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Resumo Noções de Sociologia Aula 03 (28.02.2012)

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Noções de Sociologia 
Data: 28/02/2012 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 1 
Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 
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Assuntos tratados: 
1º Horário. 
 Noções de Sociologia – Provas da Magistratura / Introdução à Sociologia 
da Administração Judiciária / Aspectos Gerenciais da Atividade Judiciária 
/ Tríplice Crise do Direito / Relações Sociais e Relações Jurídicas 
2º Horário. 
 Transformações Sociais e Direito / Direito, Comunicação Social e Opinião 
Pública / Conflitos Sociais e Mecanismos de Resolução / Questões de 
Concurso 
 
1º Horário 
 
1. Noções de Sociologia – Provas da Magistratura 
Nas provas discursivas da Magistratura Federal e do MPF é comum haver, 
dentre as quatro questões discursivas, pelo menos uma envolvendo aspectos de 
formação humanística. A introdução de tais conhecimentos nessas provas foi uma 
iniciativa do Conselho Nacional de Justiça, através da Resolução nº 75, de 12.05.2009, 
tendo se estendido mais tarde para outros concursos, como os das carreiras do 
Ministério Público. 
Espera-se com a medida adotada pela Resolução nº 75 que o candidato à 
carreira da magistratura possua conhecimentos zetéticos1, e não apenas dogmáticos - 
aqueles obtidos através do estudo de leis, doutrina e jurisprudência. 
Note-se que nas provas subjetivas da magistratura, como o candidato conta 
com poucas horas para responder, existe o risco de a resposta restar muito vaga, ou 
ainda de se confundir os nomes dos pensadores eventualmente citados, o que é muito 
comum, devido a pouca familiaridade do estudante de direito com o instituto da 
sociologia. 
Dessa forma, é importante seguir o roteiro abaixo para otimizar o tempo e 
garantir a pontuação: 
a) Ler o tema com atenção, a fim de definir o que o examinador está pedindo; 
b) Elencar tópicos, palavras-chave que devem constar na resposta; 
c) Fazer o encadeamento de ideias; 
 
1
 Zetética: método de investigar a razão e a natureza das coisas (Dicionário Priberam da Língua 
Portuguesa). 
 Noções de Sociologia 
Data: 28/02/2012 
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d) Por fim, elaborar a redação de forma metódica e detalhada. 
Ao longo do nosso curso abordamos diversos pensadores. Estrategicamente é 
melhor eleger um único pensador e desenvolver suas ideias na questão do que falar 
superficialmente sobre todos. Aconselha-se citar no máximo dois pensadores, sendo 
um mais tradicional (como, por exemplo, Kant, Weber, Durkheim) e outro mais crítico 
(Marx ou integrantes da Escola de Frankfurt). Não se trata de apresentar seu próprio 
posicionamento ideológico, mas sim de apresentar um contraponto à primeira teoria 
apresentada, e de forma pontual. 
A respeito da possibilidade de apresentar opinião própria, recomenda-se não 
fazê-lo; é preferível responder a questão de forma descritiva, exceto se a questão for 
bem clara no sentido de que o candidato deve adotar um ou outro posicionamento. 
Raras são as questões que exigem detalhes sobre determinado pensador. 
Atualmente, a maior parte delas busca se fixar em um contexto fático, que apresenta 
questões morais importantes no âmbito do direito, como por exemplo, a 
criminalização do aborto ou a influência da opinião pública no processo decisório do 
magistrado. 
 
2. Introdução à Sociologia da Administração Judiciária 
 
2.1. Aspectos Gerenciais da Atividade Judiciária 
É necessário compreender que as relações sociais vêm sendo profundamente 
alteradas, sobretudo por conta da incorporação de processos tecnológicos inovadores, 
e que tais mudanças afetam sobremaneira o direito brasileiro. 
A tradição patrimonialista do nosso direito criou um grande distanciamento 
entre o direito institucionalizado e as relações sociais. Notamos que as classes menos 
favorecidas, ainda hoje, experimentam o direito de forma muito pontual em suas vidas 
– por exemplo, através da repressão policial ou de políticas assistenciais. Já a parcela 
mais abastada da população realiza diariamente contratos patrimoniais, estando mais 
próxima das regras jurídicas institucionalizadas. 
Esse abismo social se reflete no acesso à justiça, podemos citar, inclusive, a 
exigência, no âmbito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, do comprovante de 
residência como requisito para o preenchimento das condições do art. 282, CPC. 
Art. 282 - A petição inicial indicará: 
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e 
do réu; (…) 
 Noções de Sociologia 
Data: 28/02/2012 
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Sabe-se que grande parte da população de baixa renda não se enquadra no 
modelo simples de residência atendido pelo direito. Surgem, assim, pessoas que vivem 
de favor na casa de outras, aluguéis firmados sem as formalidades legais, compra e 
venda de imóveis em favelas, etc.. Esse fenômeno é bem retratado pelo sociólogo 
português Boaventura de Souza Santos, em sua obra “O Discurso e o Poder”, em que 
reconhece a existência de um direito paralelo no ordenamento brasileiro. 
É fato que, especialmente nas últimas décadas, tem sido intensa a produção 
legislativa de cunho reformador; mas há que salientar que nem sempre tais alterações 
acompanharam a realidade em transformação. 
Nesse contexto, as provas da Magistratura abordam o tema Administração 
Judiciária, com foco nos aspectos gerenciais dessa atividade jurídica; tendo em vista a 
exigência prática de que o juiz exerça a função de verdadeiro gestor da Vara, a 
despeito de não possuir preparo específico para tal tarefa. 
Como responsável pela Administração Judiciária o Juiz deve estar atento às 
transformações sociais e às expectativas de resolução de conflitos sociais. 
Historicamente, a Administração sempre foi desempenhada de maneira 
empírica, passando, com a instituição do CNJ, a sofrer um controle basicamente 
quantitativo (vide Meta 3 de 2011 do CNJ2). 
Cabe ao crítico questionar a efetividade de tal controle, reconhecendo que, 
diversas vezes, o imperativo de celeridade e economia processual gera a supressão de 
direitosfundamentais, inviabilizando a atuação livre do juiz e o devido processo legal. 
Quando se admite que, com base em jurisprudência dominante, determinada 
questão não se sujeite ao duplo grau de jurisdição, há dúvidas a respeito da 
abrangência da decisão adotada como parâmetro. O que se verifica é que, em regra, 
não há uma pesquisa séria realizada em todo o país que permita afirmar ser este ou 
aquele o entendimento dominante. 
 
2.2. Tríplice Crise do Direito 
O estabelecimento de metas desmerece o trabalho do magistrado, além de não 
resolver efetivamente os problemas de engarrafamento processual nem conferir maior 
aplicabilidade aos direitos fundamentais. Luis Alberto Warat, seguido por Lênio Streck, 
aponta uma “Tríplice Crise do Direito”. 
1) Crise Estrutural – consiste na deficiência da máquina do Judiciário em 
promover o acesso à justiça material. Medidas recentes adotadas pelo CNJ 
 
2
 O objetivo principal da Meta 3 é fazer com que os juízos e tribunais julguem quantidade igual a de 
processos de conhecimento distribuídos em 2011 e parcela do estoque, com acompanhamento mensal. 
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demonstram iniciativa no sentido de reconhecer e combater a corrupção 
entre os magistrados, recuperando a confiança da população no Judiciário. 
É o déficit material, administrativo e moral (corporativismo e corrupção) do 
Poder Judiciário; a falta do acesso à Justiça formal. 
2) Crise Funcional – consistente na ilegitimidade do arcabouço legislativo 
existente. A estrutura dogmática existente nem sempre visa a atender às 
finalidades de ordem, segurança e harmonia social propostas pelo Direito. 
Exterioriza-se pela inadequação, ilegitimidade, inefetividade de leis, lacunas 
e incoerências normativas (conflitos transindividuais), carência de 
fundamentação e argumentação, ausência de acesso à Justiça material. 
3) Crise do Imaginário – consiste na constatação de um “senso comum 
teórico” entre os juristas, que limita o desenvolvimento da jurisdição. Não 
há espaço para grandes reflexões, na medida em que a interpretação, 
predominantemente literal, e a opinião de grandes doutrinadores 
engessam a argumentação jurídica. Representa a abstração da realidade 
social (complexa e cambiante), em função do demiurgo formal.� 
 
3. Relações Sociais e Relações Jurídicas 
As relações jurídicas são, a rigor, apenas uma modalidade de relações sociais, 
ou seja, Jurídicas são as relações sociais reconhecidas pelo Direito. O Estado, através 
do Direito, instrumentaliza a disciplina das relações sociais, fortalecendo a 
coercibilidade por meio da formalidade institucional. Importante frisar que ante a uma 
questão sobre relações sociais e jurídicas deve-se apresentar uma visão clássica e 
outra crítica sobre o tema. 
Numa visão tradicional, diz-se que as ciências humanas surgiram no século 
XVIII, com as Revoluções Burguesas: industrial inglesa, americana e francesa. Essas 
revoluções trouxeram transformações sociais, políticas e filosóficas, de tal forma que 
seu estudo passou a se dar de forma própria, tal como já ocorria com as ciências 
naturais – através do estabelecimento de um método racional. 
De modo geral, o conceito de liberdade começou a se desenvolver nesse 
período, até que, durante o Iluminismo, consolidou-se como a ideia de que o homem 
deve buscar sua autonomia, seja em relação à Igreja, ao soberano ou à Metrópole. 
Kant desenvolveu a noção de que, apenas a partir do entendimento exato 
sobre o seu próprio funcionamento, o homem poderia ser dono do seu próprio 
destino. Comte, Durkheim e Weber se propuseram a definir um método para esse 
estudo do homem. Tais pensadores acreditavam que a compreensão dos 
comportamentos humanos permitiria a busca da “cura” para os males sociais, como as 
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Data: 28/02/2012 
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guerras e a miséria. E assim temos, por exemplo, o desenvolvimento da criminologia, 
que buscava encontrar um padrão nos comportamentos desviantes a fim de se 
prevenir a sua reiteração. 
Vê-se que, portanto, o direito e as ciências humanas se prestam a aprimorar o 
controle social. Para garantir a reprodução cíclica do sistema produtivo, buscam-se 
mecanismos, entre eles o jurídico. Deriva desse pensamento a necessidade de se 
estabelecer uma ordem social rígida, impessoal e burocrática, o que é feito através do 
positivismo jurídico. 
O Estado, ao sancionar simbolicamente condutas e punir os desvios, influencia 
a vida social, promovendo-lhe o controle. 
Para Durkheim a socialização é o processo de aprendizagem do homem médio 
a respeito de um conjunto de sentimentos e crenças difusas que compõe um projeto 
cultural histórico (“consciência coletiva”). Nas sociedades capitalistas a agregação 
(solidariedade social) deixa de ser mecânica e passa a ser orgânica, ou seja, menos pela 
tradição e mais pela interdependência dos membros autônomos insertos na divisão do 
trabalho e, assim, normas sociais tendem a se tornarem normas jurídicas. 
Weber entendia que as normas sociais só se efetivam quando um indivíduo 
motiva-se a fazer ou a seguir uma norma (ação social). A ação de um indivíduo 
corresponde à ação do outro (relação), gerando uma expectativa que conforma o 
controle social e legal. 
Já a visão crítica argumenta que as ciências sociais e jurídicas não surgiram de 
maneira unicamente benévola, como forma de compreender as relações humanas e 
sociais, mas sim com o escopo de controlar o homem. O homem com comportamento 
desviado deve ser dominado, “docilização do corpo” (expressão usada por Michel 
Foucault); é importante curá-lo para que ele volte a ser explorado e a produzir. 
Desta forma, diante de questões envolvendo relações sociais e jurídicas é 
importante apresentar o Iluminismo e a visão tradicional e, se possível, o aspecto 
crítico. 
 
2º Horário 
 
4. Transformações Sociais e Direito 
O Direito deve sempre acompanhar as transformações sociais (exemplos: 
influências políticas e econômicas da revolução informática global sobre os Estados). 
Por ser um produto da sociedade, o Direito sempre está a um passo dessas 
transformações e, assim, se novas relações sociais surgem, o Direito deve se adaptar a 
 Noções de Sociologia 
Data: 28/02/2012 
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elas. Buscar a sua legitimidade, através do reconhecimento da sociedade nas normas 
jurídicas. 
Hoje não basta a mera edição de normas pelo Estado, para gozar de efetiva 
legitimidade são necessários mecanismos de legitimação para esse Estado 
contemporâneo. O Direito não é só o conteúdo da lei, mas sim um processo de 
deliberação democrática, de participação política mais ampliada, além da aproximação 
entre o direito e a moral, com a soma de valores expressos através de princípios 
importantes para a sociedade. 
Uma crítica a essa relação “Direito-Sociedade” apontada pelo professor é o 
número excessivo de Emendas Constitucionais ao texto da nossa Magna Carta, que 
retalham e muitas vezes até desfiguram a própria Constituição, configurando um 
problema para a legitimação constitucional. 
As Emendas brasileiras são, na verdade, adaptações do texto constitucional ao 
projeto político de alguns grupos políticos; quando o correto, num Estado Democrático 
de Direito, é a adaptação dos projetos políticos à Carta Maior, e não o contrário. Isto 
acaba por defender certos interesses pontuais, sem corresponder necessariamente a 
uma transformação social efetiva, profunda, e que mereça, de fato, uma mudança no 
texto da Constituição. 
 
5. Direito, Comunicação Social e Opinião Pública 
A sociedade, a identidade e a realidade cristalizam-se subjetivamente num 
processo de interiorização, de aprendizado de normas sociais e padrões culturais. Um 
dos elementos de integração social é a comunicação. A linguagem organiza o real e 
dota a vida cotidiana de sentido. 
Nesse contexto, a Comunicação Social é campo do conhecimento que estuda a 
comunicação humana e as interações entre indivíduos, grupos e os meios de 
comunicação de massa, que orientam os comportamentos, criando um referencial 
simbólico para as ações (exemplo: consumo), identidades sociais com ideias ditadas 
por um determinado grupo – senso comum – opinião pública, será? 
O crescente poder da mídia, especialmente na virada do século XIX para o XX, 
com a incorporação de novas tecnologias, saindo do espaço exclusivo da mídia 
impressa e passando para o rádio, TV, internet, atinge cada vez mais pessoas. 
Se por um lado a disseminação da informação é positiva, de outro, a cultura se 
transforma em mercadoria, servindo ao controle e retirando a própria autonomia do 
indivíduo. Esse aspecto é estudado e desenvolvido pela Escola de Frankfurt (M. 
Horkheimer, T. Adorno e W. Benjamin), chamado de “Indústria Cultural”. 
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A Escola traz o viés crítico dessa massificação dos meios de informação, de 
conhecimento. A opinião pública é formada pelos meios de comunicação, mas a 
opinião desses meios de comunicação nem sempre reflete a opinião pública, 
influenciando-a sobremaneira e, por vezes, desvirtuando a sua real forma de se 
expressar. 
Isto posto, a formação e massificação da opinião pública pela mídia é evidente 
na confusão que muito existe entre as expressões “meios de comunicação” e “opinião 
pública”, que, na maioria dos casos, não tem o mesmo significado. 
Para os adeptos da Escola de Frankfurt, a razão iluminista é chamada de razão 
instrumental, pois é utilizada como meio de dominação ideológica das massas, não 
parte genuinamente do pensamento livre e autônomo do indivíduo. A Escola defende 
a desmistificação do homem enquanto “senhor” de suas atitudes, que são formuladas 
no seu inconsciente. 
A racionalidade do homem ganhou uma dimensão pragmática, instrumental, na 
qual o ser humano tende sempre a maximizar os seus ganhos, ser essencialmente 
egoísta, ver o seu próprio bem em detrimento do bem alheio. 
É esta racionalidade própria que é a premissa criticada pela Escola. Eles 
entendem o homem não apenas com essa visão de ganho, egoísta, existe, sim, uma 
dimensão de solidariedade. Essa racionalidade instrumental prende ainda mais o ser 
humano, através da exploração da racionalidade de uns sobre outros, o que muitas 
vezes é o realizado pelas mídias. 
A massificação dos meios de comunicação gera a criação da já citada indústria 
cultural, que não refletiria a opinião pública, mas sim traria uma orientação em busca 
de uma “cultura sistêmica”. 
O lado positivo é o rompimento com o elitismo cultural do século XVII e 
anteriores. Mas o efeito deletério disso é disseminar o indivíduo na obra cultural, que 
passa a ser um produto de consumo, de venda. A cultura se transformou numa 
mercadoria e num instrumento de poder, de dominação ideológica, com a retirada da 
pluralidade do que é humano (típico dos objetos culturais), colocando um imaginário 
padrão na sociedade contemporânea. 
 
5.1. Conflitos Sociais e Mecanismos de Resolução 
Existe uma constante tensão entre os meios de comunicação e o Direito, na 
medida em que nem sempre buscam o mesmo fim. Os meios de comunicação podem 
se prestar a conscientizar a população a respeito dos direitos fundamentais, mas 
também podem servir para a alienação, suprimindo direitos. O Direito, por seu turno, 
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Data: 28/02/2012 
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tem o papel de ponderar direitos fundamentais diante do poder da mídia. Observa-se 
que o sistema jurídico influencia os meios de comunicação de diversas maneiras, seja 
no campo legislativo (através da Lei de Imprensa, limitações constitucionais à censura 
e à propriedade de empresas de comunicação por estrangeiros), seja no âmbito da 
ponderação de direitos fundamentais, como a liberdade de informação versus a 
liberdade de consciência. 
Questão muito abordada nos concursos públicos para a Magistratura é a 
influência que a Justiça deve dar (ou não) à opinião pública, ao clamor popular sobre 
determinado tema. Em geral se busca separar, o juiz julga com base no Direito, nas 
provas dos autos, no seu conhecimento técnico, e não nos meios de comunicação. 
Todavia, em muitos casos em emblemáticos trazidos pela mídia, principalmente 
a televisiva, o meio de comunicação antecipa uma condenação penal, por exemplo. 
Quantos são os casos de haver a absolvição dos envolvidos que, no entanto, já foram 
condenados socialmente pelo que transmitidoatravés da mídia como verdade 
absoluta! 
A rigor, nas ciências jurídicas como nas humanas a pré-compreensão do sujeito 
julgador nunca está desconectada da sua realidade social, com o seu grupo social. Os 
valores são retirados do grupo, e nesse processo de interpretação e decisão está 
embutida a opinião compartilhada pelo seu meio social. 
Se os valores são compartilhados, logo, não é completamente estanque e 
desconexo da decisão judicial a ser dada. A neutralidade como fato, absoluta, não 
existe. Ela deve, sim, ser verificada nos procedimentos (imparcialidade, suspeição e 
impedimento), através de conduta exteriorizada que o magistrado deve ter, e não a 
respeito dos valores que traz consigo. 
O papel do Estado serve, assim, para controlar essa colocação entre os direitos 
fundamentais e essa massificação dos meios de comunicação social. E até que ponto 
essas restrições impostas pelo poder público significam uma orientação de conteúdo, 
censura, autoritarismo? De outro lado, o Direito também protege a liberdade de 
informação, a liberdade de consciência, de expressão. 
Os desafios do Direito em relação aos meios de comunicação social e à opinião 
pública consistem em evitar a manipulação política dos meios de comunicação, e, ao 
mesmo tempo, a interferência excessiva dos meios de comunicação sobre a 
imparcialidade do juiz, a censura, além de garantir direitos fundamentais individuais 
e coletivos. 
 
6. Questões de Concurso 
 Noções de Sociologia 
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QUESTÃO 1 (24° Concurso para Procurador da República/MPF – 2009): Formule, 
pelo menos, três fundamentos constitucionais, incluindo necessariamente 
argumentos sobre direitos sexuais e reprodutivos, favoráveis ou contrários à 
recepção do art. 124, CP (“Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem 
lho provoque: Pena – detenção de 1 a 3 anos”) pela CRFB/88. 
O examinador deseja que o candidato aborde o tema da liberdade individual e 
sexual, incluindo o poder de dispor do próprio corpo, o princípio constitucional da 
dignidade da pessoa humana, o direito fundamental à vida (gestante e feto) e todos 
os outros correlatos: planejamento familiar, direito reprodutivo do pai, etc.. 
Se a opção do candidato for pela não recepção do dispositivo, é importante 
mencionar a finalidade da imputação penal, já que ela não cumpre seu aspecto 
preventivo, posto que ninguém deixa de realizar aborto pelo medo de ser preso. Há 
outras maneiras mais eficientes para alcançar essa finalidade, por exemplo, através da 
educação, informação, políticas públicas de ensino. 
Importante abordar também a progressividade da proteção jurídica, se deve 
começar com a vida intra-uterina, protegendo a dignidade do nascituro. Para Daniel 
Sarmento, a vida intra-uterina acumula mais proteção jurídica na proporção em que 
ela se desenvolve. Assim, antes da fixação do embrião à parede uterina, existe uma 
probabilidade reduzida de aquele embrião vir a se desenvolver (proteção mínima). 
Após a nidação, o patamar de proteção é crescente, pois há maior probabilidade de se 
afirmar a possibilidade da vida; e, gradativamente, até a morte daquele ser humano. 
A favor da recepção do dispositivo, temos que, a rigor, o problema da liberdade 
sexual não tem uma dimensão estritamente individual, mas sim coletiva. Os problemas 
relacionados à gravidez e ao parto não dizem respeito apenas à liberdade da mulher, 
mas de toda a coletividade, na medida em que a rede de saúde pública seria 
impactada pelo número de abortos (por outro lado, a favor da liberação do aborto, 
pode-se argumentar que hoje o sistema de saúde pública já é impactado pelo grande 
número de mortes em decorrência de abortos clandestinos). Ademais, a ordem 
jurídica protege a vida de qualquer maneira, sem diferenciação. 
Por fim, o Estado tem a obrigação de proibir práticas antissociais, entre as quais 
se inclui o aborto. 
Nesse ponto, Habermas afirma que há um desacordo moral razoável, na 
medida em que existem argumentos favoráveis e contrários, não sendo o Judiciário 
competente para decidir a respeito e devendo o debate público decidir a recepção ou 
não do dispositivo pela Constituição. 
QUESTÃO 2 (13° Concurso da Magistratura Federal - TRF1 – 2009): Disserte sobre 
o tema Dignidade da Pessoa Humana (DPH), desenvolvendo necessariamente e na 
sequência proposta, os seguintes tópicos: 
 Noções de Sociologia 
Data: 28/02/2012 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
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- DPH como concepção filosófica e moral; 
- Pessoa Humana como sujeito de direito e objeto de direito (aporia?); 
- Marcos de maior repercussão na trajetória histórica desse tema. 
Ao abordar de início a concepção filosófica e moral da DPH, imprescindível 
mencionar o chamado “Substrato Racional” de Kant – imperativo categórico – segundo 
o qual o homem é sempre um fim em si mesmo, e nunca um meio para a consecução 
de outros fins, um instrumento. A esfera de dignidade humana deve ser preservada. 
Essa é a base para a liberdade humana e sua emancipação. 
Para o autor, não há agoria (contradição) entre a pessoa humana como sujeito 
e também como objeto de direito. É possível conciliar. A atuação do ser humano na 
sociedade está delimitada pelas regras morais, que podem ser encontradas pela razão 
humana. Além do que o homem se tornou objeto do Direito e da Ciência Jurídica, que 
passou a refletir o homem, e, a partir desses imperativos categóricos, retirar os 
imperativos hipotéticos; na medida em que as hipóteses variam historicamente, mas 
tendem a convergir para um direito cosmopolita, universal, baseado no postulado 
mínimo ético da dignidade. 
Quanto ao homem como sujeito de direito, deve-se destacar o homem 
burguês, original destinatário dos direitos fundamentais de primeira geração, embora, 
para o direito, os postulados tenham sido generalizados formalmente, ou seja, a lei 
define que todos são igualmente sujeitos de direito, mas na prática essa igualdade é 
meramente formal. 
Assim, os marcos que devem ser apontados para a resposta, são as 
Gerações/Dimensões dos Direitos Fundamentais; se possível, mencionar ainda o 
biodireito, a bioética e a democracia participativa como partes integrante da Quarta 
Geração. 
 
Dúvidas: consultar bibliografia indicada nos slides enviados pelo professor ou 
através do seu email, professorivangarcia@gmail.com.

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