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Caso Concreto Aula 4

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO/RJ.
				Antônio, brasileiro, estado civil..., profissão..., CPF ..., RG ..., e-mail ..., residente em São Paulo/SP, vem por sua procuradora CAROLINA MAIA DE CARVALHO, com endereço profissional na Rua Dr Costa Lobo, 116 – Montese - Resende/RJ, CEP: 27541-020 Tel.: (24) 98106-4931 e-mail: carolina.cmc@hotmail.com, a presença de Vossa Excelência propor 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE
				Em face de JOÃO, brasileiro, estado civil..., profissão..., CPF..., RG..., e-mail, residente no município do Rio de Janeiro/RJ, pelos fatos e fundamentos expostos.
DOS FATOS
O Autor a 5 (cinco) meses adquiriu, de boa fé, do Réu um veículo Gol, Ano/Modelo 2013, Placa XXX0000, pelo valor combinado e quitado de forma certa e integral de R$ 20.000,00.
No mês posterior do ato da celebração da compra o Autor realizou a transferência do veículo para seu nome, além das taxas pertinentes a transferência fora verificado junto ao órgão competente custas de R$ 2.000,00, referente a infrações as normas de trânsito, que até o presente momento não foram quitadas pelo Réu.
Para total surpresa do Autor, a uma semana, seu veículo fora apreendido por ordem do Delegado de Polícia, por se tratar de um objeto fruto de furto no município de São Paulo/SP.
Insta salientar que o Autor tentou por diversas vezes solucionar de forma amigável, o ressarcimento do valor, porém todas as tentativas foram frustradas, não logrando existo.
DOS FUNDAMENTOS
O Autor que agiu de boa-fé e não tinha conhecimento de que o veículo adquirido do Réu era fruto de furto onde o negócio jurídico, ora em questão, trata-se de objeto ilícito, gerando defeito no negócio celebrado entre as partes, conforme Art 104, II, Art 123, II e Art. 166, II, Art 186, Art 447 e Art 927 ambos do Código Civil, “in verbis”:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - ...;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - ....
O negócio jurídico válido deverá ter em todas as partes que o constituírem, um conteúdo legalmente permitido Deverá ser lícito, ou seja, conforme a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à moral. Se tiver objeto ilícito será nulo (CC Art. 166). E o que ocorrerá, com a compra e venda de coisa roubada. Deverá ter ainda objeto possível, física ou juridicamente.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - ...
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - ...
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - ...;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - ...
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Se o ato negocial contiver prestação impossível, como a de dar volta ao mundo em uma hora ou de vender
herança de pessoa viva (CC, art. 426), deverá ser declarado nulo (CC arts. 104, II, e 166, II). Deverá ter
objeto determinado ou, pelo menos, suscetível de determinação, pelo gênero e quantidade, sob pena de
nulidade absoluta (CC art. 166, lI).
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
O alienante tem não só o dever de entregar ao adquirente o bem alienado, mas também o de garantir-lhe o uso e gozo, defendendo-o de pretensões de terceiro quanto ao se domínio, resguardando-o de riscos de evicção, pois pode ocorrer que o adquirente venha a perder a coisa, total ou parcialmente, em razão de sentença judicial, baseada em causa preexistente ao contrato. (DINIZ, Maria Helena)
Conceitua que, dá-se a evicção quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial que atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. Portanto, a evicção resulta sempre de uma decisão judicial. (Rodrigues, Sílvio)
Existe um conjunto de garantias que o alienante, por força de lei, está obrigado, na transferência da coisa ao adquirente. Essas garantias estão presentes tanto na compra e venda, como naqueles contratos em que se transferem a posse e a propriedade. O alienante deve não somente abster-se de interferir na fruição da coisa por parte do adquirente, como também impedir que terceiros o façam. Essa garantia ocorre nas questões de direito, como nas questões de fato, nos ataques de fato à coisa transferida, tem o adquirente as ações possessórias, entre outros meios a sua disposição. (VENOSA, Sílvio de Salvo.).
A garantia dos riscos da evicção, que recai sobre o alienante, ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública, e sempre que se não tenha excluído tal responsabilidade, tem por escopo resguardar o adquirente contra a perda da propriedade do bem ou do reconhecimento de algum ônus que o gravava por sentença judicial, assegurando-lhe a hipótese de vir a perde-lo, a restituição integral do preço, mais a indenização dos frutos que tiver sido obrigado a devolver, despesas contratuais e custas judiciais. Se a aquisição se deu em hasta pública, o arrematante ou adquirente que vier a sofrer evicção parcial ou total poderá pleitear o valor proporcional à perda ou ao preço da  coisa evicta, voltando-se contra credor que tirou proveito com o produto da arrematação ou contra o proprietário do bem, que recebeu o saldo remanescente. (DINIZ, Maria Helena).
Essa garantia está presente em todo contrato oneroso, e não apenas na compra e venda, como regulada em algumas legislações, quem transmite uma coisa a título oneroso está obrigado a garantir a legitimidade, higidez e tranquilidade do direito que transfere, desde que exista equivalência de obrigações para as partes, a garantia faz-se presente, deve ser assegurado ao adquirente que seu titulo seja bom o suficiente e que ninguém mais tem direito sobre o objeto do contrato, vindo a turbá-lo, alegando melhor direito. A evicção garante contra os defeitos materiais, nos contratos gratuitos, não há razão para a garantia, porque a perda da coisa pelo beneficiário não lhe traz um prejuízo, apenas obsta um ganho. No entanto, nada impede que, mesmo em uma doação, as partes estipulem a garantia, que não existe na lei. (VENOSA, Sílvio de Salvo)
De acordo com Gonçalves, a evicção funda-se no mesmo principio de garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios. Nesta, o dever do alienante é garantir o uso e o gozo da coisa, protegendo o adquirente contra os defeitos ocultos. Mas essa garantia estende-se também aos defeitos do direito transmitido. Há, portanto, um conjunto de garantias a que todo alienante está obrigado, por lei, na transferência da coisa ao adquirente. Não só deve fazer boa a coisa vendida no sentido de que ela possa ser usada para os fins que ela se destina, como também no de resguardar o adquirente contra eventuais pretensões de terceiro e o risco de vir ser privado da coisa ou de sua posse e uso pacífico, pela reivindicação promovida com sucesso por terceiro, ressarcindo-o se acaso consume a evicção. (Rodrigues, Sílvio).
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Mister se faz ressaltar que os danos causados pelo Réu, não foram apenas matérias, mas também morais, pelo constrangimento de ter o seu bem adquirido honestamente, com recursos originários de seu trabalho árdua e honesto,onde requer que seja indenizado conforme Art 944 do Código Civil.
Nesse sentido temos os pensamentos dos mais diversos doutrinadores sobre o tema: Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona o conceituam como “lesão de direito cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 55). Neste mesmo sentido, Maria Helena Diniz estabelece o dano moral como “a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo ato lesivo”. (DINIZ, 2003, p. 84) e ainda “Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONCALVES, 2009, p.359). Também leciona sobre o tema, Nehemias Domingos de Melo “dano moral é toda agressão injusta aqueles bens imateriais, tanto de pessoa física quanto de pessoa jurídica, insuscetível de quantificação pecuniária”. (MELO, 2004, p. 9).
Em primeira análise é possível considerar que o dano moral está vinculado à dor, angustia, sofrimento e tristeza. Todavia, atualmente não é mais cabível restringir o dano moral a estes elementos, uma vez que ele se estende a todos os bens personalíssimos.
“A noção de reparação de dano encontra-se claramente definida no Código de Hamurabi. As ofensas pessoais eram reparadas na mesma classe social, à causa de ofensas idênticas. Todavia o Código incluía ainda a reparação do dano à custa de pagamento de um valor pecuniário.” (REIS apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2004, pag. 61).
Para tanto, deve então, reparar o Réu, o Autor, na quantidade de 20 (vinte) salários mínimos, pelos constrangimentos e perdas causadas ao autor, onde são irreparáveis a sua honra.
A respeito da matéria em questão, temos os seguintes julgados:
TJ-SP - Apelação APL 00149407420118260554 SP 0014940-74.2011.8.26.0554 (TJ-SP)
Data de publicação: 07/02/2013
Ementa: AÇÃO INDENIZATÓRIA EVICÇÃO COMPRA E VENDA DE VEÍCULOPOSTERIOR PENHORA DO BEM POR ORDEM JUDICIAL RESPONSABILIDADE DA VENDEDORA BEM CARACTERIZADA NOS AUTOS INDENIZAÇÃO CORRESPONDENTE AO VALOR DO BEM NA ÉPOCA EM QUE SE EVENCEU. - Recurso provido em parte
TJ-MT - Agravo de Instrumento AI 01086181320108110000 108618/2010 (TJ-MT)
Data de publicação: 31/03/2011
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE REPARAÇÃO DECORRENTE DA EVICÇÃO - COMPRA E VENDA DE VEÍCULO FURTADO - REJEIÇÃO DO PEDIDO CONTESTATÓRIO DE DENUNCIAÇÃO DA LIDE AOS PROPRIETÁRIOS ANTECESSORES - INTEMPESTIVIDADE - REJEIÇÃO - AUSÊNCIA DE PROVAS - PREVALÊNCIA DO ATESTADO NA CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO - MÉRITO: CABIMENTO DA MEDIDA - ART. 70, I DO CPC - POSSIBILIDADE DE REGRESSO EM RELAÇÃO AOS ANTECESSORES NA CADEIA DOMINIAL DO BEM, DESDE QUE HAJA PROVAS DA RELAÇÃO ANTERIOR - DESCABIMENTO DE DENUNCIAÇÃO AO ÓRGÃO ESTADUAL DE TRÂNSITO - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO - DECISÃO REFORMADA EM PARTE. À mingua de provas acerca da ciência inequívoca da decisão agravada pelo recorrente anteriormente à atestada na certidão cartorária de intimação, prevalente a realidade processual da tempestividade da interposição à vista da fé pública de que gozam os servidores que as subscrevem. Em se tratando de ação indenizatória decorrente da alienação de veículo de proveniência ilícita, e tendo sido objeto de sucessivas alienações, é de se admitir a denunciação à lide em cadeia de sucessividade, desde que comprovado o liame contratual com o vendedor anterior, sob pena de cerceamento de defesa. Descabida, no entanto, a denunciação da lide ao DETRAN ao argumento de ter sido ele negligente na vistoria do veículo sucessivamente transferido, porquanto seu comportamento não se amolda a qualquer das hipóteses do artigo 70 do CPC.- (AI 108618/2010, DRA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 02/03/2011, Publicado no DJE 31/03/2011)
Insta salientar que o Autor tentou por diversas vezes solucionar de forma amigável, o ressarcimento do valor, não logrando existo.
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
O Autor manifesta a intenção na designação de audiência de conciliação da lide com fulcro no Art 334 do Código de Processo Civil.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. Que seja designada audiência de conciliação.
2. A citação do Réu.
3.Que seja julgada a procedência do pedido para a Declaração de NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO.
4. Que o Réu seja condenado ao Ressarcimento do valor pago.
5. Que o Réu seja condenado ao pagamento de dano moral, na quantia de 20 (vinte) salários mínimos.
6. Que seja julgado procedente o pedido para condenar o réu nas custas processuais e nos honorários advocatícios.
DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, nas amplitudes dos artigos 369 e seguintes do NCPC, em especial a prova documental, a prova pericial, a prova testemunhal e o depoimento pessoal do Réu.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 39.600,00 (trinta e nove mil e seiscentos reais)
Pede o deferimento.
Resende, 26 de setembro de 2016.

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