Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CADERNO DE LABORATÓRIO DFQ – Departamento de Física e Química Belo Horizonte, 2011 Física II Oscilações e Ondas, Fluidos e Termodinâmica As atividades práticas deste caderno de Laboratório foram escritas, revisadas, testadas e aprimoradas pelos professores de Física do Departamento de Física e Química: Abel Antônio da Silva, Adriana Gomes Dickman, Evandro Condé de Lima, Euzimar Marcelo Leite, Fernando Eustáquio Werkhaizer, Flávio de Jesus Resende, José Carlos Bezerra Filho, José Roberto Faleiro Ferreira, Lev Vertchenko, Maria Inês Martins, Mozart Silvério Soares, Paulo César Reis Cardoso de Melo, Paulo Costa de Oliveira, Peter Leroy Faria, Tomás de Aquino Silveira, Vânia Aguiar Moura e Welerson Romaniello de Freitas. Índice Prática 1 Pêndulo Simples 5 a 12 Prática 2 Oscilações Amortecidas 13 a 20 Prática 3 Oscilações Forçadas e Ressonância 21 a 30 Prática 4 Fenômenos Ondulatórios 31 a 40 Prática 5 Ondas Estacionárias Mecânicas Unidimensionais 41 a 46 Prática 6 Elasticidade e Módulo de Young 47 a 54 Prática 7 Velocidade do Som em Metais 55 a 62 Prática 8 Densimetria 63 a 70 Prática 9 Densidade de um Líquido 71 a 80 Prática 10 Escoamento de Fluidos 81 a 88 Prática 11 Coeficiente de Viscosidade 89 a 96 Prática 12 Determinação do Coeficiente de Dilatação 97 a 104 Prática 13 Medida do Ponto Fixo de Fusão e Ebulição da Água 105 a 110 Prática 14 Determinação do Calor Específico de um Líquido 111 a 118 Prática 15 Determinação da Capacidade Térmica de um Calorímetro 119 a 126 Prática 16 Lei de Boyle – Transformação Isotérmica 127 a 132 Prática 17 Radiação Térmica 133 a 140 Apêndice A Perfis Aerodinâmicos 141 a 150 Bibliografia 151 5 Prática 1 | Pêndulo Simples OBJETIVOS Estudar oscilações periódicas em um pêndulo simples, avaliando como o comprimento l do Pêndulo influencia no período de oscilação do pêndulo. Conhecer a analogia entre sistemas oscilantes. INTRODUÇÃO O estudo de movimentos harmônicos tem sua importância ligada ao fato de que diversos sistemas físicos possuem comportamento semelhante em torno do equilíbrio (desde átomos em uma estrutura cristalina, passando por vibrações em motores até modos de vibração em pontes). Some-se a isto o fato de que a descrição matemática do problema é relativamente simples e cujos resultados podem ser verificados experimentalmente. Os sistemas físicos mais próximos que podemos estudar são o sistema massa-mola e o pêndulo simples. A característica comum destes sistemas reside em que ao deslocarmos o corpo da posição de equilíbrio, ele é levado de volta a ela por uma força restauradora. O problema pode ser avaliado pela aplicação da 2a lei de Newton ao sistema estudado para procurar entendê-lo e descrevê-lo melhor. Vamos analisar matematicamente o sistema massa-mola. O sistema consiste de uma massa m conectada a uma mola ideal de constante elástica k o corpo de massa m oscila em torno de sua posição de equilíbrio quando deslocado de x de sua posição de equilíbrio. Lei de Hooke - A força exercida pela mola, quando esticada ou comprimida, é diretamente proporcional à deformação x que a mola sofre em relação ao seu comprimento de equilíbrio: ܨ ൌ െ݇ݔ Onde ݇ é a constante elástica da mola e ݔ é a posição do corpo. O sinal de menos é devido ao fato de que esta é uma força restauradora. (R.: Desenhe um diagrama de corpo livre para o corpo de massa m do sistema massa-mola, avalie as diferentes condições iniciais do problema). Inicialmente, nosso objetivo será encontrar uma função matemática que descreva a posição do corpo (massa m) em função do tempo x(t). Pela segunda lei de Newton ܨԦ ൌ ݉ Ԧܽ 6 Desprezando o atrito entre o corpo e a superfície a resultante de forças sobre o corpo é – ݇ݔ e a aceleração é ܽ ൌ ௗమ௫ௗ௧మ , assim a equação diferencial que descreve o movimento é ݀ଶݔ ݀ݐଶ ൌ െ ൬ ݇ ݉൰ ݔ Esta é uma equação diferencial linear e homogênea. Matematicamente estamos escrevendo que deve existir uma função ݔ ൌ ݔሺݐሻ tal que sua derivada segunda seja igual à própria função multiplicada por uma constante െ ቀ ቁ. As soluções possíveis desta equação são funções do tipo senos, cossenos e combinações lineares destas funções, (R.: Avalie cada caso construindo gráficos de posição ݔሺݐሻ versus tempo) assim, escolhendo uma função do tipo seno: ݔሺݐሻ ൌ ݔ sinሺ߱ݐሻ onde ݔ é a amplitude máxima das oscilações e ߱ é a frequência angular de oscilação natural do sistema massa mola. Substituindo ݔሺݐሻ na equação diferencial encontramos que ߱ ൌ ට , considerando que a freqüência de oscilação é ݂ ൌ ఠ ଶగ e que o período de oscilação (tempo para uma oscilação completa) se relaciona com ݂ por ܶ ൌ ଵ assim ܶ ൌ 2ߨට݉݇ No laboratório estaremos realizando experiências com o pêndulo Simples, por termos um controle melhor sobre as variáveis estudadas bem como por que as medições serão mais fáceis. Um Pêndulo Simples consiste de uma massa m ligada a um ponto através de uma haste (ou linha) de massa desprezível e inextensível que sofrerá um pequeno deslocamento angular de sua posição de equilíbrio. Pêndulo Simples Diagrama de Corpo Livre 7 Por analogia com o sistema massa-mola para o pêndulo simples a equação diferencial é ݀ଶߠ ݀ݐଶ ൌ െ ቀ ݃ ݈ ቁ ߠ Considerando a solução como no caso anterior ߠሺݐሻ ൌ ߠ sinሺ߱ݐሻ Obtemos ߱ ൌ ට , e o período de oscilação no caso do pêndulo simples é ܶ ൌ 2ߨඨ ݈݃ . 8 PROCEDIMENTO Em laboratório muitas vezes estaremos interessados em expressar matematicamente como uma grandeza se relaciona com outra estabelecendo uma relação funcional entre elas (ݕ ൌ ݂ሺݔሻሻ. E a grande vantagem de obter-se esta relação é a possibilidade de fazermos previsões. Nesta aula vamos investigar se há uma relação funcional entre o período de oscilação do pêndulo (ܶ) e seu comprimento ሺ݈ሻ outras possíveis variáveis serão consideradas constantes no desenrolar da experiência. Utilizando a montagem existente, varie o comprimento do pêndulo de 20 em 20 cm e meça o período de oscilação para cada comprimento (será aconselhável que a amplitude de oscilação seja pequena, e que se meça o tempo de 10 oscilações e divida por 10 para obter o período real - ATENÇÃO na contagem). ݈ (m) 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 10 ܶ (s) ܶ (s) ln ሺ݈ሻ ln ሺܶሻ a) Pode-se dizer que de alguma maneira o período é afetado pelo comprimento do pêndulo? Como? (R.:) b) Pode-se determinar uma relação matemática que expresse como o período é afetado pelo comprimento? Qual? (R.:) Ao que tudo indica simplesmente os valores numéricos são insuficientes para responder a última questão. Uma forma de melhor visualizar esse comportamento é através de gráficos. Construa o gráfico ܶ ݔ ݈ (R.:) A grandeza controlada, ݈, chamada variável independente, será colocada no eixo horizontal do gráfico e a dependente, ܶ, no eixo vertical. Buscamos descobrir uma função que relacione T e L. Vamos partir do tipo de função mais simples possível: ܶ ൌ ߙ݈ Temos os valores de ܶ e ݈ resta-nos determinar ߙ e ݊, o que à primeira vista não parece ser fácil. Vamos proceder a um pequeno artifício matemático que será tirarmos o logaritmo dos dois lados da igualdade (R.:). Trabalhando, não mais com ܶ e ݈ e sim com ln ሺܶሻ e ln ሺ݈ሻ construa o gráfico lnሺܶሻ ݔ ln ሺ݈ሻ (R.:). Determine os valores de ߙ e ݊ analisando o gráficolnሺܶሻ ݔ ln ሺ݈ሻ (R.:). 9 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 10 D E S E N V O L V I M E N T O 11 12 C O N C L U S Ã O 13 Prática 2 | Oscilações Amortecidas OBJETIVOS Estudar um sistema oscilante usando o pêndulo de Pohl. Observar o amortecimento neste sistema e encontrar a constante de amortecimento. INTRODUÇÃO Na atividade prática anterior estudamos o movimento harmônico simples em um sistema massa-mola, teoricamente e, na atividade prática, analisamos o mesmo tipo de movimento em um pêndulo simples. Nesta prática estudaremos, teoricamente no mesmo sistema massa- mola, e experimentalmente em um pêndulo de Pohl o movimento harmônico amortecido. Na análise matemática consideramos um sistema massa-mola, onde atua sobre o corpo de massa ݉, além da força restauradora (െ݇ݔ), uma segunda força de amortecimento (ܨ௩). Força de amortecimento - A força de amortecimento atuando sobre o corpo de massa m pode ser considerada como associada ao atrito viscoso devido à interação com o meio onde o corpo oscila. Em primeira aproximação esta força pode ser considerada proporcional à velocidade do corpo. ܨ௩ ൌ െܾݒ Onde ܾ é uma constante positiva que depende da forma geométrica do corpo e das características do meio e ݒ ൌ ௗ௫ௗ௧ é a velocidade do corpo. O sinal de menos é devido ao fato de que esta é uma força contrária ao movimento. (R.: Desenhe um diagrama de corpo livre para esta nova situação). Agora a segunda lei de Newton ܨԦ ൌ ݉ Ԧܽ fica ݉ ݀ ଶݔ ݀ݐଶ ൌ െ݇ݔ െ ܾ ݀ݔ ݀ݐ 14 E a equação diferencial que descreve o movimento do corpo agora fica ݀ଶݔ ݀ݐଶ ൌ െ ൬ ݇ ݉൰ ݔ െ ൬ ܾ ݉൰ ݀ݔ ݀ݐ Esta é também uma equação diferencial linear homogênea cuja solução é do tipo ݁ఒ௧ substituindo esta quantidade na equação diferencial encontramos ߣ ൌ െߛ േ ඥߛଶ െ ߱ଶ onde ߛ ൌ ଶ e ߱ ൌ ට . O resultado acima leva-nos a três casos possíveis, dependendo do tipo de raiz: 1º caso – ሺࢽ ൏ ࣓) - Movimento Subamortecido A solução é do tipo ݔሺݐሻ ൌ ܣ݁ିఊ௧ sin ቆට߱ଶ െ ߛଶݐ ߙቇ O movimento, neste caso, é oscilatório e com a frequência angular dada por ඥ߱ଶ െ ߛଶ, porém amortecido. O parâmetro ߛ é que caracteriza este amortecimento, ele é chamado de coeficiente de amortecimento. A amplitude do movimento decresce com o tempo. 2º caso – ሺࢽ ࣓) Movimento Sobreamortecido A solução é do tipo ݔሺݐሻ ൌ ݁ିఊ௧ ቈܥଵ݁ටఊ మିఠబమ௧ ܥଶ݁ିටఊ మିఠబమ௧ Neste caso o movimento é amortecido sem ser oscilatório. 3º caso - ࢽ ൌ ࣓ – Movimento criticamente amortecido A solução é do tipo ݔሺݐሻ ൌ ݁ିఊ௧ሾܥଵ ܥଶݐሿ Esta solução corresponde a um limite entre os dois casos anteriores. 15 O PÊNDULO DE POHL O pêndulo de Pohl é constituído por uma chapa metálica cilíndrica (2) articulada e sustentada em seu centro (3) presa a uma mola helicoidal (5). A chapa oscila girando em torno do centro. O sistema possui um eletroímã que amortece o movimento. O amortecimento depende da corrente que atravessa o eletroímã. O sistema possui também um motor elétrico (1) que através de alavancas aplica uma força oscilante no centro da chapa. Vamos estudar oscilações periódicas fracamente amortecidas em um pêndulo de Pohl usando como teoria aquela desenvolvida no estudo de oscilações para o sistema massa-mola. O movimento de oscilação periódico no pêndulo de Pohl é angular; sendo assim precisamos fazer adequações nas relações obtidas anteriormente. Por analogia trocamos na equação diferencial a massa ݉ pelo momento de inércia, em relação ao centro de massa ܫ do disco oscilante no pêndulo de Pohl, além disto, avaliaremos a posição angular ߠሺݐሻ e não a posição ݔሺݐሻ usada anteriormente. A segunda lei de Newton para o sistema então será: ݀ଶߠ ݀ݐଶ ൌ െ ൬ ݇ ܫ൰ ߠ െ ൬ ܾ ܫ൰ ݀ߠ ݀ݐ Vamos estudar o movimento subamortecido do pêndulo de Pohl assim a solução desta equação diferencial deve ser: ߠሺݐሻ ൌ ߠ݁ିఊ௧ sin ቆට߱ଶ െ ߛଶݐ ߙቇ O sistema oscila com freqüência angular ߱ ൌ ඥ߱ଶ െ ߛଶ , ߠ é a posição inicial (em ݐ ൌ 0 ), ߱ é a freqüência natural de oscilação (não afetada pelo amortecimento), ߛ ൌ ଶூ com ܾ sendo a constante de amortecimento do sistema que depende da intensidade da corrente elétrica que atravessa o eletroímã no pêndulo de Pohl. Para a situação de subamortecimento ߛଶ ൏ ߱ଶ, podemos usar a aproximação ߱~߱ assim: ߠሺݐሻ ൌ ߠ݁ିఊ௧ sinሺ߱ݐሻ 16 PROCEDIMENTO Os objetivos específicos desta parte da atividade são: (a) Determinar o valor da freqüência angular natural de oscilação sem amortecimento ߱ para o sistema; (b) Verificar se, para amortecimento fraco, a freqüência angular de oscilação (߱) é aproximadamente igual à frequência angular natural de oscilação sem amortecimento (ω ~ ω0). (c) Determinar o valor da constante de amortecimento ߛ. Com a fonte desligada posicione o marcador em 18 (medida angular). Solte e marque o tempo de cinco oscilações e obtenha o período natural ܶ e a frequência angular natural de oscilação ቀ߱ ൌ ଶగబ் ቁ. Repita o procedimento aproximadamente 3 vezes (tire o valor médio) e repita para os “ângulos” 9 e 3 e veja se há mudanças significativas. A amplitude de oscilação afetou significativamente o período? (R.:) Ângulo Período ( ܶ ) Freq. Angular (߱) 18 9 3 A amplitude de oscilação afetou significativamente o período? (R.:) Com a fonte ligada iremos variar a corrente na bobina. Soltando o marcador da posição 18 e contando novamente cinco oscilações, preencha a tabela I(mA) 0 100 200 300 400 500 Tempo (s) Período ܶ ሺݏሻ Podemos afirmar que o amortecimento afetou o período de oscilação significativamente? E o fato da amplitude ir diminuindo, não afetaria o período?(R.:). Resta-nos determinar o valor de ߛ; para tal posicione, com a fonte ligada em 300mA, o marcador em 18, solte o pêndulo e anote a posição que o mesmo retorna após 1,2,3.. 10 oscilações completas. Se necessário faça a experiência mais de uma vez. O problema de se determinar o tempo gasto para realizar 1,2,3... 10 oscilações completas, já foi resolvido na primeira parte da experiência (pense um pouco). N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ߠ 18 ݐሺݏሻ lnሺߠሻ De posse da tabela construa os gráficos ߠݔݐ e ln ሺߠሻݔݐ, analisando os gráficos determine o valor da constante de amortecimento ߛ (R.:). 17 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 18 D E S E N V O L V I M E N T O 19 20 C O N C L U S Ã O 21 Prática 3 | Oscilações Forçadas e Ressonância OBJETIVOS Estudar um sistema oscilante sujeito a uma força externa periódica. Analisar as oscilações forçadas em um pêndulo de Pohl. Observar o fenômeno da ressonância neste sistema. INTRODUÇÃO Utilizando, novamente, um sistema massa-mola oscilante como protótipo e considerando que a massa m está sujeita a uma força restauradora do tipo െ݇ݔ, uma força de amortecimento do tipo െܾݒ, e agora também a uma força externa periódica F(t). Força externa periódica (F(t)) - A força externa tem uma intensidade máxima ܨ e atua sobre o corpo, influenciandoseu movimento oscilante de acordo com sua freqüência angular de oscilação ߱ி ܨ ൌ ܨ sinሺ߱ிݐሻ (R.: Desenhe um diagrama de corpo livre para esta nova situação. Desenhe um gráfico apresentando como a intensidade da força externa varia com o tempo.) Agora a equação diferencial que descreve o movimento do corpo é ݉ ݀ ଶݔ ݀ݐଶ ൌ െ݇ݔ െ ܾ ݀ݔ ݀ݐ ܨ sinሺ߱ிݐሻ Esta equação é um exemplo de equação diferencial linear não-homogênea. A solução geral deve ser do tipo ݔሺݐሻ ൌ ݔሺݐሻ ݔሺݐሻ onde ݔሺݐሻ é a solução da equação homogênea correspondente e ݔሺݐሻ é a solução particular cuja forma dependerá do tipo de função que faz com que a equação seja não-homogênea. A soma ݔሺݐሻ ݔሺݐሻ significa que o movimento resultante será a superposição de dois movimentos: um devido ao oscilador já considerado anteriormente e outro causado pela força ܨ ൌ ܨ sinሺ߱ிݐሻ. Quanto ao primeiro já analisamos todos os casos possíveis na atividade anterior. O ponto importante é que estes movimentos tendem a desaparecer com o tempo, devido ao fator exponencial ݁ିఊ௧ (reveja a teoria desenvolvida na atividade oscilações amortecidas) assim ݔሺݐሻ é o termo transitório. 22 A solução particular deve ser do tipo ݔሺݐሻ ൌ ܤ sinሺ߱ிݐ ߚሻ onde ܤ é a amplitude das oscilações e ߚ é a diferença de fase entre a força e o deslocamento. Substituindo ݔሺݐሻ na equação diferencial e após algum trabalho algébrico encontramos a amplitude de oscilação como ܤ ൌ ܨ ݉ൗ ඥሺ߱ிଶ െ ߱ଶሻ 4߱ிଶߛଶ E a diferença de fase ߚ é dada por tan ߚ ൌ 2ߛ߱ி߱ிଶ െ ߱ଶ A solução particular ݔሺݐሻ não desaparece com o tempo. Ela é chamada de termo permanente. Quando só esta quantidade se torna significante na solução diz-se que o sistema entrou no regime estacionário. Podemos agora introduzir o interessante conceito de ressonância. Seja o sistema no regime estacionário. Notamos que a amplitude do movimento depende da freqüência da força externa F(t). Existe um valor de ߱ி para o qual a amplitude é máxima. Esta freqüência é então chamada de freqüência de ressonância e a denotaremos por ߱ிோ. De acordo com o valor de amplitude B obtido observa-se que isto ocorre quando o denominador desta relação for mínimo. Seja então a quantidade ܦሺ߱ிሻ ൌ ሺ߱ிଶ െ ߱ଶሻ 4߱ிଶߛଶ Para obtermos a condição de mínimo, derivamos ܦሺ߱ிሻ em relação à ߱ி e igualamos a zero (R.: Faça esta operação.) para obter ߱ிோ ൌ ඥ߱ଶ െ ߛଶ Consequentemente, a amplitude máxima é dada por: ܤ௫ ൌ ܨ ݉ൗ 2ߛඥሺ߱ଶ െ ߛଶሻ É conveniente observar que quanto menor for ߛ, maior será a amplitude na ressonância (figura 1), entretanto, não é correto fazer ߛ ൌ 0 na relação anterior (por quê?) isto significa que esta solução não é válida na ressonância, para ߛ ൌ 0. 23 Figura 1 Para o caso de a solução particular, na situação de ressonância ( ) fica E a amplitude de oscilação cresce linearmente com o tempo (figura 2) Figura 2 Outro fenômeno interessante é o batimento (figura 3) que acontece quando e a frequência da força externa diferir de por uma quantidade muito pequena, digamos . A curva interna da figura 3 possui frequência angular e a curva modulante, freqüência angular . 24 Figura 3 OSCILAÇÕES FORÇADAS NO PÊNDULO DE POHL Ao estudarmos o comportamento de um pêndulo de Pohl, vimos que a amplitude das oscilações diminui lentamente com o tempo, até que o repouso seja alcançado. Isto ocorre para qualquer sistema oscilante, uma vez que não é possível eliminarmos completamente as forças dissipativas que atuam sobre os mesmos. Este comportamento está associado ao termo transitório na solução da equação diferencial. Na verdade, para que o mesmo oscile continuamente, é necessário outra força externa para manter a oscilação. Na montagem o motor 1 gira com uma freqüência e através do sistema de alavancas aplica um torque periódico ao disco no pêndulo de Pohl. Assim a equação diferencial será: E a solução é 25 Como para o oscilador massa-mola o primeiro termo tende a 0 com o tempo; e o segundo termo é ߠሺݐሻ ൌ ܤ sinሺ߱ிݐ ߚሻ onde ܤ é a amplitude das oscilações e ߚ é a diferença de fase entre a força e o deslocamento. Substituindo ߠሺݐሻ na equação diferencial e após algum trabalho algébrico encontramos a amplitude de oscilação como ܤ ൌ ߬ ܫൗ ඥሺ߱ிଶ െ ߱ଶሻ 4߱ிଶߛଶ O objetivo da experiência será observarmos o comportamento da amplitude máxima de oscilação (θmax )como função de ω ( frequência angular da força externa), e não como função do tempo. Desta maneira teremos a expressão ܤ௫ ൌ ߬ ܫൗ 2ߛඥሺ߱ଶ െ ߛଶሻ PROCEDIMENTO Variando a freqüência de rotação do motor 1 observe os fenômenos de batimento e de ressonância no pêndulo de Pohl. 26 27 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 28 D E S E N V O L V I M E N T O 29 30 C O N C L U S Ã O 31 Prática 4 | Fenômenos Ondulatórios OBJETIVOS Usando ondas produzidas mecanicamente sobre a superfície da água, verificar propriedades gerais de ondas, como a relação entre os parâmetros velocidade de propagação, comprimento de onda e freqüência, e observar qualitativamente situações análogas às da óptica geométrica e da óptica física. INTRODUÇÃO Quando um meio é perturbado e esta perturbação propaga-se sem a necessidade de translação do mesmo, temos a formação de uma onda. Uma única perturbação gera um pulso ou onda única, enquanto perturbações periódicas levam à formação de ondas periódicas. O intervalo de tempo necessário para o padrão de perturbação se repetir é chamado período, T, e relaciona-se à freqüência da onda por f = 1 / T . (1) A distância que deve ser transladada na direção de propagação da onda para que o seu padrão se repita é chamada de comprimento de onda, λ. Por exemplo, para uma onda propagando-se na superfície da água, λ é a distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos. Os parâmetros freqüência e comprimento de onda são relacionados através de v = λ f , (2) onde v é a velocidade de propagação da onda. Esta velocidade depende do meio em que a onda se propaga. Os pontos da onda que estão na mesma fase definem uma superfície (para a propagação num espaço de 3 dimensões) ou uma curva (quando a propagação ocorre numa superfície bidimensional) chamada de frente de onda. No caso de uma onda propagando-se sobre a superfície da água, todos os pontos ao longo de uma mesma crista constituem uma frente de onda. As linhas perpendiculares às frentes de onda são chamadas raios. É com o conceito de raio que trabalha a óptica geométrica, descrevendo os fenômenos de reflexão e refração dos raios luminosos. A reflexão é descrita por θ1 = θ2 , (3) onde θ1 e θ2 são, respectivamente, os ângulos dos raios incidente e refletido em relação à normal à superfície refletora, estando esses dois raios e a normal no mesmo plano. A refração ocorre quando a velocidade da onda muda ao passar de um meio para outro fisicamente distinto, alterando, inclusive, a direção de propagação da onda no caso de incidência oblíqua à superfícieque separa os meios. 32 Todavia, a explicação dos fenômenos de interferência e difração da luz exige se levar em conta a sua natureza ondulatória, constituindo, portanto, objeto de estudo da óptica física, da qual a óptica geométrica é um caso particular. Nesta prática, serão produzidas ondas sobre a superfície da água e verificadas suas propriedades gerais, como a relação entre os parâmetros v, λ e f da equação (2). Embora se trabalhe com ondas mecânicas, serão observadas qualitativamente situações similares às habitualmente abordadas na óptica geométrica, tratando-se dos fenômenos de reflexão e refração, assim como casos análogos aos da óptica física, travando-se um primeiro contato experimental com os fenômenos da difração e interferência. Para a visualização dos fenômenos será usada uma cuba de ondas. Ela contém uma camada de água na qual ondas são produzidas mecanicamente e, fazendo-se uso de uma lâmpada colocada acima da mesma, tais ondas são projetadas sobre um anteparo abaixo da cuba. Nesta projeção as cristas das ondas funcionam como lentes convergentes e os vales como lentes divergentes. Quando um meio é perturbado e esta perturbação propaga-se sem a necessidade de translação do mesmo, temos a formação de uma onda. Uma única perturbação gera um pulso ou onda única, enquanto perturbações periódicas levam à formação de ondas periódicas. O intervalo de tempo necessário para o padrão de perturbação se repetir é chamado período, T, e relaciona-se à freqüência da onda por f = 1 / T . (1) A distância que deve ser transladada na direção de propagação da onda para que o seu padrão se repita é chamada de comprimento de onda, λ. Por exemplo, para uma onda propagando-se na superfície da água, λ é a distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos. Os parâmetros freqüência e comprimento de onda são relacionados através de v = λ f , (2) onde v é a velocidade de propagação da onda. Esta velocidade depende do meio em que a onda se propaga. Os pontos da onda que estão na mesma fase definem uma superfície (para a propagação num espaço de 3 dimensões) ou uma curva (quando a propagação ocorre numa superfície bidimensional) chamada de frente de onda. No caso de uma onda propagando-se sobre a superfície da água, todos os pontos ao longo de uma mesma crista constituem uma frente de onda. As linhas perpendiculares às frentes de onda são chamadas raios. É com o conceito de raio que trabalha a óptica geométrica, descrevendo os fenômenos de reflexão e refração dos raios luminosos. A reflexão é descrita por θ1 = θ2 , (3) onde θ1 e θ2 são, respectivamente, os ângulos dos raios incidente e refletido em relação à normal à superfície refletora, estando esses dois raios e a normal no mesmo plano. A refração ocorre quando a velocidade da onda muda ao passar de um meio para outro fisicamente distinto, alterando, inclusive, a direção de propagação da onda no caso de incidência oblíqua à superfície que separa os meios. 33 Todavia, a explicação dos fenômenos de interferência e difração da luz exige se levar em conta a sua natureza ondulatória, constituindo, portanto, objeto de estudo da óptica física, da qual a óptica geométrica é um caso particular. Nesta prática, serão produzidas ondas sobre a superfície da água e verificadas suas propriedades gerais, como a relação entre os parâmetros v, λ e f da equação (2). Embora se trabalhe com ondas mecânicas, serão observadas qualitativamente situações similares às habitualmente abordadas na óptica geométrica, tratando-se dos fenômenos de reflexão e refração, assim como casos análogos aos da óptica física, travando-se um primeiro contato experimental com os fenômenos da difração e interferência. Para a visualização dos fenômenos será usada uma cuba de ondas. Ela contém uma camada de água na qual ondas são produzidas mecanicamente e, fazendo-se uso de uma lâmpada colocada acima da mesma, tais ondas são projetadas sobre um anteparo abaixo da cuba. Nesta projeção as cristas das ondas funcionam como lentes convergentes e os vales como lentes divergentes. PROCEDIMENTO Nesta atividade usaremos uma cuba de ondas com acessórios (lâmpada, emissor de ondas, suportes, etc.)- Fonte de alimentação- e estroboscópio para observar ondas na superfície da água. Usando o emissor de ondas planas (peça que trepida sob ação de um motor desbalanceado) produza ondas com frentes de onda paralelas, isto é, ondas planas. Como são os raios associados a estas ondas? (R.) Substitua a lâmpada pelo estroboscópio e varie a freqüência com que a lâmpada deste aparelho pisca até obter uma imagem projetada "parada" das ondas planas. Por que esta imagem aparenta estar parada? (R.) Varie a freqüência do emissor de ondas planas e observe a alteração do comprimento de onda das mesmas. Isto é compatível com a equação (2)? Explique. (R.) Utilizando ainda ondas planas, de preferência com comprimento de onda grande, introduza na água a haste retilínea formando um ângulo de aproximadamente 45o com as frentes de onda das ondas incidentes. Esta haste desempenha função análoga à de um espelho plano. Usando a relação entre frentes de onda e raios e a equação (3) da reflexão, esboce uma figura do que seria esperado nesta reflexão de ondas planas por um espelho plano (desenhe as cristas das ondas incidente e refletida esperadas), e compare-a com a figura projetada observado. Comente. (R.) Substitua o "espelho plano" pela peça com a forma de um "espelho côncavo". Localize o seu foco e compare a distância focal com o raio do espelho (na projeção, o espelho é a sombra da mangueira). A equação (3) leva a uma relação entre a distância focal e o raio de um espelho esférico dada por F = R / 2. Isto é compatível com o que foi observado? (R.) 34 Retire a peça anterior e introduza a lâmina em frente ao emissor de ondas planas, de forma que esta lâmina fique coberta por uma camada de água bem fina. Compare os comprimentos de onda das ondas que se propagam sobre a placa com os comprimentos de onda das ondas fora da placa. Onde é maior? (R.) Use a equação (2) para interpretar o que está ocorrendo. Comente. (R.) Como é chamado o fenômeno que ocorre com as ondas quando incidem sobre a placa? Use esta parte da experiência para elaborar um modelo que explique porque as ondas do mar quebram na praia. (R.) OBSERVAÇÃO: Os fenômenos até aqui apresentados possuem análogos abordados habitualmente na óptica geométrica. Adiante, lidaremos com fenômenos cujos análogos ópticos encontram explicação na óptica física. Retire a lâmina e construa uma barreira (B) com uma fenda no meio, colocando-a à frente do emissor de ondas planas (A). Varie a largura desta fenda até obter ondas aproximadamente semicirculares após a barreira. Quando são obtidas estas ondas aproximadamente semicirculares após a barreira temos o fenômeno da difração. É possível explicá-lo usando apenas o conceito de raio? Portanto, é possível explicar a difração dentro da óptica geométrica? (R.) Variando a abertura da fenda e/ou a freqüência do emissor de ondas, altere drasticamente a relação entre o tamanho da fenda (d) e o comprimento de onda. O que acontece quando λ << d ? E quando λ >> d? (R.) Infira as relações entre λ e d para que: (a) a difração manifestar-se nitidamente, e (b) para ocorrer a transição da óptica física para a óptica geométrica. (R.) 35 Suspenda da água o emissor de ondas planas e faça com que apenas uma das esferas que constituem os vibradores puntuais toque a superfície da água. Onde a amplitude das ondas produzidas é maior, próximo à fonte ou afastado dela? Por quê? (R.) Que tipode onda propaga-se mantendo a amplitude constante? (R.) Suspenda da água o emissor de ondas planas e faça com que duas esferas que constituem os vibradores puntuais toquem a superfície da água. Observe e interprete a figura de interferência. (R.) 36 37 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 38 D E S E N V O L V I M E N T O 39 40 C O N C L U S Ã O 41 Prática 5 | Ondas Estacionárias Mecânicas Unidimensionais OBJETIVOS Entender a formação de ondas estacionárias numa corda e observar os harmônicos correspondentes. Verificar como a velocidade de propagação da onda em uma corda depende dos parâmetros da corda. Obter a frequência de oscilação da corda. INTRODUÇÃO Quando uma corda, mantida fixa em suas extremidades, é submetida a uma excitação harmônica, ela apresenta um padrão de oscilação que pode ser interpretado como devido à superposição de um trem de ondas incidente com um trem de ondas refletido (a reflexão dá- se nas extremidades fixas). Ocorre a formação de uma onda estacionária na corda quando a mesma oscila formando a figura de um envoltório que mantém-se constante no tempo. Para isto é necessário que a distância entre os nodos extremos da corda (L) contenha um número inteiro (n) de meios comprimentos de onda, isto é, para os quais n =1,2,3,....... são chamados números harmônicos. O comprimento de onda λ é a menor distância que deve ser percorrida na direção de propagação da onda para que o seu padrão se repita e está relacionado à frequência da oscilação (f) e à velocidade de propagação da onda (v) através de: A condição dada pela equação (1) pode ser obtida da adição de uma onda incidente a uma onda refletida com a restrição da amplitude de oscilação ser nula nas extremidades fixas da corda. Uma demonstração formal pode ser encontrada, por exemplo, nas referências 1 e 2. A Figura 1 mostra a forma do envoltório das ondas estacionárias para os quatro primeiros harmônicos. Fig. 1: Forma do envoltório para os quatro primeiros harmônicos. ( )2λf=v ( )1 2 n L=λλn=L → 42 Por outro lado, utilizando-se a Segunda Lei de Newton na obtenção da velocidade de propagação de uma onda numa corda, estando a corda submetida a uma força de tração F e sendo a sua densidade linear de massa μ, esta fica dada por: (Sugestão: discuta com o professor em que consiste o método da análise dimensional, como ele se aplica a este caso, e verifique a dimensionalidade da equação (3).) Nesta prática um dispositivo eletromecânico, vibrando com a frequência da rede elétrica, excitará uma corda submetida a uma tração cujo ajuste desta, permitirá a observação de ondas estacionárias correspondentes a diversos harmônicos. Da análise destas ondas será inferida a frequência de oscilação da corda e, portanto, da rede elétrica. PROCEDIMENTOS Ligue o motor à fonte de corrente/tensão. Com a extremidade da corda fixa, o motor em movimento faz com que ela comece a vibrar . Na outra extremidade da corda, tracione suavemente o dinamômetro. Varie lentamente a tensão no dinamômetro para que se estabeleça na corda uma onda estacionária no segundo harmônico (n = 2). Meça o comprimento L da corda e a sua massa (m). A partir destes dados calcule o comprimento de onda (λ ). Meça a Tração na corda (F). Considere a aceleração da gravidade local (g) igual a 9,8 m/s2 . Varie a tração aplicada no dinamômetro e encontre os seis primeiros harmônicos, tabulando os dados na tabela abaixo: n λ (m) F (N) v (m/s) 2 3 4 5 6 Com base nos dados obtidos na tabela acima construa um gráfico v(m/s) X λ (m) e encontre a frequência da rede. ( )3μ F=v 43 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 44 D E S E N V O L V I M E N T O 45 46 C O N C L U S Ã O 47 t massas O x1 x2 (a) (c) Figura 1 Prática 6 | Elasticidade e Módulo de Young OBJETIVOS Estudar a Lei de Hooke e verificar em que condições ela é satisfeita. Conhecer uma maneira de caracterizar a elasticidade de um material de forma independente da geometria com que ele se apresenta. ELASTICIDADE Uma mola, ou um elástico, quando submetido a uma tração, deforma-se. De início a deformação é diretamente proporcional à tração, revelando um comportamento linear, conhecido como Lei de Hooke: xkF r r −= , onde rx representa a deformação, k é a constante de proporcionalidade (conhecida como constante elástica) e r F é a força de reação da mola sobre o agente tracionador. A força de reação tem módulo igual à tração exercida, em virtude da Terceira Lei de Newton. O sinal negativo significa apenas que a força que a mola ou elástico exerce tem sentido oposto ao da deformação, indicando ser esta uma força restauradora. Se a deformação continuar crescendo, a partir de certo ponto é vencido o limite de elasticidade, não sendo mais obedecida a Lei de Hooke. Caso iniciemos um processo de redução da tração, o material não voltará mais às suas dimensões originais, permanecendo uma deformação residual. Este fenômeno é denominado histerese mecânica. Em nossa experiência, submeteremos uma “gominha” a trações crescentes, fazendo com que o limite de elasticidade seja ultrapassado. Para compreender o que vai acontecer, observe a Figura 1. Em 1(a), o ponto O, origem do eixo de referência, indica a extremidade da mola quando em repouso. Em 1 (b), foi dependurado nela um suporte, de massa Ms , provocando a deformação x1 . Aplicando a Primeira Lei de Newton ao suporte, adotando como positivo o sentido descendente, teremos: 48 r r r r r F F P kx M gmola s∑ = ⇒ + = ⇒ − + =0 0 01 . (5.1) Logo, s s M k g k gM x ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ==1 (5.2) Na Figura 1(c), foi acrescentada ao suporte uma massa m, passando a ser x2 a deformação da mola. Aplicando novamente a Primeira Lei de Newton, desta vez ao sistema formado pelo suporte e pela massa, teremos: r r r r r F F P kx M m g k x M g k mgmola s s∑ = ⇒ + = ⇒ − + + = ⇒ − −⎛⎝⎜ ⎞⎠⎟ + =0 0 0 02 2( ) . Aplicando a equação (5.2), vemos que, ( )k x x mg2 1− = , (5.3) ou m k g k mgxx ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ==− 12 . (5.4) Isto significa que, no domínio da deformação em que for válida a Lei de Hooke, a deformação da mola, medida a partir do ponto em que o suporte sem massa adicional se encontra em equilíbrio, será proporcional à massa que se adicionar ao suporte. MÓDULO DE YOUNG O módulo de Young (Y) caracteriza a elasticidade intrínseca do material, minimizando a dependência com alterações da geometria do objeto deformado. Ele é definido por meio da expressão F A Y L L L = −( )0 0 , (5.5) onde A é a área transversal do objeto tracionado,L0 o seu comprimento anterior à deformação e L o comprimento deformado. 49 Parte 1: Elasticidade PROCEDIMENTO 1. Anote nos quadros abaixo o comprimento da gominha sem suporte (L0 ), e com o suporte, sem carga adicional (L0,S). L0 = L0,S = 2. Vá colocando massas, anotando, na Tabela 1, de cada vez, o valor ΔL da deformação em relação a L0,S. 3. Retire as massas (uma de cada vez). Anote o valor ΔL’ da deformação em relação a L0,S, na Tabela 1. Tabela 1 F(gf) ΔL(cm) ΔL’(cm) A(mm2) FT /A(gf/mm2) (ΔL)0 /L0 4. Inicialize o software ORIGIN; introduza os dados da primeira tabela, nomeando as colunas como tração, x e x’. Digite os pontos (utilizando Plot - Scatter ou Plot - Line) todos no mesmo gráfico deformação x tração, plotando ΔL e ΔL’ no eixo vertical e F no horizontal. Observe que há uma região onde se tem um comportamento linear, e outra de regime não-linear. 5. Faça agora o gráfico tração x deformação para o caso da mola, tomando apenas os valores de F e ΔL, e seguindo as orientações pertinentes (e utilizando Plot - Scatter). Faça a regressão linear, obtendo a reta que melhor se ajusta aos dados e determinando a inclinação, que corresponde à constante elástica k da mola. O valor encontrado estará na unidade grama-força/cm. 50 Parte 2: Módulo de Young A seguir, veremos como é possível obter um gráfico do qual possa ser extraído o Módulo de Young da gominha. PROCEDIMENTO 1. Na 1a tabela, preencha a linha com os valores da área transversal (contando-se os dois lados), descrita aproximadamente pela expressão A A L L S L = + 0 0 0, Δ , onde A0 é aproximadamente igual a 6 mm2 para a gominha usada. Qual foi a hipótese utilizada para se obter essa expressão? 2. Complete também as linhas com os valores de FT/A e (ΔL)0 /L0, onde agora FT é a força de tração total sobre a gominha, devido também à massa do suporte, e (ΔL)0 é a deformação medida em relação ao comprimento da gominha sem o suporte (L0). 3. Faça um gráfico FT /A x (ΔL)0 /L0. Como pode ser obtido o módulo de Young deste gráfico? 4. Faça uma comparação do gráfico acima com as curvas que representam materiais do corpo humano (para isto talvez seja necessário modificar as unidades). 51 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 52 D E S E N V O L V I M E N T O 53 54 C O N C L U S Ã O 55 Prática 7 | Velocidade do Som em Metais OBJETIVOS Determinação da velocidade de propagação do som em metais. INTRODUÇÃO A propagação das ondas mecânicas através de um meio material se dá pela transmissão das oscilações das partículas que constituem o meio (átomos ou moléculas). As ondas mecânicas poder ser classificadas basicamente como ondas longitudinais e ondas transversais. Uma onda longitudinal é aquela em que as partículas do meio oscilam na mesma direção de propagação da onda. Enquanto numa onda transversal as partículas oscilam numa direção ortogonal (transversal) à direção de propagação. Estes dois tipos de onda podem ser facilmente observadas utilizando-se uma mola slink e uma corda. O som é um exemplo de uma onda longitudinal. Velocidade de propagação de uma onda mecânica A velocidade de propagação de uma onda mecânica é determinada pelas propriedades desse meio, basicamente por sua elasticidade e por sua inércia. No caso de um sólido esta velocidade para pulsos longitudinais é dada por: ρ Ev =2 E: Módulo de Young ou Módulo de elasticidade da material ρ: Densidade do material. São apresentadas a seguir estas propriedades para alguns materiais. Material E(MPa) ρ(10³ Kg/m³) v(m/s) Alumínio 70000 2,7 Cobre 125000 8,96 Aço Carbono 205000 7,81 – 7,90 Latão 90000 8,45 – 8,60 Calcule a velocidade de propagação das ondas mecânicas nestes materiais. 56 PROCEDIMENTO Monte o circuito elétrico abaixo (identifique os elementos de circuito) Quando a chave S é ligada, o capacitor vai ser carregado até atingir a mesma voltagem da fonte, V. A chave S é desligada e imediatamente a barra é solta sobre a base e após a colisão ela é rebatida e recolhida pelo aluno. - + - + Capacitor Fonte Chave Resistor Circuito conforme montagem A B 57 Durante a colisão o circuito foi fechado e o capacitor vai perder carga elétrica através do resistor e a voltagem em seus terminais vai diminuir de acordo com a equação a seguir: )( 0)( RCtceVtV −= onde, tc: tempo de contato entre a barra e o suporte (tempo em que o circuito esteve fechado); RC: constante de tempo do circuito (produto do valor da resistência (Ω) pela valor da capacitância (F) ). TAREFA Como os valores de Vo e V(t) podem ser lidos no voltímetro, é possível obter-se o valor de tc na equação acima. Mostre que a unidade resultante do produto RC é o segundo (s) Velocidade de propagação do som Nessa prática será determinada a velocidade de propagação do som nas barras metálicas. Aqui o som é representado pela propagação da deformação elástica que a barra sofre quando ela colide com a base. Este pulso se propaga ao longo da barra e, ao atingir sua extremidade superior ele se reflete, retornando à extremidade inferior. Neste momento o pulso restaura a forma original da barra, exercendo sobre a base uma força orientada para baixo. A base por sua vez exerce uma força para cima, sobre a barra, fazendo-a “rebater”. Neste instante o contato é desfeito e o circuito fica aberto. Observe que durante o tempo de contato o pulso percorre o comprimento L da barra duas vezes. Daí a velocidade (v) de propagação do pulso é dada por: ct Lv 2= Determinando o tempo de contato tc: Carregue o capacitor ligando a chave S. Anote o valor Vo. Vo=________ 58 Desligue a chave S e solte a barra sobre o suporte diversas vezes (pelo menos 7 vezes) e após cada rebote anote imediatamente o valor de v marcado pelo voltímetro. Preencha a tabela a seguir. n V 0 Vo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Em cada colisão a barra fica em contato com a base por um intervalo de tempo tc. Após n colisões a tensão (voltagem) no capacitor é dada por: )/( 0 RCnt n ceVV −= Construa uma gráfico V(n) x n, utilizando o programa Origin. Faça a analise da curva através da opção decaimento exponencial (Exponencial Decay). A equação de ajuste desses dados terá a forma: )/)(( 10 0 ctxxeAyy −−+= Ajuste a equação. Faça a comparação com a equação anterior e obtenha o valor de tc. Meça o comprimento L da barra e determine a velocidade de propagação do som no material da barra. ct Lv 2= Questões 1) Quais os possíveis erros cometidos em todo o processo. 2) Que outras propriedades dos materiais este experimento poderia determinar? 59 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 60D E S E N V O L V I M E N T O 61 62 C O N C L U S Ã O 63 Prática 8 | Densimetria INTRODUÇÃO Seja m a massa de uma determinada quantidade de substância e v o seu volume. Definimos a densidade pela razão ρ = m / v. As unidades de ρ são: U ( ρ ) = g / cm3 e U ( ρ ) = kg / m3 1g / cm3 = 103 kg / m3 DENSIDADE DE UM SÓLIDO OBJETIVO Determine a densidade de um sólido, usando o principio de Arquimedes: “ Um corpo de total ou parcialmente imerso num fluído em repouso recebe um empuxo de baixo par cima, de intensidade igual à do peso do fluído deslocado pelo corpo”. INTRODUÇÃO Sendo: PA = peso aparente ( peso que o corpo apresenta quando mergulhado num líquido ). E = empuxo. P = peso do corpo. ρ L = densidade do líquido. ρ C = densidade do corpo. PL = peso do líquido deslocado. VL = volume do líquido deslocado. VC = volume do corpo. E = P – PA mLg = mg – mAg ρ L = mL / VL mL = ρ L VL 64 Portanto, m – mA = ρ L VL Como o volume do líquido deslocado (VL) é igual ao volume do corpo (VC) teremos: m – mA = ρ L VC Mas VC = m / ρ C m – mA = ρ L m / ρ C Finalmente, temos: ρ C = m / ( m – mA ) . ρ L PROCEDIMENTO a) Pendure o bloco de metal no dinamômetro e leia o seu peso. P= b) Mergulhe o bloco na água e leia no dinamômetro o seu peso aparente. PA = c) Calcule a densidade do corpo usando o princípio de Arquimedes. 65 QUESTIONÁRIO a) Como você poderia medir (usando o principio de Arquimedes), a densidade de um sólido menos denso que o líquido? b) Pode você sugerir outros métodos de densimetria? c) Existem densímetros para líquidos que fornecem densidades por simples imersão. Em que se baseiam? d) Que alteração produz a temperatura ambiente na densidade dos corpos? e) Que alteração produz a pressão na densidade dos corpos? f) De que fatores dependem a densidade de uma substância? MATERIAL 1 dinamômetro 1 bloco de metal 1 becker 1 densímetro 1 proveta de 1000 ml com água 66 67 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 68 D E S E N V O L V I M E N T O 69 70 C O N C L U S Ã O 71 Prática 9 | Densidade de um Líquido INTRODUÇÃO Um objeto, ao ser mergulhado em um fluido qualquer, fica sujeito a uma força de baixo para cima devida à diferença entre as pressões nas partes superior e inferior desse objeto. O módulo E dessa força, chamada de empuxo, é igual ao peso do fluido contido em um volume idêntico ao volume submerso do corpo no fluido, ou seja, ܧ ൌ ߩܸ݃, em que ρ é a densidade do fluido, g é a aceleração da gravidade e V é o volume submerso do corpo no fluido. Esse resultado é conhecido como Princípio de Arquimedes1. Considere o objeto pendurado em um dinamômetro, como mostrado na parte a da Figura 1. Nessa situação, a leitura no dinamômetro é P. Em seguida, esse objeto é imerso em um líquido e, ao atingir o equilíbrio, a leitura no dinamômetro passa a ser P’, como mostrado na parte b da mesma figura. 1 O enunciado tradicional do Princípio de Arquimedes menciona que o empuxo é igual ao peso do fluido deslocado pelo objeto, mas essa formulação é equivocada, conforme Silveira & Medeiros (2009). 72 Note-se que, nessa situação, ܲᇱ ൌ ܲ െ ߩܸ݃. Então, medindo-se o peso aparente P’ e o volume V submerso do objeto, pode-se determinar a densidade do líquido. II – PARTE EXPERIMENTAL a) Objetivo • Determinar a densidade de um líquido. b) Material • Cilindros graduados (um de ferro e um de alumínio) • Régua milimetrada • Paquímetro • Béquer de 250 ml • Dinamômetro • Líquido de densidade desconhecida c) Procedimento 1ª Parte. Utilizando a régua, determine o diâmetro e a altura de cada cilindro. Cada integrante do grupo deve fazer uma medida para cada cilindro. Liste os valores obtidos pelo grupo nas tabelas a seguir. Reproduza-as em seu caderno, para anotar as medidas do segundo cilindro. Elas estão dispostas de modo a auxiliá-lo no cálculo do valor mais provável da medida (média aritmética dos valores encontrados) e da incerteza padrão da medição, indicada pelo desvio padrão u da média das observações, dado por ݑ ൌ ቂ ଵሺିଵሻ ሺݔ െ ۃݔۄሻଶ ୀଵ ቃ ଵ ଶ⁄ ൌ ቂ ଵሺିଵሻ ሺߜݔሻଶ ୀଵ ቃ ଵ ଶ⁄ . Diâmetro ( di )(cm) δdi = (di – ‹d›) (cm) (δdi )2 (cm²) d1 = d2 = d3 = d4 = ∑di = ∑ δdi = ∑ (δdi)² = ‹d› = u(d) = 73 Altura ( hi )(cm) δhi = (hi – ‹h›) (cm) (δhi )2 (cm²) h1 = h2 = h3 = h4 = ∑hi = ∑ δhi = ∑ (δhi)² = ‹h› = u(h) = Agora, determine o volume V de cada cilindro. Você deve também determinar a incerteza padrão combinada uc (V). Convença-se de que, neste caso específico, ݑሺܸሻ ܸ ൌ ඨ൬2 ݑሺ݀ሻ ݀ ൰ ଶ ൬ݑሺ݄ሻ݄ ൰ ଶ ൌ inc. pad. comb. relativa. Usando o dinamômetro, determine o peso de cada cilindro. Rigorosamente falando, deveríamos nos valer do mesmo procedimento acima para a determinação da incerteza. Mas o professor orientará se isso se fará, em razão do tempo disponível para a prática. De qualquer maneira, pelo menos o valor mais provável deve ser encontrado, pela média aritmética das medidas. Com base nos valores obtidos, determine a densidade de cada cilindro e verifique se os valores são compatíveis com o esperado. Aqui, consideraremos que a aceleração da gravidade local é 9,81 m/s², o que nos permitirá identificar os valores numéricos do peso, em gf (gramas-força), com a massa, em gramas. Você deve também determinar a área da base do cilindro, separadamente. Esse valor será necessário para a 2ª parte do experimento. Como ficará a incerteza padrão combinada relativa, apenas para a área? 2ª Parte. Mergulhe um dos cilindros, pendurado no dinamômetro, gradualmente no líquido. Para cada graduação do cilindro, registre o valor do peso aparente P’ e a profundidade mergulhada h, em uma tabela apropriada, sugerida a seguir. Complete a tabela com o cálculo do volume da parte do cilindro que se encontra submersa. Isso será feito com o auxílio do valor da área determinada na primeira parte. A experimentação deve ser repetida com o outro cilindro, e outra tabela idêntica deve ser preenchida. 74 Cilindro de ferro Altura submersa h (cm) Peso aparente P’ (gf) Volume submerso V (cm³) Cilindro de alumínio Altura submersa h (cm) Peso aparente P’ (gf) Volume submerso V (cm³) 3ª Parte. Agora, faremos a análise dos resultados. Para isso, faremos o gráfico de P’ em função de V (P’ x V). Para isso, nos valeremos do software Origin, com o qual você vai lidar pela primeira vez.Proceda conforme a orientação a seguir. 1. Inicie o programa Origin. 2. Na janela Data 1, coloque os valores de V na coluna X, e os valores de P’ na coluna Y. Você pode mudar os nomes das colunas, com um duplo clique sobre o nome. Atenção: Nos nomes das colunas na planilha do Origin não devem ser colocados parênteses, espaços, pontos etc., que causam problemas no uso de vários seus recursos. Caso seja necessário acrescentar expressões que usem, por exemplo, parênteses, faça-o no espaço destinado ao label da coluna. 3. Faça o gráfico “Peso aparente x Volume” com os dados DATA1, da seguinte forma: a. escolha Plot e depois Scatter; b. transfira “volume” para x e “peso aparente” para y; c. acrescente moldura (frame) ao gráfico; d. mude os nomes dos eixos: x para V(cm³) e y para P’ (gf); e. explore as opções dos eixos e dos símbolos. 75 4. No texto da Introdução, discutido na aula anterior, você teve contato com a ideia de ajuste de uma curva a dados experimentais. É isso que você fará agora, usando a regressão linear (veja pág. 29 daquele texto). O Origin faz isso, mediante a sequência: a. Escolha o menu Analysis. b. Use Fit Linear. Imediatamente será traçada a reta que melhor se ajusta aos dados, segundo o método dos mínimos quadrados. 5. No processo, também é mostrada a equação da reta, na forma Y = A + BX. Nessa expressão, portanto, A é o coeficiente linear e B, o coeficiente angular. Fazendo a devida correspondência com ܲᇱ ൌ ܲ െ ߩܸ݃, especifique as grandezas físicas que correspondem a A e a B. 6. Repita todos os procedimentos para os dados do outro cilindro! 7. Note que, nesta parte, não fizemos o cálculo das incertezas. Rigorosamente, isso seria necessário, mas não foi feito para não alongar demasiadamente os cálculos, e não tornar tedioso o trabalho prático. Um pouco de bom senso mostraria, entretanto, que a incerteza no cálculo da densidade deve ser em torno de ± 5%. Agora, você pode determinar prontamente a densidade do líquido. Faça-o a partir dos dados dos dois cilindros. Assim, você pode ter um valor médio. Compare com os dados da tabela abaixo, e veja se é possível identificar o líquido empregado em seu experimento. Densidades de alguns líquidos à temperatura ambiente (20 ⁰C) Líquido ρ (g/cm³) Água 1,00 ± 0,01 Benzeno 0,90± 0,01 Etanol 0,80± 0,02 Éter 0,72± 0,01 Glicerina 1,26± 0,01 Mercúrio 13,6± 0,1 76 Referências Bibliográficas SILVEIRA, F. L.; MEDEIROS, A. O paradoxo hidrostático de Galileu e o Princípio de Arquimedes. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 26, n. 2, p. 273-294, 2009. ALVES, Elmo Salomão; CAMPOS, Agostinho Aurélio Garcia; SPEZIALI, Nivaldo Lúcio. Física Experimental Básica na Universidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. ISBN 978-85- 7041-588-2. 77 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 78 D E S E N V O L V I M E N T O 79 80 C O N C L U S Ã O 81 Prática 10 | Hidrodinâmica – Escoamento de Fluidos OBJETIVOS Verificar os princípios fundamentais de escoamento de fluidos: a conservação do fluxo e o Teorema de Bernoulli. INTRODUÇÃO Dois princípios importantes usados no estudo do escoamento de um fluido são a conservação do fluxo (ou da vazão) e o Teorema de Bernoulli. Sendo V1 e V2 as velocidades do escoamento (incompressível) onde as áreas das seções transversais são respectivamente, A1 e A2, a conservação do fluxo expressa-se por : A V A V1 1 2 2= (1) Por outro lado, considerações envolvendo a conservação da energia mecânica permitem deduzir, para um fluido ideal de densidade ρ que escoa num regime permanente, o Teorema de Bernoulli: 1 2 1 21 2 1 1 2 2 2 2ρ ρ ρ ρV gh P V gh P+ + = + + (2) onde P é pressão, g é a aceleração da gravidade local e h é a altura medida em relação a um determinado nível de referência. Nesta prática lidaremos com estes dois princípios ao analisarmos o esvaziamento da água da seringa (conforme a figura 1), sob a ação da força em seu êmbolo causada pelas massas penduradas por um fio através da roldanas. Figura 1 82 PROCEDIMENTO 1ª Etapa: Aplicação da conservação do fluxo. 1. Com o paquímetro meça o diâmetro interno do corpo da seringa (D),e o diâmetro interno do orifício onde se encaixaria a agulha (d): D = m d = m 2. Após encher a seringa com água, prenda-a na horizontal e deixe o seu êmbolo se movimentar sob ação das massas ligadas por um fio que passa pelas roldanas, esguichando a água. Cronometre o tempo que o êmbolo leva para passar entre os pontos A e B (conforme a Figura 1): t = s 3. Localize o ponto médio onde o esguicho toca o solo durante o intervalo de tempo acima. Meça o alcance correspondente a este ponto: x = m 4. Meça a distância entre os pontos A e B marcados no corpo da seringa: L= m 5. Usando-se o tempo medido anteriormente cronometrado, a velocidade média da água entre os pontos A e B é V = L /t ⇒ V = m/s 6. Meça a altura do orifício da seringa em relação ao nível do solo: h = m 7. Considerando que o movimento de esguicho corresponde ao movimento de um projétil, a velocidade da água ao abandonar a seringa pode ser obtida da altura h e do alcance x por : v g h x= 2 (3) É importante deduzir esta equação. 8. Calcule v: v = m/s 83 9. Pela conservação do fluxo temos da eq. (1) que: π π d v D V 2 2 2 2⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ = ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ (4) implicando em: v D d V= ⎛⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 2 (5) Usando os diâmetros medidos no item 1 e a velocidade V obtida no item 5, empregue a última expressão para calcular o valor esperado para a velocidade da água ao abandonar a seringa : v = m/s 10. Compare os resultados dos itens 8 e 9 e discuta. 2ª Etapa: Aplicação do Teorema de Bernoulli. 1. Estando o ponto 1 no interior do corpo da seringa e o ponto 2 imediatamente após o seu orifício e sendo V << v, a eq. (2) pode ser reduzida no nosso caso a 2 21 2 1 VP ρ= (6) 2. Como a aceleração do êmbolo é muito pequena entre os pontos A e B, a tensão na corda em cada lado da seringa é praticamente igual ao peso da massa M nela pendurada. Como a força de atrito cinético entre a borracha do êmbolo e as parede interna da seringa é fk ≈ 16 N (valor que deve ser conferido sob a orientação do professor), podemos então estimar o acréscimo causado pela compressão devido às tensões em cada lado da corda por: P M g f D k = − ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 2 2 2 π (7) Calcule P: P = N/m2 Por que não está sendo considerada a pressão atmosférica? 3. Tomando para a densidade daágua o valor ρ = 1,0 x 103 kg/m3, use o resultado do item 8 da parte anterior para calcular: 1 2 2ρ N / m 2v = Compare e discuta estes resultados. 84 85 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 86 D E S E N V O L V I M E N T O 87 88 C O N C L U S Ã O 89 Prática 11 | Coeficientes de Viscosidade INTRODUÇÃO Quando uma esferinha de aço cai através de um tubo contendo líquido, acelera até que a força de atrito de viscosidade do líquido, junto com o empuxo, iguale o peso da esferinha. Em seguida, a queda prossegue com velocidade constante. A esta velocidade dá - se o nome de velocidade limite (ou terminal). Segundo Stokes, a força de atrito de viscosidade F sobre uma esfera de raio a movendo-se com velocidade v através de um líquido de coeficiente de viscosidade é dada por: F = 6 π η a v Assim, se v é a velocidade limite, o peso de esferinha – empuxo = 6 π η a v Sejam ρ S e ρ L as densidades da esfera e do líquido. Então: 3 4 π a3 ρ S g - 3 4 π a3 . ρ L g = 6 π η a v Portanto: v9 ga2 LS 2 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ρ−ρ =η 3 g 3 L 3 g 3 S m/K10x22,1 m/K10x9,6 =ρ =ρ OBJETIVOS Determinar o coeficiente de viscosidade do óleo lubrificante, pelo método de Stokes. PROCEDIMENTO a) Coloque o tubo de vidro contendo óleo, rigorosamente na vertical, e as tiras de borracha afastadas de 30 cm. A tira superior deve estar a 5 cm da superfície livre do líquido. Meça os diâmetros das esferinhas com um micrômetro. 90 Cada esferinha deve ser medida três vezes e o diâmetro anotado na tabela abaixo, bem como o diâmetro médio. Cuide para que a temperatura do líquido se mantenha constante, durante a experiência. b) Deixe cair uma esferinha dentro do óleo e anote o tempo de queda entre as duas tiras de borracha. Recolha a esferinha com um imã e repita 2 vezes mais a experiência. Repita o procedimento com as outras esferas. Diâmetro Diâmetro médio Tempo de queda Tempo médio c) Determine as velocidades limites das eferinhas d) Determine o valor do coeficiente de viscosidade e avalie os erros de cada quantidade medida. 91 QUESTIONÁRIO a) Pesquise sobre as condições de validade da fórmula de Stokes. b) Como você pode saber que a velocidade medida é de fato a velocidade limite? c) Um valor preciso de ρ L pode ser encontrado usando um picnômetro. Que procedimentos podem ser usados na determinação precisa de ρ S e a? MATERIAL 1 tubo de vidro 1 cronômetro 1 régua de 100 cm 1 imã em forma de barra 3 esferas de aço 1 densímetro 2 tiras de borracha Óleo lubrificante 92 93 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 94 D E S E N V O L V I M E N T O 95 96 C O N C L U S Ã O 97 Prática 12 | Determinação do Coeficiente de Dilatação Linear de uma Substância OBJETIVO Determinação do coeficiente de dilatação linear de metais. INTRODUÇÃO Quando se fornece calor a um corpo, alem do aumento da temperatura, ou junto com ela, observa-se também a dilatação do mesmo. Uma maior ou menor dilatação dependerá de fatores como dimensão inicial do corpo, material que é feito, variação de temperatura. O conhecimentos destes fatores são de importância em estruturas ou mesmo em projetos de máquinas. Senão vejamos: no caso de uma barra ser aquecida e uma das extremidades estiver rigidamente presa surgirão tensões de origem térmica que, caso muito grandes, poderão ultrapassar o limite de elasticidade ou mesmo a tensão de ruptura do material. Em tubulações longas – vapor , por exemplo – são inseridas juntas elásticas ou seções em forma de U ; nas pontes uma extremidade pode ser rigidamente fixa em uma das extremidades, enquanto a outra descansa sobre roletes. È bom ressaltar que estamos interessados apenas na relação linear entre a variação do tamanho do objeto e a variação de temperatura. (O que queremos dizer com esta afirmação?). A grandeza física que relaciona variação da dimensão com a variação de temperatura chama-se coeficiente de dilatação linear (α), e é definido como: α =ΔL / L0 ΔT ΔL = variação do comprimento da haste L0 = Comprimento inicial da haste ΔT = variação de temperatura A expressão acima é mais conhecida quando expressa na forma: ΔL = L0αΔT Material: Fonte regulável de corrente; Resistor Amperímetro Termômetro Micrômetro (leitura em polegadas) Tubo de latão 98 PROCEDIMENTO Monte o equipamento conforme o esquema abaixo: Obs.: O professor o orientará quanto ao ajuste do micrômetro se necessário. A graduação do micrômetro é 0,001 inch/div ATENÇÃO: Certifique-se antes de ligar a tomada se o cursor do Varivolt está no 0 Anote os valores da temperatura ambiente e do comprimento do tubo. Ao efetuar as medidas desconecte um cabo sempre 5 °C antes do valor de T desejado para que a mesma esteja um pouco mais estável e não em elevação acentuada. Uma vez montado o sistema, ligue o Varivolt na tomada e ajuste a corrente para no máximo 2 Ampéres. Anote em uma tabela os valores de ΔT e ΔL.(varie de 10 em 10 graus até no máximo 90 °C) A partir daí construa o gráfico ΔL X ΔT e obtenha o valor de α.(O valor tabelado de α é 1,85 °C-1 ). A Varivolt Resistor Termômetro Tubo de metal Micrômetro Para a Tomada 99 Procure responder às seguintes questões: 1) Há algum incoveniente no fato de estar medindo o comprimento da barra em cm enquanto a variação do comprimento está ordens de grandeza abaixo? 2) Em nossa vida diária onde podemos observar que a dilatação dos corpos é considerada nos projetos de engenharia? 3) Sabendo que Pyrex possui coeficiente de dilatação 3,2 x10-6 °C-1 e o vidro 9,0 x10-6 °C-1, tente explicar por que o Pyrex é mais resistente a choques térmicos. Em tempo, o que vem a ser choque térmico e o que ele pode acarretar? 4) O latão é uma liga, em que este fato poderia explicar diferenças entre o valor tabelado e o calculado? 5) A barra dilata apenas num sentido? (Veja o valor de c encontrado e reflita) 100101 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 102 D E S E N V O L V I M E N T O 103 104 C O N C L U S Ã O 105 Prática 13 | Medida do Ponto Fixo de Fusão e Ebulição da Água OBJETIVOS Determinar a temperatura de ebulição da água e a temperatura de fusão do gelo para a pressão atmosférica em Belo Horizonte. INTRODUÇÃO O conceito de temperatura está associado a uma propriedade comum de sistemas em equilíbrio térmico. A sensação subjetiva de temperatura não fornece um método confiável de aferição. Assim, num dia frio, ao tocarmos um objeto metálico, temos a sensação de que este está a uma temperatura mais baixa do que um objeto de madeira, embora ambos se encontrem à mesma temperatura: isto ocorre porque, por condução, o objeto metálico remove mais rapidamente calor da ponta de nossos dedos. Para definir de forma objetiva o conceito de temperatura devemos examinar as propriedades de um sistema considerando a Lei Zero da Termodinâmica: “Dois sistemas em equilíbrio térmico com um terceiro, estão em equilíbrio térmico entre si”. PROCEDIMENTO Materiais: • Gelo picado • Termômetro • Becker • Suporte com garra • kitasato • Água • Aquecedor No nível de mar, quando a pressão atmosférica ambiente é 760 mmHg, a temperatura de fusão do gelo corresponde a 0ºC e a temperatura de ebulição da água corresponde a 100ºC na escala Celsius. A experiência será destinada a medida da temperatura de ebulição da água e da temperatura de fusão do gelo para a pressão atmosférica em Belo Horizonte, que está aproximadamente a 800 m em relação ao nível do mar. Como resultado desta altitude, a pressão atmosférica P é menor. Uma fórmula empírica (resultado de medidas experimentais) que fornece a temperatura de ebulição da água em função da pressão é: 27 760100 −+= PTe (1) 106 a) Verificação do ponto fixo de fusão: Coloque gelo picado no becker, fixando o termômetro (mergulhado no gelo) na posição vertical com o auxílio de um suporte com garra. Quando a altura da coluna de mercúrio estabilizar, leia e anote o valor indicado para o ponto de solidificação da água (Ts). O que você pode concluir desta medida, considerando que Belo Horizonte está a 800 m de altitude? b) Verificação do ponto fixo de ebulição: O kitasato já contém água na quantidade suficiente para a experiência. Introduza o termômetro na rolha perfurada do aparelho e coloque o mesmo sobre o aquecedor. Quando a água entrar em ebulição e a altura da coluna de mercúrio estabilizar, leia e anote o valor indicado para a temperatura de vapor da água (Tv). O que você pode concluir desta medida, considerando que Belo Horizonte está a 800 m de altitude? c) Medida da Pressão Atmosférica Local: Calcule a pressão atmosférica em Belo Horizonte utilizando a expressão (3). Comentário: Considerando que a taxa de variação da pressão atmosférica com a altitude é dada pela expressão: g dy dp ρ−= Podemos determinar a pressão atmosférica em qualquer ponto de altitude y, mediante a expressão: Onde a representa a constante 1,198 x 10-5 s2/m2 medida no nível do mar, g (9,8 m/s2) a aceleração da gravidade, P0 (1,00 atm) a pressão atmosférica padrão e y a altitude local. (Considerada 800 m para Belo Horizonte.) Utilize o barômetro de mercúrio para medir a pressão atmosférica local, compare com o valor calculado teoricamente. A partir da expressão (1) calcule a temperatura de ebulição da água e compare esse resultado com o valor obtido experimentalmente. d) Temperaturas de ebulição e fusão para substâncias compostas e da água destilada: Adicione uma quantidade determinada da substância atribuída ao seu grupo (sal/açúcar/álcool) ou use água destilada. Determine os pontos de fusão e ebulição da mistura. Anote as quantidades de água e soluto utilizadas e as temperaturas obtidas. O que você conclui a partir das suas medidas? agyePP −= 0 (3) (2) 107 Relatório T Í T U L O O B J E T I V O S I N T R O D U Ç Ã O 108 D E S E N V O L V I M E N T O 109 110 C O N C L U S Ã O 111 Prática 14 | Determinação do Calor Específico de um Líquido OBJETIVOS Analisar o resfriamento de duas substâncias para determinar o calor específico de uma delas através da comparação de seus tempos de resfriamento. INTRODUÇÃO Um objeto quando colocado em um ambiente com uma temperatura diferente da sua, tende a entrar em equilíbrio térmico com a sua vizinhança. Assim, se este objeto estiver a uma temperatura mais alta do que a sua vizinhança perderá calor para o ambiente e esfriará. A taxa de resfriamento de um objeto depende da diferença de temperatura entre este e o ambiente. A lei do resfriamento de Newton afirma que, para pequenas diferenças de temperaturas, a taxa de resfriamento é aproximadamente proporcional a diferença de temperatura. Para um sistema constituído por um recipiente contendo um líquido aquecido, podemos obter a taxa de resfriamento como mostramos a seguir. Considerando dQ como a quantidade de calor perdida durante um intervalo de tempo dt, através da superfície externa do recipiente, podemos escrever que dtTTBdQ amb )( −= (1) onde T é a temperatura do sistema, Tamb é a temperatura da vizinhança e B é uma constante que independe da substância líquida usada, mas depende da condutividade térmica do recipiente e da sua área de contato com o ambiente. O calor perdido também pode ser determinado por meio da relação: dTmcKdQ )( +−= , (2) onde K é a capacidade térmica do recipiente e mc a capacidade térmica do líquido. Comparando as expressões (1) e (2), temos: ambTT dTmcKBdt − +−= )( . (3) Integrando, obtemos a temperatura do sistema em função do tempo: ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ + −−+= )( exp)()( 0 mcK BtTTTtT ambamb (4) em que T0 é a temperatura inicial do sistema. Da equação (4) podemos concluir que se a condução for o único mecanismo de transferência de calor no experimento, e a variação da condutividade térmica com a temperatura for desprezível, a curva de resfriamento deve ser uma exponencial simples. 112 Nesta experiência nós vamos analisar o resfriamento de duas substâncias para determinar o calor específico de uma delas através da comparação de seus tempos de resfriamento. Para tal colocaremos um líquido (cujo calor específico queremos determinar) em um recipiente de alumínio (o qual denotaremos por 1), e em outro recipiente idêntico colocaremos água destilada (o qual denotaremos por 2). Considerando a ocorrência de resfriamento nos dois sistemas para um mesmo intervalo de temperatura Δθ = θ2 - θ1 (ver gráfico abaixo), temos que: 2 1 Kcm Kcm t t aguaagua liqliq agua liq + + = Δ Δ (5) Portanto, através da determinação dos intervalos de tempo de resfriamento, para a mesma diferença de temperatura, podemos calcular o calor específico do líquido estudado.
Compartilhar