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Aula 3 A Escola como Espaço de Formação de Professores Reflexivos

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Aula 3 - A Escola como Espaço de Formação de Professores Reflexivos
Para que haja uma discussão sobre a escola como espaço de formação de professores e de reflexão sobre a aprendizagem, é importante caracterizar a escola e seu trabalho na sociedade atualmente.
A escola como é conhecida apresenta uma organização estável, apoiada na divisão do grupo de alunos em pequenos outros grupos homogêneos(aparentemente) quanto à idade e conhecimentos disponíveis.
A escola apoia-se também como uma organização social na prática de ensino , cuja crença principal pode ser localizada no papel de um mestre que transmite para a classe os conteúdos a serem ensinados e aprendidos.
A classe, dessa maneira, não pode ser encarada como um conjunto de individualidades (como desejava os educadores escolanovistas e progressistas do século XX) e sim como algo único, uniforme.
Ao mesmo tempo, um professor “ensina” a muitos da mesma forma  e que supostamente aprendem da mesma forma, simultaneamente.
Outras características desse modelo organizativo é a existência de um conjunto de regras:
Regrasdeconduta.
O que seria a aprendizagem do ofício de aluno?
As crianças devem ser transformadas em alunos, interiorizando as ordens dadas pelos mais velhos.
Originalmente, as ordens disciplinares e disciplinadoras fazem parte da formação moral solicitada pela burguesia ascendente no século XVI. Afinal, era preciso que a criança não se sucumbisse aos vícios do mundo, uma vez que sua natureza humana por si só é corruptível (crença medieval).
Coube à escola, além de instruir, educar sob os pilares da disciplina, obediência e hierarquia. 
Fonte: ARANHA, M.L.A. História da Educação e da Pedagogia. 2006.
A modelagem das crianças foi sendo consolidada sobre uma relação de exterioridade à singularidade dos sujeitos.
De um lado, o ensino escolar considera o aluno uma tábua rasa, uma tábua em branco, ou seja, alguém que nada sabe.
Por outro lado, impõe tarefas desmotivantes... “ O regime de trabalho é extenso e rigoroso...”; “...Visa formar o homem culto, capaz de brilhar nas cortes.” (ARANHA,1996, p.73).
Os interesses infantis não são considerados, porém, seus impulsos naturais tendem a serem controlados a todo momento como forma de preparação aos novos tempos.
Nos últimos séculos, a escola vivenciou uma explosão quantitativa devido à Revolução Industrial e à necessidade de alfabetização e formação dos trabalhadores.
Apesar disso, as características iniciais permaneceram:
horários definidos.
uma  sala;
um professor;
alunos sentados em fila;
carteiras;
um espaço quadrado ou retangular;
O controle e a disciplinarização foram sendo naturalizados. Com isso, a separação dos conteúdos, a classe, o espaço da aula, a organização do tempo e a repetição caracterizaram a escola.
À semelhança do modelo da fábrica – segmentada e hierarquizada -, a vida escola impôs a obediência dos alunos aos professores. Ao longo da história da Educação, o sujeito aluno pareceu estar separado das tarefas que realizou, ao mesmo tempo em que as repetiu constantemente.
Atualmente, a escola é solicitada a oferecer um ensino de qualidade e, mais do que isso, a favorecer a real aprendizagem dos conteúdos necessários à inserção dos indivíduos na vida social, produtiva.
Cresce o incentivo ao desenvolvimento de habilidades específicas de leitura, treino ortográfico, produção de textos e interpretação. Tais habilidades propiciam aos alunos a apropriação das formas de relacionamento com o mundo.
A proposta é tornar os alunos produtores de conhecimento através das práticas de escrita. Torná-los mais do que sujeitos, agentes da aprendizagem.
O trabalho escolar deve abandonar as características historicamente consolidadas de sobrecarga e desprazer, para assumir um conjunto de atividades expressivas e significativas para os alunos.
Deve apoiar-se em estratégias criativas e desafiadoras – problemas.
Enfim, deve-se estimular a descoberta e a curiosidade. Professores e alunos como artistas, a aprendizagem e as situações de ensino - uma criação- e a escola, uma grande comunidade.
A ideia de transformar a escola em uma comunidade de aprendizagem, Imbernón (2004), ou de “artesãos” é uma das possíveis alternativas para a crise da escola, Canário(2006).
Para a mudança da escola e da educaçãocabe discutir a relaçãocom o saber,a aprendizageme o ofício docente– a nova legitimidade.
De acordo com Canário (2006), aprendizagem consiste em um trabalho do sujeito sobre si mesmo. A informação é, nesse processo, o elemento principal.
As relações entre os diferentes tipos de informação prevalecem sobre a memorização.
E, portanto, é preciso estimular a curiosidade através de situações-problema.
O ato de aprender relaciona-se com o processo de socialização e hominização do ser, sendo um processo temporal.
Por isso, não é resultadode uma ação deliberada somente (como é o caso das atividades formais de ensino), porém acarreta em efeitos para sempre transformadoresnos indivíduos.
É para além da escola, ocorrendo em todos os contextos.
Aprendizagem é algo além de programas ou currículos escolares. O contexto de relações na escola promove a socialização dos indivíduos...Aprendizagem!
Conforme Rousseau (apud CANARIO, 2006), aprendemos com os outros e com o contexto. Cabe repensar a escola, a partir das características do mecanismo/processo de aprendizagem.
“a crise da escola também é uma crise dos profissionais que nela trabalham. (...) diante da necessidade de mudança é necessário mudar a forma de trabalhar. Enfim, de ensinar.”(IMBERNÓN, 2009).
A participação da comunidade na escola vem sendo registrada desde os anos 80. As experiências inicialmente tinham em comum o objetivo de:
transformar a escola em um elemento de mudança social;
propiciar maior aprendizagem aos alunos;
potencializar a autoestima;
possibilitar aquisição de conhecimento que oportunizem condições de vida mais favoráveis aos alunos escolarizados.
Conforme Imbernón (2009),a ideia ou modelo de uma comunidade de aprendizagem implica em uma importante mudança nas relaçõesde poder na escola.
A organização escolar subordina-se, desde modo, às prioridades definidas pela comunidade ou pelo grupo.
Formas alternativas ao tradicionalismo devem ser encontradas.
A escola idealizada nesse modelo deve ser dinâmica, de modo a romper com o isolamento dos professores e com as salas de aula fechadas.
Um novo papel ao conselho escolar, à equipe diretiva, às comissões escolares deve ser atribuído. Mudar a organização escolar implica, nessa perspectiva, em um compromisso de todos.
A “comunidade de aprendizagem” propõe uma nova configuração dos grupos, horários, espaços e atividades dos alunos, uma metodologia baseada em agrupamentos flexíveis, na cooperação e no diálogo.
Socialmente, representa a construção de um novo cenário educativo.
Epistemologicamente, a escola busca desenvolver as habilidades nos alunos mediante :a participação ativa em ambiente de aprendizagem;a comunicação oral e escrita;a solução de problemas.
Formalmente, é uma alternativa possível à exclusão social.
“A escola de qualidade hoje permite que todos aprendam”
(MELLO,2004).
Cabe ao professor o planejamento de sequências didáticas que possibilitem tal elaboração
Nela, a construção de conteúdos significativos é mais importante que a aquisição de informações.
O caráter educativo da escola deve buscar um enfoque cultural da qualidade do que se aprende e da forma como se aprende.
A proposta da escola como uma comunidade educativa reforça tais argumentos favoráveis à mudança:a escola como uma manifestação da vida.
A sala de aula deve ser considerada um espaço formador para o aluno, no qual ele deve ser estimulado a pensar, elaborar suas ideias ao ser introduzido no universo de saberes elaborados.
Essa consideração  foi  o que Donald Schon (1992) denominou de reflexão sobre a reflexão da prática.
Na opinião de Canário (2009) a proposta surge como uma alternativa para a melhoria da qualidade de ensino. No entanto, cada escola vive uma realidadeúnica.
E para bem cumpri-la, é preciso desenvolver o potencial criador da equipe para definir metas, identificar problemas e mobilizar recursos.
O processo apoia a importância de cada escola orientar-se por um projeto educativo próprio. Nele, os professores são formados na ação desempenhando profissionalmente de forma clara e, com isso, valorizada pelo grupo. É a formação de professores centrada na escola e na colaboração entre todos. Assim, os professores tornam-se protagonistas do processo de ensino.
O projeto político pedagógico (PPP) dará condições à escola, ou melhor, indicações necessárias à organização do trabalho pedagógico que inclui professores e alunos, ensino e aprendizagem, na sala de aula e pela ação educativa dos projetos didáticos/curriculares.
Será preciso que os educadores percebam os elementos básicos que compõem o PPP.
Devem levantar questões, as finalidades, o currículo, a organização do tempo escolar, o processo de decisão, a infraestrutura e as práticas avaliativas, ou “fazer rupturas com o presente para avançar”, como diz Veiga (2007).
Os gestores, na condução do processo educativo e pedagógico da escola, devem utilizar a diversidade do sistema escolar.
Os públicos são heterogêneos, o que permitirá a contextualização das práticas educativas – sentido da ação cognitiva de aprender - para formar os professores e identificar os problemas e, com isso, buscar soluções, implementá-las e avaliá-las.
A atividade dos professores é coletiva, sendo assim, suas práticas e o funcionamento institucional devem ser modificados ao mesmo tempo.
O trabalho com projetos modifica a turma, o exercício das práticas, os alunos e sua participação.
A formação continuada dos professores é um processo de socialização (socialização profissional dos professores) na própria profissão.
Os docentes aprendem a atuar nas escolas baseados nas experiências que tiveram.
Nas rotinas, é preciso que sejam criados espaços favorecedores dessas aprendizagens.
A ação dos gestores é definitiva no sentido da transformação do trabalho de todos, da investigação sobre como o professor aprende e da qualificação através dos grupos de estudos e reuniões planejadas.
A proposta de uma escola do futuro ou do futuro da escola passa pela reflexão sobre o ensino e as ações docentes, como nos disse Canario (2006).

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