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Aula 4 Modelos Pedagógicos na Relação Ensino Aprendizagem

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Aula 4 - Modelos Pedagógicos na Relação Ensino- Aprendizagem
O educador Paulo Freire afirma que conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode conhecer.
Para abordar as questões envolvendo as pedagogias diretiva, não diretiva e relacional será fundamental rever as características dos processos de ensinar e de aprender.
A aquisição do conhecimento através de modelos pedagógicos é o tema desta aula.
Primeiramente, será abordado o processo de aprender ou aprendizagem.
Aprendizagem
Aprendizagem pode ser definida como um ato de conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos = ATO. Pode ser definida também como a relação cognitiva entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Casual ou organizada. Espontânea ou com finalidade previamente definida. A última ocorre na escola (principalmente) devido à existência de condições específicas – planejamento de situações e sistematização. Enfim, através de atividades de ensino.
É um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental orientados. A produção da aprendizagem faz parte dos objetivos do ensino. Como resultado, serão esperadas modificações na atividade externa e interna do indivíduo e nas suas relações com o ambiente físico e social, pois é possível aprender conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes e valores.
A aprendizagem efetiva precisa da ação externa ou de um estímulo externo(ENSINO). Pode ser chamada de ASSIMILAÇÃO ATIVA.
A aprendizagem efetiva possui dois níveis:
Reflexo
O primeiro é sensorial e contém a formação dos hábitos como, por exemplo, agarrar objetos, distinguir cores..
Cognitivo
O segundo é responsável pelo conhecimento das operações mentais e aquisição da linguagem.   
Nos seres vivos, o primeiro momento desse processo é a PERCEPÇÃO, seguida de atividade mental de ANÁLISE, SÍNTESE e FORMAÇÃO DE IDEIAS. O último momento constitui a atividade prática e propriamente dita. A ação deve ser vista como um todo existente em todos os momentos do desenvolvimento humano.
A assimilação ativa  pode ser explicada como sendo a percepção, compreensão, reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais do aluno.
O processo de ensino pode ser caracterizado pelo desenvolvimento progressivo das capacidades intelectuais dos alunos em direção ao domínio dos conhecimentos e habilidades e a sua aplicação.
Visa alcançar resultados conforme mencionado. Obedece a uma direção, orienta-se por objetivos definidos, intencionalidade e sistematização. Tem como principal função a disseminação do saber escolar (LiBANEO,1991).
O professor trabalha com o conhecimento, mas parece não discutir os fundamentos de seu trabalho, analisa BECKER(2001).  A afirmação contribui para a reflexão sobre a relação entre a escola e o conhecimento.
O que é conhecimento?
Qual será a origem do conhecimento?
A importância de tais questões pode ser localizada no trabalho do professor na sala de aula. Na tarefa de selecionar os conteúdos que serão ensinados, refletir sobre a metodologia, as dificuldades de aprendizagem, as práticas avaliativas, o professor está enfrentando questões epistemológicas. Elas precisam ser pensadas a fim de fortalecerem o fazer pedagógico, crítico e dialógico.
O ato de conhecer é uma relação estabelecida entre a consciência (que conhece) e o objeto (a ser conhecido). Tal relação origina o produto. O produto é o saber acumulado/adquirido.
Refletir sobre o ato de conhecer remete à análise do papel da escola e a tarefa de transmissão desse conhecimento e certamente à proposta de escola do futuro, reinventada, colaborativa. Coube às teorias do conhecimento, um ramo da filosofia, questionar as relações entre o sujeito que aprende e o objeto conhecido (ARANHA,1996:128).
As teorias do conhecimento derivam de duas correntes ou posturas diante da questão da aprendizagem – o racionalismo e o empirismo. A primeira, o INATISMO ou APRIORISMO pode ser verificada desde a Antiguidade. Na Grécia Antiga, Sócrates acreditava que os indivíduos possuíam conhecimento ou ideias inatas, bastaria estimular, questionar as posições ou opiniões desses indivíduos para favorecer o processo de iluminação interna ou dar à luz às ideias ou crenças.
No entanto, porém foi com Descartes (1596-1650) que tal postura recebe destaque dentre o cenário intelectual na Europa Renascentista (XVI-XVII), marcando a passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
A segunda surgiu na Idade Moderna com John Locke (1632-1704) como resposta às indagações sobre o problema em torno do ato de conhecer. Em linhas gerais, o Inatismo (apriorismo) privilegia o sujeito na relação sujeito-objeto. A crença principal estaria no fato de que o conhecimento nasce com o sujeito e sendo anterior à experiência sensível. O Empirismo afirma, ao contrário, que o indivíduo seria uma tábula rasa. Assim, o conhecimento somente começaria após a experiência. O privilégio, então, nessa postura, passa a ser o objeto na relação sujeito-objeto.
Na Contemporaneidade, surgiu uma terceira teoria baseada nas relações estabelecidas em sala de aula – INTERACIONISMO – entre professores e alunos. Derivada das contribuições (formada pelas teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon sobre aprendizagem) ou CONSTRUTIVISMO, acredita que o conhecimento ocorreria através de um processo de interação entre o sujeito e o objeto mediado pela ação.
Cada teoria ou cada uma das posturas apresentadas pelas correntes acima descritas originou um conjunto de procedimentos pedagógicos distintos quanto à sua dimensão epistemológica ao longo da história da educação. São três formas de representar a relação ensino-aprendizagem escolar.
Na Pedagogia Diretiva, a principal crença está na transmissão do conteúdo ao aluno como principal tarefa da escola. Nesse modelo, o professor será o responsável por isso. A explicação ou pressuposto epistemológico que apoia a postura do professor é a de que o aluno não tornou consciência do objeto a ser conhecido. O sujeito ocupa, nessa postura, o papel secundário ao objeto. O indivíduo nada sabe. É uma folha branca. Do meio físico e social, provém a capacidade de aprender (estrutura) e o conhecimento (conteúdo). A teoria empirista fornece tal explicação. Os sentidos seriam os responsáveis pela apreensão das informações e pela aprendizagem. Na sala de aula, quem faz o papel do mundo físico apreendido pelos sentidos é o professor. Na sala, é ele quem traz o conhecimento ao aluno que aprende o que ele ensina de forma quieta, passiva através de repetições. Ao final, os processos de ensinar e o de aprender não se relacionam. O modelo não permite nada novo. A consequência é um ensino caracterizado pelo silêncio, pela reprodução de conteúdos em uma educação bancária (termo criado por Paulo Freire para caracterizar o comportamento do aluno passivo diante das práticas escolares), disciplinadora. No mercado de trabalho, o aluno será transformado em um trabalhador.
Na pedagogia Não Diretiva, a crença está na aprendizagem do aluno, ou melhor, na ação do aluno diante do objeto a ser conhecido. Neste caso, o professor não pode transmitir nada. Ele pode facilitar, oportunizar, porém a pessoa aprende por si só. O fundamento epistemológico dessa pedagogia é o Apriorismo ou Inatismo. A explicação é que o conhecimento já existiria antes por conta da herança genética. A interferência do meio, a estimulação provocaria o conhecimento. A espontaneidade faria o indivíduo transitar por fases de desenvolvimento – estágios. O professor, a partir dessa crença, deixa de intervir no processo de aprendizagem. Parece não tomar consciência, porém continua exercendo poder... Essa epistemologia provoca uma postura pedagógica que concebe o ser humano como dotado de um saber de nascença. Como um ser desprovido da mesma capacidade deficitária...Sendo assim, a criança marginalizada, entregue a si mesmo em uma sala não diretiva produzirá menos em termos de conhecimento que uma criança classe alta. É como se fosse um acordo de dificuldadesherdadas, legitimado pela escola Não Diretiva. Neste caso, o aluno determina a ação do professor. O ensino é desautorizado...Outra relação torna-se disponível de avançar... Dessa vez, a aprendizagem busca tomar o lugar do ensino que não interfere. Como era a proposta dos educadores do Movimento da ESCOLA NOVA.
Finalizando, no último modelo pedagógico, o professor acredita que o aluno aprenderá algo, se agir ou problematizar a sua ação. Enfim, se refletir sobre algo significativo (Neste caso, os materiais trazidos para aula pelo professor), ao mesmo tempo em que responda às inquietações provocadas. Os processos descritos acima são nomeados de assimilação e acomodação por Piaget. A crença principal está na possibilidade de o aluno construir e reconstruir o que sabe através de um contínuo movimento de ação e tomada de consciência da mesma ação realizada. Aprendizagem. Ou epistemologia Relacional.
Nesse modelo, o professor não nega a importância da herança genética e nem tampouco do meio social. A pedagogia daí proveniente é chamada Construtivista ou Relacional, pois valoriza uma interação radical entre o sujeito e o objeto, entre indivíduo e sociedade.
Na sala de aula apoiada na Pedagogia Relacional(ou Construtivista), os alunos não devem ser repetidores de conteúdos. Ao contrário, devem ser instigados a agir sobre as situações-problema oferecidas pelo professor. Um ambiente estimulador da aprendizagem deve ser organizado, tendo a realidade em torno da escola como elemento mediador. Enfim, a cultura!
O resultado dessa sala de aula é a construção/desconstrução do novo, através de uma atitude de busca e de coragem que ela exige(BECKER, 2001:28).

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