para determinar a importância relativa das lesões (Nogueira, 2011).
Método de descrição dos achados macroscópicos
O princípio mais importante que deve-se ter em mente ao relatar uma necropsia, e curiosamente o mais difícil de ser seguido, é ser objetivo. Embora o objetivo final da necropsia seja o diagnóstico, o relatório deve conter uma descrição clara das lesões observadas, podendo, no final, ser feita a interpretação. É importante lembrar que a descrição da lesão não pode ser omitida assim como a interpretação desta também não. A pessoa, que está relatando a necropsia deve evitar citar o nome da lesão (por ex: enterite hemorrágica aguda!) e sim,descrever suas características (como, por exemplo, nesse caso: mucosa moderadamente avermelhada, espessada e recoberta por grande quantidade de material mucoso tingido por sangue). O problema que surge na hora da descrição de um achado é a questão de como fazê-lo com base na percepção sensorial. O número de percepções sensoriais é muito elevado, porém apenas alguns são importantes, mas a seleção do que é "importante" é uma arte que se adquire com a aprendizagem (experiência). No processo de aprendizagem, a atenção é fundamental para que se possa identificar os fenômenos pouco importantes na aparência, mas cruciais para efeito de diagnóstico, e para isso é preciso muito treino (Nogueira, 2011).
Cada sentença do relatório deve ser revista de modo crítico, de forma a permitir que a descrição final retrate claramente o que foi visto. Para treinamento da técnica de descrição da lesão, os vários aspectos listados a seguir são importantes e devem ser observados de acordo com cada caso especifico:
1) Posição: relação do órgão examinado com os outros órgãos e estruturas vizinhas. O exame da posição dos órgãos deve ser realizado com estes ainda na sua localização "in situ'”, evitando-se desta forma a evisceração de forma desorganizada. Deve-se relatar a ocorrência das distopias orgânicas (ex. rim pélvico hérnia diafragmática) e de aderências com estruturas adjacentes, quando houver.
2) Forma: com relação à forma, sempre se utiliza como referência o órgão normal. Deve-se observar a forma ou mesmo a falta de forma definida de um órgão ou lesão. Desvios frequentes de forma são as lobulações, anormais congênitas no pulmão, baço e fígado e as cicatrizes fibrosas.
3) Tamanho: medição acurada das dimensões dos órgãos e lesões, expressas no sistema métrico. Geralmente, pode-se comparar o tamanho dos órgãos, comparando-os com o órgão normal, e naturalmente, a largura, o comprimento e a altura constituem medidas apenas indicativas, devido ao polimorfismo dos diversos órgãos. O exato tamanho do órgão só é obtido medindo seu volume por meio do volume de água deslocado. As alterações focais dos órgãos (ex.: metástases tumorais) devem ser expressas sempre em centímetros, considerando inclusive sua dimensão espacial (ex.: 7x4x5 cm). As comparações com frutas (maçã, laranja) e alimentos (ervilha, ovo), apesar de válidas, são menos precisas, em razão da variação de tamanho, e devem ser evitadas.
4) Peso: o peso do animal e dos órgãos deve ser obtido, senão através de pesagem em uma balança, pelo menos através de uma estimativa. O peso do órgão avaliado pode ser comparado com o peso do órgão normal. No entanto, as limitações para este critério de avaliação são multas, uma vez que o peso varia com a idade, espécie, raça e até mesmo com o sexo do animal. Mesmo assim, é prudente que o veterinário tenha em mente um referencial a respeito dos pesos médios dos diversos órgãos nas diferentes espécies, para ter pelo menos uma idéia do que é normal para determinado animal.
5) Cor: o reconhecimento. da cor é primordial durante a realização de uma necropsia, e deve ser avaliado tonalidade, gradação e distribuição da cor nas várias estruturas. Além disso, devem ser considerados a transparência e o brilho.
6) Consistência e Textura: podem ser percebidos através da observação e palpação.
7) Odor: observar odores distintos de tecidos, estruturas e conteúdos de órgãos tubulares. Odores característicos como acetônico (na acetonemia),
amoniacal (uremia) e pútrido (gangrena) são dados de diagnósticos muito significativos.
8) Superfície Externa e de Corte: ao exame da superfície externa e de corte, deve-se observar o aspecto a coloração, o conteúdo de sangue, a consistência e a presença de substância estranhas. Deve-se observar a aparência da superfície exposta, especialmente de órgãos como fígado, baço e rito, logo após a secção.
9) Conteúdo: a quantidade e natureza do conteúdo de estruturas como sacos pleurais, trato gastrintestinal, vesícula biliar, bexiga, cavidades abdominal e pericardial, etc., devem ser cuidadosamente observadas e registradas no relatório de necropsia. Em alguns casos, como por exemplo em suspeitas de intoxicações, o conteúdo do estômago e intestinos e devem ser enviados para exame toxicológico, assim como fragmentos de outros órgãos (ex.: fígado e rim).
10) Órgãos tubulares: deve-se indicar a amplitude da cavidade ou da luz, ressaltando a existência de estreitamento ou outras anormalidades que possam afetar a função, a espessura e consistência da parede, o aspecto da superfície interna (mucosas), assim como seu conteúdo (Nogueira, 2011).
Terminologia usada na descrição das lesões
Descrever alguma coisa seguramente requer muito mais arte do que ciência, embora a arte possa ser adquirida e melhorada através do estudo e da prática. Em anatomia patológica, certos padrões aparecem com muita freqüência, o que explica a repetição comum nas frases que os descrevem nos relatórios. A seguir se apresenta uma lista de palavras e frases comumente usadas pelos patologistas na descrição dos achados de necropsia, de acordo com as características das lesões:
1) Consistência e Textura: dura, firme, compacta, cede à pressão dos dedos, friável, quebradiço, dilacerável, mole, gelatinosa, mucóide, caseosa, crepitante, túrgida, viscosa ou pegajosa, adesiva, arenosa, granular, maleável, pulposo ou medular (alguns carcinomas), pastoso, liquefeito, etc.;
2) Forma: ovóide, esférica, cônica, elíptica, triangular, quadrada, achatada, nodular, lobulada, tortuosa, discóide, pontilhada, crateriforme, bulbosa, cuneiforme, fusiforme, filiforme, rendada, espiralada, entrelaçada, fungóide, etc.;
3) Cor: usar a palavra precisa na designação da cor, indicando o grau, a distribuição e dando os qualificativos corno: escuro, brilhante, claro, pálido, manchado, pontilhado, listrado. Numerosas expressões que tentam combinar o espectro e a intensidade da cor de um órgão podem ser utilizadas, como: amarelo-esverdeado, amarelo-amarronzado, azulado, avermelhado, vermelhoclaro, vermelho-escuro, negro, etc,;
4) Superfície: com pêlos, ulcerada, coberta com exsudato (especificar tipo de exsudato), lisa, rugosa, erodida, escavada, elevada, abaulada, deprimida, brilhante, opaca, ondulosa, áspera, escamosa, etc.;
5) Estruturas tubulares: patente, dilatada, -obstruída, diverticulada, ramificada, comunicante, tortuosa, etc.; estreitada,
6) Tamanho da lesão: registrar sempre no sistema métrico, mesmo que seja uma estimativa (Nogueira, 2011).
COLETA COMPLEMENTARES E PRESERVAÇÃO DE MATERIAL PARA EXAMES
Durante a necropsia, muitas vezes há necessidade de coleta de material para exames complementares, sobretudo para exame histológico. Para tal, certos preceitos devem ser seguidos, visando á melhor conservação do material. Os fragmentos de tecido coletados para exames complementares, devem dentro do possível, seguir o seguinte protocolo:ser obtidos o mais rapidamente possível após a morte do animal; possuir dimensões apropriadas e superfícies paralelas. Para exame histológico, geralmente as dimensões ideais são de aproximadamente 0,5 a 1,0 cm de espessura por 2,0 a 3,0 cm de comprimento e 1,0 a 2,0 cm de largura; não ser manuseados, esmagados, entortados ou traumatizados; ser colocados em vidros de boca larga com um volume de fixador correspondente a 20 vezes o volume dos fragmentos; na medida do possível, devem-se coletar porções patológicas e aparentemente normais no mesmo fragmento; ser corretamente fixados (Silva, 1994).
O fixador de eleição em função da boa preservação, baixo custo, facilidade de obtenção e preparo é o FORMOL a 10%. Para o preparo dessa solução, utilizase a formalina comercial a 40% diluída em água nas seguintes proporções: uma parte de formalina a 40% e nove partes de água. Outras soluções fixadoras como o líquido de BOUIN e ZENKER, preservam ainda melhor os fragmentos de tecidos mas são normalmente utilizados apenas em casos especiais por serem mais caras e pouco acessíveis. Nas suspeitas de intoxicação, o material paraexame toxicológico deve ser acondicionado em frascos de boca larga com solução fixadora hermeticamente fechados e identificados. O material destinado a exames microbiológicos deve ser colhido sob condições de assepsia, e a superfície do órgão em que vai-se colher o material deve ser cauterizada, ao menos com uma lâmina quente. Para conservação do material, deve-se utilizar refrigeração em temperatura de O a 4°C, obtida com a colocação dos frascos ou das embalagens plásticas em recipientes contendo gelo, evitando-se o contato direto do gelo com o material. Pode-se optar também, pela utilização de soluções a base de glicerina e água destilada (líquido de Vallé) (Silva, 1994).
Como complemento da necropsia, todos os processos técnicos podem ser, empregados para o esclarecimento de determinado caso, e as indicações dos exames adicionais varia de caso para caso, não se podendo prever quais e quantos. Com muita freqüência, devem ser realizados exames histológicos. Quando o exame histológico for fundamental para o esclarecimento da causa mortis, não há como evitá-lo. No entanto, na visão de anatomopatologistas de renome, este exame deve ser feito sistematicamente, em todos os casos, devendo-se colher fragmento para análise histológica de todas as lesões encontradas, afirmando-se que um serviço de tanatologia sem laboratório de histologia anexo é deficiente e inadequado (Silva, 1994).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOURA, V. M. B. D. Roteiro de necropsia e colheita de material para laboratório. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. 2012. 
NOGUEIRA, R. H. G. Subsídios para a elaboração do relatório de necropsia. Belo Horizonte - M.G." Escola de Veterinária da UFMG. 2011. 
SILVA, J. C. P., VILÓRIA, M. I. V. Necropsia em medicina veterinária. I Universidade Federal de Viçosa. Viçosa - MG. Imprensa Universitária, 1994
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. SAIBA PORQUE A NECROPSIA É TÃO ÚTIL NA MEDICINA VETERINÁRIA. Escola de Veterinária. 05 de Junho de 2013.

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