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Tese do Artigo 92

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Prévia do material em texto

A INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 92 DO CÓDIGO 
PENAL. EFEITOS ESPECÍFICOS DA 
CONDENAÇÃO.PERDA DE CARGO-CASSAÇÃO 
DE APOSENTADORIA.
 ELIANE ALFRADIQUE
Juíza de Direito no Rio de Janeiro 
Mestre em Direito Constitucional
Doutorada em Direito Penal e Processual Penal UGF/RJ
O artigo 92 do Código Penal indica quais os efeitos da condenação criminal que 
dependem de declaração judicial: a perda de cargo, função pública ou mandado 
eletivo; a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela; e a 
inabilitação para dirigir veículo. Tais efeitos eram considerados antes da Reforma 
Penal de 1984, como “penas acessórias”. A lei exige taxativamente que os efeitos, 
caso aplicados, constem da sentença ou acórdão, fundamentadamente.Quer 
dizer que não bastam os requisitos objetivos previstos (crime funcional e pena 
superior a quatro anos; crime contra filho; tutelado ou curatelado, punível com 
reclusão; utilização de veículo como meio para prática de crime doloso); cumpre 
examinar a conveniência no caso concreto, já que estas sanções jurídicas “não 
guardam cunho (índole) retributivo” e estão presididas pela finalidade de 
prevenção, à medida que inviabilizam a manutenção de situações que propiciam a 
prática de fatos delituosos”. 
Quanto à perda de cargo ou função pública é efeito de natureza administrativa da 
condenação criminal. A perda do mandado eletivo tem natureza política. Em ambos 
os casos é cabível a declaração judicial desses efeitos. A aplicação com resultado 
prático desses efeitos da condenação não é automático, nem depende tão somente 
desses elementos objetivos. Ao motivar obrigatoriamente a imposição de perda de 
cargo, função ou mandato eletivo, o juiz tem que fundamentar na sentença ou 
acórdão, para fazer valer tão grave sanção, sob pena de nulidade da decretação de 
qualquer das penalidades elencadas no art. 92. Realçamos que os efeitos do art. 92 
do CP são de natureza administrativa, portanto prescritíveis (Lei nº 7209/84). 
Quando esses efeitos eram considerados penas acessórias até a reforma 
legislativa de 1984, os efeitos da condenação eram imprescritíveis. 
Impende ressaltar que tais sanções são numerus clausus, taxativas, não se 
permitindo ampliação, como, aliás, querem dar ao art. 92. Por exemplo, cito a 
cassação de aposentadoria. Não é efeito da condenação. Impossível acrescer ao art. 
92 pena não prevista pelo legislador. Se assim o fosse, estaria a Administração 
Pública legislando, indo além dos saltos. A aposentação é direito conquistado a cada 
dia de serviço prestado durante anos de contribuição à Instituto de Previdência. A 
cada dia de trabalho na fase adulta do homem, adiciona-se mais um desconto em 
folha de pagamento, até completar tempo para chegar à aposentação. Cassar a 
1
aposentadoria já constitui ato de extrema crueldade com o cidadão. A 
aposentadoria não pertence á Administração, a ela pertence o direito de decretar a 
perda de cargo, função, mandado eletivo, o mais é direito conquistado duramente 
depois de 30 ou 35 anos de serviço. Ademais, há que a Administração se ater à lei 
pertinente. Dela não poderá se eximir. Citamos, v.g, a LOMAN (Lei Orgânica da 
Magistratura) que não prevê em seu art. 42, a cassação de aposentadoria. Como a 
Lei que rege o Ministério Público, que admite textualmente a prescrição dessa 
cassação. A Lei que rege os Procuradores do Estado é outro exemplo. A Lei Federal 
nº 8.112/90, a que se subordinam os funcionários públicos em geral, que prevê a 
cassação da aposentadoria, sem dispor sobre a prescrição do efeito da cassação, 
entendo-a inconstitucional e nosso entendimento se baseia em fatos lógicos. A 
uma, por se tratar de desconto mensal realizado pelo beneficiário, cumulativo, de 
contribuições a uma instituição durante certo e longo tempo. A duas, porque não 
tem a Administração intervenção nesta esfera, ultrapassa sua atribuição ou 
competência, ingerindo-se numa área que não lhe pertence por direito; não lhe 
cabe, não lhe toca. A Administração pode decretar a perda de cargo (sempre 
fundamentadamente na sentença ou acórdão), função pública, mandato 
eletivo, mas ir além é negar todo arcabouço jurídico, toda a lógica jurídica, cujo 
relevo está pré-figurado na Constituição da República, que tenta ser protetora dos 
direitos e garantias individuais. Além disso, o Código Penal Brasileiro tutor das 
penalidades e especificamente no artigo 92, não prevê essa expiação. Urge uma 
Reforma Legislativa em relação ao assunto, o que sugerimos por absoluta 
propriedade, de perdido o cargo, a função, o mandado eletivo, resta a quem 
contribuiu para um Instituto Previdenciário durante uma vida inteira, que mantenha 
a sua remuneração a título de inatividade. 
Cumpre observar que os efeitos da condenação criminal decorrem de lei. Embora se 
produzam na esfera das relações extrapenais, tratam-se de efeitos penais, porque 
previstos na lei penal. Inegável sua natureza constrangedora, acarretando restrição 
ou perda de direitos. Por isso mesmo é que o rol do artigo 92 é taxativo, sendo 
vedado ao Juiz da condenação estender o significado da lei penal, que tem, na 
taxatividade e certeza, corolários do princípio da legalidade.
Afronta o princípio da reserva legal, de histórica previsão em nosso ordenamento 
constitucional e infraconstitucional, haja vista a regra do artigo 1º do Código Penal, 
que assim estabelece:
“Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal.” (grifamos)
O jurista Dalmo Dallari1, considera que “ só podem ser aplicadas as penas previstas 
na lei penal, como prisão e multa, e, que a cassação da aposentadoria não é pena 
prevista na lei penal.E, nem se diga que é sucedâneo da perda de cargo, pois não é 
admitida a interpretação extensiva com o fim de gerar prejuízo para a parte.”
1 DALMO DALLARI, Previdência e Dignidade Humana", In: 
Previdência ou Imprevidência, Porto Alegre: AJURIS, 2001.
2
 Não destoam as opiniões de MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO2, DIÓGENES 
GASPARINI3 e LUÍS ROBERTO BARROSO,4 respectivamente:
 ‘Ficamos com a posição dos que, como Hely Lopes Meirelles (1996/589), 
entendem que, no silêncio da lei, a prescrição administrativa ocorre em cinco anos, 
nos termos do Decreto-lei 20.910’ (Direito Administrativo, p. 487).5
Ao revés, teria a Administração Pública o poder absoluto sobre os 
administrados, constituindo-se no verdadeiro :”Summa jus, summa injuria” . 
Na lição lapidar do Prof. Dalmo Dallari “a aposentadoria é o juízo final do 
servidor público”.
 O brocardo latino “Fiat Justitia, Pereat Mundus’ (faça justiça, ainda que o 
mundo pereça) não é uma máxima entre nós. Usando as palavras do Exmo. Carlos 
Maximiliano,6 "O excesso de juridicidade é contraproducente; afasta-se do objetivo 
superior das leis; desvia os pretórios dos fins elevados para que foram instituídos; 
faça-se justiça, porém do modo mais humano possível, de sorte que o mundo 
progrida, e jamais pereça".
- Após decorridos 05 (cinco) anos não pode mais a Administração Pública anular ato 
administrativo gerador de efeitos no campo de interesses individuais, por isso que se 
opera a decadência. Segurança Concedida.”(EDRESP 120229)7
A Lei n. 9.784/99 revoluciona a forma de relacionamento da Administração Pública 
com os administrados no âmbito da União. Redigida em linguagem simples, a Lei 
detalha os princípios aplicados ao processo administrativo (Art. 2º), os direitos e 
deveres dos administrados (Art. 3º e 4º), proíbe a recusa sem motivação de 
documentos ou solicitações dos particulares (Art. 6º, § único), impõe o dever da 
Administraçãode decidir as pretensões dos administrados de forma expressa (Art. 
48), adota a gratuidade como regra do processo administrativo (Art. 2º, § único, XI), 
estabelece o prazo de cinco anos como marco fatal para o decaimento do 
direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram 
efeitos favoráveis para os destinatários (Art. 54), disciplinando ainda a 
instrução, os prazos, a forma e lugar dos atos do processo ordinário, inclusive as 
hipóteses de suspensão e impedimento dos agentes públicos e as formas de recurso 
e revisão das decisões administrativas. 
Mas se a respeito desse assunto pudesse haver alguma dúvida, o parecer do ilustre 
Ministro Néri da Silveira,8 Presidente do STF, quando exercia o cargo de Consultor-
2 MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, Direito Administrativo. Ed. Atlas: São Paulo, 2001, 
p. 596). 
3 DIÓGENES GASPARINI, Direito Administrativo, 5ª ed., Saraiva, 2000.
4 LUIS ROBERTO BARROSO,
5 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, p. 487.
6 Carlos Maximiliano,
7 EDRESP 120229.
8 Ministro Néri da Silveira, Presidente do STF, quando exercia o cargo de Consultor-
Geral do Estado do RS (Parecer n° 7, publicado no D.O. Estado do RS em 
3
Geral do Estado do RS (Parecer n° 7, publicado no D.O. Estado do RS em 
24/09/1965), seria suficiente para afastá-la de forma incontestável. Aquele parecer 
examina as pensões que, mesmo sem base legal, foram percebidas por viúvas e 
filhos de Ministros, de Auditores e de Procuradores do Egrégio Tribunal de Contas do 
Estado do RS. O art. 322 do então Código de Organização Judiciária não autorizava a 
concessão das pensões, mas elas assim mesmo foram outorgadas. Examinando em 
profundidade o problema, o ilustre jurista conclui, com respaldo na melhor doutrina 
do Direito Administrativo, pela manutenção das pensões, apesar de não terem 
suporte legal, atento ao princípio da boa-fé e da segurança jurídica. O caso é muito 
significativo porque demonstra que, muitas vezes, nem a Administração, nem 
qualquer outro órgão público devem voltar atrás para decretar o anulamento de atos 
que já produziram os seus efeitos. No caso objeto do parecer, apesar da ilegalidade, 
pois inexistia suporte legal à concessão das pensões, os atos foram mantidos. O que 
dizer, então - como na hipótese dos autos - de ato praticado com transparência, em 
atenção às necessidades extraordinárias do serviço público? Tudo indica que não é o 
caso de decretar qualquer nulidade, até porque ela inexistiu."
 A Lei Federal n. 9.784/99 estabelece o prazo decadencial de cinco anos para a 
invalidação administrativa dos provimentos ampliativos que não estejam 
prejudicados pela má-fé do beneficiado. O prazo é contado da data de expedição do 
ato ou, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, da percepção do primeiro 
pagamento.
Sob outro giro verbal, arremata o eminente Ministro do Supremo Tribunal Federal, 
Moreira Alves,9 na ocasião em que relata o MS n. º 20.069/1976, no seu voto 
vencedor, defendendo a tese da prescritibilidade das pretensões, in verbis:
“O que implica dizer que, para haver exceção a esse 
princípio, é necessário que venha ela expressa em 
texto legal. E isso não ocorre com a falta de que se 
trata nos autos. Por outro lado, em se tratando de 
interpretação extensiva, como se trata, ela se aplica 
até às normas que integram o denominado ‘ius 
singulare’ uma vez que, a partir de Helfert10, em 
1847, a doutrina vem acentuando que, no terreno 
dessas normas, só não se pode utilizar da analogia. 
(...) em matéria de prescrição em nosso 
ordenamento jurídico, inclusive no terreno do direito 
disciplinar, não há que se falar em “ius singulare”, 
uma vez que a regra é da “prescritibilidade”. 
(originais sem grifo)
“Em face do que se apontou sobre a diferença entre prescrição e decadência, verifica-
se facilmente que a perda da possibilidade de a administração prover sobre dada 
matéria em decorrência do transcurso do prazo dentro do qual poderia se manifestar 
24/09/1965).
9 Ministro Moreira Alves, MS n. º 20.069/1976
10 HELFERT, 1847.
4
não se assemelha à prescrição. Com efeito, não se trata, como nesta, do não 
exercício tempestivo de um meio, de uma via, previsto para defesa de um direito que 
se entenda ameaçado ou violado.
“Trata-se pura e simplesmente, da omissão do 
tempestivo exercício da própria pretensão substantiva 
(adjetiva) da Administração, isto é, de seu dever-poder; 
logo, o que estará em pauta, in casu, é o não-exercício, a 
bom tempo, do que corresponderia, do Direito Privado, 
ao próprio exercício do direito”. (Celso Bandeira de Mello, 
Curso de Direito Administrativo, 13ª ed. Editora 
Malheiros, 2001).11
 Como o instituto da decadência administrativa designa “de um lado, a perda do 
prazo para recorrer de decisão administrativa; de outro, significa a perda do prazo 
para que a Administração reveja os próprios atos; finalmente, indica a perda do 
prazo para aplicação de penalidades administrativas”. (DI PIETRO, Maria Sylvia 
Zanella. Direito Administrativo. Ed. Atlas: São Paulo, 2001, p. 596).12 
Também não se ignora, todavia, que há muito a doutrina e a jurisprudência vêm 
sustentando a existência de limitações temporais a este poder-dever da 
Administração Pública. Tais limitações resultam impostas pela necessidade de 
compatibilização entre o princípio da legalidade e o princípio da segurança jurídica. 
Equivale, nos ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES13 dizer que a anulação "deve 
situar-se dentro de certos limites temporais, vencidos os quais a Administração perde 
a disponibilidade de sua competência anulatória. Trata-se de uma imposição do 
principio da estabilidade das relações jurídicas, presentes em todos os ramos do 
Direito e que no Direito Público assume particular relevância" (Estudos e Pareceres de 
Direito Público. vol. IX, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1986).
Nesse mesmo sentido, escreve com muito acerto MIGUEL REALE:14
"Quando a inércia da Administração já permitiu se constituíssem situações de fato 
revestidas de forte aparência de legalidade, a ponto de fazer gerar nos espíritos a 
convicção de sua legitimidade, seria deveras absurdo que, a pretexto da eminência 
do Estado, se concedesse às autoridades um poder-dever indefinido de autotutela". 
(Revogação e Anulamento do Ato Administrativo, 2a ed., Rio de Janeiro, Forense, 
1980, p. 71). 
11 Celso Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, 13ª ed. Editora 
Malheiros, 2001.
12 Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo. Ed. Atlas: São Paulo, 2001, 
p. 596.
13 HELY LOPES MEIRELLES, Estudos e Pareceres de Direito Público, vol. IX, São 
Paulo, Revista dos Tribunais, 1986.
14 MIGUEL REALE, Revogação e Anulamento do Ato Administrativo, 2a ed., Rio de 
Janeiro, Forense, 1980, p. 71.
5
Aliás, o Supremo Tribunal Federal, no exame de casos em que focaliza o 
desfazimento tardio de ato administrativo, tem seguido orientação de JOSÉ 
FREDERICO MARQUES, acolhida também por MIGUEL REALE, nestes precisos termos:
"a subordinação do exercício do poder anulatório a um 
prazo razoável pode ser considerado requisito implicito no 
princípio do due process of law. Tal princípio, em verdade. 
não é válido apenas no sistema do direito norte-americano, 
do qual é uma das peças basilares, mas é extensível a todos 
os ordenamentos jurídicos, visto como corresponde a uma 
tripla exigência, de regularidade normativa, de economia de 
meios e formas e de adequação à tipicidade Ática. Não 
obstante a falta de termo que em nossa linguagem 
vigorosamente lhe corresponda, poderíamos traduzir due 
process of law por devida atualizaçãodo direito, ficando 
entendido que haverá infração desse ditame fundamental 
toda vez que, na prática do ato administrativo, for preterido 
algum dos momentos essenciais à sua ocorrência; foram 
destruidas sem motivo plausível, situações de fato, cuja 
continuidade seja economicamente aconselhável, ou se a 
decisão não corresponder ao complexo de notas distintas da 
realidade social tipicamente configurada em lei.”
“Assim sendo, se a decretação de nulidade é feita tardiamente, quando a inércia da 
Administração já permitiu se constituíssem situações de fato revestidas de forte 
aparência de legalidade, a ponto de fazer gerar nos espíritos a convicção de sua 
legitimidade, seria deveras absurdo que, a pretexto da eminência do Estado, se 
concedesse às autoridades um poder-dever indefinido de autotutela". (Revista 
Trimestral de Jurisprudencia, vol. 83***, março/1978, p. 923)
 
A Lei Complementar nº 75/93 – ESTATUTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO, 
dispõe em seu artigo 244 sobre a prescrição da cassação da aposentadoria em 04 
(quatro) anos (inciso III) e se a falta for prevista como crime, prescreverá 
juntamente com este, começando a correr a prescrição do dia em que a falta for 
cometida, ou seja, da data dos fatos.
Lei Complementar nº 75/1993. ESTATUTO DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO DA UNIÃO
Art. 244 - Prescreverá:
I - em um ano, a falta punível com advertência ou censura;
II - em dois anos, a falta punível com suspensão;
III - em quatro anos, a falta punível com demissão e cassação 
de aposentadoria ou de disponibilidade.
Parágrafo Único - A falta, prevista na lei penal como crime, 
prescreverá juntamente com este.
6
Do mesmo modo, a Lei Complementar nº 106 de 03 de janeiro de 2003___Lei 
Orgânica do Ministério Público do Rio de Janeiro,_____ dispõe no art. 137 e incisos 
e art. 138, que extinguir-se-á, por prescrição, a punibilidade administrativa da falta, 
em cinco anos, quando cabíveis a cassação de aposentadoria. A prescrição começa 
a correr do dia em que a falta for praticada, ou seja, bis in eadem, da Lei 
Complementar nº 75/93, que regula o Ministério Público da União. Em ambos os 
casos, a prescrição tem o seu início do dia em que o fato for praticado.
Lei Complementar nº 106 de 03 de janeiro de 2003. LEI 
ORGÂNICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO.
Art. 137 - Extinguir-se-á, por prescrição, a punibilidade 
administrativa da falta:
I – em 2 (dois) anos, quando aplicáveis as penas de 
advertência ou censura;
II – em 3 (três) anos, quando aplicável a pena de suspensão;
III - em 5 (cinco) anos, quando cabíveis a 
disponibilidade, a demissão ou a cassação de 
aposentadoria.
Parágrafo único - A falta, prevista na lei penal como crime, terá 
sua punibilidade extinta no mesmo prazo de prescrição deste, 
tomando-se sempre por base a pena cominada.
Art. 138 - A prescrição começa a correr do dia em que a falta 
for praticada ou, nas faltas continuadas ou permanentes, do 
dia em que tenha cessado a continuação ou permanência. 
(g.n)
No mais das vezes, uma ação penal tem a duração de 04 anos ou mais, sendo qual 
for a decisão nessa ação, ao promotor de justiça (os Membros do Parquet) já não 
podem ter essa penalidade aplicada. Se assim é, correta a Lei que rege o Ministério 
Público, incorreta são as decisões que tolhem o contribuinte de sua devida 
aposentação. É um plus não existente para tantas classes e além do devido para 
outras.
No ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS CIVIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 
DECRETO-LEI Nº 220/75 E REGULAMENTO DO ESTATUTO Nº 2479/79, 
PREVÊM:
Art. 202 - Operar-se-á a decadência do direito de requerer nos 
seguintes prazos: 
 I – em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de 
demissão e cassação de aposentadoria ou de 
disponibilidade, ou que afetem interesses 
7
patrimoniais e créditos resultantes das 
relações de trabalho; 
 II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo 
quando outro for o prazo previsto em lei.
 § 1º - O prazo decadencial será contado da data 
da publicação do “ato impugnado” ou da data 
da ciência pelo interessado, quando o ato não 
for publicado.(g.n)
Leia-se no § 1º do art. 202 do estatuto dos Funcionários Civis do Estado do 
Rio de Janeiro____”ATO IMPUGNADO”____ significando o momento 
quando foi concedida a aposentadoria ao funcionário público. 
Na lição de Hely Lopes Meirelles15 (Direito Administrativo Brasileiro, pp. 431/432, 
28ª edição, Malheiros), define a aposentadoria como “ a garantia de inatividade 
remunerada reconhecida aos servidores que já prestaram longos anos de serviço, 
ou se tornaram incapacitados para suas funções. Continua o mestre às fls. 434: 
“Cassação da aposentadoria é penalidade assemelhada à demissão, por acarretar a 
exclusão do infrator do quadro dos inativos e, conseqüentemente, a cessação do 
pagamento de seus proventos. Por ser penalidade , deve observar observar a 
garantia da ampla defesa e do contraditório”. Ousamos discordar veementemente 
do emérito Professor, pelo que a cassação de aposentadoria jamais pode ser 
considerada assemelhada à demissão (que já consta irregularmente das leis que 
regem os trabalhadores), e ainda, por ser somente competência do Código Penal a 
imposição de penas e restrições de direito. Não existe no Código Penal tal 
“penalidade”, portanto é irregular e ilegal a cassação de aposentadoria. Valemos-
nos do filólogo Aurélio Buarque de Holanda16 para interpretar literalmente o que 
significam os termos cassação e demissão. A cassação significa: tornar nulo ou sem 
efeito (licença, autorização, direitos políticos, etc.), fazer cessar, tornar nulos ou 
sem efeito, os direitos políticos ou de cidadão; e demissão quer dizer: tirar cargo, 
função ou dignidade de; destituir, exonerar. Assemelhar ou ser semelhante traduz-
se como: parecer, semelhar. No tema em testilha, assemelhar os dessemelhantes 
tornou-se legal. A demissão nem de longe pode ser assemelhada à cassação, a não 
ser na rima pobre, mas em não se tratando de verso ou prosa, são palavras com 
raízes diferentes e significados divergentes. 
A contagem do tempo é direito do servidor público. Por tempo de contribuição deve 
ser entendido aquele em que o servidor esteve ligado a qualquer das entidades que 
integram a União, os Estados-Membros, Distrito Federal e os Municípios, durante o 
qual contribuiu para o sistema previdenciário. Este direito incorporou-se ao 
patrimônio do servidor e nesse diapasão não pode dele ser retirado, sob pena de se 
legalizar locupletamento ilícito do Estado. 
15 Hely Lopes Meirelles in Direito Administrativo Brasileiro, 28ª edição, SP, 
Malheiros, pp.431/432.
16 Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, século XXI.
8
Há que se trazer à baila a Ementa no Parecer nº 03/03-CRTS17, por necessária ao 
conhecimento do tema e suas implicações. 
 EMENTA: Cassação de Aposentadoria. 1. 
Processo. A pena de cassação de aposentadoria 
somente poderá ser aplicada se comprovada, em 
processo administrativo disciplinar, a prática, pelo 
servidor aposentado, de qualquer dos atos 
previstos no art. 182 do Estatuto dos Servidores. 2. 
PRESCRIÇÃO. 2.1. A falta sujeita à cassação de 
aposentadoria prescreve em 5 (cinco) anos a 
contar do evento punível (art. 184, II, ‘b’, do 
Estatuto). 2.2. Se a falta também configurar crime, 
ela prescreverá junto com ele (art. 184, § 2º). 
Servidor aposentado em 21/05/1990. Crime 
prescritível em 12 (doze) anos. Prescrição de 
qualquer falta ocorrida no exercício em 
20/05/2002. 3. Parecer pela inviabilidade da 
responsabilização administrativa do servidor, à 
vista da prescrição configurada.(Procuradoria 
Geral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro).
Em relação à Magistratura, a Lei Complementar nº 35 de 14 de março de 1979 não 
prevê a cassação de aposentadoria. O art. 42 enumera as penalidades a que estão 
sujeitos os magistrados, dispondo: 
Art. 42 - São penas disciplinares:
I - advertência;
II - censura;
III - remoção compulsória;
IV -disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de 
serviço;
V - aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao 
tempo de serviço;
VI - demissão. (g.n)
Como leciona o Emérito Des. Décio Cretton18 (in 
Estatuto da Magistratura Brasileira, p. 165 – 166) 
“A melhor interpretação dessa aposentadoria 
(compulsória) dos magistrados há de ser feita por 
meio das suas garantias constitucionais de 
independência, vitaliciedade e irredutibilidade de 
vencimentos. Não se trata de funcionário comum, 
sujeitos a outro Estatuto próprio e diferente 
17 03/03-CRTS.
18 Des. Décio Cretton, Estatuto da Magistratura Brasileira, p. 165/166, ed. Saraiva, 
1980.
9
daquele aplicável aos juízes”. “O juiz aposentado 
não pode ser desvestido em 24 horas do seu título 
e garantias constitucionais e lançado do seu 
estatuto próprio para dentro do estatuto do 
funcionário comum do Poder Executivo.” (Ed. 
Saraiva, ed. 1980). 
Não existe, na LOMAN, qualquer alusão expressa ou tácita à suspensão ou cassação 
da aposentadoria, como penalidade a ser imposta ao magistrado. Para tanto, deve-
se observar que a LOMAN prevê um conjunto de deveres e um aparato punitivo 
compatível com as funções jurisdicionais (função típica).
Acordão Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA
Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL - 200242
Processo: 199900013425 UF: DF Órgão Julgador: 
QUINTA TURMA.
Data da decisão: 16/04/2002 Documento: 
STJ000435802, DJ DATA:03/06/2002 PÁGINA:234, 
GILSON DIPP19.
1.- Vistos, relatados e discutidos os autos em que 
são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da 
QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, A Turma, 
por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso e, 
nessa parte, deu-lhe provimento, nos termos do voto do 
Ministro Relator.Os Srs. Ministros Jorge Scartezzini, José 
Arnaldo da Fonseca e Felix Fischer votaram com o Sr. 
Ministro Relator.
Ementa:- CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. LESÃO 
CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. DOSIMETRIA, 
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCÊNCIA, BIS IN 
IDEM. QUESTÕES PREJUDICADAS PELA CONCESSÃO DE 
INDULTO. POLICIAIS CIVIS. PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA. 
EFEITO DA CONDENAÇÃO. DEC. 3.226/99. INDULTO PARCIAL. 
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS GRAVOSA. RECURSO 
PROVIDO NA PARTE CONHECIDA.
1.- As questões referentes a dosimetria da pena, 
ausência de fundamentação na condenação, inocência e 
bis in idem restam prejudicadas pela concessão de 
indulto em favor dos recorrentes.
2.- A aplicação dos dispositivos acerca da perda do cargo 
público deve obedecer ao princípio da irretroatividade. In 
casu, como o crime foi cometido em 1994, não se pode 
aplicar as disposições da Lei n.º9.268/96, mais gravosa 
aos recorrentes.
19 RESP - RECURSO ESPECIAL – 200242, 5ª TURMA, Min. Gilson Dipp.
10
PROCESSO CIVIL – MANDADO DE SEGURANÇA - 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ART. 535, DO CPC – 
SERVIDORA PÚBLICA - PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DISCIPLINAR - APOSENTADORIA CASSADA - 
IMPOSSIBILIDADE - DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA – 
ART. 54, PARÁG. 1º, DA LEI 9.784/99 - AUSÊNCIA 
DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO – 
NÍTIDO CARÁTER INFRINGENTE – REJEIÇÃO.
1.- Tendo o acórdão embargado reconhecido a ilegalidade 
da cassação da aposentadoria da impetrante face a 
ocorrência de decadência administrativa, revestem-
se de caráter infringente os embargos interpostos a 
pretexto de omissão, uma vez que pretendem reabrir os 
debates meritórios acerca do tema.
2.- Por prerrogativa do dispositivo processual aventado, 
os Embargos de Declaração consubstanciam instrumento 
processual adequado para excluir do julgado qualquer 
obscuridade ou contradição ou, ainda, suprir omissão, 
cujo pronunciamento sobre a matéria se impunha ao 
Colegiado, integralizando-o, não se adequando, todavia, 
para promover o efeito modificativo do mesmo. 
Inteligência do art. 535 e incisos, do Código de Processo 
Civil.
3.- Precedentes (EDREsp nºs 120.229/PE e 
202.292/DF).
4.- Embargos conhecidos, porém, rejeitados. Origem: 
STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Classe: MS - 
MANDADO DE SEGURANÇA - 8595. Processo: 
200201087299 UF: DF Órgão Julgador: TERCEIRA SEÇÃO 
Data da decisão: 26/02/2003 Documento: STJ-
000479211, FELIX FISCHER.20
A consagração da dignidade da pessoa humana, como visto, implica em considerar-
se o homem, com exclusão dos demais seres, como o centro do universo jurídico. 
Esse reconhecimento, que não se dirige a determinados indivíduos, abrange todos 
os seres humanos e cada um destes individualmente considerados, de sorte que a 
projeção dos efeitos irradiados pela ordem jurídica não há de se manifestar, a 
princípio, de modo diverso ante a duas pessoas. 
Daí seguem-se duas importantes conseqüências. De logo, a de que a igualdade 
entre os homens representa obrigação imposta aos poderes públicos, tanto no que 
concerne à elaboração da regra de direito (igualdade na lei) quanto em relação à 
sua aplicação (igualdade perante a lei). Necessária, porém, a advertência de que o 
reclamo de tratamento isonômico não exclui a possibilidade de discriminação, mas 
20 MANDADO DE SEGURANÇA - 8595. Processo: 200201087299 UF: 
DF Órgão Julgador: TERCEIRA SEÇÃO Data da decisão: 26/02/2003 
Documento: STJ-000479211, FELIX FISCHER.
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sim a de que esta se processe de maneira injustificada e desarrazoada. Assim bem 
explanou CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO21, em excelente monografia, 
corroborado pela ensinança de CARMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA22. 
Em segundo lugar, emerge a consideração da pessoa humana como um conceito 
dotado de universalidade. Inviável, portanto, qualquer distinção de direitos entre os 
nacionais e estrangeiros, salvo quanto àqueles vinculados ao exercício da cidadania. 
Assim é que deve ser entendido o caput do art. 5º da Lei Maior, de maneira que a 
titularidade dos direitos que enuncia se volte a todos aqueles que se encontrem 
vinculados à ordem jurídica brasileira, deles não se podendo privar o estrangeiro só 
pelo fato de não residir em solo pátrio. Seria, verbi gratia, inadmissível o não 
conhecimento pela jurisdição de habeas corpus, impetrado em favor de alienígena 
que esteja de passagem pelo território nacional, em virtude de neste não manter 
residência. 
Sem razão JOSÉ AFONSO DA SILVA23 quando propõe que a limitação dos 
destinatários dos direitos individuais pelo Constituinte de 1988, a exemplo das 
cláusulas constantes nas constituições pretéritas, há de acarretar conseqüências 
normativas. Melhor se nos afigura a postura assumida por PONTES DE 
MIRANDA24, ainda quando vigente o art. 153, caput, da Constituição de 1969, e, 
nos dias atuais, por CELSO RIBEIRO BASTOS25 e NAGIB SLAIBI FILHO26. 
A esse respeito, importante salientar o relato de JOAQUÍN ARCE Y FLÓREZ – 
VALDÉS27, mencionando que o Tribunal Constitucional Espanhol, através de decisão 
prolatada em 30 de setembro de 1995, entendeu que os direitos pertencentes à 
pessoa, enquanto tal, não abrangem somente os espanhóis, mas, igualmente, os 
estrangeiros e que tais direitos, como frisado na anterior deliberação de 23 de 
novembro de 1984, são aqueles imprescindíveis à garantia da dignidade da pessoa 
humana. 
 
• A impossibilidade de abjeção do ser humano. 
Outra vertente de relevo pela qual se irradia a dignidade da pessoa humana está na 
premissa denão ser possível a redução do homem à condição de mero objeto do 
Estado e de terceiros. Veda-se a coisificação da pessoa. A abordagem do tema 
passa pela consideração de tríplice cenário, concernente às prerrogativas de direito 
21 CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direito Administrativo.
22 CARMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, O Direito Constitucional à 
Jurisdição – As Garantias do Cidadão na Justiça – Saraiva – São 
Paulo/1993.
23 JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso de Direito Constitucional Positivo", RT, 6ª ed., 
1990, p.412.
24 PONTES DE MIRANDA, Comentários à Constituição.
25 Nagib Slaibi Filho, Direito Constitucional.
26 CELSO RIBEIRO BASTOS, Curso de Direito Constitucional", Saraiva, 89, 11ª 
ed., p.278.
27 JOAQUÍN ARCE Y FLÓREZ – VALDÉS.
12
e processo penal, à limitação da autonomia da vontade e à veneração dos direitos 
da personalidade. 
 
• Dignidade da pessoa humana. 
Aqui se está a garantir que o Estado, ao manejar o jus puniendi em benefício da 
restauração da paz social, atue de modo a não se distanciar das balizas impostas pela 
condição humana do acusado da prática de crime. Por mais abjeta e reprochável que 
tenha sido a ação delituosa, não há como se justificar seja o seu autor privado de 
tratamento digno. 
Abordando o tema à luz do arts. 1.1 e 103.1, ambos da Constituição alemã, 
ERNESTO BENDA28 afirma que a dignidade da pessoa humana, no campo penal, 
traduz ao acusado o direito de poder defender-se mediante ativa participação no 
processo, como também a não ser forçado a falar contra a sua vontade, excluindo-se 
a utilização de meios psicológicos ou técnicos (narcoanálise ou detector de 
mentiras), a fim de se averiguar a veracidade das declarações daquele. 
Linhas adiante aduz que o art. 1.1 da Lei Fundamental de 1949 proíbe penas 
desproporcionais e cruéis, tendo em vista a necessidade de se respeitar os 
pressupostos básicos de uma existência individual e social do condenado, estando a 
licitude da prisão perpétua a depender de se reservar àquele a possibilidade de 
liberdade, uma vez cumprida parte considerável da pena. Quanto à sanção capital, 
sustenta que a sua imposição, através da reforma do art. 102 da Constituição, 
enfrentaria os limites do poder constituinte derivado, impostos pelo art. 1.2, em 
virtude de pressupor que o Estado se subtrairia à missão de ressocializar o 
delinqüente. 
A esse respeito, não restou omisso o direito constitucional brasileiro. A Constituição 
de 1988, no rol de direitos individuais do seu art. 5º, trouxe a lume importantes 
exigências que o Estado, no desenrolar de sua função punitiva, há de observar, sob 
pena de desrespeitar a dignidade da pessoa humana. Assim sendo, podemos 
descortinar, no referido dispositivo, garantias inerentes à: a) vedação em submeter 
qualquer pessoa a tratamento desumano ou degradante (inciso III), assegurando-se 
ao preso o respeito à integridade física e moral (inciso XLIX); b) observância do 
devido processo legal (inciso LIV) com todos os seus consectários, entre os quais o 
contraditório e a ampla defesa (inciso LV), o julgamento por autoridade competente 
(inciso LIII), a não admissibilidade de provas obtidas por meio ilícito (inciso LVI), a 
proscrição de juízos ou tribunais de exceção (inciso XXXVII) e a consideração de que 
ninguém será reputado culpado senão antes do trânsito em julgado de sentença 
condenatória (inciso LVII), importando esta última em pressupor que a segregação 
do acusado, antes da sentença irrecorrível, somente se legitima em situações 
proporcionais previstas em lei; c) legitimidade material do direito de punir, tais como 
a reserva legal da definição de crimes e cominação de penas (inciso XXXIX), a 
individualização destas na medida da culpabilidade do infrator (incisos XLV e XLVI), a 
28 ERNESTO BENDA, Manual de derecho constitucional, Madri.
13
interdição de determinadas sanções, tais como a pena capital, a prisão perpétua, os 
trabalhos forçados, o banimento e as penas cruéis (inciso XLVII); d) movimentação 
da competência prisional (incisos LXI a LXVI e LXVIII); e) execução da pena (incisos 
XLVIII e L). 
Os preceptivos citados servem para ilustrar a grande preocupação dispensada ao 
princípio da dignidade da pessoa humana, a fim de impedir que a atividade punitiva 
do Estado, manifestada sob o interesse de velar pela segurança da coletividade, 
resulte como justificativa à depreciação do indivíduo. 
 
• Dignidade da pessoa humana como limite à autonomia da 
vontade. 
Valor que, amparado na igualdade formal das partes, granjeou enorme prestígio com 
o Estado Liberal foi o da autonomia da vontade, de modo que o art. 1.134 do Código 
Civil de Napoleão, promulgado em 1804, solenizava o preponderante papel da força 
geratriz do consentimento, afirmando fazer o contrato lei entre as partes. 
Essa concepção sofrera forte mitigação com o triunfar do Estado prestacionista, 
calcado na constatação de que substancialmente as pessoas apresentam 
desigualdades, e, por isso, a manifestação volitiva há de encontrar pontos de 
contenção. 
Nesta abordagem, não nos deteremos na carga limitativa que os mandamentos 
legais, no intuito de compensar a qualidade de hipossuficiente de alguns 
contratantes, encetam para delimitar as faculdades jurídicas decorrentes da vontade. 
A nossa atenção será dispensada àquelas situações em que um dos contratantes é 
reduzido à condição de mero objeto da pretensão contratual, com o desrespeito à sua 
condição de pessoa, tal como se verifica nas hipóteses de risco de vida, ou em que a 
execução da prestação importe para o pactuante em sua exposição ao ridículo. 
 
 
• Direito a uma existência material mínima. 
Além das facetas apontadas, a consagração constitucional da dignidade da pessoa 
humana resulta na obrigação do Estado em garantir à pessoa humana um patamar 
mínimo de recursos, capaz de prover-lhe a subsistência. 
Na Alemanha, informa-nos ERNESTO BENDA, passou-se a entender, após a 
superação da anterior orientação do Tribunal Constitucional (BverfGE 1,97 (104), que 
o art. 1.1 da Lei Fundamental de 1949 impunha, além da perspectiva do indivíduo 
não ser arbitrariamente tratado, um respeito cada vez maior pela sua sobrevivência. 
Assim, de acordo com tal preceito, afigura-se inadmissível que o administrado seja 
despojado de seus recursos indispensáveis à sua existência digna, de sorte que a 
intervenção estatal na propriedade, pela via fiscal ou não, não deverá alcançar 
patamares capazes de privá-lo dos meios mais elementares de subsistência. De modo 
14
igual, o citado art. 1.1 traduz, em detrimento dos poderes públicos, a obrigação 
adicional de prover ao cidadão um mínimo existencial. 
 
Concedendo a ordem, a Excelsa Corte ressaltou a posição de antagonismo 
constitucional que se encontrava no dispositivo legal, cuja execução o remédio 
heróico buscava evitar, contrariando o direito à vida, enunciado no art. 150, caput, 
da Constituição de 1967. O voto do eminente relator, Min. THEMÍSTOCLES 
BRANDÃO CAVALCANTI29, no que foi acompanhado pelos seus pares, forte 
salientou: 
“que o ato de tornar-se impossível o desempenho de uma 
atividade profissional, que permita ao indivíduo obter os meios 
de subsistência, é o mesmo que lhe tirar um pouco de sua vida, 
porque esta não prescinde dos meios materiais para a sua 
proteção. Embora não concluindo pelo dever do Estado em 
proporcionar recursos ao indivíduo, sustentou que aquele não 
pode, sem que haja uma decisão judicial legítima, privar alguém 
do exercício de atividade lícita, com a qual garanta a sua 
mantença, partindo da premissa deque a vida não constitui 
apenas um conjunto de funções resistentes à morte, mas, numa 
perspectiva mais ampla, a afirmação positiva das condições 
voltadas a assegurar ao ser humano, bem como à sua família, os 
recursos indispensáveis à sua subsistência”.
 
Somente ficou incólume à eiva de incompatibilidade vertical a previsão de suspensão 
do exercício de cargo ou função pública, tendo em vista que a legislação de regência 
assegurava, em casos tais, a percepção pelo servidor de uma parte de seus 
vencimentos. 
A garantia à vida, erigida como fundamento basilar da concessão do amparo 
constitucional, tem como razão de ser a enorme estima que, àquela época, o 
nosso ordenamento tributava à pessoa humana como tal. 
O art. 92 prescreve taxativamente os efeitos da condenação, assim 
mencionados:
 - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou 
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a Administração Pública;
29 THEMÍSTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI, STF, Pleno, mv, rel. DJU 
de 17-06-68, p. 02228. 
15
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo 
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou 
curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, 
cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como 
meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são 
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na 
sentença. (G.N)
 Iniciamos nosso estudo pelo parágrafo único do artigo 92 do 
Código Penal. É o alicerce onde deve ser pautada a aplicação dos efeitos da 
condenação. A redação do parágrafo nos dá a noção da importância da obediência de 
forma para a decretação de qualquer das penalidades do mencionado art. 92. Por 
erro hierárquico, este parágrafo vem após as penalidades, quando na verdade, pelo 
seu jaez, deveria vir emblematicamente abrindo o capítulo dos efeitos específicos da 
condenação. Talvez, porisso, raras vezes é cumprido. 
 Aqui, o “devido processo legal” é a palavra de ordem. O direito 
penal constitucional vem estampado no art. 5º, incisos LIV e LV da Constituição da 
República.
“O procedimento administrativo recebeu novo enfoque na 
Constituição da República de 1988, onde, pela primeira 
vez, veio a trazer expressamente a garantia do devido 
processo legal, tanto nos processos judiciais (tal como 
acontecera com as anteriores) quanto nos administrativos, 
incluindo-o lado a lado com o judicial”. (Odete Medauar, A 
processualidade no direito administrativo, SP, tese de 
titular, 1993, p. 73 e segs.)30.
“Daí se segue que não podem os outros ramos do poder 
público exercer, sem contraste, o seu imperium, 
aguardando eventual intervenção posterior do Judiciário, 
para corrigir ou anular os atos que atinjam ou causem 
lesão a direito individual. É injusto e antagônico à 
Constituição que a atividade administrativa fique com 
inteira liberdade de atuar, quando, em sua função externa, 
entre em contato com os administrados, ainda mais 
quando lemos no inciso LV, do art. 5º da Magna Carta que 
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
30 Odete Medauar, A processualidade no direito administrativo, SP, tese de titular, 
1993, p. 73 e segs.
16
(Eliane Alfradique, Uma Visão geral do artigo 5º da 
Constituição da República – 2ª parte, in www.tex.pro.br)31.
“Originariamente como requisito de validade da jurisdição penal, o devido processo 
legal estendeu-se à jurisdição civil e, mais recentemente, também aos 
procedimentos administrativos, nestes visando assegurar sobretudo o direito de 
defesa e estrita observância do princípio da legalidade”. (Augusto do Amaral 
Dergint, Aspecto Material do Devido Processo Legal, in RT 709/249)32.
MANDAMENTO GERAL PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
 A Constituição de 1988 veio trazer contornos e preceitos para 
salvaguarda dos direitos do cidadão, respeitando a dignidade da pessoa humana em 
todos os aspectos. Gizou a Norma Ápice seus preceito imperativos, de forma a 
sofrear os desmandos da Administração Pública que detém sem competência para 
tal, um poder absoluto, quase de vida ou morte em face de seus administrados. 
Negam a Constituição, esta é postergada a todo momento, sempre detratando os 
cidadãos brasileiros.
 Neste trabalho, procuraremos mostrar as incoerências das leis 
que regem a perda de cargo. 
 A nova Parte Geral do Código Penal aboliu as penas 
acessórias. A execução da pena acessória de perda de função pública, na forma do 
art. 691 do Código de Processo Penal, efetivava-se pela simples comunicação, 
instruída pela sentença ou acórdão que a decretou, com certidão de seu trânsito 
em julgado, à autoridade a que subordinado o condenado. Mas, sendo hoje efeito 
administrativo da decisão de condenação, necessário se torna a motivação pelo 
juiz ou tribunal dos motivos que levam a decretar tal penalidade na sentença ou 
acórdão. Assim se expressam os julgados de nossos Tribunais:
“Não sendo automática, e, sim, facultativa, a 
imposição de perda do cargo e inabilitação para 
exercício de função pública, mister se torna a 
motivação na própria sentença dos motivos que levam 
o julgador a aplicá-la”. (RT 556/347)33.
“A pena de perda de função pública deve ser 
devidamente fundamentada pelo prolator da sentença, 
que domonstrará os motivos pelos quais chegou a 
essa conclusão e justificará o seu entendimento”. (RT 
566/372)34. 
31 Eliane Alfradique, Uma Visão geral do artigo 5º da Constituição da República – 2ª 
parte, in www.tex.pro.br.
32 Augusto do Amaral Dergint, Aspecto Material do Devido Processo Legal, in RT 
709/249.
33 RT 556/347.
34 RT 566/372.
17
 Este não é apenas o entendimento da doutrina mas também o da 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal; assim, na ADIN 1063, relator o 
Ministro Celso de Mello35, ac. De 18.V.94, ficou expresso que:
 " SUBSTANTIVE DUE PROCESS OF LAW E FUNÇÃO LEGISLATIVA:
 A cláusula do devido processo legal objeto de expressa proclamação pelo 
artigo 5º, LIV, da Constituição deve ser entendida na abrangência de sua noção 
conceitual, não só sob o aspecto meramente formal, que impõe restrições de 
caráter ritual à atuação do Poder Público, mas sobretudo, em sua dimensão 
material, que atua como decisivo obstáculo à edição de atos legislativos de 
conteúdo arbitrário.
 A essência do substantive due process of law reside na necessidade de 
proteger os direitos e as liberdades das pessoas contra qualquer modalidade de 
legislação que se revele opressiva ou destituída do necessário coeficiente de 
razoabilidade.
 Isso significa, dentro da perspectiva da extensão da teoria do desvio de 
poder ao plano de atividade legislativa do Estado, que este não dispõe da 
competência para legislar ilimitadamente, de forma imoderada e irresponsável, 
gerando, com o seu comportamento institucional situações normativas de absoluta 
distorção e, até mesmo, de subversão dos fins que regem o desempenho da 
função estatal".
 No mesmo sentido, por revelar-se " absolutamente destituídade causa " foi 
a decisão do Supremo Tribunal Federal na ADIN 1158, ac. De 19.12.94, relator o 
Ministro Celso de Mello.36
 Se isto vale em relação aos atos de natureza legislativa, com maior 
razão há de valer em relação a atos administrativos, imotivados, destituídos de 
causa, irrazoáveis e discriminatórios.
 "A Aposentadoria é um daqueles 
atos administrativos que, por constituir, 
declarar ou reconhecer direito, vincula à 
ADMINISTRAÇÃO, portanto, sustentam que 
tais atos são imutáveis por contrários da 
Administração.(Direito Administrativo, 
FRANCISCO CAMPOS, Volume II, p. 93)37.
35 ADIN 1063, relator Ministro Celso de Mello, ac. De 18.V.94
36 Supremo Tribunal Federal na ADIN 1158, ac. De 19.12.94, relator Ministro 
Celso de Mello.
37 Direito Administrativo, FRANCISCO CAMPOS, Volume 
II, p. 93.
18
 O insigne Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São 
Paulo, DR. ELMANO CRUZ38, em voto lapidar in Apelação Cível, esclarece o 
assunto com propriedade:
 "Já se decidiu, sem embargo do princípio de que a aposentadoria se rege 
pela Lei vigente ao tempo de sua concessão, que uma vez decretada, "de tal ato 
resulta a irretratabilidade de seus efeitos à percepção de dada pensão ou 
estipêndio." (Supremo Tribunal Federal in Ap.. Civ. nº. 6547, de 15.12.38 ARC Jud 
Vol. II, pág.. 96), não se podendo reduzi-la ou limitá-la, nem mesmo em razão de 
leis posteriores.
 Já se decidiu certa feita, na Ação intentada por 
DOMINGOS DE OLIVEIRA POLÍTICO, contra a UNIÃO FEDERAL, que 
uma vez concedida a aposentadoria sob certa forma, não pode 
o Governo modificá-la, pois o direito dela decorrente se 
incorpora ao patrimônio do funcionário. Minha decisão· foi 
confirmada pelo SUPREMO. Meu voto é pois este."
 O ilustrado Ministro J. E. ABREU DE OLIVEIRA39, na sua monumental 
obra "APOSENTADORIA NO SERVICO PÚBLICO", editada com a colaboração 
do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - TCU, compilou uma série de 
Jurisprudências sobre a matéria, valendo transcrevê-las, pois estas servem para 
elucidar o caso em questão:
 a) "A situação dos funcionários aposentados É REGULADA 
POR LEI EM VIGOR AO TEMPO DA APOSENTADORIA e não pode ser 
alterada em seu desfavor por leis posteriores que também 
não podem por eles se invocadas , de mais , favoráveis, A 
SITUAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS APOSENTADOS É INTINGÍVEL, SÓ 
MODIFICÁVEL PARA MELHOR (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - in 
APOSENTADORIA NO SERVIÇO PÚBLICO, Autor J. E. ABREU DE 
OLIVEIRA).
 b) "O PROVENTO da inatividade é IRREDUTÍVEL, porque, 
consistindo numa remuneração por SERVIÇOS PASSADOS, POR 
FATOS JÁ CONSUMADOS, constitui ATO JURÍDICO PERFEITO, isto 
é, UM CRÉDITO CONTRA O ESTADO, ESTIPULADO E RECONHECIDO À 
SOMBRA DA LEI VIGENTE NA DATA DA APOSENTADORIA." (Supremo 
Tribunal Federal, idem).
 c) PROVENTO IRREDUTÍVEL - A regra de REDUTIBILIDADE 
DOS VENCIMENTOS não atingem as "pensões" ou os "proventos 
de aposentadoria".
 O funcionário, EM ATIVIDADE, tem sua situação jurídica 
regida POR UMA RELAÇÃO DE SERVIÇO de natureza impessoal, 
38 DR. ELMANO CRUZ, Ac. do Tribunal de Justiça - 5. Paulo in Arq. 
Jud. Vol. LIV,p. 170).
39 Ministro J. E. ABREU DE OLIVEIRA, "APOSENTADORIA NO SERVICO 
PÚBLICO"
19
objetiva; APOSENTADO, coloca-se em situação jurídica 
subjetiva. Uma vez concedida, A APOSENTADORIA FAZ NASCER 
UM, DIREITO ADQUIRIDO INTANGÍVEL" (,idem, idem, idem).
 d) "Incorpora-se no patrimônio: dos funcionários 
PROVENTOS ASSIM FIXADOS, são irrevogáveis, isto é, NAO 
PODEM SER MODIFICADOS senão em beneficio do APOSENTADO." 
(Barros Júnior).
 e) "O Juiz, depois de aposentado, estará protegido, 
NÃO PELA IRREDUTIBILIDADE de vencimentos que ampara os 
magistrados em atividade, mas pelo preceito constitucional 
que manda respeitar o DIREITO ADQUIRIDO e que é uma 
garantia comum a todos funcionários aposentados." (Supremo 
Tribunal Federal - Ministro LUIS GALLOTI, in Revista de 
Direito Administrativo, vol. II 54, p. 279).
 f) NÃO pode haver REDUCÃO DO PROVENTO INICIALMENTE 
FIXADO, é mansa e pacífica a JURISPRUDENCIA do TRIBUNAL DE 
CONTAS DA UNIÃO - TCU." (in APOSENTADORIA NO SERVIÇO 
PÚBLICO - Autor J. E. Abreu de Oliveira).
Como se verifica, o desfazimento do ato de concessão da pensão , ou suspensão 
do pagamento dos PROVENTOS só pode ocorrer, por suspeita de vício ou outro 
motivo, "se os fatos determinantes foram apurados em processo administrativo 
regular, com a observância dos princípios da legalidade objetiva, da oficialidade, 
do informalismo, da verdade material, da garantia da ampla defesa e do 
julgamento objetivo."(Juiz José Delgado in AC nº. 29169-AL - TRF 5ª . Região)40.
 O Ministro do Superior Tribunal de Justiça, S.T.J., na sua lição lapidar 
acrescenta: "A homenagem ao devido processo legal é um comportamento da 
Administração Pública que se insere no cultivo à democracia e respeito ao direito 
do cidadão." (idem, idem, idem).
 Há um vínculo nascido do exame feito pela administração dos 
pressupostos necessários para o deferimento do pedido, que cria uma situação 
concreta e um direito subjetivo para a pensionista , cujo desfazimento, sem 
processo regular de revisão para apurar irregularidades talvez existentes, 
determina violação de direito sujeito ao controle do Poder Judiciário.
 Por conseguinte, tal ilegalidade do ATO administrativo que concedeu a 
pensão da Impetrante, não se verificou de forma clara e transparente, eis que 
inexiste o DEVIDO PROCESSO LEGAL, portanto improcede o ato de 
desfazimento desta pensão.
 "EMENTA: PREVIDENCIARIO.CANCELAMENTO DE APOSENTADORIA. 
AUSÊNCIA DE DEVIDO PROCESSO LEGAL. SENTENCA MANTIDA.
 1. O cancelamento de aposentadoria previdenciária só pode ocorrer, por 
suspeita de fraude ou qualquer outro motivo, se os fatos determinantes foram 
40 Juiz José Delgado in AC nº. 29169-AL - TRF 5ª . Região.
20
apurados em processo administrativo regular, com a observância dos princípios da 
legalidade objetiva, da oficialidade, do informalismo, da verdade material, da 
garantia da ampla defesa e do julgamento objetivo.
 2. A homenagem ao devido processo legal é um comportamento da 
administração pública que se insere no cultivo à democracia e respeito ao direito 
do cidadão.
 3. Há entre o ato de concessão de beneficio de aposentadoria omitido pela 
autarquia previdenciária e o segurado um vínculo nascido do exame feito pela 
administração dos pressupostos necessários para o deferimento do pedido, que 
cria unia situação concreta e um direito subjetivo para o beneficiário, cujo 
desfazimento, sem processo regular de revisão para apurar irregularidades ditas 
existentes, determina violação de direito sujeito ao controle do Poder Judiciário.
 4. Tema sumulado (Súmula nº 160) pelo então e egrégio Tribunal Federal 
de Recursos.
 5. A simples investigação sumária feita por um só Inspetor, sem forma de 
juízo administrativo, não satisfaz às exigências do devido processo legal
 6. Sentença Mantida.
 (AC. Nº 29169-AL (RE 93.05.20884-3), Rel. Juiz JOSÉ DELGADO, TRF 5ª 
REGIÃO, 2ª T. DJ. S. II. DE 29.04.94, PÁG. 19461).
 "EMENTA:MANDADO DE SEGURANÇA. 
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PREVIDENCIÁRIO. 
APOSENTADORIA. INVALIDEZ. REDUÇÃO. AMPLITUDE DE 
DEFESA.
 1. - A ausência do devido processo legal onde se 
garanta, inclusive, o direito a amplitude de defesa, é 
óbice ao bloqueio, cancelamento ou redução de 
benefício previdenciário. Precedentes 
jurisprudenciais. CF/88, art. 5ª.,LIV e LV.
 2. - Apelação improvida."
 (AMS nº. 50.231-PB, (95.05.21583-5), TRF 5ª. Região, 28. 
Turma, Rei. Juiz PETRUCIO FERREIRA, Julgado em 
19.12.95, DOU de 15 de março de 199641).
 Constitucional E PREVIDENCIÁRIO. SUSPENSÃO DE APOSENTADORIA POR 
INVALIDEZ. BENEFÍCIO CONCEDIDO HÁ MAIS DE 5 ANOS. DECISÃO UNILATERAL 
DO I.N.S.S. FERIMENTO AO ART. 5ª LIV DA CF/88. SÚMULAS NºS. 217/STF E 
160/TFR.
 1. - A Constituiçao Federal de 1988 (art. 5º., LIV), estabelece que 
"ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal".
 2. - Qualquer que seja a aposentadoria que foi requerida e deferida (por 
invalidez, por idade, por tempo de serviço), para vingar a sua suspensão, 
cancelamento ou cassação, deve-se sempre observar o devido processo legal e o 
contraditório, seja no âmbito administrativo ou judicial, assegurada ao beneficiário 
a ampla defesa.
41 AMS nº. 50.231-PB, (95.05.21583-5), TRF 5ª. Região, 28. Turma, Rel. Juiz 
PETRUCIO FERREIRA, Julgado em 19.12.95, DOU de 15 de março de 1996.
21
 3. - "Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de 
recusa do empregador, o aposentado que recupera a capacidade de trabalho 
dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse 
prazo". (Súmula nº. 217 do STF)42
 4. - Precedentes jurisprudenciais (STJ, TRF´s da 2ª., 3ª. e 5ª. Regiões e do 
extinto TFR). Inteligência da Súmula nº. 160, do Egrégio TFR.
 5. - Apelação e remessa oficial impróvidas."
 AMS nº. 45.768-PB, (94.05.30863-7), ReI. Juiz GERALDO APOLIANO, TRF 
5ª. Região, 3ª. Turma, v.u., DJU de 17.05.96, Julg. em 25.04.9643).
"EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CASSAÇÃO DE 
APOSENTADORIA. DEVIDO PROCESSO LEGAL.
 1 - Desprovido de validade jurídica é o ato que cassa aposentadoria, 
sem assegurar a observância do devido processo legal.
 2. - Apelação e remessa impróvidas.
 (AMS nº. 51.860/PB, 95.05.29826-9, Rei. Juiz ARAKEN MARIZ, 2ª. Turma, 
TRF 5ª. Região, v.u., Seção II, DJU de 10.05.96, pág. 29.960)44
 "EMENTA: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL E 
PREVIDENCIÁRIO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. INCABIMENTO DO 
MANDADO DE SEGURANCA. SUSPENSÃO DE APOSENTADORIA POR 
INVALIDEZ SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL. SÚMULA Nº. 160 DO 
EXTINTO TFR.
 O ato da autoridade administrativa que suspendeu o pagamento da 
aposentadoria por invalidez do segurado, sem o devido processo legal, dá ensejo a 
impetração de mandado de segurança. Não se trata de questionar a validez ou 
invalidez do beneficiário como entendeu o Douto Magistrado para justificar o 
indeferimento da inicial, alegando impropriedade da via eleita.
 A ninguém poderá ser suprimido direito sem a observância do "due 
process of law", quer seja no âmbito administrativo ou judicial, no qual não se 
assegure a ampla defesa ao prejudicado.
 Apelação provida."
 (AMS nº. 48.841/PB, 95.05.10923-7, Rel. Juiz JOSÉ MARIA LUCENA, 3ª. 
Turma, TRF 5ª. Região, v.u., DIU de 07.06.96, Seção II, pág. 38.744)45
 "EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. DMINISTRATIVO. CANCELAMENTO DE 
BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DESRESPEITO AO 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO.
42 Súmula nº. 217 do STF.
43 AMS nº. 45.768-PB, (94.05.30863-7), ReI. Juiz GERALDO APOLIANO, TRF 5ª. 
Região, 3ª. Turma, v.u., DJU de 17.05.96, Julg. em 25.04.96.
44 AMS nº. 51.860/PB, 95.05.29826-9, Rei. Juiz ARAKEN MARIZ, 2ª. Turma, TRF 5ª. 
Região, v.u., Seção II, DJU de 10.05.96, pág. 29.960.
45 AMS nº. 48.841/PB, 95.05.10923-7, Rel. Juiz JOSÉ MARIA LUCENA, 3ª. Turma, 
TRF 5ª. Região, v.u., DIU de 07.06.96, Seção II, pág. 38.744.
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 É de se anular ato que suspendeu ou cancelou beneficio previdenciário, sem 
a observância do devido processo legal.
 Remessa oficial improvida."
 (Remessa EX OFÍCIO em MS no. 53.530-PB, 96.05.05563-5, ReI. Juiz 
FRANCISCO FALCÃO, 1ª., Turma, TRF 5ª. Região, v.u., Seção II, DJU de 
17.05.963, pág. 32.121).46
 "EMENTA: CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. CANCELAMENTO 
OU SUSPENSÃO DE APOSENTADORIA. AUSÊNCIA DO DEVIDO PROCESSO 
LEGAL.
 1.- Em face do disposto no Inciso LV do art. da Constituição Federal 
vigente, nulo é o ato que cancelou ou suspendeu o beneficio previdenciário do 
impetrante, sem lhe dar oportunidade para oferecimento de defesa.
 2. - Improvimento da apelação e da remessa oficial"
 (AMS nº. 48.930-PB, 95.05.11387-O, Rel. Juiz ARAKEN MARIZ, 2ª. Turma, 
TRF 5ª. Região, fls. 51, v.u., Julg. em 30.11.95)47.
 Se o Poder Judiciário , em todos os seus órgãos e ramificações, a partir do 
Supremo Tribunal Federal, está sujeito à essa regra e sob pena de nulidade deve 
fundamentar suas decisões, mesmo as de caráter administrativo, minúsculas 
comissões do ramo administrativo do Poder Público dela estarão libertos, 
especialmente quando se proponham a regular direitos de servidores, adelgaçando 
e mutilando de maneira discriminatória, arbitrária e imotivada vantagens 
assentadas em lei?.
 Segundo doutrina consagrada, a razoabilidade das leis se insere no conceito 
do devido processo legal, Couture, Estudios de Derecho Processual Civil, 1948, I, 
p. 56 e 57;48 Linares, El Debido Processo Como Garantia Innominada en la 
Constitucion Argentina, Razonabilidade de Las Leyes, 197049, passim. Siqueira 
Castro, O Devido Processo Legal e a razoabilidade das Leis na Nova Constituição 
do Brasil, 198950, passim.
• INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU 
CURATELA
No que se refere a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, 
temos que plenitude das faculdades morais e intelectuais, o direito sentiu, em todos 
os tempos, em todas as partes do mundo civilizado, a necessidade de dar uma 
proteção especial aos que, ainda não atingiram o estágio definitivo de completa 
capacidade para gerir a sua pessoa e administrar os seus bens. Perquirindo as 
46 MS no. 53.530-PB, 96.05.05563-5, ReI. Juiz FRANCISCO FALCÃO, 1ª., Turma, 
TRF 5ª. Região, v.u., Seção II, DJU de 17.05.963, pág. 32.121.
47 AMS nº. 48.930-PB, 95.05.11387-O, Rel. Juiz ARAKEN MARIZ, 2ª. Turma, TRF 5ª. 
Região, fls. 51, v.u., Julg. em 30.11.95.
48 Couture, Estudios de Derecho Processual Civil, 1948, I, p. 56 e 57.
49 Linares, El Debido Processo Como Garantia Innominada en la Constitucion 
Argentina, Razonabilidade de Las Leyes, 1970.
50 Siqueira Castro, O Devido Processo Legal e a razoabilidade das Leis na Nova 
Constituição do Brasil, 1989.
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diversas legislações civis, é saliente a diversidade na fixação da idade, em que 
cessa a menoridade (os 21 anos do nosso direito constituem, entretanto, sem 
dúvida, o marco mais generalizado), é universal a regra de que aos menores, 
incapazes - absolutamente enquanto impúberes e, sobrevindo a puberdade, 
relativamente -, não é facultado o livre e absoluto governo da sua vida não 
podendo, por si sós, dispor do que é seu. Enquanto vivos os pais, permanecem 
sujeitos ao pátrio poder; se lhes faltam pai e mãe, ou quando esta convola 
segundas núpcias, o órfão é posto sob tutela.
Como a tutela, é a curatela um encargo; encargo público, que a lei 
confere a uma pessoa para direção de outra sem capacidade civil ou com relativa 
incapacidade, e para administrar os bens do curatelado.
Difere da tutela em que o sujeito passivo, a pessoa que se submete à 
curatela, não é, necessariamente, um menor, como sucede com o tutelado; afora o 
caso especial, em que a curatela se firma para proteção de quem está por nascer, 
ou de menor púbere, a elase submetem maiores.
Aliás, Clóvis Bevilácqua dá esta definição: "Curatela é o encargo público 
conferido por lei, a alguém, para dirigir a pessoa e administrar os bens dos maiores 
que por si não possam fazê-lo".
A curatela e ter, de outro lado, uma extensão menor do que a da tutela, 
no que concerne aos poderes de quem a exerce, relativamente à pessoa e aos bens 
de quem a suporta. Muita vez, a incapacidade se reduz à administração dos bens e, 
não raro, ainda se limita à disposição dos mesmos, sua alienação ou oneração - 
situação comum nos casos dos pródigos, dilapidadores das próprias fortunas.
Como a tutela, é a curatela instituto de proteção e amparo ao incapaz; 
uma diferença a assinalar se o tutor pode ser nomeado pela vontade do homem, o 
pai ou a mãe, que, interessados no futuro dos filhos, lhes escolhem quem 
consideram mais apto ao exercício do encargo, o curador não pode ser, assim, 
escolhido; a lei estabelece o critério para a sua nomeação pelo juiz, o que também 
ocorre com o tutor, mas em caráter supletivo, isto é, quando não o designou o pai, 
ou a mãe, que deixa o filho órfão.
Confirmar-se a impressão, já consignada, de que a curatela se 
apresenta sob formas as mais variadas com maior ou menor amplidão da do 
curatelado dependendo de situações muito diversas e para finalidades, que se 
mostram bem diferentes De geral, só há a realidade de ser um instituto de proteção 
àqueles que se não acham em condições de poder tomar conta da sua pessoa e dos 
seus bens, ou somente destes.
Há, além disso, a possibilidade de submeter à curatela menor púbere, 
sujeito a pátrio poder, ou tutela, quando se apresente em condições tais de 
incapacidade que se fora maior, seria submetido à curatela; o art. 447, nº I, do 
Código Civil, não deixa dúvidas a respeito. A razão é intuitiva: completando os 
dezesseis anos o menor, de absolutamente incapaz, passa a sê-lo só relativamente, 
e poderá, pessoalmente, praticar atos jurídicos, alguns, mesmo sem assistência do 
representante legal; se, pois por loucura, toxicomania, surdo-mudez, ou outra 
24
causa surge a conveniência de afirmar a incapacidade absoluta do menor púbere, 
deve ser submetido à curatela de efeitos mais eficientes que o pátrio poder ou a 
tutela, e nos casos de crime dolosos contra filho, tutelado ou curatelado, havendo 
condenação criminal aplica-se o efeito da incapacidade para o exercício do pátrio 
pode, tutela ou curatela.
A antiga pena acessória de interdição para o exercício do pátrio poder, tutela ou 
curatela foi tratada na Reforma Penal de 1984 pela Lei nº 7.209, como efeito da 
condenação nos crimes contra filho, tutelado ou curatelado. A interdição podia ser 
permanente ou temporária (antigo art. 69, II, do CP/40); atualmente, o efeito da 
condenação é permanente, só podendo ser suspenso mediante reabilitação e ainda 
assim vedado o retorno à situação anterior.
A lei exige, para o reconhecimento por sentença do efeito da condenação 
consistente na incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, que 
se trate de crime doloso e que a vítima seja filho, tutelado ou curatelado. Quando a 
condenação for por crime culposo, portanto, não cabe a sanção. Alguns julgados 
nos dão conta dessa assertiva:
• “Mãe que favorece a prostituição da própria filha claramente 
não tem mais condições de exercitar o pátrio-poder, que 
segundo novo conceito, é um autêntico pátrio-dever”. (TJSP, 
REL. CAMARGO SAMPAIO, RT 519/328)51.
• “Atentando contra a liberdade sexual da própria filha, o 
comportamento do agente revela insensibilidade moral e 
total incapacidade para o exercício do pátrio-poder, sendo de 
se lhe aplicar, como efeito da condenação, a pena de 
desituição deste”. (TJSP__Rel. Jarbas Mazzoni___RT 
639/292)52.
• “É manifesta a incompatibilidade existente entre o exercício 
do pátrio-poder, que o réu exerce sobre a filha, e a 
condenação imposta pelo fato, sobremaneira gravíssimo, de 
havê-la estuprado e sujeitá-la a prática de atos libidinosos. E 
nem se alegue que tal providência encontra óbice no art. 2º 
do CP, pois a vingar tal entendimento, deixaria de se aplicar 
norma que, antes de tudo, é de ordem pública. Como pena 
acessória ou efeito da condenação, o fato é que, a toda 
evidência, está o apelado manifestamente impossibilitado de 
exercer os direitos inerentes ao pátrio-poder, por lhe faltar 
aquelas condições ético-morais, que são os fundamentos 
impostergáveis a que isso ocorra”. (TJSP, Rel. Nélson 
Fonseca___RJT/SP 111/505)53. 
51 TJSP, REL. CAMARGO SAMPAIO, RT 519/328.
52 TJSP__Rel. Jarbas Mazzoni___RT 639/292.
53 TJSP, Rel. Nélson Fonseca___RJT/SP 111/505.
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Ressalte-se que pela Reforma Penal exige que o crime doloso seja punível com a 
pena de reclusão, em qualquer quantidade. Quer isso dizer que é necessário que a 
pena cominada abstratamente seja de reclusão, pouco importando qual a pena 
efetivamente aplicada, ou se o agente se beneficiou com a suspensão condicional da 
pena (sursis) ou com com a substituição por pena de detenção, multa ou restritiva 
de direito. 
• CRITÉRIO DE APLICAÇÃO DA SANÇÃO: 
A incapacidade não decorre automaticamente da condenação, como corolário 
desta, pois deve ser declarada motivadamente na sentença (art. 92, § único do CP). 
Exige-se, assim, o exame dos requisitos objetivos e subjetivos do fato, e a 
declaração deve ser reservada aos casos de maior gravidade, em que resulte do 
crime, incompatibilidade com o exercício do pátrio-poder, tutela ou curatela ou 
abuso de autoridade do seu titular.
A Reforma Penal de 1984 (Lei nº 7.209) converteu a antiga pena acessória de 
interdição para o exercício do pátrio-poder, tutela ou curatela (art. 69, II do CP), 
que constitui efeito da condenação. Embora tenha havido modificação na natureza 
jurídica dessa interdição, o fato é que na prática ambas conduzem para o mesmo 
fim e têm as mesmas conseqüências no campo meramente objetivo, qual seja, a de 
tornar incompatível o exercício civil do direito e dever do pátrio-poder, diante de 
uma sentença condenatória.
A pena acessória, com a Lei nº 7.209/84, desapareceu do Código Penal. E nem se 
argumente que, na hipótese, não persistiria a incapacidade do imputado para o 
exercício do pátrio-poder sobre os filhos como efeito da condenação, à semelhança 
do que já foi decidido em caso de interdição. A incapacidade é permanente.
Valem os conceitos e ditames legais para os casos de tutelados ou curatelados. 
• INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO: 
Trata o art. 92, inciso III do CP do efeito da condenação, dependente de declaração 
judicial motivada, aplicável quando é utilizado algum veículo como meio para a 
prática de crime doloso. A inabilitação tem efeito permanente, vigorando até que o 
condenado se reabilite. A sanção tem semelhança, mas não confunde com a pena 
restritiva de direitos, sendo esta temporária. Esta é aplicada em casos de crimes 
culposos de trânsito. As penas restritivas estão elencadas no art. 43, V, para o caso 
ora estudado e a temporariedade da restrição para dirigir veículos (em caso de 
crime culposo), vem estampado no art. 47, inciso III, todos do Código Penal. 
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29.VALDÉS, Joaquim, Arce y Flórez.
JURISPRUDÊNCIA:
1. EDRESP Nº 120229.
2. Ministro Néri da Silveira, Presidente do Supremo Tribunal 
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do Rio Grande do Sul- parecer nº 07, publicado no D.O do 
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5. RESP Nº 200.242, 5ª Turma, Ministro Gilson Dipp, STJ.
6. MS Nº 8595-DF, 3ª Seção, STJ, Min. Felix Fischer.
7. RT Nº 556/347.
8. RT Nº 566/372.
9. ADIN 1.063, Rel. Ministro Celso de Mello, ac. De 18/V/94.
10.ADIN 1158, AC. DE 19/12/94, Rel. Ministro Celso de Mello, STF.
11.Acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo in 
Arquivo Judiciário, vol. LIV, p. 170, Juiz Elmano Cruz.
12.AC nº 29.169-AL- TRF, 5ª Região, Juiz José Delgado.
13.AMS Nº 50.231, PB, TRF, 5ª Região, Juiz Petrucio Ferreira.
14.AMS Nº 45.768-PB, Juiz Geraldo Apoliano, TRF, 5ª Região, 3ª 
Turma.
15.AMS Nº 51.860-PB, Rel. Juiz Araken Mariz, 2ª Turma, TRF, 5ª 
Região, p. 29.960.
16.AMS Nº 48.841-PB, Rel. JUIZ José Maria Lucena, 3ª Turma, 
TRF, 5ª Região, p. 38.744.
17.MS Nº 53.530-PB, Rel. Juiz Francisco Falcão, 1ª Turma, TRF, 5ª 
Região, p. 32.121.
18.RT Nº 519/328.
19.RT Nº 639/292.
20.RJT/SP Nº 111/505. 
 
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