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Plano de Aula 2 - História do Direito Brasileiro

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Plano de Aula 2
O processo de colonização e organização jurídico institucional da América Portuguesa.
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Caso Concreto
No Brasil, era o próprio estado português o fomentador, distribuidor e fiscalizador do processo colonizador. Portugal não possuía condições financeiras e humanas para empreender a posse de todas as terras que compunham a América portuguesa. O colono era o elo de ligação entre a terra e o Estado. O colonizador era um escolhido do próprio Estado que beneficiava a si próprio e, em troca, beneficiava a esse Estado. Portugal, para tal empreitada, tinha a necessidade de uma legislação que desse suporte a essa ocupação territorial. 
a) Cite quais os documentos jurídicos davam suporte ao processo colonizador promovido por Portugal na América Portuguesa? 
b) Descreva as características e conteúdo desses documentos jurídicos.
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 BRASIL COLONIAL
Primórdios da Colonização: Sistema Administrativo Jurídico: 
1. Capitanias Hereditárias 
2. Governo Geral.
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A América Portuguesa:
Primórdios da Colonização-Sistema Administrativo Jurídico
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
GOVERNO GERAL
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Emergência quanto ao efetivo processo de colonização da “Terra Brasilis” (1530)
Portugal precisava efetivar a posse sobre o Brasil (ameaça dos corsários e piratas ingleses, franceses e holandeses).
Declínio do monopólio português sobre o comércio oriental.
Descoberta de ouro na América Espanhola.
A experiência bem sucedida dos portugueses nas ilhas do Atlântico: Açores, Madeira, Cabo Verde. 
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Porque da Opção pela Administração através do Sistema de Capitanias:
Faltava recursos a D. João III de Portugal, para fazer investimentos diretos na colonização do Brasil.
Em 1534, o rei D. João III criou o sistema de Capitanias Hereditárias, para assim poder dividir melhor o território brasileiro e facilitar sua administração e controle. 
O Sistema de Capitanias Hereditárias (1534-1548) – primeiro modelo de gestão administrativo jurídico imposto pela Metrópole Lusitana no espaço territorial que depois convencionou-se chamar Brasil.
15 lotes (capitanias ou donatárias)
Os donatários (aqueles que recebiam uma Capitania), elementos da pequena nobreza ou funcionários reais, tomavam posse administrativa, podendo escolher sua terra. Ficavam, portanto, responsáveis pelos investimentos de colonização, cujo poder administrativo se caracterizaria descentralizado. 
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O Sistema de Capitanias Hereditárias (1534-1548)
DOCUMENTOS DE NATUREZA JURÍDICA
Carta de Doação: garantia da legitimidade da posse, determinava a localização, a extensão da Capitania e o direito de hereditariedade (inalienável e indivisível).
Foral: documento de origem medieval, constituía um complemento da carta de doação, que estabelecia os direitos e deveres dos donatários. A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia ainda, o que pertencia à Coroa e ao donatário fornecendo à ele legitimidade de poder a ser exercido na Capitania. Fundar vilas ou núcleos de povoação; distribuir lotes de terras ou sesmarias; exercer a justiça civil e criminal; colonizar, defender e fazer progredir a Capitania com seus próprios recursos. Tb denominado de carta de franquia – voltado para a proteção dos direitos individuais (buscavam resguardar esses direitos individuais). Admitem a participação dos súditos do governo local (elemento político). Alerta-se, contudo, que se tratava de direitos direcionados a determinados homens e não sob a perspectiva da universalidade.
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O Governo-Geral
Diante do fracasso do antigo sistema administrativo colonial, tratou a Metrópole Lusitana de fornecer à Colônia nova orientação administrativo jurídica. 
Instituído pelo instrumento legal Regimento de Almeirim de 1548 Diploma legal de ordem administrativa e fazendária que objetiva regulamentar a instalação de uma nova ordem na América Portuguesa mediante status jurídico entendido por Colônia, cujo poder administrativo emana de forma centralizadora, sendo exercido através dos legítimos agentes do governo português nomeados por D. João III – Tomé de Souza era nomeado Governador Geral do território colonial “brasileiro”. É a desprivatização do Público.
Objetivos do Governo-Geral:
-Centralizar a administração das capitanias
-Limitar a autonomia dos donatários
-Garantir a segurança dos colonos
-Zelar pela ocupação estratégica do território
-harmonizar as relações entre os colonos e indígenas 
NOTA:
As Capitanias continuaram existindo e sendo administradas pelos seus donatários (representando o mandonismo local) que, entretanto, a partir daí, deveriam prestar obediência política ao Governador-Geral. O que desapareceu foi a descentralização política, pois o governador como representante do rei português, simbolizava a autoridade suprema na Colônia, o poder centralizado de onde partia a decisão política em nome de Portugal. 
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Administração Geral
Governador-Geral: sediado em Salvador (1549), respondia pela administração perante o rei.
Provedor-Mor: responsável pela administração fazendária (arrecadação e recursos financeiros).
Ouvidor-Mor: responsável pela Justiça Colonial.
Capitão-Mor: responsável pela segurança interna e pela manutenção da defesa da colônia.
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Governador-Geral 
Ouvidor-Mor
Capitão-Mor
Capitanias Hereditárias
Capitanias da Coroa
Câmaras Municipais
Elite Colonial
Controle político 
dos
Homens-Bons 
Juízes Ordinários
(indicados no município)
Provedor-Mor
IMPOSTOS
JUSTIÇA
SEGURANÇA
particulares
reais
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 Centralismo versus Localismo
Os Homens-Bons - homens livres, católicos, não praticantes de trabalhos manuais, representavam a elite colonial (homens que possuíam comportamento probo e moral ilibada) – eram os únicos que podiam participar das Câmaras Municipais, garantindo a manutenção dos seus interesses locais, em oposição ao centralismo administrativo imposto pelo Governador-Geral. Também exerciam a função judicante como juízes ordinários eleitos para mandato de 1 ano e, consequentemente, também presidiam as sessões na Câmara Municipal da Comarca.
Os reinóis (portugueses) eram privilegiados com os cargos mais importantes. 
A relativa autonomia municipal dos homens-bons, foi duramente atingida a partir de 1642, quando foi criado o Conselho Ultramarino, que passou a fiscalizar a ação das Câmaras Municipais, através dos chamados Juízes-de-Fora (representantes da magistratura togada).
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Organização Judiciária no Brasil Colonial – século XVI
“Ao lado do ouvidor vinha o séqüito de oficiais menores: escrivão para lavratura dos autos do processo, tabelião (para a redação de documentos como notário), meirinhos (oficiais de diligências), eventualmente os inquiridores (cuja função era tomar os depoimentos das testemunhas, portanto, inquiri-las).”
Principais limitações impostas aos operadores jurídicos no período colonial: 
Designação apenas por um período de tempo no mesmo lugar.
Proibição de casar sem licença especial.
Proibição de pedir terras na sua jurisdição.
Não podiam exercer comércio em proveito pessoal.
Objetivo: Mantê-los isentos das disputas locais – julgar com isenção e equidade. E, permanecerem leais servidores da Coroa.
“Essas regras funcionavam muito bem em Portugal, mas no Brasil eram constantemente violadas.”
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Juiz Ordinário: Toga e Vara
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Terceira Instância – Casa da Suplicação -Tribunal Supremo de uniformização da interpretação do Direito Português, em Lisboa, constituindo suas decisões assentos que deveriam ser acolhidos pelas instâncias inferiores como jurisprudência vinculante.
 Desembargo do Paço (Originariamente fazia parte da Casa da Suplicação, para despachar as matérias reservadas ao rei–graça real, tornou-se corte autônoma em 1521, como tribunal de graça para clemência nos casos de penas de morte e outras), 
Mesa da Consciência e Ordens (Para as questões relativas
às ordens religiosas e de consciência do rei ‘instância única’=aconselhamento do rei sobre as matérias que tocassem a “obrigação de sua consciência”). 
Segunda Instância – composta de juízes colegiados que atuavam nos chamados Tribunais da Relação (apreciavam os recursos e embargos).
O primeiro Tribunal de Relação for criado na Bahia (1587) mas somente entrando em funcionamento em 1609. Composto por dez Desembargadores. 
Depois, Rio de Janeiro (1751), Maranhão (1812) e Pernambuco (1821).
Competência – compreendia basicamente três situações processuais: 
era uma instância recursal e, em grau de recurso, recebia dois tipos de recursos: apelações e agravos; 
competência para ações originárias (acolhimento de ações novas) - nas áreas cível, criminal e do patrimônio estatal; 
competência avocatória (o juiz de instância superior ou tribunal avoca feito aforado em juízo inferior, por atribuir-se competência para o “conhecer, em determinadas situações de juízo criminal”). 
Portanto, não era um Tribunal exclusivamente recursal.
Primeira Instância – formada por juízes singulares que eram distribuídos nas categorias de ouvidores, juízes ordinários, juízes de vintena, de fora, de órfãos, de sesmarias.
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Direito no América Portuguesa ou Brasil Colonial como comumente dito:
As raízes e a Evolução das Instituições Administrativa e Jurídica no território brasileiro estão intimamente ligadas:
A dominação social de uma elite agrária (latifúndio).
A um passado colonial patrimonialista (tipo de dominação tradicional em que não se diferenciam nitidamente as esferas do público e do privado) e escravocrata.
A hegemonia ideológica de um liberalismo paradoxalmente conservador.
A submissão econômica aos Estados mais avançados.
# Vícios do sistema jurídico português – o fato de um cargo ou função pública serem considerados patrimônio pessoal de seu ocupante.
# A aliança do poder aristocrático lusitano com as elites agrárias locais permitiu construir um modelo de Estado calcado na defesa dos interesses de segmentos sociais donos da propriedade e dos meios de produção.

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